5 Rs: educação para o consumo responsável · 17-05637 CDD-370.115 Índices para catálogo...

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5 Rs: educação para o consumo responsável Amanda Silveira Carbone Juliana Pellegrini Cezare Michelle de Fátima Ramos Nayara dos Santos Egute Sonia Maria Viggiani Coutinho

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5 Rs educaccedilatildeo para

o consumo responsaacutevel

Amanda Silveira Carbone

Juliana Pellegrini Cezare

Michelle de Faacutetima Ramos

Nayara dos Santos Egute

Sonia Maria Viggiani Coutinho

5 Rs educaccedilatildeo para

o consumo responsaacutevel

1ordf ediccedilatildeo

Satildeo Paulo bull 2017

Instituto Siades

Amanda Silveira Carbone

Juliana Pellegrini Cezare

Michelle de Faacutetima Ramos

Nayara dos Santos Egute

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Prefeitura Municipal de Santo AndreacuteSEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute

FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental de Santo Andreacute

ParceriasDiretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo AndreacuteETEC ndash Escola Teacutecnica Estadual Juacutelio de Mesquita

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)(Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel [livro eletrocircnico] Amanda Silveira Carbonehellip [et al] [ilustraccedilatildeo Augusto Palenciene Neto] ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Instituto SIADES 2017

Vaacuterios autoresBibliografiaISBN 978-85-93355-02-8

1 Consumo (Economia) ndash Aspectos sociais 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo ambiental 5 Meio Ambiente 6 Responsabilidade ambiental 7 Sustentabilidade I Carbone Amanda Silveira I I Cezare Juliana Pellegrini III Ramos Michelle de Faacutetima IV Egute Nayara dos Santos V Coutinho Sonia Maria Viggiani VI Palenciene Neto Augusto

17-05637 CDD-370115

Iacutendices para cataacutelogo sistemaacutetico

1 Educaccedilatildeo ambiental Consumo responsaacutevel Bem-estar social 3637

Autores

Amanda Silveira Carbone

Juliana Pellegrini Cezare

Michelle de Faacutetima Ramos

Nayara dos Santos Egute

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Revisatildeo

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo

Indaia Emiacutelia Schuler Pelosini

[soma ndash palavra e forma]

Ilustraccedilotildees

Augusto Palenciene Neto

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 4

Esta publicaccedilatildeo trata do tema do consumo responsaacutevel sob a perspectiva do princiacutepio dos 5 Rs Repensar Recusar Reduzir Reutilizar e Reciclar Eacute produto do ldquoProjeto

5Rs Educaccedilatildeo para o Consumo Responsaacutevelrdquo realizado pelo Instituto SIADES ndash Sistema de Informaccedilotildees Ambientais para o Desenvolvimento Sustentaacutevel no acircmbito do Convecircnio nordm 012016 com apoio financeiro do FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental que eacute vinculado ao orccedilamento do SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute Contou tambeacutem com o apoio da Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute e da ETEC Juacutelio de Mesquita de Santo Andreacute

O projeto teve por finalidade oferecer curso de extensatildeo a professores da rede puacuteblica estadual (Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute) e da Escola Teacutecnica Estadual (ETEC Juacutelio de Mesquita) a fim de proporcionar a construccedilatildeo de novos saberes habilidades e valores eacuteticos voltados para atitudes e opccedilotildees de consumo cada vez mais conscientes e que considerem as responsabilidades intra e intergeracionais

O curso foi estruturado em 5 moacutedulos de atividades 02 moacutedulos de orientaccedilatildeo e acompanhamento para desenvolvimento de projetos e um seminaacuterio de apresentaccedilatildeo dos projetos desenvolvidos

bull Moacutedulo PCR 1 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Repensar bull Moacutedulo PCR 2 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reduzirbull Moacutedulo PCR 3 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Recusar bull Moacutedulo PCR 4 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reutilizar bull Moacutedulo PCR 5 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reciclar bull Moacutedulo DPr I e II ndash Desenvolvimento de projetosbull Evento Integrador ndash Apresentaccedilatildeo de projetos

interdisciplinares em consumo responsaacutevel

O Instituto SIADES desenvolveu atividades voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo sobre o consumo responsaacutevel por meio de aulas teoacutericas dialogadas visitas teacutecnicas monitoradas dinacircmicas produccedilatildeo de material de apoio acompanhamento de projetos e seminaacuterio junto aos professores a fim de fortalecer e articular accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental tendo a escola como espaccedilo educador promovedora do repensar atitudes e habilidades proporcionando empoderamento e pertencimento local

A publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo eacute resultado das atividades teoacutericas e praacuteticas desenvolvidas durante o curso trazendo os projetos desenvolvidos pelos professores como atividades sugeridas Pode ser utilizado em processos educativos e tem como objetivo fornecer subsiacutedios que possibilitem accedilotildees voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo visando agrave incorporaccedilatildeo de haacutebitos e atitudes mais sustentaacuteveis dentro e fora das escolas

Apresentaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5

O gerenciamento dos resiacuteduos soacutelidos eacute um desafio para todos os municiacutepios brasileiros e por isso tema que deve ser estudado e discutido continuadamente com todos os

atores envolvidos Tudo o que agora eacute resiacuteduo um dia foi mateacuteria-prima A produccedilatildeo do que consumimos todos os dias obedece a um modelo que envolve a extraccedilatildeo dos recursos naturais seu processamento a transformaccedilatildeo em produtos a venda o uso e por fim o descarte

Este modelo eacute linear comeccedilando na extraccedilatildeo e terminando no descarte diferenciando-se de um modelo ciacuteclico como os processos que ocorrem na natureza que reaproveitam a mateacuteria retirada mantendo os elementos no sistema

Para um adequado gerenciamento dos resiacuteduos aleacutem de nos inspirarmos no modelo ciacuteclico da natureza precisamos refletir sobre nosso consumo e geraccedilatildeo de resiacuteduos A quantidade gerada de resiacuteduos tem relaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo e seu poder de consumo ndash quanto maior o nuacutemero de habitantes e a capacidade de compra maior seraacute a geraccedilatildeo de resiacuteduos Quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos

O consumo acelerado e imediatista traz consequecircncias tanto para o meio ambiente com a deterioraccedilatildeo ambiental quanto para a sociedade com a exclusatildeo social levando-nos a buscar um novo modo de consumir que considere o ambiente e a sociedade ndash o consumo responsaacutevel

O consumo responsaacutevel pode ser praticado diariamente por meio de questionamentos que considerem outros aspectos do produto aleacutem da marca e preccedilo ou seja de onde foi extraiacuteda a mateacuteria-prima quem produziu e quais as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

A poliacutetica dos 5 Rrsquos auxilia na mudanccedila de haacutebitos no cotidiano e a sermos mais responsaacuteveis A questatildeo-chave eacute repensarmos nossos valores e praacuteticas reduzindo o consumo exagerado e o desperdiacutecio De maneira resumida

bull Repensar indica a necessidade de refletirmos sobre o modo e quanto consumimos e as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

bull Reduzir indica a necessaacuteria diminuiccedilatildeo da quantidade do que compramos e olhar voltado somente ao necessaacuterio

bull Recusar eacute dizer natildeo para a compra de um produto quando natildeo concordamos com suas caracteriacutesticas e procedecircncia

bull Reutilizar eacute dar um novo uso para um produto que jaacute foi utilizado

bull Reciclar eacute transformar um resiacuteduo em mateacuteria-prima para outros produtos

A sensibilizaccedilatildeo eacute um processo gradual que deve ser inserido em nosso dia-a-dia por meio da educaccedilatildeo formal e natildeo formal devendo desempenhar um papel fundamental na forma com que vivemos e nos relacionamos com o mundo e as pessoas que nos cercam

Introduccedilatildeo

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo 4

Introduccedilatildeo 5

Sumaacuterio 6

Capiacutetulo 1 A Permacultura como ferramenta para repensar o consumo 7

Capiacutetulo 2 Reduzir o consumo desnecessaacuterio 15

Capiacutetulo 3 Recusar a propaganda natildeo influencia minhas escolhas 24

Capiacutetulo 4 Reutilizar para (Re)criar 35

Capiacutetulo 5 Retornando ao Ciclo Reciclagem de Resiacuteduos Soacutelidos e Orgacircnicos 43

Consideraccedilotildees Finais 51

O Instituto SIADES 52

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

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CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

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Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para

o consumo responsaacutevel

1ordf ediccedilatildeo

Satildeo Paulo bull 2017

Instituto Siades

Amanda Silveira Carbone

Juliana Pellegrini Cezare

Michelle de Faacutetima Ramos

Nayara dos Santos Egute

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Prefeitura Municipal de Santo AndreacuteSEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute

FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental de Santo Andreacute

ParceriasDiretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo AndreacuteETEC ndash Escola Teacutecnica Estadual Juacutelio de Mesquita

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)(Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel [livro eletrocircnico] Amanda Silveira Carbonehellip [et al] [ilustraccedilatildeo Augusto Palenciene Neto] ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Instituto SIADES 2017

Vaacuterios autoresBibliografiaISBN 978-85-93355-02-8

1 Consumo (Economia) ndash Aspectos sociais 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo ambiental 5 Meio Ambiente 6 Responsabilidade ambiental 7 Sustentabilidade I Carbone Amanda Silveira I I Cezare Juliana Pellegrini III Ramos Michelle de Faacutetima IV Egute Nayara dos Santos V Coutinho Sonia Maria Viggiani VI Palenciene Neto Augusto

17-05637 CDD-370115

Iacutendices para cataacutelogo sistemaacutetico

1 Educaccedilatildeo ambiental Consumo responsaacutevel Bem-estar social 3637

Autores

Amanda Silveira Carbone

Juliana Pellegrini Cezare

Michelle de Faacutetima Ramos

Nayara dos Santos Egute

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Revisatildeo

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo

Indaia Emiacutelia Schuler Pelosini

[soma ndash palavra e forma]

Ilustraccedilotildees

Augusto Palenciene Neto

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 4

Esta publicaccedilatildeo trata do tema do consumo responsaacutevel sob a perspectiva do princiacutepio dos 5 Rs Repensar Recusar Reduzir Reutilizar e Reciclar Eacute produto do ldquoProjeto

5Rs Educaccedilatildeo para o Consumo Responsaacutevelrdquo realizado pelo Instituto SIADES ndash Sistema de Informaccedilotildees Ambientais para o Desenvolvimento Sustentaacutevel no acircmbito do Convecircnio nordm 012016 com apoio financeiro do FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental que eacute vinculado ao orccedilamento do SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute Contou tambeacutem com o apoio da Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute e da ETEC Juacutelio de Mesquita de Santo Andreacute

O projeto teve por finalidade oferecer curso de extensatildeo a professores da rede puacuteblica estadual (Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute) e da Escola Teacutecnica Estadual (ETEC Juacutelio de Mesquita) a fim de proporcionar a construccedilatildeo de novos saberes habilidades e valores eacuteticos voltados para atitudes e opccedilotildees de consumo cada vez mais conscientes e que considerem as responsabilidades intra e intergeracionais

O curso foi estruturado em 5 moacutedulos de atividades 02 moacutedulos de orientaccedilatildeo e acompanhamento para desenvolvimento de projetos e um seminaacuterio de apresentaccedilatildeo dos projetos desenvolvidos

bull Moacutedulo PCR 1 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Repensar bull Moacutedulo PCR 2 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reduzirbull Moacutedulo PCR 3 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Recusar bull Moacutedulo PCR 4 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reutilizar bull Moacutedulo PCR 5 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reciclar bull Moacutedulo DPr I e II ndash Desenvolvimento de projetosbull Evento Integrador ndash Apresentaccedilatildeo de projetos

interdisciplinares em consumo responsaacutevel

O Instituto SIADES desenvolveu atividades voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo sobre o consumo responsaacutevel por meio de aulas teoacutericas dialogadas visitas teacutecnicas monitoradas dinacircmicas produccedilatildeo de material de apoio acompanhamento de projetos e seminaacuterio junto aos professores a fim de fortalecer e articular accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental tendo a escola como espaccedilo educador promovedora do repensar atitudes e habilidades proporcionando empoderamento e pertencimento local

A publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo eacute resultado das atividades teoacutericas e praacuteticas desenvolvidas durante o curso trazendo os projetos desenvolvidos pelos professores como atividades sugeridas Pode ser utilizado em processos educativos e tem como objetivo fornecer subsiacutedios que possibilitem accedilotildees voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo visando agrave incorporaccedilatildeo de haacutebitos e atitudes mais sustentaacuteveis dentro e fora das escolas

Apresentaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5

O gerenciamento dos resiacuteduos soacutelidos eacute um desafio para todos os municiacutepios brasileiros e por isso tema que deve ser estudado e discutido continuadamente com todos os

atores envolvidos Tudo o que agora eacute resiacuteduo um dia foi mateacuteria-prima A produccedilatildeo do que consumimos todos os dias obedece a um modelo que envolve a extraccedilatildeo dos recursos naturais seu processamento a transformaccedilatildeo em produtos a venda o uso e por fim o descarte

Este modelo eacute linear comeccedilando na extraccedilatildeo e terminando no descarte diferenciando-se de um modelo ciacuteclico como os processos que ocorrem na natureza que reaproveitam a mateacuteria retirada mantendo os elementos no sistema

Para um adequado gerenciamento dos resiacuteduos aleacutem de nos inspirarmos no modelo ciacuteclico da natureza precisamos refletir sobre nosso consumo e geraccedilatildeo de resiacuteduos A quantidade gerada de resiacuteduos tem relaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo e seu poder de consumo ndash quanto maior o nuacutemero de habitantes e a capacidade de compra maior seraacute a geraccedilatildeo de resiacuteduos Quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos

O consumo acelerado e imediatista traz consequecircncias tanto para o meio ambiente com a deterioraccedilatildeo ambiental quanto para a sociedade com a exclusatildeo social levando-nos a buscar um novo modo de consumir que considere o ambiente e a sociedade ndash o consumo responsaacutevel

O consumo responsaacutevel pode ser praticado diariamente por meio de questionamentos que considerem outros aspectos do produto aleacutem da marca e preccedilo ou seja de onde foi extraiacuteda a mateacuteria-prima quem produziu e quais as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

A poliacutetica dos 5 Rrsquos auxilia na mudanccedila de haacutebitos no cotidiano e a sermos mais responsaacuteveis A questatildeo-chave eacute repensarmos nossos valores e praacuteticas reduzindo o consumo exagerado e o desperdiacutecio De maneira resumida

bull Repensar indica a necessidade de refletirmos sobre o modo e quanto consumimos e as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

bull Reduzir indica a necessaacuteria diminuiccedilatildeo da quantidade do que compramos e olhar voltado somente ao necessaacuterio

bull Recusar eacute dizer natildeo para a compra de um produto quando natildeo concordamos com suas caracteriacutesticas e procedecircncia

bull Reutilizar eacute dar um novo uso para um produto que jaacute foi utilizado

bull Reciclar eacute transformar um resiacuteduo em mateacuteria-prima para outros produtos

A sensibilizaccedilatildeo eacute um processo gradual que deve ser inserido em nosso dia-a-dia por meio da educaccedilatildeo formal e natildeo formal devendo desempenhar um papel fundamental na forma com que vivemos e nos relacionamos com o mundo e as pessoas que nos cercam

Introduccedilatildeo

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo 4

Introduccedilatildeo 5

Sumaacuterio 6

Capiacutetulo 1 A Permacultura como ferramenta para repensar o consumo 7

Capiacutetulo 2 Reduzir o consumo desnecessaacuterio 15

Capiacutetulo 3 Recusar a propaganda natildeo influencia minhas escolhas 24

Capiacutetulo 4 Reutilizar para (Re)criar 35

Capiacutetulo 5 Retornando ao Ciclo Reciclagem de Resiacuteduos Soacutelidos e Orgacircnicos 43

Consideraccedilotildees Finais 51

O Instituto SIADES 52

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

PERMACULTURE PRINCIPLES A Flor da Permacultura Disponiacutevel em httpspermacultureprinciplescomptpt_flowerphp Acesso em 30 ago 2016

SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BADUE A F B et al Manual pedagoacutegico entender para intervir Por uma educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel e o comeacutercio justo Satildeo Paulo Instituto Kairoacutes Artisans du Monde 2005

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LAZZARINI W A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos e o gerenciamento de aacutereas contaminadas Em Jardim Arnaldo Yoshida Consuelo Machado Filho Joseacute Valverde (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos (1ordf Ed) Barueri SP Manole2012 (Coleccedilatildeo Ambiental)

[MMA] MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Consumo sustentaacutevel o que eacute consumo sustentaacutevel Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 04 ago 2016

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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VIEIRA GC REZENDE E N A responsabilidade civil ambiental decorrente da obsolescecircncia programada Revista Brasileira de Direito v11 p 66-76 2015

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WACKERNAGEL M What We Use and What We Have Ecological Footprint and Ecological Capacity Redefining Progress 2002

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica nosso estilo de vida deixa marcas no planeta WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2013

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

PREFEITURA DE SANTO ANDRE Santo Andreacute sai na frente com inauguraccedilatildeo de Centro Puacuteblico de Economia Solidaacuteria 2014 Disponiacutevel em lthttpwww2santoandrespgovbrindexphpnoticiasitem5809---Santo-Andre-sai-na-frente-com-inauguracao-de-Centro-Publico-de-Economia-Solidariagt Acesso emjun 2017

PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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ROBINS N ROBERTS S Changing consumption and production patterns un-locking opportunities International Institute for Environment and Development UN Department of Policy Coordination and Sustainable Development 1997

TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

Prefeitura Municipal de Santo AndreacuteSEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute

FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental de Santo Andreacute

ParceriasDiretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo AndreacuteETEC ndash Escola Teacutecnica Estadual Juacutelio de Mesquita

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP)(Cacircmara Brasileira do Livro SP Brasil)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel [livro eletrocircnico] Amanda Silveira Carbonehellip [et al] [ilustraccedilatildeo Augusto Palenciene Neto] ndash 1 ed ndash Satildeo Paulo Instituto SIADES 2017

Vaacuterios autoresBibliografiaISBN 978-85-93355-02-8

1 Consumo (Economia) ndash Aspectos sociais 2 Desenvolvimento sustentaacutevel 3 Educaccedilatildeo 4 Educaccedilatildeo ambiental 5 Meio Ambiente 6 Responsabilidade ambiental 7 Sustentabilidade I Carbone Amanda Silveira I I Cezare Juliana Pellegrini III Ramos Michelle de Faacutetima IV Egute Nayara dos Santos V Coutinho Sonia Maria Viggiani VI Palenciene Neto Augusto

17-05637 CDD-370115

Iacutendices para cataacutelogo sistemaacutetico

1 Educaccedilatildeo ambiental Consumo responsaacutevel Bem-estar social 3637

Autores

Amanda Silveira Carbone

Juliana Pellegrini Cezare

Michelle de Faacutetima Ramos

Nayara dos Santos Egute

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Revisatildeo

Sonia Maria Viggiani Coutinho

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo

Indaia Emiacutelia Schuler Pelosini

[soma ndash palavra e forma]

Ilustraccedilotildees

Augusto Palenciene Neto

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 4

Esta publicaccedilatildeo trata do tema do consumo responsaacutevel sob a perspectiva do princiacutepio dos 5 Rs Repensar Recusar Reduzir Reutilizar e Reciclar Eacute produto do ldquoProjeto

5Rs Educaccedilatildeo para o Consumo Responsaacutevelrdquo realizado pelo Instituto SIADES ndash Sistema de Informaccedilotildees Ambientais para o Desenvolvimento Sustentaacutevel no acircmbito do Convecircnio nordm 012016 com apoio financeiro do FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental que eacute vinculado ao orccedilamento do SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute Contou tambeacutem com o apoio da Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute e da ETEC Juacutelio de Mesquita de Santo Andreacute

O projeto teve por finalidade oferecer curso de extensatildeo a professores da rede puacuteblica estadual (Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute) e da Escola Teacutecnica Estadual (ETEC Juacutelio de Mesquita) a fim de proporcionar a construccedilatildeo de novos saberes habilidades e valores eacuteticos voltados para atitudes e opccedilotildees de consumo cada vez mais conscientes e que considerem as responsabilidades intra e intergeracionais

O curso foi estruturado em 5 moacutedulos de atividades 02 moacutedulos de orientaccedilatildeo e acompanhamento para desenvolvimento de projetos e um seminaacuterio de apresentaccedilatildeo dos projetos desenvolvidos

bull Moacutedulo PCR 1 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Repensar bull Moacutedulo PCR 2 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reduzirbull Moacutedulo PCR 3 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Recusar bull Moacutedulo PCR 4 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reutilizar bull Moacutedulo PCR 5 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reciclar bull Moacutedulo DPr I e II ndash Desenvolvimento de projetosbull Evento Integrador ndash Apresentaccedilatildeo de projetos

interdisciplinares em consumo responsaacutevel

O Instituto SIADES desenvolveu atividades voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo sobre o consumo responsaacutevel por meio de aulas teoacutericas dialogadas visitas teacutecnicas monitoradas dinacircmicas produccedilatildeo de material de apoio acompanhamento de projetos e seminaacuterio junto aos professores a fim de fortalecer e articular accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental tendo a escola como espaccedilo educador promovedora do repensar atitudes e habilidades proporcionando empoderamento e pertencimento local

A publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo eacute resultado das atividades teoacutericas e praacuteticas desenvolvidas durante o curso trazendo os projetos desenvolvidos pelos professores como atividades sugeridas Pode ser utilizado em processos educativos e tem como objetivo fornecer subsiacutedios que possibilitem accedilotildees voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo visando agrave incorporaccedilatildeo de haacutebitos e atitudes mais sustentaacuteveis dentro e fora das escolas

Apresentaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5

O gerenciamento dos resiacuteduos soacutelidos eacute um desafio para todos os municiacutepios brasileiros e por isso tema que deve ser estudado e discutido continuadamente com todos os

atores envolvidos Tudo o que agora eacute resiacuteduo um dia foi mateacuteria-prima A produccedilatildeo do que consumimos todos os dias obedece a um modelo que envolve a extraccedilatildeo dos recursos naturais seu processamento a transformaccedilatildeo em produtos a venda o uso e por fim o descarte

Este modelo eacute linear comeccedilando na extraccedilatildeo e terminando no descarte diferenciando-se de um modelo ciacuteclico como os processos que ocorrem na natureza que reaproveitam a mateacuteria retirada mantendo os elementos no sistema

Para um adequado gerenciamento dos resiacuteduos aleacutem de nos inspirarmos no modelo ciacuteclico da natureza precisamos refletir sobre nosso consumo e geraccedilatildeo de resiacuteduos A quantidade gerada de resiacuteduos tem relaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo e seu poder de consumo ndash quanto maior o nuacutemero de habitantes e a capacidade de compra maior seraacute a geraccedilatildeo de resiacuteduos Quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos

O consumo acelerado e imediatista traz consequecircncias tanto para o meio ambiente com a deterioraccedilatildeo ambiental quanto para a sociedade com a exclusatildeo social levando-nos a buscar um novo modo de consumir que considere o ambiente e a sociedade ndash o consumo responsaacutevel

O consumo responsaacutevel pode ser praticado diariamente por meio de questionamentos que considerem outros aspectos do produto aleacutem da marca e preccedilo ou seja de onde foi extraiacuteda a mateacuteria-prima quem produziu e quais as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

A poliacutetica dos 5 Rrsquos auxilia na mudanccedila de haacutebitos no cotidiano e a sermos mais responsaacuteveis A questatildeo-chave eacute repensarmos nossos valores e praacuteticas reduzindo o consumo exagerado e o desperdiacutecio De maneira resumida

bull Repensar indica a necessidade de refletirmos sobre o modo e quanto consumimos e as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

bull Reduzir indica a necessaacuteria diminuiccedilatildeo da quantidade do que compramos e olhar voltado somente ao necessaacuterio

bull Recusar eacute dizer natildeo para a compra de um produto quando natildeo concordamos com suas caracteriacutesticas e procedecircncia

bull Reutilizar eacute dar um novo uso para um produto que jaacute foi utilizado

bull Reciclar eacute transformar um resiacuteduo em mateacuteria-prima para outros produtos

A sensibilizaccedilatildeo eacute um processo gradual que deve ser inserido em nosso dia-a-dia por meio da educaccedilatildeo formal e natildeo formal devendo desempenhar um papel fundamental na forma com que vivemos e nos relacionamos com o mundo e as pessoas que nos cercam

Introduccedilatildeo

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo 4

Introduccedilatildeo 5

Sumaacuterio 6

Capiacutetulo 1 A Permacultura como ferramenta para repensar o consumo 7

Capiacutetulo 2 Reduzir o consumo desnecessaacuterio 15

Capiacutetulo 3 Recusar a propaganda natildeo influencia minhas escolhas 24

Capiacutetulo 4 Reutilizar para (Re)criar 35

Capiacutetulo 5 Retornando ao Ciclo Reciclagem de Resiacuteduos Soacutelidos e Orgacircnicos 43

Consideraccedilotildees Finais 51

O Instituto SIADES 52

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

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MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

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SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 4

Esta publicaccedilatildeo trata do tema do consumo responsaacutevel sob a perspectiva do princiacutepio dos 5 Rs Repensar Recusar Reduzir Reutilizar e Reciclar Eacute produto do ldquoProjeto

5Rs Educaccedilatildeo para o Consumo Responsaacutevelrdquo realizado pelo Instituto SIADES ndash Sistema de Informaccedilotildees Ambientais para o Desenvolvimento Sustentaacutevel no acircmbito do Convecircnio nordm 012016 com apoio financeiro do FUMGESAN ndash Fundo Municipal de Gestatildeo e Saneamento Ambiental que eacute vinculado ao orccedilamento do SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute Contou tambeacutem com o apoio da Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute e da ETEC Juacutelio de Mesquita de Santo Andreacute

O projeto teve por finalidade oferecer curso de extensatildeo a professores da rede puacuteblica estadual (Diretoria de Ensino ndash Regiatildeo de Santo Andreacute) e da Escola Teacutecnica Estadual (ETEC Juacutelio de Mesquita) a fim de proporcionar a construccedilatildeo de novos saberes habilidades e valores eacuteticos voltados para atitudes e opccedilotildees de consumo cada vez mais conscientes e que considerem as responsabilidades intra e intergeracionais

O curso foi estruturado em 5 moacutedulos de atividades 02 moacutedulos de orientaccedilatildeo e acompanhamento para desenvolvimento de projetos e um seminaacuterio de apresentaccedilatildeo dos projetos desenvolvidos

bull Moacutedulo PCR 1 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Repensar bull Moacutedulo PCR 2 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reduzirbull Moacutedulo PCR 3 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Recusar bull Moacutedulo PCR 4 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reutilizar bull Moacutedulo PCR 5 ndash Praacuteticas de Consumo Responsaacutevel ndash Reciclar bull Moacutedulo DPr I e II ndash Desenvolvimento de projetosbull Evento Integrador ndash Apresentaccedilatildeo de projetos

interdisciplinares em consumo responsaacutevel

O Instituto SIADES desenvolveu atividades voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo sobre o consumo responsaacutevel por meio de aulas teoacutericas dialogadas visitas teacutecnicas monitoradas dinacircmicas produccedilatildeo de material de apoio acompanhamento de projetos e seminaacuterio junto aos professores a fim de fortalecer e articular accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental tendo a escola como espaccedilo educador promovedora do repensar atitudes e habilidades proporcionando empoderamento e pertencimento local

A publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo eacute resultado das atividades teoacutericas e praacuteticas desenvolvidas durante o curso trazendo os projetos desenvolvidos pelos professores como atividades sugeridas Pode ser utilizado em processos educativos e tem como objetivo fornecer subsiacutedios que possibilitem accedilotildees voltadas agrave sensibilizaccedilatildeo visando agrave incorporaccedilatildeo de haacutebitos e atitudes mais sustentaacuteveis dentro e fora das escolas

Apresentaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5

O gerenciamento dos resiacuteduos soacutelidos eacute um desafio para todos os municiacutepios brasileiros e por isso tema que deve ser estudado e discutido continuadamente com todos os

atores envolvidos Tudo o que agora eacute resiacuteduo um dia foi mateacuteria-prima A produccedilatildeo do que consumimos todos os dias obedece a um modelo que envolve a extraccedilatildeo dos recursos naturais seu processamento a transformaccedilatildeo em produtos a venda o uso e por fim o descarte

Este modelo eacute linear comeccedilando na extraccedilatildeo e terminando no descarte diferenciando-se de um modelo ciacuteclico como os processos que ocorrem na natureza que reaproveitam a mateacuteria retirada mantendo os elementos no sistema

Para um adequado gerenciamento dos resiacuteduos aleacutem de nos inspirarmos no modelo ciacuteclico da natureza precisamos refletir sobre nosso consumo e geraccedilatildeo de resiacuteduos A quantidade gerada de resiacuteduos tem relaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo e seu poder de consumo ndash quanto maior o nuacutemero de habitantes e a capacidade de compra maior seraacute a geraccedilatildeo de resiacuteduos Quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos

O consumo acelerado e imediatista traz consequecircncias tanto para o meio ambiente com a deterioraccedilatildeo ambiental quanto para a sociedade com a exclusatildeo social levando-nos a buscar um novo modo de consumir que considere o ambiente e a sociedade ndash o consumo responsaacutevel

O consumo responsaacutevel pode ser praticado diariamente por meio de questionamentos que considerem outros aspectos do produto aleacutem da marca e preccedilo ou seja de onde foi extraiacuteda a mateacuteria-prima quem produziu e quais as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

A poliacutetica dos 5 Rrsquos auxilia na mudanccedila de haacutebitos no cotidiano e a sermos mais responsaacuteveis A questatildeo-chave eacute repensarmos nossos valores e praacuteticas reduzindo o consumo exagerado e o desperdiacutecio De maneira resumida

bull Repensar indica a necessidade de refletirmos sobre o modo e quanto consumimos e as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

bull Reduzir indica a necessaacuteria diminuiccedilatildeo da quantidade do que compramos e olhar voltado somente ao necessaacuterio

bull Recusar eacute dizer natildeo para a compra de um produto quando natildeo concordamos com suas caracteriacutesticas e procedecircncia

bull Reutilizar eacute dar um novo uso para um produto que jaacute foi utilizado

bull Reciclar eacute transformar um resiacuteduo em mateacuteria-prima para outros produtos

A sensibilizaccedilatildeo eacute um processo gradual que deve ser inserido em nosso dia-a-dia por meio da educaccedilatildeo formal e natildeo formal devendo desempenhar um papel fundamental na forma com que vivemos e nos relacionamos com o mundo e as pessoas que nos cercam

Introduccedilatildeo

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo 4

Introduccedilatildeo 5

Sumaacuterio 6

Capiacutetulo 1 A Permacultura como ferramenta para repensar o consumo 7

Capiacutetulo 2 Reduzir o consumo desnecessaacuterio 15

Capiacutetulo 3 Recusar a propaganda natildeo influencia minhas escolhas 24

Capiacutetulo 4 Reutilizar para (Re)criar 35

Capiacutetulo 5 Retornando ao Ciclo Reciclagem de Resiacuteduos Soacutelidos e Orgacircnicos 43

Consideraccedilotildees Finais 51

O Instituto SIADES 52

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

PERMACULTURE PRINCIPLES A Flor da Permacultura Disponiacutevel em httpspermacultureprinciplescomptpt_flowerphp Acesso em 30 ago 2016

SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5

O gerenciamento dos resiacuteduos soacutelidos eacute um desafio para todos os municiacutepios brasileiros e por isso tema que deve ser estudado e discutido continuadamente com todos os

atores envolvidos Tudo o que agora eacute resiacuteduo um dia foi mateacuteria-prima A produccedilatildeo do que consumimos todos os dias obedece a um modelo que envolve a extraccedilatildeo dos recursos naturais seu processamento a transformaccedilatildeo em produtos a venda o uso e por fim o descarte

Este modelo eacute linear comeccedilando na extraccedilatildeo e terminando no descarte diferenciando-se de um modelo ciacuteclico como os processos que ocorrem na natureza que reaproveitam a mateacuteria retirada mantendo os elementos no sistema

Para um adequado gerenciamento dos resiacuteduos aleacutem de nos inspirarmos no modelo ciacuteclico da natureza precisamos refletir sobre nosso consumo e geraccedilatildeo de resiacuteduos A quantidade gerada de resiacuteduos tem relaccedilatildeo com o aumento da populaccedilatildeo e seu poder de consumo ndash quanto maior o nuacutemero de habitantes e a capacidade de compra maior seraacute a geraccedilatildeo de resiacuteduos Quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos

O consumo acelerado e imediatista traz consequecircncias tanto para o meio ambiente com a deterioraccedilatildeo ambiental quanto para a sociedade com a exclusatildeo social levando-nos a buscar um novo modo de consumir que considere o ambiente e a sociedade ndash o consumo responsaacutevel

O consumo responsaacutevel pode ser praticado diariamente por meio de questionamentos que considerem outros aspectos do produto aleacutem da marca e preccedilo ou seja de onde foi extraiacuteda a mateacuteria-prima quem produziu e quais as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

A poliacutetica dos 5 Rrsquos auxilia na mudanccedila de haacutebitos no cotidiano e a sermos mais responsaacuteveis A questatildeo-chave eacute repensarmos nossos valores e praacuteticas reduzindo o consumo exagerado e o desperdiacutecio De maneira resumida

bull Repensar indica a necessidade de refletirmos sobre o modo e quanto consumimos e as consequecircncias para o ambiente e para a sociedade

bull Reduzir indica a necessaacuteria diminuiccedilatildeo da quantidade do que compramos e olhar voltado somente ao necessaacuterio

bull Recusar eacute dizer natildeo para a compra de um produto quando natildeo concordamos com suas caracteriacutesticas e procedecircncia

bull Reutilizar eacute dar um novo uso para um produto que jaacute foi utilizado

bull Reciclar eacute transformar um resiacuteduo em mateacuteria-prima para outros produtos

A sensibilizaccedilatildeo eacute um processo gradual que deve ser inserido em nosso dia-a-dia por meio da educaccedilatildeo formal e natildeo formal devendo desempenhar um papel fundamental na forma com que vivemos e nos relacionamos com o mundo e as pessoas que nos cercam

Introduccedilatildeo

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo 4

Introduccedilatildeo 5

Sumaacuterio 6

Capiacutetulo 1 A Permacultura como ferramenta para repensar o consumo 7

Capiacutetulo 2 Reduzir o consumo desnecessaacuterio 15

Capiacutetulo 3 Recusar a propaganda natildeo influencia minhas escolhas 24

Capiacutetulo 4 Reutilizar para (Re)criar 35

Capiacutetulo 5 Retornando ao Ciclo Reciclagem de Resiacuteduos Soacutelidos e Orgacircnicos 43

Consideraccedilotildees Finais 51

O Instituto SIADES 52

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

PERMACULTURE PRINCIPLES A Flor da Permacultura Disponiacutevel em httpspermacultureprinciplescomptpt_flowerphp Acesso em 30 ago 2016

SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BADUE A F B et al Manual pedagoacutegico entender para intervir Por uma educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel e o comeacutercio justo Satildeo Paulo Instituto Kairoacutes Artisans du Monde 2005

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LAZZARINI W A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos e o gerenciamento de aacutereas contaminadas Em Jardim Arnaldo Yoshida Consuelo Machado Filho Joseacute Valverde (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos (1ordf Ed) Barueri SP Manole2012 (Coleccedilatildeo Ambiental)

[MMA] MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Consumo sustentaacutevel o que eacute consumo sustentaacutevel Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 04 ago 2016

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

VAN BELLEN H M Indicadores de sustentabilidade uma anaacutelise comparativa 2ordf Ed Editora FGV Rio de Janeiro 2007

VIEIRA GC REZENDE E N A responsabilidade civil ambiental decorrente da obsolescecircncia programada Revista Brasileira de Direito v11 p 66-76 2015

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica nosso estilo de vida deixa marcas no planeta WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2013

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

PREFEITURA DE SANTO ANDRE Santo Andreacute sai na frente com inauguraccedilatildeo de Centro Puacuteblico de Economia Solidaacuteria 2014 Disponiacutevel em lthttpwww2santoandrespgovbrindexphpnoticiasitem5809---Santo-Andre-sai-na-frente-com-inauguracao-de-Centro-Publico-de-Economia-Solidariagt Acesso emjun 2017

PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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ROBINS N ROBERTS S Changing consumption and production patterns un-locking opportunities International Institute for Environment and Development UN Department of Policy Coordination and Sustainable Development 1997

TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

Sumaacuterio

Apresentaccedilatildeo 4

Introduccedilatildeo 5

Sumaacuterio 6

Capiacutetulo 1 A Permacultura como ferramenta para repensar o consumo 7

Capiacutetulo 2 Reduzir o consumo desnecessaacuterio 15

Capiacutetulo 3 Recusar a propaganda natildeo influencia minhas escolhas 24

Capiacutetulo 4 Reutilizar para (Re)criar 35

Capiacutetulo 5 Retornando ao Ciclo Reciclagem de Resiacuteduos Soacutelidos e Orgacircnicos 43

Consideraccedilotildees Finais 51

O Instituto SIADES 52

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

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ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

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da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

PERMACULTURE PRINCIPLES A Flor da Permacultura Disponiacutevel em httpspermacultureprinciplescomptpt_flowerphp Acesso em 30 ago 2016

SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BADUE A F B et al Manual pedagoacutegico entender para intervir Por uma educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel e o comeacutercio justo Satildeo Paulo Instituto Kairoacutes Artisans du Monde 2005

HOORNWEG D BHADA-TATA P What a waste ndash A Global Review of Solid ndash Waste Management USA World Bank 2012

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LAZZARINI W A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos e o gerenciamento de aacutereas contaminadas Em Jardim Arnaldo Yoshida Consuelo Machado Filho Joseacute Valverde (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos (1ordf Ed) Barueri SP Manole2012 (Coleccedilatildeo Ambiental)

[MMA] MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Consumo sustentaacutevel o que eacute consumo sustentaacutevel Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 04 ago 2016

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

VAN BELLEN H M Indicadores de sustentabilidade uma anaacutelise comparativa 2ordf Ed Editora FGV Rio de Janeiro 2007

VIEIRA GC REZENDE E N A responsabilidade civil ambiental decorrente da obsolescecircncia programada Revista Brasileira de Direito v11 p 66-76 2015

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WACKERNAGEL M What We Use and What We Have Ecological Footprint and Ecological Capacity Redefining Progress 2002

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica nosso estilo de vida deixa marcas no planeta WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2013

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

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essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

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2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

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bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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O Instituto SIADES

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

CAPIacuteTULO 1

A Permacultura como ferramenta para repensar o

consumo

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

PERMACULTURE PRINCIPLES A Flor da Permacultura Disponiacutevel em httpspermacultureprinciplescomptpt_flowerphp Acesso em 30 ago 2016

SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

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comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

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essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

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Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

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2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

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alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

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bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 42

LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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(11) 973360053

O Instituto SIADES

85 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

O que eacute a permacultura ldquoUm sistema de design para a criaccedilatildeo de ambientes produtivos sustentaacuteveis e ecoloacutegicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vidardquo (LEGAN 2004)ldquoPaisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrotildees e relaccedilotildees encontradas na natureza e que ao mesmo tempo produzem alimentos fibras e energia em abundacircncia e suficientes para prover as necessidades locaisrdquo (HOLMGREN 2007 p 3)

A vida na Terra eacute sustentada por serviccedilos ambientais prestados pelos sistemas naturais como a ciclagem de nutrientes a formaccedilatildeo dos solos a polinizaccedilatildeo e a

produccedilatildeo de alimentos para citar apenas alguns No entanto o equiliacutebrio ecoloacutegico do planeta tem sido drasticamente alterado pelas atividades humanas tendo em vista uma complexa cadeia de causas e consequecircncias em que o homem estaacute imerso e da qual eacute parte intriacutenseca Degradaccedilatildeo ambiental produccedilatildeo e consumo insustentaacuteveis falta de valores eacuteticos e perda de referenciais culturais satildeo alguns dos problemas enfrentados pela sociedade moderna

Em resposta a esses desequiliacutebrios diversos movimentos sociais e ambientais tecircm surgido com o objetivo de resgatar valores eacuteticos e culturais repensar as formas de produccedilatildeo e consumo e o impacto do homem no planeta Nesse contexto a permacultura vem sendo cada vez mais utilizada como ferramenta para se estimular a reflexatildeo acerca do consumo exagerado dos recursos naturais e da relaccedilatildeo do homem com a natureza promovendo a criaccedilatildeo de ambientes mais sustentaacuteveis

A palavra ldquopermaculturardquo foi criada por Bill Mollisson e por David Holmgren na deacutecada de 1970 com o objetivo inicial de propor um sistema integrado de espeacutecies animais e vegetais perenes ou que se perpetuem naturalmente e sejam uacuteteis aos seres humanos (MOLLISSON e HOLMGREN 1978) No entanto definiccedilotildees mais atuais procuraram adaptar o termo incorporando outros elementos e permitindo sua aplicaccedilatildeo em contextos mais amplos

A etimologia da palavra corresponde agrave fusatildeo dos termos ldquoagriculturardquo e ldquopermanenterdquo ou de ldquoculturardquo e ldquopermanenterdquo refletindo a ideia de que eacute necessaacuteria a adoccedilatildeo de uma cultura da permanecircncia a partir da qual se aplica os princiacutepios e valores da sustentabilidade para que a espeacutecie humana continue existindo

Bill Mollison foi declarado o ecologista do seacuteculo na Austraacutelia e ganhou o ldquoNobel Alternativordquo em 1981 pelo desenvolvimento da permacultura (SCOTTLONDON 2005)

Nessa proposta cada vez mais difundida busca-se a harmonia entre os processos da vida humana e os naturais repensando os modelos de economia de produccedilatildeo e consumo de habitaccedilatildeo e buscando o cuidado com os recursos naturais e com as pessoas Assim a permacultura reuacutene as premissas da sustentabilidade sob um novo olhar permeado por princiacutepios eacuteticos e de design a partir do qual a habitaccedilatildeo eacute vista como um sistema integrado onde os fluxos de mateacuteria e energia que fluem nesse sistema satildeo aproveitados da melhor forma possiacutevel a ideia eacute que nada seja perdido (CARBONE 2016)

A permacultura por meio dessa loacutegica foca tanto na produccedilatildeo sustentaacutevel (de alimentos e outros recursos) quanto em accedilotildees voltadas ao consumo sustentaacutevel Segundo Holmgren (2007) ao inveacutes da adoccedilatildeo de estrateacutegias pouco eficazes para encorajar as compras por parte dos chamados ldquoconsumidores verdesrdquo ou conscientes a permacultura trata essas questotildees por meio da

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

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CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

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TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABDUL-RAHMAN F Reduce reuse recycle alternatives for waste management Guide G-314 Las Cruces New Mexico State University jan 2014 Disponiacutevel em httpacesnmsuedupubs_gG314pdf Acesso em 10 out 2016

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BOL Chega de embalagens Grande rede de supermercados brasileira passa a vender a granel 2016 Disponiacutevel em lt httpthegreenestpostboluolcombrchega-de-embalagens-grande-rede-de-supermercados-brasileira-passa-vender-granelgt Acesso em 11 jun 2017

