70816020-alginato

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Hidrocolóides irreversíveis Alginato Cassius Rebelatto Colóides Os colóides são freqüentemente classificados como o quarto estado da matéria, o estado coloidal, devido à sua diferenciação estrutural. Soluções coloidais são misturas de matérias. Líquido com ar, por exemplo, forma o aerosol, que é um colóide. Os materiais coloidais empregados como material de moldagem são o agar e o alginato dissolvidos em água, por este motivo são denominados hidrocolóides. Estes hidrocolóides efetuam uma reação sol-gel. Quando a reação passa de sol para gel, a fase dispersa se aglomera, formando cadeias ou fibrilas, chamadas de micelas. No caso dos hidrocolóides reversíveis, a atração entre estas fibrilas é bastante fraca, rompendo-se com o aumento da temperatura. Portanto, o aumento da temperatura (37ºC por exemplo) favorece a formação do estado sol. Quando o gel perde água por evaporação a esse fenômeno denominamos sinérese e quando este absorve água chama-se embebição. Para que estes fenômenos sejam evitados, após a moldagem devemos manter o molde em ambiente de umidade relativa a 100%. Para isso pode ser utilizado um pote plástico com algodão ou gaze umedecida. Os alginatos surgiram da escassez do agar durante a II guerra mundial (o Japão era o principal fornecedor), sendo que teve uma aceitação inicial superior às expectativas, devido as suas vantagens. Quando se prepara o alginato para a moldagem, se prepara na verdade um sol coloidal de consistência apropriada para que seja levado em boca. Uma vez completado este passo é necessário que as partículas da fase dispersa do sol se unam entre si para formar fibras. Assim com o sistema convertido em um gel, pode-se retirar da boca mantendo a forma obtida na moldagem. O fenômeno sol gel e gel-sol só é possível para os hidrocolóides reversíveis uma vez que a união entre as partículas da fase sol é bastante fraca podendo ser rompida facilmente pela ação do calor por exemplo. Os alginatos são materiais hidrofílicos, portanto a umidade tecidual não é um problema.

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Hidrocolóides irreversíveis – Alginato Cassius Rebelatto

Colóides

Os colóides são freqüentemente classificados como o quarto estado da

matéria, o estado coloidal, devido à sua diferenciação estrutural. Soluções

coloidais são misturas de matérias. Líquido com ar, por exemplo, forma o

aerosol, que é um colóide. Os materiais coloidais empregados como material de

moldagem são o agar e o alginato dissolvidos em água, por este motivo são

denominados hidrocolóides. Estes hidrocolóides efetuam uma reação sol-gel.

Quando a reação passa de sol para gel, a fase dispersa se aglomera, formando

cadeias ou fibrilas, chamadas de micelas. No caso dos hidrocolóides reversíveis,

a atração entre estas fibrilas é bastante fraca, rompendo-se com o aumento da

temperatura. Portanto, o aumento da temperatura (37ºC por exemplo) favorece a

formação do estado sol.

Quando o gel perde água por evaporação a esse fenômeno denominamos

sinérese e quando este absorve água chama-se embebição. Para que estes

fenômenos sejam evitados, após a moldagem devemos manter o molde em

ambiente de umidade relativa a 100%. Para isso pode ser utilizado um pote

plástico com algodão ou gaze umedecida.

Os alginatos surgiram da escassez do agar durante a II guerra mundial (o Japão

era o principal fornecedor), sendo que teve uma aceitação inicial superior às

expectativas, devido as suas vantagens.

Quando se prepara o alginato para a moldagem, se prepara na verdade um

sol coloidal de consistência apropriada para que seja levado em boca. Uma vez

completado este passo é necessário que as partículas da fase dispersa do sol se

unam entre si para formar fibras. Assim com o sistema convertido em um gel,

pode-se retirar da boca mantendo a forma obtida na moldagem. O fenômeno sol

– gel e gel-sol só é possível para os hidrocolóides reversíveis uma vez que a

união entre as partículas da fase sol é bastante fraca podendo ser rompida

facilmente pela ação do calor por exemplo. Os alginatos são materiais

hidrofílicos, portanto a umidade tecidual não é um problema.

