6.3.3. Saúde I
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A ENFERMAGEM NA EDUCAO PERINATAL
rea temtica: Sade
Responsvel pelo trabalho: Amanda Frana Monteiro
Instituio: Universidade Federal do Esprito Santo (UFES)
Autores: Amanda Frana Monteiro1; Rvia Rangel Simes1; Cndida Caniali Primo2;
Francile Marabotti Costa Leite 3;
1. Discentes do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Esprito Santo.
Voluntrias do projeto de Extenso.
2. Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do
Esprito Santo. Coordenadora do Projeto de Extenso
3. Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do
Esprito Santo. Sub-coordenadora do Projeto de Extenso.
Resumo
Introduo: A enfermagem, no perodo perinatal, deve prover cuidados ao binmio me-filho, assim como a famlia. Objetivos: ensinar as mes os cuidados com o recm nascido, identificar e acompanhar as mulheres que apresentem dificuldades nos cuidados com o recm nascido e na amamentao, instrumentalizar as mulheres e familiares quanto a aes de auto-cuidado que podem ser desenvolvidas no domiclio em relao mulher e a criana, desenvolver aes conjuntas com outros profissionais de sade que facilitem e otimizem a realizao dos cuidados com a criana e a mulher na maternidade. Metodologia: O projeto de extenso foi realizado na maternidade do Hospital Universitrio Cassiano Antnio de Moraes (HUCAM), no perodo de maro a dezembro de 2010. Este projeto foi desenvolvido em dois momentos: de maro a junho, foram realizadas reunies e grupos de estudos e a partir de julho iniciaram-se os atendimentos individuais s pacientes, no alojamento conjunto da referida maternidade. Resultados: momentos de reflexo e aprendizado sobre a temtica: cuidados perinatais e amamentao; 540 atendimentos clnicos mulher e criana, proporcionando a insero dos estudantes no contexto hospitalar, utilizando uma viso de promoo, preveno e cuidado com a mulher e o recm nascido integrando ensino e servio. Concluso: aquisio de novos conhecimentos, como tambm ampliamos a autoconfiana de ambos os sujeitos do processo - comunidade e acadmicos de enfermagem.Palavras-chave: Gestantes. Perodo ps-parto. Educao em Sade.
Introduo
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A carncia de informaes, ou informaes inadequadas sobre o parto, o medo do
desconhecido, bem como os cuidados a serem prestados ao recm-nascido nos primeiros
dias so fatores mais comuns de tenso para purperas, o que influenciam negativamente
durante todo o processo gestacional. Dessa forma, de competncia da equipe de sade
acolher a gestante e a famlia, desde o primeiro contato com o servio de sade.
No perodo perinatal, a enfermagem deve ficar atenta para tambm, interpretar a percepo
que a gestante tem com relao a sua experincia da maternidade no contexto mais amplo
(ambiente, famlia, mudanas fsicas, psicolgicas e sociais) por ser essa uma experincia
nica. O profissional, enfermeiro, no deve impor seus conhecimentos e desconsiderar a
realidade do cliente; caso isto acontea, as orientaes dadas podero no ser adotadas por
incompatibilidade com essa realidade. Conhecer as necessidades de aprendizagem das
gestantes no perodo perinatal considerar a importncia da cliente na determinao de seu
autocuidado.
Entendendo essas necessidades, o projeto teve como objetivos: ensinar as mes os
cuidados com o recm nascido, identificar e acompanhar as mulheres que apresentem
dificuldades nos cuidados com o recm nascido e na amamentao, instrumentalizar as
mulheres e familiares quanto a aes de auto-cuidado que podem ser desenvolvidas no
domiclio em relao mulher e a criana, desenvolver aes conjuntas com outros
profissionais de sade que facilitem e otimizem a realizao dos cuidados com a criana e
a mulher na maternidade.
Material e Metodologia
O projeto de extenso foi realizado na maternidade do Hospital Universitrio Cassiano
Antnio de Moraes (HUCAM), localizado no municpio de Vitria, Esprito Santo, que
referncia no atendimento gestao de alto risco. O perodo de realizao foi de maro a
dezembro de 2010.
A fim de capacitar a todos os participantes, organizar e planejar as aes a serem
desenvolvidas, inicialmente, no perodo de maro a junho, foram realizadas reunies e
grupos de estudos com as seguintes temticas: amamentao e cuidados perinatais
mulher e criana. Para apresentao dos temas foram feitas leitura e discusso de artigos
e dissertaes para embasamento terico do projeto e organizao dos instrumentos
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metodolgicos que foram utilizados para registro dos atendimentos na maternidade,
totalizando oito encontros.
A partir de julho iniciaram-se os atendimentos individuais s pacientes, atravs de visita
sistemtica dos acadmicos de enfermagem ao alojamento conjunto da maternidade do
HUCAM, destaca-se que todas as visitas dos acadmicos foram supervisionadas pelo
coordenador do projeto. Durante esses atendimentos foram realizadas as orientaes s
gestantes e/ou purperas, acerca dos cuidados com o recm nascido e amamentao, alm
da identificado as dificuldades na amamentao. Ressalta-se a relevncia de tais atividades
terem sido desenvolvidas conjuntamente com outros profissionais de sade o que facilitou
a realizao dos cuidados com a criana e a mulher na maternidade.
Para o desenvolvimento deste projeto houve a participao da seguinte equipe:
enfermeiros-professores da instituio de ensino, enfermeiros da instituio hospitalar e
acadmicos de enfermagem.
Vale pontuar que todas as atividades desenvolvidas foram registradas em um instrumento
metodolgico elaborado pela equipe participante.
Resultados e Discusses
O grupo de estudo proporcionou aos estudantes momentos de reflexo e aprendizado sobre
a temtica: cuidados perinatais e amamentao proporcionando oportunidade de expor suas
dvidas e seus pontos de vista acerca dos temas. Quando aliada a leitura, a extenso
universitria possibilita e interfere na mudana social na vida de um indivduo, exercendo
uma valiosa influncia social. O projeto de extenso possibilita a formao de leitores3.
Dessa forma, observamos que o grupo de estudo atuou no processo de formao dos
estudantes, incorporando em sua vida profissional futura, novas tecnologias que pudessem
promover a humanizao do cuidado materno-infantil. Silva4 afirma que, o conhecimento
deve ultrapassar as salas de aula. A universidade deve socializar o conhecimento,
estreitando as barreiras existentes entre a comunidade e a academia, indo alm,
favorecendo o aprendizado tambm pela aplicao, fazendo e praticando.
Os atendimentos clnicos mulher e criana totalizaram 540, proporcionando a insero
dos estudantes no contexto hospitalar, utilizando uma viso de promoo, preveno e
cuidado com a mulher e o recm nascido integrando ensino e servio, pois contavam com a
superviso das enfermeiras da maternidade como colaboradoras. A Extenso Universitria
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oferece aos alunos, a possibilidade de colocar em prtica os conhecimentos adquiridos em
sala de aula. A oportunidade de ensino-aplicao uma maneira bem planejada de preparar
seus profissionais no apenas com a teoria, mas tambm elaborar estratgias que mostrem
que o verdadeiro conhecimento s adquirido com a execuo do ensino e da prtica4.
Verificou-se durante os atendimentos realizados mulher e famlia, a aceitao e
participao durante todo o processo de orientao acerca dos cuidados com o recm
nascido, acompanhamento na amamentao e dificuldades nesse processo e na
instrumentalizao dessas as mulheres e seus familiares quanto a aes de auto-cuidado ao
binmio me-filho. Esse resultado foi extremamente relevante, uma vez que a experincia
da mulher tem com a maternidade se apresenta em um contexto mais amplo, desde de
familiar at psicolgico e social, logo o profissional, de sade, no deve fornecer
orientaes e cuidados adequados a este momento, fortalecendo o processo do
autocuidado e vnculo do binmio me-filho.
O desenvolvimento das aes conjuntas com outros profissionais de sade facilitou os
cuidados com a criana e a mulher, propiciando o desenvolvimento de atividades de forma
interdisciplinar, ou seja, a integrao ensino-servio.
Esse projeto possibilitou o desenvolvimento de pesquisa, o que vai ao encontro de estudo
que evidencia a extenso universitria como o processo educativo que articula o ensino e a
pesquisa de forma indissocivel e viabiliza a relao transformadora entre universidade e a
sociedade5.
Concluso
Percebemos que ao valorizarmos o conhecimento popular acerca do puerprio,
amamentao e cuidados com o recm nascido e lactente da nossa clientela, pudemos
compreender as vivncias das mulheres e entender os sentimentos contraditrios, os
diferentes valores e os conhecimentos trazidos pelas mulheres.
O projeto permitiu no s incorporamos novos conhecimentos, como tambm ampliarmos
a autoconfiana de ambos os sujeitos do processo - comunidade e acadmicos de
enfermagem - nos novos saberes produzidos nesta interao. Alm disso, o projeto
permitiu comunidade, pacientes e diferentes profissionais, conhecer melhor as atividades
profissionais do enfermeiro, dando maior visibilidade profisso.
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Referncias
1. RIOS, C.T.F.; VIEIRA, NFC. Aes educativas no pr-natal: reflexo sobre a
consulta de enfermagem como um espao para educao em sade. Cincia &
Sade Coletiva, v..12,(.2). Rio de Janeiro Mar./Apr. 2007.
2. BARROS SMO, MARIN HF, ABRO ACFV. Enfermagem obsttrica e
ginecolgica: guia para a prtica assistencial. So Paulo: Roca; 2002.
3. SILVA, E.T. O jovem, a leitura e a cidadania: h pedras no meio
desse,caminho?
acesso em 23 dez 2008.
4. SILVA, O.D. O que extenso universitria? acesso em
01set, 2008.
