50 Anos de Psicologia No Brasil a Construção Social de Uma Profissão

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    Psicologia: Cincia e Profisso

    verso impressaISSN 1414-9893

    Psicol. cienc. prof. vol.32 no.spe Braslia 2!12

    "##p:$$%&.%oi.org$1!.1'9!$S1414-98932!12!!!'!!!!(

    ARTIGO

    50 anos de Psicologia no Brasil: a construo social de

    uma profisso

    50 years of Psycology in Bra!il: te social construction of aprofession

    50 anos de Psicolog"a en Brasil: la construcci#n social de unaprofesi#n

    Odair $urtado%

    Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo

    Endereo para correspondncia

    R&'()O

    As profisses imperiais, assim Edmundo Campos Coelho, um sociloo dasprofisses, desina as profisses !enenheiro, m"dico e advoado# $ue seconstituram e foram as primeiras a anhar reulamentao a partir de %&'',

    primrdios da fase imperial (rasileira e momento $ue marca o incio dainstitucionali)ao e do reramento da vida dos (rasileiros depois da ruptura com ametrpole colonial* +nteressanos essa an-lise na medida em $ue nos a.uda a

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1414-9893&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#*ahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#endhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#*ahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#endhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1414-9893&lng=pt&nrm=iso
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    compreender como a Psicoloia constituiu a sua prpria institucionali)ao e comoela encontra espao social para avanar como profisso considerada necess-ria eimportante para os diversos campos em $ue atua* /enhuma profisso so(revive seno " considerada socialmente relevante e demandada pela populao* 0esse pontode vista, $ual a import1ncia social da Psicoloia e $ual seu futuro imediato no2rasil, considerando $ue estamos ultrapassando a (arreira dos '33 mil psicloos

    com reistro no sistema Conselhos de Psicoloia !aptos a atuaremprofissionalmente#4 +sso sinifica $ue atinimos o padro de co(ertura consideradoade$uado pela 5rani)ao 6undial de Sa7de para a nossa populao* 8emospsicloos suficientes para arantir o atendimento psicolico em todos ossementos da sa7de, do tra(alho, da educao, da 9ustia, dos meios decomunicao e de tantas outras -reas em $ue ho.e esse profissional est- inserido*Essa condio " suficiente para o $ue pretende a profisso, considerando as aesdas entidades de classe4 A populao foco dos servios prestados reconhece o valordessa profisso4 So $uestes $ue indicam a condio orani)ativa em $ue nosencontramos ho.e, cin$uenta anos depois da reulamentao da profisso* Essepatamar de nossa orani)ao e de nossa atividade profissional " indicativo dematuridade do campo profissional e, ao mesmo tempo, indicativo de $ue h- muito a

    se construir* 0i) a m7sica popular $ue, :se muito vale o $ue foi feito, mais vale o$ue vir-:* 5 $ue nos reserva esse futuro e $ual a potncia dessa profisso " o $uediscutiremos a seuir*

    Pala*ras+ca*e:;istria da Psicoloia 2rasil, choloists =ho are reistered in the @ederal Ps>cholo> Council !=ho are a(le to=or#4 8hat means that =e have reached the amount of attendance the Borld

    ;ealth 5rani)ation considers appropriated for our population* Be have enouhps>choloists to attend our population in the health, =or, education, .ustice, mediaand in so man> other areas =here this professional is re$uired* +s this enouh for=hat the class entities of the occupation intend4 8he population =ho is attendedreconi)es the importance of the occupation4 8hese su(.ects indicate theorani)ative condition =e have toda>, ears after the reulamentation of theoccupation* 8his level of orani)ation and =or indicates the maturit> of theprofessional field and also that there is a lot to (uild* 8here?s a son that sa>s that:if it is =orth=hile =hat has (een done, it?s more valua(le =hat =ill come:* Be?lldiscuss no= =hat the future =ill (rin us and =hat is the efficienc> of thisoccupatio.

    -ey.ords:;istor> of ps>cholo>, ears of ps>cholo>, Social construction ofps>cholo>*

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    R&'()&/

    as profesiones imperiales, as Edmundo Campos Coelho, un sociloo de lasprofesiones, desina las profesiones !ineniero, m"dico > a(oado# $ue seconstitu>eron > fueron las primeras a ser relamentadas a partir de %&'', aprincipios de la fase imperial (rasileDa > momento $ue marca el inicio de lainstitucionali)acin > del relamento de la vida de los (rasileDos despu"s de laruptura con la metrpolis colonial* /os interesa ese an-lisis en la medida en $uenos a>uda a comprender cmo la Psicoloa constitu>e su propia institucionali)acin> cmo ella encuentra espacio social para avan)ar como profesin consideradanecesaria e importante para los diversos campos en $ue act7a* /inuna profesinso(revive si no es considerada socialmente relevante > demandada por lapo(lacin* 0esde ese punto de vista, cu-l es la importancia social de la Psicoloa> cu-l es su futuro inmediato en el 2rasil, considerando $ue estamos ultrapasandola (arrera de los '33 mil psicloos con reistro en el sistema de Conse.os dePsicoloa !aptos a actuar profesionalmente#4 Eso sinifica $ue alcan)amos el