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GRIFFITHS M RICHARDS M WINTERS B How to Reduce Reuse and Recycle Waste in Schools ResourceSmart Schools Victoria Sustainability Victoria 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwsustainabilityvicgovaugt Acesso em 20 maio 2017

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LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

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Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

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Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

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ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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(11) 973360053

O Instituto SIADES

95 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

reintegraccedilatildeo e comprometimento com os ciclos de produccedilatildeo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no acircmbito do nuacutecleo familiar ou de sua comunidade A permacultura se baseia na hipoacutetese de uma progressiva reduccedilatildeo do consumo de energia e recursos

Esse olhar sistecircmico e voltado agrave sustentabilidade levou ao desenho da ldquoflor da permaculturardquo que ilustra as aacutereas chave que requerem transformaccedilatildeo para a criaccedilatildeo de uma cultura mais sustentaacutevel (Figura 1) Essas aacutereas ou domiacutenios se inter-relacionam por meio de um caminho evolutivo em espiral a partir do niacutevel pessoal e local evoluindo posteriormente para o niacutevel coletivo e global

FIGURA 1 FLOR DA PERMACULTURA

A permacultura eacute pautada por princiacutepios eacuteticos e de design que buscam balizar e orientar as accedilotildees de sustentabilidade sob essa oacutetica sistecircmica e holiacutestica Os princiacutepios eacuteticos satildeo

Jaacute os princiacutepios de design (Figura 2) satildeo orientaccedilotildees de base para o desenho do espaccedilo em que vivemos sob a loacutegica da permacultura Satildeo princiacutepios universais aplicaacuteveis a diferentes contextos e acessiacuteveis a pessoas comuns (HOLMGREN 2007) Satildeo 12 princiacutepios

1 Observar e interagir eacute preciso observar como ocorrem as dinacircmicas da natureza sobre o espaccedilo a ser construiacutedo como a posiccedilatildeo do sol o sentido dos ventos o teor do solo a declividade etc Essas observaccedilotildees permitem o desenho de uma habitaccedilatildeo que otimize a incidecircncia de luz do sol reduzindo a utilizaccedilatildeo de energia eleacutetrica a ventilaccedilatildeo natural reduzindo o uso de ar condicionado a construccedilatildeo com base em materiais encontrados em abundacircncia na regiatildeo etc Percebe-se por meio desses exemplos que a permacultura pode ser uma ferramenta que amplie o olhar sobre o meio e permita em uacuteltima instacircncia que se consuma menos recursos naturais e se potencialize o uso dos recursos jaacute disponiacuteveis localmente

2 Captar e armazenar energia usar as oportunidades locais para capturar fluxos de formas renovaacuteveis de energia Fonte Permaculture Principles (sd)

bull Cuidar da terra (solos florestas e aacutegua) bull Cuidar das pessoas (cuidar de si mesmo do proacuteximo e da

comunidade) bull Partilhar os excedentes (estabelecer limites para o

consumo e redistribuir o excedente) (HOLMGREN 2007)

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

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Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

105 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Algumas dessas fontes de energia incluem sol vento e fluxos de escoamento superficial da aacutegua Esse princiacutepio tem como base a integraccedilatildeo com o meio utilizando os recursos disponiacuteveis e tambeacutem a diminuiccedilatildeo do consumo de fontes de energia que causam impacto ambiental

3 Obter rendimento este princiacutepio chama atenccedilatildeo para a importacircncia de se planejar qualquer sistema para que ele proporcione autossuficiecircncia em todos os niacuteveis (incluindo noacutes mesmos) utilizando energia capturada e armazenada de forma eficiente para manter o proacuteprio sistema e produzir mais energia gerando excedentes

4 Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback criaccedilatildeo de um sistema composto de elementos autossuficientes e independentes mais preparados para enfrentar desequiliacutebrios e turbulecircncias Assim se houver um corte de aacutegua ou energia eleacutetrica por problemas do sistema tradicional de abastecimento por exemplo a casa natildeo sofreraacute a interrupccedilatildeo desses serviccedilos por ter condiccedilotildees de provecirc-los de forma autossuficiente

5 Usar e valorizar os serviccedilos e recursos renovaacuteveis como exemplos eacute possiacutevel construir uma cisterna para captaccedilatildeo de aacutegua da chuva utilizar o varal ao inveacutes da maacutequina de secar roupas a construccedilatildeo com terra chamada de ldquobioconstruccedilatildeordquo ou ainda a construccedilatildeo de um banheiro seco que transforma as fezes humanas em adubo para as plantas Mais uma vez o essencial eacute depender cada vez menos de fontes externas de recursos diminuindo o consumo e a degradaccedilatildeo ambiental

6 Produzir natildeo desperdiccedilar aqui vale por exemplo produzir o proacuteprio alimento ainda que em pequena escala criando

hortas em pequenos ou grandes espaccedilos e tambeacutem realizar a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos (temas de outros capiacutetulos desta publicaccedilatildeo)

7 Desenhar a partir de padrotildees naturais a ideia eacute observar a natureza e buscar nela a inspiraccedilatildeo para criar espaccedilos sustentaacuteveis Um exemplo eacute a agrofloresta um modelo para a agricultura que se baseia no funcionamento dos ecossistemas florestais visando a preservaccedilatildeo das espeacutecies e do solo e maior produtividade do sistema Outro exemplo eacute a espiral de ervas uma horta cujo formato imita um padratildeo bastante encontrado na natureza (concha de molusco movimento de ondas galaacutexia) e que permite o plantio de diferentes espeacutecies aromaacuteticas no mesmo espaccedilo com necessidades diversas de aacutegua e luz pois nela satildeo criados pequenos microclimas naturais

8 Integrar ao inveacutes de segregar o arranjo adequado entre plantas animais infraestrutura entre outros permite uma maior integraccedilatildeo e autorregulaccedilatildeo da habitaccedilatildeo O telhado verde eacute um bom exemplo ele permite a inibiccedilatildeo das zonas de calor o sequestro de poluentes o aumento da biodiversidade urbana o controle do escoamento pluvial superficial conforto teacutermico e acuacutestico economia de energia efeito esteacutetico aleacutem de ter tambeacutem potencial para agricultura urbana (TASSI et al 2014)

9 Usar soluccedilotildees pequenas e lentas quando se faz alguma coisa de maneira autossuficiente e independente como produzir seu proacuteprio alimento consertar um eletrodomeacutestico e manter a sauacutede estaacute se colocando em praacutetica esse princiacutepio Outros exemplos satildeo comprar de comerciantes locais e contribuir para as questotildees ambientais e usar a bicicleta no lugar do carro

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

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Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

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PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

115 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

FIGURA 2 PRINCIacutePIOS EacuteTICOS E DE DESIGN PROPOSTOS NA PERMACULTURA

10 Usar e valorizar a diversidade jaacute se reconhece que a monocultura por exemplo eacute a grande causa de problemas relacionados a pragas e doenccedilas em culturas agriacutecolas e do uso indiscriminado de agrotoacutexicos para seu controle Lanccedilar matildeo da policultura ou seja aquela que faz uso da diversidade de plantas em sistemas agriacutecolas gera exatamente o oposto aumenta a resistecircncia contra pragas e doenccedilas diminui a vulnerabilidade em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees climaacuteticas e reforccedila a autossuficiecircncia gerando maior seguranccedila familiar

11 Usar as bordas e valorizar os elementos marginais eacute sempre ldquona borda de alguma coisa ndash sistema ou meio que acontecem os eventos mais interessantesrdquo (HOLMGREN 2007 p 24) A produtividade aumenta na fronteira entre dois sistemas terraaacutegua florestacampo estuaacuterios (ecossistemas de interligaccedilatildeo entre rio e mar) plantaccedilatildeopomar Assim a ampliaccedilatildeo da borda entre campo e floresta por exemplo gera um aumento da produtividade Jaacute em relaccedilatildeo agrave valorizaccedilatildeo dos aspectos marginais pode-se citar o plantio e consumo das chamadas PANCs (Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais) No mundo estima-se que 30000 espeacutecies vegetais possuem partes comestiacuteveis No entanto 90 do alimento mundial atualmente vem de apenas 20 espeacutecies (KINUPP e LORENZI 2014) Haacute diversas outras espeacutecies nutritivas saborosas e acessiacuteveis para se consumir como a capuchinha a taioba e a serralha

12 Ser criativo e responder agraves mudanccedilas a permacultura tem a ver com a durabilidade dos sistemas vivos naturais e humanos No entanto essa durabilidade depende de certo grau de mudanccedilas e de flexibilidade A borboleta que eacute resultado da transformaccedilatildeo de uma lagarta eacute o siacutembolo da ideia de que as mudanccedilas podem estimular mais do que ameaccedilar (HOLMGREN 2007)

Fonte Adaptado de HOLMGREN (2007)

Muitas vezes associa-se o consumo irresponsaacutevel apenas agrave geraccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos No entanto repensar a relaccedilatildeo com o meio em que se vive de forma mais ampla eacute fundamental para o reequiliacutebrio dos sistemas naturais e humanos A permacultura por meio de seus princiacutepios e praacuteticas lanccedila matildeo de estrateacutegias e accedilotildees de sustentabilidade jaacute conhecidas e favorece o surgimento de soluccedilatildeo criativas e uacutenicas permitindo a ampliaccedilatildeo do olhar sobre as possibilidades de se viver de forma mais sustentaacutevel aproveitando ao maacuteximo os recursos disponiacuteveis localmente e diminuindo e requalificando o consumo de materiais e de energia

Ser criativo e responder agraves mudanccedilas

Observar e interagir

Captar e armazenar energia

Obter rendimento

Praticar a autorregulaccedilatildeo e aceitar feedback

Usar e valorizar os recursos renovaacuteveis

Produzir natildeo desperdiccedilar

Desenhar a partir de padrotildees naturais

Integrar ao inveacutes de segregar

Usar soluccedilotildees pequenas e lentas

Usar e valorizar a diversidade

Usar as bordas e valorizar os elementos marginais

Partilha justa Cuidar das pessoas

Cuidar da terra

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

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TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

125 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto Permacultura no Paacutetio Escolar

Projeto desenvolvido pelos professores Alessandra Soto ndash E E Professora Nadir Lessa Tognini Deacutebora Fernanda Ribeiro ndash ETEC Juacutelio de Mesquita Ivy Camargo Chiarelli ndash educadora ambiental Sirlene Oliveira Almeida ndash E E Profordf Nadir Lessa Tognini Valeacuteria Carniel ndash E E Ordacircnia Janone CrespoETEC

Objetivo buscar a socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo da comunidade escolar e seu entorno a sensibilizaccedilatildeo e a construccedilatildeo conjunta de novas praacuteticas de sustentabilidade no ambiente escolar a partir da aplicaccedilatildeo da permacultura

Justificativa a escola configura-se como terreno feacutertil para abordagens pedagoacutegicas que estimulem o desenvolvimento de cidadatildeos conscientes com olhar criacutetico e que exerccedilam sua verdadeira funccedilatildeo social e poliacutetica e promovam a sustentabilidade por meio de suas accedilotildees cotidianas Accedilotildees de Educaccedilatildeo Ambiental poderatildeo permitir a reconexatildeo do ser humano com a natureza e a reflexatildeo acerca das praacuteticas de consumo

Metodologia o projeto ldquoPermacultura no Paacutetio Escolarrdquo pode fomentar a educaccedilatildeo ambiental dentro da escola de forma participativa praacutetica e colaborativa resgatando valores conhecimentos ancestrais e envolvendo a comunidade escolar para socializaccedilatildeo e integraccedilatildeo com o meio ambiente

A metodologia baseada em Godoy et al (2007) deve ser realizada em quatro etapas sensibilizaccedilatildeodiagnoacutestico planejamento implantaccedilatildeo e monitoramento (Figura 3) Essas fases satildeo complementares e indispensaacuteveis para o bom desenvolvimento do projeto

O primeiro passo eacute a sensibilizaccedilatildeo das pessoas interessadas em participar do projeto Em um evento previamente agendado toda a comunidade escolar seraacute convidada a participar Neste dia seraacute feita uma introduccedilatildeo ao tema permacultura por meio de uma roda de diaacutelogo e exposto o objetivo do projeto de permacultura no paacutetio escolar Seraacute proposta uma caminhada pelo paacutetio da escola com o objetivo de diagnosticar a atual situaccedilatildeo e refletir sobre como melhorar o ambiente de forma que se transforme em um local agradaacutevel aconchegante funcional e acolhedor Neste exerciacutecio as pessoas seratildeo convidadas a olharem para o paacutetio e demais ambientes da escola com outros olhos Como estaacute o cuidado com os ambientes da escola De onde vem e para onde vai a aacutegua utilizada Os resiacuteduos secos e uacutemidos estatildeo sendo devidamente separados e destinados corretamente Como eacute o meu relacionamento com os colegas e com toda a comunidade escolar O que eu gostaria de transformar Dando sequecircncia seraacute proposto agraves pessoas que escrevam em um papel qual o seu sonho para a escola Os papeacuteis com os sonhos de cada um seratildeo grudados em um cartaz no muro ou na lousa dependendo de onde a atividade seraacute feita com um tronco de aacutervore desenhado onde os papeacuteis seratildeo as folhas da aacutervore compondo assim a aacutervore dos sonhos

Sensibilizaccedilatildeo diagnoacutestico

Planejamento Implantaccedilatildeo Monitoramento

FIGURA 3 ETAPAS METODOLOacuteGICAS

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

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CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BADUE A F B et al Manual pedagoacutegico entender para intervir Por uma educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel e o comeacutercio justo Satildeo Paulo Instituto Kairoacutes Artisans du Monde 2005

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JULIANO M C Consumo excessivo e o modelo de economia de materiais Revista Terceiro Setor p 56-58 v 1 n1 2009

LAZZARINI W A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos e o gerenciamento de aacutereas contaminadas Em Jardim Arnaldo Yoshida Consuelo Machado Filho Joseacute Valverde (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos (1ordf Ed) Barueri SP Manole2012 (Coleccedilatildeo Ambiental)

[MMA] MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Consumo sustentaacutevel o que eacute consumo sustentaacutevel Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrgt Acesso em 04 ago 2016

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

VAN BELLEN H M Indicadores de sustentabilidade uma anaacutelise comparativa 2ordf Ed Editora FGV Rio de Janeiro 2007

VIEIRA GC REZENDE E N A responsabilidade civil ambiental decorrente da obsolescecircncia programada Revista Brasileira de Direito v11 p 66-76 2015

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WACKERNAGEL M What We Use and What We Have Ecological Footprint and Ecological Capacity Redefining Progress 2002

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AGEcircNCIA SENADO Governo alerta cuidado com alimentos ultraprocessados Daacute o que pensar Informaccedilatildeo cultura e anaacutelise 2015 Disponiacutevel em lthttpdaoquepensarcombrcartilha-do-governo-condena-alimentos-ultraprocessados-os-grandes-fabricantes-vao-chiargt Acesso em jun 2017ANVISA Manual de orientaccedilatildeo aos consumidores Educaccedilatildeo para o Consumo Saudaacutevel Vocecirc sabe o que estaacute comendo 2008 Disponiacutevel em httpportalanvisagovbrdocuments33916396679manual_consumidorpdfe31144d3-0207-4a37-9b3b-e4638d48934b AZEVEDO E de Riscos e controveacutersias na construccedilatildeo social do conceito de alimento saudaacutevel o caso da soja Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 45 n 4 p781-788 2011 BRASIL MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Guia alimentar para a populaccedilatildeo brasileira 2 ed Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2014 156 p FAO ndash Food and Agriculture Organization Food wastage footprint Impacts on natural resources Summary Report 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwfaoorgdocrep018i3347ei3347epdfgt Acesso em jun 2017FRUTA IMPERFEITA Disponiacutevel em lt httpfrutaimperfeitacombrgt Acesso em jun2017

GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

PREFEITURA DE SANTO ANDRE Santo Andreacute sai na frente com inauguraccedilatildeo de Centro Puacuteblico de Economia Solidaacuteria 2014 Disponiacutevel em lthttpwww2santoandrespgovbrindexphpnoticiasitem5809---Santo-Andre-sai-na-frente-com-inauguracao-de-Centro-Publico-de-Economia-Solidariagt Acesso emjun 2017

PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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(11) 973360053

O Instituto SIADES

135 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

da comunidade escolar Os sonhos seratildeo compartilhados com todos e os mais cogitados seratildeo elencados para realizar o sonho conjunto Como a ideia do projeto eacute ser participativo e colaborativo do iniacutecio ao fim o ideal eacute que as pessoas decidam como seraacute delineado o projeto Isso traz o empoderamento de cada indiviacuteduo e a responsabilidade conjunta para que a concretizaccedilatildeo das tarefas possa trazer benefiacutecios a todos

O segundo passo eacute o planejamento momento em que seratildeo elencadas as atividades que seratildeo realizadas prazos grupos de trabalho materiais e recursos necessaacuterios Supondo-se que o sonho do grupo seja criar um ambiente mais agradaacutevel para o paacutetio escolar e promover accedilotildees de sustentabilidade nesse espaccedilo podem ser propostas as seguintes atividades (sugestatildeo)

bull Composteira (recicla restos de alimentos e transforma-os em adubo orgacircnico para as plantas)

bull Plantio de aacutervores nativas (atraem paacutessaros borboletas e fauna em geral gerando sombra fazendo o microclima tornar-se mais agradaacutevel aleacutem de fornecer frutas)

bull Horta orgacircnica (alimentaccedilatildeo saudaacutevel)bull Canteiro com flores (para atrair a fauna e embelezar o paacutetio)bull Bancos de madeira (para compor o ambiente e ser um local de

integraccedilatildeo)bull Pintura nos muros cinzas da escola com tinta de terrabull Lixeiras para separar o resiacuteduo reciclaacutevelbull Outras estrateacutegias para minimizar os impactos gerados pela

comunidade escolar diminuindo o consumo de recursos como aacutegua eletricidade resiacuteduos e ldquomateriais escolaresrdquo

Os professores podem integrar suas disciplinas ao projeto tratando dos temas que seratildeo abordados Por exemplo o professor de matemaacutetica pode propor uma aula a ceacuteu aberto onde seratildeo realizadas as medidas dos canteiros bancos etc Pode trabalhar

tambeacutem as formas geomeacutetricas que seratildeo utilizadas nos designs O professor de geografia pode demonstrar os pontos cardeais onde nasce e se potildee o sol tipo de solo do paacutetio etc visando a adequada disposiccedilatildeo da horta por exemplo O de ciecircncias e biologia pode abordar a interaccedilatildeo entre os seres vivos a compostagem adubaccedilatildeo orgacircnica aacutervores nativas do Brasil etc O de artes por sua vez pode trabalhar as cores e tinta de terra para fazer uma linda pintura no muro da escola

Os materiais necessaacuterios para a realizaccedilatildeo do projeto proveratildeo do uso de materiais reutilizaacuteveis como sucatas garrafas pet madeiras estes uacuteteis para a realizaccedilatildeo dos canteiros e composteira A adubaccedilatildeo seraacute orgacircnica por meio do uso do adubo proveniente da compostagem Os bancos poderatildeo ser criados com troncos de aacutervores cortados na cidade por meio de parceria com a prefeitura As mudas para o plantio de aacutervores nativas tambeacutem podem ser conseguidas por doaccedilatildeo do viveiro da Prefeitura Municipal As mudas para a horta podem ser feitas com a utilizaccedilatildeo dos bulbos talos e sementes dos proacuteprios alimentos consumidos As ferramentas necessaacuterias para o plantio podem ser as utilizadas na proacutepria escola pelo pessoal da manutenccedilatildeo que tambeacutem podem estar envolvidos com o projeto Demais insumos podem ser conseguidos por doaccedilotildees com os comerciantes da regiatildeo O canteiro de flores pode ser realizado com coleta de sementes pelos proacuteprios alunos em plantas da regiatildeo Tudo isso deve ser feito de forma colaborativa com os pais a comunidade escolar e do entorno Aleacutem do que jaacute foi citado podem ser reutilizados baldes tambores bombonas para o depoacutesito de materiais reciclaacuteveis Esse material pode ser pintado e distribuiacutedo pelo paacutetio da escola Os excedentes da produccedilatildeo da horta podem ser divididos entre os alunos ou poderaacute ser realizada uma feira orgacircnica para venda dos produtos gerando assim verba para manter o projeto e realizar outras atividades permaculturais dentro da escola

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

PERMACULTURE PRINCIPLES A Flor da Permacultura Disponiacutevel em httpspermacultureprinciplescomptpt_flowerphp Acesso em 30 ago 2016

SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

145 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

A implantaccedilatildeo de todo o projeto pode ser feita durante o periacuteodo escolar encaixando o tema proposto com a disciplina correspondente assim como pode ser realizado um mutiratildeo fora do periacuteodo de aula envolvendo tambeacutem a comunidade pais avoacutes irmatildeos etc

O monitoramento e manutenccedilatildeo seratildeo realizados por todos os envolvidos no projeto

Deve ser sugerido um cronograma de atividades semanais com os responsaacuteveis por cada tarefa (rega poda adubaccedilatildeo etc)

Puacuteblico-alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

CARBONE A S Permacultura um novo olhar sobre a sustentabilidade In CARBONE A S CEZARE J P COUTINHO S M V Parque Educador ndash Projeto de Educaccedilatildeo Ambiental Parque Municipal do Nabuco Satildeo Paulo 2016

GODOY V B et al Programa de Desenvolvimento Ecosustentaacutevel Escolar e Comunitaacuterio ndash Apostila orientadora para educadores Educaccedilatildeo Ambiental Contiacutenua Fundaccedilatildeo Gaia Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Viamatildeo Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e Desporto de POA Proacute ndash Reitoria de Extensatildeo ndash UFRGS 2007

HOLMGREN D Os Fundamentos da Permacultura Versatildeo resumida em portuguecircs Santo Antocircnio do Pinhal SP Ecossistemas 2007