5. FRUM DE PR-REITORES DE EXTENSO DAS UNIVERSIDADES
PBLICAS BRASILEIRAS. Plano Nacional de Extenso (1999-2001). Braslia.
SESU/MEC,1999.
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CAF COM LETRAS: LITERATURA EM UMA ESTRATGIA SADE DA
FAMLIA. POR QUE NO?
REA TEMTICA: Cultura
Barbara Wehmuth Raulino1
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB)
Carla Regina Cumiotto2
RESUMO
. A partir da experincia em uma Estratgia Sade da Famlia da cidade de Blumenau, atravs de um projeto de extenso da Clnica-Escola de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau FURB e posteriormente atravs de estgios curriculares na rea de Educao em Sade com a realizao de um trabalho com grupos semanalmente, verificou-se uma fragilidade no lao social e tambm cultural desta comunidade. Tomando ento, o acesso a cultura como promoo de sade, pensou-se na realizao de eventos culturais envolvendo a comunidade e os profissionais que atuam nesta instituio. Estas atividades tm como objetivos buscar na cultura um dispositivo para proporcionar a integrao entre usurio e profissional e uma aproximao dos profissionais com a comunidade, promoo de sade e qualidade de vida, assim como uma ampliao do lao social e do exerccio da cidadania. Palavras-chave: Cultura. Promoo de sade. Educao em Sade.
INTRODUO
A sade considerada na sua complexidade, colocando-se como um bem
econmico no restrito ao mercado, como forma de vida da sociedade, e direito que se
afirma enquanto poltica, com as dimenses de garantias de acesso universal, qualidade,
hierarquizao, conforme estabelece a Constituio da Repblica Federativa do Brasil,
promulgada em 5 de outubro de 1988.
Definida por esta Constituio como resultante de inmeros fatores, a sade
um direito de todos os cidados e um dever do Estado, garantida mediante polticas
sociais e econmicas que visam reduo dos riscos de adoecer e o acesso universal e
igualitrio s aes e servios.
Neste sentido, a sade no se resume a ausncia de doena, pois conforme
afirma Conte, Plein e Silveira (2009) ter sade poder conviver com as fragilidades
expressas atravs de diversas formas, entre elas as doenas, caracterizando-se pela
capacidade de enfrentar diferenas. (p. 131). Assim, a Educao em Sade constitui-se
1 Acadmica do curso de Psicologia da FURB, membro da Coordenao do Servio Sade Mental da Clnica Escola de Psicologia da FURB e bolsista do Programa PET-Sade Mental/Crack. 2 Mestre em Psicologia Clnica: Concentrao em Psicanlise pela universidade TUIUTI, Professora do Departamento de Psicologia da FURB, membro da Coordenao do Servio Sade Mental da Clnica Escola de Psicologia da FURB, Psicanalista e Membro da APPOA, Tutora do Programa PET-Sade Mental/Crack.
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em um dos eixos da concepo de Promoo de Sade, tendo como seu compromisso
principal desenvolver o senso de identidade, autonomia e responsabilidade dos
indivduos, bem como a solidariedade e a responsabilidade comunitria.
Na interseo dos campos sade e educao reconhecem-se diferenas, mas
tambm interesses que so mtuos e que vo de encontro do que essencial para ambos.
Conforme prope Conte, Plein e Silveira (2009) a criao de condies favorveis
fala, escuta e ao trabalho de incluso da subjetividade nas aes das instituies
pblicas de sade.
Sendo assim, a partir da experincia em uma Estratgia Sade da Famlia da
cidade de Blumenau, com a realizao de um trabalho com grupos3, atravs de um
projeto de extenso da Clnica-Escola de Psicologia da FURB, Servio Sade Mental4, e
posteriormente atravs de estgios curriculares na rea de Educao em Sade, nos
deparamos com uma fragilidade no lao social e tambm cultural nos sujeitos que
frequentam essa ESF.
No incio do trabalho com este grupo, os pacientes encaminhados possuam
singularidades em comum, tais como: um tratamento medicamentoso sem melhoras
efetivas, fragilidade em criar laos sociais, um empobrecimento na narrativa e uma
dificuldade de falar de si e se ver como sujeito. Assim, essas questes remetiam esses
sujeitos a um sofrimento psquico e social intenso, pois eram sujeitos excludos da
palavra e do exerccio do exerccio da cidadania, ou seja, excludos do lao social.
A partir dos avanos no trabalho com grupos no que se refere cidadania, a
possibilidade da palavra, a diminuio de medicao foi pensado sobre outros
dispositivos possveis no s para este grupo, mas para a comunidade e profissionais
desta ESF em geral, pois percebe-se que estes apenas frequentam a unidade para falar
de doenas.
Tomando ento, o acesso cultura como promoo de sade, foi realizado um
evento cultural nesta ESF, tendo como principal objetivo desmistificar a idia de que s
algumas pessoas podem ter acesso a uma boa literatura e reiterar que os usurios dessa
ESF podem frequent-la no apenas para tratar a doena, mas para promover sade,
dessa forma, tendo acesso cultura e informao, conversando com outras pessoas e
3 A prpria instituio nomeou este grupo como Grupo de Convivncia e ele acontece semanalmente desde outubro/2009. 4 O Servio Sade Mental projeto de extenso da Clnica Escola de Psicologia da FURB que teve incio em 2008 e envolve a participao de profissionais da rea da sade, acadmicos dos mais diversos cursos e estagirios de Psicologia.
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falando de suas impresses sobre o conto e autor expostos, ou seja, visando a ampliao
do lao social e cultural.
Tendo na cultura um dispositivo para proporcionar aos moradores da
comunidade integrao, promoo de sade e qualidade de vida, assim como uma
aproximao dos trabalhadores da sade com a comunidade em que atuam.
METOLOGIA
No primeiro momento, foi feito um projeto e entregue a ESF e a presidente da
Associao de Moradores do Bairro. Aps a confirmao destes, foram feitos cartazes
que foram espalhados pela comunidade, escolha de um conto e autor para a realizao
do evento e convites individuais para deixar na ESF.
Foi escolhido um conto de Machado de Assis, Pai contra me, sendo este um
conto muito provocativo, pois aborda questes muito atuais: preconceito, famlia,
pobreza, alienao, etc. O autor Machado de Assis (1839-1908) foi escolhido pelo teor
de seus escritos, ou seja, pela riqueza psicolgica dos personagens e sensibilidade que a
sua escrita provoca a quem o l. O evento foi nomeado de Caf com Letras, por
misturar o encontro com a escrita com o acolhimento do caf e com durao de 2h.
O Grupo de Convivncia foi fundamental na organizao deste evento, ajudando
nos convites individuais (um marcador de pgina contendo as informaes do evento),
distribuindo-os, pensando em como organizar o local para o dia, e claro, com
entusiasmo e expectativa em relao ao avento. Os convites foram ento distribudos
pelos profissionais da ESF, pelos participantes do grupo e pelas estagirias envolvidas.
A Associao de moradores foi decorada, e organizada com almofadas
espalhadas, tapetes e bancos. Colocou-se msica da poca do conto escolhido e garrafas
de caf foram distribudas pelo espao.
Cada participante, ao chegar ao local, retirava um trecho do conto j separado
anteriormente e se acomodava onde achasse melhor. Depois de todos os trechos terem
sido distribudos, explicou-se a proposta do evento, e deixou que os presentes se
apresentassem. Assim, cada um lia uma parte do conto, e ao terminar de ler, falava
sobre o que aquele trecho lhe suscitava, abrindo para as demais pessoas presentes
falarem.
Sabe-se que a partir de pontos em comum possvel destacar as singularidades
de cada sujeito, no sentido em que:
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(...) vale o registro de que o coletivo tem sentido toda vez que se encontra associado possibilidade de irrupo do desejo de cada sujeito. Assim, mesmo que a causa seja comum, o desejo que anima cada sujeito no engajamento a ela sempre singular. (BROIDE, 2009, p. 55)
A aposta ento, foi de que a partir de cada recorte do conto, cada um pudesse
produzir sua prpria reflexo, pois ao se deixar tocar pelo que os outros dizem, cada
sujeito alterado, e nesse sentido entende-se a sociedade. Pois sabemos desde Freud
(1921) que as relaes de um indivduo com os pais, com os irmos, com o objeto de
seu amor, com seu mdico, ou seja, todas as relaes que ele constri so fenmenos
sociais.
RESULTADOS E DISCUSSES
Em torno de 15 pessoas da comunidade participaram, alm dos profissionais da
ESF e estagirios do local. Os participantes se prenderam ao conto e puderam pensar
nas questes que o conto provoca e tambm fazer um comparativo das questes da
poca, que o conto suscita, com as questes atuais.
Um dos pontos que surgiu logo no incio foi uma comparao com a escravido
relatada no conto com a escravido que vivemos hoje. Foi aprofundado, falando que
hoje tambm somos muitas vezes escravos, do marido, do emprego, da cultura, etc. E
este tipo de escravido pior, pois achamos que somos livres e na verdade no somos.
O conto tambm levou a uma reflexo sobre a conquista dos direitos das
mulheres, nos efeitos dessa conquista implicaram e como as mulheres lidam com isso
hoje. Tiveram algumas divergncias de opinies, e isso deixou a conversa ainda mais
produtiva, pois assim podemos explorar as duas idias.
Os participantes tambm se interessaram pela vida do escritor Machado de
Sendo este tambm um objetivo do trabalho, pois acreditamos que assim possvel
conhecer outras realidades e imaginar a vida de algum que negro, pobre e sem estudo
se tornou um grande escritor h tantos anos atrs e participou da Academia Brasileira de
Letras. Uma das questes que apareceu tambm foi que para ocupar esse lugar preciso
ser convidado. Sim, pois se somos algo aos olhos de outra pessoa, preciso que outra
pessoa reconhea em ns aquilo que supostamente imaginamos, ou que nem nos passa
pela cabea.
