52Previne - Edição nº 17 - OUT 2014...
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PreviNEBoletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região NordesteSegundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!!1SERIPA II
ano 3 - Edição nº 17 outubro de 2014
Figura 1 - Aves na trajetória de pouso das aeronaves
AS IMPLICAÇÕES DO RISCO DA FAUNA PARA A AVIAÇÃO
Em 2013, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) registrou 4.600 ocorrências aeronáuticas com animais no Brasil.
Os números revelam um aumento de 21,62% em relação a 2012. A maior parte dos registros, 2.344 casos, foi de avistamentos de animais na trajetória de aeronaves, condição que resultou em 1.625 colisões com aves, 114 colisões com outros animais e 517 quase colisões.
Um urubu, cujo peso médio é de 1,5 Kg, por exemplo, ao se chocar com uma aeronave a 300 km/h (na aproximação final), provoca um impacto de cerca de sete toneladas.
Dependendo da fase do voo e do ponto de colisão na aeronave, mesmo o impacto de um animal pequeno pode provocar sérios problemas e até resultar em acidente aeronáutico.
Figura 3 - Colisão entre avifauna e helicóptero
Figura 2 - Colisão com avifauna
A energia de impacto (E) gerada por uma colisão é proporcional à massa do animal (M), multiplicada pelo quadrado da velocidade da aeronave (V²) e dividida pela área (S) atingida (E=M.V²/S).
PreviNEBoletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região NordesteSegundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!!2SERIPA II
ano 3 - Edição nº 17 OUTUBRO de 2014
˜ Em 10 de novembro de 2013, um T-27 da Força Aérea Brasileira colidiu com um urubu-de-cabeça-preta em Salvador (BA). A ave quebrou o canopi do avião e atingiu o rosto do piloto, que perdeu a visão de um dos olhos. O piloto na nacele traseira conseguiu pousar a aeronave no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães.
Casos recentes de colisão com fauna no Brasil
˜ Em 30 de maio de 2014, uma anta atravessou a pista do aeródromo de Porto Urucu (AM) e foi atingida por uma aeronave ATR 42 que havia iniciado a decolagem. A tripulação decidiu prosseguir no voo até o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. Na aterrissagem, ocorreu a quebra do trem de pouso. Todas as 47 pessoas a bordo saíram ilesas.
Um caso conhecido ocorreu em 2009, em Nova Iorque, quando um Airbus A320 da empresa US Airways colidiu com gansos canadenses que entraram nas duas turbinas. Elas pararam de funcionar e a aeronave perdeu potência. Felizmente, o piloto teve habilidade para pousar no Rio Hudson, salvando a vida de 155 pessoas.
No Brasil, o trabalho do CENIPA é incentivar o reporte dos casos, a fim de manter o banco de dados nacional para direcionar ações preventivas.
Sempre que alguém avistar um animal perto de aeronaves, identificar uma carcaça na pista do aeródromo ou perceber uma colisão, deve informar ao CENIPA, por meio de um formulário online.(
)http://www.cenipa.aer.mil.br/ce
nipa/sigra/perigoAviarioExt
Figura 5 - T-27 atingido por um urubu
Figura 4 - Acidente com Airbus A320 em Nova Iorque
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prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!!3SERIPA II
ano 3 - Edição nº 17 OUTUBRO de 2014
Ações-chave no esforço pela redução do risco da fauna
1 Certifique-se de que todos os aeroportos têm um Plano de Gerenciamento de Risco da Fauna (PGRF) válido
Todos os aeroportos devem possuir um PGRF desenvolvido por biólogo especializado e treinado para o controle de fauna nesse tipo de ambiente. Uma vez que esse local muda constantemente, tais planos devem ser reexaminados no mínimo a cada dois anos com inspeções in loco.
2 Certifique-se de que todos os
a e r ó d r o m o s t ê m p e s s o a l
adequadamente t re inado e
equipado para as atividades de
controle da fauna
O gerenciamento de fauna nos
aeródromos é uma tarefa complexa
envolta em um conjunto de aspectos
legais, técnicos e sociais. A maioria
dos grandes aeroportos necessita de
um biólogo em tempo integral para
conduz i r t a re fas comp lexas
relacionadas à gestão da fauna no
local e em seu entorno. Os
aeroportos menores necessitam de
biólogos profissionais para fins de
consultoria e treinamento de pessoal
de operações nas técnicas mais
modernas de gerenciamento de
fauna.
3 Tolerância zero para animais
terrestres de grande porte dentro
da propriedade aeroportuária
Colisões entre aeronaves e animais terrestres de grande porte representam um risco iminente com potencial de causar lesões e morte aos ocupantes de aeronaves.
4 Participe do processo de zoneamento de áreas no entorno imediato dos aeródromos para minimizar focos de atração de fauna
Quando se pode garantir que o
zoneamento de áreas próximas aos
aeródromos é coerente com os
esforços dispendidos para reduzir a
presença de aves e animais
terrestres, torna-se menos provável o
aumento populacional de fauna
próximo ou dentro dos aeródromos.
O operador de aeródromo deve se
fazer ouvir quando da instalação de
at iv idades atrat ivas em sua
vizinhança imediata, bem como
coletar dados de focos atrativos
dentro da Área de Segurança
Aeroportuária (ASA).
