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    Problemas ambientais, sade coletivae cincias sociais

    Environmental problems, collective health

    and social sciences

    1 Centro de Estudosda Sade do Trabalhadore Ecologia Humana,Escola Nacional de SadePblica, Fiocruz.Av. Leopoldo Bulhes 1480,Manguinhos, 21041-210,Rio de Janeiro [email protected] ocruz.br

    Carlos Machado de Freitas 1

    Abstract Environmental problems relati ve tohealth condi ti ons have been always present inthe speeches and practises about health. Dur -ing 19 century, however, the wide and i ntenseimpacts of industr ial ization and ur banizati onover sani tar y condi ti ons contri bute to a com-prehension of these problems as resul t of socialand pol i ti cal processes. With the advent of mi -crobiological paradigm the str ategies for t heseproblems soluti ons were reduced to sani tati onand vector contr ol and the social and poli ti caldimensions become marginal and peri pheri c.The notion of environmental and health prob-lems was enlarged and the social and poli t icaldimensions were retaking only duri ng the 70swi th the emergence of envi ronmental move-ment and of social medicine in Lati n-Ameri-ca. In spi te of t hese advances, data analysesabout researches groups, thesis and di sserta-

    ti ons production and ar ti cles publi shed in sci-ent ifi c journals reveal the collecti ve health havea marginal role in t he research about environ-mental problems and t he research and scien-ti fi c production of social science is too few. Thepresent si tuati on requi res quant i tat i ve andqual i tat i ve advances in coll ecti ve healt h re-search and scient i fi c production, especiall y i nthe field of social science and health.Key words Envi ronmental problems, Socialscience, Coll ective health

    Resumo Problemas ambientais e sua i nterfa-ce com a sade esto sempre presentes nos dis-cursos e prticas sanitrias. Em meados do s-culo 19, com os int ensos impactos do processode industrial izao e urbanizao sobre as con-dies sani trias e de sade, esses pr obl emasso vi stos como resultados de processos polti-cos e sociais. M as com o paradigma mi crobi a-no essa relao foi reduzi da aos problemas desaneamento e a controle de vetor es. A dimen-so social e poltica passa a ocupar lugar mar-ginal e perifrico. Para os movimentos ambi en-tal istas e a medicina social lati no-ameri canaa noo de problemas ambi entai s e de proble-mas de sade ampl iada. Apesar dos avanos,a anlise de dados sobre grupos de pesquisa, aproduo de teses e dissertaes e a publ icaode artigos cientfi cos revelam que o campo dasade coleti va ocupa um papel marginal na

    pesqui sa sobre o tema problemas ambientais ea pesqu isa e a produo das cincias sociai srespondem por uma parcela mui to pequena.O quadr o atual impe a necessidade de seavanar quant i tat i va e quali tat ivamente napesquisa e produo cientfica da sade cole-tiva sendo urgente no que se refere s cinciassociais e, par ticularmente, nas cincias sociaisem sade.Palavras-chave Problemas ambient ais, Cin-cias sociai s, Sade coleti va

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    Introduo

    De acordo com Andler (1987), a caracterizaode uma atividade fundada sobre a noo deproblema no pode ser completa sem a pre-

    sena do conceito de soluo. Esta noo certa-mente se aplica aos problemas ambientais, reaisou potenciais, que afetam todos no planeta.Os problemas ambientais so problemas emi -nentemente sociais, gerados e atravessados porum conjunto de processos sociais (Leff, 2000) e,como tais, s vieram tona porque, como am-bientes criados, no se encontram alheio vi-da social humana, mas so completamente pe-netrados e reordenados por ela, confundindoatualmente o que natural com o que so-cial (Giddens, 1990; Beck, 1997).

    Como observa Samaja (2000), o termo pro-blema s tem campo de aplicao nos sistemasvivos e nos processos humanos, pois so os queenfrentam problemas em sua existncia e reali-zam escolhas que lhes permitem mudar de umasituao para outra. Por essa razo, a noo deproblemas de sade compe uma ordem des-cri tiva que serve para qualifi car estados poss-veis nos indivduos vivos em toda a extenso dabiosfera. Apesar disso, no que diz respeito aosproblemas ambientais, que so simultaneamen-te problemas de sade, pois afetam os seres hu-manos e as sociedades em ml tiplas e simult-

    neas escalas e dimenses, o que se assiste ummovimento atual de formalizao dos proble-mas que, na maioria das vezes, reduz os mesmosao conceito de resoluo atravs do clculo e dotratamento da informao na lgica das cinciasnaturais e engenharias.

    Retomando Andler (1987), importantesublinhar que a escolha de um problema , ir-redutivelmente, uma escolha. Ento, se consi-deramos que no existe um nico ambiente, oambiente construdo e descri to pelas cinciasnaturais e engenharias, mas sim uma variedade

    de ambientes constitudos histrica, geogrfica,social e culturalmente, surge ento a necessida-de de se considerar que um problema ambien-tal corresponde uma multiplicidade de pro-blemas ambientais simultneos, que envolvemdiferentes e conflituosas noes de sociedade.Problemas que necessariamente envolvem pro-cessos sociais, polticos, econmicos e culturais,bem como uma multiplicidade de atores sociaiscom diferentes noes e interesses acerca dosmesmos e das formas de resoluo que poderoser encaminhadas. I sso impl ica que resoluodo(s) problema(s) somente atravs do clculo e

    do tratamento da informao na lgica das cin-cias naturais e engenharias ser sempre limita-da, necessitando-se de uma presena maior dascincias sociais na compreenso e busca de so-luo para o(s) mesmo(s).

    Se consideramos a especulao de Schackleyet al. (1996), de que as consideraes dominan-tes de um realismo ambiental por parte das ci-ncias naturais e engenharias possuem pode-rosos efeitos sobre nossas construes sociaisacerca do que problema e do que o ambien-te, podemos considerar que o caminho inverso igualmente verdadeiro. Como observa Gid-dens (1990), em condies de modernidade, omundo social nunca pode formar um ambienteestvel em termos de entrada de conhecimentonovo sobre seu carter e funcionamento. Para o

    autor, o conhecimento novo (conceitos, teorias,descobertas) no torna simplesmente o mundosocial mais transparente, mas altera sua nature-za, projetando-a para novas direes, afetandotanto a natureza sociali zada, bem como as pr-prias insti tuies sociais.

    A noo de problemas ambientais no spermite uma maior incorporao das cinciassociais para a sua compreenso e resoluo, masse encontra mais em consonncia com o proje-to da sade coletiva. Essa noo permite consi-derar que no projeto da sade coletiva no s asade surge como uma conquista social e um

    direito universal associados qualidade e pro-teo da vida, como afirma Minayo (1997), mastambm o ambiente. Nesta perspectiva, o de-senvolvimento da cincia e da tecnologia paraa compreenso dos problemas ambientais, queso simultaneamente problemas de sade, de-ver, como considera Minayo (1997), estar aoservio do sentido social, poltico e de direitouniversal, o que inclui a eqidade.