    est-ndar de co(ertura considerado adecuado por la 5rani)acin 6undial de laSalud para nuestra po(lacin* 8enemos psicloos suficientes para aranti)ar elatendimiento psicolico en todos los sementos de la salud, del tra(a.o, de laeducacin, de la 9usticia, de los medios de comunicacin > de tantas otras -reas en$ue ho> ese profesional est- inserido* Es esa condicin suficiente para lo $uepretende la profesin, considerando las acciones de las entidades de clase4Feconoce la po(lacin foco de los servicios prestados el valor de esa profesin4Son cuestiones $ue indican la condicin orani)ativa en $ue nos encontramos ho>,cincuenta aDos despu"s de la relamentacin de la profesin* Ese nivel de nuestraorani)acin > de nuestra actividad profesional es indicativo de madure) del campoprofesional >, al mismo tiempo, indicativo de $ue ha> mucho a ser construido* 0icela m7sica popular $ue, :si mucho vale lo $ue fue hecho, m-s vale lo $ue vendr-:*

    o $ue nos reserva ese futuro > cu-l la potencia de esa profesin es lo $uediscutiremos a seuir*

    Pala*ras cla*e:;istoria de la Psicoloa, Cincuenta aDos de la Psicoloa,Construccin social de la Psicoloa, 0imensiones su(.etivas de la realidad*

    Comemoramos, em '3%', os cin$uenta anos da reulamentao da Psicoloia no2rasil* G dispens-vel di)er $ue a Psicoloia (rasileira no comeou nessa data, a dapromulao da lei, e $ue ela " uma profisso centen-ria* 8am("m " dispens-veldi)er $ue no h- um locus fundador, um incio retum(ante, mas um processo $uese instala lenta e radualmente, conforme as eHincias sociais e as confluncias denovos e velhos sa(eres, desco(ertas, oportunidades* 5s historiadores da Psicoloia(rasileira, particularmente 6assimi !%I&J, %II3, %III# e Antunes !%III, '33K#,defendem a tese de $ue havia no 2rasil um sa(er psicolico antes da cheada daPsicoloia cientfica como ela(orada em solo europeu* Podemos eHaerar essa teseafirmando $ue havia um sa(er psicolico mesmo antes da cheada do coloni)ador*Evidentemente, arantidas todas a ressalvas de cunho cultural e antropolico,

    havia um sa(er psicolico entre os tupisuaranis $ue nada tinha a ver com aPsicoloia europeia, mas $ue tratava da compreenso da su(.etividade dos povos$ue ha(itavam estas terras antes da ocupao do solo (rasileiro pelos portuueses,

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    um sa(er $ue no foi reistrado e $ue nos chea atrav"s dos povos remanescentese das peculiaridades presentes em nossa cultura, uma cultura nera, indena e(ranca europeia, $ue ho.e conta com a contri(uio dos imirantes europeus easi-ticos*

    /o 2rasil se d- um processo diferente do ocorrido no 6"Hico, no Peru e na 2olvia,

    para citar locais $ue tam("m foram ocupados e coloni)ados* /esses, a populaoindena passou a fa)er parte, de maneira sinificativa, da composio "tnica dapopulao, e os sa(eres dessas culturas foram interados de forma maissistem-tica e constante do $ue no caso (rasileiro* Perdemos essa ri$ue)a e nosa(emos como identific-la, claramente, na nossa cultura, assim, resta Ls nossashistoriadoras (uscar referncia na produo intelectual reistrada durante o perodocolonial*

    A orani)ao tardia das profisses universit-rias, dadas as condies em $ue eramantida a colMnia pelo imp"rio portuus, " respons-vel direta pelo atraso dodesenvolvimento de massa crtica em solo (rasileiro* Somente os filhos doscoloni)adores a$ui residentes, e os mais ricos, tinham aluma possi(ilidade de

    estudos mais avanados, e, mesmo assim, em Portual ou em outros paseseuropeus* @oi a transferncia da sede da corte portuuesa, em %&3&, para o 2rasilo fato $ue alterou r-pida e profundamente essa realidade* /a condio de novasede da monar$uia portuuesa, foi necess-ria uma mudana radical na poltica decoloni)ao eHercida por Portual no 2rasil, $ue era de eHplorao da ri$ue)anatural e de uso da aricultura* ;avia a proi(io do esta(elecimento da imprensa!no se permitia a impresso de livros#, a proi(io da instalao de ind7strias emsolo (rasileiro e uma condio prec-ria de educao !os .esutas foram osrespons-veis pelo ensino desde %

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    viaem* ;iplito era o 7nico redator do peridico, e manteve o .ornal funcionandode %&3& a %&'', ano da sua morte*

    5 terceiro caso, mais em(lem-tico ainda, " o de 9os" 2onif-cio de Andrada e Silva,conhecido como Patriarca da +ndependncia do 2rasil* /ascido em %NJQ, emSantos, filho de famlia aristocr-tica portuuesa, tam("m estudou em Coim(ra,

    tendo desenvolvido sua carreira em Portual e via.ado e estudado em v-rios pasesda Europa* 6inistrou aulas em Coim(ra so(re mineraloia e tra(alhou nessa -reapara a coroa portuuesa at" o seu retorno ao 2rasil, em %&%I* 9os" 2onif-cio teveenorme import1ncia na constituio do +mp"rio (rasileiro, pois influenciou o reinadode Pedro + e participou da fase inicial do reinado de Pedro ++* /a coleo de o(rasdenominadas Pro.etos para o 2rasil !%II, podemos ter ideia da formulao de umpensamento orani)ado e inspirado pelo iluminismo francs, $ue pro.etava um2rasil independente*

