5 Dos paradigmas da ciŒncia ao conhecimento em construçªo · fiÉ preciso medir e capturar o m...

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Universidade Estadual de Campinas – 9 a 15 de agosto de 2004 5 Dos paradigmas da ciŒncia ao conhecimento em construçªo O Continua nas páginas 6 e 7 Quem Ø Gilberto Câmara Para a Câmara, “ a representação computacional é um processo de geração do conhecimento por construção” ÁLVARO KASSAB [email protected] que é ciência multidisciplinar? Em que medida ela rejeita e/ou amplia a ciência tradicional? O papel da tecnologia de informação na multidisciplinaridade é reducionista ou construcionista? Ao colocar dados no computador, o cientista está reduzindo um conceito complexo ou está em busca de um novo paradigma? O pesquisador Gilberto Câmara, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), fica com a última opção. Sua escolha vem justamente do fato de ter, ao longo dos últimos anos, refletido sobre estas indagações. Câmara se debruça hoje sobre uma proposta de estatuto teórico para a ciência multidisciplinar. Parte desse ideário, baseado na experiência do autor em projetos de pesquisa multidisciplinar em temas como as causas do desmatamento na Amazônia e o mapeamento da exclusão social nas grandes cidades brasileiras, será exposta pelo próprio Câmara na terceira edição do seminário “Diversidade na Ciência”, que ocorre na Unicamp no próximo dia 11 (veja matéria na página 7). “A exclusão social representada no computador não é uma redução positivista do conceito qualitativo. O conceito do cientista social é qualitativo e aquele representado no computador é quantitativo, matemático, bem-definido, e complementa o anterior”, diz Câmara. “Costumamos dizer que a ciência opera de duas formas básicas: por descoberta e por invenção. Newton descobriu a lei da gravitação universal e Edison inventou a luz elétrica. Acredito que existe uma terceira forma de realizar ciência: a construção de representações do mundo. Não se trata de descobrir uma nova espécie, nem de inventar um novo engenho, mas de construir artefatos formais de expressão do pensamento. A partir destas novas abstrações, conseguiremos entender o mundo um pouco melhor”. Na entrevista que segue, o pesquisador do Inpe, detalha sua visão de ciência multidisciplinar. Novo paradigma Estamos começando a aceitar ca- da vez mais que a nossa compreen- sªo do mundo passa por produzir representaçıes informacionais e computacionais que nos ajudem a entendŒ-lo. Uma das nossas inspi- raçıes Ø o genoma humano, onde construímos uma representaçªo das formas e das partes de nossos genes e que, a partir dela, começa- mos a entender o funcionamento do nosso organismo e de sua parte bi- oquímica. Coisa semelhante tem acontecido recentemente no ramo da neurociŒncia, e desde sempre nas ciŒncias naturais. No campo das ciŒncias sociais e humanas, a compreensªo do papel da tecnologia de informaçªo tem sido muito mais lenta. O grande de- safio histórico do estudos nas ciŒn- cias humanas Ø estabelecer manei- ras de comparaçªo entre diferen- tes teorias. Muitos cientistas soci- ais rejeitam toda possibilidade de avaliaçªo entre diferentes concep- çıes, mas se nªo admitirmos a possibilidade de refutar uma teo- ria, como nosso conhecimento do mundo pode avançar? Para sair deste impasse, temos experimen- tado com razoÆvel dose de suces- so a criaçªo de representaçıes computacionais de conceitos de ciŒncias humanas, pois estas re- presentaçıes permitem criar um espaço de debate objetivo. Vou dar um exemplo no qual tra- balho: a questªo da exclusªo soci- al. Se olharmos a literatura socio- lógica de exclusªo social, ela tem uma enorme quantidade de defini- çıes. Excluídos podem ser aqueles que nªo tŒm acesso aos direitos da cidadania, ou aqueles que vivem em regiıes perifØricas, fora do al- cance da rede de proteçªo social. Em algumas definiçıes, pode-se ter emprego e ainda assim ser exclu- ído socialmente. A literatura a res- peito Ø enorme. No entanto, essa mesma vastidªo cria um proble- ma sØrio, que Ø a falta de uma for- ma de avaliar objetivamente esse conceito. Para enfrentar este dile- ma, a equipe da PUC-SP liderada pela professora Aldaíza Sposati resolveu construir uma represen- taçªo da exclusªo social em Sªo Paulo a partir de uma anÆlise quantitativa de dados socio- territoriais coletados pela Secreta- ria de Saœde, IBGE, Secretaria de Segurança Pœblica e outras insti- tuiçıes pœblicas. Este trabalho foi iniciado em 1996 e a partir de 2000, contou com o apoio do INPE. Os resultados estªo materializados nos Mapas de Exclusªo/Inclusªo Social de Sªo Paulo para os dados dos censos de 1991 e 2000. Assim, criamos um espaço objetivo de crítica do conceito de exclusªo social. É muito mais fÆcil criticar um conceito objetivo do que uma definiçªo abstrata e genØrica. Uma definiçªo genØrica nunca pode ser efetivamente refutÆvel e acaba se transformando quase numa ques- tªo de fØ entre os que a aceitam e os que nªo a aceitam. Outra realidade A realidade nunca Ø