6 Jesus Cristo Voltará
-
Upload
eliel-mario -
Category
Documents
-
view
10 -
download
0
description
Transcript of 6 Jesus Cristo Voltará
Confronto!
JESUS CRISTO VOLTARÁ
1
Na minha percepção, dentre os ensinos que compõem os
Evangelhos e o restante do Novo Testamento, não há outro que
tenha sido mais deixado de lado, nos tempos atuais, que o que diz
respeito à volta de Jesus Cristo. Julgo que alguns fatores podem
indicar o porquê desse desprezo:
Desconsiderar a volta de Jesus é evitar o escapismo
Uma ênfase concentrada no retorno de Jesus Cristo pode
evidenciar um anseio (até doentio) pela libertação das limitações
desta vida. Olhar para – e sonhar com – esta volta significa a
possibilidade de fugir das frustrações reais que se enfrenta. Toda a
esperança é assim transferida para outra esfera como remédio para
escapar da indesejável situação presente. Troca-se o
enfrentamento da dificuldade pela expectativa da ocorrência de
algo extraordinário. A passividade da esperança é menos dolorosa
que o desgaste do esforço de enfrentamento das dificuldades.
O enfoque não é novo e em uma de suas variantes foi praticada na
Igreja de Tessalônica, onde alguns cristãos, parece, decidiram
renunciar até ao trabalho já que Cristo estaria voltando. A opção
pelo relapso da atitude foi enfaticamente rebatida por Paulo: quem
não trabalha, que não coma.
Mas, para além desse descaso dos tessalônicos, falar sobre a volta
de Cristo pode ser evidência da fraqueza, da debilidade, ou do
derrotismo de quem está à busca de uma rota escapista.
Desconsiderar a volta de Jesus é valorizar a vida
Fica-se então no outro lado da mesma moeda. Se a vida é boa
para continuarmos a desejar vivê-la, e é fato que sempre queremos
isto, então não há razão para considerar e ensinar a respeito de
uma interrupção desta boa vida, com a possibilidade de um súbito
retorno do Senhor Jesus.
Podemos até crer que há uma promessa dessa volta, mas, dois mil
anos depois de pronunciada, ela se esvanece no calendário
decorrido e, sim, Jesus deve voltar, mas isso é algo para ocorrer em
um futuro totalmente para além das nossas previsibilidades e, de
fato não precisamos nos preocupar com isso, pois em nada nos
impacta no que devemos decidir, preparar-nos ou planejar. A vida
requer muitas ações e é nelas que devemos pôr nossa atenção.
Não faz falta falar da volta de Jesus Cristo.
Desconsiderar a volta de Jesus é fugir de controvérsias
Além das inconveniências práticas de evitar tocar no tema da volta
de Jesus, ou ao menos minimizar referências ao evento, a
dificuldade de compreender o que exatamente está implicado
nele também contribui para tornar o tema desinteressante.
A „Escatologia‟ é uma das partes mais complexas e difíceis da
Teologia. Ao tratar das “ultimas coisas” esta parte deve delinear
uma amplitude de pressuposições e entendimentos antes de propor
uma interpretação coerente e aceitável do que a Bíblia ensina
Confronto!
JESUS CRISTO VOLTARÁ
2
sobre o tema, em informações esparsas ao longo do texto sagrado.
Adicionalmente, como se trata daquilo que ainda está por
acontecer, não há como submeter as variadas interpretações
propostas a um crivo de avaliação. Há apenas a possibilidade de
uma análise lógica, que, obviamente, tem eliminado muitos ensinos
heréticos ao longo dos tempos.
A realidade é que para qualquer coisa que queiramos afirmar a
respeito de assuntos escatológicos, precisamos de antemão
despender bom esforço nas pressuposições delimitadoras.
Alteraram-se essas pressuposições e as explicações já não se
sustentam mais.
As controvérsias que daí se geram são quase infinitas. As correntes
escatológicas não se conversam entre si e quanto mais se quer ir
aos detalhes do que a Bíblia declara, mais profundas ficam as
divergências entre as interpretações disponíveis. Penso que a
maioria dos que tentaram entender as opções oferecidas, ou ao
menos algumas delas, acaba preferindo fugir do assunto que fechar
questão com uma das alternativas.