    O meio ambiente na sade pblica

    A preocupao com os efeitos na sade provo-cados pelas condies ambientais evidentedesde a Antigidade, envolvendo problemas taiscomo os efeitos do clima no balano dos humo-res do corpo, os miasmas, as sujeiras e os odo-res. Assim, sempre esteve presente nos diferen-tes discursos e prticas sanitrias que se consti-tu ram como respostas sociais s necessidadese aos problemas de sade. Essa preocupaoparece se acentuar particularmente entre mea-dos do sculo 18 e meados do sculo 19, quandoos problemas ambientais sobre a sade estive-

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    ram associados aos efeitos do rpido e intensoprocesso de industrializao e urbanizao quepassaram a incidir nas condies de vida e tra-balho. Nesse perodo, as preocupaes e estrat-gias sanitrias tinham por base a teoria dos mi-

    asmas, para a qual as sujeiras externas e os odo-res detectveis deveriam ser reduzidos ou elimi-nados para deter a disseminao das doenas. Ahigiene introduzida como uma estratgia desade para as populaes, envolvendo a vigiln-cia e o controle dos espaos urbanos (ruas, ha-bitaes, locais de lixos, sujeiras e toxicidade) egrupos populacionais (pobres, minorias tnicase as classes trabalhadoras) considerados sujose perigosos. O ambiente das cidades era identi-fi cado como objeto medicali zvel, havendo atendncia de se patologizar determinadas re-

    gies e lugares, que, habitados pelos pobres,minorias tnicas e classes trabalhadoras, de-veri am ser evitados pelos cidados decentes(burguesia) (Petersen & Lupton, 1996).

    Entre meados e o final do sculo 19 so bas-tante intensos os impactos da Revoluo Indus-trial sobre as condies de vida e sade das po-pulaes. Principalmente nos pases europeus,onde houve maior desenvolvimento nas rela-es industriais de produo (Inglaterra, Fran-a e Alemanha), ocorreu tambm uma maiororganizao das classes trabalhadoras, com oaumento da sua participao poltica. Os temas

    relativos sade so incorporados na pauta dasreivindicaes dos movimentos sociais e sur-gem propostas de compreenso da crise sanit-ria como fundamentalmente um processo po-ltico e social, recebendo a denominao de me-dicina social. Ao contrrio do higienismo parao qual o ambiente era um objeto medicaliz-vel atravs de um conjunto de normatizaese preceitos a serem seguidos e aplicados no m-bito individual, a participao poltica conce-bida como principal estratgia de transforma-o da realidade de sade (Paim & Almeida Fi-

    lho, 1998). Desbaratado no plano pol tico o mo-vimento da medicina social, estrutura-se, prin-cipalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos,o movimento do sanitarismo como uma res-posta estreitamente integrada ao do Estadono mbito da sade. Como observam Paim &Almeida Filho (1998), o discurso e a prtica dossanitaristas sobre os problemas de sade eramfundamentalmente baseados na aplicao detecnologia e em princpios de organizao ra-cional para a expanso das atividades profilti-cas, destinadas principalmente aos pobres e se-tores excludos da populao. No que se refere

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    aos problemas ambientais, o saneamento e ocontrole de vetores consti turam a principal es-tratgia desse movimento, direcionada para ocontrole de doenas relacionadas s precriascondies sani tri as (Gochefeld & Goldstein,

    1999). O advento do paradigma microbiano nascincias bsicas da sade representou um gran-de reforo a este movimento que, tornado he-gemnico e batizado de sade pblica, reori-enta as diretrizes dos discursos e das prticasocidentais no campo da sade social (Paim &Almeida Filho, 1998). Com o paradigma micro-biano, o ambiente de foco dos discursos e dasprticas da sade pbl ica o domstico, que de-veria ser purificado, l impo e areado, sendo istoconsiderado vi tal para a sade dos seus habi-tantes, particularmente as crianas (Petersen &

    Lupton, 1996).A ampliao da compreenso dos problemasambientais como no somente restritos aos as-pectos de saneamento e controle de vetores, bemcomo a recuperao da dimenso poltica e so-cial dos mesmos pode, em grande parte, ser atri-buda s questes que passaram a ser colocadaspelo movimento ambientalista, que, definidocomo tal, tem sua existncia identificada desdeos anos 50, passando a ganhar fora somentenos anos 60 e 70. As ameaas e os perigos am-bientais para a sade pblica, provocadas prin-cipalmente pela poluio qumica e radioati va,

    so compreendidas como de maior escala, ten-do se multiplicado e estendido no espao indoalm dos ambientes locais da casa, da vila ou dacidade e no tempo com o alcance dos efeitosfuturos sobre a sade e a vida no planeta (Pe-tersen & Lupton, 1996).

    A part ir do l timo quartel do sculo 20, apreocupao com os problemas ambientais tor-nou-se proeminente em muitos pases e resul-tou em duas grandes conferncias mundiais so-bre o tema, organizadas pela Organizao dasNaes Unidas (ONU), a de Estocolmo em 1972

    e a do Rio em 1992. Em paralelo, emerge umaNova Sade Pblica (NSP) que tem como estra-tgia mudar o foco das prticas centradas prin-cipalmente nos aspectos biomdicos da atenopara uma compreenso preventiva do estadode sade, passando a direcionar muita de suaateno para as dimenses ambientais da sade(Petersen & Lupton, 1996). Emblemticos des-te processo so: Relatri o Lalondeem 1974, quedefine as bases para o movimento de Promooda Sade e em que so incorporadas questescomo a criao de ambientes favorveis sa-de; o Projeto Cidades Saudveis lanado em

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    1986 pela Organizao Mundial da Sade; a de-finio na Agenda 21 da sade ambiental comoprioridade social para a promoo da sade.

    Os problemas ambientais na sadecoletiva e sua incorporao pelascincias sociais

    De acordo com Minayo et al. (1999), no Brasil,a preocupao com os problemas ambientais,as caractersticas socioeconmicas do desenvol-vimento e a interface de ambos com a sade co-letiva pode ser situada desde o incio do sculo,atravs do trabalho pioneiro de Oswaldo Cruze dos sanitaristas que o seguiram. Embora maisvoltados para a problemtica na Fundao Os-

    waldo Cruz, os autores identifi cam trs para-digmas bsicos presentes nos estudos sobre ainterface entre problemas ambientais e sade,sendo estes: o biomdico, com origens na para-sitologia clssica; o da relao sanemanto-am-biente, com origens no saneamento clssico; oda medicina social, que tem suas origens nosanos 70 e a referncia para a sade coletiva.

