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    IX Frum Ambiental da Alta Paulista, v. 9, n. 11, 2013, pp. 293-308

    EFICINCIA DE UM FILTRO DE MANGAS NO TRATAMENTODE GASES ORIUNDOS DE CALDEIRA DE QUEIMA DE

    BIOMASSA SLIDA

    Marcelo Garcia Barbosa 1

    Celso Luiz da Silva 2

    RESUMO:Atualmente a implantao de qualquer planta industrial que possa gerar impacto ambiental, ou

    at mesmo adequao de equipamentos j instalados para a no gerao de poluentes ou gerao dentro

    de limites adequados, passa cada vez mais por fiscalizao rigorosa dos rgos ambientais. A ventilao

    industrial tem sido e continua sendo a principal medida de controle efetiva para ambientes de trabalho que

    contenham disperso de efluentes gasosos e material particulado de natureza prejudiciais, e baseado neste

    fato de relevncia inegvel que se fundamenta este estudo. Um sistema de tratamento de gases com

    enfoque em ventilao local exaustora engloba vrios equipamentos, e dentre eles o filtro de mangas

    considerado um dos principais, pois sua funo a de efetuar a filtrao dos gases proporcionando

    emisses dentro das tolerncias dos rgos ambientais, refletindo desta forma o objeto principal deste

    estudo de caso, a eficincia do equipamento. Especificamente neste estudo apresentam-se dados de

    eficincia do filtro de mangas em questo, componente de um sistema de desempoeiramento de uma

    caldeira de queima de resduos slidos. Foram utilizados dados coletados em campo em dois pontos do

    circuito do sistema, entrada do filtro de mangas e descarga de gases limpos, alm de anlise do elemento

    filtrante. As coletas e anlises foram realizadas de acordo com as normas para a correta aferio dos dados

    gerados. Os resultados permitiram observar patamares de eficincia de filtrao para os resduos gerados

    na queima, demonstrando os cuidados a serem tomados no dimensionamento do equipamento para esta

    aplicao.

    Palavras- chave: filtro de mangas. Tratamento de gases. Eficincia.

    _______________1Engenheiro Mecnico, Unesp - Universidade Estadual Paulista - Cmpus de [email protected], Unesp - Universidade Estadual Paulista - Cmpus de Bauru. [email protected].

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    1. INTRODUO

    Com o advento de normas e restries cada vez mais rgidas por parte dos rgos

    ambientais, em virtude da crescente preocupao com as modificaes climticas

    recentes geradas pela contnua descarga de emisses poluentes na atmosfera, torna-se

    essencial a implantao de equipamentos que amortizem ou eliminem esses resduos.

    Para este estudo, foi implantado um sistema de tratamento de gases ps-caldeira de

    queima de resduos slidos (bagao de cana), onde durante o perodo de testes foi

    observado uma srie de fatores e dados que sero explanados mais adiante. O principal

    objetivo deste experimento foi verificar a possibilidade de implantao de um sistema de

    desempoeiramento a seco para caldeira de queima de biomassa, visto que para esta

    aplicao especfica um sistema de desempoeiramento mido o mais usual. Ao se

    verificar esta possibilidade visava-se obter vantagens econmicas e tcnicas, tais como:

    - reduo de custos,

    - atender futuras exigncias dos rgos ambientais com tendncia a serem cada

    vez mais restritas,- aumento de eficincia de filtragem de particulados,

    - eliminao de efluentes secundrios.

    Tendo a eficincia de filtragem como tema deste trabalho, o principal componente

    deste experimento torna-se ento o filtro de mangas, agente responsvel pela alta

    eficincia de filtragem alcanada em sistemas a seco de filtrao. Os dados do filtro

    utilizado esto dispostos a seguir na tabela 1.

    Tabela 1. Dados do filtro de mangas Dinaflux 8x7-30

    Modelo Dinaflux 8x7-30

    Vazo 5.000 m /hTemperatura 230o C

    Dimensional das Mangas 160 x 3.000 mmNmero de Mangas 56

    Velocidade de Filtragemrea Filtrante

    58,4 m3/m2.h85,61 m2

    Velocidade de Ascenso 0,54 m/sTecido das Mangas Goretex (W. L. GORE)

    Tecido de fibra de vidro com membrana expandida dePTFE (Teflon)

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    A implantao do projeto piloto em questo foi realizada desviando-se somente

    parte do fluxo dos gases da caldeira, tendo em vista o carter experimental do sistema de

    tratamento de gases. Este desvio de fluxo foi implementado instalando-se um duto

    adjacente ao duto de sada de gases do processo.

