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    REFLEXES EEXPERINCIAS

    ORGANIZAO

    Adriana Fontes E Rita Gama

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    1 . Ato ou efeito de mediar

    2. Ato de servir de intermedirio entre pessoas ou grupos; interveno,

    intermdio

    3. Rubrica: etograa, religio. Itercesso juto a um sato, a umadivindade etc. para obter proteo

    4. Rubrica: termo jurdico. Procedimeto que visa composio de umlitgio, de forma o autoritria, pela iterposio de um itermedirioetre as partes em coito. (Atoio Houaiss)

    [] consideramos a mediao como um rico processo, como um espao

    ode mediador (educador, professor), o fruidor e a obra de arte, dialogam ecriam uma fecuda rede de relaes, um estar etre muitos que implicaem uma ao fudametada e que se aperfeioa a cosciete percepoda atuao do mediador que est etre muitos. (Profa. Dra. Miria Celeste

    Martis, Mediao cultural: expadido coceitos etre territrios dearte&cultura, Programa de Ps-graduao em Educao, Arte e Histria daCultura da Uiversidade Presbiteriaa Mackeie.)

    MEDIAO

    MEDIAO CULTURAL

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    Tnia R

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    apresentao

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    apresentao

    Fotos Amrico Vermel

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    Amrico Vermelho

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    Museu aberto para o futuroMaria Arlete Gonalves

    Uma polifonia harmnica entreprticas e saberes da mediaoAdriana Fontes

    Programa educativoOi Futuro compartilhandoexperincias em mediaoRita Gama

    interaes comunicativas no museuBeatriz Bretas

    Mediao para a autonomia?Cayo Honorato

    Projeto Deciente Residente umaexperincia de Incluso no Museudo FutebolIal Cardoso, amaury costa,clara de assuno azevedo

    A resposta o meio: reexes sobreo papel da tecnologia na mediaoe a mediao da tecnologiaMara Eugenia Salcedo

    IntermitnciasStela Barbieri

    Coleo Arte e Tecnologia

    sumrio7

    9

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    Arquivo Educativo Oi Futuro

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    apresentao

    Traer o futuro impresso em seu prprio ome uma grade resposabilidadepara o Oi Futuro: ao mesmo tempo em que arra a histria cotemporea dacomuicao humaa, preciso se atecipar ao que vem por a, compromissogravado no DnA do Museu das Telecomuicaes.

    Aqui a tecologia o m. meio de aproximao, atravs das mltiplase iesgotveis possibilidades, que as ovas tecologias de comuicao eiformao oferecem para a expresso artstica e social do homem de ossotempo. Assim, o coceito museolgico espalha-se por todo o espao do Oi Futuro.

    no nvel 6, por exemplo, a exposio de loga durao mostra um Museusicroiado com a questo da ordeao do discurso histrico sem perder devista seu papel de etreteimeto. Um ico o codutor traspassa todo o

    espao cultural, da etrada ao bistr, at o terrao, passado pelo teatro, comperformaces que iterligam todos os lugares.

    nas galerias de arte cotemporea, as exposies temporrias somam para acostruo de um museu aberto, ode se atecipa a histria que aida ovirou histria.

    nosso museu costrudo dia a dia. O programa educativo, ao mesmo tempo emque aprofuda iformaes tcico-cietcas, o perde de vista a importciada arte, que questioa e atecipa as idagaes futuras, abrido portas paraovas iquietaes.

    Bos motivos para reetir e compartilhar ossas expericias.Boa leitura.

    Maria Arlete GoalvesDiretora Oi Futuro

    MUSEU ABERTOAO FUTURO

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    Adriana Fontes orietadora pedaggica doPrograma Educativo Oi Futuro.Liceciada em artes plsticas,especialista em histria daarte e arquitetura o Brasil emestre em histria social dacultura.

    Elisagela Lima

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    Uma polifoniaharmnica entre

    prticas e saberesda mediao

    introduo

    Em uma polifoia harmica etre esaios, artigos, relatos e expericias de mediaoem museus, desdobram-se esta publicao registros poticos que a arte e a educaopromovem em espaos expositivos e museolgicos o Brasil de hoje. Os museus e oscetros culturais so espaos que potecialiam o desevolvimeto da expericia

    sesitiva, potica, diate do objeto de arte e do cohecimeto. Um lugar para se pesar,faer, discutir, iteragir e apreder atravs da arte e dos objetos culturais. Um lugarfrtil para a educao, ode cada fruto semeado a expericia trasformadora de umidivduo (e sua microcultura) pode germiar, crescer, cotamiar e criar um corpo socialcomposto por idivduos crticos criativos e pesates. Assim, ispirado e idicadocamihos de atuao (e trasformao?), a educao em museus ocupa seu lugar defato na sociedade.

    Peso a educao como um cotuo exerccio cotidiao costrudo pela expericia davida e o apeas pela aquisio formal de cohecimeto, mas parte e reexo do corposocial, ou seja, o cotidiao, a educao e a cultura esto completamete imbricados.

    Portato, tora-se cada ve mais importate criarmos espaos de covivcia, o uxoda vida cotidiaa, para que a troca de expericias, reexes e cotamiaes mtuasacoteam. E imbudo desse setimeto, e da votade de realiao desses ecotros,o Museu das Telecomuicaes Oi Futuro, atravs de seu Programa Educativo, covidouprossioais evolvidos com as problemticas da mediao os espaos expositivosde arte e de museus para elaborar um texto sobre suas expericias e reexes,compartilhado seus relatos e iquietaes diate de questes abordadas o semirioMediao em museus: arte e tecologia, promovido pelo Museu das Telecomuicaes OiFuturo, em outubro de 2012.

    O semirio surgiu do desejo de aprofudar questes relacioadas aos desaos deuma prtica de mediao em espaos de memria, arte e tecologia. A curadoriapedaggica esses espaos explora iquietudes potico-coceituais e pedaggicas,como desaos experimetais que promovem descobertas a serem compartilhadas.Esses cohecimetos e prticas da mediao, em suas relaes com diversos camposde saberes, atuao e subjetividades, precisam ser apresetados, reetidos e discutidoscoletivamete. nesse setido, tato o semirio como os textos dos palestrates aquipublicados oferecem a oportuidades de se criar um espao de debate crtico, capa deampliar aida mais o dilogo etre educao, cultura e sociedade.

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    introduo

    Sedo assim, a diversidade da sigularidade de cada autor, de cada programaeducativo, cada projeto, cidades, propostas e problemticas abordadas ao logodeste livro, o leitor pode traar seus prprios camihos etre prticas e saberes. Edesse modo costruir uma cartograa que rea uma mesma geograa potica osdesaos prticos, ticos e coceituais destacados pelos autores/palestrates e asistigates expericias dos programas educativos de Ihotim, da Fudao Bieal deArtes Plsticas de So Paulo, do Museu do Futebol e do Museu das TelecomuicaesOi Futuro do Rio de Jaeiro e Belo Horiote. Uma cartograa potica que pode serexplorada atravs de um pesar sistmico, um pesar que cria e costura relaes a

    partir da multiplicidade de olhares, e etedimetos provisrios, sobre a prtica damediao que se reiveta a cada ova expericia, a cada ovo grupo ou projeto.

    A presete publicao oferece aida a descoberta de ovos saberes costitudos apartir de uma prtica laboriosa e criativa o compartilhar da expericia de costruode setido diate da obra. Saberes que com certea podem cotribuir para alargarcoceitos, desarticular precoceitos e gerar ovos questioametos e etedimetossobre a potcia potica/poltica do mediar. A familiariao com a arte (e o objetocultural) pode ser estabelecida atravs do cotato e da ao, sobre as maifestaesartsticas em sua cocretude, levado o idivduo a expor-se e a apropriar-se das obras.no ituito de promover uma leitura (e um pesar) que crie relaes de setido ao ativar

    a expericia o cotato com a obra, cosidero fudametal o trabalho de mediaoiterpessoal, realiado por idivduos que teham um olhar crtico sobre a complexidadede seu papel como educador diate de cada cotexto de sua ao pedaggica. E, paraisso, preciso reetir, problematiar, esse lugar do mediador a relao do pblico coma obra. O pricpio da mediao seria um provocar, um istigar expericia, pois justamete a expericia que surge a ituio, elemeto fudametal para iaugurarsaberes atravs da cotamiao das sesaes pela percepo, fudametais para opotico. As coversas compartilhadas que surgem essa qualidade de expericia podemse desdobrar em diversas sesaes, setimetos, reexes e iterpretaes imagiativasas mltiplas possibilidades de leituras idividuais e coletivas.

    Etretato, diariamete a prtica da mediao do Museu das Telecomuicaes OiFuturo ovas pergutas se egedram e os mobiliam a pesar criticamete cadaovo desao. Como estar etre e com o pblico diate da obra de arte? Como

    Amrico Vermelho

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    introduo

    promover essa expericia potica? O museu pode ser um lugar para a poesia? Opotico um estado de construo de sentido, um estado de transbordamento da

    imagiao (que est o tempo presete, a expericia) e o de julgametos oujuos. O potico uma pote para o idivel. Estimular o potico formar sujeitoscostrutores de setido, capaes de se autoriar a ovas leituras de mudo e,cosequetemete, coscietes de suas possibilidades de fudar ovas aes criativas(automas) o mudo. nossa prtica revelou que uma vivcia compartilhadaistigativa, reexiva e criativa pode gerar ovas leituras de mudo tato um idivduo,um grupo, uma famlia, quato uma istituio.

    Ideticamos que a apropriao subjetiva viveciada os deslocametos poticos,idividuais e coletivos de ossas aes iuecia o sujeito iteramete a ocupar omudo tambm outros espaos, emocioais e itelectuais. Porm, como costruir ovosdilogos etre educao, cultura (museu, arte) e sociedade a partir de ossas aeseducativas o Museu das Telecomuicaes Oi Futuro? possvel criar a relaomuseu/escola um espao pedaggico o museu que amplie mutuamete seus territriosde costrues de cohecimetos? O Museu das Telecomuicaes e as exposiesde arte poderiam ser utiliados para se pesar a escola, a educao, a tecologia eo uiverso cotemporeo? Como icetivar e explorar a relao da educao formal(escolas, professores, aluos) com o acervo do museu/exposies as galerias, como

    dilogos etre saberes?So imeros os questioametos, desaos, descobertas e ecatametos poticosque surgem o cotidiao do Museu das Telecomuicaes, de modo que gostaramosde dividir com o leitor um pouco da ossa histria atravs de textos, depoimetos eimages das ossas expericias em mediao o Museu das Telecomuicaes eas galerias de arte cotemporea do Oi Futuro. A presete publicao apresetaem seu captulo iicial expericias do osso programa educativo em seu percursopotico-pedaggico desde sua formao (em 2007) at os dias de hoje. Expericiasque os moveram a realiar esse semirio e esta publicao, para compartilhariquietaes, expericias e reexes, o ituito de promover um ecotro de trocas,

    discusses e cotamiaes mtuas de saberes que possam gerar uma maiorcompreeso do papel da mediao em museus, e seu lugar de reecatameto domudo, a iterlocuo do ser com a arte, com a educao, a cultura e a sociedade.

    possvelcriar narelao museu/escola umespaopedaggicoque ampliemutuamenteseusterritriosde construesdeconhecimentos?