KINUPP V F LORENZI H Plantas Alimentiacutecias Natildeo Convencionais (PANC) no Brasil guia de identificaccedilatildeo aspectos nutricionais e receitas ilustradas Satildeo Paulo Instituto Plantarum de Estudos da Flora 2014

LEGAN L A Escola Sustentaacutevel ndash Eco-alfabetizando pelo ambiente Imprensa Oficial do Estado de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2004 p 13

MOLLISON B HOLMGREN D Permaculture One A Perennial Agricultural System for Human Settlements Tasmania Tagari Publications 1978

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SCOTTLONDON Permaculture A Quiet Revolution mdash An Interview with Bill Mollison 2005 Disponiacutevel em httpwwwscottlondoncominterviewsmollisonhtml Acesso em 28 fev 2017

TASSI R TASSINARI L C da S PICCILLI D G A PERSCH C G Telhado verde uma alternativa sustentaacutevel para a gestatildeo das aacuteguas pluviais Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 14 n 1 p 139-154 janmar 2014

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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O Instituto SIADES

CAPIacuteTULO 2

Reduzir o consumo desnecessaacuterio

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

165 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Consumir tornou-se um ato natildeo soacute de sobrevivecircncia mas tambeacutem para atender outros anseios da humanidade em busca de realizaccedilotildees pessoais Em decorrecircncia disso

eacute oferecida diariamente agrave populaccedilatildeo uma gama de produtos bens e prestaccedilatildeo de serviccedilos que contribuem com a dinacircmica de consumo e cujo acesso eacute facilitado pela concessatildeo de creacuteditos pelo dinamismo da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica e pela diminuiccedilatildeo da vida uacutetil desses produtos (BADUE et al 2005)

Eacute comum ouvirmos que os produtos de hoje em dia tecircm uma durabilidade menor do que em eacutepocas passadas De fato isso acontece e eacute conhecido como obsolescecircncia programada ou planejada De acordo com Vieira e Rezende (2015) obsolescecircncia programada eacute a estrateacutegia que os fabricantes utilizam para determinar a vida uacutetil dos produtos estimulando cada vez mais a obtenccedilatildeo de novos objetos em um curto espaccedilo de tempo

Ao mesmo tempo temos a obsolescecircncia perceptiva que ldquoestaacute relacionada com a moda ou com a tecnologia quando um produto ainda uacutetil cai em desuso ou eacute descartado porque sua cor natildeo estaacute mais na moda ou pelo surgimento de um produto que tem uma nova funccedilatildeo que geralmente seraacute pouco utilizada pelo seu usuaacuteriordquo (JULIANO 2009 p58)

Segundo o ldquoRelatoacuterio Planeta Vivo 2014rdquo da WWF a biodiversidade estaacute diminuindo enquanto a demanda da humanidade por recursos naturais eacute crescente Atualmente precisamos de 15 planetas para satisfazer a nossa demanda anual Se a tendecircncia continuar para o ano de 2050 necessitaremos de trecircs planetas para poder suprir as necessidades da populaccedilatildeo mundial

Somado a isso estimativas do Banco Mundial para 2025 alertam que haveraacute um aumento de 13 bilhatildeo de toneladas

para 22 bilhotildees de toneladas de resiacuteduo produzido no mundo tornando-se imprescindiacutevel a gestatildeo dos resiacuteduos e o descarte correto de materiais (HOORNWEG e BHADA-TATA 2012)

Marco Lambertini Diretor Geral da WWF Internacional afirma que a ldquosituaccedilatildeo estaacute tatildeo preocupante que parece difiacutecil se sentir otimista em relaccedilatildeo ao futuro Difiacutecil com certeza mas natildeo impossiacutevel Eacute entre noacutes os causadores do problema que podemos encontrar a soluccedilatildeordquo Haacute tempo para tomar medidas decisivas para gerir de forma sustentaacutevel os recursos limitados do planeta e construir um futuro para as proacuteximas geraccedilotildees Ressalta ainda que a mudanccedila deve comeccedilar por mudar nossos haacutebitos diaacuterios (WWF 2014 p4)

A insustentabilidade dos recursos naturais jaacute havia sido questionada na Segunda Conferecircncia Mundial de Meio Ambiente a Eco 92 Eacute tambeacutem possiacutevel perceber essa preocupaccedilatildeo no capiacutetulo 4 da Agenda 21 Global na qual o consumo sustentaacutevel eacute descrito como uma importante accedilatildeo para mudanccedila de paradigma que deve considerar

ldquohellip a escolha de produtos que utilizam menos recursos naturais em sua produccedilatildeo que garantam o emprego decente aos que os produziram e que seratildeo facilmente reaproveitados ou reciclados Significa comprar aquilo que eacute realmente necessaacuterio estendendo a vida uacutetil dos produtos tanto quanto possiacutevel Consumimos de maneira sustentaacutevel quando nossas escolhas de compra satildeo conscientes responsaacuteveis com a compreensatildeo de que teratildeo consequecircncias ambientais e sociais ndash positivas ou negativasrdquo (MMA 2016)

Tais discussotildees foram importantes para a elaboraccedilatildeo de legislaccedilotildees que levassem em consideraccedilatildeo a questatildeo do consumo e a consequente geraccedilatildeo de resiacuteduos Podemos destacar nesse

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BADUE A F B et al Manual pedagoacutegico entender para intervir Por uma educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel e o comeacutercio justo Satildeo Paulo Instituto Kairoacutes Artisans du Monde 2005

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LAZZARINI W A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos e o gerenciamento de aacutereas contaminadas Em Jardim Arnaldo Yoshida Consuelo Machado Filho Joseacute Valverde (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos (1ordf Ed) Barueri SP Manole2012 (Coleccedilatildeo Ambiental)

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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WACKERNAGEL M What We Use and What We Have Ecological Footprint and Ecological Capacity Redefining Progress 2002

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Praacuteticas que ajudam a diminuir a sua Pegada Ecoloacutegica WWF Brasil 2017 Disponiacutevel em lthttpwwwwwforgbrnatureza_brasileiraespeciaispegada_ecologicasua_pegadareduza_sua_pegadagt Acesso em 06 mar 2017

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

PREFEITURA DE SANTO ANDRE Santo Andreacute sai na frente com inauguraccedilatildeo de Centro Puacuteblico de Economia Solidaacuteria 2014 Disponiacutevel em lthttpwww2santoandrespgovbrindexphpnoticiasitem5809---Santo-Andre-sai-na-frente-com-inauguracao-de-Centro-Publico-de-Economia-Solidariagt Acesso emjun 2017

PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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O Instituto SIADES

175 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

sentido a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) Lei Federal ndeg 114052010 elaborada de maneira a integrar-se com a Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente e articular-se com a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Ambiental e com a Poliacutetica Federal de Saneamento Baacutesico Esta lei estabelece tambeacutem as competecircncias dos estados e dos municiacutepios na gestatildeo dos resiacuteduos soacutelidos

Entre os municiacutepios brasileiros jaacute avanccedilados com relaccedilatildeo agrave gestatildeo adequada dos resiacuteduos em especial agrave praacutetica de coleta seletiva podemos destacar o Municiacutepio de Santo Andreacute ndash SP

Dados obtidos do Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute (SEMASA) apontam que desde 1997 iniciou-se a coleta seletiva no municiacutepio tendo maior abrangecircncia a partir de 2000 quando foi ampliando o serviccedilo para toda cidade O modelo de gestatildeo adotado estabelece a coleta domiciliar de resiacuteduos uacutemidos (resiacuteduo orgacircnico mas que conteacutem tambeacutem resiacuteduos secos devido a natildeo adesatildeo da coleta seletiva por parte da populaccedilatildeo) e secos (resiacuteduo reciclaacutevel) coletados nos bairros Tambeacutem oferece aos muniacutecipes o serviccedilo de ecopontos onde os moradores podem destinar ateacute 1m3 de resiacuteduos da construccedilatildeo civil entre outros materiais Parte do que eacute coletado eacute utilizado como camada asfaacuteltica no aterro sanitaacuterio O municiacutepio tambeacutem apresentou um projeto de elaboraccedilatildeo de uma usina de reutilizaccedilatildeo desses materiais Aleacutem disso dentro do proacuteprio aterro sanitaacuterio haacute cooperativas que trabalham com a questatildeo da reciclagem de resiacuteduos (SEMASA 2016)

Essas alternativas natildeo devem ser encaradas como o uacutenico caminho para a diminuiccedilatildeo dos resiacuteduos Como jaacute mencionado a geraccedilatildeo de resiacuteduos cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo quanto mais compramos mais recursos naturais consumimos e mais resiacuteduos geramos (SALVARO et al 2007 LAZZARINI 2012)

Como consequecircncia necessitaremos de espaccedilos cada vez maiores para disposiccedilatildeo final desses resiacuteduos Somado a isso muitos aterros existentes jaacute possuem sua capacidade esgotada e vida uacutetil comprometida como eacute o caso do aterro de Santo Andreacute que teve sua vida uacutetil prorrogada para mais seis anos somente (SEMASA 2016)

A questatildeo eacute relativamente simples ou nos damos conta de que o planeta eacute um soacute e os recursos satildeo finitos ou estaremos determinando o mais sombrio cenaacuterio ndash ainda neste seacuteculo ndash para noacutes mesmos e para aqueles que vierem depois (TRIGUEIRO 2015)

Portanto eacute necessaacuterio que modifiquemos a loacutegica do consumo e o estilo de vida e adotemos uma perspectiva de consumo consciente e responsaacutevel Consumir apenas o necessaacuterio eacute o caminho para um futuro sustentaacutevel e isso natildeo significa necessariamente abrir matildeo do bem-estar

Consumir eacute necessaacuterio no entanto podemos fazecirc-lo de forma sustentaacutevel e responsaacutevel Ao inveacutes de exercitar o ldquoterrdquo eacute importante exercitar o ldquoserrdquo Antes de comprar algum produto reflita se realmente necessita dele Se natildeo for tatildeo importante por que natildeo resistir

Temos que mudar a ideia de que o indicador de bem-estar e felicidade pessoal eacute a acumulaccedilatildeo de bens Eacute necessaacuteria uma nova cultura onde o consumismo soacute seja bem-vindo quando indicar acuacutemulo de conhecimento lazer entretenimento mais tempo para a famiacutelia e os amigos Um estilo de vida mais simples no qual ostentar a abundacircncia seja algo sem sentido (TRIGUEIRO 2015)

Mudanccedilas concretas na sociedade passam pela revisatildeo de conceitos evalores eacuteticos e exigem a consciecircncia e

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[SEMASA] SERVICcedilO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDREacute Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos em Santo Andreacute Formaccedilatildeo de gestores e professores de Santo Andreacute Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos Apresentaccedilatildeo

TRIGUEIRO A Natildeo haacute plano B Em Consumo Consciente Caderno 7 Globo Comunicaccedilatildeo e Participaccedilatildeo SA Satildeo Paulo 2015 Disponiacutevel em lthttpappcadernosglobocombrbancagt Acesso em 06 mar 2017

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VIEIRA GC REZENDE E N A responsabilidade civil ambiental decorrente da obsolescecircncia programada Revista Brasileira de Direito v11 p 66-76 2015

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WACKERNAGEL M What We Use and What We Have Ecological Footprint and Ecological Capacity Redefining Progress 2002

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GRIFFITHS M RICHARDS M WINTERS B How to Reduce Reuse and Recycle Waste in Schools ResourceSmart Schools Victoria Sustainability Victoria 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwsustainabilityvicgovaugt Acesso em 20 maio 2017

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LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

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Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

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ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

185 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

o comprometimento da coletividade por meio de uma aprendizagem social (aprender juntos) que possibilite real participaccedilatildeo Isso comeccedila pelas atitudes de cada indiviacuteduo dentro de casa passa pela escola universidade mercado de trabalho e os demais espaccedilos coletivos

Um bom indicador para mensurar o quanto o nosso consumo vem impactando o espaccedilo em que vivemos eacute a Pegada Ecoloacutegica ndash PE (Ecological Footprint) Ela auxilia a percebermos quanto de recursos naturais utilizamos para sustentar nosso estilo de vida como o local e a casa onde moramos os moacuteveis as roupas os eletrocircnicos o que comemos o transporte que utilizamos nosso lazer enfim todos os produtos e serviccedilos que consumimos

A Pegada Ecoloacutegica (PE) foi criada por Mathis Wackernagel e William Rees em 1996 como forma de medir a dimensatildeo crescente das marcas que deixamos no planeta Segundo esses autores a PE diz respeito agrave ldquoaacuterea correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquaacuteticos necessaacuterios para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resiacuteduos produzidos por uma dada populaccedilatildeo sob um determinado estilo de vidardquo (WACKERNAGEL E REES 1996 p 09)

Ou seja a PE eacute uma forma de traduzir em hectares (ha) o total de territoacuterio (plantaccedilotildees pastagens florestas e ecossistemas aquaacuteticos) necessaacuterio para manter a demanda de alimentos aacutegua energia e produtos de uma pessoa ou toda a sociedade Aleacutem disso eacute preciso incluir as aacutereas usadas para receber os resiacuteduos gerados e reservar uma quantidade de terra e aacutegua para a proacutepria Natureza ou seja para os animais as plantas e os ecossistemas onde vivem garantindo a manutenccedilatildeo da biodiversidade

Considera seis categorias de demanda ilustradas na Figura 4

FIGURA 4 DIMENSOtildeES DA PEGADA ECOLOacuteGICA

Fonte WWF 2012a

A Pegada Ecoloacutegica tambeacutem compara o consumo humano real de recursos renovaacuteveis e serviccedilos ecoloacutegicos com o fornecimento natural desses recursos e serviccedilos (WACKERNAGEL E REES 1996)

CARBONO Representa a extensatildeo de aacutereas florestais capazes de sequestrar emissotildees de CO2 derivadas da queima de combustiacuteveis foacutesseis excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a acidificaccedilatildeo dos mesmos

ESTOQUES PESQUEIROSCalculado a partir da estimativa de produccedilatildeo primaacuteria necessaacuteria para sustentar os peixes e mariscos capturados com base em dados de captura relativos a espeacutecies marinhas e de aacutegua doce

AacuteREAS CONSTRUIacuteDASRepresenta a extensatildeo de aacutereas cobertas por infraestrutura humana inclusive transportes habitaccedilatildeo estruturas industriais e reservatoacuterios para a geraccedilatildeo de energia hidreleacutetrica

AacuteREAS DE CULTIVORepresenta a extensatildeo de aacutereas de cultivo usadas para a produccedilatildeo de alimentos e fibras para consumo humano bem como para a produccedilatildeo de raccedilatildeo para alimentar os animais que criamos (gado suiacutenos caprinos aves) oleaginosas e borracha

PASTAGENSRepresenta a extensatildeo de aacutereas de pastagem utilizadas para a criaccedilatildeo de gado de corte e leiteiro e para a produccedilatildeo de couro e produtos de latilde

FLORESTASRepresenta a extensatildeo de aacutereas florestais necessaacuterias para o fornecimento de produtos madeireiros celulose e lenha

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

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alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

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compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

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comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

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essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

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Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

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2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

195 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Isto eacute feito estimando-se as superfiacutecies de terra e aacutegua biologicamente produtivas necessaacuterias para suprir a demanda por bens e serviccedilos e comparando-se com a aacuterea existente (a biocapacidade) usando hectares globais (gha) como a unidade de medida A biocapacidade funciona como um ponto de referecircncia ecoloacutegico a partir do qual podemos avaliar a pressatildeo que as atividades humanas colocam nos ecossistemas (WWF 2016)

Quando as demandas humanas excedem os recursos naturais disponiacuteveis (biocapacidade) eacute produzido um deacuteficit ecoloacutegico significa que os recursos estatildeo sendo consumidos mais rapidamente do que o ecossistema consegue repor o que culmina com a diminuiccedilatildeo do capital natural do qual dependem as geraccedilotildees futuras e atuais (WACKERNAGEl 2002)

Para que determinada populaccedilatildeo grupo ou indiviacuteduo seja ambientalmente sustentaacutevel a PE teraacute de ser inferior agrave capacidade de carga do planeta ou regiatildeo dependendo da escala utilizada

Segundo Van Bellen (2007 p107) ldquoo meacutetodo natildeo procura definir a populaccedilatildeo para uma determinada aacuterea geograacutefica

(hellip) mas sim calcular a aacuterea requerida por uma populaccedilatildeo de um determinado sistema para que ela se mantenha indefinidamenterdquo

Entram no caacutelculo da Pegada Ecoloacutegica apenas os usos e recursos que podem ser medidos em termos de aacuterea necessaacuteria para manter a produtividade bioloacutegica Portanto natildeo integra a questatildeo social e econocircmica porque natildeo podem ser calculados com base nessa loacutegica Assim a PE foca nos aspectos ecoloacutegicos e natildeo consegue contabilizar alguns impactos como a contaminaccedilatildeo do solo da aacutegua e do ar erosatildeo e perda de biodiversidade No entanto permite visualizar se as atividades de consumo humano estatildeo de acordo com o que a Terra pode fornecer (WWF 2013)

Segundo Wackernagel e Rees (1996) a PE eacute uma abordagem simplificada do mundo real Natildeo eacute uma medida exata e sim uma estimativa mas sua simplicidade e siacutentese permitem faacutecil compreensatildeo e aplicaccedilatildeo o que favorece seu uso como ferramenta de sensibilizaccedilatildeo e educaccedilatildeo ambiental Ela natildeo soacute analisa a sustentabilidade das atividades humanas como tambeacutem contribui para a construccedilatildeo de consciecircncia a respeito dos problemas socioambientais e auxilia no processo decisoacuterio pois reforccedila a dependecircncia da sociedade humana em relaccedilatildeo a seu ecossistema (VAN BELLEN2007)

A PE tem sido constantemente usada por pesquisadores e ambientalistas como indicador de sustentabilidade de cidades ou paiacuteses e por organizaccedilotildees como a Redefinig Progress e a World Wide Fund for Nature ndash WWF que tem publicado relatoacuterios sobre o assunto os ldquoLiving Planet Reportsrdquo (WWF ndash Brasil) Segundo Wackernagel e Rees (1996) a anaacutelise da PE pode ser aplicada nas escalas organizacional individual familiar regional nacional e mundial (WWF 2012a)

O que eacute biocapacidade

Eacute a capacidade dos ecossistemas em fornecer materiais bioloacutegicos uacuteteis (que o consumo humano exigiu em um determinado ano) e absorver os resiacuteduos gerados pelo ser humano utilizando as atuais metodologias de gestatildeo e tecnologias de extraccedilatildeo Como a Pegada Ecoloacutegica a biocapacidade eacute expressa em uma unidade comum o hectare global (gha)(WWF 2012b 2013)

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

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comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

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PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

205 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Para se ter uma ideia a meacutedia da PE mundial em 2012 era de 27 hectares globais por pessoa com biocapacidade disponiacutevel para cada ser humano de apenas 18 hectare global colocando a humanidade em deacuteficit ecoloacutegico de 09 ghapessoa Isso significa que a humanidade jaacute excede a capacidade regenerativa do planeta (WWF 2012a)

A PE brasileira eacute de 29 hectares globais por habitante indicando que o consumo meacutedio de recursos ecoloacutegicos pelo brasileiro eacute maior que a PE mundial (27 gha) Se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro seriam necessaacuterios 16 planetas (WWF 2013)

Cabe ressaltar que o Brasil eacute o paiacutes com uma das maiores biodiversidades do mundo o que nos coloca em uma posiccedilatildeo privilegiada no cenaacuterio mundial Mas essa biodiversidade diminuiu nas uacuteltimas deacutecadas enquanto a Pegada Ecoloacutegica aumentou (WWF 2013)

Quando aumentamos o zoom e olhamos para o Estado e a cidade de Satildeo Paulo verificamos uma meacutedia de 352 hectares globais por pessoa no estado de Satildeo Paulo e de 438 na capital Ou seja o Estado e o municiacutepio possuem uma demanda (ou consumo) maior que a meacutedia nacional Se todas as pessoas do mundo consumissem como os paulistas seriam necessaacuterios quase 2 planetas para sustentar esse estilo de vida Se consumissem como os paulistanos precisariacuteamos de 25 planetas

Por isso eacute fundamental conservar nosso valioso patrimocircnio natural e reduzir a Pegada Ecoloacutegica

Precisamos consumir menos produtos dando preferecircncia aos que tenham maior durabilidade e portanto ofereccedilam menor potencial de geraccedilatildeo de resiacuteduos e de desperdiacutecio de aacutegua energia e recursos

naturais Haacute muitas atitudes que podemos adotar no dia a dia se cada um fizer a sua parte garantiremos um mundo melhor para noacutes e para as futuras geraccedilotildees A Figura 5 mostra algumas ideias

FIGURA 5 O QUE PODEMOS FAZER PARA DIMINUIR NOSSA PEGADA ECOLOacuteGICA

ALIMENTACcedilAtildeO

bull Prefira alimentos orgacircnicos da estaccedilatildeo produzidos localmente e que venham com pouca embalagem

bull Diversifique a sua alimentaccedilatildeo Carnes brancas (peixe e frango) e gratildeos tambeacutem satildeo excelentes fontes de proteiacutena

bull Coloque no prato somente aquilo que vocecirc pretende comer e evite o desperdiacutecio

bull Evite alimentos enlatados embutidos e fast-food pois a produccedilatildeo em larga escala estocagem e conservaccedilatildeo desses alimentos consomem mais energia agrave base de petroacuteleo

bull Reintegre restos de alimentos e outros materiais orgacircnicos agrave natureza Recicle e produza adubo orgacircnico e de qualidade Vocecirc pode usaacute-lo em um minhocaacuterio ou composteira seja em casa no bairro ou no trabalho