representada fidedignamente no computador. Pensar assim seria cair na falÆcia da reificaçªo. As representaçıes computacionais nªo tŒm compro- misso com a fidelidade, mas ser- vem para ampliar em muito nossa compreensªo. Na medida em que construimos representaçıes computacionais de conceitos como vulnerabilidade, exclusªo, pobre- za, segregaçªo, que estªo na categorizaçªo de partes do corpo social, eles passam a ser objetiva- mente criticÆveis. Podemos, a par- tir daí, olhar e criticar nossa defini- çªo de exclusªo, atravØs de testes es- tatísticos, vizualizaçªo e compara- çªo com dados de campo. Isto dÆ a um pesquisador que trabalha com conceitos sociais e com políticas pœ- blicas uma ferramenta poderosa para entender a realidade. Fosso epistemológico Seria pretensioso falar em uma nova ciŒncia. Trata-se de transpor o fosso epistemológico que se criou entre as ciŒncias naturais e as hu- manas. O fosso existe porque os problemas sociais sªo mais com- plexos e tŒm muito mais dimen- sıes para ser apreendidas do que os problemas das ciŒncias natu- rais. O comportamento de agentes sociais Ø difícil de modelar e de me- dir. Daí vem a tentaçªo de afirmar que as relaçıes sociais e as nossas açıes nªo sªo capturÆveis por abs- traçıes matemÆticas. Resignar-se a esta concepçªo seria admitir que o fosso epistemológico Ø intrans- ponível, mas isto Ø equivalente a rejeitar nossa capacidade de avan- çar o conhecimento. Basta olhar o que estÆ acontecen- do na neurociŒncia. A divisªo en- tre corpo e mente, que foi durante sØculos um problema filosófico, hoje Ø considerado um problema neurológico. Hoje, os neurocien- tistas estªo trabalhando para des- cobrir quais sªo os mecanismos que dªo origem à consciŒncia. Veja-se o trabalho de Antonio Da- mÆsio, descrito nesse livro mara- vilhoso que Ø Em busca de Spinoza, no qual mostra que o processo de desencadeamento de emoçıes e de sentimentos tem uma base neurológica. Razªo comunicativa Nas ciŒncias humanas, muitas dimensıes ainda hoje sªo difíceis de ser apreendidas, mas nªo im- possíveis. Questıes como exclusªo social, pobreza, vulnerabilidade, o próprio comportamento de a- gentes econômicos e sociais, só serªo devidamente compreendi- das quando pudermos construir representaçıes computacionais inteligentes para estes problemas. Ao admitir a possibilidade de quantificar determinadas dimen- sıes desses fenômenos, estamos transpondo o fosso epistemológico e diminuindo a distância entre as ciŒncias humanas e as ciŒncias na- turais. Estamos criando algo que as ciŒncias naturais sempre tiveram e as ciŒncias humanas nªo tŒm ain- da de uma forma bem-resolvida, que Ø um espaço de debate. Como argumentar que a exclusªo e vulnerabilidade social existem, baseado apenas em argumentos qualitativos? Se nunca criarmos um espaço de debate e um meca- nismo de verificaçªo, estaremos nos recusando a avançar na nossa compreensªo do mundo. Este espaço de debate Ø impres- cindível quando trabalhamos num ambiente multidisciplinar. O objetivo maior da ciŒncia mul- tidisciplinar Ø tratar velhos pro- blemas com novas abordagens. Para operar num ambiente mul- tidisciplinar, Ø fundamental dis- por de maneiras nas quais especi- alistas em diferentes disciplinas possam dialogar. Trata-se justa- mente do proceso que Habermas descreve como razªo comunica- tiva. Como fazer com que especi- alistas em saœde, sociólogos, de- mógrafos e estatísticos possam es- tudar a exclusªo social sem ter uma maneira objetiva para criti- car, medir e avaliar este conceito? Focos de queimada em imagens do Inpe captadas por satélite: papel da tecnologia de informação em debate Gilberto Câmara é graduado em Engenharia Eletrônica pelo ITA, e tem mestrado e doutorado em Computação pelo INPE. Trabalha desde 1980 no INPE e lidera a principal equipe de P&D em Geoprocessamento no Brasil, responsável pelos sistemas SGI e SITIM (1981-1993), SPRING (1991- presente), e TerraLib (2002- presente). No INPE, atua como coordenador- geral da área de Observação da Terra (OBT) desde outubro de 2001. É coordenador-adjunto da Rede Cooperativa em Pesquisa de Modelagem Ambiental da Amazônia (GEOMA), formada pelo INPA, MPEG, INPE, LNCC, IDSM, CBPF e IMPA, sendo o investigador principal na área de Bancos de Dados e Modelos Integrados do GEOMA. Liderou a equipe que especificou o supercomputador do CPTEC e gerencia o sistema METVIEW para visualização meteorológica, adotado em 15 centros internacionais. Foi pesquisador visitante no Centro Europeu de Previsão do Tempo em 1990 e em 1997. Produziu 4 livros e mais de 100 artigos, e orientou 13 dissertações de mestrado e 4 teses de doutorado. Atualmente, orienta 3 mestrandos e 6 doutorandos e leciona 4 cursos de pós-graduação nos programas de Sensoriamento Remoto e Computação Aplicada do Inpe. É bolsista do CNPq (produtividade em pesquisa), consultor da Fapesp, Finep, CNPq, e membro externo em bancas na Unicamp, USP, UFMG, UFPE, UNB, PUC/RJ, UERJ e UFRJ. É ainda membro do Comitê Multidisciplinar da Capes. Imagens: INPE A-PDF MERGER DEMO