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Como é de se esperar, um hidrocolóide possui em grande parte de sua

composição a água. Se o conteúdo de água em um gel for reduzido, o gel se

contrairá e se o gel absorver água, irá se expandir ou inchar. Para evitar os

fenômenos de sinérese e embebição, deve-se vasar o modelo o mais rápido

possível (é difícil estabelecer exatamente quanto tempo pode-se manter o molde

sem vasa-lo, pois depende do produto em particular que se está usando, mas

certamente não convém passar de uma hora. Nos casos de armazenamento o

conveniente é manter em umidade relativa a 100% para que não haja sinérese,

mas também não submergida para que não haja embebição. A sinérese e a

evaporação é de mais difícil controle do profissional, por isso deve-se vasar o

quanto antes o molde. O exsudato que aparece na superfície do gel não é a água

e sim um fluido alcalino ou ácido, depende da composição química do gel.

O pó do alginato contém basicamente como componente principal um sal de

ácido algínico, proveniente de algas marinhas. Mais importante do que o ponto

de vista químico é o fato de que suas moléculas possuem um tamanho

compatível para a obtenção de partículas de tamanho coloidal.

Composição básica e reação de gelação.

O pó do alginato contém um sal de ácido algínico que pode ser de sódio ou

de potássio. O ácido algínico na verdade é um polímero.Quando se mistura com

água forma uma massa plástica que é um sol coloidal. Para que se tenha a

reação de sol para gel, o cátion monovalente (K ou Na) deve se tornar bivalente.

Desta forma este cátion se liga através de uma reação iônica a dois grupos

carboxílicos de diferentes moléculas formando uma trama fibrilar que transforma

o sol em gel. Esta trama é impossível de se reverter e formar sol novamente, por

isso serem irreversíveis.

Para prover o tempo de trabalho suficiente para que o material seja aplicado à

moldeira e em seguida levado a boca, o componente mais utilizado é o fosfato

trisódico. Este procedimento é realizado pois caso contrário a reação sol-gel

ocorre de forma imediata tornado-o inapto para a utilização para impressões. Um

outro componente também utilizado para complementar a presa do alginato é o

sulfato de cálcio. O interessante é que o sulfato de cálcio reage primeiramente

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com o fosfato trisódico (provendo o tempo de trabalho) até que este se esgote,

para depois então reagir com o alginato de sódio ou potássio. Portanto o que

determina se o alginato é de presa rápida ou lenta é a quantidade de fosfato

trisódico presente. Dentre outros componentes presentes nos alginatos está a

terra diatomácea que não participa da reação e prove viscosidade ao material

para que seja passível de ser levado em boca e para prover resistência e

elasticidade necessárias ao gel. Componentes como o silicato são adicionados

ao pó do alginato para combater o efeito nocivo que os colóides causam a

superfície do gesso. Outros componentes ainda, são adicionados para prover

sabor, tornando o material mais agradável para o paciente . Alguns corantes

são adicionados ao alginato propiciar coloração, inclusive cores que indicam os

passos do procedimento como o momento ideal para se levar o produto em boca

e retirar o mesmo. Estes hidrocolóides são chamados alginatos cromáticos e

mudam de coloração conforme a reação avança, principalmente devido a

modificação de pH (uma vez que os corantes são indicadores químicos de pH).

Muitos alginatos possuem seu pó tratado com algum glicol para que suas

partículas estejam mais unidas entre si durante a armazenagem. Este

procedimento impede que ao abrir o pote ou a lata do produto o pó flote podendo

causar problemas nas vias respiratórias se inaladas. Estes alginatos são

comumente chamados dustless ou dustfree (Jeltrate Plus, Hydrogum).

Composição básica:

Alginato de potássio : Alginato solúvel (15%)

Sulfato de cálcio: Reator (16%). Aumenta também a vida útil do pó e uma

estabilidade dimensional mais satisfatória.