5 Tolerância zero com recipientes
de lixo e entulho desprotegidos no
aeroporto
Recipientes de lixo e entulho que não são adequadamente protegidos podem se tornar uma fonte de alimento e abrigo para aves e outros animais. Ainda que esses animais não representem risco direto à aviação, o lixo pode servir de atrativo às espécies-problema.
6 Certifique-se de que o uso de dispositivos de afugentamento da fauna segue critérios adequados
O uso ind isc r im inado de
dispositivos de dispersão de fauna,
como canhões de gás e outros
equipamentos sonoros aumentará a
capacidade de adaptação dos
animais, reduzindo a efetividade
desses dispositivos.
Figura 6 - Colisão com fauna durante o pouso, em Correntina-BA
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prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!!4SERIPA II
ano 3 - Edição nº 17 OUTUBRO de 2014
9 Tolerância zero para aves
aquáticas dentro da propriedade
aeroportuária
Populações residentes de gansos
representam uma grave ameaça à
segurança das aeronaves (nos EUA),
por serem aves grandes e terem o
costume de se reunir em bandos. Por
analogia, no caso brasileiro, aves
aquáticas de maior porte com
tendência a formar bandos são um
risco concreto à aviação em
operação no aeródromo e em seu
entorno.
7 Promova continuamente os procedimentos de reporte de colisões com fauna ao Banco de Dados Nacional
Os reportes de colisão com fauna
fornecem dados valiosos para
biólogos, engenheiros aeronáuticos,
responsáveis pelo planejamento do
uso do solo, a fim de justificar e
desenvolver PGRF eficazes para
reduzir colisões com danos severos.
Tripulações, equipes de solo, pessoal
de manutenção e de gerenciamento
da Segurança Operacional nos
aeródromos devem ser encorajados
a reportar os detalhes de todas as
colisões confirmadas ou suspeitas.
10 Observações finais
O Doc 9137 AN/898 Airport
Services Manual, Part 3 Wildlife
Control and Reduction, emitido pela
Organização de Aviação Civil
Internacional em 2012, provê
informações para o gerenciamento
do risco de fauna. Apesar de
concentradas no operador de
aeródromo, é citada a necessidade
de integrar todos os stakeholders
aeronáut icos (operadores e
mantenedores de aeronaves, de
tráfego aéreo, além dos demais
i n teg ran tes da comun idade
aeroportuária, como empresas
terceirizadas) e os stakeholders
externos (no Brasil, o poder público
municipal, o responsável pelo uso do
solo no interior da ASA, e a
autoridade ambiental competente,
responsável pelo licenciamento de
atividades que atraem ou podem
atrair aves dentro da ASA de cada
aeródromo).
8 Tolerância zero para aves e outros animais se alimentando d e n t r o d a p r o p r i e d a d e aeroportuária
A presença de alimento tende a
atrair número maior de animais para
a área do aeródromo. Banir fontes de
alimento para animais dentro dos
l imites aeroportuários é uma
atribuição dos operadores de
aeródromos, não representando
violação a leis federais e tratados
internacionais que protegem
algumas espécies da fauna. Um
exemplo disso é a existência de
taxistas alimentando pombos no
estacionamento do aeroporto.
Figura 7 - Aves nas proximidades da pista de pouso
PreviNEBoletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região NordesteSegundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
prevenção, iNvestIGAÇÃO, Cuidar da Aviação é a nossa obrigação!!!5SERIPA II
ano 3 - Edição nº 17 OUTUBRO de 2014
Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº164, de 30 de maio de 2014, que trata do Gerenciamento do Risco da Fauna nos Aeródromos Públicos.
Lei nº12.725, de 16 de outubro de 2012, que dispõe sobre o controle da fauna nas imediações de aeródromos
Textos adaptados de:
Cenipa
Disponível em:<
>http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/index.php/component/content/article/1-comunicacao-
social/1181-%20%20risco-de-fauna-como-gerenciar . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Para saber mais:
Imagens:
Aerovisão nº 241 Jul/Ago/Set - 2014Disponível em: < >http://issuu.com/portalfab/docs/aerovisao_2014_241/0 . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Figura 1Disponível em: <
>http://www.ricardogauchobio.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2010/06/ext-2013-aula-03-
teste-01-urubu-avi%C3%A3o-.jpg . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Figura 2Disponível em: <
>http://www.mundogump.com.br/wp-content/uploads/2013/06/atlantic_southeast_delta_birdstrike-
590x420.jpg . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Figura 3Disponível em: <
>http://4.bp.blogspot.com/-a8XgFhSak4o/UPHAtelhADI/AAAAAAAAAao/y4tZJgdfNGk/s1600/ima
ges+(4).jpg . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Figura 4Disponível em: < >http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/foto/0,,16644237,00.jpg . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Figura 5Disponível em: < >http://issuu.com/portalfab/docs/aerovisao_2014_241/0 . (Acesso em 30 setembro de 2014)
Figura 6SERIPA II - Relatório Final Simplificado (SUMA) - 30/04/2014
Figura 7Disponível em:< >http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/images/stories/carcaras.jpg . (Acesso em 30 setembro de 2014)