    Para Tambell ini & Cmara (1998), do pon-to de vista institucional, as preocupaes comos problemas ambientais tradicionalmente rela-cionadas sade foram, ao longo do sculo 20,uma preocupao quase que exclusiva das ins-

    tituies voltadas ao saneamento bsico (gua,esgoto, lixo, etc.). Para os autores, somente nadcada de 1970, com o agravamento dos proble-mas ambientais causados pelo crescimento in-dustrial, ocorre uma ampliao das instituies,com a criao, por exemplo, de rgos ambien-tais nos estados do Rio de Janeiro (Feema) e SoPaulo (Cetesb), mas sem vnculo direto com osistema de sade. importante lembrar que em1972 era realizada a Conferncia de Estocolmo,primeira grande reunio mundial sobre a rela-o entre ambiente e desenvolvimento.

    Freitaset al. (1999) e Porto (1998), procu-rando contextualizar a interface entre a questoambiental e a sade no pas, consideram quesomente a partir da dcada 1980 que comea-ram a surgir condies jurdicas e insti tucionaispara aes de controle do meio ambiente maisconsistentes e efetivas. Como exemplo citam alei 6.938, de 1981, que estabeleceu a Poltica Na-cional de Meio Ambiente e criou o Sistema Na-cional de Meio Ambiente e o Conselho Nacio-nal de Meio Ambiente. Na Constituio Federalpromulgada em 1988 novos avanos ocorre-ram, enunciando-se no artigo 228 do captulo

    VI (Do M eio Ambiente) que todos tm di rei toao meio ambient e ecologicamente equi li brado,bem de uso comum do povo e essencial sadiaqual idade de vida, impondo-se ao Poder Pbli coo dever de defend-lo e coletividade de preser-

    v-lo para as presentes e futuras geraes.Nesse perodo, entre os anos 70 e 80, acon-

    tece tambm o desenvolvimento do movimen-to da sade coletiva, que situava-se no mbitodos movimentos pela democratizao das for-maes sociais latino-americanas. Partindo dacompreenso que a sade da populao resultada forma como se organiza a sociedade, em suasdimenses poltica, econmica e cultural, essemovimento propunha mudanas em direotanto democratizao da sociedade, como dasprticas de sade, implicando isso a sua prpr ia

    reorganizao (Paim & Almeida Filho, 1998;Paim, 2001).Embora os anos 70 e 80 tenham sido impor-

    tantes na incorporao da temtica ambiental,somente nos anos 90, com a Conferncia do Rioem 1992 e a publicao da Agenda 21, com umcaptulo dedicado sade, que comeou a seassistir uma incorporao mais ampla e efetivada temtica ambiental na sade coletiva (Freitaset al., 1999; Porto, 1998). Marco desse proces-so na sade coletiva foi a organizao, pela Es-cola Nacional de Sade Pblica, dos dois volu-mes sobre sade, ambiente e desenvolvimento

    (Leal et al., 1992a e 1992b). Nesse mesmo ano, aOPAS decidiu organizar, em outubro de 1995,uma conferncia pan-americana sobre sade,ambiente e desenvolvimento. Em 1994 inicia-ram-se as aes do governo brasileiro de pre-parao para esta conferncia e em 1995 foramreali zadas quatro oficinas de trabalho (Bras-lia, Recife, Rio de Janeiro e Belm), envolvendomembros de um grupo de trabalho de diversosministrios e OPAS, coordenado pelo Minist-rio da Sade. Das oficinas participaram demaisrgos pblicos afins com a temtica, institui-

    es acadmicas, entidades da sociedade civil eorganizaes no-governamentais. No final dosanos 90, atravs do projeto Vigisus, inicia-se aestruturao e a institucionalizao da vigiln-cia ambiental no mbito do Ministrio da Sa-de, sendo publicado em maio de 2000 o decreto3.450 que estabeleceu no Cenepi a gesto do sis-tema nacional de vigilncia ambiental.

    Embora ainda em fase de andamento, re-sultados preliminares de um projeto de pesqui-sa que o autor vem realizando, denominado Apesquisa cient fi ca em sade ambiental no Bra-sil 1992-2001, contr ibuem para compreender

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    este quadro do ponto de vista da pesquisa, par-ticularmente no campo da sade coletiva.

    No levantamento dos grupos de pesquisa(Diretrio dos Grupos de Pesquisa, verso 4.0)que tem como palavra-chave da linha de pes-

    quisa a questo ambiental, encontrou-se umtotal de 824 grupos, sendo que destes, apenas 32(3.9%) foram identificados como pertencentesa rea predominante (AP) de sade coletiva.Restringindo o levantamento incluindo a pala-vra-chave sade, obteve-se o seguinte resultado:a) para sade e ambiental, encontrou-se umtotal de 69 grupos, sendo 25 (36%) identifica-dos como pertencentes a AP de sade coletiva;b) para sade e ambiente, encontrou-se 78grupos, sendo 27 (34%) identificados comopertencentes a AP de sade coletiva.

    Todos os grupos de pesquisa identifi cadosnos trs levantamentos como pertencentes APde sade coletiva e suas respectivas instituiesencontram-se listados no quadro 1. Dos 42 gru-pos listados, pode-se identifi car apenas 5 (todosem negrito e correspondendo 12% do total)como prximos ou di retamente identi fi cadoscom temas de interesse para as cincias sociais:1 no campo da filosofia (biotica e tica); 2 nocampo da educao; 1 no campo da antropolo-gia (impactos da difuso de tecnologias na qua-lidade de vida e cultura); 2 especficos sobre ascincias sociais.

    Nos dois levantamentos em que se cruzou apalavra-chave sade com ambiental e am-biente, identificamos 6 grupos que tiveram APdiretamente relacionada s disciplinas de inte-resse para as cincias sociais em sade listadaspor Canesqui (1998), cujo resultado apresen-tado com o nome do grupo e a instituio entreparnteses. Na sociologia, o Centro de Pesqui-sas e Estudos Agrrios (Unesp). Na antropolo-gia, o Dinmica Sociocultural, Gesto Ambien-tal e Desenvolvimento: Uma Antropologia daAo entre os Ticuna do Alto Solimes (UFRJ).

    Na demografia, Demografia e Polticas Pblicas(Unicamp). Na cincia poltica, o Grupo de Es-tudos e Pesquisas Eneida de Morais Sobre Mu-lher e Relaes de Gnero (UFPA). Embora oservio social no faa parte da lista de Canesqi(1998), foram identificados 2 como de interes-se para as cincias sociais em sade, sendo: N-cleo de Pesquisa e Estudo Estado Sociedade eCidadania (UCG) e o Programa de Estudos doTrabalho e da Reproduo Social (UERJ).