    8ratase de um conservador e de dois li(erais $ue tiveram, ao seu modo,import1ncia na transio para a constituio de um overno (rasileiro, o Primeiro+mp"rio, e $ue eram esclarecidos o suficiente para considerar as condies de um

    2rasil independente* As histrias pessoais demonstram as condies prec-rias dacolMnia e o modo portuus de eHplorao econMmica* 5s portuueses estavama$ui de passaem, e os nascidos a$ui, os nativos e os africanos escravi)ados,eram, deli(eradamente, mantidos em condies prec-rias, tratados comdesconfiana, sem acesso a $ual$uer tipo de realia da nascente modernidade(uruesa* Considerando a pe$uena densidade demor-fica, %' milhes deha(itantes em %&&K !Beffort, '33J#, o Pas era tido como :uma nao sempovo:*

    Parte dessa condio prec-ria " fruto da decadncia vivida pelos i("ricos aps afase de apoeu representada pela ocupao das colMnias ultramarinas e pelodomnio da naveao de lona dist1ncia* Assim se eHpressa Beffort, citando

    Fichard 6orseR

    *** As colMnias anlosaHMnicas e i("ricas foram, em seu tempo, duas :opes? deentrada do mundo para a modernidade* @ormadas em um lono perodo $ue seestende do s"culo ++ ao ++, essas duas tradies, a i("rica e a anlosaHMnica,teriam surido :de uma matri) moral, intelectual e espiritual comum? !'33J, p*'3#

    Ainda de acordo com o autor, os ventos da contrarreforma e o esotamento domodelo colonialeHpansionista levaram o modelo ao esotamento* :Em(oraPortual e Espanha tenham desco(erto e inauurado o /ovo 6undo, estavamcondenados a ser pases menores, pouco mais do $ue entrepostos da nova etapacomercial do desenvolvimento capitalista europeu* 5s efeitos dos vcios de oriem

    permaneceriam por muito tempo como um entrave cultural para o desenvolvimentodos pases i(eroamericanos: !Beffort, '33J, p*'N#* 6esmo assim, por condiespeculiares, a Am"rica espanhola avanou mais $ue a Am"rica portuuesa*Continuando com a an-lise de Beffort, falando de PortualR

    Al"m da intoler1ncia reliiosa, havia a an1ncia aventureira de ri$ue)as e poder porparte da no(re)a, e uma mentalidade medieval incapa) de entender a iniciativa $uevisa ao lucro* 0esse modo, as atividades capitalistas e artesanais tendiam a sermonopoli)adas por rupos relativamente fechados T al"m dos :cristosnovos?, osestraneiros, so(retudo inleses, franceses e holandeses T $ue leal ou ilealmentefa)iam em is(oa ou em Sevilha (oa parte do com"rcio eHterno peninsular !'33J,p*'J#

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    So essas as condies materiais, econMmicas, polticas e culturais $ueencontramos no 2rasil na "poca de sua independncia* E so elas $ue iro orientara construo do Estadonao (rasileiro* Parte da precariedade, como .- apontamos,foi superada pela transferncia da corte portuuesa para o 2rasil em %&3&* Sem aalternativa de Coim(ra ou de outras universidades europeias, foi necess-rio a(rircondies imediatas para a elite portuuesa instalada no 2rasil continuar usufruindo

    de suas (enesses* @oi assim $ue nasceu o curso de 6edicina e o de Enenharia, e,loo depois, .- no perodo imperial (rasileiro, os cursos de 0ireito* 6ais adiante, aescola de 2elasArtes complementa o circuito da possi(ilidade de formaouniversit-ria em solo (rasileiro* A a(ertura dos portos e a li(erao da imprensaarantem o futuro contato com o mundo* /esse momento, podemos di)er, nascemas profisses universit-rias (rasileiras, de forma inconsistente, prec-ria, eliti)ada e$ue ainda dependiam da formao de seus melhores $uadros noeHterior*Continuamos sem autonomia cientfica, sem poltica de Estado edependentes das fiuras da elite e de sua vontade de melhorar as condies devida dos (rasileiros, $ue enatinhavam na constituio de um povo $ue, na "poca,era sementado entre os no cidados !neros escravi)ados e ndios# e os po(res!li(ertos, mestios e (rancos $ue no estavam liados Ls elites#*

    A meno aos fatos histricos $ue determinam o aparecimento e odesenvolvimento das profisses universit-rias no 2rasil no representa intenodiletante ou vi"s historicista, mas demarca $ue a oriem dessas profisses temforte apelo elitista e desenvolvese em um am(iente em $ue essa elite " prec-ria edependente de sua matri), principalmente de Portual, mas, prioritariamente, daEuropa culta e desenvolvida*