Óxido de zinco: Partículas de carga (4%)

Fluoreto de potasio: Acelerador ( 3%)

Terra diatomácea: Partículas de carga (60%). Dá consistência ao gel, sem ele

o gel ficaria grudento.

Fosfato de sódio: Reator (2%)

Corantes

Aromatizantes

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Vantagens:

Fácil manipulação:

Baixo custo:

Confortável para o paciente

Não exige equipamento elaborado

Hidrofílico

Desvantagens:

Alteração dimensional por embebição /sinérise e por contração de

polimerização

Pobre reprodução de detalhes

Baixa resistência ao rasgamento

Sensível a desinfecção

Uso em odontologia:

Modelo de estudo

Modelo antagonista

Modelo para prótese parcial removível

Modelo de estudo e trabalho para odontopediatria e ortodontia

Como utilizar os hidrocolóides irreversíveis da melhor forma

possível?

Armazenamento

Basicamente a temperatura e a umidade são os principais fatores que afetam

a vida útil dos alginatos. Altas temperaturas despolimerizam o áciido algínico

levando-o a deterioração. A embalagem (pote, lata) deve ser mantida bem

fechada para evitar que a umidade entre em contato com o pó. Antes do uso, é

importante que o frasco seja agitado pois partículas de pó de maior densidade

tendem a ficar no fundo do vasilhame.

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Manipulação

Basicamento para a manipulação do alginato necessita- se um gral de

borracha e uma espátula plástica ou metálica, sendo que ambos devem estar

limpos. Resíduos de gesso (sulfato de cálcio) alteram a composição do alginato

e conseqüentemente as propriedades do material. Deve se utilizar

preferencialmente um instrumental diferente para o gesso e um para o alginato.

Quanto a dosificação dos materiais (pó e água), basta seguir as

recomendações do fabricante e utilizar os dosadoresa que geralmente

acompanham estes produtos. A utilização de maior quantidade de água do que

pó pode produzir um sol muito fluido, dificultando a aplicação deste nas zonas de

reprodução, e um gel de menor resistência e elasticidade, prejudicando ainda a

estabilidade dimensional. Já o excesso de pó torna o pó mais viscoso dificultando

a reprodução de detalhes.

Com relação à temperatura da água, esta deve ser a indicada pelo fabricante,

geralmente de 20-21ºC . Temperaturas elevadas reduzem o tempo de trabalho e

aumentam a possibilidade de que o material seja levado em boca quando a

geleificação já avançou. Se isto acontece, o material não flui livremente e se

deforma pela pressão que o profissional exerce. Assim, quando se retira a

impressão se produz uma recuperação dessa deformação e a moldagem não

reproduz as formas e dimensões existentes no meio bucal, ocorrendo uma

distorção. Já as temperaturas muito baixas , retardam a reação e impedem que o

material alcance a resistência e elasticidade apropriada nos minutos em que está

em boca. Ao remover a impressão pode se produzir maior deformação

permanente e se obter uma impressão dimensionalmente inexata. A única forma

de se alterar o tempo de presa é através da temperatura da água, nunca pela

proporção água-pó. Os fabricantes disponibilizam dois tipos de alginato: os de

presa rápida (1 a 2 minutos) e os de presa normal (2,5 a 4 minutos). Pela

classificação número 18 da ADA os alginatos do tipo I são os de presa rápida e

os do tipo II os de presa normal.

Quando da mistura do pó e da água é praticamente indiferente a ordem da

mistura. No entanto, devido a baixa densidade das partículas de pó estas

tendem a flutuar na água e portanto recomenda-se levar a água ao pó.

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Em geral o tempo de mistura é de 30-60 segundos, sendo que ao final deste

período a massa deve estar homogênea e sem grumos, para que as

propriedades finais não sejam afetadas.