    No levantamento de teses e dissertaesproduzidas no Brasil entre os anos 1980 e 2000,identifi cadas com a palavra chave ambiente,

    realizado na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade(LILACS), encontrou-se um total de 305 ttu-los. Para melhor vislumbrar o crescimento daproduo acadmica sobre o tema, agrupou-se

    as teses e dissertaes por trinio, conforme po-de se verificar na figura 1.

    Conforme pode se veri ficar, houve um nt i-do crescimento da produo sobre os proble-mas ambientais, particularmente a partir da d-cada de 1990, principalmente da segunda meta-de em diante, perodo que concentrou mais dametade da produo (54%) de todo o perodo.

    No que se refere especificamente s cin-cias sociais, procurou-se pelo menos identi fi -car as teses e dissertaes mais diretamenterelacionadas s mesmas atravs do ttulo e da

    abordagem metodolgica adotada e descri tano resumo. Dos 305 ttulos, foram encontrados17 (5.6%), distribudos pelos seguintes temas:educao (3); polticas pblicas (4); percepese representaes sociais (3); aspectos histricos(2); desigualdades sociais (1); geografia crtica(1); filosofia (1); sociologia da cincia (1); par-ti cipao popular (1). O maior volume de tesesou dissertaes concludas foi no ano de 1996,com 5; em seguida vem 2000, com 3; e, 1990,1992 e 1998, com 2. Para os outros anos (1983,1985, 1993 e 1999) foram identificadas apenasuma para cada ano.

    Em termos percentuais pode-se conside-rar muito baixo os 5.6% de teses e dissertaesidentificadas com as cincias sociais, devendo-se observar que as relacionadas percepo erepresentaes sociais representaram quase 1/4do pequeno universo de 17 ttulos.

    No levantamento realizado nas trs princi-pais revistas cientficas no campo da sade cole-tiva (Cincia e Sade Coleti va, Cadernos de Sa-de PblicaeRevista de Sade Pbl ica) no pero-do 1992-2001, o critrio adotado foi selecionartodos os art igos que, atravs do t tulo ou pala-

    vra-chave, se identificaram como referentes aotema ambiente ou ambiental. Foram encon-trados 94 artigos, distribudos de modo bastan-te irregular por ano (Figura 2). Conforme po-de se verifi car na figura 2, houve uma concen-trao maior de arti gos publicados no ano de1998, estando o fato associado publicao deum nmero especial da revistaCincia e SadeColetiva(volume 3, nmero 2), dedicado ao te-ma sade e ambiente no processo de desenvol -vimento.

    Do total de artigos, identificamos apenas 9(9,6%) sobre temas e abordagens de interesse

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    Quadro 1Grupos de pesquisa no campo da sade coletiva, identificados por ttulo e instituio

    Nome do grupo Instituio

    Avaliao Integrada e Participativa de Riscos Tecnolgicos Ambientais FiocruzAvaliao e Gesto de Riscos Ambientais CNENBiotica e tica Aplicada Sade FiocruzCentro de Controle de Intoxicaes de Maring UEMCentro de Documentao, Pesquisa e Formao em Sade e Trabalho UFRGSDoenas Emergentes e Ambientais na Regio Cent ro-Oeste UFMSEducao para a Sade FiocruzEpidemiologia UnisinosEpidemiologia do Cncer Ambiental USPEstudo dos Fatores Fsicos do Meio Ambiente Sobre a Sade dos Idosos PUC-RSGrupo de Epidemiologia de Londrina UELGrupo de Estudos em Epidemiologia ISGrupo de Estudos da Problemtica dos Resduos de Servios de Sade USPGrupo de Estudos de Gerncia e Ensino em Sade UFF

    Grupo de Pesquisa em Cincias Sociais, Extenso Rural, Sade USPe Ambiente Diagnstico e Avaliao de Projetos SociaisImpacto das Condies do Ambiente Sobre a Sade UFMGInformao em Sade FiocruzInvestigao de Mercrio na Regio Amaznica em Populaes Humanas IECe na Biota Aqutica de reas Sujeitas Poluio AmbientalInvestigao sobre a Normalidade da Regio Amaznica quanto IEC Presena de Mercrio em Populaes Humanas e na Biota AquticaLaboratrio de Educao em Ambiente e Sade FiocruzMalria na Amaznia INPAMeio Ambiente e Sade CEDECMeio Ambiente/Vigilncia Epidemiolgica CIPModo de Vida, Qualidade de Vida e Sade UFBAMonitoramento Ambiental UNIPAR

    Ncleo de Apoio Populao Ribeirinha da Amaznia USFNcleo de Epidemiologia UEFSNcleo de Estudos em Cincias Sociai s, Ambiente e Sade UFBANcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente UFBANcleo de Pesquisas e Estudos em Sade Coletiva UFMGPrograma de Mudanas Ambientais Globais e Sade FiocruzRepercusses da Difuso de Tecnologias na Qualidade de Vida e Cultura FiocruzSade Ambiental FiocruzSade Ambiental em rea Urbana IECSade Coletiva UEPBSade e Ambiente CIPSade e Ambiente UNICSULSade e Meio Ambiente UNIFESPSade e Trabalho CIP

    Sade, Trabalho e Meio Ambiente UFPBSade, Trabalho e Meio Ambiente UFPASubstncias Qumicas: Impacto Sobre a Sade e o Ambiente FiocruzTrabalho, Ambiente e Sade UFRJ

    Fonte: CNPq Diretrio dos Grupos de Pesquisa, verso 4.0

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    Figura 1Teses e dissertaes sobre a questo ambiental publi cadas entre 1980 e 2000

    Fonte: Li teratura Lati no-Americana e do Cari be em Cincias da Sade Biblioteca Virtual em Sade

    Figura 2Artigos publicados em revistas cientficas brasileiras, entre 1992 e 2001, identificados com o temaambiente ou ambiental

    Fonte: Cadernos de Sade Pblica,Revista de Sade Pblica, Cincia e Sade Coleti va

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    para as cincias sociais, distribudos do seguin-te modo: educao (3); ineqidades sociais e asade dos trabalhadores (1); a economia am-biental e as tomadas de decises (1); os movi-mentos sociais e as questes ticas (1); os riscos

    industriais e tecnolgicos ambientais (2); o sa-ber ambiental (1); as polticas pblicas (1). Des-tes, 3 (Schall, 1994; Porto & Freitas, 1997; Du-val, 1998), tendo como base as cincias sociais,apontam para a crtica das cincias biomdicase engenharias, propondo a construo de umconhecimento participativo e inter ou transdis-ciplinar. interessante observar que as publica-es que tiveram como tema a educao corres-ponderam aproximadamente 1/3 do total daproduo identifi cada com as cincias sociais.