ENERGIA

bull Se possiacutevel opte por instalaccedilatildeo de energias renovaacuteveis na sua casa e no seu trabalho (paineacuteis solares solar teacutermico e eoacutelicas)

bull Pinte as paredes internas com cores claras com tinta agrave base de aacutegua Elas refletem melhor a luz e reduzem a necessidade de ligar lacircmpadas

bull Evite ao maacuteximo usar o ar condicionado Opte pelas janelas abertas e sinta a brisa do ar E tambeacutem use mais a luz do sol abrindo janelas cortinas e persianas

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

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comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

215 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

Fonte WWF 2017

bull Antes de comprar um aparelho eletroeletrocircnico verifique a etiqueta do consumo de energia e escolha aquele que consome menos

bull Substitua as lacircmpadas incandescentes por lacircmpadas fluorescentes Aleacutem de consumir 75 menos de energia elas duram muito mais

LAZER

bull Vocecirc pode ajudar a preservar a cultura local e suas tradiccedilotildees Opte pelo turismo sustentaacutevel pelo ecoturismo e pelo turismo rural Satildeo sempre oacutetimos passeios

bull Quando visitar parques nacionais e unidades de conservaccedilatildeo abertas ao puacuteblico recolha o seu lixo Respeite o meio ambiente

bull Participe da criaccedilatildeo de uma horta comunitaacuteria no seu bairro ou proacuteximo ao seu trabalho Contribua com a sua comunidade e com a natureza

bull Visite os espaccedilos verdes e os parques urbanos da sua cidade Praacuteticas de exerciacutecios fiacutesicos ao ar livre satildeo excelentes para a sauacutede bull Frequente bibliotecas puacuteblicas feiras literaacuterias e estimule a troca de livros Leia aprenda e compartilhe

CONSUMO

bull Antes de adquirir qualquer produto novo pare e pense Eu realmente preciso disso Vou usar E se realmente necessito qual a sua origem Como ele foi produzido e com que tipo de materiais e insumos Conhecer a cadeia produtiva daquilo que consumimos nos ajuda a fazer escolhas melhores

bull Evite trocar eletrodomeacutesticos e aparelhos eletrocircnicos antigos ainda em boas condiccedilotildees apenas porque o modelo novo vem com funccedilotildees que o tornam interessante mas que satildeo desnecessaacuterias Na maioria das vezes vocecirc natildeo vai usaacute-las Mas se o aparelho novo consome menos energia que o anterior a substituiccedilatildeo eacute recomendada

bull Racionalize o uso do papel e utilize papel reciclado As folhas usadas de um lado soacute ainda servem para rascunho ou para anotaccedilotildees E mais imprima e-mails e documentos somente quando necessaacuterio

TRANSPORTE

bull Evite andar com veiacuteculo particular sozinho Organize caronas solidaacuterias com colegas e vizinhos

bull Amplie suas formas de locomoccedilatildeo utilizando bicicleta percorrendo pequenos trechos a peacute e privilegiando o uso de transporte coletivo

bull Mantenha em dia a manutenccedilatildeo e revisatildeo do seu veiacuteculo particularbull Decirc preferecircncia para combustiacuteveis alternativos como o etanol gaacutes natural

e biocombustiacutevel

AacuteGUA

bull Natildeo lave a louccedila com a torneira aberta Passe primeiro o sabatildeo depois tire-o de uma soacute vez Ou tampe a pia e encha de aacutegua para fazer o serviccedilo

bull Ao tomar banho e escovar os dentes feche a torneira enquanto se ensaboa ou escova os dentes para usar apenas a quantidade de aacutegua necessaacuteria

bull Soacute use a mangueira quando necessaacuterio Regue o jardim e se tiver que lavar a calccedilada aproveite a aacutegua da chuva ou ainda use a aacutegua da maacutequina ou do tanque de lavar roupa

bull Lave o carro apenas quando necessaacuterio Ele realmente precisa de um banho por semana Se precisar as lavagens a seco satildeo uma boa opccedilatildeo

bull Evite ao maacuteximo comprar aacutegua engarrafada e priorize o uso dos filtros de aacutegua que satildeo mais econocircmicos e natildeo geram resiacuteduos

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica nosso estilo de vida deixa marcas no planeta WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2013

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Living Planet Report 2016 Risk and resilience in a new era WWF International Gland Switzerland 2016

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

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DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

225 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto ldquoPegada Ecoloacutegica por uma sociedade mais sustentaacutevelrdquo

Projeto desenvolvido pelos Professores Ana Paula Bafim ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Bianca Euzebio Zanetti ndash Diretoria Regional de Ensino Denise S Nascimento ndash Diretoria Regional de Ensino Gislaine Perdon ndash E M Zilda Gomes dos Reis de Almeida Kelly Cristina Leme Gilioli ndash E E Prof Antonio Francisco Pavanello Rodrigo Kitov Correia ndash E E Ovidio Pires de Campos

Objetivo propor atividades pedagoacutegicas que estimulem a reflexatildeo sobre os padrotildees de consumo e como reduzi-los utilizando como ferramenta a metodologia da pegada ecoloacutegica

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Atividades

1 Roda de conversa e Questionaacuterio Pegada Ecoloacutegica a primeira estrateacutegia de ensino proposta aos alunos eacute a Roda de Conversa Os alunos devem ser dispostos em ciacuterculo para que dialoguem sobre a temaacutetica do consumo exagerado e calculem sua Pegada Ecoloacutegica (questionaacuterio da WWF 2007) em seguida discutem os resultados e refletem como cada um pode reduzir sua pegada ecoloacutegica incluindo a escola

2 Exibiccedilatildeo do filme ldquoA questatildeo ambientalrdquo (Ibama) e ldquoA histoacuteria das coisasrdquo apoacutes a exibiccedilatildeo dos filmes propor aos alunos uma pesquisa sobre como os resiacuteduos que produzimos em nosso dia-a-dia satildeo descartados preenchendo uma tabela com os pontos positivos e negativos dos lixotildees dos aterros sanitaacuterios da incineraccedilatildeo e da reciclagem Em seguida dialogar e abrir um foacuterum com as seguintes questotildees norteadoras

consumimos o que realmente estamos precisando precisamos consumir em excesso como o lixo eacute tratado em seu municiacutepio refletir e discutir as diversas respostas dos alunos e os conceitos abordados diante do consumo e desperdiacutecio e por fim pensar em medidas econocircmicas e viaacuteveis

3 Gecircneros Textuais esta estrateacutegia visa produccedilatildeo interpretaccedilatildeo e revisatildeo de dados de acordo com os conceitos sobre a Pegada Ecoloacutegica e Consumo Responsaacutevel Construccedilatildeo de folder informativo e explicativo sobre a Pegada Ecoloacutegica apresentando os resultados das pegadas ecoloacutegicas dos alunos e as reflexotildees realizadas na atividade da roda de conversa Posteriormente pode-se fazer a distribuiccedilatildeo dos folders na comunidade escolar

4 Pegada Hiacutedrica os alunos traratildeo as contas de aacutegua de sua residecircncia Em seguida calcularatildeo o consumo diaacuterio de aacutegua em comparaccedilatildeo com a Pegada Hiacutedrica mundial A partir desse caacutelculo sugere-se a realizaccedilatildeo de um debate sobre a Pegada Hiacutedrica meacutedia brasileira elaboraccedilatildeo de medidas para a diminuiccedilatildeo do gasto hiacutedrico registro das medidas propostas e discussatildeo sobre as mudanccedilas de haacutebitos e costumes Realizar leitura do texto ldquoEu Consumo Tu Consomesrdquo do livro Ecologia em debate interpretar e refletir sobre a temaacutetica do Consumo Responsaacutevel propondo accedilotildees e medidas de diminuiccedilatildeo nos gastos hiacutedricos

5 Accedilotildees a partir das discussotildees sobre a pegada ecoloacutegica e o consumo propor accedilotildees de reduccedilatildeo para a escola como a construccedilatildeo de composteira horta coleta seletiva reduccedilatildeo no consumo de energia eleacutetrica e desperdiacutecio de alimentos

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Pegada Ecoloacutegica que marcas queremos deixar no planeta - Estado e capital e a famiacutelia de pegadas WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2007

[WWF] WORLD WIDE FOUND FOR NATURE Planeta Vivo Relatoacuterio 2014 Sumaacuterio WWF Brasil Brasiacutelia ndash DF 2014

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

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essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

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Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

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2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

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alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

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bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

235 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

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alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

CAPIacuteTULO 3

Recusar a propaganda natildeo influencia minhas

escolhas

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABDUL-RAHMAN F Reduce reuse recycle alternatives for waste management Guide G-314 Las Cruces New Mexico State University jan 2014 Disponiacutevel em httpacesnmsuedupubs_gG314pdf Acesso em 10 out 2016

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BOL Chega de embalagens Grande rede de supermercados brasileira passa a vender a granel 2016 Disponiacutevel em lt httpthegreenestpostboluolcombrchega-de-embalagens-grande-rede-de-supermercados-brasileira-passa-vender-granelgt Acesso em 11 jun 2017

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GRIFFITHS M RICHARDS M WINTERS B How to Reduce Reuse and Recycle Waste in Schools ResourceSmart Schools Victoria Sustainability Victoria 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwsustainabilityvicgovaugt Acesso em 20 maio 2017

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LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

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Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

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Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

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ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 25

O consumo eacute direcionado pelo mercado pela moda e pela propaganda fazendo com que as pessoas sejam reconhecidas mais pelo tecircm do que pelo que satildeo

acentuando as diferenccedilas sociais criando carecircncias e desejos A felicidade e a qualidade de vida estatildeo relacionadas ao consumo trabalhamos para consumir e diminuimos o tempo de lazer relaccedilotildees sociais e descanso O problema se acentua quando aleacutem de desmedida a compra eacute feita sem a preocupaccedilatildeo com o impacto dos produtos no ambiente na sauacutede (MMA MEC IDEC 2005 p15) na qualidade dos alimentos consumidos e nas relaccedilotildees de trabalho justas

Vivemos uma crise ambiental sem precedentes derivada de produccedilatildeo e consumo exagerados degradaccedilatildeo ambiental grande geraccedilatildeo de resiacuteduos amplo uso de combustiacuteveis foacutesseis escassez de aacutegua e carecircncia de infraestrutura urbana adequada para abrigar 84 da populaccedilatildeo brasileira

Para quem natildeo sabe os produtos satildeo feitos propositalmente pelo fabricante para natildeo durar muito tempo (obsolescecircncia programada) e tambeacutem todos os anos satildeo lanccedilados novos produtos com design diferente do ano anterior o mesmo ocorrendo com a moda A real intenccedilatildeo eacute nos fazer perceber que estamos ldquofora de modardquo levando-nos a adquirir modelos novos descartando o antigo Isso se chama ldquoobsolescecircncia percebidardquo Alguma vez vocecirc jaacute se perguntou porque segue as tendecircncias da moda Ou do novo celular Ou do carro

Portanto devemos nos indagar quais produtos realmente necessitamos quais produtos ou serviccedilos podem causar menores impactos ao ambiente os que consomem menor quantidade de mateacuteria-prima e energia e os que poderatildeo ser reutilizados ou reciclados apoacutes o descarte aleacutem de quais foram produzidos por meio de condiccedilotildees de trabalho dignas e que natildeo causem impactos agrave sauacutede

A necessidade de novos modelos de consumo deu origem a diversas estrateacutegias como ldquoconsumo verderdquo ldquoconsumo eacuteticordquo ldquoconsumo responsaacutevelrdquo e ldquoconsumo conscienterdquo Surgiu tambeacutem uma nova proposta de poliacutetica ambiental que ficou conhecida como ldquoconsumo sustentaacutevelrdquo (MMA MEC IDEC 2005)

O consumo verde foca na escolha de produtos que natildeo agridam o ambiente na produccedilatildeo e descarte final Embora seja beneacutefico eacute centrado no processo de produccedilatildeo (tecnologia) trocando-se um determinado produto por outro produzido de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental natildeo reduzindo o consumo (MMA MEC IDEC 2005 p18)

O consumo eacutetico consumo responsaacutevel e consumo consciente de acordo com MMA MEC IDEC (2005 p 18-19) surgiram como forma de incluir a preocupaccedilatildeo com aspectos sociais e natildeo soacute ecoloacutegicos nas atividades de consumo Nestas propostas os consumidores devem incluir em suas escolhas de compra compromisso eacutetico consciecircncia e responsabilidade quanto aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem causar em ecossistemas e outros grupos sociais na maior parte das vezes geograacutefica e temporalmente distantes

O consumo sustentaacutevel eacute mais amplo pois aleacutem das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e das mudanccedilas nas escolhas individuais de consumo enfatiza accedilotildees coletivas e mudanccedilas poliacuteticas econocircmicas e institucionais para fazer com que os padrotildees e os niacuteveis de consumo se tornem mais sustentaacuteveis ndash uma meta a ser atingida (MMA MEC IDEC 2005 p19) Eacute conceituado como ldquoaquele que busca melhor desempenho ambiental em setores como a agricultura energia induacutestria turismo e transporte para que os bens e os serviccedilos necessaacuterios para satisfazer as necessidades baacutesicas e para melhorar a qualidade de vida ndash tal como a

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

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eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

PREFEITURA DE SANTO ANDRE Santo Andreacute sai na frente com inauguraccedilatildeo de Centro Puacuteblico de Economia Solidaacuteria 2014 Disponiacutevel em lthttpwww2santoandrespgovbrindexphpnoticiasitem5809---Santo-Andre-sai-na-frente-com-inauguracao-de-Centro-Publico-de-Economia-Solidariagt Acesso emjun 2017

PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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ROBINS N ROBERTS S Changing consumption and production patterns un-locking opportunities International Institute for Environment and Development UN Department of Policy Coordination and Sustainable Development 1997

TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 26

alimentaccedilatildeo e a sauacutede moradia vestuaacuterio lazer e transporte ndash possam ser oferecidos de forma a reduzir a pressatildeo sobre capacidade de carga da Terrardquo (ROBINS amp ROBERTS 1997) devendo considerar

A responsabilidade do consumidor que possui grande influecircncia no mercado e na competiccedilatildeo entre as empresas Se o consumidor buscar pagar sempre o menor preccedilo pode estar perdendo em qualidade causando danos ambientais e agrave sauacutede Ao serem buscados produtos de qualidade a competiccedilatildeo tambeacutem teraacute por base a sustentabilidade ambiental a justiccedila social e o preccedilo justo

Comprar somente o necessaacuterio pois muitos produtos satildeo supeacuterfluos

Buscar produtos inovadores que utilizem no processo de fabricaccedilatildeo substacircncias ou materiais que agridam menos o ambiente e a sauacutede

Conhecer o ciclo de vida do produto (Figura 6) ou seja todas as etapas de sua produccedilatildeo e descarte para que estes sejam considerados no momento da compra A oferta economicamente mais vantajosa deve-se basear nos custos econocircmicos e ambientais causados pelo produto durante toda sua vida

Entre as accedilotildees que podem ser utilizadas por todos tecircm-se

RECUSA (BOICOTE) recusa planejada e organizada a comprar bens ou serviccedilos de certas lojas empresas e ateacute mesmo paiacuteses ndash protesto contra aumentos injustificaacuteveis de preccedilos etc As empresas satildeo particularmente sensiacuteveis aos boicotes uma vez que podem ter seacuterios prejuiacutezos financeiros

ORGANIZACcedilAtildeO DE COOPERATIVAS OU REDES DE CONSUMO as cooperativas permitem aos consumidores escaparem mesmo que parcialmente das relaccedilotildees de exploraccedilatildeo do consumo

ECONOMIA SOLIDAacuteRIA praacutetica de colaboraccedilatildeo e solidariedade inspirada por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econocircmica ao inveacutes da acumulaccedilatildeo da riqueza e de capital Baseia-se numa globalizaccedilatildeo mais humana e valoriza o trabalho o saber e a criatividade buscando satisfazer plenamente as necessidades de todos Constitui-se num poderoso instrumento de combate agrave exclusatildeo social e congrega diferentes praacuteticas associativas comunitaacuterias artesanais individuais familiares e cooperaccedilatildeo entre campo e cidade

ECO-ROTULAGEM OU ROTULAGEM AMBIENTAL atribuiccedilatildeo de um roacutetulo ou selo a um produto ou a uma empresa informando sobre seus aspectos ambientais Os consumidores podem obter informaccedilotildees para fazer suas escolhas de compra com maior

Processamento de materiais

Fabricaccedilatildeo do produto

Distribuiccedilatildeo

Uso

Fim da vida uacutetil

Extraccedilatildeo de recursos

FIGURA 6 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Fonte Ciclo de vida dos produtos KAKAZU 2016

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compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

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essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

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Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

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2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

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A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

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alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 27

compromisso e responsabilidade social e ambiental A rotulagem ambiental eacute uma forma de fortalecer as redes de relacionamento entre produtores comerciantes e consumidores (MMA 2002 apud MMA MEC IDEC 2005) Haacute uma diferenccedila entre uma certificaccedilatildeo dada por um organismo independente e os selos que satildeo colocados nos produtos pelos proacuteprios fabricantes Por isso deve-se ficar atento com informaccedilotildees inveriacutedicas Praacuteticas conhecidas como greenwashing induzem a falsos benefiacutecios ambientais oferecidos por empresas de produtos ou serviccedilos nos quais os roacutetulos apresentam dizeres como produto ldquoverderdquo ldquonaturalrdquo ldquosem produtos agrotoacutexicosrdquo ou as informaccedilotildees satildeo colocadas de maneira imprecisa

As certificaccedilotildees e selos mais conhecidos de produtos alimentiacutecios e material de consumo como o papel com o tempo vatildeo sendo conhecidos pelas pessoas Eacute o caso do Forest Stewardship Council ndash FSC que certifica aacutereas e produtos florestais como toras de madeira moacuteveis lenha papel nozes e sementes atestando que o produto vem de um processo produtivo ecologicamente adequado socialmente justo e economicamente viaacutevel Este selo costuma aparecer em pacotes de papel sulfite e cadernos

O Rainforest Alliance Certified eacute uma certificaccedilatildeo socioambiental de produtos agriacutecolas como frutas cafeacute cacau e chaacutes que comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo Com grande aceitaccedilatildeo na Europa e nos EUA eacute auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificaccedilatildeo Florestal e Agriacutecola ndash Imaflora

A Ecocert certifica alimentos orgacircnicos e cosmeacuteticos naturais ou orgacircnicos certificando tambeacutem o comeacutercio justo de produtos

O Instituto Biodinacircmico ndash IBD certifica alimentos cosmeacuteticos e algodatildeo orgacircnicos Aleacutem de cumprir os requisitos baacutesicos para

a produccedilatildeo orgacircnica (como fazer rotaccedilatildeo de culturas e natildeo usar agrotoacutexicos) garante que a fabricaccedilatildeo daquele produto obedece ao Coacutedigo Florestal Brasileiro e agraves leis trabalhistas

Vocecirc sabia que haacute tambeacutem selos e certificaccedilotildees para edifiacutecios e eletrodomeacutesticos

O Leadership in Energy and Environmental Design ndash LEED (Lideranccedila em Energia e Design Ambiental em portuguecircs) eacute um sistema de pontuaccedilatildeo desenvolvido pelo Green Building Council dos EUA ndash USGBC e mede o desempenho ambiental de design construccedilatildeo e manutenccedilatildeo de edifiacutecios Seu objetivo eacute reduzir a pegada de carbono1 e criar uma competiccedilatildeo para melhor desempenho

O selo Procel ndash Programa Nacional de Conservaccedilatildeo de Energia Eleacutetrica (Figura 7)eacute um programa de governo coordenado pelo Ministeacuterio de Minas e Energia ndash MME e executado pelas Centrais Eleacutetricas Brasileiras S A ndash Eletrobras e certifica equipamentos eletrocircnicos e eletrodomeacutesticos indicando os produtos que apresentam os melhores niacuteveis de eficiecircncia energeacutetica dentro de cada categoria

As accedilotildees do Procel contribuem para o aumento da eficiecircncia dos bens e serviccedilos para o desenvolvimento de haacutebitos e conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia O Procel promove accedilotildees de

1 A Pegada de carbono mede a quantidade total das emissotildees de gases do efeito estufa causadas diretamente e indiretamente por uma pessoa organizaccedilatildeo evento ou produto

Fonte PROCEL ELETROBRAS 2016

FIGURA 7 SELO PROCEL

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 28

eficiecircncia energeacutetica em diversos segmentos da economia que ajudam o paiacutes a economizar energia eleacutetrica e que geram benefiacutecios para toda a sociedade tais como

bull Identificaccedilatildeo por meio do Selo Procel dos equipamentos e eletrodomeacutesticos mais eficientes o que induz ao desenvolvimento e ao aprimoramento tecnoloacutegico dos produtos disponiacuteveis no mercado brasileiro

bull Disponibilizaccedilatildeo de recomendaccedilotildees especializadas e simuladores em edificaccedilotildees promovendo o uso eficiente de energia no setor de construccedilatildeo civil em edificaccedilotildees residenciais comerciais e puacuteblicas

bull Apoio a prefeituras no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos de substituiccedilatildeo de equipamentos e melhorias na iluminaccedilatildeo puacuteblica e sinalizaccedilatildeo semafoacuterica (Reluz)

bull Fornecimento de ferramentas treinamento e auxiacutelio no planejamento e implantaccedilatildeo de projetos que visem ao menor consumo de energia em municiacutepios e ao uso eficiente de eletricidade e aacutegua na aacuterea de saneamento voltado ao poder puacuteblico

bull Treinamentos manuais e ferramentas computacionais em induacutestrias e comeacutercio voltados para a reduccedilatildeo do desperdiacutecio de energia com a otimizaccedilatildeo dos sistemas produtivos

bull Elaboraccedilatildeo e disseminaccedilatildeo de informaccedilatildeo qualificada em eficiecircncia energeacutetica por meio de accedilotildees educacionais no ensino formal ou da divulgaccedilatildeo de dicas livros softwares e manuais teacutecnicos