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    museu das telecomunicaes

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    PROGRAMA

    EDUCATIVOOI FUTURO:COMPARTILHANDOEXPERINCIAS

    EM MEDIAo

    Amrico Vermelho

    rita gama

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    Rita GamaMuseloga formada pela Ui-Rio,mestre em sociologia e atropologiapelo Programa de Ps-Graduaoem Sociologia e Atropologia(PPGSA/IFCS), atuado comopesquisadora os temas museus,colees e bes culturais e emprojetos em istituies como aFudao Casa de Rui Barbosa,o Cetro nacioal de Folcloree Cultura Popular (IPHAn) e

    Museu Bispo do Rosrio de ArteCotemporea, etre outras. Atuoua OnG Redes de Desevolvimetoda Mar como educadora.Atualmete coordeadora oPrograma Educativo Oi Futuro.

    Amrico Vermelho

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    a

    museu das telecomunicaes

    Os museus no valemcomo depsitos decultura ou experinciasacumuladas, mas comoinstrumentos geradoresde novas experincias.Carlos Drummond de Andrade

    iteo deste texto compartilhar saberes e expericias costrudosa partir das atividades do Programa Educativo Oi Futuro e tambm dividiriquietaes e desafios ascidos da ossa prtica educativa, acreditadoque podemos ampliar e difudir ossa aes cotribuido com o debate sobrea mediao em espaos de arte e tecologia. Passados pouco mais de cicoaos de sua existcia, j surge etre todos s o desejo de refletir sobre os

    erros, os acertos, as escolhas que faem o Programa Educativo se redescobrirpermaetemete. Chegou a hora de compartilhar expericias e descobertas comoutros educadores, profissioais de museus, visitates e istituies parceirascomo escolas e OnGs.

    Tambm a opiio da educadora Bia Jabor, sobre o compartilhameto deexpericias do programa que ajudou a criar: Por mais que a gete propohacamihos abertos, para que o professor faa suas devidas adaptaes, aida hum risco, porque ievitavelmete somos s potuado esses camihos. Comose cria uma etapa aterior em que voc primeiro experimeta a prtica com aspessoas, costri o coletivo, e depois tra posssibilidades? Talve seja esse o

    mometo de agora.Cosiderado que ossos projetos so beeciados por leis de icetivo cultura, almde compartilhar cohecimeto assumimos o compromisso de democratiar o acesso aela. O presete trabalho est estruturado em duas partes: esta primeira, apresetamosreexes e ideias que tm orteado as aes do Programa Educativo do Museu dasTelecomuicaes. na seguda parte, relacioamos jogos e atividades que desevolvemospara auxiliar a ao educativa, ferrametas para trabalhar com os cotedos do museu edas galerias e que matm a criao costate o osso dia a dia.

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    museu das telecomunicaes

    O Programa Educativo do Museu das Telecomuicaes foi criado em 2007. Apesarde tato a equipe carioca quato a de Belo Horiote desevolverem o mesmo projetoiicial, importate cohecer as especicidades e particularidades das aes educativas

    esses dois museus, que estimulam a eriquecedora troca de expericias e estratgiaseducativas etre seus prossioais.

    Para dar vo a essa histria, selecioamos algus depoimetos que valoriam aemoo da lembraa, da descoberta e do dilogo, a coexo e o ecotro etrediferetes istituies, realidades e tempos. Acreditamos que essa a essciadas (tele)comuicaes a um s tempo osso tema gerador e desafio cotidiao.

    A educao/comuicao uma das trs pricipais alidades dos museus, juto preservao e ivestigao. Esses uiversos, embora didaticamete separados, soiterpeetrates e at depedetes. Tomado a educao como exemplo, podemoseteder que ao educar tambm preservamos os acervos, as prticas e saberes a elesrelacioados. Alm disso, para se comuicar com seus visitates, tambm se pesquisa,ecessariamete, o acervo e as possibilidades de comuic-lo aos diferetes pblicos.O ato de comuicar est presete o apeas as aes educativas, mas tambm amotagem de exposies, em publicaes e evetos, a abertura para o pblico e aapropriao simblica das colees que ele guarda, digas de preservao para asfuturas geraes. De ada valem colees fechadas em depsitos em pesquisas queo sejam para estimular ovos cohecimetos, iteraes, aprediages e camihos:o valor e a fuo das colees a sua assimilao pelo pblico. a que os museus secoectam e se comprometem com a vida l fora, matedo-se, tambm, vivos e atuates.Para comuicar seus acervos e pesquisas ao pblico, os museus aprimoram suasiiciativas educativas as exposies em diferetes formatos: visita guiada, coduida,dirigida, moitorada, mediada. Compartilhada? O guia orieta os visitates comiformaes padroiadas, uma relao ode um guia e outro guiado. A palavramoitor parece um desdobrameto da mesma fuo, e os remete a uma expericiarelacioada seguraa, vigilcia, algum que est ali para que o visitate o toquea obra. no pesameto sobre a educao em museus a palavra que, atualmete,mais se idetica com a ossa ao o acolhimeto ao visitate a mediao.Mediadores focam sua atuao o dilogo e a troca com o pblico, exercitado a escutae exibiliado sua ao, seu roteiro, adequado-o a seus iterlocutores e buscado umaexpericia compartilhada. Mediao o setido de estar ateto obra e ao visitate e srelaes etre eles. A iteo colocar mediador e visitate lado a lado, costruido umavisita partilhada de expericias e potos de vista.

    A Mediao um dilogo

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    museu das telecomunicaes

    nessa troca, cada educador tem sua autoria, sua curadoria pedaggica, seusrecortes ideolgicos, coceituais, metodolgicos. Educadores, em museus, sopesquisadores e autores de suas mediaes, orgaiado seus roteiros de visita e

    articulaes de cotedos, descobrido solues para diversos pblicos e situaes.nesse setido, complemeta Stela Barbieri, a mediao uma curadoria porque uma criao. nossa mediao parte da relao com o outro, em que educador evisitate so sujeitos em trasformao costate. A orietao da equipe educativado Museu das Telecomuicaes pode ser assim resumida: mais do que trasmitircohecimeto ao pblico, estamos ali para permitir que se costruam saberes arelao que ajudamos a estabeleceretre os visitates e a memria abrigadaem nosso espao.

    Assim, como numa conversa, cada

    participate chega com sua bagagem:educadores, professores, visitantes,

    aluos, criaas. E a relao com osobjetos e coceitos em exposio o sed apenas atravs da informao, mas,

    antes, a partir da negociao de sentidos

    e apropriaes subjetivas etre ospresetes, e da rica troca de impresses.Dessa forma, a exposio deve (...)lembrar aquilo que (talve) o vivemos,

    mas que de alguma forma mexe comosso estar o mudo. (Regis Lopes,2004: p. 83) nesse setido, possvel sesesibiliar com uma tecologia obsoleta,uma ovidade velha, como bem deiuuma alua participate do ProgramaCotiuado. Estimular essa descobertae promover expericias compartilhadascontribui para o debate e para uma

    reexo crtica do mudo presete,

    descobrido suas relaes com o passadoe previses para o futuro.

    A busca pela costruo de um espaodialgico a mediao autoria, legitimaa fala do visitate, istigado o debate e cosolidado a reexo crtica a partir dadescoberta de si (que ocorre tato com o visitate quato com o educador) e do estadode reecatameto com o mudo. nesse estado ateto e alerta, semelhate ao doartista, desevolve-se a opiio crtica e perceptiva com relao sociedade.

    Iveo de aluo de nova Iguau, Rio de Jaeiro,

    que, diate do gramofoe, armou ter um tambm e,para ossa surpresa, tirou do bolso um objeto sooroespecial mistura de gramofoe com celular que a ovidade da sua escola e ilustra bem a ideia dememria ituitiva que permeia osso trabalho.

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    museu das telecomunicaes

    Toda forma de olhartem importncia e

    deve ser valorizadaA ao educativa um campo de recepes poticas, egociaes e costruo desetido ode se tolera, respeita e acolhe a opiio alheia, coectado-a a outras. estimular e istigar os participates a expressar suas observaes sem receio, poiscompartilhar essas expericias um exerccio de cidadaia que possibilita a costruocoletiva de saberes e de um olhar crtico.

    Uma das atividades que realiamos, geralmete ligada aos Programas Cotiuados, omuseu iterior, em que cada participate tra um objeto especial para si e compartilhacom os demais sua importcia, histria e setidos atribudos, permitido que, a partir deuma expericia particular, se desevolva uma reexo sobre a vida social dos objetos e acostituio de museus e colees.

    Esperamos que esse documeto possa tato gerar ideias e estmulos para pessoas eistituies como colaborar com o aprimorameto de ossas parcerias e prticas. Tetamos,aqui, perceber e difudir ossa trajetria a descoaa de que o h apeas umcamiho a ser trilhado, mas h camihates ivetado possibilidades e ecorajadospela substituio de uma cultura de competio pela cultura de prticas sicerametecolaborativas, etre idivduos e istituies comprometidos com o desevolvimeto.

    maneira de ver e de se relacionar com a tecnologia atravs da dimenso dosaber e do tempo. considerar que o ser humano e a humanidade vivem umprocesso acumulativo de saberes, que a gente tem uma memria que precisaser ativada e provocada. , por exemplo, olhar objetos do sculo que nofoi vivido pelo sujeito e, desse encontro, conseguir projetar informaese vislumbrar uma trama pra ele.

    Rafaela Rafael, arte-educadora

    provocao no imposio de ideias, mas instiga o outro a perceberngulos inusitados com diferentes perspectivas de seu prprio pensamento.Mediar estar entre, um estar ativo, exvel e propositor, estar semprecomo uma ponte entre a obra e o observador. Um constante dilogoque busca estimular a conexo entre a obra, espectador, contedos e

    interesses.Adriana Fontes, orietadora pedaggica

    laboratrio de experincias a partir de interaes com objetos e ondepodemos reetir sobre sua dimenso social, sobre as relaes entre amaterialidade das coisas e as experincias que elas possibilitaram nostempos passados e presente. Os museus oferecem uma oportunidade dereetir sobre os objetos e seu papel privilegiado na nossa sociedade, nospermitem repens-los e perceb-los, e a ns mesmos,de maneira renovada.

    Rita Gama, coordeadora Projeto Educativo

    Memriaintuitiva

    MEDIAO

    MUSEU

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    museu das telecomunicaes

    Como tudo comeou:

    A criao de um Programa Educativo foi ideia de primeira hora durate a implataodo Museu das Telecomuicaes do Oi Futuro. O objetivo era sesibiliar os visitatese costruir uma viso crtica sobre a comuicao, os objetos, a tecologia e suasimplicaes a sociedade, atravs de materiais e atividades prprias, a partir daexplorao de cotedos e expericias proporcioados pelo museu.