    Na figura 1 apresenta-se a imagem da instalao piloto, com a respectiva

    disposio dos equipamentos utilizados em uma montagem tpica para sistemas de

    tratamento de gases por via seca.

    Figura 1. Instalao piloto tpica de tratamento de gases

    2. MATERIAIS E MTODOS

    Adotou-se para este experimento uma tpica instalao de sistema de

    desempoeiramento e tratamento de gases via seca como relatado. Os gases advindos do

    processo (caldeira de queima de biomassa) so transportados atravs de duto em ao

    carbono, que interliga a caldeira ao precipitador do tipo ciclone instalado anteriormente ao

    coletor do tipo filtro de mangas. No duto de interligao entre o precipitador e o coletor

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    utilizou-se uma vlvula controladora de fluxo do tipo damper borboleta, com acionamento

    por atuador eletrnico motorizado com posicionador, equipamento responsvel pela

    proteo do filtro de mangas em caso de excessiva temperatura dos gases, atuando de

    forma a permitir a entrada de ar ambiente (30C) no circuito do duto de transporte de

    gases, o que resulta em uma mistura com os gases do processo de temperatura inferior a

    dos gases provenientes da caldeira. Conduzidos at o filtro de mangas, que Loffler, F.;

    Dietrich, H.W. (1988), mostra ser utilizado para remoo de particulado slido dos gases

    do processo, os gases so filtrados e com quantidade de poluentes reduzidos so

    encaminhados atravs de dutos pelo uso de ventilador centrfugo para a chamin do

    sistema. O filtro de mangas utilizado do tipo jato pu lsante on-line que trabalha com

    presso negativa. A figura 2 ilustra um fluxograma do sistema descrito.

    Figura 2. Fluxograma do sistema de tratamento de gases

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    Todo o sistema foi monitorado por instrumentao, que inclui sensores termoparT.1 e T.2 (item 16 da figura 2) e filtro de mangas que contava com transmissor de presso

    diferencial. O controle do sistema foi efetuado via controlador lgico programvel (C.L.P.),

    onde foi realizada a coleta de dados para os parmetros citados durante todo o perodo

    de funcionamento.

    O sistema de tratamento de gases foi operado todo o tempo de forma usual para

    sistemas a seco, sendo seus parmetros base de funcionamento inseridos no C.L.P. O

    sistema de limpeza jato pulsante, alimentado por linha de ar comprimido com presso de6 bar, que American Conference of Governmental Industrial Hygienists Committee on

    Industrial Ventilation (2001) mostra ser valor usual para este tipo de sistema de limpeza

    (5,52 bar a 6,89 bar), era iniciado levando-se em conta o aumento excessivo da queda de

    presso atravs do filtro de mangas. O isolamento trmico dos dutos de transporte de

    gases para evitar queda de temperatura do fluxo e possvel condensao foi realizado. O

    advento do precipitador instalado anteriormente ao coletor deu-se devido necessidade

    de proteo dos elementos filtrantes contra eventuais fagulhas incandescentesprovenientes da caldeira, pois uma nica fagulha junto ao material coletado acumulado

    suficiente para incio de combusto do material. A operao do sistema de tratamento de

    gases iniciou-se em maio de 2008, sendo que todos os percalos de ajustes do

    equipamento foram sanados antes do perodo efetivo de testes, e em maio de 2010 o

    sistema passou a trabalhar em regime contnuo. Aps aproximadamente dois meses em

    funcionamento, perodo utilizado para alcanar o nvel de saturao suficiente dos

    elementos filtrantes de acordo com Mesquita, A.L.S.; Guimares, F.A.; Nefussi, N. (1977),

    que mostra que para filtros de tecidos sem utilizao (eficincia de coleta da ordem de

    60%) a eficincia de coleta aumenta para valores acima de 90% to logo material

    particulado seja depositado, os dados de presso e temperatura passaram a ser

    coletados considerando a situao ideal de filtrao.