    5 final do s"culo +++ e o decorrer do s"culo + testemunharam, em soloeuropeu, um rande avano do modo (urus de orani)ao do Estado, e ainstalao da rep7(lica (uruesa, com seus princpios de um Estado protetor edistri(utivo !mesmo considerando a eHplorao de classes do nascente capitalismo

    como forma de acumulao de ri$ue)a#, propiciou real avano das cincias eorani)ou as profisses cientficas e universit-rias* G curioso pensar $ue o 2rasil,situado na periferia do mundo nessa "poca, com reais dificuldades de acesso, $ueera deficiente, demorado e perioso !se a em(arcao no naufraasse em umatormenta, se no fosse a(ordada por piratas e se no fosse atinida pelo escor(uto,cheavase ao destino# e com prec-rias condies de vida !o Fio de 9aneiro erauma cidade insalu(re, e So Paulo, uma vila)inha $ue servia de entreposto para osvia.antes $ue vinham de SantosVSo icente#, estivesse em contato com osavanos da cincia moderna* 6as isso acontecia, e a demora nas comunicaes noera empecilho para a cheada do modelo europeu de orani)ao e deinstitucionali)ao do sa(er%* A aplicao das ideias li(erais de Adam Smith peloisconde de Cairu na incipiente administrao p7(lica (rasileira nos mostra como

    isso era possvel, em um misto de ousadia e precariedade, precariedade pela faltade um modelo a su(stituir, pela forma distorcida como foi apresentada ao iscondea o(ra A Fi$ue)a das /aes e pela ousadia de (uscar o novo no luarimponder-vel* Com a criao dos cursos superiores de 6edicina, Enenharia e0ireito, esse comportamento ousado se ampliou, e novos personaens aparecemno cen-rio das rec"minauuradas cincias (rasileiras, evidentemente, fruto danascente orani)ao do Estado (rasileiro e da consolidao do +mp"rio e dooverno de 0* Pedro ++*

    O surgimento das profisses no Brasil

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#1ahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#1a
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    imos $ue o $uadro de precariedade do 2rasil colMnia e a dura transio para umaordem instituda $ue vai da nossa +ndependncia at" o fim da Primeira Fep7(lica !aFep7(lica elha $ue se encerra com a revoluo de %IQ3# no cola(orava paraarantir ao 2rasil as condies estruturais necess-rias para o seu desenvolvimento*8udo a$ui cheou tardiamenteR a industriali)ao, a formao, o saneamento*Sinteti)ando, a orani)ao capitalista no vice.ava nestas plaas, a despeito de

    termos servido para o ac7mulo de ri$ue)a $ue a produ)iu na Europa e de termosaparecido so( o sino da modernidade !no havia feudalismo no 2rasil#* Assim,nossas profisses aparecem como ocupaes, demandadas pela necessidade, com odesenvolvimento ur(ano de Salvador, do Fio de 9aneiro e de 5uro Preto* 5enri$uecimento das famlias no(res $ue eHploravam a aricultura, a pecu-ria e aminerao passou a eHiir um padro mais sofisticado de vida, e foi preciso tra)erartesos especiali)ados em construo e (uscar o desenvolvimento de materiaiscompatveis com o tipo de ar$uitetura i("rica* 5 enri$uecimento dessas famlias eda +re.a Catlica levou L construo de ire.as mais suntuosas, e isso propiciou odesenvolvimento da arte sacra e a formao de artistas (rasileiros, como foi o casode Alei.adinho* A edificao, a metaluria, o ramo tHtil e a ind7stria de alimentoseram setores $ue eHiiam ente especiali)ada e $ue definiam a ocupao para um

    semento social $ue no era escravi)ado e no era no(re* 5rani)avase umcampo de profissionali)ao atrav"s das ocupaes $ue se reali)avam no cotidianodas cidades*

    At" ho.e vemos, no campo brasileiro, a pr-tica da construo com paredes de(arro* So as casinhas de pau a pi$ue, construdas pelos nossos sertane.os, $ueso feitas a partir de madeira fina e rolia recolhida no mato, de (arro amassado ede palha* Esse tipo de construo " confeccionado pelo prprio morador, e noeHie a contratao ou a a.uda de pessoal especiali)ado* 5s casares coloniais docentro do Fio de 9aneiro, do Pelourinho, em Salvador, e do compleHo ur(anstico de5uro Preto so muito sofisticados e eHiem pessoal muito $ualificado para a suaconstruo, $ualificao e sa(er constitudos at" a$uele momento $ue estavam

    concentrados na fiura do arteso, do pr-tico em construes $ue se ocupavadesse servio, $ue foi tra)ido de Portual e $ue a$ui ensinou a (rasileiros o ofcioWofcio e ocupao, assim nascem as profisses entre ns*

    Evidentemente, nossa elite, carente de um status maior $ue permitisse compar-laL aristocracia europeia, no se deiHaria confundir com uma dimenso de tra(alho$ue as remetesse ao nvel do fa)er cotidiano*'Assim, as profisses de formaouniversit-ria passam a ser chamadas, a$ui no 2rasil, de profisso e loo depois deprofisses li(erais, e as $ue no eHiem formao universit-ria e so ad$uiridas napr-tica do ofcio passam a ser desinadas de ocupao* Edmundo Campos Coelhofa) uma (oa discusso so(re isso, apoiado em arumentos do sociloo Banderle>Xuilherme dos Santos* Para o autor, nada separa o termo profisso de ocupao,

    entretanto, no 2rasil, destinouse o termo ocupao para as atividades consideradassu(alternas, e profisso para a$uelas atividades $ue eHiiam curso superior e $uepassavam por reulamentao do Estado* 0e acordo com o autor, em %&Q&, com o+mp"rio (em instalado, ainda no havia um mercado li(eral para m"dicos,enenheiros e advoados* A populao da cidade do Fio de 9aneiro, metrpole ecapital do +mp"rio, :era :feia e su.a?, seundo todos os cronistas da "poca*** osescravos eram Q&O da populao: !%III, p* N'#* Assim, no havia cidados emcondies de paar consultas $ue mantivessem um mercado consistente para essesprofissionais*Q5s demais, com (aiHa renda ou sem renda nenhuma, caso dosescravos, simplesmente no eram atendidos* Somente a partir de %&N3, com asmelhorias ur(anas instaladas na cidade do Fio de 9aneiro e nas capitais deprovncias, " $ue essa histria se transforma, essas profisses con$uistam seumercado e seus interantes passam a ter rendimento de desta$ue, consolidando ostatus $ue mantm at" os dias de ho.e*