    Desde sua implemetao so realiadas:

    Visitas mediadas para grupos agedados (iicialmete apeas o Museu, e

    logo em seguida abragedo galerias e o restate do prdio);Programa para Multiplicadores, destiado a professores, agetes culturaise as;

    Programa Cotiuado, de relacioameto com istituies do etoro.

    um PROGRAMA Educativo para

    o Museu das TelecomunicaesUmaprogramaodo educativo umapolticapblica, uma visopoltica domundo.Stela Barbieri

    A HISTRIA DAS TELECOMUnICAEShttp://wwww.oifuturo.org.br/museu/media/cad-historia-roxo-rio

    A COMUnICAO HUMAnAhttp://wwww.oifuturo.org.br/museu/media/cad-com-humaa-aul-rio.pdf

    InDUSTRIALIzAO E DESIGnhttp://wwww.oifuturo.org.br/museu/media/cad-desig-vermelho-rio

    REDES E RIzOMAShttp://www.oifuturo.org.br/museu/media/cad-redes-verde-rio

    O cotedo do Museu das Telecomuicaes vai alm do seuespao fsico, graas aos recursos audiovisuais e iteratividadeque fudametam sua apreciao o formato de hipertexto,possibilitado uma iidade de roteiros, coexes e camihos. nele,cada expectador pode ser, ao mesmo tempo, visitate, pesquisadore criador de diferetes percursos pelo istigate uiverso dacomuicao humaa.

    Tamaha pluralidade, em termos de cotedos e camihosivestigativos, est estruturada sobre quatro eixos temticos paraabordagem e pesquisa. Esses eixos fudametam roteiros para asvisitas ao Museu, e, para cada um deles que podemser trabalhados de maeira isolada ou relacioal , orgaiou-seum cadero temtico de apoio e aprofudameto de iformaes,propostas de desdobramentos e temas

    para discusso, alm de idicao bibliogrca. O cotedo doscaderos est dispovel on-lineos liks abaixo:

    Arquivo Educativo Oi Futu

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    museu das telecomunicaes

    O Museu das Telecomuicaes Oi Futuro um espao iterativo, voltado para a arte, a tecologia e acicia um espao de cotemporaeidade, de iformao, de experimetao, de criao e de memria.Ele se apreseta detro das tedcias museogrcas iteracioais e est sitoiado com as maisavaadas tecologias em telecomuicao do sculo XXI. O coceito de hipertexto uma de suasiovaes. Trata-se de jaelas de iformao que o visitate pode acessar, descobrido e explorado aiformao da forma que quiser, tomado o camiho que desejar. Ao visitate dada a opo de faer seuprprio roteiro, de acordo com a sua curiosidade e o seu iteresse. Detro dessa cocepo o Museu dasTelecomuicaes pode ser etedido como um hipermuseu: hipertexto + museu.

    O objeto primeiro do Museu das Telecomuicaes a tecologia, que, por se reovar em gradevelocidade, impulsioa ovas descobertas todo o tempo. Por isso, uma dimeso maior, o museupressupe a projeo do Futuro, verdadeiro objeto m do Museu das Telecomuicaes.

    O Museu das Telecomuicaes Oi Futuro uma istituio museolgica que detm um acervocom 65 mil ites, legado deixado pela Compahia Telephoica Brasileira CTB e pelo Museu doTelephoe. H em sua idetidade a coucia de Futuro, Passado e Presete. um Museu que estiserido a comuidade, como um veculo o qual se pode criar possibilidades para a costruo dofuturo, a partir dele mesmo.

    Maria Helea Oliveira, museloga, resposvel pelo Museu das Telecomuicaes Oi Futuro

    Hipertexto + Museu = Hipermuseu

    semelhaa do museu, os caderos foram orgaiados em hipertexto, comiformaes opcioais que podem ou o ser acessadas, de acordo com o iteresse doleitor. Distribudos gratuitamete durate as visitas, esses caderos so trabalhados

    em encontros permanentes com professores, educadores e demais interessados emtraer grupos ao Oi Futuro.

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    museu das telecomunicaes

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    arte e tecnologiano caminho do

    conhecimento

    Aqui o Museu das Telecomuicaes do Oi Futuro rearmaseu compromisso com o ato educacioal, aproximado ocohecimeto que acotece detro e fora da istituio,aproveitado a liberdade e o experimetalismo quecaracteriam os territrios de aprediagem o formal.

    Sua metodologia busca garatir o espao do dilogo, daescuta, do encontro e da transformao.

    Iicialmete, o Programa Multiplicadores foi estruturadoem ecotros quieais para discusses baseadas osquatro eixos temticos propostos para o museu. Almdesses, havia os caderos de apoio e aprofudametodesevolvidos em fuo das exposies de curtadurao as galerias, e ecotros com artistas eeducadores a abertura das exposies. A iteoera aproximar as istituies, apoiar os professores/

    educadores a assimilao de cotedos do Museu e emdesdobrametos que dessem cotiuidade expericiado Museu em suas istituies, alm de istrumetali-los a ocasio da visita de seus grupos ao Oi Futuro.

    Ao al de cada ao orgaiado um Ecotro Fial etreos participates, para compartilhameto de expericiase apresentao de desdobramentos entre distintos

    prossioais e istituies, gerado um estimulate eparticipativo debate etre os presetes. Como resultadodessa prtica, em 2011, ovos eixos de cotedo forampropostos para o Programa Multiplicadores, ovos recortescoceituais para apropriao dos vastos cotedosdispoibiliados pelo Museu das Telecomuicaese pelas Galerias de Arte do Oi Futuro. A partir dessareestruturao abrem-se ovos focos de pesquisa eampliam-se as vertetes ofertadas pelo Programa aosvisitates com as seguites opes: Arte, Tecologia eMdia Educao.

    programa paramultiplicadores

    Arquivo Educativo Oi Fut

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    museu das telecomunicaes

    O espao de vivncia em grupo proporcionadopelo Museu das Telecomunicaes estimulao conhecimento e o contato com o outro,permitindo a fala e a expresso de suasquestes, ajudando esses adolescentes adirimir a desconana e o receio, oriundos desuas histrias de vida, estabelecendo vnculose permitindo que reinvistam nas relaes com ooutro.

    Cocluso de prossioais do Educadrio Satos Dumot, Degase,Secretaria de Estado de Educao

    Lembro de um grupo de mulheres da terceiraidade que foi ao Museu. Para elas foi um momentode lembrar da juventude, com os telefonesantigos. Mostrei a Internet e o funcionamentodo Google ao nal do encontro, j que estvamosfalando sobre tecnologia e a evoluo dastelecomunicaes. Foi divertido presenciar oespanto delas ao perceber que o site era capazde encontrar informaes sobre qualquerassunto.

    Thalita Medes, estagiria de arte-educao

    O Museu faz a gente ter acesso a tantas

    informaes de passado, presente e futuro queme deu vontade de estudar novamente.

    Ricardo Lima, beecirio do Projeto Agcia Comuidade de Emas

    Nesta visita eles puderam ver, tocar,ouvir e sentir, interagir com o novo e,tambm, conhecer o passado que os envolvee que originou tanta novidade. Os arte-educadores tiveram papel fundamental nestejogo sensorial (sem falar na palhaa D.Peitola!), pois estimularam os alunos paraque percebessem esse mundo tecnolgico comoaliado gerao de novos horizontes, ideiase aes que partem de um momento vivenciado,experimentado, e, consequentemente,compartilhado.

    zilda da Silva Ribeiro Teixeira, Coordeadora Pedaggica da Escola.Muicipal Maria da Silva Fraa

    Encontrod

    e

    Multiplicador

    es*

    *depoimentos em apresentaes nos encontros nais

    Fotos Arquivo Educativo Oi Futuro

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    museu das telecomunicaes

    Permite um trabalho mais aprofudado e cosistete a costruode roteiros e cotedos especficos diate da demada da istituioparceira. So ecotros que se realiam tato o Oi Futuro como ainstituio visitante, com durao de at um ano, destinados a grupos

    escolares, orgaiaes o goverametais, comuidades e diversasoutras formas de orgaiao social.

    no Programa Cotiuado temos como foco pedaggico uma aocotiuada que visa despertar um olhar difereciado e cosciete,uma ao ativada pela percepo complexa do mudo, da fruio,da ivestigao de cada um e de cada grupo. O cohecimeto

    do acervo e cotedo do museu est etre ossos objetivos, mastambm temos como foco trabalhar a formao do olhar e propiciarreflexes a respeito de coceitos relacioados tecologia, design,idustrialiao, cohecimeto e comuicao, as suas relaescom a expericia idividual e o mudo sua volta. Desde 2008, o OiFuturo vem ampliado seu territrio de atuao, ocupado o etoroe cosolidado o papel de istituio a formao do ambietecultural, o acesso ao cohecimeto.

    programacontinuado

    Pequenas experincias,

    grandes emoesAes educativas para o pblico infantil vm sendopensadas desde 2008, como parte das estratgias deatendimento para diferentes pblicos. Inicialmente apalhaa Dona Peitola passa a acompanhar as visitas paraesse pblico buscando o ldico e o encantamento dospequenos no espao do Museu das Telecomunicaes.No Museu conhecemos muitas experincias humanas,tentativas de conexo e comunicao a distncia. O oque une, o telefone, as diversas telecomunicaes,bandeiras, sinais, cdigos e pistas. L podemosexperimentar o telefone de disco, desconhecidopara a maioria de nossos pequenos e curiososdescobridores!

    Instigando o olhar curioso desbravamos cores,texturas, formas, temperaturas e sons ao longodo Centro Cultural e no espao das Galerias,trocando impresses para a construo de umconhecimento coletivo a partir da investigao.So utilizados, nessas visitas, janelinhas (paraselecionar e recortar trechos da paisagem),lupas, imagens, papis e canetinhas. Alm das visitas,ocupamos o Oi Futuro com atividades para famlias emdatas comemorativas e no perodo de frias escolares,conhecendo e aprendendo com os pequenos e suapreciosa sabedoria.

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    O Projeto do Oi Futuro junto ao Colgio Graham Bell foi um momento nico.Eu nunca tinha vivido algo parecido.

    Reato Alberto, aluo do 1 ao do esio mdio, Colgio Graham Bell

    A presena dos artistas e do curador foi bastante enriquecedorea praformao deles. O ltimo encontro caracterizou o pertencimento, comeles se jogando nas almofadas. Foi a apropriao do espao, pois eles nofariam isso no primeiro encontro, mesmo com as almofadas ali. Eu acho queas propostas de Anita, Rafaela e Juliana foram bastante interessantes. Pragente essa parceria com o Oi Futuro foi especial.

    Marcos Mirada, professor, Faetec, Escola Tcica Adolpho Bloch

    Para mim, as visitas no Oi futuro no foram passeios... (...) classico as

    visitas ao Oi Futuro como se fossem aulas, mas fora do ambiente escolar.Thiago, aluo do 1 ao do esio mdio, Colgio Graham Bell

    Foi superbacana, eu, inclusive, tirei vrias fotos. Era uma vez porsemana e altamente educativo. Tinha um programa a ser cumprido e a Keynatrabalhava sobre os eixos daqueles cadernos. Eles adoravam e cavamaguardando. Pedagogicamente foi muito legal.

    Gleice Viola, coordeadora psicopedaggica da Uio das Operrias de Jesus

    Programa Continuado

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    Foi muito experimental, e isso no demrito de maneira nenhuma. avontade de experimentar e (...) deixar que o desdobramento de ideias eprojetos aconteam junto com o grupo.

    Hugo Richard, educador Programa Educativo Oi Futuro

    a gente est em constante relao com as pessoas,nosso trabalho essa relao, no s com o espao,no s com a arte, mas (...) com cada indivduo,apesar de a gente receber grupos, tentamos atingiros indivduos.