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CONCLUSO
Apontamos importncia desse momento no sentido de que atravs do conto e
do que foi construdo entre os presentes possvel imaginar outras realidades para alm
da qual essa comunidade est inserida. A literatura, poesia, msica, cinema, etc. so
recursos para que se possa imaginar outras possibilidades de viver. Dessa forma,
pensamos que:
A utopia tem aqui uma funo de convite imaginao. Ela permite que os sujeitos possam fazer dos espaos que vivem um lugar. Abre, portanto, lugares para imagens possveis. Todo ato criativo traz em si uma utopia. (SOUSA, 2002, p. 27).
comum pensar em utopia como algo fora da realidade, porm, aqui apontamos
necessidade de uma utopia que cumpra funo de despertar e que possa combater as
mltiplas faces da violncia a qual estamos confrontados, conforme prope Sousa
(2002), a violncia do dogmatismo, a violncia da hegemonia das formas do senso
comum que impedem o aparecimento do novo, anestesiando as singularidades, a
violncia das discusses polticas vazias de atitudes. Atravs do que aqui apontamos,
afirmamos os efeitos visveis do trabalho proposto, levando em conta os objetivos
anteriormente planejados.
REFERNCIAS:
BROIDE, E. E. Porosidades Clnicas: dilogos entre a psicanlise e a sade coletiva. In: Boletim da Sade/Secretaria da Sade do Rio Grande do Sul; Escola de Sade Pblica, v.23, n.2, Porto Alegre, 2009. CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponvel em http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/dh/volume%20i/constituicao%20federal.htm. Acesso em 15 junho, 2011. CONTE, M.; PLEIN, F. B.; SILVEIRA, M. Sade coletiva, psicanlise e educao permanente em sade. In: Boletim da Sade/Secretaria da Sade do Rio Grande do Sul; Escola de Sade Pblica, v.23, n.2, Porto Alegre, 2009. FREUD, S. (1921) Psicologia de grupo e anlise do ego. In: FREUD, Sigmund. Edio Standard Brasileira das Obras Psicolgicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, v.XVIII. SOUSA, E. L. A. A utopia como ncoras simblicas. Correio da APPOA, Porto Alegre, n. 108 , Nov. 2002.
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CARAVANA DA SADE: INFORMAO SOBRE SADE BUCAL AO ALCANCE DE TODOS
Carolina Cunha QUIRINO; Ricardo Rodrigues VAZ; Efignia Ferreira e
FERREIRA;
A promoo em sade uma ao integral objetivando a melhoria na qualidade de vida das pessoas e a sade bucal faz parte deste todo. Dentro do Programa em Promoo de Sade, em associao com os Departamentos de Odontologia Restauradora e Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais destaca-se o projeto, intitulado Caravana da Sade, cujo objetivo a promoo da sade bucal por intermdio de divulgao de informaes e ensinamentos populao da cidade de Belo Horizonte e regio metropolitana. As aes tm como finalidade a conscientizao da populao sobre a importncia da higienizao bucal e o conhecimento das principais doenas bucais, tais como crie, traumatismo dentrio, doena periodontal e cncer bucal. O projeto realiza palestras, atividades ldicas, tais como, teatros e oficinas de mtodos para escovao dental e preveno de doenas bucais, destacando a importncia da visita peridica ao cirurgio-dentista. A Caravana da Sade conta com a parceria do SESC-MG e da TV ALTEROSA visitando bairros de cidades prximas regio metropolitana de Belo Horizonte, atingindo populaes muitas vezes com acesso restrito a servios e produtos para a sade. As orientaes ocorrem para o pblico de todas as faixas etrias, mas com maior participao de crianas entre quatro e doze anos e adultos acima de quarenta anos, sendo que, o projeto recebe um pblico estimado de seiscentas a mil pessoas por evento com distribuio de cerca de mil escovas para higienizao bucal alm de panfletos informativos e cartilhas instrutivas conforme a demanda do evento. So realizados cerca de 10 eventos ao ano, sendo um a cada ultimo sbado ou domingo do ms. O projeto se justifica pela sua relevncia social dentro de duas vertentes: o resultado imediato para a populao por meio de informaes bsicas de controle e preveno de doenas, alm de cuidados simples e eficazes sobre higiene e sade bucal; a possibilidade de contribuir na formao de profissionais e de agentes multiplicadores na difuso dos conceitos. Os alunos participantes do projeto desenvolvem a capacidade crtica na abordagem, informao e cuidados para os mais diversificados pblicos, aprendendo a perceber a realidade da populao com a qual vo trabalhar e adequando as atividades para melhores resultados.
Palavras chave: promoo de sade, informaes para a populao, projeto, extenso.
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LGICA DE ACOLHIMENTO: EXISTE UMA?!
rea Temtica: Sade; Sade Mental
Responsvel pelo trabalho: Andra Johansson
Instituio: Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: Andra Johansson1; Camila Stolf Marques Pottes Lins2; Daniela Raquel
Carl3; Eduarda Renaux4; Gustavo Angeli5; Rafaela Pereira6; Vinicius da Rocha Barros7.
RESUMO O artigo apresenta a prtica de acolhimento enquanto dispositivo utilizado pelo projeto de extenso Servio de Sade Mental (SSM) da Clnica-Escola de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau FURB, no Municpio de Blumenau, SC. Articula a incorporao deste dispositivo com as estratgias referenciadas pelo Ministrio da Sade e com as novas propostas de assistncia oferecidas pelo Sistema nico de Sade (SUS). A partir de critrios que pontuam a demanda de atendimentos, discorre sobre o perfil do pblico atendido, alm de descrever como se deu o surgimento deste dispositivo e quais as metodologias de trabalho instauradas. Problematiza algumas das principais questes que atualmente permeiam este fazer, particularmente a angstia dos acolhedores frente a este novo. Por fim, alia os resultados com as possveis discusses sobre a temtica.
Palavras-chave: Sade Mental, Clinica-Escola de Psicologia, Acolhimento.
INTRODUO O acolhimento um dispositivo que faz parte das aes realizadas pelo projeto de
extenso SSM que ocorre na Clnica-Escola de Psicologia da FURB. Referenciado em uma
das estratgias propostas pelo Humaniza SUS, o SSM se prope a pensar e trabalhar com a
escuta. Segundo o Ministrio da Sade (2004), escutar significa, num primeiro momento,
1 Acadmica de Psicologia (FURB). Membro do corpo tcnico do Servio de Sade Mental. Coordenadora
da comisso de acolhimento do SSM. 2 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Membro do corpo tcnico do SSM. 3 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Membro do corpo tcnico do SSM. 4 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ps-Graduanda em Psicanlise:
Clinica e Polticas Pblicas em Sade Mental pela mesma Universidade. Membro da coordenao do SSM. 5 Acadmico de Psicologia da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Membro do corpo tcnico do
SSM. 6 Psicloga formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ps-Graduanda em Psicanlise:
Clinica e Polticas Pblicas em Sade Mental pela mesma Universidade. Membro do corpo tcnico do SSM. 7 Psiclogo formado pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Ps Graduado em Psicologia
Clnica: Abordagem Psicanaltica pela Pontifcia Universidade Catlica do Paran (PUCPR). Membro do
corpo tcnico do SSM.
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acolher toda queixa ou relato do usurio, mesmo que possa parecer no interessar
diretamente para o diagnstico e tratamento. Mais do que isto, preciso ajud-lo a
reconstruir os motivos que ocasionaram o seu adoecimento e as correlaes que o usurio
estabelece entre o que sente e a vida as relaes com seus convivas e desafetos.
A Poltica Nacional de Humanizao (PNH) do SUS estabelece ligao direta com
esse conceito, pois surgiu enquanto proposta a fim de implementar os princpios do SUS na
prtica da assistncia. Conforme o Ministrio da Sade (2009), a operacionalizao dessa
poltica d-se pela oferta de dispositivos assistenciais, dentre os quais se destaca o
acolhimento. Por essa via, o acolhimento se faz uma alternativa recepo tradicional,
destinado a modificar o modo de organizao e funcionamento dos servios de sade.
O conceito de Acolhimento, portanto, no est restrito recepo da demanda
espontnea, de modo que s ganha sentido se o entendermos como uma passagem da porta
de entrada para os processos de produo de sade. Desse modo, diferenciamos o
Acolhimento da triagem porque o mesmo no se constitui apenas como uma etapa
burocrtica do processo, mas como ao que deve ocorrer em todos os locais e momentos
do servio de sade (MINISTRIO DA SADE, 2008, p. 44).
Este projeto se dispe ao atendimento clnico a pacientes portadores de sofrimento
psquico grave e estes nos so encaminhados por: Centro de Ateno Psicossocial (CAPS
II); Centro de Auxilio ao Estudante (CAE FURB); Estratgia Sade da Famlia (ESF)
Jovino e uma Empresa do municpio que vislumbram no SSM mais um espao possvel
para a reintegrao desses sujeitos em suas atividades cotidianas (trabalho, lazer, escola),
assim como resgatar laos sociais que estejam enfraquecidos ou inexistentes, promovendo
melhor qualidade de vida aos mesmos.
MATERIAL E METODOLOGIA Uma vez encaminhado ao SSM, o usurio/paciente ser recebido por um membro
do grupo de Acolhimento do SSM a porta de entrada para o Servio de Sade Mental ,
com o objetivo de acolher e trilhar o destino do mesmo. Uma vez que o SSM tem como
critrio de sua demanda para atendimentos aqueles sujeitos, cujo lao social est
fragilizado, mediados por intensa medicao, bem como grande reincidncia a internao.
Nestes casos, o acolhedor se responsabilizar pela escuta e insero do usurio/paciente na
lgica do Servio, bem como, noticiar Instituio encaminhadora os desdobramentos do
caso, atravs de devolutivas solicitadas ou quando necessrio.