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#2ahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#3ahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#2ahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt#3a
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    Essa " a nossa matri) profissional, tanto do ponto de vista econMmico, a partir davenda de servios de forma li(eral T $ue sinifica diretamente ao p7(licointeressado T ou na forma assalariada T como ocorreu principalmente com osenenheiros e tam("m com os advoados e com os m"dicos T $uanto do ponto devista do prestio, na forma como su(.etivamente as profisses so valori)adassocialmente* /esse ponto, so as relaes sociais e as formas de troca sim(lica

    entre eHtratos da populao $ue demarcam diferenas de classes no apenas apartir da relao com a produo mas tam("m a partir do modo de vida, e $ue, deacordo com 2ourdieu !'33N#, arantem a constituio de ha(itus $ue indicam o $ueo autor denomina distino, e $ue temos tra(alhado como dimenses su(.etivas darealidade !@urtado, '33', '3%%W @urtado Y Svartman, '33I#* Para melhor eHplicitaressa posio de 2ourdieu, importante para a avaliao do caminho su(.etivopercorrido pelas profisses li(erais no 2rasil, citamos o prprio autorR

    5corre $ue s pode haver uma verdadeira compreenso das diferenas, Ls ve)esimensas, $ue separam cateorias, apesar de sua proHimidade no espao o(.etivo Ttais como os artesos ou os aricultores e os contramestres ou os t"cnicos T, se forlevada em considerao, al"m do volume e da estrutura do capital, a evoluo no

    tempo dessas propriedades, ou se.a, a tra.etria social do rupo em seu con.unto edo indivduo considerado e de sua linhaem, $ue se encontra na oriem darepresentao su(.etiva da posio o(.etivamente ocupada* Uma das caractersticasmais determinantes das escolhas polticas reside, efetivamente, no fato de $ue elasfa)em intervir, mais $ue todas as outras escolhas T mais, so(retudo, $ue asescolhas o(scuras e profundas do ha(itus T, a representao mais ou menoseHplcita e sistem-tica $ue o indivduo tem do mundo social, assim como da posio$ue ocupa e :deveria? ocupar nele, e o discurso poltico, $uando eHiste en$uantotal, limitase a ser, na maior parte das ve)es, a eHpresso mais ou menoseufemi)ada e universali)ada T e sempre irreconhecvel para $uem o pronuncia Tdessa representao: !2ourdieu '33N, p*K'K# !rifos do autor no oriinal#*

    0evo esclarecer $ue 2ourdieu no est- analisando o fenMmeno das profisses nacitao acima, e sim, o fenMmeno da escolha poltica a partir de representaesconstrudas atrav"s de determinadas posies sociais assumidas pelos atoresWademais, sua an-lise referese no somente a uma condio contempor1nea, comoele fala de como esse fenMmeno ocorre na @rana nos anos N3* Entretanto,interessanos como o autor tra(alha a dimenso su(.etiva !mesmo noacompanhando o autor em suas referncias analticas#, $ue nos serve para apontar,a partir da definio do valor da profisso li(eral no 2rasil, a posio $ue ocupamessas profisses nos dias atuais e como mantm entre si a hierar$uia $ue notamosnas disputas de mercado e de prestio social* e.a o $ue ocorre com a Ar$uiteturae a Enenharia e, principalmente, com os valores $ue mo(ili)am toda a disputapromovida pelo pro.eto de lei conhecido como Ato 6"dico* Como se ainda

    vivssemos no perodo imperial, a corporao m"dica (usca, at" o momentoinfrutiferamente, esta(elecer uma hierar$uia entre a 6edicina e as demaisprofisses da sa7de, eHiindo $ue as pessoas $ue (uscam atendimento em umadelas passem inicialmente pelo dianstico m"dico* Consideram $ue somente om"dico est- ha(ilitado para reali)ar um dianstico no campo da sa7deW do $ue setrata, a no ser de manuteno do prestio ad$uirido socialmente pelos m"dicos !e$ue no est- adaptado aos modos atuais das pr-ticas profissionais# e da proteocorporativa do mercado de tra(alho na forma de reserva o(riatria de caros efunes4

    5 fato " $ue nos referimos L matri) $ue produ)iu o valor areado L posio socialdas chamadas profisses imperiais T m"dico, enenheiro e advoado T no curso da

    constituio da ordem social (rasileira* 5 desenvolvimento social das demaisprofisses universit-rias seuiu essa mesma matri), mas encontrou um mundo,podese di)er, mais profissionali)ado, mais orani)ado do ponto de vista das

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    atividades desenvolvidas pelos profissionais das diferentes ocupaes socialmentedefinidas* A$ui se encontra, entre outras, a Psicoloia*