    Para encerrar a anlise de dados referentes

    pesquisa e produo referente aos problemasambientais e sade discutiremos os dados apre-sentados no artigo de Minayo et al. (1999). Parao ano de 1997 os autores cadastraram 151 pro-jetos de pesquisa sobre sade e ambiente emandamento na Fiocruz. A parti r de uma listacom as reas de conhecimento mais citadas nocadastro, os autores identificaram 32 reas cita-das no mnimo cinco vezes (a epidemiologia foia que recebeu maior nmero de citaes, com45 vezes), resultando em um total de 434 cita-es. Das reas do conhecimento identificadas,selecionamos aquelas mais diretamente relacio-

    nadas s cincias sociais, resultando em: edu-cao (22), antropologia (16), sociologia (13),geografia (9) e histria (6). Mesmo consideran-do que a maioria dos projetos se apresenta co-mo interdisciplinar, no pode deixar de se no-tar o baixo percentual de citaes de reas rela-cionadas s cincias sociais (15%), sendo quedeste universo de 66 citaes, 1/3 encontrava-se relacionado educao.

    Das informaes apresentadas nos par-grafos anteriores so indicadores de que a ins-titucionalizao da temtica ambiental de mo-

    do amplo e efetivo na sade coletiva s ocorreunos anos 90, sendo o projeto Vigisus e a figura1 relacionados produo de teses e disserta-es, indicativos disto. Constatamos que em-bora os problemas ambientais quase sempre se-jam, simultaneamente, problemas de sade, aesmagadora maioria dos grupos de pesquisaque tem como tema de investigao a questoambiental (96,1%) se situa fora da AP da sa-de coletiva. Mesmo quando restringimos a pes-quisa sobre os grupos de pesquisa, incluindo apalavra-chave sade, constatamos que os gru-pos que tm como AP a sade coletiva corres-

    pondem a aproximadamente 1/3 do total, es-tando os outros 2/3 distr ibudos em uma diver-sidade de grupos, em uma multiplicidade deAPs (por exemplo: engenharia sanitria, ecolo-gia, geocincias, qumica, enfermagem, medici-

    na, educao e demografia).No que se refere especificamente partici-

    pao das cincias sociais, podemos consideraro percentual de grupos diretamente identifica-dos com as mesmas ainda muito baixo na APda sade coletiva. Fora da AP da sade coletiva,mas identificados com as inter-relaes entre asquestes ambiente ou ambiental com a sa-de, surgem seis grupos de APs relacionados scincias sociais. Do ponto de vista do potencialde intercmbio acadmico e da constituio deredes de pesquisa social em sade e ambiente,

    esses grupos so de grande importncia no sen-tido de ampliar e fortalecer a pesquisa nas cin-cias sociais na sade coletiva. At mesmo por-que o quadro que se apresenta sobre a incorpo-rao dos problemas ambientais nas cinciassociais na rea da sade coletiva de uma capa-cidade maior de se organizar em grupos de pes-quisa (12%) ou projetos de pesquisas (15% nolevantamento feito para a Fiocruz), do que deproduo de artigos cientficos (9,6% nas 3 re-vistas) ou teses e dissertaes (5.6% no LILACS).

    Apesar de desde os anos 70 assistirmos avan-os no ambientalismo nos pases industrializa-

    dos e o desenvolvimento da sade coleti va noBrasil, ambos os movimentos trazendo nova-mente tona as dimenses sociais, polticas,econmicas, culturais e ticas dos problemasambientais e sanitrios, o que se verifica, na pr-tica, uma predominncia das cincias naturaise engenharias na organizao da pesquisa e pro-duo do conhecimento sobre o tema. Emboraas dimenses sociais, polticas, econmicas, cul-turais e ticas no sejam exclusividade das cin-cias sociais, preocupante que mesmo no cam-po da sade coletiva verifique-se que h poucos

    grupos de pesquisa organizados e que a produ-o cientfica ainda seja bastante pequena.

    Os problemas ambientaisnas cincias sociais

    Conforme demonstrado no item anterior, a or-ganizao de grupos de pesquisa e a produocientfica sobre problemas ambientais nas cin-cias sociais no campo da sade coletiva aindapequena. Essa caracterstica no se restringe scincias sociais em sade, mas reflete uma ten-

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    dncia geral. Os resultados preliminares da pes-quisa que vem sendo conduzida pelo autor, ci-tada no item anterior, permitem vislumbrarmelhor este quadro no Brasil.

    Para os 824 grupos de pesquisas que tm

    como tema de pesquisa a questo ambiental,adotamos dois enfoques, um restrito, baseadono estudo de Vieira (1995) sobre o mapeamen-to e avaliao da pesquisa em cincias sociaisno Brasil (perodo 1980-1990), e outro amplo,mais prximo do nosso interesse e tendo comoreferncia o estudo de Canesqui (1998) sobretrs dcadas de ensino e pesquisa das cinciassociais em sade no Brasil. No enfoque restrito,dentre os 824 grupos, os resultados foram: geo-grafia (22), antropologia (8), economia (16),sociologia (9), cincia poltica (1). Totalizaram

    56 grupos e corresponderam a apenas 6.8% dototal. No enfoque amplo, os resultados foram:educao (32), histria (3), filosofia (2), demo-grafia (1). Totalizaram 38 grupos. Somados osdois grupos, ampliamos para 94, alcanandocom as 9 disciplinas includas apenas 11.4% dos824 grupos. S para se ter uma idia mais clarados desequilbrios entre as diferentes disciplinasenvolvidas com a temtica ambiental, a soma dascinco que mais possuem grupos, a geocincias(100) e qumica (79) nas cincias exatas e da ter-ra, a agronomia (63) nas cincias agrrias, a eco-logia (61) nas cincias biolgicas, e a engenharia

    sanitria (42) nas engenharias, totalizaram 345grupos, correspondendo 42% do total.

    Para Leff (2000), tendo por base um diag-nstico sobre os programas de formao am-biental em nvel universitrio na Amrica Lati-na e Caribe e um estudo sobre a incorporaoda dimenso ambiental nas cincias sociais, es-tas cincias se encontram entre as disciplinasmais resistentes a transformar seus paradig-mas de conhecimento e a abrir seus temas privi-legiados de estudo com relao problemticaambiental.