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Universidade Estadual de Campinas – 9 a 15 de agosto de 2004 5

Dos paradigmas da ciência aoconhecimento em construção

O

Continua nas páginas 6 e 7

Quem éGilberto Câmara

Para a Câmara,“ a representação

computacional é umprocesso de geração

do conhecimentopor construção”

ÁLVARO [email protected]

que é ciênciamultidisciplinar? Em quemedida ela rejeita e/ou

amplia a ciência tradicional? O papelda tecnologia de informação namultidisciplinaridade é reducionistaou construcionista? Ao colocardados no computador, o cientistaestá reduzindo um conceitocomplexo ou está em busca de umnovo paradigma? O pesquisadorGilberto Câmara, do INPE (InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais),fica com a última opção. Sua escolhavem justamente do fato de ter, aolongo dos últimos anos, refletidosobre estas indagações. Câmara sedebruça hoje sobre uma proposta deestatuto teórico para a ciênciamultidisciplinar. Parte desse ideário,baseado na experiência do autor emprojetos de pesquisamultidisciplinar em temas como ascausas do desmatamento naAmazônia e o mapeamento daexclusão social nas grandes cidadesbrasileiras, será exposta pelopróprio Câmara na terceira edição doseminário “Diversidade na Ciência”,que ocorre na Unicamp no próximodia 11 (veja matéria na página 7).

“A exclusão social representadano computador não é uma reduçãopositivista do conceito qualitativo.O conceito do cientista social équalitativo e aquele representado nocomputador é quantitativo,matemático, bem-definido, ecomplementa o anterior”, dizCâmara. “Costumamos dizer que aciência opera de duas formasbásicas: por descoberta e porinvenção. Newton descobriu a lei dagravitação universal e Edisoninventou a luz elétrica. Acredito queexiste uma terceira forma de realizarciência: a construção derepresentações do mundo. Não setrata de descobrir uma nova espécie,nem de inventar um novo engenho,mas de construir artefatos formaisde expressão do pensamento. Apartir destas novas abstrações,conseguiremos entender o mundoum pouco melhor”. Na entrevistaque segue, o pesquisador do Inpe,detalha sua visão de ciênciamultidisciplinar.