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Em situaes opostas, onde o usurio/paciente traz consigo queixas sobre um
sofrimento que no corresponde s caractersticas que o Servio se prope a atender, o
membro do grupo de Acolhimento no o deixar a deriva. O encaminhado ser direcionado
para a lista de espera da Clnica-Escola de Psicologia que por sua vez seguir a sua
lgica institucional. Ou seja, ser conduzido para um/uma estagirio/estagiria do curso,
com a coerncia de atendimento estabelecida com seus supervisores de estgio.
RESULTADOS E DISCUSSES Com o incio dos acolhimentos se fez necessrio a criao de um grupo de
acolhedores do Servio. Estes integrantes disponibilizam alguns horrios para os
acolhimentos. Ao acolher, o grupo foi tomado pelo desafio de pensar este dispositivo,
ampliando assim, as interrogaes, inquietaes e instrumentos para o andamento e
consolidao desta prtica. Assim, foi criado o grupo de Acolhimento, mediado tambm
por uma coordenao que foi surgindo na medida em que demandavam aes norteadoras
para suas interrogaes.
Estas e outras questes comuns com relao lgica do dispositivo foram se
desenvolvendo, como por exemplo: Como no se questionar e se angustiar frente um
dispositivo, onde sua principal funo acolher de forma cuidadosa, delimitando a queixa
e ainda, num curto espao de tempo, ressoar uma (s) indagao (es) que desperte (m) a
fala daqueles/daquelas que nos procuram? Como no responder/inverter a demanda que
muitas vezes nos engata na beleza de uma histria que narrada pelo sujeito acometido?
Como ignorar o nosso desejo de escutar mais?
E estas nos remetem a outra necessidade: um espao, para discusso do contedo
terico/prtico dos acolhimentos. Possibilitando, desta forma, aos acolhedores um lugar
afvel, que os autorizassem na criao de narrativas relatos dos acolhimentos,
desdobramentos dos casos. Em outras palavras, alm do estudo referente temtica, abriu-
se lugar para que cada acolhedor trouxe-se a sua prtica, e deste modo, possibilitaram-se
recortes e assim, achou-se um fio condutor de cada acolhimento, para que cumprssemos
com as primeiras necessidades do Servio, a quantidade de encaminhamentos e a
gravidade do sofrimento e risco social.
Referente a esse ponto, podemos contar com um grupo de acolhedores, que tambm
tem o objetivo de acolher e aliviar as angstias que aparecem nesta forma de dispositivo,
assim como a difcil tarefa do encaminhar o paciente a Outro. Desta forma, apontamos que
(...) na clnica psicanaltica ningum fica de fora do que ali surge nem o paciente, nem o
-
analista (Cumiotto, 2008, p.19). Em outras palavras, podemos dizer que a implicao
daquele que atende, tambm ressoa dentro do espao de escuta. Est lgica, tica, de
pensar, desacomoda o profissional que moralmente apia-se no ilusrio conceito de ajuda.
Sendo assim, o dispositivo de Acolhimento, compreende tambm a necessidade de
poder acolher aquele que apresenta um sofrimento intenso, bem como, realizar o Plano
Singular Teraputico, encaminhando o paciente para atendimento clnico quando
necessrio, para alm do diagnstico nosogrfico.
CONCLUSO A partir dos acolhimentos e das questes suscitadas foi-se construindo a partir da
entrada de cada paciente o seu caminho no SSM, tendo como fio condutor, de que maneira
este se posicionaria diante de seu sofrimento, quais possveis intervenes que naquele
momento do tratamento poderiam produzir efeitos, isto , deslocamentos, mudanas de
narrativa e possibilidades de reconstruo de laos sociais e que estas possam lhe dar outro
lugar como sujeito do seu desejo. Pensando na intensa fragilidade psquica/social dos casos
que nos chegam, estamos engajados a sustentar um espao de escuta do sujeito, possibilitar
a re-insero, o resgate ao lao social e assim, produzir um lugar de vida. (...) E vida, a
partir de uma tica analtica possibilitar que o sujeito crie narrativas na aposta de libertar-
se atravs da palavra (; Cumiotto, C; Raulino, B; Renaux, E. 2011, p.126).
No decorrer do trabalho nos deparamos com situaes em que temos que definir
qual ser o caminho que determinado paciente ir tomar nos acolhimentos. Ao nos
dispormos a acolher, estamos diante tambm da escolha do outro que acolhido, e os
efeitos produzidos no facilitam na direo dos encaminhamentos, visto que em algumas
situaes necessrio pontuar ao paciente que suas queixas se organizaram, sendo invivel
neste caso que ele permanea no Servio. Assim, notcias dos efeitos suscitados nos
acolhimentos concernente ao vnculo que se estabeleceu entre acolhedor e paciente podem
propiciar e propiciam o endereamento a outros integrantes da equipe que seguiro o
trabalho na modalidade de atendimento individual, em grupo, em acompanhamento
teraputico, ou ainda na possibilidade do paciente estar em todos estes dispositivos.
H tambm os pacientes que ao trabalharem as questes que o trouxeram para o
SSM, estes perpassados fundamentalmente pela fragilidade dos laos sociais, narrativa
pobre ou inexistente, se sentem permitidos a ficar somente nos acolhimentos, mesmo
quando colocados a eles que teriam outras possibilidades a serem significadas e de sua
escolha seguir adiante. Outros pacientes no suportaram ter na palavra uma forma de re-
-
construo de sua histria e, portanto, estes nos convocam a pensar em outras intervenes
possveis para os prximos que vierem a ser acolhidos.
At agora o que podemos dizer do acolhimento que somos um grupo dentro de
outro, procurando atravs de velhos dispositivos, novos sentidos para os mesmos. O que
sabemos deste dispositivo quando nos deparamos com ele de ampliao de
possibilidades. Um dispositivo possvel, diferente da lgica de atendimento, que produz
seus efeitos; angstias, aos que com ele trabalham, mas que, acima de tudo, atua enquanto
possvel organizador de talvez futuros pacientes.
REFERNCIAS BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Ncleo Tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. Acolhimento nas prticas de produo de sade/Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Ncleo Tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. 2. ed. Braslia: Ministrio da Sade, 2009.
BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Acolhimento nas prticas de produo de sade. Braslia: Ministrio da Sade, 2008. BRASIL. Ministrio da Sade, Secretaria-Executiva, Ncleo tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. HumanizaSUS: A clnica ampliada. - Braslia: Ministrio da Sade, 2004. CUMIOTTO, C; RAULINO, B; RENAUX, E.O testemunho no trabalho com grupos: A narrativa como efeito de transformao no lao social. IN: ANDRADE, M. R. S. (ORG) Formao em sade: experincias e pesquisas nos cenrios de prtica, orientao terica e pedaggica. Blumenau: Edifurb, 2011. CUMIOTTO, C. R. As entrevistas preliminares e a clnica psicanaltica. In: BACKES, C. A clnica psicanaltica na contemporaneidade. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2008.
-
PROGRAMA DE ATENO PESSOA PORTADORA DE DFICIT DE
ATENO E HIPERATIVIDADE (PADAH).
rea temtica: SADE.
Responsvel pelo trabalho: Cludio Joaquim Paiva Wagner
Instituio: UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO (UPF)
Nome dos autores: 1. Adriano Teixeira; 2. Adroaldo Bassegio Mallmann; 3. Bruna
Ohse; 4. Camile Gaperini; 5. Cludio Joaquim Paiva Wagner; 6. Cristina dos Santos
Ortiz; 7. Danbia Miorando Rossato; 8. Edson Machado Cechin; 9. Emlia Maldaner;
10. Ellen Antoniolli; 11. Elder Denardin; 12. Emily Ourique; 13. Francieley Benin; 14.
Isabela Valria Maria; 15. Joo Paulo Bordin; 16. Jlia Noschang; 17. Letcia Romansin
Rissotto; 18. Maria Clia Rossetto; 19. Tadeu Lampert; 20. Talzamara Duarte; 21.
Evnia Arajo; 22. Vanessa Dal Pizzol; 23. Vincius Cenci.
RESUMO:
O programa Ateno pessoa portadora de Dficit de Ateno e Hiperatividade um
Projeto de Extenso da Universidade de Passo Fundo que se destina ao estudo,
pesquisa, preveno e ao tratamento da populao de crianas, adolescentes e adultos
provenientes de escolas estaduais e municipais com a suspeita de serem portadores de
Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH). A amostra do estudo piloto
est sendo coletada atravs do encaminhamento de alunos de uma escola estadual e uma
escola municipal. A equipe que est desenvolvendo este projeto e realizando os
atendimentos formada por profissionais da rea da psiquiatria, neurologia, psicologia,
psicopedagogia, informtica e alunos da Faculdade de Medicina, do Curso de Psicologia
e da Faculdade de Educao. Os objetivos do programa so: criar um centro de
atendimento s pessoas portadoras de Dficit de Ateno e Hiperatividade (PADAH) no
municpio, avaliar os alunos encaminhados, elaborar e conduzir projetos de pesquisas
sobre os resultados do projeto, desenvolver programas de preveno, diagnstico e
tratamento multidisciplinar para o manejo do transtorno, alm de conceber uma forma
de participao da comunidade escolar e associaes de pais e mestres no projeto de
extenso e nas pesquisas. Os resultados parciais do projeto no primeiro semestre de
2011 apontam para um total de 36 atendimentos de alunos, ainda em fase de avaliao
por todos os profissionais. Foi realizado um total de 13 seminrios tericos com os
professores das duas escolas sobre o tema TDAH, com a mdia de participao de 20
professores.
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PALAVRAS-CHAVE
Ateno, Hiperatividade, Impulsividade, Crianas, Adolescentes, Adultos.
INTRODUO
O Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH) um transtorno
neurobiolgico, de origem gentica, persistindo, na maioria dos sujeitos, por toda a
vida, tendo incio na infncia e comprometendo o funcionamento emocional, social,
profissional e acadmico de crianas, adolescentes e adultos portadores do transtorno.