    Macnaghten & Urry (1998) consideram quenegligenciamento do social na literatura am-biental parcialmente atr ibuvel a prpria tra-jetria do desenvolvimento das cincias sociais,sendo mais acentuado na sociologia. Para os au-tores, baseia-se em uma forte e indesejvel di-viso entre o mundo dos fatos sociais e o mun-do dos fatos naturais, entre sociedade e nature-za, contribuindo para que as cincias sociais sepreocupassem menos com as formas biolgicasou ambientais. No que concerne especificamen-te sociologia, Leff (2000) observa que esta sedesenvolveu dentro de enfoques e problemas

    tericos que tm tido dif iculdade de internali-zar facilmente os processos socioambientaisemergentes, tanto por sua complexidade, comopor seu carter de novidade e pelas inter-rela-es entre processos de ordem fsica, biolgica

    e social.Alm dos aspectos anteriormente aponta-

    dos, Macnaghten & Urry (1998) chamam a aten-o para a concepo hegemnica de um rea-li smo ambiental. Nesta concepo, o ambiente uma entidade real em si, passvel de ser pesqui-sado por uma cincia capaz de fornecer umacompreenso reifi cada do mesmo, produzin-do resultados observveis e no ambguos. Istopossibilita no s mensuraes, mas tambm apossibilidade de se avaliar todas as medidas ne-cessrias para se corrigir os danos tendo por ba-

    se a mesma cincia que os gerou. Para esta con-cepo, uma vez que a realidade derivada dapesquisa cientfica transcende os padres tran-sitrios e superficiais da vida cotidiana, a incor-porao da anlise dos processos sociais e pr-ticas institucionais, bem como da experi nciahumana, ocupa um papel menor (Shackley etal., 1996; Macnaghten & Urry, 1998; Leff, 2000).

    De um modo geral, na concepo hegem-nica do realismo ambiental, quando as cinciassociais so chamadas para a pesquisa e o ensi-no sobre os problemas ambientais, seu papelfica restrito a identificar as causas sociais, os

    impactos sociais e as respostas sociais aos pro-blemas ambientais inicialmente descritos deforma acurada pelas engenharias e cincias na-turais. Diversos cientistas sociais (Shackley etal., 1996; Macnaghten & Urry, 1998; Leff, 2000)tm chamado a ateno para essa questo atra-vs do exemplo de um problema ambiental glo-bal, como os programas internacionais de pes-quisa sobre mudanas ambientais globais. Essesprogramas tendem a minimizar ou reduzir a es-pecificidade dos processos sociais em suas an-lises e a atribuir um papel secundrio s cin-

    cias sociais em suas anlises, que dever, no m-ximo, deixando margem a pesquisa sobre osconflitos sociais e as inmeras estratgias pol-ticas dos diferentes atores envolvidos, formu-lar respostas sociais adequadas aos problemasenunciados a partir de um grande conjunto deevidncias oriundas das cincias naturais e en-genharias.

    Vieira (1995), em seu mapeamento da pro-duo das cincias sociais sobre a problemti-ca ambiental no Brasil, revela ser dominante aconcentrao do esforo de pesquisa acerca dotema avaliao dos impactos socioambientais

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    da dinmica de desenvolvimento socioecon-mico. Foi o nico tema de pesquisa comum amaioria das discipli nas que identif icou (antro-pologia, sociologia, cincia polti ca, geografiahumana), sendo o tema avaliao de pol ticas

    de desenvolvimento e gesto ambiental encon-trado somente na cincia poltica. Outros temasde pesquisa que identificou com as disciplinasselecionadas foram: anlise do movimento eco-logista (sociol ogia); educao, part icipao emeio ambiente (sociologia e cincia poltica);ecologia e relaes internacionais (cincia pol-tica); anlise espacial e planejamento (geogra-fia humana).

    O autor (Vieira, 1995) chama a ateno pa-ra duas lacunas importantes na produo dascincias sociais, as quais devem ser superadas

    para permitir seu avano na compreenso e so-luo dos problemas ambientais. A primeira serefere reflexo epistemolgica estar aqumdas necessidades de operacionalizao efetivade enfoques interdisciplinares que permitam scincias sociais avanar tanto no plano do co-nhecimento terico, quanto no da intervenosocial e poltica. S a sociologia e as cincias po-lticas foram identificadas pelo autor tendo co-mo tema a pesquisa sobre as repercusses daproblemtica ambiental no seu campo terico emetodolgico. A segunda se refere nfase nosestudos sobre avaliao dos impactos destru-

    tivos, contrastando com a escassez de estudosacerca da viabil idade de estratgias alternativasde desenvolvimento socialmente justas, econo-micamente viveis, ecologicamente prudentese politicamente emancipadoras.

    No que se refere segunda lacuna aponta-da no pargrafo anterior, deve-se considerarque a viabilidade de estratgias alternativas,transformadas em projetos de interveno, en-volve, como argumenta Vieira (1995), elevadonmero de fatores, de natureza no-linear nassuas inter-relaes e que so de difcil captao.

    Para o autor, a gesto da complexidade , ento,o principal obstculo a ser enfrentado pelosanalistas e planejadores. Com a nova nfase so-bre a complexidade dos problemas ambientaistem ocorrido uma tentativa cada vez maior deintroduzir ferramentas das cincias sociais nosprocessos decisrios, consideradas menos redu-cionistas (processo causa-efeito l inear, unidi-mensional e determinstico) do que os mtodosde anlise custo-benefcio comumente empre-gados (Schackley et al., 1996).

    Porm, como argumentam Schackley et al.(1996), a transformao das cincias sociais em

    ferramenta na anlise, planejamento e gestodos problemas ambientais pode limitar seuprprio emprego, significando um filtro em fa-vor das abordagens que privilegiem argumen-tos considerados mais realistas para as cincias

    naturais e engenhari as, bem como para os to-madores de decises. Nessas situaes, os cien-tistas sociais tm o seu papel reduzido ao de en-genheiros sociais, capazes de manipular e fixara sociedade de modo a facilitar a implementa-o de desenvolvimento sustentvel defi nidoessencialmente em termos tcnicos a partir dascincias naturais e engenharias (Macnaghten &Urry, 1998).

    O desafio que se coloca para as cincias so-ciais que a tendncia crescente de incorpora-o de suas teorias e metodologias como ferra-

    menta para a compreenso e soluo dos pro-blemas ambientais pode apenas parcialmentesignificar a superao das lacunas que Vieira(1995) apontou e li mitar sua incorporao demodo amplo, crtico e reflexivo. Abordagensmais contextualizadas e relativistas, bem comocrticas dos padres de trabalho, produo econsumo que contribuem para a degradaosocioambiental tenderiam a ser marginalmen-te incorporadas por duas razes. Em primeirolugar, porque a idia de que no h uma nicanoo de meio ambiente, mas somente ambien-tes histrica, geogrfica e socialmente consti-

    tudos coloca em xeque a concepo hegemni-ca do realismo ambientaltanto nas cincias na-turais e engenharias, como nas diferentes insti-tuies pblicas e privadas em que tm se dadoas decises que afetam nossas vidas. Em segun-do lugar, abordagens crticas que apontem paraa necessidade de uma transformao ecolgicadas sociedades industriais tenderiam a ser con-sideradas desestabil izadoras das estruturas so-ciais, polticas e econmicas dominantes, desa-fiando inclusive o papel do Estado na regulaoambiental das atividades de trabalho, produo

    e consumo (Petersen & Lupton, 1996; Schac-kley et al., 1996; Macnaghten & Urry, 1998).