    Juliaa Borio, arte-educadora

    Por dois anos consecutivos, participei com alunos do INES(Instituto Nacional de Educao de Surdos) do Programa

    Continuado. Nessas oportunidades, os alunos entraram emcontato com vrias exposies, de diferentes temas, sempremuito bem explorados pelas dinamizadoras. O dilogoentre o INES e o Museu proporcionou o contato com outrasreferncias em diferentes linguagens e suportes, criandonovas possibilidades de aprendizagem para nossos alunos,promovendo tambm sua insero em outros espaos sociais.

    Maria Lcia Martis da Cuha, professora de literatura do InES

    A professora Maria Lcia foi uma importanteparceira, com ela aprendamos sempre qual a melhorforma de nos comunicar, subjetiva e objetivamente.Aprendemos que no adiantava ter muitas informaes(...) de modo que as intrpretes de LIBRAS (linguagembrasileira de sinais) no omitissem dados importantes.

    Na nalizao dos encontros, percebemos que tivemosque superar inmeros obstculos, porm o maiordeles havia sido a Comunicao, que justamenteestava no centro de nosso discurso. Nos ensinarammuitas coisas, sempre com generosidade e vontadeque conhecssemos de fato a vida de um surdo: suasdiculdades no dia a dia de uma cidade impaciente,intolerante, surda tambm.

    Adriaa Fotes e Carolia Cambar, em relatrio, sobre o Cotiuado com o InES

    Arquivo Educativo Oi Futu

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    museu das telecomunicaes

    So ocupadas por exposies temporrias de arte cotemporea que tm comosuporte a tecologia. A mostra de fotograa Alm da Imagem, em 2006, foi aprimeira expericia de ao educativa os espaos museais do Oi Futuro. A visitacomeava com os aluos aida detro do ibus, o trajeto que os levaria aocetro cultural o Flamego. O olhar ateto para o mudo preparava os visitatespara o ecotro com as obras a Galeria. Foi tambm durate essa exposioque se experimetaram, pela primeira ve, atividades a Cmara Escura, depoisdesdobradas ao logo do Programa Educativo.

    Cada obra de arte nita como objeto

    galerias de arte

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    museu das telecomunicaes

    e innita como campo de experinciasHlio Oiticica

    As visitas mediadas s exposies temporrias passaram a faer parte do programa.nessas ocasies, o Oi Futuro oferece trasporte gratuito a grupos at o cetro

    cultural, cumprido assim parte de sua misso istitucioal referete ao acesso.Tedo em vista que etrar em exposies de artes visuais pode sigicar, o Brasil,ultrapassar barreiras de distio social e de classes, as atividades a galeria seestruturam como aes de aproximao e formao de pblico, tedo a fruio e odilogo como meios de aprediagem e estimulado os visitates a compartilharemsuas impresses sobre as obras. O que se pretede estimular o exerccioimagiativo que a arte oferece e que, muitas vees, se d mais sesorialmete doque um discurso escrito e falado.

    Fotos Arquivo Educativo Oi Futu

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    As aes educativas as galerias costatemete se reovam rededo ovosdesdobrametos ao Programa Educativo:

    CADERnOS DE APOIO

    Orgaiados para ao cojuta com o Programa Multiplicadores, comcotedos orgaiados de acordo com cada ova exposio temporria.Iclui material didtico pedaggico;

    QUInTAS nAS GALERIASEcotros realiados as Galerias com artistas e curadores, s quitas-feiras, s 18h. A partir desses ecotros iiciou-se um foco de pesquisaem arte e tecologia que em 2012 passou a costituir um dos eixostemticos a reovao do Programa para Multiplicadores.

    O Projeto Extramuros tem como objetivo levar a outros territrios, distatesdo etoro do Espao Cultural Oi Futuro, os cotedos articulados pelo Museudas Telecomuicaes e as galerias, estimulado expericias, curiosidade ereexo crtica sobre temas como tecologia, comuicao e artes.

    AmbientesInveisInstalaes

    penetrveis deHugo Richard

    e NatalieTubenchlak

    ProjetoExtramuros 2011

    extramuros

    Arquivo Educativo Oi Futuro/Hugo Richard

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    museu das telecomunicaes

    Instrumentos pedaggicos:

    Um dos potos fortes a atuao do Programa Educativo do Museu dasTelecomuicaes a criao de objetos, jogos e oficias pedaggicas quepotecialiam a troca e a descoberta de maeira ldica. So ferrametas paraexplorar o acervo do museu, e ascem da prtica de cada educador, sugerido aexpericia como possibilidade de desevolvimeto de saberes e cohecimetoscompartilhados.

    As datas comemorativas so oportunidades instigantes para a renovao das

    ossas aes: cocepo de roteiros temticos, criao ou releitura de objetos,

    jogos e oficias, propostas para diferetes pblicos, bem como para a ocupaodo Oi Futuro em Estaes Educativas. Algus exemplos:

    COnOF0nE E SUAS FASES

    A bricadeira do telefoe sem o, assim comoa ocia de telefoe de cordel aquele feito combarbate e latas, ou copos acotece desde o iciodas aes do Programa Educativo, uma associaoimediata etre ludicidade, comuicao e telefoia.

    no telefoe de cordel, a vo s se propaga se o cordoestiver tesioado, o que, s vees, um ambieteeufrico de descobertas e surpresas, diculta atrasmisso da mesagem. O Coofoe surgiu comouma releitura do telefoe de cordel, e cosiste umamagueira de codute atravs da qual a vo trasmitida diretamete uma forma mais simples dese comuicar, que remete comuicao realiada,aida hoje, etre estoques e lojas e tambm em avios.

    Aps a iveo do Coofoe j se pesou

    e/ou experimetou algumas possibilidades dedesdobrametos a partir do objeto, como a gravao dascoversas que ele coecta (com direito a risihos, gargalhadas e gritaria eufrica deum grupo de criaas).

    A mais recete releitura do Coofoe a Cetral Telefica, que resgata a fuodas telefoistas outrora idispesveis para os cotatos teleficos , e que,atravs de ramais que se coectam e descoectam maualmete, possibilita aovisitate a experimetao dessa atiga tecologia, agora obsoleta.

    conectando saberes e

    materializando descobertas

    no icio, o Coofoefuncionava comapenas um cone decada lado. Depois foiadaptado, com umT de codute, comdois cones de cadalado: um para falar eum para ouvir.

    Arquivo Educativo Oi Futuro/Elisagela Lim

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    museu das telecomunicaes

    A Cmara Escura permite a observao, descoberta eivestigao de images seguido os pricpios da fsica tica,

    da fotograa e da viso. So experimetos que possibilitama descoberta de como as images se do, como os olhosveem e do que acotece o iterior das mquias fotogrcasaalgicas. A Cmara Escura, por ser um istrumeto mvel, utiliada em ossas visitas s istituies parceiras, emprojetos como Cotiuados e Extramuros.

    A cmara escura comeou antes do Museu, numa exposio aqui no CentroCultural s de fotograas chamada Alm da Imagem. A cmara escuraporttil uma caixa mgica, pois comea fora de foco e o observador vai

    buscando o foco. A a gente comeou a trabalhar com ela, e onde hoje omuseu era uma sala escura, de vdeo, toda preta. E a sala era uma paredefalsa pra fachada do prdio, a tivemos a ideia: vamos furar aqui e a gentevai fazer uma Cmara escura gigante. A cavam os prdios e as rvoresprojetados no lenol,e as pessoas cavam surpresas: que isso? A imagemestava toda ali. A gente distribua pranchetas pra eles andarem pelasala fazendo recortes com a imagem. E a imagem estava projetada na salainteira. A veio a ideia de fazer essa cmara escura penetrvel e porttil.Um cubo preto que podia ser dobrado e levado pra onde se fosse.

    Hugo Richard, arte-educador do Oi Futuro

    CMARA ESCURA (PORTTIL E InFLVEL)

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    museu das telecomunicaes

    CMARAS PORTTEISProduidas emocias com caixasde papelo, com focoajustvel.

    CMARA ESCURA InFLVELUm cubo peetrveltotalmete escuro, iadopor um vetilador, projetaimagens atravs deum pequeo orifcio. Ovisitante convidado aetrar portado uma tela edescobre a imagem na parteitera. Usamos a cmaraescura como estratgiaeducativa para falar deimages (aalgicas edigitais), percepo, viso,e sobre a arte apresentada

    em galerias escuras oscubos pretos, geralmeteproduidos com suportestecolgicos.

    Fotos Arquivo Educativo Oi Futuro

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    museu das telecomunicaes

    JOGOS PARA A FAMLIA

    Pesados para que os visitates espoteos materialiassem sua expericiano Museu de forma automa, sem a presea do educador, mas experimetado

    a mediao do educativo atravs de materiais e istrues de uso orgaiados edispoibiliados em estaes ao logo do prdio e o iterior do Museu.

    COMUnICAOATRAVS DOS SEnTIDOS

    So distribudos mapas do cetro cultural a visitates de todas as idades para icetivara ivestigao e iseri-los ativamete o processo de descobertas sugerido pelaatividade. no mapa esto sialiadas Estaes Educativas propostas para reetir sobre oscico setidos siolgicos pelos quais cohecemos o mudo. O trajeto comea a CmaraEscura ou os Jogos de Arquitetura (viso), explorado o mudo das images. Depois

    so orgaiadas mesages atravs de um ovo cdigo, com o Jogo do Cdigo Morse(tato), seguido pelo Coofoe (audio) e chegado ao Museu das Telecomuicaes. Opaladar e o olfato podem ser experimetados pela carrociha de pipoca itegrada a essaatividade. Curiosamete, a mquia de faer pipoca foi uma das ivees expostas amesma feira de tecologia ode Graham Bell divulgou o telefoe pela primeira ve!

    COISRIO

    Ocia de criao de objetos a partir de sucatas tecolgicas que, reaproveitadas, geramovos objetos, usos, valores e sigicados. Realiada com pblico espoteo com o

    objetivo de reetir sobre os processos de iveo/criao, aproximado ivetorese artistas. Sua origem vem de 2007, atravs da istigao com pequeos objetosgeradores levados para a mediao as visitas do eixo idustrialiao e design.

    Desde 2008 essesobjetos guardados os

    coisrios geram muitasdiscusses o apeassobre o lixo eletrico e

    seus desdobramentos, massobre a histria dos objetos

    e histrias pessoais dosvisitantes.

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    museu das telecomunicaes

    JOGOS DE ARQUITETURA

    Uma ova forma de olhar o prdio do Oi Futuro, oFlamego, o aproxima da liguagem das artes visuais.

    Para projetar ovas estruturas, arrajos e arquiteturasimagirias, o jogo utilia trasparcias com fotosum retrojetor e um cubo preto.

    JJ d as boas-vidas durate visita virtual etre os Museudas Telecomuicaes do RJ e BH

    A proposta era o turismo virtual entre os Museus dasTelecomunicaes RJ e BH. O rob era a ferramenta denavegao: simptico, carismtico, mvel e equipado com laptope webcam. Colocamos a webcam direcionada para a entradado Museu, igual de BH. Assim, instigamos nossos visitantesa observar a imagem, e eles presenciavam coisas estranhas;

    pessoas que passavam e entravam no museu real e na redeno estavam l. U?! Que lugar este? Essa era a deixa paracomearmos uma conversa sobre essa viagem virtual. A semanatinha vrias atividades programadas, mas o JJ roubou o espaoe foi muito usado em nossas visitas.