Novo paradigmaEstamos começando a aceitar ca-

da vez mais que a nossa compreen-são do mundo passa por produzirrepresentações informacionais ecomputacionais que nos ajudem aentendê-lo. Uma das nossas inspi-rações é o genoma humano, ondeconstruímos uma representaçãodas formas e das partes de nossosgenes e que, a partir dela, começa-mos a entender o funcionamento donosso organismo e de sua parte bi-oquímica. Coisa semelhante temacontecido recentemente no ramoda neurociência, e desde semprenas ciências naturais.

No campo das ciências sociais ehumanas, a compreensão do papelda tecnologia de informação temsido muito mais lenta. O grande de-safio histórico do estudos nas ciên-cias humanas é estabelecer manei-ras de comparação entre diferen-tes teorias. Muitos cientistas soci-ais rejeitam toda possibilidade deavaliação entre diferentes concep-ções, mas se não admitirmos apossibilidade de refutar uma teo-ria, como nosso conhecimento domundo pode avançar? Para sair

deste impasse, temos experimen-tado com razoável dose de suces-so a criação de representaçõescomputacionais de conceitos deciências humanas, pois estas re-presentações permitem criar umespaço de debate objetivo.

Vou dar um exemplo no qual tra-balho: a questão da exclusão soci-al. Se olharmos a literatura socio-lógica de exclusão social, ela temuma enorme quantidade de defini-ções. Excluídos podem ser aquelesque não têm acesso aos direitos dacidadania, ou aqueles que vivemem regiões periféricas, fora do al-cance da rede de proteção social.Em algumas definições, pode-se teremprego e ainda assim ser exclu-ído socialmente. A literatura a res-peito é enorme. No entanto, essamesma vastidão cria um proble-ma sério, que é a falta de uma for-ma de avaliar objetivamente esseconceito. Para enfrentar este dile-ma, a equipe da PUC-SP lideradapela professora Aldaíza Sposatiresolveu construir uma represen-tação da exclusão social em SãoPaulo a partir de uma análisequantitativa de dados socio-territoriais coletados pela Secreta-ria de Saúde, IBGE, Secretaria deSegurança Pública e outras insti-tuições públicas. Este trabalho foiiniciado em 1996 e a partir de 2000,contou com o apoio do INPE. Osresultados estão materializadosnos Mapas de Exclusão/InclusãoSocial de São Paulo para os dadosdos censos de 1991 e 2000. Assim,criamos um espaço objetivo decrítica do conceito de �exclusãosocial�. É muito mais fácil criticarum conceito objetivo do que umadefinição abstrata e genérica. Umadefinição genérica nunca pode serefetivamente refutável e acaba setransformando quase numa ques-tão de fé entre os que a aceitam e osque não a aceitam.

Outra realidadeA realidade nunca é representada

fidedignamente no computador.

Pensar assim seria cair na �faláciada reificação�. As representaçõescomputacionais não têm compro-misso com a fidelidade, mas ser-vem para ampliar em muito nossacompreensão. Na medida em queconstruimos representaçõescomputacionais de conceitos comovulnerabilidade, exclusão, pobre-za, segregação, que estão nacategorização de partes do corposocial, eles passam a ser objetiva-mente criticáveis. Podemos, a par-tir daí, olhar e criticar nossa defini-ção de exclusão, através de testes es-tatísticos, vizualização e compara-ção com dados de campo. Isto dá aum pesquisador que trabalha comconceitos sociais e com políticas pú-blicas uma ferramenta poderosapara entender a realidade.

Fosso epistemológicoSeria pretensioso falar em uma

nova ciência. Trata-se de transporo fosso epistemológico que se criouentre as ciências naturais e as hu-manas. O fosso existe porque osproblemas sociais são mais com-plexos e têm muito mais dimen-sões para ser apreendidas do queos problemas das ciências natu-rais. O comportamento de agentessociais é difícil de modelar e de me-dir. Daí vem a tentação de afirmarque as relações sociais e as nossasações não são capturáveis por abs-trações matemáticas. Resignar-sea esta concepção seria admitir queo fosso epistemológico é intrans-ponível, mas isto é equivalente arejeitar nossa capacidade de avan-çar o conhecimento.