Dependendo dos critrios utilizados, a prevalncia do TDAH na idade escolar varia
entre 3% a 6% e na idade adulta a prevalncia de 2,5%. O transtorno caracterizado
pela presena de sintomas de desateno e ou hiperatividade e impulsividade em uma
intensidade inadequada para a idade ou escolaridade do paciente. At alguns anos atrs
o TDAH era considerado um transtorno benigno, com o avano do conhecimento,
constatou-se que ele pode acarretar alguns comprometimentos graves como:
dificuldades no rendimento escolar, sendo considerada uma das principais causas de
fracasso nos estudos; dificuldades no relacionamento interpessoal levando ao
desenvolvimento de baixa autoestima; problemas profissionais como mudanas
frequentes de trabalho; demisses; nvel de realizao abaixo de suas capacidades; risco
de desenvolver dependncia qumica; risco aumentado de envolvimento com acidentes,
em especial, acidentes de trnsito e um risco maior de contrarem outros transtornos
mentais como depresso, transtornos de ansiedade entre outros. O tratamento adequado
deve ser multifatorial, incluindo medicamentos, acompanhamento psicolgico,
orientao familiar e escolar. O projeto destina-se a detectar alunos com TDAH, trat-
los, orientar os professores, as escolas e os pais no manejo dessa situao.
MATERIAL E METODOLOGIA
O programa de extenso se compe de duas reas, uma para crianas e adolescentes e
outra para adultos, sendo desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada por
profissionais da rea da psiquiatria, neurologia, psicologia, psicopedagogia, informtica
e alunos da Faculdade de Medicina, do Curso de Psicologia e da Faculdade de
Educao. Os procedimentos desenvolvidos so: formas de encaminhamento dos
professores; agendamento; primeira entrevista; exames de rotina; aplicao de escalas e
testes psicolgicos; orientaes a pais e professores, ciclo de palestras; criao de um
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fluxograma e organograma e outras atividades. Os alunos tm como funo estudar o
TDAH em adolescentes, crianas e adultos, avaliar os alunos sob a superviso dos
professores e preparar palestras a fim de organizar a Liga de Transtorno de Dficit de
Ateno e Hiperatividade (forma complementar de estudos na graduao). Os
profissionais tcnicos- administrativos possuem o papel de receber encaminhamento,
agendar os pacientes, familiares, agendar avaliaes e organizar o pronturio. Os
profissionais da 7 Coordenadoria Regional da Educao, Secretaria Municipal de
Educao, Secretaria Municipal de Sade, Escolas Estaduais e Escolas Municipais so
colaboradores do projeto, auxiliando na aplicao de questionrios para os professores,
detectando sinais precoces de TDAH e encaminhando os alunos.
RESULTADOS E DISCUSSES
Os resultados parciais no primeiro semestre de 2011 apontam para um total de 36
atendimentos de alunos, em fase de avaliao por todos os profissionais. Foi realizado
um total de 13 seminrios tericos sobre o tema TDAH, com a mdia de participao de
20 professores. Os temas desenvolvidos foram: Definio e conceitos sobre TDAH,
Etiologia do TDAH, Manifestaes clnicas do TDAH, Diagnstico do TDAH em
crianas e adolescentes, Diagnstico do TDAH em adultos, Testes psicolgicos e
TDAH, Aspectos neurolgicos do TDAH, A pedagogia e o TDAH, Manejo na escola
do TDAH, Tratamento do TDAH em crianas e adolescentes, Tratamento do TDAH em
adultos, Tratamento Psicolgico do TDAH e Avaliao dos seminrios.
CONCLUSO
O programa de Ateno Pessoa Portadora de Dficit de Ateno e Hiperatividade
proporciona novos conhecimentos aos estudantes que participam do projeto, aos
professores da rede municipal e estadual, bem como aos pais e aos pacientes atendidos.
Este conhecimento abrange aspectos do TDAH, avaliao de crianas e adolescentes
com suas famlias e a vivncia de trabalhar de forma multidisciplinar, alm da
importncia de estabelecer uma relao de parceira com a comunidade. Outro aspecto a
ser destacado diz respeito criao da Liga de Transtorno de Dficit de Ateno e
Hiperatividade, atividade a ser realizada pelos alunos no segundo semestre de 2011com
a coordenao de um professor, a qual j possui oito seminrios planejados para os
alunos da Faculdade de Medicina, Curso de Psicologia e Faculdade de Educao. Os
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temas so: Diagnstico do TDAH: viso geral do TDAH (conceitos), Mitos em relao
ao TDAH, Abordagem multidisciplinar do TDAH: tratamento farmacolgico,
psicopedaggico e psicolgico, Como distinguir uma criana ativa de uma hiperativa?,
A vida afetiva do portador de TDAH, Consequncias do TDAH no tratado, Vdeo com
depoimentos de pacientes com TDAH e comentrios de profissionais de sade, Amostra
de um estudo preliminar de pacientes atendidos no programa de ateno pessoa
portadora de TDAH. Do ponto de vista das escolas envolvidas, foram realizados
seminrios e os professores vm conseguindo compreender melhor vrios aspectos
envolvidos com as crianas, adolescentes e adultos portadores de TDAH.
REFERNCIAS
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PROJETO DE EXTENSO AES INTERDISCIPLINARES NO QUIOSQUE
DA SADE EM SANTOS/SP
rea Temtica: Sade
Responsvel pelo trabalho: Camila Chaves Guanabara
Instituio: Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP)
Nome dos autores: GUANABARA, C.C.; LOPES, R. F.; SIQUEIRA Jr, S.L.B.;
FONTES, C.C.; NAKAO, F.S.N.; GARCIA, P.R.; BORGES, M.E.; PEREIRA, N.S.;
KITA, L.S.; OLIVEIRA, D.C.C; SANTANA ABN; VEDOVATO GM; MARTINS,
P.A.
Departamento de Cincias da Sade, Instituto de Sade e Sociedade, Universidade
Federal de So Paulo.
Resumo
Introduo: O projeto de extenso promove aes por meio de atividades individuais ou
em grupo atravs de oficinas, triagem e atendimento individual. Objetivo: Descrever todas
as atividades realizadas pelo projeto de extenso Aes Interdisciplinares no Quiosque da
Sade. Metodologia: O projeto possui as seguintes atividades: a triagem que realizada
atravs da aplicao de um questionrio com dados pessoas e anamnese; o atendimento
individualizado que composto por questionrios mais especficos como de prontido para
atividade fsica, anamnese clnica e alimentar; e as oficinas realizadas com dinmicas de
diversos temas. Concluso: Esse projeto proporciona aos participantes maior
conhecimento prtico, sendo um diferencial na formao.
Palavras Chave: Atividade Fsica e Nutrio, Sade, Interdisciplinar.
Introduo
Diante da epidemia de obesidade e doenas crnicas no transmissveis, esto
sendo criadas aes e intervenes para minimizar esses fatores de risco, como por
exemplo, os projetos de extenses, que atuam nos espaos comunitrios, tendo como
pressuposto bsico a busca de transformao social e propondo uma troca de saberes entre
a comunidade acadmica e a sociedade, desmistificando a tradicional ideia de um
conhecimento que se estende (Freire, 1977).
O presente projeto de extenso centrado na Estratgia Global em alimentao
saudvel, atividade fsica e sade (OMS, 2004) prope a realizao de atividades
interdisciplinares que promovam a sade e qualidade de vida, seja individual ou em grupo,
atravs das oficinas e triagens. Almeja o projeto alcanar um pblico alvo constitudo de
-
praticantes de atividade fsica na regio da orla da praia de Santos, atualmente adultos e
idosos que, na maioria das vezes, iniciam a prtica de atividades fsicas sem orientaes
adequadas, colocando em risco a sade e o bem estar.
Com objetivo de realizar aes interdisciplinares para promoo da sade, nosso
projeto conta com a participao de discentes, docentes e tcnico-administrativos dos
cursos de graduao de Nutrio e Educao Fsica do Campus Baixada Santista. Os
extensionistas colaboram de forma importante na organizao do conhecimento produzido,
com a participao, o registro e avaliao de todas as atividades realizadas. Alm disso,
assumem responsabilidades no preparo das atividades, sendo referidas atividades de grande
relevncia para sua formao, pois as experincias que os alunos adquirem no projeto
favorecem a integrao dos contedos vivenciados nas salas de aula aos elementos da
realidade e do futuro exerccio profissional.
Nesse contexto e na perspectiva da extenso universitria como um processo
educativo, cultural e cientfico, articulado com o ensino e a pesquisa de forma
indissocivel, temos como objetivo desenvolver aes interdisciplinares de promoo da
sade com enfoque no incentivo de uma alimentao saudvel e na prtica de atividade
fsica pela populao de Santos. Especificamente, pretende avaliar o estado nutricional e as
condies fsicas, desenvolver o conhecimento de prticas sobre alimentao saudvel e
fornecer o apoio tcnico para o treinamento esportivo com qualidade. Ento, o objetivo do
trabalho descrever e refletir sobre a experincia do projeto de extenso Aes
Interdisciplinares no Quiosque da Sade.
Materiais e mtodos
Breve histrico
O projeto teve incio no ano de 2009, partindo da experincia adquirida no projeto
de extenso Parceiros da Bola, que tinha por objetivo a promoo de sade de crianas
que jogavam futebol por meio de um projeto social da regio noroeste da cidade de Santos.
Dessa forma, em uma juno de desejos - o de promover o maior nmero de atividades
benficas possveis para a comunidade, bem como a vontade de participao da
comunidade acadmica em aes interdisciplinares de Nutrio e Atividade Fsica que
foi inaugurado o Programa de Extenso Quiosque da Sade, coordenado pelo Prof.