    Rafaela Rafael, arte-educadora o Oi Futuro

    MISTRIOS DAS TELECOMUnICAES

    um jogo que brica com o acervo do museu de forma ivestigativa, covidado ovisitate a percorrer todo o prdio do cetro cultural buscado pistas que o levem desvedar o Mistrio das Telecomuicaes. A cada pista o visitate fecha um ciclo,descobre um ome, uma data, e gaha uma pea. Ao reuir essas peas, fecha-se o

    Mistrio das Telecomuicaes, com a cocluso do jogo o iterior do Museu.Atravs desse jogo despertamos uma srie de pesametos, ideias e cotextos que serelacioam evoluo das telecomuicaes, seus ivetores, aparelhos e dispositivos.

    Para torn-lo mais misterioso, a gente teve uma ideia: transformar issonuma linguagem tecnolgica, no QR Code, Quickly Response Code, mgico,enigmtico.

    Bruo Jacomio e Hugo Richard, educadores, o itercmbio de expericias etre os Programas Educativos Oi Futuro do Rio de Jaeiroe de Belo Horiote

    ROB JJ

    Costrudo com sucata eletrica, o Rob JJ utiliado como iterfacemvel e ldica, atraido os visitates para essa expericia de percepo e

    comuicao distcia. Coectado iteret atravs de um computadoracoplado ao seu corpo, o Rob JJ tora-se uma pote de acesso em temporeal etre o Museu das Telecomuicaes do Rio de Jaeiro e de BeloHoriote, e coloca em cotato visitates dos dois estados, covidado-os adescobrir as particularidades dos dois museus.

    Fotos Arquivo Educativo Oi Futuro/Elisagela L

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    museu das telecomunicaes

    BARALHOS DE IMAGEnSMaterial de apoio visita, o baralho um suporte para despertar ideias

    e coversas, e j teve uma srie deverses. utiliado de vrias maeiras,como istrumeto de estmulo fala e iterseo de potos de vista, criadohistrias a partir das images. Tambmpode ser aplicado juto com o Coofoee com o E-lixo, por exemplo. A atividade

    o pretede vericar cohecimetos,mas estimular a discusso, ivestigaoe pesquisa a exposio de logadurao do Museu.

    JOGO DO CDIGO MORSE

    Aqui o objetivo experimetar a

    comuicao atravs do cdigo Morse,codicado e decodicado palavras.Como eram os primeiros meios decomuicao a distcia? O que otelgrafo? Tele sigica a distcia,e grafo, graphia, escrita,portato telgrafo quer dier Escrevera distcia!. Foi a primeira formade comunicao rpida a distncia,

    aproximado pessoas que ates de sua

    iveo, em 1835, s se comuicavamatravs de documentos escritos e

    remetidos, o que podia demorar dias.

    O jogo composto por peas de madeira com formatoscirculares e retagulares que represetam, respectivamete,o som curto e o som comprido, o poto e o trao, que so opricpio do cdigo Morse. O jogo acompahado de umapracha didtica, que cotm imagem de Samuel Morse,histria e curiosidades sobre o cdigo em si.

    Fotos: Arquivo Educativo Oi Futuro

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    museu das telecomunicaes

    A REDE

    O jogo acotece em roda, com a distribuio de carretis de lihas elsticas dediferetes cores para os participates. A partir de cada carretel, iicia-se uma

    coversa, cometrio, um tema que, o jogo, ca relacioado quela cor. Cada um quequeira cotribuir com a discusso pega uma parte da liha tecedo uma rede visualde tramas e cores que represetam, metaforicamete, o fucioameto das redes eriomas presetes as relaes, o cohecimeto, a iteret, o museu e o mudocotemporeo. A ao tem como objetivo itegrar professores, aluos e educadoresdo Museu das Telecomuicaes, e em geral acotece para iiciar ou cocluir umavisita. Essa atividade se relacioa tambm Rede do Museu, a mesma fuo de darvisibilidade s redes e coexes presetes a comuicao.

    Sugestivamete, A Rede est duplamete presete o Museu das Telecomuicaes.Primeiro, atravs do lme especialmete criado para a exposio comemorativa dos 50

    aos da TV Globo, com curadoria de Marcelo Datas, projetado a grade tela em formade mudo. E aqui o Educativo, como jogo que ecata visitates de todas as idades.

    Participamos de um Encontro de Multiplicadores onde foi possvelconstruir uma rica rede de comunicao em que cada participantepodia se colocar e, atravs do que era dito, se tecia a Rede,passando o rolo de ta de um pro outro e assim construindo, poucoa pouco, uma verdadeira rede de interligaes. Ao nal todospuderam ver a beleza do quadro diversicado e colorido que todoshaviam construdo em conjunto .

    Rosgela Datas Lima, professora, Orgaiao Budista Brasil Soka Gakkai Iteracioal

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    museu das telecomunicaes

    O projeto asceu detro do Museu das Telecomuicaes, a costruo de um roteirode visita que alihava cotedos especcos ao tema. Como algus dos desdobrametosj experimetados esto uma apresetao de slides aliada visita, uma atividade para

    pblico ifatil (e-lixiho) e a costruo de baralhos temticos de imagem.no mometo, est em fase de istalao de uma ura coletora de lixo eletrico o Oi Futuro que fortalece a ao de coleta j realiada pela empresa as Lojas Oi , o Projeto ColetaSeletiva, em que o descarte de celulares realiado de forma cosciete, estimulado aresposabilidade socioambietal.

    A ocia Terrriocosiste em um globo

    vedado de plsticoonde se insere

    uma plata, terra egua, para que se

    possa vericar suasobrevivncia e a

    sustetabilidade deseu ecossistema.

    Arquivo Educativo Oi Futuro/Reata Potes

    E-LIXO

    Arquivo Educativo Oi Futuro/Hugo Richard

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    museu das telecomunicaes

    BOnDIA, Jorge Larosa. notas sobre a expericia e o saber da expericia. Revista Brasileirade Educao, um. 19, ja.-abr. 2002.

    JABOR, Bia. Programa Educativo do Museu das Telecomuicaes: etre a tecologia, aiteratividade e uma mediao em hipertexto. I: Aais do I Ecotro nacioal Da Rede deEducadores em Museus e Cetros Culturais do Estado do Rio de Jaeiro. Rio de Jaeiro: Casade Rui Barbosa, 2010.

    JABOR, Bia. Itroduo dos Caderos Temticos do Programa Educativo do Museu dasTelecomuicaes. Rio de Jaeiro, 2007. Dispoveis em http://www.oifuturo.org.br/museu/media

    nASCIMEnTO. Silvaia Soua do. O desao de costruo de uma ova prtica educativa

    para os museus. I: Museus: dos gabietes de curiosidades museologia modera. I:Figueiredo, B.; VIDAL, D.G. (Orgs.), Belo Horiote: Argumetvm, 2010; Braslia: CnPq, 2005.Dispovel em http://www.cecimig.fae.ufmg.br/leme/docs)desao.pdf

    Etrevista com Ay Christia Lima, Deise Grispum e Stela Barbieri realiada porPASQUALUCCI, Luciaa. Escola de Comuicao e Artes USP. Programa de Ps-graduaoem Artes Visuais, Prof. Dra. Maria Christia Rii, 2010.

    Etrevista com Stela Barbieri, dispovel em http://www.bieal.org.br/FBSP/pt/noticias/Pagias/Como-falar-com-400-mil-pessoas-coversado-com-cada.uma.aspx

    RAMOS, A daao do objeto: o museu o esio de histria. Chapec: Argos, 2004.

    Depoimetos de arte-educadores do Programa Educativo do Museu das Telecomuicaes,Adriaa Fotes e Bia Jabor.

    Relatrios, cartas, documetos e fotos de arquivo do Programa Educativo.

    Referncias bibliogrcas

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    Doutora em Cicia da Iformaopela UFMG. Obteve o Prmio AnCIB2000 com a tese Iteraestelemticas: estudo sobre jovesiterautas de Belo Horiote. Foiprofessora do Departameto deComuicao da Fach/UFMG, de1978 a 2011. Como pesquisadorado CnPq, realiou estudos comfoco na comunicao mediada

    por computador. membro da

    Associao Imagem Comuitria.Atualmete exerce a coordeaopedaggica do Programa Educativodo Museu das Telecomuicaes/OiFuturo, em Belo Horiote.

    BeatrizBretas*

    *Com a colaboracao deFrederico Perptuo,Frederico Pessoa, MarcosCataria e Mayra lidoso.

    Arquivo Educativo Oi Futuro

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    InteraesComunicativas no Museu

    Era uma tarde de quarta-feira, em meio s frias de jaeiro. O Museu dasTelecomuicaes o estava recebedo visitas agedadas, mas somete pblicoespoteo, composto por famlias em frias que passeavam pela cidade de Belo Horiote.Vemos etrar em osso espao um grupo composto por homes e mulheres aparetadoetre 70 e 90 aos de idade. A diculdade de locomoo de algumas das pessoas do grupoera patete. no etato, certa vitalidade trasparecia em seus sorrisos e olhares curiosos.Eram guiados por um rapa, em seus 35 a 40 aos de idade.

    As pergutas que thamos, toda a equipe, em ossas cabeas eram as mesmas: estamosaptos a receber esse grupo? Qual a melhor forma de lidarmos com eles? Como ser a suarelao com a tecologia que abrigamos, discutimos e at mesmo oferecemos como parteda mediao? nosso espao acolhedor o suciete para receb-los? Etre outras tatasquestes que em segudos atravessavam ossos olhares.

    A mediao sempre uma abertura s situaes que se os aparecem. A expericia e aformao os costituem para que estejamos aptos a os abrirmos ao que pode surgir, sem,o etato, determiar formas protas de agir com cada grupo. At mesmo porque cadagrupo ico, costitudo por uma histria que os ue que o repetida por ehum outro,mesmo ode possamos ver semelhaas.

    Ao lidarmos com um grupo de terceira idade podemos pesar em diversas frmulas quepoderiam os orietar sobre o que e como faer. Mas, ates de tudo, optamos por escut-los. Assumimos uma disposio de perceber e tetar compreeder quais seriam as relaesque aquele grupo poderia estabelecer com o que lhes era oferecido. A memria de cada umdeles estava repleta de vivcias e histrias que os coectavam a diferetes objetos e vdeosdo Museu das Telecomuicaes. Escutar suas histrias, que surgiam este ovo cotatocom os objetos do Museu e que revelavam um setido previamete costitudo mesclado aoque se estabelecia essa ova vivcia, foi o passo mais importate para aceit-los comosujeitos da expericia que ali viviam. As trocas de saberes e a costituio de setidos

    dessa visita foram aos poucos sedo tecidas, atravs do cotato etre equipe e grupo, emum dilogo aberto e horiotal.

    Ao mesmo tempo, criar um ambiete que permitisse a ecloso da expericia e dos relatos,que iclua a percepo de sua fragilidade, de seu ritmo e de outras ecessidades, atravsdo evolvimeto de toda a equipe provideciado solues e agido em acordo com suascaractersticas, costituiu um arcabouo para um real acolhimeto do grupo.

    O ecotro foi praeroso para ambos, visitates e mediadores. Percebemos a importcia daexpericia pessoal, ica, que cada visitate pode viver em sua relao com osso acervo.