    De forma a complementar os dados de presso e temperatura coletados, a retirada

    de elemento filtrante para anlise foi realizada ao final do perodo de testes (cinco meses

    de operao). Na tabela 2 podem ser encontradas maiores informaes a respeito dos

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    mtodos utilizados na anlise do elemento filtrante, cujo prprio fabricante foi o agente

    realizador dos testes.

    Tabela 2. Mtodo de anlise do elemento filtrante (manga)

    Mtodo de Coleta da Manga Filtrante -Coleta aleatria no Filtro Dinaflux 8x7-30

    Caractersticas da Manga

    -Tecido de fibra de vidro com gramatura de 750 g/m2emembrana expandida de PTFE com fixao por anel deao mola

    Anlises Realizadas

    -Gramatura-Permeabilidade-Resistncia a trao-Alongamento-Anlise visual

    Tambm foram efetuadas medies de efluentes no duto de entrada do filtro de

    mangas e na descarga de ar limpo deste ao final do perodo de testes. A coleta dos gases

    utilizados para anlise dos efluentes foi feita com sistema para amostragens isocinticas,

    tendo o gasmetro seco, placa de orifcio e tubo de pitot calibrados, e foram realizadas de

    forma simultnea na entrada e sada do filtro de mangas para que pudessem gerarcomparaes plausveis com os dados obtidos. As anlises assim como as coletas foram

    realizadas por empresa especializada e credenciada. Na tabela 3 encontra-se maiores

    informaes sobre a coleta realizada.

    Tabela 3. Mtodo de medies de efluentes

    Local de Coleta-Duto de Entrada do Filtro de Mangas (Gases comParticulado)

    -Duto de Descarga do Filtro de Mangas (Gases Limpos)Anlises Realizadas

    -Emisso de Material Particulado-Emisso de xidos de Nitrognio

    Metodologia Aplicada

    -Material Particulado: pesagem do material retido nofiltro, sonda e ciclone-xidos de Nitrognio: mtodo colorimtrico, utilizandoespectrofotmetro UV-Gases de Emisso: coletas efetuadas nos sacos de tedlar.Os teores de Oxignio, Dixido de Carbono e Nitrognionos gases foram obtidos por meio de dosagemvolumtrica pela tcnica de Orsat.

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    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    Tanto a anlise dos gases quanto do elemento filtrante, juntamente ao

    acompanhamento dos dados de temperatura e presso realizado junto ao C.L.P. do

    sistema de tratamento de gases, permite que se chegue a uma srie de concluses e

    ponderaes sobre a performance alcanada pelo filtro de mangas. Por ter a funo de

    ser o coletor principal do sistema, os cuidados e observaes a serem efetuadas nodimensionamento do filtro de mangas abrangem variados aspectos. Consideraes a

    respeito de carga de p, temperatura, umidade, velocidade de ascenso dos gases na

    cmara suja e velocidade de filtragem dos gases devem ser corretamente ponderadas.

    Um dos principais pontos a serem observados a determinao da velocidade de

    filtragem adequada, que Saleem, M.; Krammera, G. (2007) mostra ter grande influncia

    na queda de presso atravs do equipamento e formao da camada de p externa ao

    elemento filtrante (cake).O enfoque evidenciado neste trabalho sobre o coletor justifica-se pelo fato de o

    processo gerador dos gases ser comumente desempoeirado via mida, possuindo a

    composio dos gases oriundos da caldeira alta umidade e altssima gerao de fagulhas

    incandescentes, fatores extremamente prejudiciais em filtraes via seca com elementos

    filtrantes em tecido. Um dos principais fatores para que se possa atestar a possibilidade

    de utilizao deste tipo de equipamento no tratamento de gases deste processo, so os

    valores de queda de presso alcanados durante a operao em regime normal contnuo.

    Os valores de temperatura e presso coletados durante o perodo de testes no sistema

    esto na figura 3, onde T1 a temperatura na captao dos gases, T2 a temperatura na

    entrada do filtro e P a queda de presso atravs do equipamento (valores mdios do

    dia de coleta).