Como resultados acumulados o Procel gerou no periacuteodo de 1986 a 2015 uma economia de 922 bilhotildees de kWh

Em 1984 o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia) autarquia federal vinculada ao Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comeacutercio Exterior iniciou de forma

pioneira uma discussatildeo com a sociedade sobre a conservaccedilatildeo de energia com a finalidade de contribuir para a racionalizaccedilatildeo do seu uso no paiacutes informando os consumidores sobre a eficiecircncia energeacutetica de cada produto estimulando-os a fazer compras mais conscientes Este projeto cresceu e se transformou no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)

A partir da Lei Federal nordm 102952001 (Lei de Eficiecircncia Energeacutetica) e do Decreto Federal nordm 40592001 que regulamenta a Lei o Inmetro que estabelecia de forma voluntaacuteria programas de etiquetagem passou a estabelecer programas de avaliaccedilatildeo da conformidade compulsoacuterios na aacuterea de eficiecircncia energeacutetica

O Programa Brasileiro de Etiquetagem ndash PBE coordenado pelo Inmetro fornece informaccedilotildees sobre o desempenho dos produtos considerando a eficiecircncia energeacutetica o ruiacutedo e outros criteacuterios que podem influenciar a escolha dos consumidores que assim poderatildeo tomar decisotildees de compra mais conscientes Ele tambeacutem estimula a competitividade da induacutestria que deveraacute fabricar produtos cada vez mais eficientes

Cada linha de eletrodomeacutestico possui sua proacutepria etiqueta mudando de acordo com as caracteriacutesticas teacutecnicas de cada produto

Outro exemplo de etiqueta eacute o Selo Ruiacutedo iniciativa coordenada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis ndash IBAMA que informa aos consumidores o niacutevel de ruiacutedo gerado pelo funcionamento de aparelhos como secadores de cabelo liquidificadores e aspiradores de poacute permitindo diferenciar aqueles mais silenciosos

Neste sentido antes de comprar um produto etiquetado verifique a letra que indica sua eficiecircncia e procure sempre

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

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que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 29

comprar produtos que natildeo agridam o ambiente e a sauacutede Fique sempre atento ao prazo de validade e nas empresas que tecircm compromissos com a ecologia por meio de certificaccedilotildees de instituiccedilotildees acreditadas Aleacutem disso evite o excesso de sacos plaacutesticos e embalagens natildeo reciclaacuteveis e descartaacuteveis preferindo sacolas duraacuteveis

O modelo econocircmico estabelecido exclui pessoas e causa problemas sociais vividos principalmente pela populaccedilatildeo de baixa renda Eacute necessaacuterio que sejam estimuladas outras formas de produccedilatildeo e consumo que sejam mais justas

Para tornar as relaccedilotildees um pouco mais justas surge o conceito de economia solidaacuteria cujo modo de produccedilatildeo se caracteriza pela equidade Esse novo modelo de economia valoriza os trabalhadores e suas capacidades a possibilidade de cooperaccedilatildeo de associaccedilatildeo e troca trazendo setores excluiacutedos da sociedade aleacutem de estimular o desenvolvimento sustentaacutevel e solidaacuterio De acordo com o Ministeacuterio do Trabalho (2015) alguns princiacutepios satildeo importantes para se desenvolver a Economia Solidaacuteria satildeo eles

Cooperar ao inveacutes de competir todos devem trabalhar de forma colaborativa buscando os interesses e objetivos em comum a uniatildeo dos esforccedilos e capacidades a propriedade coletiva e a partilha dos resultados

As decisotildees devem ser tomadas de forma coletiva privilegiando as contribuiccedilotildees do grupo ao inveacutes de ficarem concentradas em um indiviacuteduo Todos devem ter voz e voto Os apoios externos natildeo devem substituir nem impedir o papel dos verdadeiros sujeitos da accedilatildeo aqueles que formam as cooperativas

A economia solidaacuteria eacute formada por iniciativas com motivaccedilatildeo econocircmica como a produccedilatildeo a comercializaccedilatildeo a prestaccedilatildeo de

serviccedilos as trocas o creacutedito e o consumo mas natildeo se deve abrir matildeo dos outros princiacutepios

A preocupaccedilatildeo com o outro deve estar presente de vaacuterias formas na economia solidaacuteria como na distribuiccedilatildeo justa dos resultados alcanccedilados na preocupaccedilatildeo com o bem-estar de todos os envolvidos nas relaccedilotildees com a comunidade na atuaccedilatildeo em movimentos sociais e populares na busca por um meio ambiente saudaacutevel e de um desenvolvimento sustentaacutevel

As formas econocircmicas estabelecidas por esse modelo organizado coletivamente vatildeo desde associaccedilotildees e grupos de produtores a cooperativas de agricultura familiar cooperativas de coleta e reciclagem empresas recuperadas assumidas pelos trabalhadores redes de produccedilatildeo comercializaccedilatildeo e consumo bancos comunitaacuterios cooperativas de creacutedito clubes de trocas entre outras

O Brasil vem estimulando a praacutetica de Economia Solidaacuteria por meio de programas e accedilotildees desenvolvidas pela Secretaria de Nacional de Economia Solidaacuteria ndash SENAES vinculada ao Ministeacuterio do Trabalho

Satildeo diversas as experiecircncias de Economia Solidaacuteria como a Cooperativa de Catadores Autocircnomos de Materiais Reciclaacuteveis da Vila Esperanccedila (Avemare) em Santana de Parnaiacuteba criada haacute seis anos apoacutes o teacutermino do lixatildeo da regiatildeo e que possui hoje cerca de 90 cooperados com uma renda meacutedia R$ 90000 (PROGRAMA CIDADES SUSTENTAacuteVEIS 2016)

Tambeacutem eacute possiacutevel verificar grupos de consumo responsaacutevel espalhados por todo paiacutes e que vem se organizando em forma de redes como a Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel do Instituto Kairoacutes Aleacutem da troca de informaccedilatildeo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

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PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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ROBINS N ROBERTS S Changing consumption and production patterns un-locking opportunities International Institute for Environment and Development UN Department of Policy Coordination and Sustainable Development 1997

TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 30

essas redes vecircm promovendo encontros entre os participantes para discussatildeo dessa temaacutetica (INSTITUTO KAIROacuteS 2015) Em Santo Andreacute essas atividades tambeacutem vecircm ocorrendo e satildeo estimuladas pela Secretaria de Trabalho Emprego e Economia Solidaacuteria (PREFEITURA DE SANTO ANDREacute 2014)

A qualidade dos alimentos que consumimos tambeacutem deve ser observada especialmente em relaccedilatildeo aos alimentos consumidos in natura processados ou ultraprocessados

Aleacutem disso haacute ampliaccedilatildeo no conceito de alimentaccedilatildeo saudaacutevel para aleacutem dos valores nutricionais e higiecircnico-sanitaacuterios considerando estrateacutegias economicamente viaacuteveis ambientalmente sustentaacuteveis socialmente justas e que assegurem a diversidade cultural (AZEVEDO 2011)

Da produccedilatildeo ao consumo cada alimento gera impactos ambientais em graus variados dependendo da origem (local ou importado) tipo (in natura ou processado animal ou vegetal) e teacutecnicas utilizadas (consumo de aacutegua e energia utilizaccedilatildeo de agrotoacutexicos e empacotamento) Somam-se a estes fatores os haacutebitos dos consumidores finais transporte do alimento ateacute o lar armazenamento preparo e descarte final (PREUSS 2009)

A substituiccedilatildeo de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos com maior extensatildeo de processamento eacute uma tendecircncia das uacuteltimas deacutecadas especialmente no contexto das grandes cidades Estes produtos ganharam espaccedilo ao atender as necessidades do estilo de vida contemporacircneo como tempo e trabalho Os alimentos poupadores de tempo em geral possuem alta densidade energeacutetica excesso de accediluacutecar soacutedio e gordura Em contrapartida tendem a apresentar naturalmente baixo teor de fibras vitaminas e minerais Tais caracteriacutesticas vecircm sendo associadas aos fatores de

risco para o aumento da obesidade e de outras doenccedilas crocircnicas natildeo transmissiacuteveis (GARCIA 2003 TEO amp MONTEIRO 2012)

Historicamente o processamento de alimentos trouxe inuacutemeros benefiacutecios para a sociedade como maior disponibilidade melhor controle higiecircnico-sanitaacuterio e preccedilos mais justos Por outro lado novos riscos e incertezas surgiram com o uso de novas tecnologias fertilizantes sinteacuteticos agrotoacutexicos irradiaccedilatildeo e transgenia (AZEVEDO 2011)

Do ponto de vista ambiental o processamento de alimentos tem relaccedilatildeo direta com o uso de recursos naturais (consumo de aacutegua e energia poluiccedilatildeo degradaccedilatildeo do solo e perda da biodiversidade) Aleacutem disso o consumo desses alimentos pode favorecer as grandes induacutestrias em lugar dos pequenos produtores e a perda da diversidade cultural enfraquecendo as culturas alimentares tradicionais (MONTEIRO et al 2010 BRASIL 2014)

Agrave luz desse panorama MONTEIRO et al (2010) propuseram uma classificaccedilatildeo dos alimentos baseada em seu teor de processamento dividindo-os em trecircs grandes grupos (1) alimentos natildeo processados ou minimamente processados (incluem processamentos miacutenimos tais como higienizaccedilatildeo porcionamento moagem secagem pasteurizaccedilatildeo fermentaccedilatildeo e reduccedilatildeo do teor de gordura) (2) substacircncias extraiacutedas e purificadas de alimentos do grupo 1 como farinhas oacuteleos gorduras accediluacutecar sal e (3) alimentos ultraprocessados que resultam do processamento de ingredientes dos grupos 1 e 2 por meacutetodos de adiccedilatildeo de sal ou accediluacutecar cozimento fritura defumaccedilatildeo conservas aleacutem do uso frequente de conservantes e aditivos sinteacuteticos

A nova versatildeo do Guia Alimentar para a Populaccedilatildeo Brasileira receacutem-lanccedilada propotildee de forma inovadora praacuteticas alimentares

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GARCIA R W D Reflexos da globalizaccedilatildeo na cultura alimentar consideraccedilotildees sobre as mudanccedilas na alimentaccedilatildeo urbana Revista de Nutriccedilatildeo Campinas n 16 v 4 p483-492 outdez 2003IBD Certificaccedilatildeo de orgacircnicos Passo a passo 2016 Disponiacutevel em lthttpibdcombrptIbdOrganicoaspxgt Acesso em out 2016INSTITUTO KAIROacuteS III Encontro da Rede Nacional dos Grupos de Consumo Responsaacutevel fortalece accedilotildees coletivas 2015 Disponiacutevel em lt httpinstitutokairosnet201508iii-encontro-da-rede-nacional-dos-grupos-de-consumo-responsavel-fortalece-acoes-coletivas gt Acesso em jun 2017KAKAZU D Anaacutelise do Ciclo de Vida uma Ferramenta para Calcular Impactos AmbientaisRevista Paraacute+ 2016 Disponiacutevel em lthttp

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

PREFEITURA DE SANTO ANDRE Santo Andreacute sai na frente com inauguraccedilatildeo de Centro Puacuteblico de Economia Solidaacuteria 2014 Disponiacutevel em lthttpwww2santoandrespgovbrindexphpnoticiasitem5809---Santo-Andre-sai-na-frente-com-inauguracao-de-Centro-Publico-de-Economia-Solidariagt Acesso emjun 2017

PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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ROBINS N ROBERTS S Changing consumption and production patterns un-locking opportunities International Institute for Environment and Development UN Department of Policy Coordination and Sustainable Development 1997

TEO C R P MONTEIRO C A Marco legal do Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar uma releitura para alinhar propoacutesitos e praacuteticas na aquisiccedilatildeo de alimentos Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 25 n 5 p 657-668 setout 2012

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

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CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 31

que contribuem para a sustentabilidade do sistema alimentar integrando os aspectos ambientais culturais econocircmicos e sociais Neste guia os alimentos foram redistribuiacutedos em quatro categorias (Figura 8) sendo (a) alimentos in natura ou minimamente processados (b) oacuteleos gorduras sal e accediluacutecar (c) alimentos processados e (d) alimentos ultraprocessados Nesta linha o guia recomenda que a base da alimentaccedilatildeo seja composta por alimentos do grupo A como forma de promoccedilatildeo da sauacutede e minimizaccedilatildeo dos impactos sociais e ambientais ocasionados pelo sistema alimentar (BRASIL 2014)

Dados recentes levantados junto agrave populaccedilatildeo que consulta o serviccedilo Disque-Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede demonstram que aproximadamente 70 das pessoas consultam os roacutetulos dos alimentos no momento da compra no entanto mais da metade natildeo compreende adequadamente o significado das informaccedilotildees Com a publicaccedilatildeo das normas que tornam obrigatoacuteria a declaraccedilatildeo do conteuacutedo nutricional dos alimentos denominada de rotulagem nutricional as informaccedilotildees contidas nos roacutetulos passam a ser ainda mais complexas exigindo maior habilidade do consumidor para interpretaacute-las e entendecirc-las No Brasil a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria ndash ANVISA eacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela regulaccedilatildeo da rotulagem de alimentos que estabelece as informaccedilotildees que um roacutetulo deve conter visando agrave garantia de qualidade do produto e agrave sauacutede do consumidor (ANVISA 2008)

Mudanccedilas no processamento e produccedilatildeo de alimentos e nas poliacuteticas agriacutecolas e comerciais tecircm afetado a dieta diaacuteria de centenas de milhotildees de pessoas Comer frutas e vegetais pode ajudar a prevenir doenccedilas cardiovasculares e alguns tipos de cacircncer Baixa ingestatildeo deles como parte da dieta eacute responsaacutevel por quase trecircs milhotildees de mortes por ano por essas doenccedilas Ao mesmo tempo as mudanccedilas na vida e padrotildees de trabalho levaram a uma menor atividade fiacutesica A inatividade fiacutesica contribui para alguns tipos de cacircncer diabetes e doenccedilas cardiacuteacas (BRASIL 2014)

A campanha de comer-se porccedilotildees de 2 frutas e 5 Vegetaislegumes diariamente eacute uma diretriz do Guia Alimentar Australiano incluiacuteda em intensa publicidade em miacutedia educaccedilatildeo do consumidor por meio das instalaccedilotildees de sauacutede varejistas de alimentos e prestadores de serviccedilos de alimentos Avaliaccedilatildeo antes e apoacutes a campanha de publicidade mostrou que os homens melhoraram em 11 a sua ingestatildeo de frutas e legumes e em 6 entre as mulheres tendo reflexos positivos na sauacutede

ULTRAPROCESSADOS

PROCESSADOS

MINIMAMENTEPROCESSADOS

IN NATURA

Fonte Adaptado de AGEcircNCIA SENADO 2015

FIGURA 8 CLASSIFICACcedilAtildeO DOS ALIMENTOS

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

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CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 32

Relatoacuterio da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Alimentaccedilatildeo e Agricultura (FAO) de 2013 demonstra que eacute desperdiccedilado o volume de 13 bilhotildees de toneladas de alimentos anualmente seja no campo no transporte no manuseio ou no consumo causando grandes perdas econocircmicas e impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar (FAO 2013)

Uma praacutetica considerada sustentaacutevel e que tem efeitos beneacuteficos na sauacutede eacute o aproveitamento integral dos alimentos pois diversos nutrientes estatildeo presentes em partes que geralmente satildeo descartadas como sementes cascas folhas e talos Pratos bons e saudaacuteveis podem ser feitos evitando-se o acuacutemulo de resiacuteduos orgacircnicos e desperdiacutecio de mantimentos Por meio de pequenas mudanccedilas no cotidiano da cozinha nada seraacute desperdiccedilado

Outra sugestatildeo eacute a compra daquela fruta natildeo tatildeo perfeita e que costuma ir para o lixo antes de chegar aos locais de venda Parece estranho mas haacute uma iniciativa em Satildeo Paulo chamada ldquoFruta Imperfeita ndash semeando mudanccedilardquo

ldquoA Fruta Imperfeita trabalha em parceria com os pequenos produtores buscando aproveitar as frutas e legumes que nem saem das fazendas devido a sua aparecircncia fora do padratildeo Os produtos vecircm direto dos produtores muito grandes muito pequenos com imperfeiccedilatildeo no formato ou na cor mas igualmente deliciosos frescos e nutritivosrdquo (FRUTA IMPERFEITA 2017)

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA ESCOLHAS RESPONSAacuteVEIS

Projeto desenvolvido por professores da ETEC Juacutelio de Mesquita Santo Andreacute (Daniele Silva Freitas Eliane Aparecida Grande Fernanda Luciana Secco Liacutegia da Cunha Silva Mariana Espinossi Roza Sueli SantrsquoAna e Valeacuteria Santos)

Resumo a ETEC Juacutelio de Mesquita e seus educadores valorizam a formaccedilatildeo integral do educando que eacute estimulado a preservar o meio ambiente Foram propostas atividades que colaboram com a reflexatildeo sobre os atuais haacutebitos de aquisiccedilatildeo de produtos visando ao comportamento eacutetico e cidadatildeo que valoriza o meio ambiente gerando benefiacutecios agrave sauacutede e ao bem estar da comunidade

Objetivo estimular atitudes e accedilotildees para escolhas mais sustentaacuteveis

Atividades Previstas

1 Palestras educativas como intervenccedilotildees desenvolvimento de debates conversas e exposiccedilotildees temaacuteticas estimulando os alunos e a comunidade em geral para desenvolverem um senso criacutetico e consciente sobre o papel de cada indiviacuteduo na sociedade na qual estatildeo inseridos A ideia eacute promover a reflexatildeo sobre haacutebitos de consumo despertando a consciecircncia ecoloacutegica permitindo natildeo apenas o enriquecimento curricular mas tambeacutem a capacidade de lidar e administrar grupos com diferentes realidades aprimorar a capacidade de estimular o puacuteblico ao debate a partir dos temas produccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 5 RrsquoS Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos coleta seletiva e inclusatildeo social e consumo colaborativo

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2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 33

2 Seminaacuterios para fomentar a responsabilidade ecoloacutegica e sustentaacutevel de forma praacutetica nos temas reaproveitamento de materiais na construccedilatildeo civil materiais inovadores e sustentaacuteveis para a construccedilatildeo civil adequaccedilatildeo de imoacuteveis agrave acessibilidade construccedilotildees de cocircmodos multifuncionais reaproveitamento de alimentos aproveitamento integral dos alimentos conserto e manutenccedilatildeo de robocircs e maacutequinas de automaccedilatildeo de portotildees antigos entre outros

3 Feira de trocas evento a ser realizado para sensibilizar e estimular o consumo responsaacutevel A proposta consiste na troca doaccedilatildeo empreacutestimo e compra de objetos usados para minimizar o uso de recursos

4 Aproveitamento integral dos alimentos sensibilizaccedilatildeo e estiacutemulo ao uso da alimentaccedilatildeo sustentaacutevel melhor aproveitamento dos alimentos com menor quantidade de resiacuteduos e menores gastos

Puacuteblico alvo alunos do ensino meacutedio e teacutecnico

Materiais necessaacuterios recursos multimiacutedias

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 34

paramaiscombranalise-do-ciclo-de-vida-uma-ferramenta-para-calcular-impactos-ambientaisgt Acesso jun 2017MINISTEacuteRIO DO TRABALHO Economia Solidaacuteria 2015 Disponiacutevel em lthttptrabalhogovbrtrabalhador-economia-solidariagt Acesso em jun 2017MMA MEC IDEC CONSUMO SUSTENTAacuteVEL Manual de educaccedilatildeo Brasiacutelia Consumers International MMA MEC IDEC 2005 160 p Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrdmdocumentspublicacao8pdfgt Acesso em jun 2017MONTEIRO C A et al A new classification of foods based on extent and purpose of their processing Cadernos de Sauacutede Puacuteblica v 26 n 11 p 2039-2049 2010

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PREUSS K Integrando nutriccedilatildeo e desenvolvimento sustentaacutevel atribuiccedilotildees e accedilotildees do nutricionista Revista Nutriccedilatildeo em Pauta novdez 2009

PROCEL ELETROBRAS Selo Procel de economia de energia Manual de identidade visual 2016 Disponiacutevel em lthttpwwwprocelgovbrmainaspView=B70B5A3C-19EF-499D-B7BC-D6FF3BABE5FA gtAcesso em jun 2017

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CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

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CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

CAPIacuteTULO 4

Reutilizar para (Re)criar

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 36

A quantidade de geraccedilatildeo de resiacuteduos estaacute relacionada com o aumento do consumo Quanto mais mercadorias satildeo adquiridas mais recursos naturais satildeo consumidos e

maior eacute quantidade de resiacuteduos gerados (SALVARO et al 2007)

O uso natildeo refletido dos recursos naturais e a consequente produccedilatildeo de resiacuteduos devem ser repensados Eacute sabido que grande parte dos resiacuteduos produzidos pode ser reaproveitada em um ciclo infinito (BESEN amp GRANDISOLI 2015) cada um com diferentes necessidades e possibilidades de tratamento (MORADA DA FLORESTA 2016)

Poreacutem ainda existe uma grande quantidade de resiacuteduos que poderiam ser reutilizados mas satildeo descartados de maneira inadequada sendo enviados a aterros sanitaacuterios

Nas aacutereas urbanas o espaccedilo eacute muito disputado para usos diversos e vem se tornando cada vez mais difiacutecil destinar uma localidade apropriada para descarte dos resiacuteduos seja pela falta de espaccedilo nas cidades seja pela aceitaccedilatildeo da populaccedilatildeo de viver ao lado de um aterro sanitaacuterio Como a geraccedilatildeo de resiacuteduos aumenta a cada ano impactando a vida uacutetil dos aterros jaacute existentes eacute necessaacuterio que se mude a concepccedilatildeo de que resiacuteduo eacute lixo aproveitando-se ao maacuteximo o que pode de alguma forma ser reutilizado