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    Comunicao e Educao no Museu

    O relato aterior refere-se ao amplo espectro de compartilhametos possveis assituaes de mediao, trabalhadas o dia a dia o Museu das Telecomuicaes.So ocasies as quais a diversidade de pblicos exige dos educadoresposicioametos rpidos e aes criativas, de modo a estabelecer o dilogo. Assim, avaloriao da escuta uma postura que orieta a mediao, dado lugar fala dooutro e busca do compartilhameto de saberes tcitos, proveietes das iteraesdos sujeitos em comuicao.

    A istituio museolgica ultrapassa a ideia de suporte fsico proporcioado pelaarquitetura e pelas iterfaces de exposio dos objetos, abarcado uma matri depesameto que orieta a produo de setido, ao ordear a iscrio de euciados e

    ao forecer chaves de leitura ao pblico os esforos de mediao. O trabalho realiadopelos educadores do Museu, por sua ve, costitui-se de iteraes comuicativas quevisam etrelaar os sujeitos, mediadores e pblico, em redes de relaes. A propostaeducativa praticada iveste-se da tarefa de aprofudar o cohecimeto acerca dosbes culturais dispoibiliados, promovedo o pesameto crtico, criativo, relacioal etico. A durao dos vculos criados etre istituio e seus pblicos tora-se, eto,uma meta, tedo em vista a coduo de processos formativos. Esta a perspectivado Programa Cotiuado, que vem sedo desevolvido desde 2008 em parceria comdiferetes istituies educativas de Belo Horiote e do Rio de Jaeiro.

    iteressate ressaltar, como exemplo, o trabalho desevolvido com Escola Guigardem 2009, com a participao de 25 aluos. O plao de atividades baseou-se aarticulao dos cotedos e processos da disciplia Tcicas de Expresso eComuicao Visual com os eixos temticos do Museu, que coduiram as aes emcada ecotro. As prticas, orietadas para a reexo sobre a produo da imagem asociedade cotemporea e seus desdobrametos a educao, foram frutos do dilogo

    etre mediadores e aluos.A partir das provocaes da mediao, os estudates se posicioaram equatocoautores o apeas das aes especcas, mas tambm da metodologiadesevolvida, visto que o Programa Cotiuado passa essecialmete pela produocojuta etre diferetes sujeitos, que se coectam para a coduo coletiva deaes educativas. Para alm dos resultados da produo colaborativa ao logo de umsemestre, observamos outro saldo sigicativo do Programa, vericado a tessitura deiteraes que foi sedo costruda o decorrer do processo.

    Enquanto tecamos a rede fsica com as intervenes pessoais, outras

    redes eram consolidadas: as redes de amizades, redes de semelhanase diferenas. Tudo isso fez com que o grupo chegasse ao nal maisprximo, mais coeso que no incio, s isso j fez valer a pena...

    Alua da Escola Guieard aps participao o Programa Cotiuado, 2009

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    A fora do dilogo

    A comuicao dialgica imprime um carter sigular a cada iterao e promove ocompartilhameto de setidos etre os mediadores e o pblico. Isso sigica dierque todos os iterlocutores podem expressar seus cohecimetos e expericiaspara costruir um referecial de setidos partilhados. O que implica, por exemplo, orecohecimeto dos saberes das criaas e a iveo de modos de abordagem dastemticas a serem aprofundadas.

    As visitas com criaas so realiadas de uma forma difereciada, dimica ealterativa, por um percurso o qual o mtodo de aprediagem costrudo umavia de mo dupla. Mediadores e criaas iteragem, apredem e viveciammometos icos. A visita tem um sigicado amplo, em que o objetivo estimular acriaa, seja a costruo de opiio ou de aguar sua curiosidade. A visita mediadateta abrager coceitos e expericias, tedo como pressuposto um processo deaprediagem pessoal para a criaa.

    Quado a equipe do educativo recebe um grupo com criaas, ecaramos esse comoo desao do dia, pois, essas visitas, sempre sabemos como iiciaremos, masdurate o percurso, a abordagem muda e a visita costruda atravs de assutos,dvidas e curiosidades que so traidos pelas criaas. Quado uma criaa ostra um assuto, como, por exemplo, a aturea, a visita coduida para algorelacioado ao meio ambiete.

    no Museu das Telecomuicaes, damos abertura s criaas para que iiciem avisita por ode desejarem, deixado assim que ela corra a direo daquilo quemais lhe atraia, dado autoomia e capacidade para coduir sua trasformao,torado-a resposvel por suas escolhas. Percebemos esse mometo quato oespao as toca de forma diferete. Direcioado-se a camihos opostos, observamosa costruo de uma relao da criaa com o espao do Museu em sua expericiapessoal e subjetiva atravs de suas aes. nesses processos so trabalhadas asdimeses afetivas e itelectuais, para que haja compreeso e trasformaodaquele mometo em uma aprediagem sigicativa, imprimido visita umalembraa slida e duradoura.

    na diversidade de pblicos do Museu, ocorrem situaes as quais barreiras comuicao etre mediadores e pblicos exigem esforos capaes de superar asaparetes idifereas s proposies dos educadores. Recebemos visitas agedadasdas mais diversas istituies, sedo a grade maioria composta por escolas euiversidades. Etretato, mesmo que raramete, h empresas que agedam visitaspara grupos de fuciorios. Como foi o caso da visita de um grupo de prossioaisde vedas. Ao recepcio-los, percebemos um pequeo estrahameto por parte dosvisitates em relao dimica de fucioameto do Museu. Optamos por iiciar a

    As visitas comcrianas sorealizadasde uma formadiferenciada,dinmica ealternativa,por umpercursono qual omtodo deaprendizagem construdonuma via de

    mo dupla.

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    No Museu dasTelecomunicaes,

    damos aberturas crianas para

    que iniciem avisita por onde

    desejarem,deixando assim

    que ela corra nadireo daquilo

    que mais lheatraia, dando

    autonomia ecapacidade para

    conduzir suatransformao,

    tornando-aresponsvel por

    suas escolhas.Percebemos nessemomento quanto oespao as toca deforma diferente.

    visita pela Galeria de ArtesVisuais, pois a maioria nunca

    havia visitado um espaosimilar. na poca cotvamoscom a exposio As portas dapercepo, de Arthur Omar.

    Os olhares eram curiosos,mas tambm repletos de

    autocesura; algus usavamo humor como forma dedefesa e faiam bricadeirasum tato quato clichs emrelao s obras, destacadoa aparete excetricidadeda exposio. A leiturade suas falas os levou acocluir que, mesmo semter visitado outras galeriasde arte, j coheciam,aida que vagamete,formas de expresso da artecotemporea. Cotudo,viam a arte como algocompreendido apenas por

    pessoas cultas e o artistacomo um ser sobre-humao.

    Aps algus miutos deapreciao das obras,

    pedimos aos visitates quese sentassem formando umgrade crculo, idagado-lhessobre os porqus da opo poressa formao. Pouco a pouco

    Amrico Vermelho

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    eles expressaram opiies que demostravam acompreeso da opo pela disposio circulardo grupo e perceberam que buscvamos ademocratiao como alicerce para o debate quese seguiria, j que em uma roda o h igumem destaque. Todas as palavras, opiies ecometrios tm o mesmo valor, o h certo ouerrado, e sim uma troca de impresses.

    Utiliado estratgias de percepo visual,iiciamos o debate com as seguites idagaes:o que se passa essas fotograas? O que vocsveem para dier isso? O que mais podemosecotrar elas? As respostas foram escassase tmidas: Vemos algumas fotograas degua; formas cofusas; etc. As expressesdemostravam icertea, medo do erro ou doridculo, mas pouco a pouco o debate gahoucorpo e todos expressavam opiies diversas emais etusiasmadas. As fotograas de poresde gua, ates disformes e sem sigicado,passaram a retratar clebres guras histricas,bailarias, pombas, borboletas, cotoroscotietais, guras religiosas, etc.

    Progressivamete os visitates compreederamque a iteo do artista era icitar a imagiaoatravs do covite expericia esttica,istigado as mais diversas leituras possveissobre a mesma obra. Arthur Omar coclamava

    os observadores a se tornarem coautores desuas obras. O artista deixava de ser o gio emdestaque, detetor de um dom divio e covocavatodos ao faer artstico.

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    museu das telecomunicaes

    Um o que se tece com amor

    A iterao pode ser deida como a iucia recproca dos idivduos sobre as aesus dos outros, quado em presea fsica imediata. O termo ecotro tambm seriaapropriado (GOFFMAn, 1996, p. 23). Sedo assim, as iteraes costrudas as mediaesetre educadores e pblicos podem se caracteriar como afetaes mtuas, as quais todos

    os iterlocutores so sujeitos do cohecimeto.O o das iteraes tece e cogura um setido para o cojuto de relatos aquiapresetados, em prol de ecotros sigicativos e agradveis. Loge de cotemplartoda a diversidade e a sigularidade das situaes, destacamos fragmetos de faeresda mediao o Museu, marcados pela comuicao face a face etre educadores epblicos. So expericias baseadas a valoriao das iterlocues, a importcia dacostruo da sociabilidade, o desevolvimeto da autoomia iterpretativa dos sujeitos e,pricipalmete, o cuidado com o outro.

    Arquivo Educativo Oi Futuro

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    museu das telecomunicaes

    FRAnA, Vera R.V. Iteraes comuicativas: a matri coceitual de G.H. Mead. I: PRIMO, A.et al (orgs.) Comuicao e Iterao. Porto Alegre: Sulia, 2008. p. 71-92.

    GOFFMAn, Ervig. A represetao do eu a vida cotidiaa. Petrpolis: Voes, 1996.

    MOUILLAUD, Maurice. Da forma ao setido. I: MOUILLAUD, M., e PORTO, S. (orgs.). O joral,da forma ao setido. Braslia: Paralelo, 1997. p. 29-35.

    VAz, Paulo Berardo e AnTUnES, Elto. Mdia, um aro, um halo, um elo. I: FRAnA, Vera eGuimares, Csar. na mdia, a rua: arrativas do cotidiao: 2006.

    Referncias bibliogrcas

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    apresentao

    Cla Leal

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    apresentao

    MEDIAOPARA AAUTONOMIA?

    CAYO HONORATO

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    apresentao

    Doutor em Educao/Filosoae Educao, pela FE/USP, compesquisa sobre a formaodo artista e a mediao

    educacioal da arte. Em 2011,foi proponente e coordenador do

    projeto Mediao como (PrticaDocumetria), selecioado emedital pblico do Cetro CulturalSo Paulo. Atualmete, professor epesquisador a Escola Guigard daUEMG, em Belo Horiote.

    Observao do autor:A primeira verso deste texto foiapresetada, a forma de mihaparticipao em uma mesa redonda, noSemirio Mediao para a Autoomia,realiado pelo Museu de Arte daPampulha, o dia 23/05/2012, com aparticipao de Elisa Campos (EBA/UFMG) e Marcelle Ai (SMED/PBH), emediao do Educativo do MAP. A versoque se apreseta esta publicao,feita a covite da Oi Futuro do Rio de

    Jaeiro, resulta da reviso e ampliaoda primeira.