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    020406080

    100120140160180

    29/07/20

    10

    12/08/20

    10

    26/08/20

    10

    09/09/20

    10

    23/09/20

    10

    07/10/20

    10

    21/10/20

    10

    04/11/20

    10

    T1 (C)

    T2 (C)

    P (mmCA)

    Figura 3. Dados coletados de presso e temperatura ao longo do experimento

    Observa-se na figura 3 que os valores de temperatura monitorados no

    apresentaram picos suficientes para que houvesse o acionamento da vlvula de controle

    de fluxo para entrada de ar de diluio (ar ambiente) no fluxo de gases do circuito, visto

    que a temperatura mxima de projeto permitida no filtro de mangas era de 230C. Os

    valores de presso monitorados foram mantidos, de acordo com a figura 3, sempre abaixo

    de 90 mmCA, demonstrando uma das caractersticas principais dos coletores desta

    categoria, em acordo com alguns trabalhos (Mesquita, A.L.S.; Guimares, F.A.; Nefussi,

    N, 1977; American Conference of Governmental Industrial Hygienists Committee on

    Industrial Ventilation 2001,) que mostram ser uma queda de presso no excessiva no

    equipamento esta caracterstica. Estes valores de queda de presso viabilizam ento a

    possibilidade de uma instalao com menor potncia instalada, pois a perda de carga final

    do circuito (dutos, ciclone, filtro de mangas, duto de descarga) a ser suprida pelo

    ventilador centrfugo ser tambm menor. Pode-se concluir ento diante destes dados de

    queda de presso coletados, que os valores de velocidade de ascenso dos gases na

    cmara suja e velocidade de filtragem considerados so ento adequados para a

    aplicao em estudo, pois geraram em conjunto condies suficientes para o correto

    funcionamento do equipamento em detrimento logicamente da carga de p a ser filtrada.

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    Visto e analisado o funcionamento do filtro de mangas por este mbito,

    conveniente e necessrio que se verifique a eficincia alcanada, fator preponderante

    para o objetivo final de um equipamento de tratamento de gases, tendo como base o

    correto funcionamento demonstrado. Para filtros de tecidos, que American Conference of

    Governmental Industrial Hygienists Committee on Industrial Ventilation , (2001), mostra

    ter eficincia de mais de 99% para material particulado, uma das principais caractersticas

    justamente os valores baixssimos de emisso alcanados na sada do equipamento

    diante das crescentes requisies dos rgos ambientais. Nas tabelas 4 e 5 esto

    dispostos os valores encontrados na coleta na entrada do filtro de mangas.

    Tabela 4. Emisso de material particulado na entrada do filtro de mangas

    Parmetro Amostragem

    1

    Amostragem

    2

    Mdia

    Concentrao Condies Normais Base Seca (mg/Nm3) 6.781 2.242 4.511

    Concentrao Corrigida a 7% O2(mg/Nm3) 10.432 3.375 6.904

    Concentrao Corrigida a 8% O2(mg/Nm3

    ) 9.687 3.134 6.410Concentrao Corrigida a 11% O2(mg/Nm

    3) 7.452 2.410 4.931

    Concentrao nas Condies da Chamin (mg/m3) 3.431 1.137 2.284

    Taxa de Emisso (Kg/h) 21,63 7,15 14,39

    Vazo Gases Condies Normais Base Seca (Nm3/h) 3.190 3.189 3.190

    Vazo Gases nas Condies da Chamin (m3/h) 6.304 6.289 6.297

    Temperatura dos Gases (C) 176 174 175

    Isocinticas Mdia (%) 100 97,5 98,8

    Velocidade Mdia dos Gases (m/s) 26,5 26,5 26,5

    Umidade dos Gases (%) 13,2 13,4 13,3

    Teor de Dixido de Carbono (%) 5,1 5,3 5,2

    Teor de Oxignio (%) 11,9 11,7 11,8

    Teor de Nitrognio (%) 83 83 83

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    Tabela 5. Emisso de xidos de nitrognio na entrada do filtro de mangas

    Amostragem Concentrao

    Condies

    Normais Base

    Seca

    (mg/Nm3)

    Concentrao

    Corrigida O2

    (mg/Nm3)

    Vazo do Gs

    nas

    Condies

    Base Seca

    (Nm3/h)

    Taxa de

    Emisso

    (kg/h)

    7% 8% 11%

    1 204,4 314,5 292,1 224,7 3.190 0,652

    2 237,7 365,6 339,5 261,2 3.190 0,758

    3 191,1 293,9 272,9 209,9 3.190 0,609

    4 268,9 413,8 376 289,2 3.190 0,858

    Nas tabelas 6 e 7 encontram-se os dados coletados na sada do equipamento.