Sionaldo Ferreira, do curso de Educao Fsica.
Em janeiro de 2010, houve o primeiro contato com o pblico por meio da busca
ativa na regio da orla da praia de Santos, com a estratgia de montagem de uma tenda na
-
rea externa do Parque Municipal Roberto Santini (Emissrio Submarino), local de grande
circulao de adultos e idosos praticantes de atividade fsica. As atividades do projeto
aconteciam em dois perodos da semana: segundas-feiras no perodo da tarde (14h s 17h),
e quintas-feiras no perodo da manh (8h s 12h).
Triagem do pblico
As triagens constituem atividades de avaliao inicial (screening para participao
no Projeto), que acontecem a cada incio de ano letivo, sendo divulgadas no Dirio Oficial
do Municpio. Esta avaliao composta por sete componentes principais: (1) dados de
pessoais; (2) antecedentes clnicos e histria atual de doenas (problemas de sade e
utilizao de medicamentos/suplementos alimentares); (3) questionrio sobre prontido
para atividade fsica (Physical Activity Readiness Questionnaire PAR-Q, verso 2002);
(4) dados sobre atividade fsica habitual; (5) dados sobre alimentao habitual (mudanas
alimentares atuais, orientao tcnica, prticas alimentares antes, durante e depois do
exerccio, e relativas hidratao); (6) dados antropomtricos e estimativa de composio
corporal (peso, estatura, circunferncia abdominal, quatro dobras cutneas
triciptal/biciptal/subescapular/suprailaca); (7) disponibilidade e interesse em participar das
atividades individuais e em grupo. Ao final da avaliao, os resultados so apresentados
(entrega de folheto com programao das atividades), e os indivduos so convidados a
participar, preferencialmente, das oficinas educativas em grupo. Aps os dois dias de
avaliao, formada uma lista de interesse para os atendimentos individuais e,
posteriormente, os extensionistas entram em contato para o agendamento.
Atendimento individualizado
Os atendimentos individualizados tm como foco a manuteno do estado
nutricional adequado, promoo da alimentao saudvel e a prtica segura de atividade
fsica ou esportiva. O contato com os participantes realizado por telefone, seguindo uma
lista da triagem, programando-se um atendimento para cada dia da semana de
funcionamento do Projeto.
Os responsveis pelo atendimento so acadmicos de Nutrio e Educao Fsica,
com o apoio de profissionais (ps-graduandos e tcnico-administrativos), alm da
superviso pelos docentes. Desta forma, recebem o usurio na sala, apresentam a proposta,
bem como a dinmica de atendimento. Isso ocorre com toda a equipe envolvida na
-
atividade, usando jaleco e sentada em cadeiras dispostas em formato de crculo, juntamente
com o usurio.
A ficha do primeiro atendimento composta pelos seguintes domnios: dados
pessoais de identificao; questionrio sobre prontido para atividade fsica (Physical
Activity Readiness Questionnaire PAR-Q, verso 2002); anamnese clnica; avaliao da
prtica de atividade fsica/esportiva (atual e habitual; Questionrio IPAQ - verso curta);
anamnese alimentar; avaliao fsica.
Aps o atendimento, o caso brevemente discutido pela equipe sob a perspectiva
interdisciplinar, gerando um material de retorno no qual so oferecidas orientaes
nutricionais e informaes relativas prtica de atividade fsica, sob superviso tcnica e
docente.
Oficinas educativas
As oficinas so atividades educativas realizadas semanalmente, com durao mdia
de uma hora. Os eixos temticos so: promoo da alimentao saudvel, vivncias
culinrias, incentivo prtica segura de atividades fsicas. Os temas so definidos nas
reunies interdisciplinares; a partir disso a equipe elabora um plano de ao contendo
objetivos da oficina (gerais e educativos), contedo programtico, metodologia, recursos
necessrios e formas de avaliao.
As oficinas so conduzidas de forma dinmica, participativa, baseada na
problematizao da realidade e na troca de saberes entre os participantes. Ao final do
encontro, realizada uma avaliao do grupo de usurios. Ao trmino da oficina, a equipe
realiza uma breve discusso para a avaliao formativa da atividade, e sugestes para a
realizao da segunda atividade. Todas as atividades apresentam registro fotogrfico e
escrito.
Discusso
Para os estudantes de nutrio e educao de fsica, o projeto de extenso promove
a aproximao da teoria a prtica por meio do desenvolvimento de atividades que os
proporcionem liberdade de treinar, desenvolver o pensamento e estratgias em conjunto,
pautando-se sempre pelos fundamentos da literatura cientfica. Deste modo, o aluno
adquire conhecimentos no vivenciados em sala de aula atravs da interdicisplinaridade e
uma maior autonomia perante as aes realizadas com a populao.
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Os futuros nutricionistas colocam em prtica contedos da rea nutricional como
planejamentos dietticos, avaliao diettica do estado nutricional e aplicao do
recordatrio 24H.
Em relao aos alunos de educao fsica, estes colocam em prtica a aplicao de
anamenese e elaborao de um plano de treinamento com exerccios especficos para a
promoo e preveno da sade.
Os cursos, em conjunto, aplicam a avaliao antropomtrica como clculo do IMC,
dobras cutneas e circunferncias.
Concluso
As experincias adquiridas da troca de informaes com a populao e as
atividades exercidas proporcionam um maior conhecimento prtico e segurana para
futuramente exercer sua profisso.
O modo como realizado o trabalho visa o estabelecimento de um vnculo entre a
comunidade acadmica e a populao, resultando em uma maior adeso ao projeto pelos
usurios, com o estes participando de mais de uma atividade.
Bibliografia
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PROJETO OVERDENTURES: IMPACTO NA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DO EDENTADO
MANDIBULAR rea temtica: Sade Responsvel pelo trabalho: Ana Karoline ADELRIO Instituio: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FOUFMG) Autores: Ana Karoline ADELRIO1; rica Leite VIANA1; Maria Carmem Fonseca Serpa CARVALHO2; Srgio Carvalho COSTA2; Mauro Henrique Nogueira Guimares ABREU2; Jos Augusto Csar DISCACCIATI2*. 1 Aluna de graduao. Faculdade de Odontologia. Universidade Federal Minas Gerais 2 Professor Doutor. Faculdade de Odontologia. Universidade Federal de Minas Gerais * Coordenador do projeto
RESUMO A reabilitao oral de pacientes edntulos totais ainda um dos grandes desafios da
Odontologia moderna, em virtude do contnuo processo de reabsoro alveolar. Esta
condio pode comprometer a reteno e a estabilidade das prteses totais removveis
(PTR), principalmente em mandbulas, gerando desconforto e baixa eficincia
mastigatria. Uma modalidade de tratamento bastante utilizada para esses pacientes a
instalao de implantes osseointegrveis como suporte para prteses totais fixas ou
removveis, as chamadas sobredentaduras ou overdentures, em ingls. O objetivo desse
trabalho apresentar o Projeto Overdentures, projeto de extenso com capacidade de
estreitar laos com ensino e pesquisa, e com grande impacto na formao dos alunos.
Desenvolvido dentro das instalaes da FOUFMG, os pacientes atendidos so
encaminhados via SUS e admitidos de acordo com a indicao precisa do caso. Os
atendimentos odontolgicos so prestados semanalmente, em ambiente ambulatorial, sob
superviso dos professores responsveis, seguindo um protocolo clnico de atendimento
bem definido. A satisfao pessoal dos pacientes atendidos no projeto tem sido constatada
em todos os casos atendidos, observada a partir dos relatos aps a concluso dos
tratamentos. O principal aspecto apontado pelos pacientes o aumento da estabilidade e da
reteno da prtese, com conseqente melhoria da eficincia mastigatria. Os objetivos
traados pelos idealizadores do Projeto Overdentures tm sido plenamente alcanados,
tendo em vista que a atuao dinmica e interdisciplinar proporciona uma articulao entre
as reas de ensino, pesquisa e produo de conhecimento, gerando um alto impacto na
formao acadmica dos alunos participantes e grandes benefcios aos pacientes atendidos.
PALAVRAS-CHAVE: Prtese total inferior, Implante dentrio, Qualidade de vida.
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INTRODUO
O edentulismo representa uma das piores situaes encontradas na clnica diria,
acarretando na diminuio da capacidade mastigatria, comprometimento da esttica e
tambm da fonao. Com isso, contribui para a reduo da qualidade de vida e da auto-
estima das pessoas (BARBATO et al.2007).
A reabilitao oral de pacientes edntulos totais ainda um dos grandes desafios da
Odontologia moderna, tendo em vista a grande perda ssea que ocorre em virtude do
contnuo processo de reabsoro alveolar, principalmente em mandbulas. Essa condio
pode comprometer significativamente a reteno e a estabilidade das prteses totais
removveis (PTR), gerando desconforto, insegurana, baixa eficincia mastigatria e
dificuldade na pronncia de algumas palavras (JIMNEZ-LPEZ, 2000).
Uma modalidade de tratamento muito utilizada para esses pacientes a instalao
de implantes osseointegrveis como suporte para prteses totais fixas hbridas, conhecidas
como Prteses de Toronto (ZARB,1990) ou PROTOCOLO DE BRNEMARK
(BRNEMARK et al, 1977). Entretanto, uma alternativa atraente tem sido a utilizao de
sobredentaduras ou overdentures, em ingls, prteses removveis retidas por razes
remanescentes ou implantes. Comparadas com as prteses totais fixas sobre implantes, a
overdentures apresentam maior simplicidade de execuo, menor custo e permitem a
remoo pelo prprio paciente, o que facilita a higienizao e o controle da parafuno.