Outra questatildeo a ser pensada eacute o uso de embalagens Apesar da concepccedilatildeo de que a embalagem seja um elemento importante para proteccedilatildeo e preservaccedilatildeo dos produtos (GARCIA et al 2012) em alguns locais o retorno para venda a granel de produtos alimentiacutecios sem embalagem como jaacute foi no passado tem sido estimulado Praacutetica comum em Berlim e em Paris onde 100 dos supermercados jaacute vendem produtos a granel em Satildeo Paulo um supermercado oferece mais de 40 tipos de produtos sem embalagens em gocircndolas como gratildeos sementes cereais chocolates

chaacutes e frutas desidratadas bastando o consumidor levar sua embalagem reutilizaacutevel para a compra dos produtos (BOL 2016)

Para os produtos em que o uso de embalagens ainda eacute inevitaacutevel devemos procurar utilizar embalagens que sejam produzidas de forma a permitir a reutilizaccedilatildeo e a reciclagem Atualmente a produccedilatildeo destas embalagens tem buscado contemplar esses conceitos estando presentes os requisitos ambientais em todas as etapas de desenvolvimento do produto desde a reduccedilatildeo do uso de recursos naturais ateacute as alternativas de revalorizaccedilatildeo de resiacuteduos poacutes-consumo incluindo reutilizaccedilatildeo reciclagem revalorizaccedilatildeo revalorizaccedilatildeo energeacutetica ou orgacircnica A embalagem deve ser desenvolvida observando aspectos teacutecnicos de produccedilatildeo de funcionalidade regulatoacuterios legislaccedilatildeo e certificaccedilotildees esteacuteticos mercadoloacutegicos e econocircmicos aleacutem dos ambientais (GARCIA et al 2012)

Muitos produtos adquiridos nem sempre satildeo de boa qualidade e satildeo fabricados para durarem pouco natildeo permitindo consertos e reutilizaccedilatildeo (CONSUMERS INTERNATIONAL MMA MECIDEC 2005) Eacute uma questatildeo de escolha no momento da compra de produtos como foi visto no capiacutetulo 3 que pode ser estimulada por meio de um novo paradigma educacional que valorize a compra de produtos duraacuteveis e o uso com responsabilidade reutilizando o maacuteximo de vezes e por fim encaminhando-os para reciclagem como soluccedilatildeo mais viaacutevel para o resiacuteduo (GARCIA et al 2012)

A concepccedilatildeo de materiais mais duraacuteveis possibilita que sejam utilizados pela populaccedilatildeo por um longo periacuteodo ou serem reutilizados natildeo havendo necessidade de descarte em um curto periacuteodo

Tambeacutem eacute importante incentivar a economia circular que tem ldquocomo objetivo manter produtos componentes e materiais em seu mais

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alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

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bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 37

alto niacutevel de utilidade e valor o tempo todordquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2) na qual os materiais satildeo elaborados para circular de forma eficiente e serem recolocados na produccedilatildeo sem perda da qualidade Trata-se de um conceito que propotildee a ruptura do modelo econocircmico linear de extrair transformar e descartar que depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e faacutecil acesso aleacutem de energia ldquoBusca em uacuteltima instacircncia dissociar o desenvolvimento econocircmico global do consumo de recursos finitosrdquo (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION 2015 p2)

Reutilizaccedilatildeo de materiais

Reutilizaccedilatildeo e reciclagem de resiacuteduos tecircm sido muitas vezes entendidos como sendo um mesmo processo mas satildeo diferentes

Reutilizar significa utilizar o mesmo produto mais de uma vez de preferecircncia muitas vezes ao inveacutes de enviaacute-lo para um aterro depois de um uacutenico uso economizando energia e recursos que seriam utilizados para se fabricar um novo produto (GRIFFITHS et al 2007)

O destino correto que deve ser dado aos resiacuteduos natildeo eacute bem compreendido pelos consumidores natildeo se tendo ideia por exemplo do que se fazer com listas telefocircnicas madeiras de

moacuteveis quebrados potes de vidro garrafas plaacutesticas entre outros Objetos desgastados quebrados ou muito usados satildeo vistos como sem utilidade o que resulta em seu descarte

O processo de reutilizaccedilatildeo comeccedila com a ideia de que os materiais usados podem tornar-se um recurso ao inveacutes de um resiacuteduo podendo ser reutilizados como itens para solucionar necessidades do dia-a-dia para confeccionar brinquedos vasos e potes economizando dinheiro conservando recursos naturais e exercendo a criatividade (ABDUL-RAHMAN 2014 p 3 LEMOS 2011)

Fonte Ecologia e Seguranccedila 2014

Entre as diversas possibilidades de reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos Abdul-Rahman (2014) lista algumas delas

bull Reutilizar papel de embrulho sacos plaacutesticos caixasbull Utilizar serragem de madeira resiacuteduo de marcenaria em

composteirasbull Doar roupas que natildeo servem mais para pessoas proacuteximas ou

caridade

ldquoA reutilizaccedilatildeo eacute o processo de aproveitamento dos resiacuteduos soacutelidos sem sua transformaccedilatildeo bioloacutegica fiacutesica e fiacutesico-quiacutemica e a reciclagem eacute o processo de transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos que envolve a alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesicas fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegicas com vistas a transformaccedilatildeo em insumos ou novos produtosrdquo ndash Artigo 3ordm da PNRS (MACHADO 2012 p50 grifo nosso)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

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EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 38

bull Comprar bebidas em embalagens retornaacuteveisbull Doar aparelhos quebrados para caridade ou para escolas onde

poderatildeo ser usadas em aulas de arte ou de reparosbull Oferecer moacuteveis e utensiacutelios domeacutesticos para pessoas que

necessitembull Utilizar o lado oposto de blocos de anotaccedilotildeesbull Moacuteveis antigos como sofaacutes podem receber novo estofado e

moacuteveis de madeira podem receber nova pinturabull Toalhas velhas e tecidos muito gastos podem ser usados como

pano de chatildeobull Livros e revistas podem ser doados para escolas bibliotecas

ou casas de repouso ou ainda podem ser deixados em locais puacuteblicos (como pontos de ocircnibus metrocircs etc) para serem pegos por pessoas interessadas

bull Jornal pode ser doado para petshops ou abrigos de animaisbull Bandejas de poliestireno e outras embalagens similares podem

ser usadas novamente para embalar ou mesmo servirem para se criar brinquedos infantis

bull Utilizar sacolas retornaacuteveis ao fazer comprasbull Pneus velhos podem ser utilizados como jardineiras ou

brinquedos

Incentivando a reutilizaccedilatildeo na escola

A escola tambeacutem pode ser um espaccedilo de reutilizaccedilatildeo contribuindo para a conscientizaccedilatildeo ambiental e a adoccedilatildeo de praacuteticas mais sustentaacuteveis

Diversas atividades podem ser incentivadas na escola como a criaccedilatildeo de campanhas de coleta de materiais reutilizaacuteveis ou reciclaacuteveis Pode-se estabelecer um local ou dia especiacutefico para a coleta de livros vestuaacuterio computadores e outros equipamentos eletrocircnicos que poderatildeo ser reutilizados (EPA 2003)

Atividades envolvendo programas de reutilizaccedilatildeo nas escolas podem contemplar (EPA 2003 GRIFFITHS et al 2007)

Fonte TORONTO TOO LIBRARY sd

bull A troca pessoal de objetos que pode ocorrer em eventos como uma Feira de Troca ou sites de troca1

bull Inserir coletores de materiais reutilizaacuteveis em diferentes espaccedilos da escola

bull Encorajar o uso de resiacuteduos limpos nas aulas de arte ou outras aulas (exemplo potes de sorvete e margarina etc)

bull Materiais coletados podem ser doados para livrarias abrigos ou organizaccedilotildees de caridade

bull Ter uma lsquocaixa de trocarsquo para a classe depositar itens que natildeo queira mais mas que natildeo estejam quebrados ou estragados

bull Incentivar os alunos a trazerem seu proacuteprio copo ou caneca

1 Sites de trocas Descola Aiacute wwwdescolaaicombr Troca e Troca httptrocaetrocacombrEscambo httpswwwfacebookcomgroupsfeiradotroca 1001Trocas http1001trocascombrv01

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 39

bull Encorajar a venda de uniformes usadosbull Vender os materiais coletados em eventos escolares ou da

comunidade visando obter lucro para a escola ou para grupos de atividades da escola

Tambeacutem eacute importante que a escola estabeleccedila um programa contiacutenuo de reutilizaccedilatildeo de materiais que pode receber apoio de grupos estudantis como o grecircmio ou de programas governamentais Sendo assim eacute necessaacuterio que a escola se organize estabelecendo locais de coleta e armazenamento dos materiais coletados com cronograma de retirada desses materiais (EPA 2003)

Trata-se de uma praacutetica importante que pode incentivar accedilotildees planejadas e gerar benefiacutecios agrave escola em curto prazo aleacutem de envolver a comunidade Dependendo de como o programa for planejado o envolvimento dos alunos em seu gerenciamento e com supervisatildeo de professores pode gerar mudanccedila de visatildeo em relaccedilatildeo aos resiacuteduos

Aleacutem da criaccedilatildeo de um programa interno de reutilizaccedilatildeo a escola tambeacutem pode tornar-se um centro comunitaacuterio de coleta de materiais Essa ideia pode ser reforccedilada pelo fato de que a escola eacute um ponto de referecircncia no bairro um local em que a comunidade conhece e com o qual se identifica (op cit)

Como esses programas envolvem diretamente a comunidade e dependem das pessoas que ali vivem eacute fundamental uma boa divulgaccedilatildeo para garantir participaccedilatildeo efetiva da comunidade por meio de panfletos cartazes inserccedilatildeo de informaccedilotildees no site da escola aviso na reuniatildeo de pais entre outros

O quadro a seguir daacute algumas dicas de como implantar um programa de reutilizaccedilatildeo na escola

Por ser um tema amplo diversas possibilidades podem ser trabalhadas nas escolas entre elas a elaboraccedilatildeo de hortas usando materiais reutilizados Eacute possiacutevel utilizar como material referencial para o desenvolvimento de atividades o Projeto EcoHorta (GUumlNTHER e MOREIRA 2013) desenvolvido pela Universidade de Satildeo Paulo e que traz informaccedilotildees das possibilidades de inserccedilatildeo de uma horta

COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE REUTILIZACcedilAtildeO NA ESCOLA (EPA 2003)

Caso a escola tenha interesse em conduzir a criaccedilatildeo de um programa escolar ou comunitaacuterio de reutilizaccedilatildeo ou reciclagem de materiais existe um guia explicando detalhadamente o passo-a-passo que consiste em

bull Selecionar o tipo de programa que seraacute escolhidobull Organizar um grupo gestorbull Decidir quais materiais coletarbull Identificarfinsviaacuteveis(locaisadequadospara

destinaccedilatildeo) ou um mercado para os materiais coletados bull Planejaroorccedilamento(gastoscomainstalaccedilatildeodoponto

de coleta e com a logiacutestica podem ser contornado deformacriativaoucomopatrociacuteniodegruposouempresas)

bull Entrar em contato com a subprefeitura ou prefeitura para obter apoio

bull Estabelecer um sistema para a coleta e armazenamento dos materiais

bull Conscientizar a comunidade escolar sobre a importacircncia dareutilizaccedilatildeoedivulgaroprograma

bull Estabelecer metasbull Recompensar os participantes

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABDUL-RAHMAN F Reduce reuse recycle alternatives for waste management Guide G-314 Las Cruces New Mexico State University jan 2014 Disponiacutevel em httpacesnmsuedupubs_gG314pdf Acesso em 10 out 2016

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BOL Chega de embalagens Grande rede de supermercados brasileira passa a vender a granel 2016 Disponiacutevel em lt httpthegreenestpostboluolcombrchega-de-embalagens-grande-rede-de-supermercados-brasileira-passa-vender-granelgt Acesso em 11 jun 2017

BESEN G R GRANSISOLI E Resiacuteduos soacutelidos e as mudanccedilas climaacuteticas Em JACOBI P R et al (org) Temas Atuais em Mudanccedilas Climaacuteticas para o ensino fundamental e meacutedio Satildeo Paulo IEE ndash USP 2015 p 63-69

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ECOLOGIA e SEGURANCcedilA O que fazer com os ldquoresiacuteduosrdquo Disponiacutevel em lthttpconsultoriaagrosegblogspotcombr201405o-que-fazer-com-os-residuos_6htmlgt Acesso em 11 jun 2017

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GRIFFITHS M RICHARDS M WINTERS B How to Reduce Reuse and Recycle Waste in Schools ResourceSmart Schools Victoria Sustainability Victoria 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwsustainabilityvicgovaugt Acesso em 20 maio 2017

GUumlNTHER W M R MOREIRA A M M Ecohorta tecnologia social para a sustentabilidade urbana Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2014

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 42

LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

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CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 40

na escola como por exemplo hortas feitas em materiais reutilizaacuteveis2

ATIVIDADES SUGERIDAS PARA IMPLANTACcedilAtildeO DE UMA HORTA

Projeto foi desenvolvido3 por professores das E E Reverendo Simatildeo Salem (Luciana Troilo) e E E Prof Antocircnio de Campos Gonccedilalves Cunha Silva (Maria Aparecida Ferreti)

Resumo A praacutetica de horta em ambiente escolar como forma de ensino-aprendizado vem sendo realizada em ambas as escolas As atividades propostas buscam desenvolver na comunidade escolar discussotildees sobre a mudanccedila de haacutebitos cotidianos introduzindo conceitos de praacuteticas de alimentaccedilatildeo saudaacutevel diminuiccedilatildeo da geraccedilatildeo de resiacuteduos e reutilizaccedilatildeo de resiacuteduos nas praacuteticas didaacuteticas escolares

Objetivo reutilizar materiais para confecccedilatildeo de uma horta

Atividades Previstas

1 Elaboraccedilatildeo de uma horta aleacutem do plantio em canteiros eacute possiacutevel plantar em pequenos espaccedilos como por exemplo em latas de leite em caixotes de madeira em baldes em garrafas pet reutilizando estes recipientes que muitas vezes satildeo descartados de maneira inadequada Para construccedilatildeo de uma

2 Para mais informaccedilotildees acessar em httpdspacefspuspbrxmluihandlebdfsp707 3 O modelo de horta desenvolvido nas escolas referenciadas utilizam a aplicaccedilatildeo de canteiros para o plantio Como indicaccedilatildeo da orientadora do projeto propotildeem-se desenvolver tanto a horta como as demais atividades utilizando materiais reutilizaacuteveis

horta suspensa em garrafa pet satildeo necessaacuterios os seguintes materiais garrafa pet fio de varal (arame ou barbante) areia e semente ou muda Realiza-se um corte na parte superior da garrafa e furos na parte inferior (para drenagem da aacutegua) Tambeacutem satildeo colocados furos transpassando a garrafa para que seja colocado o varal (serve para que as garrafas fiquem suspensas) Em seguida coloca-se a terra adubada misturada com areia em quantidade suficiente para realizar o plantio Transplantam-se as mudas para garrafa pet (ARTESANATO E RECICLAGEM 2016) No decorrer da confecccedilatildeo das hortas suspensas os educadores podem trabalhar com os alunos o conceito de reutilizaccedilatildeo e a necessidade de mudanccedila de postura com relaccedilatildeo a geraccedilatildeo de resiacuteduos

2 Oficina de tinta de terra tinta de terra eacute uma alternativa barata e que pode ser utilizada para pintura de paredes e para arte em geral utilizando uma mateacuteria-prima abundante e natural Esta atividade pode ser desenvolvida com alunos de diferentes idades Utiliza-se terra aacutegua cola branca atoacutexica para seu preparo Tambeacutem eacute necessaacuterio um recipiente para a mistura uma peneira para peneirar a terra e um pedaccedilo de madeira para mexer o preparo No recipiente coloca-se uma parte de cola duas de terra e trecircs de aacutegua Os ingredientes satildeo mexidos ateacute obter uma consistecircncia de tinta Pode-se utilizar essa tinta para pintar os canteiros das hortas latas ou caixotes utilizados para o plantio

3 Jogos de memoacuteria com desafios diferentes dependendo das narrativas descritas pelos grupos utiliza-se o jogo para que os alunos assimilem e aprendam a letra ou nome do animal visto na horta O jogo da memoacuteria pode ser feito com papelatildeo recortado em quadradinhos ou em caixas de leite onde um dos lados eacute pintado enquanto que do outro lado pode-se colar letras ou os nomes dos animais

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

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CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 41

4 Dramatizaccedilatildeo teatro de fantoches o professor de educaccedilatildeo artiacutestica apresenta para as crianccedilas dos primeiros anos das series inicias a importacircncias das hortaliccedilas e legumes para alimentaccedilatildeo Por meio de fantoches que satildeo confeccionados com materiais reutilizaacuteveis (caixas de leite copos descartaacuteveis garrafas pet entre outros materiais) os alunos aprendem a importacircncia de uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel

Puacuteblico Alvo alunos do ensino infantil e fundamental I

Materiais necessaacuterios caixas de leite caixas de papelatildeo garrafas pet latas caixas tetrapak

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto docentes e alunos do ensino infantil e fundamental I em cada escola

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em fevereiro de 2017

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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ARTESANATO E RECICLAGEM Horta em garrafa pet Disponiacutevel em lt lthttpwwwartesanatoereciclagemcombr2429-horta-feita-com-garrafas-pethtmlgt Acesso em 11 jun 2017

BOL Chega de embalagens Grande rede de supermercados brasileira passa a vender a granel 2016 Disponiacutevel em lt httpthegreenestpostboluolcombrchega-de-embalagens-grande-rede-de-supermercados-brasileira-passa-vender-granelgt Acesso em 11 jun 2017

BESEN G R GRANSISOLI E Resiacuteduos soacutelidos e as mudanccedilas climaacuteticas Em JACOBI P R et al (org) Temas Atuais em Mudanccedilas Climaacuteticas para o ensino fundamental e meacutedio Satildeo Paulo IEE ndash USP 2015 p 63-69

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ECOLOGIA e SEGURANCcedilA O que fazer com os ldquoresiacuteduosrdquo Disponiacutevel em lthttpconsultoriaagrosegblogspotcombr201405o-que-fazer-com-os-residuos_6htmlgt Acesso em 11 jun 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 42

LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

SALVARO E et al Avaliaccedilatildeo de cinco tipos de minicomposteiras para domiciacutelios do bairro pinheirinho da cidade de criciuacutemaSC Com Scientia Curitiba PR v 3 n 3 janjun 2007 p12-21

TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

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5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 42

LEMOS L D Ecodesign criando uma embalagem sustentaacutevel para Hering 9ordf Mostra Acadecircmica UNIMEP 2011 Disponiacutevel em httpwwwunimepbrphpgmostraacademicaanais9mostra4299pdf Acesso em 25 maio 2017

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MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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TORONTO TOOL LIBRARY Going Zero Waste ndash A Guide For Toronto Disponiacutevel em lthttptorontotoollibrarycomgoing-zero-waste-a-guide-for-torontogt Aceeos em 11 jun 2017

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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O Instituto SIADES

CAPIacuteTULO 5

Retornando ao Ciclo Reciclagem de

Resiacuteduos Soacutelidos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 44

R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

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Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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O Instituto SIADES

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R eciclar eacute o uacuteltimo dos 5 Rs e significa que sendo inevitaacutevel o consumo e diante da impossibilidade da reutilizaccedilatildeo os resiacuteduos devem ser reciclados de forma que sejam

transformados em novos insumos evitando-se que os recursos naturais sejam extraiacutedos

A reciclagem pode ser feita com resiacuteduos secos e orgacircnicos Os resiacuteduos secos satildeo constituiacutedos principalmente de embalagens vidros plaacutesticos alumiacutenio e papel que devem ser separados adequadamente para serem encaminhados para as centrais de triagem para posterior reciclagem Os resiacuteduos orgacircnicos tambeacutem denominados uacutemidos satildeo constituiacutedos de restos de alimentos e de podas de aacutervores e plantas e satildeo reciclados por meio do processo de compostagem

Reciclar envolve a transformaccedilatildeo dos resiacuteduos soacutelidos com alteraccedilatildeo de suas propriedades fiacutesica fiacutesico-quiacutemica ou bioloacutegica para a produccedilatildeo de mateacuteria-prima Os resiacuteduos secos satildeo transformados por meio de processos industriais (MACHADO 2012 MMA 2016 BRASIL 2010) e os resiacuteduos orgacircnicos por meio da compostagem gerando adubo soacutelido e liacutequido que podem ser utilizados no plantio

Natildeo satildeo todos os materiais que podem ser reciclados e por isso eacute importante a coleta seletiva e a separaccedilatildeo adequada de materiais A Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos (PNRS) instituiacuteda pela Lei Federal nordm 123052010 dispocircs entre outras coisas sobre a coleta seletiva que seria a segregaccedilatildeo adequada de materiais (MMA 2016)

Os resiacuteduos soacutelidos quando aproveitados possuem valor econocircmico e satildeo chamados de rejeitos quando natildeo puderem ser reciclados devendo ser enviados para disposiccedilatildeo final como as fraldas Esperamos que os rejeitos possam ser reciclados quando descoberta tecnologia apropriada para isso no futuro

Em Santo Andreacute a Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos foi incorporada ao SEMASA ndash Serviccedilo Municipal de Saneamento Ambiental de Santo Andreacute no ano de 1999 (SEMASA 2017) e eacute orientada pelo Plano Municipal de 2011 e pelo Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC de 2016