A teologia reduzida
As implicações de encarar esse assunto acabam por induzir uma
postura de teologia reduzida, na qual convém evitar o tema Volta
de Jesus ou mesmo desconsiderá-lo por completo. É verdade que a
Bíblia trata dele, mas em vista das dificuldades associadas e as
posturas erradas que podem estar sendo cultivadas, vamos deixar
isso de lado.
A atitude é mais séria do que transparece ao percebermos que se
fala cada vez menos no assunto: há esforços qualificados buscando
revisar o texto bíblico, com a eliminação dos trechos de clara
conotação escatológica.
Adicionalmente, vemos crescentemente difundida a „literatura
apocalíptica‟: tipo de escritos que teriam sido produzidos em
abundância nos séculos imediatamente antes e depois de Cristo,
que apregoavam a respeito de uma nova época a despontar em
oposição à era presente. Os maiores exemplos desse tipo de
literatura são textos que não estão na Bíblia, embora alguns textos
bíblicos tendam a ser incluídos na classificação. Na ênfase do
destaque à essa literatura apocalíptica afloram duas linhas de
pensamento, ambas ao fim buscando menosprezar o ensino
escatológico da Bíblia. Ou se tenta desqualificar os textos bíblicos
enquadrando-os como „apocalípticos‟ e rotulando-os de “literatura
vulgar”, ou se tenta elevar toda a literatura apocalíptica, fazendo
uso dela como escritos do mesmo valor que os textos que
compõem o cânon bíblico. Por que cada vez mais ouvimos
referências aos livros de Enoque, ao Apocalipse de Abraão e a
outros?
Confronto!
JESUS CRISTO VOLTARÁ
3
As consequências da volta de Jesus Não devemos enveredar pelos caminhos tortuosos da deturpação
ou da extirpação de verdades apresentadas nos evangelhos. É fato
incontestável que os textos sagrados contêm afirmações cujo
significado total não conseguimos alcançar. Outros há que
comportam interpretações controversas. Temos que conviver com
essa impossibilidade de entendimento absoluto, mas não podemos
permitir que o nosso desejo de dominar o entendimento completo e
a coerência total, nos levem a desfigurar os ensinos de Cristo, tal
como apresentados nos testemunhos escritos que recebemos em
herança.
Não há como negar que temos dificuldades enormes para
“administrar” o assunto Volta de Jesus. Os fatores mencionados
como possíveis geradores do desprezo ao tema precisam ser
levados em conta. Temos que viver; temos que construir o futuro;
temos que decidir não apenas por nós, mas também por nossos
filhos e pelas gerações que virão.
Mas, não podemos fazer todas estas coisas sem considerar que
Jesus Cristo voltará. Se esquecermos desta verdade, haverá
consequências irreparáveis para a nossa fé:
Ceia do Senhor
Temos que deixar de celebrá-la. Não há sentido nenhum em
participarmos da comunhão da ceia se não podemos cada vez
que a realizamos reafirmar o seu propósito maior: “anunciais a
morte de Jesus até que ele venha”.
O senhorio de Cristo
Antigamente, mais que hoje, éramos doutrinados a respeito do
senhorio de Cristo: pertencemos a Ele; a Ele tudo devemos; e por
Ele tudo podemos. Se não aguardamos pela volta do Senhor
Jesus, não há razão para seu senhorio sobre nossas vidas. Tal
como na parábola, se o mordomo não está atento e preparado
para a volta do seu senhor, a sua atuação será
descompromissada e descuidada.
No nosso esforço de sermos cristãos devemos carregar conosco a
expectativa da volta de Jesus. Entre as alegrias e realizações da
nossa vida, não podemos deixar de contar com a promessa da Sua
volta. Entre os anseios a respeito do futuro, próximo e longínquo, não
pode faltar o anelo expresso na última oração da Bíblia:
“Aquele que dá testemunho destas coisas diz: „Sim, venho
em breve!‟ Amém. Vem, Senhor Jesus!”[Ap 22.20]