A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FOUFMG)
uma das referncias no atendimento da populao encaminhada pelo Sistema nico de
Sade (SUS) em Belo Horizonte, no que se refere confeco e insero de PTR. Dispe
de uma disciplina especfica para atendimento a pacientes edentados totais, cujo contedo
obrigatrio na grade curricular do curso de graduao. No entanto, no oferecida ao
paciente a possibilidade de instalao de implantes, o que poderia melhorar muito a
condio de reteno e estabilidade de sua PTR inferior. Diante desta deficincia curricular
e assistencial, foi idealizado e criado um projeto de extenso destinado exclusivamente a
oferecer, a baixo custo, a instalao de implantes como suporte para PTR mandibulares,
procedimento ainda no coberto pelo SUS. Esse fato denota a relevncia do projeto para a
comunidade assistida e para a formao acadmica dos alunos participantes.
O objetivo desse trabalho apresentar comunidade acadmica o Projeto
Overdentures, projeto de extenso assistencial terico/prtico, voltado a alunos do curso de
graduao e pacientes da FOUFMG, portadores de PTR mandibular ou com indicao para
-
tal, projeto esse com capacidade de estreitar laos entre extenso, ensino e pesquisa, com
grande impacto na formao do aluno, com caractersticas interdisciplinares, com
satisfatria relao dialgica com a comunidade assistida, que amplia as oportunidades de
prestao de servio, estudo, aprendizado, produo de conhecimento e divulgao
cientfica de resultados.
METODOLOGIA
O Projeto de Extenso Overdentures desenvolvido dentro das instalaes da
FOUFMG, e mantm parceria com a disciplina de Prtese Total Removvel e com os
Projetos de Extenso em Prtese Total Imediata e em Cirurgia Oral Menor, promovendo
um carter de interdisciplinaridade, relevante para a formao dos alunos e docentes
participantes.
SELEO DE ALUNOS
Semestralmente, so selecionados doze alunos que estejam cursando o oitavo
perodo na FOUFMG. O processo seletivo consiste em anlise curricular e entrevista,
sendo critrios importantes o interesse pela rea de prtese e implante, a disponibilidade de
horrios, o compromisso com a promoo de sade da populao e o interesse na
divulgao cientfica de resultados. Previamente ao incio dos trabalhos clnicos, so
ministradas aulas tericas a fim de se repassar aos alunos a filosofia de trabalho a ser
seguida e o protocolo de atendimento clnico.
SELEO DE PACIENTES
Os pacientes atendidos no Projeto Overdentures so encaminhados via SUS,
admitidos de acordo com a indicao precisa do caso e com o nmero de vagas
disponveis. Passam inicialmente pela disciplina de Prtese Total ou pelo Projeto Prtese
Total Imediata, dependendo de sua condio inicial, onde todos os procedimentos para
confeco de suas PTR mandibulares sero conduzidos. No entanto, os alunos do Projeto
participam de todo o planejamento.
PROTOCOLO CLNICO DE ATENDIMENTO
Os atendimentos odontolgicos so prestados semanalmente, em ambiente
ambulatorial, sob superviso dos professores responsveis pelo projeto. Inicialmente
realizada pelos alunos participantes a ficha clnica de cada paciente, sendo obtidos dados
relativos identificao, uso de algum aparelho prottico, presena de alteraes
sistmicas, aspectos psicolgicos, exame intra-oral, extra-oral e solicitao de exames
radiogrficos. De posse de todos os dados clnicos estabelecido um diagnstico e um
-
plano de tratamento, levando-se em considerao as condies necessrias para a insero
de implantes osseointegrveis.
SEQUNCIA DE ATENDIMENTO
1- Anamnese e exame objetivo
2- Exames complementares, normalmente radiografia panormica
3- Diagnstico, levantamento de necessidades, planejamento
4- Coleta do termo de consentimento livre esclarecido e de dados utilizando o questionrio
Oral Health Impact Profile (OHIP-14) (SLADE 1997).
5- Documentao fotogrfica
6- Atendimento
- Nesse momento, a PTR mandibular j dever estar pronta
- Exodontias e acerto sseo na regio mentoniana, se assim o caso exigir
- Instalao de dois implantes
- Caso haja boa estabilidade primria, com mnimo de 40N, captura da prtese com a
utilizao de 2 munhes bola e 2 cpsulas oring.
- Acabamento e ajuste
- Finalizao
- Controle posterior com 3, 7, 15 e 30 dias.
- Reembasamento, caso necessrio
- Coleta de informaes utilizando o mesmo questionrio inicial (OHIP-14)
- Tabulao e anlise dos dados
INFRA-ESTRUTURA DE ATENDIMENTO
Os materiais odontolgicos utilizados so fornecidos pela instituio, que cede
tambm um funcionrio para auxiliar na separao e fornecimento de tais materiais, alm
do espao fsico para as aulas tericas e prticas.
VINCULAO COM A PESQUISA
A casustica do projeto possibilita a coleta de dados para avaliao do impacto da
incorporao de implantes e overdentures na melhoria da qualidade de vida da comunidade
assistida. Com a finalidade de avaliar quantitativamente este impacto, est sendo aplicada a
forma simplificada do questionrio do Oral Health Impact Profile (OHIP-14), antes e aps
a instalao das prteses. Inicialmente, o questionrio serve como um instrumento que
permite indicar o quanto a qualidade de vida afetada pela condio de sade bucal
apresentada pelo paciente. Posteriormente, avalia-se se a instalao da overdenture
-
melhorou essa qualidade. Os dados coletados tm sido analisados, visando sua divulgao
em revistas e eventos cientficos.
RESULTADOS E DISCUSSES
Tendo em vista que a reabilitao oral por meio de prteses implanto-retidas no
oferecida aos usurios do SUS, o projeto overdentures possui a relevncia de oferecer a
estes usurios sobredentaduras com qualidade e baixo custo, garantindo uma maior
reteno das prteses inferiores e atendendo aos requisitos mastigatrios, estticos e
fonticos. Simultaneamente, fornece aos alunos de graduao a oportunidade de manter
contato com essa modalidade teraputica. A satisfao pessoal dos pacientes atendidos no
projeto tem sido constatada em todos os casos de reabilitao oral utilizando overdentures
implanto-retidas. Os principais aspectos apontados pelos pacientes so a melhoria da
eficincia mastigatria, o aumento da reteno e da estabilidade da prtese e os aspectos
estticos. Assim, as overdentures implanto-retidas tm se mostrado uma boa soluo para
diversas limitaes funcionais e estticas das prteses totais removveis. Diversos estudos
apontam que a reabilitao oral com prteses implanto-retidas pode superar a maioria das
limitaes apresentadas pelas prteses totais convencionais, proporcionando melhoria
significativa na sade bucal e geral, na satisfao pessoal, na qualidade de vida e na auto-
estima dos pacientes.
CONCLUSO
Os objetivos iniciais traados pelos idealizadores do Projeto Overdentures tm sido
satisfatoriamente alcanados, tendo em vista que a atuao dinmica e interdisciplinar do
projeto proporciona uma articulao entre as reas de ensino, pesquisa e produo de
conhecimento, gerando um alto impacto para a formao acadmica dos alunos
participantes. Diante da deficincia na grade curricular do curso de Odontologia da
FOUFMG, em no fornecer aos seus alunos modalidades de tratamento envolvendo a
instalao de implantes e confeco de prteses implanto retidas, conclui-se que o Projeto
Overdentures vem desempenhando satisfatoriamente a sua misso, tanto para os alunos de
graduao participantes, quanto para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes
assistidos.
REFERNCIAS
BARBATO, P.R; NAGANO, H.C.M; ZANCHET, F.N.; BOING, A.F.; PERES, M.A. Perdas dentrias e fatores sociais, demogrficos e de servios associados em adultos brasileiros: uma anlise dos dados do Estudo Epidemiolgico Nacional (Projeto SB Brasil
-
2002-2003). Cadernos de Sade Pblica, Rio de Janeiro, v.23, n.8, p. 1803-1814, ago. 2007. BRNEMARK, P.I.; HANSSON, B.O.; ADELL, R.; BREINE, U.; LINDSTRM, J.; HALLN, O.; OHMAN, A. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw: experience from a 10-year period. Scand J Plast Reconstr Surg Suppl., v.16, p.1-132, 1977. JIMNEZ-LPEZ, V. Reabilitao Bucal em Prtese sobre Implantes. So Paulo: Quintessence, 2000. SLADE, G.D. Derivation and validation of a short-form oral health impact profile. Community Dent Oral Epidemiol, v. 25, p. 284-90,1997. ZARB, G.A.; SCHMITT, A. The longitudinal clinical effectiveness of osseointegrated dental implants. The Toronto study. Part II: the prosthetic results. The Journal of Prosthetic Dentistry, v. 64, p. 53-61, jul. 1990.
-
VIVNCIAS EM UM SERVIO DE NEFROLOGIA: UM OLHAR DA
PSICOLOGIA1
rea Temtica - Sade
Responsvel pelo trabalho QUINTANA, Alberto Manuel.
Instituio - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores
MARTINS, Bruna Maria Corazza2; QUINTANA, Alberto Manuel3; WEISSHEIMER,
Taiane Klein dos Santos4.
1 Trabalho referente ao Projeto de extenso: Apoio psicolgico aos pacientes do servio de
Nefrologia do Hospital Universitrio de Santa Maria.2 Acadmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Santa Maria, RS, Brasil.3 Doutor em antropologia, professor adjunto do curso de Psicologia UFSM, Santa Maria,
RS, Brasil.4 Psicloga, mestranda em Psicologia UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
Resumo
As doenas crnicas vm recebendo grande ateno dos profissionais da sade, em
decorrncia de sua alta mortalidade. Dentre essas doenas, est a Insuficincia Renal
Crnica (IRC) que se caracteriza pelo comprometimento lento e irreversvel das funes
renais. Os pacientes portadores da doena se veem em novas condies de vida, ligados s
mquinas de hemodilise e cheios de sentimentos ambguos: culpa e negao da doena,
esperana e f em alcanar o transplante e a cura. Nesse sentido, como h o
comprometimento de aspectos biolgicos, psicolgicos e sociais do paciente, percebeu-se a
importncia do acompanhamento psicolgico a esses sujeitos em um hospital do interior do
RS. O projeto implantado no local visa possibilitar aos pacientes um momento de escuta e
ao teraputica, a fim de que eles possam falar de suas expectativas, angstias e questes.