    Concluso

    O ambiente sempre esteve presente nos discur-sos e prticas sanitrias. Mas, foi somente coma intensificao do processo de industrializaoe urbanizao, o aumento da participao pol-tica da classe trabalhadora e a incorporao dostemas relacionados sade na pauta de reivin-dicaes dos movimentos sociais, que os pro-

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    blemas ambientais passaram a ser compreendi-dos como resultantes de processos fundamen-talmente polticos e sociais. nesse contexto defortalecimento dos movimentos sociais queemerge a medicina social no sculo 19, para a

    qual a participao poltica era concebida comoprincipal estratgia de transformao da reali-dade de sade. No sculo 20, a recuperao dadimenso social e poltica dos problemas am-bientais ocorre a partir do crescimento dos mo-vimentos contestatrios e ambientalistas entreos anos 60 e 70.

    Petersen & Lupton (1996) observam queno lt imo quartel do sculo 20 chegou mesmoa existir uma proximidade entre a NSP (da qualderivam movimentos importantes hoje no quese refere problemtica ambiental no campo da

    sade, como o movimento de promoo da sa-de e o projeto cidades saudveis) e o movimen-to ambientalista. A proximidade de ambos eraderivada do fato de considerarem tanto o adoe-cimento do planeta por conta das atividadeshumanas, como o adoecimento dos seres hu-manos como resultado disto. Porm, para os au-tores, esta proximidade termina a, j que a NSPtende a direcionar seu foco muito mais para asescolhas individuais e comportamentos dos ci-dados. Para a NSP, ao contrrio da medicinasocial do sculo 19, do movimento ambienta-lista no final do sculo 20, ou mesmo da sade

    coletiva no Brasil, a participao poltica comoprincipal estratgia de transformao dos pro-blemas ambientais e de sade tende a no serefetivamente encorajada. O cidado transfor-mado em um consumidor, de modo a direcio-nar sua ateno para longe dos problemas es-truturais das sociedades industr ializadas queconformam os padres de trabalho, produo econsumo degradantes das condies vida e queconformam injustias ambientais, e a no desa-fiar o papel desempenhado pelo Estado na re-gulao, controle, preveno e precauo des-

    tes problemas.Os aspectos observados por Petersen & Lup-ton (1996) no pargrafo anterior so de grandeimportncia para se avanar no s na incorpo-rao dos problemas ambientais na sade cole-tiva, mas tambm na sua incorporao pelascincias sociais, especialmente no campo dasade. importante notar que, no campo dasade, tem ocorrido nas duas ltimas uma iden-tificao dos problemas ambientais com o mo-vimento de promoo da sade, que emerge co-mo uma das estratgias de uma NSP. Essa iden-tifi cao expl icitada tanto na Agenda 21, em

    que a sade ambiental aparece como prioridadesocial para a promoo da sade, como institu-cionalizao, no Ministrio da Sade, da gestodo sistema nacional de vigilncia ambiental,que tem como um dos seus objetivosconhecer e

    estimular a i nterao entre sade, meio ambientee desenvolvimento vi sando ao for tal ecimento daparticipao da populao na promoo da sadee quali dade de vida(decreto 3.450, 10 de maiode 2000).

    Na perspectiva da sade coletiva, para a qualos problemas de sade da populao resultamda forma como se organiza a sociedade, em suasdimenses poltica, econmica e cultural, pro-pondo ento mudanas em direo tanto de-mocratizao da sociedade, como das prticasde sade (Paim, 2001), os programas de pro-

    moo da sade relacionados com os proble-mas ambientais devem ser movimentos politi-camente agressivos na perspectiva de uma eqi-dade social, pol tica e econmica (Waltner-To-wes, 2000). Incorporando a perspectiva das cin-cias sociais apontada por Vieira (1995), pode-mos considerar que estes programas de promo-o da sade devem ser movimentos de resolu-es dos problemas ambientais de formas so-cialmente justas, economicamente viveis, eco-logicamente prudentes e politicamente emanci-padoras. Como observa Waltner-Towes (2000),o modo como os problemas so solucionados

    (de modo democrtico e participativo, em opo-sio ao modo no democrtico e baseado emespecialistas) to importante como a soluoencontrada, uma vez que processos e resultadospossuem, ainda que separados, profundos efei-tos sobre a sade humana.

    De acordo com Leff (2000), a resoluo dosproblemas ambientais implica a ativao e ob-jetivao de um conjunto de processos sociaisos quais as cincias sociais tm um importantepapel a desempenhar. Leff (2000) destaca umasrie de processos que podem se constituir em

    indicativos de uma agenda de pesquisa das ci-ncias sociais em sade sobre os problemas am-bientais, sendo estes: 1) a incorporao dos va-lores do ambiente na tica individual, nos di-reitos humanos e na norma jur dica dos atoreseconmicos e sociais; 2) a socializao do aces-so e apropriao da natureza; 3) a democratiza-o dos processos produtivos e do poder polti-co; 4) as reformas do Estado que lhe permitammediar a resoluo de conflitos de interesses emtorno da propriedade e aproveitamento dos re-cursos e que favoream a gesto participativa edescentralizada dos recursos naturais; 5) o es-

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    Quadro 2Teses e dissertaes sobre a questo ambiental envolvendo temas e abordagens de interesse paraas cincias sociais

    1. Machado FBT 2000.Educao ambiental: uma experincia com grupos de adolescent es e adu ltosportadores de defi cincia mental. Dissertao de mestrado. Faculdade de Sade Pblica, Universidadede So Paulo. 180pp.

    2. Maglio IC 2000.A descent ralizao da gesto ambiental no Brasil : o papel dos rgos estaduaise as relaes com o poder local 1990-1999. Dissertao de mestrado. Faculdade de Sade Pblica,Universidade de So Paulo. 270pp.

    3. Roveratt i DS 2000.Diagnstico de projetos de educao ambiental em escolas pblicas das reasde proteo de mananciais da Represa Bi llings.Tese de doutorado. Faculdade de Sade Pblica,Universidade de So Paulo. 107pp.