As moldeiras a serem utilizadas devem apresentar retentividade do material

como perfurações ou bordo espesso. Antes de se levar o material à boca, deve-

se pedir para o paciente fazer um enxágüe com água para remover o excesso de

saliva. A moldeira deve ser levada em boca e mantida sem forte pressão , mas

suficiente para que o molde não desprenda da zona moldada. A presa do

material ocorre antes em boca do que fora devido à temperatura intra-oral. Após

vasado o gesso no molde é interessante que permaneça em umidade relativa a

100% para que o alginato não roube água do gesso por embebição, deixando a

superfície do modelo rugosa. O alginato após removido boca, invariavelmente

sofre alterações dimensionais por sinérese e evaporação (como a exposição ao

ar ambiente) e embebição (com a lavagem). Há ainda a contração que ocorre

quando o molde é removido da boca pois há diferença entre a temperatura intra-

oral e o ambiente.

Roteiro para otimizar as moldagens com alginato:

1- Selecionar as moldeiras que devem ser perfuradas

2- Fazer a individualização com cera utilidade

3- Assegurar-se que tigela e espátulas estejam limpas (idealmente devem ser

de uso exclusivo para o alginato)

4- Dosar a água e o pó.

5- Dar um copo com água ao paciente para que faça um bochecho

6- Incorporar a água ao pó criteriosamente com uma espátula

7- Espatular vigorosamente com movimentos em oito, amassando o material

contra as paredes do gral, eliminando bolhas de ar e dissolvendo o pó

completamente.

8- Manipular de 45 a 60 segundos , dependendo da marca do alginato.

9- O resultado final deve ser uma massa lisa e cremosa, que se solta da

espátula quando esta é removida da cuba

10- Levar o material a uma moldeira que apresente retentividade

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11- Levar o conjunto alginato-moldeira à boca e manter sob leve pressão

12- Remover o conjunto em apenas um eixo, após 3-4 minuto.

13- Lavar o molde com água corrente para a eliminação dos fluidos bucais e

promover a desinfecção do molde borrifando com hipoclorito de sódio 1%.

(de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças). O molde

pode ainda ser enxaguado com água gessada (caso molde venha a ser

vasado logo em seguida) para que reduza a tensão superficial e a

possibilidade de bolhas. Pode ser aplicado ainda soluções como o sulfato

de potássio 2% que melhoram a dureza superficial do gesso do modelo,

pois estas soluções agem como acelerador da presa do gesso opondo-se

ao efeito retardador da superfície do alginato, podendo ainda reagir com a

superfície do gel produzindo uma película que reduz ou previne a sinérese

eliminando também a reação retardadora do alginato.

14- Caso não seja imediatamente vazado, o molde deve ser mantido em

frasco fechado (umidificador)

15- Antes do vazamento a superfície deve estar brilhante (levemente úmida)

não podendo ser demasiadamente seca para que não ocorra sinérese.

Porém não pode ter gotículas. Nunca vazar após 30 minutos.

O gesso deve ser deixado por 60 minutos no molde preferencialmente em

local aberto, para que se evapore a água e se tenha um modelo com maior

resistência. Caso o molde seja deixado por 24 horas sem ser separado do gesso,

o alginato começa a reagir com o gesso, sendo que o gesso ,por sinérese, inicia

a absorver água do alginato deixando a superfície do modelo rugosa e com

aspecto pontilhado.

Principais problemas com a utilização do alginato

Material granuloso: Espatulação inadequada, espatulação prolongada,

relação água pó alterada (excesso de pó)

Rasgamento: Espessura inadequada, remoção prematura da boca,

espatulação prolongada, material ruim ou vencido.

Bolhas de ar: Incorporação de ar durante a espatulação e incorporação da

água ao pó.

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Modelo de gesso rugoso ou purulento: Limpeza inadequada do molde,

excesso de água deixado no molde, remoção prematura do modelo, remoção

tardia do modelo, manipulação inadequada do gesso.

Distorção: molde não foi vasado imediatamente, movimento da moldeira

durante a fase da presa, remoção prematura da boca. )algumas marcas

comerciais sofrem distorção quando deixadas por muito tempo em boca.

Bolhas no modelo: molde excesivamente molhado, falta ou excesso de

vibração

Bolhas no molde: não assentamento completo da moldeira ou manipulação

incorreta do alginato.