Para tanto, o setting teraputico acontece beira leitos, ou na prpria enfermaria. Percebe-se,
atravs de resultados parciais, que o espao de escuta significativo aos pacientes, pois
eles podem falar de suas vidas, no apenas dos aspectos da doena. Angstias, medos e
perdas so compartilhados com a extensionista nos atendimentos, por vezes, emocionados
dos pacientes, lhes gerando alvio e certa segurana por no estarem sozinhos. O projeto
-
est em andamento, mas j traz evidncias importantes compreenso da totalidade dos
pacientes, bem como importncia de novos trabalhos frente a essa realidade.
Palavras-Chave: Nefrologia; Apoio psicolgico; Qualidade de vida.
Introduo
Para que o conhecimento seja realmente vlido, uma boa prtica em extenso
precisa estar atrelada pesquisa e ao ensino. Na medida em que um consolida e d base ao
outro, se evidencia a importncia das pesquisas que foram feitas acerca da Insuficincia
Renal Crnica, no intuito de co-relacionar a teoria encontrada com os dados da realidade.
As doenas crnicas so as principais causas de morte no mundo, segundo o recm
lanado Relatrio Global sobre Doenas No-Transmissveis da Organizao Mundial da
Sade. Em decorrncia disso, tm recebido grande enfoque dos profissionais de sade,
uma vez que representam altos ndices de mortalidade na populao mundial (Santos e
Sebastini, 2010; Martins e Cesarino, 2005). Entre essas doenas est a Insuficincia Renal
Crnica (IRC), considerada uma condio sem alternativas de melhoras rpidas, resultante
do comprometimento das funes renais de modo lento e irreversvel. No Brasil, estima-se
que, segundo o Censo de Dilise (SBN, 2010), 92.091 mil brasileiros se encontram em
tratamento dialtico. Tal possibilidade de tratamento trouxe a maior sobrevida aos
pacientes, entretanto, outras questes tambm emergem durante esse processo.
A vivncia, de alguns pacientes portadores da doena crnica renal, percebida
como uma ruptura na vida, bem como por uma nova condio ligada mquina, uma nova
identidade corporal e uma possibilidade, por vezes angustiante, de se realizar o transplante
renal (Quintana e Muller, 2006). Ainda, os pacientes trazem sentimentos de culpa, negao
e no aceitao da doena, perda da autonomia, esperana e f em Deus para atingir a
cura, hemodilise como garantia de vida e, ao mesmo como, aprisionamento (Lima e
Gualda, 2001). Nesse sentido, comprometem-se tanto os aspectos fsicos e biolgicos,
como as questes psicolgicas, familiares e sociais do paciente crnico renal.
Assim, percebeu-se a necessidade de uma interveno psicolgica junto aos
pacientes do servio de Nefrologia do Hospital Universitrio de Santa Maria (HUSM). A
equipe de enfermagem do local solicitou auxlio ao Departamento de Psicologia da UFSM,
com a preocupao de propiciar um ambiente mais saudvel aos pacientes que utilizam
esse servio. Com isso, o presente projeto de extenso visa proporcionar um espao de
escuta e ao teraputica, a fim de que os pacientes tenham um momento em que possam
falar de suas necessidades, angstias, fantasias e expectativas quanto doena e seu
-
tratamento. Trabalhando as questes de ansiedade, auto-estima, expectativas e perdas
sofridas pelos pacientes crnicos renais, h a possibilidade de melhoria da qualidade de
vida deles no somente durante o tratamento, ou na estadia dentro do hospital, mas tambm
na continuidade de suas vidas e no enfretamento das situaes durante todo esse processo.
Material e Metodologia
O referido projeto acontece no Hospital Universitrio de Santa Maria (HUSM), no
Setor da Nefrologia. Conta, como recursos humanos, com a acadmica de Psicologia da
UFSM e bolsista FIEX, Bruna M. C. Martins; a co-orientadora e mestranda em Psicologia
da Sade da UFSM, Taiane K. S. Weissheimer; e o orientador e professor adjunto, chefe
do departamento de Psicologia da UFSM, Dr. Alberto M. Quintana.
As atividades desempenhadas pela bolsista so: acompanhamento dos pacientes
internados na unidade, atendimento psicolgico dos pacientes encaminhados pela equipe,
apoio psicolgico aos familiares dos pacientes, integrao multidisciplinar com a equipe de
enfermagem, etc. O setting teraputico do psiclogo hospitalar, como bem fala Angerami-
Camon (2010), diferente do conhecido na clnica analtico-tradicional. Os atendimentos,
na maioria das vezes, se adequam a condio de sade do paciente, ocorrendo na beira dos
leitos, ou na prpria enfermaria. So individuais e s acontecem, na medida em que os
pacientes o desejam, bem como nos momentos propcios, em que eles no esto recebendo
cuidados mdicos, ou passando por determinados procedimentos.
Resultados e Discusses
Acredita-se que, atravs da correlao entre teoria e prtica, torna-se possvel
avaliar, de forma parcial, o trabalho proposto e executado. Percebe-se atravs das falas, as
quais foram retiradas de um dirio de campo da extensionista variados sentimentos e
diferentes percepes a cerca da doena. Os nomes dos pacientes foram trocados por
cdigos assim descritos: letra alfabtica e sexo. Exemplo: (X., feminino).
O espao possibilitado escuta visto pelos pacientes como algo significativo,
como um momento de ateno exclusiva a eles. A necessidade de apoio, de olhar e de
escuta fica evidente, pensando-se na situao difcil de doena que eles enfrentam:
Ai, muito bom ter algum com quem conversar, pra desabafar. Eu falo bastante. muito importante tu ter vindo aqui. Eu fico muito sozinha. bom poder falar (A., feminino).Eu sei que a fora t dentro de mim, mas tu pode me ajudar, pode ser uma muleta, um ombro pra me dar fora (B. masculino, referindo-se extensionista).
-
Nesse sentido, a realizao da hemodilise e as implicaes que tal tratamento gera
na vida dos pacientes so exaltadas. Como em Quintana e Muller (2006), o sentimento de
estar ligado mquina para poder sobreviver vivenciado de forma penosa, difcil e, por
vezes, percebido como ausncia de vida:
s vezes muito difcil seguir a hemodilise, parece que mais fcil morrer, desistir. Porque muito difcil, uma luta sempre. uma luta, sempre (C., masculino).Fazer hemodilise como estar numa priso. No vida, tu s se mantm, no tem vida (D.,masculino).Antes eu nem podia visita o meu irmo. Tinha que fazer a hemodilise 3x por semana.No dava pra viaja, tudo que ia faze tinha que pensa na hemodilise.(E.,feminino).
Os pacientes em tratamento trazem os aspectos negativos da doena, as limitaes
dirias de sua rotina, as mudanas no trabalho, as dificuldades nos relacionamentos. Em
contrapartida, os pacientes transplantados que chegam aos leitos, exaltam sentimentos
totalmente diferentes. Em suas falas, assim como nas observadas por Lima e Gualda
(2001), se percebe a esperana para conseguir o transplante, a f em Deus, e o
agradecimento a ele pela ddiva de ter lhes possibilitado viver de novo:
Eu agradeo todos os dias, porque como nasce de novo, n? Agradeo pela vida maravilhosa que eu tenho, por todas as conquistas, por tudo. Porque eu s peo sade, tendo sade a gente vive bem. (E.,feminino, recm transplantada)Mas a gente fica muito feliz com o transplante. A gente sempre espera, acredita, at que o patro velho (referindo-se a Deus) nos d essa chance. Tem que acreditar. (F.,masculino, recm transplantado).
Os aspectos importantes advindos da doena vm sendo levantados durante os
atendimentos, e se percebe a diminuio da ansiedade nos pacientes, a melhor
compreenso dos procedimentos, a adeso ao tratamento, a exaltao dos aspectos
positivos frente doena, o que nos leva a crer que o espao de escuta est sendo
consolidado e vem possibilitando benefcios aos pacientes.
Concluso
O projeto est em andamento, nesse sentido, os resultados apresentados e discutidos
so parciais, baseados na experincia vivenciada pela extensionista at o momento. O
ganho acadmico evidente, na medida em que se percebe quo importante o
acompanhamento psicolgico aos pacientes portadores de doenas crnicas. Nesse sentido,
mais pesquisas e mais intervenes podem ser pensadas, visando maior compreenso dos
-
sentimentos e das percepes dos pacientes sob a doena renal, bem como dos prprios
profissionais quanto ao entendimento e manejo dos doentes crnicos.
A partir da interao e da relao estabelecida com os pacientes, percebe-se que o
sofrimento psquico trazido na literatura, de fato relatado nos atendimentos, por vezes,
bastante emocionados dos pacientes. Ao falarem, nota-se que algum tipo de alvio lhes
gerado, que se sentem menos sozinhos e podem contar com algum para dividir as
dificuldades e as angstias que lhes acometem. Assim, sentindo-se mais seguros, podem
lidar melhor as restries e perdas em funo da doena, com as intervenes mdicas
necessrias durante o tratamento, bem como se angustiar menos frente realizao do
tratamento e frente possibilidade de concretizao do transplante renal.
Referncias
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http://www.sbn.org.br/leigos/index.php?censohttp://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n5/v13n5a10.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/reeusp/v35n3/v35n3a05.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/rlae/v6n4/13873.pdf
8.pdf2 Acadmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),Santa Maria, RS, Brasil.