    Tabela 6. Emisso de material particulado na sada do filtro de mangas

    Parmetro Amostragem

    1

    Amostragem

    2

    Mdia

    Concentrao Condies Normais Base Seca (mg/Nm3) 21,94 10,98 16,46

    Concentrao Corrigida a 7% O2(mg/Nm3) 46,54 26,50 36,52

    Concentrao Corrigida a 8% O2(mg/Nm3) 43,22 24,61 33,91

    Concentrao Corrigida a 11% O2(mg/Nm3) 33,24 18,93 26,09

    Concentrao nas Condies da Chamin (mg/m3) 14,10 7,20 10,65

    Taxa de Emisso (Kg/h) 0,077 0,039 0,058

    Vazo Gases Condies Normais Base Seca (Nm3/h) 3.519 3.555 3.537

    Vazo Gases nas Condies da Chamin (m3/h) 5.471 5.448 5.460

    Temperatura dos Gases (C) 101 102 101

    Isocinticas Mdia (%) 98,6 98,9 98,7

    Velocidade Mdia dos Gases (m/s) 16,74 16,67 16,71

    Umidade dos Gases (%) 6,54 4,89 5,72

    Teor de Dixido de Carbono (%) 3,20 2,7 2,95

    Teor de Oxignio (%) 14,4 15,2 14,8

    Teor de Nitrognio (%) 82,4 82,1 82,3

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    Tabela 7. Emisso de xidos de nitrognio na sada do filtro de mangas

    Amostragem Concentrao

    Condies

    Normais Base

    Seca

    (mg/Nm3)

    Concentrao

    Corrigida O2

    (mg/Nm3)

    Vazo do Gs

    nas

    Condies

    Base Seca

    (Nm3/h)

    Taxa de

    Emisso

    (kg/h)

    7% 8% 11%

    1 86,8 184,1 171 131,5 3.519 0,305

    2 123,8 262,5 243,8 187,5 3.519 0,436

    3 102,9 218,3 202,8 156 3.519 0,362

    4 107,3 227,6 240,5 185 3.519 0,378

    Para todas as consideraes das amostragens nas tabelas 4, 5, 6 e 7 os valores

    calculados so baseados em condies normais na base seca, os quais por no sofrerem

    correes fundamentadas em altitude local, densidade dos gases e porcentagem de O 2

    presente devido ao excesso injetado para combusto dos resduos na caldeira,

    proporcionam maior preciso no clculo da eficincia do filtro, sendo o clculo da taxa deemisso (kg/h) orientado por esses valores. Observa-se tambm nos dados apresentados

    que com a queda da temperatura ocorre uma correspondente queda da porcentagem de

    umidade presente nos gases com a condensao de parte do vapor d gua, o que

    demonstra situao j citada neste trabalho sobre a importncia do isolamento trmico, de

    forma que o ponto de orvalho no seja atingido durante o circuito, e principalmente no

    filtro de mangas. Esta situao traria como consequncia a presena de gua no estado

    lquido no tecido das mangas em quantidades acima do suportado, saturando o elementofiltrante e dificultando a passagem dos gases, resultando finalmente em uma maior queda

    de presso no equipamento.

    Com base nos nmeros encontrados de emisso tanto para material particulado

    quanto para xidos de nitrognio possvel estimar os valores de eficincia alcanados

    pelo filtro de mangas durante a operao. Nas tabelas 8 e 9 so apresentados os

    resultados obtidos.