    4. Nazareno ER 1999.Condies de vida e sade in fan ti l: heterogeneidades urbanas e desigualdades sociai sem Paranagu, Brasil. Tese de doutorado. Curso de Meio Ambiente e Desenvolvimento, UniversidadeFederal do Paran. 256pp.

    5. Silva ER 1998.O curso da gua na histri a: simbologia, moralidade e a gesto de recur sos hdr icos.Tese de doutorado. Escola Nacional de Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz. 201pp.

    6. Pelicioni AF 1998. Educao ambiental na escola: um levantamento de percepes e prticas deestudantes de primeir o grau a respeito de meio ambi ente e problemas ambientais. Dissertao de mestrado.Faculdade de Sade Pblica, Universidade de So Paulo. 118pp.

    7. Toledo LM 1996.O espao do clera: determinant es sociais e regul ao ambiental dos caminhos de umaepidemia. Tese de doutorado. Escola Nacional de Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz. 168pp.

    8. Arruda MAS 1996.Uma contribuio s novas sensibi lidades com r elao ao meio ambiente:represent aes sociais e grupos ecologistas e ecofemini stas cari ocas. Tese de doutorado. Institutode Psicologia, Universidade de So Paulo. 520pp.

    9. Sartorato CR 1996.Dominao versus resistncia: os agrotxicos nas lavouras dos sem-terra:representao social dos ri scos sade dos trabalhadores. Dissertao de mestrado. Escola Nacionalde Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz. 193pp.

    10. Cunha IA 1996. Sustentabi lidade e poder local: a experincia de poltica ambiental em So Sebastio,costa nor te de So Paulo (1989-1992). Tese de doutorado. Faculdade de Sade Pblica, Universidadede So Paulo. 527pp.

    11. Toffoli FF 1996. Bom Sucesso de Itarar: o poder local e sade em um novo mi cro municpio.

    Dissertao de mestrado. Faculdade de Sade Pblica, Universidade de So Paulo. 146pp.12. Schramm FR 1993.A terceira margem da sade: a tica natural. Complexidade, cri se e responsabili dade

    no saber-fazer sanitri o. Tese de doutorado. Escola Nacional de Sade Pblica, Fundao Oswaldo Cruz.378pp.

    13. Freitas CM 1992. A social constr uo de anlises de riscos tecnolgicos a sade e ao meio ambiente:estudo de uma contr ovrsia na arena pblica. Dissertao de mestrado. Coordenao dos Programasde Ps-graduao em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 217pp.

    14. Marino SRA 1992.Part icipao popular e desenho organizacional: um estudo do Conselho Municipalde Sade de Florianpoli s. Dissertao de mestrado. Faculdade de Administrao, Universidade Federalde Santa Catarina. 160pp.

    15. Barani E 1990.Efeitos socioambientais decorrentes da implantao da Caraba M etai s: a percepo doshabitantes de Lamaro do Passe Bahia. Dissertao de mestrado. Faculdade de Medicina, UniversidadeFederal da Bahia. 93pp.

    16. Martins IS 1985.A dimenso bi olgica e social da doena. Tese de livre docncia. Faculdade de Sade

    Pblica, Universidade de So Paulo. 197pp.17. Costa NR 1983.Estado e polticas de sade pblica (1889-1930). Dissertao de mestrado. Instituto de

    Pesquisas do Rio de Janeiro. 198pp.

    Fonte: Li terat ura Lati no-Ameri cana e do Cari be em Cincias da Sade Biblioteca Virtual em Sade

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    tabelecimento de uma legislao ambiental efi-caz que normatize os agentes econmicos, o go-verno e a sociedade civil; 6) as transformaesinstitucionais que permitam uma administra-o transetorial do desenvolvimento; 7) a reo-

    rientao interdisciplinar do desenvolvimentodo conhecimento e da formao profissionaldos prof issionais no campo da sade coletiva.Todos esses processos implicam a necessidadede se avanar na reflexo sobre a pesquisa dascincias sociais no campo dos problemas am-bientais que afetam a sade coletiva.

    A superao do realismo ambiental e do bio-logismo dominante na sade, da naturalizaodas injustias e desigualdades da vida social e da

    submisso ao modelo hegemnico das cinciasnaturais e das engenharias na compreenso esoluo dos problemas ambientais representamdesafios importantes para que as cincias so-ciais contribuam para que possamos avanar no

    marco conceitual da sade coletiva. At mesmoporque, como observa Herculano (2000) emseu artigo sobre as origens, enfoques metodol-gicos e objetos da sociologia ambiental, a con-vergncia das cincias sociais (a autora centrasua anlise somente na sociologia) com a sadecoletiva talvez seja uma das contribuies maisinteressantes compreenso dos problemas am-bientais e uma das reas mais necessrias a rea-lizao de pesquisas.

    Quadro 3Artigos publicados em revistas cient fi cas brasileiras, entre 1992 e 2001, contendo temas de interessedas cincias sociais

    1. Mohr A & Schall VT 1992. Rumos da educao em sade no Brasil e sua relao com a educaoambiental. Cadernos de Sade Pbl ica8(2):199-203.

    2. Gomez CM & Carvalho SMTM 1993. Social inequali ti es, labor, and health. Cadernos de Sade Pblica9(4):498-503.

    3. Schall VT 1994. Environmental and health education for school-age children: a transdisciplinaryapproach. Cadernos de Sade Pblica10(2):259-263.

    4. Zuiga CG, Pea PH, Guerrero CO et al. 1994. Evaluacin econmica y toma de decisiones en saludambiental. Revista de Sade Pblica28(2):153-166.

    5. Silva ER & Schramm FR 1997. A questo ecolgica: entre a cincia e a ideologia/utopia de uma poca.Cadernos de Sade Pbl ica13(3):355-382.

    6. Porto MFS & Freitas CM 1997. Anli se de ri scos tecnolgicos ambientais: perspecti vas para o campo dasade do t rabalhador. Cadernos de Sade Pblica13(suppl.2):59-72.

    7. Duval G 1998. Salud y ambiente en el proceso de desarollo. Cincia e Sade Coletiva3(2):7-16.8. Franco T & Druck G 1998. Padres de industrializao, ri scos e meio ambiente.Cincia e Sade Coleti va

    3(2):61-72.9. Grynszpan D 1999. Educao em sade e educao ambiental: uma experincia integradora.Cadernos

    de Sade Pbl ica15(suppl.2):133-138.10. Dias JCP 2001. Doena de Chagas, ambiente, part icipao e Estado.Cadernos de Sade Pblica

    17(suplemento):165-169.

    Fonte: Cincia e Sade Coletiva, Cadernos de Sade Pblica e Revista de Sade Pblica

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    Artigo apresentado em 20/6/2002Aprovado em 15/9/2002Verso final apresentada em 16/12/2002