A Gestatildeo de Resiacuteduos Soacutelidos corresponde a coleta de resiacuteduos soacutelidos domiciliar em estaccedilotildees de coleta e pontos de entrega voluntaacuteria a varriccedilatildeo e limpeza da cidade e ao tratamento e disposiccedilatildeo final de resiacuteduos soacutelidos que inclui o Aterro Sanitaacuterio Municipal e a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

A coleta domiciliar porta a porta coleta os resiacuteduos separados em duas categorias uacutemidos e secos em dias diferentes (Figura 8) Os resiacuteduos uacutemidos englobam os restos de alimento e rejeitos que satildeo encaminhados para o aterro Os resiacuteduos secos englobam as embalagens que satildeo encaminhadas para as cooperativas de reciclagem (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Somente o municiacutepio de Santo Andreacute dentre os sete municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo do Grande ABC possui seu proacuteprio aterro sanitaacuterio (Figura 9) jaacute tendo utilizado 147418 msup2 da sua aacuterea total de 217683 msup2 Os demais municiacutepios encaminham seus resiacuteduos para o aterro privado (CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC 2016)

No Aterro Municipal de Santo Andreacute localiza-se a Central de Triagem de Resiacuteduos Reciclaacuteveis ndash Unidade Satildeo Jorge (Figura 10) Com capacidade para 180 cooperados eacute administrada por duas cooperativas de reciclagem a Coopcicla (35 cooperados) e a Coop Cidade Limpa (48 cooperados) que realizam a triagem e a comercializaccedilatildeo dos resiacuteduos secos reciclaacuteveis coletados em Santo Andreacute (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 45

SEPARACcedilAtildeO Eacute FAacuteCILA Semasa adota uma

poliacutetica de coleta seletiva simples e faacutecil basta separar em dois sacos diferentes os resiacuteduos secos (reciclaacuteveis)

dos uacutemidos (orgacircnicos)

FIGURA 8 DADOS DE COLETA SELETIVA SANTO ANDREacute

Para aumento da produtividade das cooperativas jaacute existentes o Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA prevecirc a implantaccedilatildeo do noturno e realizar um estudo para criaccedilatildeo de uma terceira cooperativa de triagem de resiacuteduos reciclaacuteveis (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Quando o cidadatildeo separa corretamente os resiacuteduos secos colabora com o trabalho e com a renda dos trabalhadores das cooperativas que podem separar e comercializar o que foi descartado e encaminhar para a reciclagem

Importante na reciclagem de resiacuteduos secos eacute buscar ferramentas para que o recurso retirado da natureza utilizado na fabricaccedilatildeo de um produto e consumido possa retornar ao ciclo e tornar-se mateacuteria-prima para um novo produto

FIGURA 9 ATERRO MUNICIPAL DE SANTO ANDREacute

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

Fonte SemasaDivulgaccedilatildeo 2017

FIGURA 10 CENTRAL DE TRIAGEM DE RESIacuteDUOS RECICLAacuteVEIS ndash UNIDADE SAtildeO JORGE

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 46

Em seguida veremos que a reciclagem dos resiacuteduos uacutemidos pode ser feita totalmente dependendo do processo de compostagem escolhido

COMPOSTAGEM ndash RECICLAGEM DE RESIacuteDUO UacuteMIDO

A compostagem reproduz um processo que ocorre de maneira ciacuteclica na natureza ndash a decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica (resiacuteduos uacutemidos) isto eacute de material de origem vegetal ou animal incluindo os restos de alimentos (OLIVEIRA et al 2005) transformando-a em compostos que podem ser utilizados como adubo (EPA 2017)

Se observarmos uma floresta os resiacuteduos gerados por ela como folhas e frutos que caem e animais que morrem sejam eles de origem animal ou vegetal satildeo reaproveitados pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas As moleacuteculas orgacircnicas complexas destes organismos satildeo transformadas por meio de decompositores como fungos e bacteacuterias em nutrientes minerais como nitrogecircnio (N) foacutesforo (P) potaacutessio (K) caacutelcio (Ca) e magneacutesio (Mg) Ou seja esses elementos antes imobilizados na forma orgacircnica tornam-se disponiacuteveis para as plantas e microrganismos num processo conhecido como mineralizaccedilatildeo (AQUINO et al 2005 ODUM amp BARRET 2008)

Em casa os restos de comida cascas de frutas grama restos de folhagens entre outros podem servir como excelentes fontes de nutrientes para as plantas quando feita a compostagem com custos baixos e utilizaccedilatildeo de pequenos espaccedilos (AQUINO et al 2005)

Aleacutem de devolver os componentes que o solo precisa natildeo haveraacute destinaccedilatildeo de resiacuteduos uacutemidos para o aterro sanitaacuterio otimizando espaccedilo do aterro diminuindo gastos (PEREIRA 2011) e a emissatildeo de gases que intensificam o efeito estufa

A decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica na compostagem pode ocorrer na presenccedila ou ausecircncia de oxigecircnio O processo aeroacutebico ocorre na presenccedila de oxigecircnio natildeo produz cheiro e a temperatura natildeo aumenta permitindo o uso de minhocas para decomposiccedilatildeo de restos de alimentos crus Jaacute o processo anaeroacutebico ocorre na ausecircncia de oxigecircnio pode gerar cheiro e as temperaturas podem chegar a 70degC por isso natildeo recomenda-se o uso de minhocas poreacutem uma maior variedade de restos de alimentos como os cozidos pode ser decomposta

Em escolas os resiacuteduos das merendas podem ser destinados para a compostagem utilizando-se um minhocaacuterio (espaccedilos menores) ou leiras (espaccedilos maiores e abertos)

No minhocaacuterio a compostagem dos resiacuteduos orgacircnicos ocorre com a ajuda das minhocas californianas (vermelhas) Elas aceleram o processo pois podem consumir o equivalente ao seu peso em mateacuteria orgacircnica (MORADA DA FLORESTA 2016)

Na compostagem em leiras a decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode ser feita diretamente no solo e exige mais espaccedilo no local onde eacute realizada As leiras satildeo revolvidas periodicamente para que o ar circule e evite maus odores provenientes da decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica (GLOBO RURAL 2015) Existem outras teacutecnicas de compostagem A escola conforme espaccedilo tipo de resiacuteduo de alimento e interesse deve decidir quais das teacutecnicas se adequa melhor agrave sua realidade

Como recurso pedagoacutegico para ser utilizado em aulas o minhocaacuterio apresenta a vantagem de ser mais faacutecil de se manusear No entanto alguns cuidados devem ser tomados quanto ao tipo de resiacuteduo adicionado Haacute resiacuteduos que podem ser adicionados agrave vontade alguns em pouca quantidade e outros que devem ser evitados (Figura 11)

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 47

Todo o processo de implementaccedilatildeo de um projeto de compostagem pode ser acompanhado pelos alunos e diversos temas podem ser trabalhados pelos professores Paciecircncia eacute requerida para aguardar a produccedilatildeo do composto pois o tempo para produzi-lo vai variar de acordo com a quantidade e tipo de mateacuteria orgacircnica adicionada agrave composteira e da manutenccedilatildeo que recebeu (SILVA amp RUFFINO 2008) demorando em geral trecircs meses

COMPOSTAGEM EM SANTO ANDREacute

Entre os grandes geradores de resiacuteduos uacutemidos estatildeo os locais de comercializaccedilatildeo de alimentos frescos e flores como as feiras-livres e as Companhias de Abastecimento Santo Andreacute possui mais de 70 feiras livres e a CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento

FIGURA 11 TABELA DE ALIMENTOS PARA COMPOSTEIRAS DOMEacuteSTICAS COM MINHOCAS

Fonte MORADA DA FLORESTA 2016

Integrado de Santo Andreacute (CRAISA 2017) Segundo estudo gravimeacutetrico1 nos resiacuteduos da cidade realizado entre 2015 e 2016 o percentual de material orgacircnico das feiras-livres foi de 559 e da CRAISA de 421 (SEMASA 2017) que poderiam passar por processo de compostagem Para o beneficiamento destes resiacuteduos estatildeo previstos para o ano de 2017 estudos para a implantaccedilatildeo de Usina de Compostagem na CRAISA

Para as escolas a Prefeitura de Santo Andreacute desenvolve o Projeto de Compostagem em Escolas Puacuteblicas de Santo Andreacute Iniciado em 2015 por meio de parceria do DRS ndash Departamento de Resiacuteduos Soacutelidos do SEMASA da Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo e da ONG ICB Instituto Cresce Brasil o projeto jaacute atendeu 54 creches e escolas fornecendo composteiras para reciclar os resiacuteduos uacutemidos gerados nessas instituiccedilotildees

Aleacutem de contribuir com a diminuiccedilatildeo na coleta de resiacuteduos uacutemidos da cidade o projeto tem por objetivo mostrar aos alunos os problemas que envolvem a geraccedilatildeo de resiacuteduos e dar agrave comunidade escolar alternativas viaacuteveis para o tratamento do material orgacircnico (DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017)

Em continuidade do projeto prevecirc-se para 2017 o envolvimento de a princiacutepio 30 escolas estaduais do municiacutepio com lanccedilamento realizado na Escola Estadual Fioravante Zampol que foi participante do Projeto 5 RrsquoS educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel

1 Expressa a caracteriacutestica dos resiacuteduos permitindo conhecer o percentual de cada componente presente em uma massa de resiacuteduos possibilitando avaliar o potencial de reciclagem dos components existentes e o melhor gerenciamento dos resiacuteduos

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 48

ATIVIDADE SUGERIDA

Projeto de Compostagem em Escolas de Santo Andreacute

Desenvolvido pelos Professores Camila Rios Nicolau ndash E E Manoel Grandini Casquel Jamir Guimaratildees da Silva ndash E E Professor Rubens Moreira da Rocha Marcimiliano Puertas Caba ndash E E Amaral Wagner e E E Luiz Lobo Neto Doutor Maria Luacutecia G Santos ndash E E Joatildeo Baptista Marigo Martins Shirlei Armando ndash E E Fioravante Zampol e Simone A Borba ndash E E Fioravante ZampolObjetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Objetivo Iniciar um projeto de compostagem na escola

Justificativa Fazer compostagem nas escolas eacute vivenciar a reciclagem de resiacuteduos orgacircnicos aprender sobre processos naturais e responsabilizar-se sobre os resiacuteduos gerados

Puacuteblico-alvo Alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio

Responsabilidade pela Manutenccedilatildeo do Projeto Professores e alunos do Ensino Fundamental e Meacutedio No periacuteodo de feacuterias um funcionaacuterio previamente designado

Cronograma de Implantaccedilatildeo iniciado em maio de 2017

Para iniciar o projeto de compostagem nas escolas foram previstas sete atividades

1 Conscientizaccedilatildeo com atividades teoacutericas diversos assuntos do conteuacutedo das disciplinas do Ensino Fundamental e Meacutedio podem ser abordados no tema como compostagem resiacuteduos soacutelidos minhocas processo de decomposiccedilatildeo ciclo dos nutrientes e alimentaccedilatildeo saudaacutevel

As atividades teoacutericas seratildeo adequadas para cada faixa etaacuteria e de maneira geral incluem observaccedilatildeo do tipo e quantidade de resiacuteduo uacutemido gerado pelos alunos pesquisa leitura compartilhada e dialogada sobre compostagem e produccedilatildeo de textos

2 Oficina de compostagem a oficina consiste em explicaccedilatildeo sobre os processos que ocorrem em uma composteira o que pode ser adicionado e os tipos de compostagem de modo a avaliar qual seraacute mais viaacutevel e sua manutenccedilatildeo

3 Quantificaccedilatildeo dos resiacuteduos os resiacuteduos uacutemidos crus resultantes das refeiccedilotildees da escola seratildeo quantificados Seraacute solicitado agraves merendeiras o armazenamento diaacuterio de restos de alimentos como cascas de frutas e legumes A pesagem seraacute realizada diariamente durante um mecircs

Data Tipo de Resiacuteduo Peso (Kg) 26052017 Casca de Melancia 500

4 Aquisiccedilatildeo de materiais seraacute realizado levantamento de locais que poderatildeo fornecer materiais reciclaacuteveis para confecccedilatildeo da composteira e doaccedilotildees de minhocas e serragem

5 Confecccedilatildeo das composteiras para a confecccedilatildeo da composteira seratildeo necessaacuterios trecircs recipientes plaacutesticos do mesmo tamanho com tampas como por exemplo embalagens de alimentos Para que fiquem empilhados as bordas de duas tampas devem ser mantidas cortando-se apenas a parte interna estas ficaratildeo entre os recipientes A tampa superior deveraacute ter furos pequenos que permitam a entrada de ar e impeccedilam a saiacuteda das minhocas Os fundos dos dois primeiros recipientes teratildeo furos um pouco maiores para que as minhocas possam passar de um recipiente para outro O fundo do uacuteltimo pote natildeo seraacute furado pois armazenaraacute o adubo liacutequido

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 49

CONFECCcedilAtildeO DE COMPOSTEIRA REUTILIZANDO-SE EMBALAGEM DE ALIMENTOS

Fonte Arquivo Proacuteprio 2017

No iniacutecio do processo no primeiro recipiente seraacute necessaacuterio um substrato composto por huacutemus de minhocas e por minhocas Sobre este substrato seratildeo adicionados resiacuteduos uacutemidos e mateacuteria seca (serragem ou folhas secas) na mesma proporccedilatildeo

6 Manutenccedilatildeo das composteiras semanalmente seratildeo armazenados os resiacuteduos orgacircnicos provenientes da merenda escolar Estes seratildeo cortados em pedaccedilos menores e mantidos refrigerados na geladeira ateacute o momento de ir para a composteira A equipe de alunos iraacute pesar os resiacuteduos acomodar no primeiro recipiente misturar e cobrir por completo com mateacuteria seca

Quando o primeiro recipiente encher seraacute feita a troca de posiccedilatildeo com o que estava embaixo (segundo recipiente) O recipiente cheio desce e a vazio sobe para receber os resiacuteduos que seratildeo

compostados Quando o segundo recipiente encher este iraacute para a posiccedilatildeo do meio novamente e seraacute retirado o adubo

7 Coleta do adubo liacutequido e soacutelido para a retirada de adubo soacutelido o recipiente seraacute aberto e exposto agrave claridade uma vez por mecircs Como as minhocas satildeo fotossensiacuteveis iratildeo para a camada de baixo do composto formado Seratildeo retiradas somente as camadas mais superficiais deixando as minhocas nas de baixo Para que o adubo perca um pouco de umidade seraacute exposto ao sol por algumas horas

O composto liacutequido do uacuteltimo recipiente seraacute retirado semanalmente da composteira e armazenado em garrafas PET natildeo mais do que trecircs meses Quando for ser utilizado seraacute diluiacutedo na proporccedilatildeo de uma parte de adubo liacutequido para dez partes de aacutegua

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

wwwinstitutosiadesorgbrinstitutosiadesgmailcom

(11) 973360053

O Instituto SIADES

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 50

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE O que eacute coleta seletiva Disponiacutevel em lthttpwwwmmagovbrcidades-sustentaveisresiduos-solidoscatadores-de-materiais-reciclaveisreciclagem-e-reaproveitamentogt Acesso em 03 nov 2016

MMA ndash MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE Princiacutepio dos 3Rrsquos Disponiacutevel em lt httpwwwmmagovbrresponsabilidade-socioambientalproducao-e-consumo-sustentavelconsumo-consciente-de-embalagemprincipio-dos-3rsgt Acesso em 09 set 2016

MORADA DA FLORESTA Manual de compostagem domeacutestica com minhocas 2016

ODUM E P BARRETT G W Fundamentos da Ecologia 5ordf ed norte-americana Trad Peacutegasus Sistemas amp Soluccedilotildees Satildeo Paulo Cengage Learning 2008

OLIVEIRA A M G AQUINO A M NETO M T C Compostagem caseira de lixo orgacircnico domeacutestico Embrapa circular teacutecnica v76 Cruz das Almas ndash BA dezembro 2005

PEREIRA M O A Mini apostila praacutetica composteiras para espaccedilos miacutenimos 2011 Disponiacutevel em httpsuspreciclafileswordpresscom201103mini-apostila-prc3a1tica-compostagempdf Acesso em 20 marccedilo 2017

SILVA E A RUFFINO S F Guia de montagem e manutenccedilatildeo de composteiras 2008 Disponiacutevel em httpwwwcdccuspbrmaomassadocensinodecienciasguiaDeComposteiraspdf Acesso em 04 dez 2016

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

AQUINO A M et al Integrando Compostagem e Vermicompostagem na Reciclagem de Resiacuteduos Orgacircnicos Domeacutesticos Embrapa circular teacutecnica v12 Seropeacutedica ndash RJ junho 2005

BRASIL Lei nordm 12305 de 02 de agosto de 2010 Institui a Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Altera a Lei nordm 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 03 ago 2010 Seccedilatildeo 1 paacutegina 3

CONSOacuteRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC FUNDACcedilAtildeO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLIacuteTICA DE SAtildeO PAULO ndash SANTO ANDREacute ndash SP Plano Regional de Gestatildeo Integrada de Resiacuteduos Soacutelidos do Grande ABC Disponiacutevel em httpwwwconsorcioabcspgovbrimagensnoticiaPlano20Regional20de20Gestao20Integrada20de20Residuos20Solidos20do20Grande20ABCpdf Acesso em 12 junho 2017

CRAISA ndash Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo Andreacute Relaccedilatildeo das feiras-livres de Santo Andreacute Disponiacutevel em httpwwwcraisacombrfeirafeiraspdf Acesso em 26 junho 2016

DEPARTAMENTO RESIacuteDUOS SOacuteLIDOS ndash SEMASA 2017 Resiacuteduos e informaccedilotildees documentais Disponiacutevel em httpwwwsemasaspgovbrresiduos Acesso em 12 junho 2017

EPA UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Reducing the Impact of Wasted Food by Feeding the Soil and Composting Disponiacutevel em wwwepagovsustainable-management-foodreducing-impact-wasted-food-feeding-soil-and-composting Acesso em 27 fev 2017

FUNDACcedilAtildeO NACIONAL DE SAUacuteDE Gestatildeo da coleta seletiva e de organizaccedilotildees de catadores indicadores e iacutendices de sustentabilidade Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede PuacuteblicaUSP 2016

GLOBO RURAL Passo a passo 2015 Disponiacutevel em httprevistagloboruralglobocomGloboRural06993EEC1693046-4528-300html Acesso em 19 marccedilo 2017

MACHADO P A L Princiacutepios da Poliacutetica Nacional de Resiacuteduos Soacutelidos Em Jardim A Yoshida C Machado Filho JV (Eds) Poliacutetica Nacional Gestatildeo e Gerenciamento de Resiacuteduos Soacutelidos Barueri ndash SP Editora Manole 2012 p39-56

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 51

Consideraccedilotildees Finais

O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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O consumo responsaacutevel eacute um caminho inerente agrave busca pela sustentabilidade e uma resposta agrave demanda atual por mudanccedilas de valores em relaccedilatildeo ao meio ambiente e

agraves relaccedilotildees sociais Para que suas premissas sejam difundidas a sensibilizaccedilatildeo ambiental desempenha importante papel Eacute nesse contexto que a publicaccedilatildeo ldquo5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevelrdquo se insere

O tema foi tratado a partir da abordagem dos cinco Racutes Repensar Reduzir Recusar Reutilizar e Reciclar buscando estimular um olhar criacutetico sobre os haacutebitos de consumo e as questotildees socioambientais enfrentadas na atualidade

Espera-se que esta publicaccedilatildeo estimule a reflexatildeo sobre a necessidade de se adotar atitudes mais conscientes e repensar praacuteticas e valores ligados ao consumo A sustentabilidade mais do que um ideal eacute uma premissa que deve ser consolidada nas accedilotildees cotidianas

O espaccedilo escolar nesse contexto pode ter potencial transformador para aleacutem das accedilotildees de educaccedilatildeo ambiental pois eacute ali onde se cultivaratildeo as sementes da cidadania onde se pode motivar o olhar criacutetico a reflexatildeo e a mudanccedila social e ambiental necessaacuteria para modificar as bases insustentaacuteveis da sociedade moderna

5 Rs educaccedilatildeo para o consumo responsaacutevel 52

Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

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Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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Nascemos em 2002hellipdesde entatildeo desenvolvemos projetos voltados ao desenvolvimento sustentaacutevel agrave educaccedilatildeo ambiental ao planejamento e agrave gestatildeo ambiental aleacutem de atividades de pesquisa e divulgaccedilatildeo

Atuamoshellip Em escolas por meio de atividades junto aos alunos oficinas de horta e jardinagem pintura com tinta de terra compostagem permacultura e trilha ecoloacutegica acompanhamento de estudo do meio e visitas monitoradas a coletivos urbanos permaculturais aterros sanitaacuterios ETAs e ETEs Junto a professores envolvendo coordenadores diretores supervisores e teacutecnicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e visitas teacutecnicas Acompanhamos projetos de intervenccedilatildeo e de planejamento na escola Com gestores puacuteblicos por meio de cursos presenciais e EaD em ambiente e sustentabilidade com aulas teoacutericas dinacircmicas e

visitas teacutecnicas Elaboraccedilatildeo conjunta e participativa de projetos de planos municipais de resiacuteduos e de saneamento projetos de remediaccedilatildeo de aacutereas contaminadas e de recomposiccedilatildeo florestal Com o setor privado para desenvolvimento de projetos socioambientais no territoacuterio de atuaccedilatildeo da empresa beneficiando seu ambiente e comunidade

Temos experiecircnciahellip Em elaboraccedilatildeo e gerenciamento de projetos produccedilatildeo e acompanhamento de eventos socioambientais Em elaboraccedilatildeo e acompanhamento de publicaccedilotildees Em consultorias e pareceres teacutecnicosSomos um grupo de amantes do ambiente das pessoas e da cultura com formaccedilotildees acadecircmicas soacutelidas e diversas

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