    CAYOHONORATO

    Amrico Vermelho

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    MEDIAO PARA A AUTONOMIA?

    ficamos sempre agradecidos por participar de situaes como esta e desta ve o

    diferete. Mas cofesso ter me setido em apuros diate deste tema, o da mediaopara a autoomia, por pelo meos duas raes:

    Primeiro, porque, se algum dia cheguei a mobiliar alguma coisa da ideia de autoomia,miha impresso a de que isso j fa muito tempo. Mas sei, at mesmo por foradessa expericia, que se trata de uma dessas palavras peso pesado, com uma logahistria de usos e sigicados. Eto, vi-me tetado eteder por que uma ideia toimportate parecia ter evelhecido para mim.

    Segudo, porque, se em parte isso pode ser visto como um simples esquecimeto meu,ou talve uma decorrcia de ter sido levado por outros assutos, percebi em mim certa

    resistcia a retomar agora essa ideia, ao meos a verso exclusivamete positiva (eat meio pomposa) com que, l atrs, eu costumava compreed-la.

    Em todo caso, a autoomia o s uma ideia ou um objeto de estudo. Eto ( aperguta que me ocorre agora), o que s queremos com a autoomia, supodo que sejaisso mesmo o que s queremos? E digo s, cosiderado que os mediadores so ossujeitos desse querer. , portato, como um mediador, ou como algum que pesquisa eescreve sobre a mediao (educacioal, cultural ou artstica), que falo a vocs.

    Mas, ates disso, trata-se de discutirmos uma mediao para a autoomia de quem:do pblico, da mediao, dos mediadores? Supoho que, muito provavelmete, em

    fuo de como o trabalho da mediao tem se cocebido, a questo seria respodida,quase que ivariavelmete, com a primeira opo: uma mediao para a autoomiado pblico. Isso porque os diferetes pblicos, por mais que a mediao os tehadifereciado, o tm sido outra coisa para ela seo o suporte das suas aes, em umsetido especco.

    A respeito disso, propoho-lhes o seguite exerccio: em uma amostra represetativade textos sobre a mediao, busquem todas as ocorrcias da palavra pblico,pergutado o que ela sigica a cada ve que ocorre.1 Provavelmete, para alm dereferida a um grupo de pessoas (cidados, visitates, usurios, estudates, criaasetc.), a palavra aparea associada muito mais ao que a mediao quer faer para ou

    sobreessas pessoas (e seria mais exato dier: ao que a mediao quer faer para ousobreessas pessoas), do que para dier quem so essas pessoas (por meio de suasiterpretaes, relatos, arrativas, histrias etc.), ou mesmo o que foi feitorealmetecom essas pessoas (por meio de registros, autoavaliaes e autocrticas do trabalhorealiado, que, iclusive, pudessem vir a ser publicados, uma ve que o se trata desimplesmete oferecer espaos os quais as pessoas possam falar ou se expressar).

    Como se sabe, a mediao o d sossego a essas pessoas. Ela quer sesibili-las,provoc-las, istig-las, impact-las, trasform-las. Ela quer realiar o pblico os

    1. Eu de fato j isso,tomando por amostrao livro Espaos daMediao, publicado em2011 pelo Museu de ArteCotemporea da USP, apropsito de um simpsioiteracioal sobreo assuto. Aida quetomar essa publicaocomo representativa dodiscurso da mediaoo Brasil icorra emuma geeraliao, sigicativo que ovedos seus 14 textos

    sejam assiados pelosento coordenadoresde educativos dealgumas das pricipaisistituies ou exposiesde arte o pas: Bieal doMercosul, Bieal de SoPaulo, Istituto TomieOhtake, Ita Cultural,MAC/USP, MAM/RJ,MAM/SP, MASP, Pao dasArtes e Piacoteca doEstado de So Paulo.

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    MEDIAO PARA A AUTONOMIA?

    desejos e projetos que o somete ela prpria, mas que tambm muitos artistas eistituies tm para essas pessoas, supodo que elas sejam beecirias dessesdesejos e projetos, sem cosiderar, portato, uma evetual inconciliao entre uma

    parte e outra, que muitas vees maifesta uma real iterao etre arte e pblico;optando nesses casos por sustentar, de maneira mais ou menos advertida, a fantasia

    de uma recociliao uiversal. Assim, o que dier se um desses projetos que se querpara o pblico for a autoomia? possvel querer a autoomia do pblico se opblico, por qualquer motivo, o a quiser?

    A perguta, este poto, pode parecer retrica (aal, quem o ir querer sua prpriaautoomia?), mas talve os sirva para itroduir um paradoxo que, a meu ver, amediao deve efretar: ela deve questioar o discurso da formao do pblico,quado isso sigica e por que isso tem sigicado o empreitameto da expericia dopblico, ou aida, quado isso sigica, mais simplesmete, estratgias para agariar

    pblico, em resposta s demadas istitucioais, que, com frequcia, esto maisiteressadas a visibilidade de suas prprias aes; mas deve tambm trabalhar pelaformao do pblico, o setido de se questioar e subverter a distribuio desigualde saberes e oportuidades, tato em relao expericia das artes, quato emrelao ao complexo ecomico-cultural que, em suas mltiplas articulaes, as produequato valores ou istrumetos de certas alidades, muitas vees, alheias aos reaisinteresses da mediao.

    Mas quais seriam (ou deveriam ser) os reais interesses da mediao? no se trataaqui de lhe prescrever obrigaes, embora o se deva evitar uma perspectiva

    que ultrapasse as sigularidades de ossa costituio pessoal, de modo a serpublicamete defesvel. (Castoriadis, 1982, p. 121) Aal, fala-se muito que o papeldo mediador ampliar repertrios, promover deslocametos, recohecedo aomesmo tempo uma postura ativa do pblico, mas pouco se fala do que foi ampliadoou deslocado; o que muitas vees perde de vista a viculao dessas propostas aproblemticas cocretas, sem o que podem redudar em mero volutarismo, em umsimples cardpio de boas prticas.

    Uma perguta, por meio da qual tais iteresses podem ser discutidos, ou mesmoevideciados, levatada por Grat Kester (2009), a respeito da permeabilidadecrescete etre a produo artstica cotemporea e outras prticas culturais: Qual

    a relao etre a ao local em situaes cocretas e o cotexto poltico mais amplo?(p. 33, traduo miha) Para Kester, mudaas polticas locais solicitam processosimpuros de egociao (ou de mediao), cuja autonomia no receia preventivamenteser cooptada, caracteriado-se tato por mometos de correspodcia ao poderhegemico quato de difereciao; tato de simetria quato de resistcia. Dessemodo, o autor precoia uma ao que se articule a projetos de trasformao social,mas sem ivelar a topograa coceitual e afetiva de lugares cocretos, iteressado-sepela formao de foras opositoras especcas.

    possvelquerer a

    autonomiado pblico

    se o pblico,por qualquermotivo, no a

    quiser?

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    MEDIAO PARA A AUTONOMIA?

    Mas sua resposta deve, ela prpria, ser percebidaum cotexto mais amplo. O poto que, se aautoomia esteve o mago dos objetivos e dos

    camihos dos projetos revoluciorios dos sculosXVIII e XIX, sigicado a aturea autodetermiatedos poderes e capacidades humaas, ou aida,o al dos aos de 1960, o desejo de liberaoilimitada da criatividade humaa, cotra asdetermiaes sociais de carter autoritrioou quaisquer poderes exteros burocrticos eopressivos; a partir de meados dos aos 1970,a autoomia passa a compor a prpria forma deorgaiao do processo de produo capitalista,sigicado livre iiciativa, exibilidade, autogesto,realiao pessoal etc., todas elas absorvidas poruma ova modalidade de faer lucro. assim que,coforme Boltaski e Chiapello (2009), Por umaiverso poltica, as garatias foram de algum modotrocadas pela autoomia. (p. 225)

    Por certo, trata-se de autoomias que precisam serdifereciadas uma da outra. Essa autoomia (que,aquele mometo, toma o lugar das reividicaespor garatias trabalhistas) represeta vatagesidividualiadas, que efatiam provas dedesempeho igualmete idividuais. Com isso, opatroato pde se desoerar dos gastos que vihatedo com a superviso do trabalho (em fuoda desorgaiao da produo por imerasformas de resistcia), uma ve que o cotrole (porparte dos supervisores) podia ser substitudo peloautocotrole (por parte dos trabalhadores). Mais doque isso, as empresas passaram a gerir o social,ecarregado-se das prprias aspiraes dosassalariados, desbacado a represetatividade

    dos sidicatos. este poto que as coquistasda crtica ao capitalismo coicidem com seudesarmameto, quado o parece haver maisdistcia etre a velha votade de liberdade e asovas disciplias produtivas.2 Atento a esse novoesprito, Slavoj ziek (2011) etede que Dessamaeira, o capitalismo foi trasformado e legitimadocomo projeto igualitrio. (p. 53) 2. Cf. Boltaski & Chiapello,

    2009, pp. 195-238.

    Arquivo Educativo Oi Futu

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    MEDIAO PARA A AUTONOMIA?

    Eto, que autoomia a mediao quer para o pblico (lembrado que autoomiasigica liberdade, mas tambm resposabilidade de escolha)? Coforme quaisexpectativas ela ir querer esta ou aquela autoomia (sem que se trate apeas

    de querer para ter esta ou aquela autoomia)? Aal, ao propugar, sem outrosesclarecimetos, uma mediao para a autoomia, o estaramos simplesmetemaifestado uma votade de os assegurarmos uma verdade qualquer da mediao?

    Dessa forma, parece-me que a mediao redu de duas maeiras sua prpriaautoomia (e que isso acotea, justamete, o os ajudaria a deslidar aqueleparadoxo), ao eteder que somete (ou que pricipalmete) as pessoas so o suportede suas aes:

    quado ela desaparece com o pblico o setido de espao, ideia,acotecimeto, heterogeeidade radical, mudo por vir (e essas so, de

    fato, dimeses do que pode ser um pblico)3

    , faedo com que aquelaspessoas, o limite, o se difereciem de meros cosumidores, de umpblico-alvo a ser coquistado;

    quado igora que ela poderia tomar outros pblicos como suporte desuas aes: a istituio, as cocepes de arte, as polticas culturais, oimagirio social, o processo histrico-cultural; isto , quado igora queela prpria poderia tomar cada uma dessas istcias ou processos comoo que pode ser trasformado, agora sim, com os pblicos, com as pessoas,de modo que um pblicoseja o mudo de aes da mediao.

    por isso que, a meu ver, deveramos discutir uma mediao para a autoomiada prpria mediao. Iclusive para que ela o passe pelo costragimeto derecomedar alguma coisa que ela prpria o exerce. claro que essa autoomiao poderia ser desejada somete para a mediao. Mas quem deseja a autoomiadeve desej-la para si mesmo, sem que haja isso simples egosmo. Acotece que amediao tem trabalhado, pricipalmete, para iteresses que o so os seus (ou queo deveriam ecessariamete ser os seus), e sim dos curadores, dos patrociadores,ou mesmo dos pblicos; como istcia de reproduo e de difuso, istrumetode marketig ou como prestadora de servios. Isso sigica que ela tem igoradoo saber especcoque vai sedo costrudo pelos mediadores (e somete por eles),

    durate o tempo vivo das exposies ou istituies (quado se o toma como tempovivo), igorado tudo isso que propicia um campo no inteiramente novo de pesquisae atuao: o cruameto e a cofrotao etre diferetes bases iterpretativas ousistemas de valores, as froteiras etre arte, cultura e sociedade.

    claro que assumir tal saber especco lhe exigiria outro posicioameto, o que direspeito o somete tarefa de produi-lo, mas tambm de admiistr-lo, ou melhor,de autogeri-lo. Mas possvel propor essa dobra (uma mediao para a autoomia damediao) o s porque, equato modalidade de pesameto (e com isto se discute

    quem desejaa autonomia

    deve desej-lapara si mesmo,

    sem que hajanisso simples

    egosmo.