    A Psicologia como profisso

    A despeito de todo o rior histrico presente nas pu(licaes so(re a presena daPsicoloia no 2rasil e de alentada discusso so(re o $ue seria seu momento inicial,vamos considerar $ue o desenvolvimento da -rea como cincia e profisso devemuito L orani)ao do campo universit-rio* A formao sistem-tica de $uadrosnas faculdades de @ilosofia, Cincias e etras do Fio de 9aneiro, 2elo ;ori)onte, SoPaulo e Fecife !entre os principais centros de formao# e o desenvolvimento depes$uisas e de divulao das correntes e das teorias desenvolvidas nos principaiscentros produtores de conhecimento na primeira metade do s"culo foramdecisivos para a construo e a divulao do sa(er e da pr-tica psicolica*K

    9- vimos a$ui mesmo e sa(emos $ue esse campo universit-rio foi orani)adotardiamente, mas $uando orani)ado !considerando $ue as primeiras universidadespassaram a funcionar a partir de %IQ3#, apropriouse do $ue havia de maisavanado e desenvolvido nas universidades americanas e europeias* Al"m do mais,temos $uadros eHperimentados formados na @ilosofia, na educao e na 6edicina$ue se interessam pelo fenMmeno psicolico e constroem essa atividadeprofissionalW temos, ainda, a demanda social, $ue aora passa a ser produ)ida commaior definio* As empresas se espelham no modelo internacional avanado e$uerem aplicar a nova onda motivacional e a demanda eHpertise so(re o assunto* 5avano do ensino p7(lico e as novas tecnoloias de ensino pedem um novotratamento para o fracasso escolar, e a divulao dos tratamentos eHitosos para osofrimento ps$uico inspira profissionais a eHerclos na clnica e a responder L

    demanda da prpria sociedade*

    Assim, cheamos ao final da d"cada de

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    pessoa $ue no se.a m"dica de reali)ar partos, e foi o $ue fi)eram, (uscando aproi(io do Curso Superior para @ormao de 5(stetri)es, na USPeste* Por suave), essa nova profisso, $ue foi incorporada pela Enfermaem, $uer tirar dovern-culo o termo parteira, e, $uando vencer a resistncia m"dica, poder- seuir omesmo caminho, (uscando criminali)ar a pr-tica das parteiras sem curso superior*

    As profisses ad$uirem prestio e so valori)adas de acordo com a necessidadesocial de suas funes e conhecimentos* Assim ocorreu com a Psicoloia* Zuandoreulamentada, em %IJ', .- era uma profisso

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    fornecidos a essa mesma pu(licao do C@P, Fevista Cincia e Profisso, em %II',em comemorao aos Q3 anos da reulamentao da nossa profissoR

    6arcos AntMnio Chaves !Presidente do C@P na "poca dessa pu(licao#JR

    \*** 6as a primeira orani)ao representativa da profisso suriu em %I

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    passou pelos overnos de 9uscelino ]u(itschec e 91nio Zuadros e o pro.eto foiaprovado no de 9oo Xoulart* 5s a7chos sempre deram muita fora\*

    ;alle> 2essa !psicloo e psi$uiatra mineiro#R

    \Anteriormente L promulao da ei n[ K*%%I, de %IJ', a profisso de psicloovinha sendo eHercida no 2rasil por profissionais formados no eHterior e por maisa$ueles $ue, tendo reali)ado a$ui cursos superiores, especialmente nas -reas daeducao, da @ilosofia e das cincias sociais, passavam a tra(alhar em instituiesonde aplicavam a Psicoloia, complementando, dessa forma, no prprio tra(alho, asua formao acadmica !Anelini#N*

    @icou reservado aos educadores o maior interesse* em(remse de oureno @ilho,/oemi Silveira Fufolfer e ;elena Antipoff no apenas na educao mas tam("m nas-reas do tra(alho e da clnica*

    /a ineHistncia da leislao especfica $ue oferecesse a arantia e a seuranapara o eHerccio independentemente da profisso $ue a lei de %IJ' veio tra)er,a$ueles $ue se dedicavam L Psicoloia o fa)iam atrav"s do maist"rio ou dealuma instituio educacional, assistencial ou hospitalar, ou mesmo em servio deseleo, treinamento e orientao profissional !SE/A+, SE/AC, +S5P8, S5SP eoutros conneres !conforme Anelini#*

    Entidades de Psicoloia, como a Associao 2rasileira de Psicoloia, a Associao2rasileira de Psicoloia Aplicada, a Sociedade de Psicoloia de So Paulo e aSociedade 6ineira de Psicoloia, isolada, con.unta ou solidariamente seempenharam .unto aos poderes EHecutivo e eislativo para procurar demonstrar$ue o desenvolvimento social e as aplicaes da Psicoloia $ue .- se verificavam na"poca !

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    A reulamentao da profisso veio referendar e delimitar, sim(olicamente, aeHistncia desse domnio t"cnicocientfico* A definio leal ", portanto, umreistro histrico dos dois movimentos $ue lhe deram oriemR o movimento socialde proressiva racionali)ao das funes a serem desempenhadas nas modernassociedades industriais, entre as $uais se insere o con.unto de funes atri(udas aopsicloo, e o movimento dos profissionais .- ena.ados na pr-tica em (usca do

    reconhecimento e de seurana para eHercer a profisso*

    A comemorao destes Q3 anos !%II'# de eHistncia oficial da profisso provoca arefleHo so(re o sentido dos sa(eres e pr-ticas $ue tm uiado a atuao dacomunidade dos psicloos ao lono destas trs 7ltimas d"cadas no 2rasil* Comoparticipante do movimento de implantao da profisso nesse perodo, primeirocomo estudante, entre %IJI e %INK, e depois como professora, pes$uisadora eorientadora de tra(alhos de eHtenso no Curso de Psicoloia da U@6X, creio $ueposso dar um depoimento pessoal so(re nossa evoluo\*