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    Tabela 8. Eficincia filtro de mangas para material particulado

    Parmetro Amostragem 1 Amostragem 2 Mdia

    Taxa de Emisso (kg/h) - Entrada Filtro 21,63 7,15 14,39

    Taxa de Emisso (kg/h) - Sada Filtro 0,077 0,039 0,058

    Eficincia Filtro de Mangas (%) 99,64 99,45 99,55

    Tabela 9. Eficincia filtro de mangas para xidos de nitrognio

    Parmetro Amostragem

    1

    Amostragem

    2

    Amostragem

    3

    Amostragem

    4

    Mdia

    Taxa de Emisso (kg/h) -

    Entrada Filtro

    0,652 0,758 0,609 0,858 0,734

    Taxa de Emisso (kg/h) - Sada

    Filtro

    0,305 0,436 0,362 0,378 0,370

    Eficincia Filtro de Mangas (%) 53,16 42,56 40,57 56,00 48,28

    A tabela 8 mostra claramente que o filtro de mangas Dinaflux 8x7-30, objeto de

    estudo deste trabalho, alcanou a eficincia tpica para este tipo de coletor, demonstrando

    que os parmetros de dimensionamento utilizados foram adequados, resultando entreoutros fatores na formao da camada externa de p na manga (cake) suficiente para que

    se atingisse a eficincia almejada com a menor queda de presso possvel. Em outra

    frente pode-se observar na tabela 9 que a eficincia da filtragem para xidos de nitrognio

    muito menor, porm os requisitos de emisses para este componente tambm so

    muito menores.

    Atualmente a resoluo CONAMA n 382 de 26/12/2006 estabelece como limite de

    emisso para material particulado o valor de 200 mg/Nm

    3

    e como limite de emisso para

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    xidos de nitrognio o valor de 350 mg/Nm3, valores estes que no foram ultrapassados

    como pode ser visualizado nas tabelas 6 e 7.

    De forma a fornecer base de comparao entre as especificaes tcnicas do

    tecido e suas condies posteriores ao uso, a anlise do elemento filtrante foi realizada

    em dois estados, sendo o primeiro com o tecido nas condies anteriores ao ciclo de

    limpeza do sistema jato pulsante e o segundo com o tecido nas condies aps a atuao

    do sistema jato pulsante. O resultado das anlises dos elementos filtrantes encontra-se

    nas tabelas 10 e 11 a seguir.

    Tabela 10. Resultados das anlises dos elementos filtrantes (parte 1)

    Ensaios e Unidades de Medidas

    Especificao

    Tcnica

    Gramatura

    (g/m2)

    Espessura

    (mm)

    Permeabilidade

    (l/min.dm2 20

    mmCA)

    Resistncia

    Trao

    Longitudinal

    (daN)

    Resistncia

    Trao

    Transversal

    (daN)

    750 0,8 37 155 155

    Resultados dos Ensaios

    Manga - Suja 787 1,05 17,2 123 167

    Manga - Limpa 780 1,02 20,3 123 167

    Tabela 11. Resultados das anlises dos elementos filtrantes (parte 2)

    Ensaios e Unidades de Medidas

    Especificao

    Tcnica

    Alongamento

    Longitudinal (%)

    Alongamento Transversal

    (%)

    10 10

    Resultados dos Ensaios

    Manga - Suja 12 17

    Manga - Limpa 12 17

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    Atravs dos dados das tabelas 10 e 11 possvel atestar a formao da camada

    externa de p (cake) com espessuras entre 0,25 mm e 0,22 mm, que Saleem, M.;

    Krammera, G. (2007), mostra estar dentro dos padres normais para filtros de mangas.

    Verifica-se nos dados valores coerentes de gramatura em decorrncia da presena da

    membrana expandida de teflon (PTFE), que promove um menor acmulo de particulado

    depositado sobre a superfcie filtrante da amostra analisada devido facilidade de

    desprendimento do p. Ao analisar-se a correspondncia entre os resultados de

    gramatura, espessura e permeabilidade, possvel visualizar valores maiores de

    gramatura e espessura para as condies de manga suja com menor permeabilidade, e

    valores menores de gramatura e espessura com decorrente aumento da permeabilidade

    do tecido mostrando claramente a atuao do sistema de limpeza. Os dados vo de

    encontro ao usual para aplicaes com coletores tipo filtro de mangas, e so avalizados

    pelo teste de permeabilidade que demonstrou resultados dentro do esperado para meios

    filtrantes com membrana, atestando assim o uso de velocidade de filtragem coerente a