    3. Essas possibilidadesso diferentemente

    apresentadas e discutidaspor imeras autorese textos, detre eles:

    Ribalta, 2005; Sheikh,2009; Warer, 2005.

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    o setido deste pricpio), a autoomia reexiva, um pesameto sobre si mesmoe, mais do que isso, por si mesmo, sem recurso a regras e leis dispoveis, emboratomado parte a formao dessas regras e leis, equato valores coletivos (e issohaveria uma esttica); mas tambm porque, equato modalidade de ao, de prxis

    (isto , de um faer cosciete, sempre em relao com um saber, mas que o repousaem uma certea absoluta e deitiva, em a aplicao desse saber fragmetrioe provisrio, faedo surgir outros saberes), ela o pode ser exatamete prescritaa outros (o setido de que igum fuda a autoomia de outros), muito meosapotada como um destio a ser alcaado (como se para a autoomia sugerisseum camiho a ser percorrido); o que o sigica que se deva esperar pela realiao(milearista) da autoomia do outro. De fato, a autoomia em mesmo pode serrepresetada (como se ela fosse um bem ialievel, ou uma idetidade estabelecida).Mas uma autoomia pode ser elaborada, pode ser performada aqui e agora, em meio sprprias codies que lhe so adversas, e eto suscitada, emulada em outros, como

    poltica da autonomia, tomado-se o exerccio da prpria autoomia como o comeo daautoomia do outro e vice-versa (e isso haveria uma tica).4

    Essa autoomia esttica e tica, portato, o correspode a uma liberdade abstrata,que elimiaria o discurso do outro em mim, seja esse discurso costitudo por forasobscuras icoscietes, pelas expectativas de meus pais, de meus empregadores oucotratates, em de quaisquer grupos sociais com os quais me relacioo, alcaadoassim o cleo do meu ser; mas que, desse modo, por exteso, elimiaria o outroequato alteridade, isto , equato fuo imagiria ou simblica do icosciete, 4. Cf. Castoriadis,1982, pp. 89-137.

    Arquivo Educativo Oi Futu

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    ou como aquilo que, por ser liguagem ou corporalidade, costitui meu prpriopertecimeto ao mudo e histria. Isso porque tal liberdade ctcia, exatametepor isso, termiaria matedo aquilo de que ela quer se livrar: o outro equatoheteronomia, equato presea em mim daquilo que me coage, deido meudesejo e miha percepo da realidade. Ao buscar uma pura atividade, essaliberdade, por meio dessa mesma busca, posicioa uma passividade insolvel,como aquilo que a cerca por todos os lados, torado-se icapa de recohecer adimeso poltica da autoomia.

    Amrico Vermelho

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    porque, em ltima istcia, o outro o pode ser completamete elimiado (iclusiveporque esse copertecimeto etre mim e outro que reside a itecioalidadecriadora) que a autoomia um problema e uma relao social, cabedo-lhe istaurar,a cada ve, outra relao etre meu discurso e o discurso do outro, por meio da qualesse discurso levado a existir e se expressar em mim; uma relao que me fa,almete, participar daquilo que me ultrapassa e o me pertece. porque essaautoomia o se cofude com a elimiao do discurso do outro (cosistido,ates, a sua elaborao o e pelo sujeito) que seu exerccio o se redu ao silcio

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    idividual, em maipulao do outro, e que desej-la para si o possvel semdesej-la para todos; o que cogura um trabalho coletivo mais ou meos aimo.Segudo Castoriadis (1982), que cocebe a autoomia o como um projeto qualquer,

    mas como o modo de ser do homem, o meio disso tudo, Um sujeito automo aqueleque sabe ter boas raes para cocluir: isso bem verdadeiro, e (mais do que isso): isso bem meu desejo. (p. 126)

    preciso otar aida que a heteroomia o aparece simplesmete como discursodo outro, maifestado-se, em ve disso, equato circustcias impessoais(ou sociais) de limitao, privao e opresso, que toram a autoomia idividualpraticamete ioperate. Do poto de vista da mediao ou dos mediadores,elas podem ser: codies de trabalho evetualmete precrias ou cotrataestemporrias; o privilgio dos meros, da imagem, do valor de marca, ou mesmo dasatisfao subjetiva, equato critrios de avaliao do trabalho; a lgica corporativa

    de aciameto produo cultural; a cetraliao admiistrativa travestida dedemocracia; a falta de recursos do sistema pblico de educao; o efraquecimeto dasociedade civil e das maifestaes coletivas diate dos mecaismos automatiadosdo mercado; o desevolvimeto ecomico como imperativo social etc. H tambm,sustentando de certo modo tudo isso, circunstncias pessoais no necessariamente

    idividuais: o medo da liberdade, a ecessidade de seguraa, a votade de poder, aocultao de ossa codio trgica. (Castoriadis, 1999, p. 63)

    Como se v, a autoomia sempre se joga uma situao, atravessada decodicioametos histricos e sociais; ela o uma tomada de coscicia deuma ve por todas, em se tora, em qualquer mometo, uma causa gaha ou umdireito adquirido. Mas sua possibilidade, sua capacidade de fudar a si mesma,istaurado aberturas, deve ser recohecida desde sempre. E esse recohecimetodeve ser praticado. Para tato, mais do que empreitar, preciso estar espreita, eeto apahar o acotecimeto da autoomia, a emergcia de um pblico, pelosquais se trabalha (etededo-se apahar como represetar o que desaparece, deixarexemplos sem preteder discpulos); o que solicita tato disposies itelectuais quatocorporais. da resposabilidade da mediao que se quer automa, portato, darmostras de que ela pratica tal recohecimeto, como um faer que visa o outro ou osoutros como seres automos (Castoriadis, 1982, p. 129, ota 34); etededo-se porseres automos a comuidade dos que vivem sob ormas que eles prprios se do,

    sob ormas ligadas a cotedos efetivamete vitais.

    ela no umatomada de

    conscinciade uma vezpor todas,

    nem se torna,em qualquer

    momento, umacausa ganha

    ou um direitoadquirido.

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    MEDIAO PARA A AUTONOMIA?

    ARAnHA, Carme S. G. & KAnTOn, Katia (coords.). Espaos da mediao. So Paulo: PGEHA/Museu de Arte Cotemporea da USP, 2011.

    BOLTAnSKI, Luc & CHIAPELLO, ve. O ovo esprito do capitalismo; traduo de Ivoe C.Beedetti; reviso tcica de Braslio Sallum Jr. So Paulo: WMF Martis Fotes, 2009.

    CASTORIADIS, Corelius. A istituio imagiria da sociedade (1975); traduo de GuyReyaud. 5. ed. Rio de Jaeiro: Pa e Terra, 1982.

    ___. Feito e a ser feito: as ecruilhadas do labirito V; traduo de Llia do Valle. Rio deJaeiro: DP&A, 1999.

    KESTER, Grat. Re-pesado la autooma: la prctica artstica colaborativa y la polticadel desarrollo. I: COLLADOS, Atoio & RODRIGO, Javier (eds.). Trasductores: pedagogascolectivas y polticas espaciales. Graada: Cetro Jos Guerrero, 2009, pp. 30-42.

    RIBALTA, Jorge. Cotrapblicos. Mediaci y costrucci de pblicos. I: Revista Ramoa,. 55. Bueos Aires, octubre de 2005, pp. 24-38. Dispoible e

    SHEIKH, Simo. Sobre a produo de pblicos ou arte e poltica em um mudo fragmetado.I: CAMInTzER, Luis & PREz-BARREIRO, Gabriel (orgs.). Educao para a arte/ Arte para aeducao. Porto Alegre: Fudao Bieal do Mercosul, 2009, pp. 74-88.

    WARnER, Michael. Publics ad couterpublics. new York: zoe Books, 2005.zIzEK, Slavoj. Primeiro como tragdia, depois como farsa; traduo de Maria Beatri deMedia. So Paulo: Boitempo, 2011.

    Referncias bibliogrcas

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    MUSEU DO FUTEBOLDivulgao/Museu do Futebol

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    apresentao

    Projeto

    DeficienteResidenteuma experinciade Incluso noMuseu do Futebol

    Ial Cardosoamaury cista britoclara de assuno azevedo

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    apresentao

    Coordeadora do ncleo de Ao

    Educativa do Museu do Futebol.Educadora com expericia emeducao o formal, trabalhado emIstituies Culturais e Museus desde1998. Professora de Artes atuadoem escolas especialiadas a reada decicia itelectual paracriaas, joves e adultos. Bacharelem Artes Plsticas, Faculdade SataMarcelia, So Paulo.

    Ial Cardoso

    Colaboraram:

    AMAURY COSTA BRITOLiceciado em Artes Visuais peloCetro Uiversitrio Belas Artes deSo Paulo, Mestre pelo ProgramaIteruidades em Esttica eHistria da Arte da Uiversidadede So Paulo e Assistete decoordeao do Educativo doMuseu do Futebol.

    CLARA DE ASSUnO AzEVEDOBacharel em Cicias Sociaispela Uiversidade de So Paulo(USP-SP), Mestre em AtropologiaSocial pela mesma uiversidade eDiretora de Cotedo do Museu doFutebol.

    Divulgao/Museu do Futebol/ VJ Spetto

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    MUSEU DO FUTEBOL

    o projeto educativo Deficiete Residete uma expericia pioeira do

    Museu do Futebol que tem como foco atuar a rea comportametal de modoa trasformar e qualificar o atedimeto oferecido pela equipe. Cosiste aresidcia plaejada de pessoas com deficicia detro do Museu durate umperodo determiado. A cada ao so covidadas duas pessoas com diferetesdeficicias para coviver por algus meses com a ossa equipe. O projeto partedo pricpio de que, para o Museu ser acessvel ao pblico com deficicia, ecessrio faer um projeto com e o para a pessoa com deficicia. Oobjetivo promover a covivcia da equipe com as diversas deficicias eecessidades do pblico, aprimorado o atedimeto e os recursos acessveisdispoveis. O projeto possibilita desbravar uiversos subjetivos diferetesdaqueles que cohecemos, eriquecedo as percepes e o cohecimeto quetemos us dos outros. O processo de iterao proporcioado por essa expericiavem cotribuido para quebrar paradigmas, trasformado o olhar, a atitude e ametalidade de todos os evolvidos.

    O projeto educativo Deciete Residete, iiciado em 2010, asceu de umaecessidade, experimetada pela equipe, de torar familiares uiversos a pricpiodistates e descohecidos.

    Deve-se ter em mete que o Museu do Futebol, iaugurado em s de 2008, teveo privilgio de ser cocebido levado em cosiderao a acessibilidade1, tanto noque se refere circulao e usos fsicos da edicao quato o que se refere

    fruio dos cotedos de sua exposio de loga durao2. Isso de sada coferiuuma vatagem ao atedimeto, mas tambm amplicou algus temores da equipe:estvamos em um equipameto dos mais acessveis do pas, com diversos recursoscocebidos para facilitar a trasposio de liguages, porm sabamos que o bomuso de todos os recursos depedia fuda