    5s depoimentos corro(oram o fato de $ue a reulamentao parte do rupo deprofissionais e acadmicos da Psicoloia $ue (uscam o reconhecimento da

    corporao e tam("m a ela(orao de um protocolo $ue permitisse a formaoautMnoma, em cursos independentes e especficos de Psicoloia, um rupo deprofissionais $ue (uscavam a construo da identidade profissional de umacateoria em formao* 5s pedaoos no o(tiveram a reulamentao daprofisso at" ho.e, mas, antes de %IJ', eram formados em cursos especficos $uelhes arantiam autonomia* 5s psicloos eram formados em outros cursos citadospelos depoentes, e a Psicoloia era eHercida pelo profissional $ue por ela seinteressasse e se sentisse capa) ou fosse, pelas circunst1ncias, compelido a eHercla* A (usca de arantias e de proteo corporativa e a constituio de um campo dedistino $ue seria produ)ido com o reconhecimento social da profisso !a$uele $ueidentificamos $uando informamos a um interlocutor $ue somos psicloos# e, porfim, a autonomia acadmica !deiHar de ser apndice de outras disciplinas# so os

    mveis centrais da (usca da reulamentao*

    Surpreende o fato de a lei da reulamentao T a n[ K%%IVJ' T ter sido aprovadacom o mencionado desconhecimento da pr-tica da Psicoloia pelo leislador e dadaa resistncia, principalmente dos m"dicos, ao reconhecimento e L autonomia de umsa(er $ue, em parte, consideravam do seu campo !particularmente a clnicapsicolica#* ale considerar $ue a ei n[ K%%IVJ', como vimos pelo depoimento de5s=aldo de 2arros, foi considerada uma rande e ampla vitria para a cateoria* Aprofisso de psicloo passou a eHistir lealmente a partir dessa data

    A profisso 50 anos depois

    A estrat"ia do rupo $ue, no final dos anos de

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    novo estilo de vida proporcionado pelas novas relaes de tra(alho eHacer(ou oindividualismo .- presente no estilo de vida do psuerra, e, ao mesmo tempo,com o crescimento eHponencial da tecnoloia da informao, propiciou a troca deum campo de valores tradicionais para o da mudana constante como sm(olo damodernidade* 5s processos su(.etivos passaram a ser pautados pelos meios decomunicao e transformaramse em mercado de consumo nas mais diferentes

    formasR dos talsho=s aos proramas estilo (i(rother, dos livros de autoa.udaaos encontros de rupos motivacionais, das reliies meditativas Ls pr-ticas deterapias alternativas, enfim, da cotidiani)ao da contracultura e dainstitucionali)ao da (usca interior, colocaram a su(.etividade na ordem do dia, e aPsicoloia era o campo cientfico e profissional mais $ualificado para atuar e parafalar so(re esse assunto* Assim, nossos pioneiros sou(eram aproveitar o )eiteist$ue estava ainda em formao e anteciparamse L onda su(.etivista $ue perduraat" nossos dias*

    Uma das polticas centrais do perodo de ditadura militar foi a de ampliarrapidamente o inresso nas universidades, e, na falta de vaas p7(licas,incentivaram o setor privado a assumir o d"ficit de vaas do ensino universit-rio*

    ivemos, na d"cada de N3, loo aps a promulao da ei da FeformaUniversit-ria, um (oom de crescimento do setor privado na educao superior, e aPsicoloia foi um dos cursos presentes na a(ertura das novas +ES* 5 empres-rio daeducao, $ue (uscava mais o investimento $ue um prorama cientfico, no(rincava em servio, e perce(eu $ue, entre os cursos mais procurados, estaria aPsicoloia* A demanda de vaas di)ia respeito ao 0ireito, L Pedaoia, LAdministrao de Empresas e L PsicoloiaW a Enenharia e a 6edicina permaneciamcontroladas, principalmente a 6edicina, como " at" ho.e* Al"m disso, muitas outrasprofisses foram criadas nesse perodo, e alumas raas ao faro mercadolicodos empres-rios da educao*

    em(rando $ue a ;istria no tem car-ter mani$uesta, aluns dos cursos de

    Psicoloia privados $ue haviam sido a(ertos nesse perodo comearam de formamercantil e foram mudando com o seu desenvolvimento, e transformaramse maistarde em cursos de $ualidade* 5utros permaneceram formando profissionais semcapacidade para ir al"m de uma reproduo t"cnica da Psicoloia, e outrosaca(aram sendo inovadores* G preciso salientar $ue as universidades p7(licas, asuniversidades catlicas e as comunit-rias foram as uardis da $ualidade do ensinoe da pes$uisa, e o primeiro momento de a(ertura indiscriminada foi aos poucossendo controlado* Em eral, os .ovens professores contratados pelas escolasprivadas eram oriundos de cursos de (oa $ualidade, e lutavam para levar e arantiressa $ualidade nas +ES $ue os contratavam* 6as o fato $ue prepondera " $ueaumentou consideravelmente o n7mero de psicloos formados a partir de %IN3*

    Seria difcil imainar $ue esse fenMmeno ocorreria $uando, entre %I

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    A$ui reside nossa fora e nosso pro(lema, e a cateoria precisa enfrentar essedilema para se firmar definitivamente como uma profisso madura como condiopara enfrentar os prHimos