    aplicao. Os dados de resistncia trao e alongamento apontam boa resistncia

    mecnica do tecido demonstrando a no ocorrncia de modificaes de ordem qumica eestrutural neste, situao esperada em um sistema que apresente o correto

    funcionamento. Outro ponto que pode ser notado so os valores maiores de alongamento

    transversal e resistncia trao transversal, atingidos aps o uso do elemento filtrante

    no experimento, o que evidencia a fadiga do material causada pelo sistema de limpeza

    jato pulsante, atuante com vetor na direo transversal. A anlise visual, onde se

    confirmou a no presena de danos estruturais no tecido e particulado na face interna do

    elemento filtrante, em conjunto a todas as demais anlises do elemento filtrantecorroboram os resultados e dados obtidos a respeito de eficincia do equipamento e seu

    correto funcionamento.

    4. CONCLUSO

    A partir dos resultados obtidos e avaliados, o Sistema de Filtragem a Seco

    mostrou-se vivel, apresentando alta eficincia de coleta com baixa presso diferencial.

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    evidente que a regulagem da caldeira influencia diretamente no equipamento de

    tratamento de gases, porm em condies normais de regulagem e funcionamento desta,

    o sistema mostra-se funcional. Para aplicao em escala industrial, recomenda-se a

    adoo de parmetros de dimensionamento e de proteo que previnam falhas na

    descarga de material acrescido de sistema de combate a incndio. O Sistema de

    Filtragem a Seco, assim projetado, ir apresentar altas eficincias de filtragem sem a

    gerao de efluente lquido para tratamento ou disposio posterior.

    5. AGRADECIMENTOS

    Este projeto de pesquisa tem como principal colaborador a TERSEL -

    Equipamentos Industriais ltda, fabricante de todos os equipamentos componentes do

    sistema de tratamento de gases e detentora do conhecimento aplicado no estudo

    incluindo os dados resultantes das coletas de emisses de gases, a qual os autores

    agradecem. Agradecemos tambm a Acar Guarani - Unidade de Olmpia a qual

    permitiu a instalao do equipamento em uma de suas caldeiras, e a JAPH- ServiosAnalticos, empresa contratada para realizar as coletas e anlises das emisses. A todos

    muito obrigado.

    REFERNCIAS

    American Conference of Governmental Industrial HygienistsCommittee on IndustrialVentilation, 2001, Industrial Ventilation: a manual of recommended practice, 24aEdio,Cincinnati, Ohio.

    Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolues do Conama: resolues vigentespublicadas entre julho de 1984 e novembro de 20082. ed. / Conselho Nacional do MeioAmbiente.Braslia: Conama, 2008.

    Loffler, F.; Dietrich, H.W. (1988), Flatt, Dust Collection with Bag Filters and Envelope

    Filters, Friedr. Vieweg & Sons, Braunschweig/Wiesbaden, Germany.

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    Manual de Normas Tcnicas CETESB, Normas L9.210Anlise dos Gases deCombusto Atravs do Aparelho Orsat , L9.221Dutos e Chamins de FontesEstacionriasDeterminao de Pontos de Amostragens, 1990.

    Manual de Normas Tcnicas CETESB, Normas L9.222Dutos e Chamins de FontesEstacionriasDeterminao da Velocidade e Vazo dos Gases, L9.223Dutos eChamins de Fontes EstacionriasDeterminao da Massa Molecular Seca e doExcesso de Ar do Fluxo Gasoso, L9.229Dutos e Chamins de Fontes EstacionriasDeterminao de xidos de Nitrognio, 1992.

    Manual de Normas Tcnicas CETESB, Norma L9.224Dutos e Chamins de FontesEstacionriasDeterminao da Umidade dos Efluentes, 1993.

    Manual de Normas Tcnicas CETESB, Norma L9.225Dutos e Chamins de FontesEstacionriasDeterminao de Material Particulado, 1995.

    Mesquita, A.L.S.; Guimares, F.A.; Nefussi, N, 1977. Engenharia de VentilaoIndustrial, 1aEdio, So Paulo, Edgard Blucher Ltda.

    Saleem, M.; Krammera, G., 2007. Effect of filtration velocity and dust concentration oncake formation and filter operation in a pilot scale jet pulsed bag filter, Journal ofHazardous Materials, 144 (2007) 677681.