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    relatrio estatstico !produ)ido pela @undao SEA0E#, $ue revelou $ue N3,

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    profisso na sua fase reulamentada* ivemos em um pas sa(idamente deprofundas diferenas sociais, e ainda ho.e temos mais de '3 milhes de pessoas$ue vivem a(aiHo da linha de po(re)a, e a maioria das famlias " po(re*

    Em '33&V'33I, de acordo com pes$uisa do +2XE !Pes$uisa de 5ramento @amiliar'3%3#, J3,JO das famlias (rasileiras tinham renda mensal at" F_%*'K

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    foram criadas in7meras associaes cientficas, profissionais e sindicais $ueorani)aram a produo do conhecimento cientfico, $ue revelaram as novidades eas possi(ilidades profissionais, $ue defenderam o espao de tra(alho do psicloo*

    Ca(e ressaltar o papel do @rum da Entidades /acionais da Psicoloia 2rasileira T@E/P2 , $ue se transformou atualmente no principal orani)ador desse campo, e o

    do Conselho @ederal de Psicoloia, $ue, nestes 7ltimos anos, vem tra(alhando naconstruo de uma aenda para a profisso e fa)endo esforos para mostrar a carada Psicoloia (rasileira* Fessalto o tra(alho reali)ado pelo CFEP5P comoparticularmente destacado no esta(elecimento de par1metros para a profisso, e areali)ao da 1 e da 2 Mostra Nacional das Prticas em Psicologia, $uerepresentou !e representar-# um marco para a -rea no 2rasil* @oi a 6ostra $uepermitiu vislum(rarmos a mudana de rumo dessa cateoria e sua vontade deconstruir uma Psicoloia com compromisso social* Essa " a real alternativa para aprofisso e sua real possi(ilidade de se constituir como uma profisso de desta$uee indispens-vel para a populao (rasileira*

    Refer1ncias

    Andrada e Silva, 9* 2* !%II* Projetos para o rasil!So PauloR Cia das etras* insb

    Amsden, A* ;* !'33I#*" ascenso do #resto#: os desafios ao ocidente deeconomias com ind$striali%a&o tardia!F* 6* dos Santos, trad*#* So PauloR U/ESP* insb

    Antunes, 6* A* 6* !%III#*" psicologia no rasil: leit$ra 'ist(rica sobre s$a

    constr$&o!So PauloR E0UCVU/+6AFC5* insb

    Antunes, 6* A* 6* !5r*#* !'33K#* )ist(ria da psicologia no rasil: primeirosensaios* Fio de 9aneiroR Eduer.* insb

    2astos, A* * 2*, Xodim, S* 6* X* !5rs*#* !'3%3#* * trabal'o do psic(logo no rasil*Porto AlereR Artmed* insb

    2ourdieu, P* !'33N#*" distin&o: cr+tica social do j$lgamento!0* ]ern Y X* 9* @*8eiHeira, trads*#* So PauloR E0USPW Porto AlereR ou* insb

    Q3 anos de reulamentao !%II'#* Psicologia Cincia e Profisso, 12!'#, KI* insb

    Conselho @ederal de Psicoloia T CFEP5P* eferncias -.cnicas para a at$a&odo/a0 Psic(logo/a0 no C"3"* Fecuperado em %Q de .unho de '3%' de===*pol*or*(r* insb

    Coelho, E* C* !%III#* As profiss4es imperiais: medicina, engen'aria e advocacia noio de 5aneiro 16227189!Fio de 9aneiroR Fecord* insb

    @oucault, 6* !%I&3#* * nascimento da cl+nica!'a ed*, F* 6achado, trad*#* Fio de9aneiroR @orenseVUniversit-ria* insb

    @urtado, 5* !'3%%#* -rabal'o e solidariedade* So PauloR Corte)* insb

    http://www.pol.org.br/http://www.pol.org.br/
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    @urtado, 5* !'33'#* As dimenses su(.etivas da realidadeR uma discusso so(re adicotomia entre a su(.etividade e a o(.etividade no campo social* +n 5* @urtado Y @*Xon)-le) Fe> !5rs*#, Por $ma epistemologia da s$bjetividade: $m debate entre ateoria s(cio7'ist(rica e a teoria das representa&4es sociais! So PauloR Casa doPsicloo* insb

    @urtado, 5*, Y Svartman, 2* P* !'33I#* 8ra(alho e alienao* +n A* 6* 2* 2oc Y 6*X* 6* Xonalves*" dimenso s$bjetiva da realidade: $ma leit$ra s(cio7'ist(rica!So PauloR Corte)* insb

    +2XE !'3%3# Pes;$isa de *r&amentos

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    Endereo para correspondncia5dair @urtadFua 0outor ;omem de 6elo N3, Perdi)es

    So Paulo T SP 2rasil* CEPR 3

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    considerando as portarias anteriormente mencionadas, outora o diploma depsicloo* A partir dessa data, passamos a ter reconhecido esse profissional peloEstado (rasileiro*J5s depoimentos foram tirados do artio Q3 anos de reulamentao pu(licado naFevista Psicoloia Cincia e Profisso de %II'*N2essa est- citando o professor do +PUSP, Arrio Anelini, $ue participou

    ativamente desse processo de reulamentao da profisso e $ue foi o primeiropresidente do C@P*

    Consel'o