Basta olhar o que está acontecen-do na neurociência. A divisão en-tre corpo e mente, que foi duranteséculos um problema filosófico,hoje é considerado um problemaneurológico. Hoje, os neurocien-tistas estão trabalhando para des-cobrir quais são os mecanismosque dão origem à consciência.Veja-se o trabalho de Antonio Da-másio, descrito nesse livro mara-vilhoso que é �Em busca deSpinoza�, no qual mostra que o

processo de desencadeamento deemoções e de sentimentos temuma base neurológica.

Razão comunicativaNas ciências humanas, muitas

dimensões ainda hoje são difíceisde ser apreendidas, mas não im-possíveis. Questões como exclusãosocial, pobreza, vulnerabilidade,o próprio comportamento de a-gentes econômicos e sociais, sóserão devidamente compreendi-das quando pudermos construirrepresentações computacionaisinteligentes para estes problemas.Ao admitir a possibilidade dequantificar determinadas dimen-sões desses fenômenos, estamostranspondo o fosso epistemológicoe diminuindo a distância entre asciências humanas e as ciências na-turais. Estamos criando algo que asciências naturais sempre tiverame as ciências humanas não têm ain-da de uma forma bem-resolvida,que é um espaço de debate. Comoargumentar que a exclusão evulnerabilidade social existem,baseado apenas em argumentosqualitativos? Se nunca criarmosum espaço de debate e um meca-nismo de verificação, estaremosnos recusando a avançar na nossacompreensão do mundo.

Este espaço de debate é impres-cindível quando trabalhamosnum ambiente multidisciplinar. Oobjetivo maior da ciência mul-tidisciplinar é tratar velhos pro-blemas com novas abordagens.Para operar num ambiente mul-tidisciplinar, é fundamental dis-por de maneiras nas quais especi-alistas em diferentes disciplinaspossam dialogar. Trata-se justa-mente do proceso que Habermasdescreve como �razão comunica-tiva�. Como fazer com que especi-alistas em saúde, sociólogos, de-mógrafos e estatísticos possam es-tudar a exclusão social sem teruma maneira objetiva para criti-car, medir e avaliar este conceito?

Focos de queimada em imagens do Inpe captadas por satélite: papel da tecnologia de informação em debate

Gilberto Câmara égraduado emEngenhariaEletrônica peloITA, e temmestrado edoutorado emComputação peloINPE. Trabalhadesde 1980 no INPE e lidera aprincipal equipe de P&D emGeoprocessamento no Brasil,responsável pelos sistemas SGI eSITIM (1981-1993), SPRING (1991-presente), e TerraLib (2002-presente).

No INPE, atua como coordenador-geral da área de Observação daTerra (OBT) desde outubro de 2001.É coordenador-adjunto da RedeCooperativa em Pesquisa deModelagem Ambiental da Amazônia(GEOMA), formada pelo INPA,MPEG, INPE, LNCC, IDSM, CBPF eIMPA, sendo o investigadorprincipal na área de Bancos deDados e Modelos Integrados doGEOMA. Liderou a equipe queespecificou o supercomputador doCPTEC e gerencia o sistemaMETVIEW para visualizaçãometeorológica, adotado em 15centros internacionais. Foipesquisador visitante no CentroEuropeu de Previsão do Tempo em1990 e em 1997.

Produziu 4 livros e mais de 100artigos, e orientou 13 dissertaçõesde mestrado e 4 teses de doutorado.Atualmente, orienta 3 mestrandos e6 doutorandos e leciona 4 cursos depós-graduação nos programas deSensoriamento Remoto eComputação Aplicada do Inpe. Ébolsista do CNPq (produtividade empesquisa), consultor da Fapesp,Finep, CNPq, e membro externo embancas na Unicamp, USP, UFMG,UFPE, UNB, PUC/RJ, UERJ e UFRJ.É ainda membro do ComitêMultidisciplinar da Capes.

Imagens: INPE

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�É preciso medir e capturar o mUniversidade Estadual de Campinas – 9 a 15 de agosto de 20046

Quantos muros deBerlim caíram?

Se olharmos para as ciências hu-manas brasileiras, constatamos queelas são plasmadas a partir da mis-são francesa que data da fundaçãoda USP. Elas nascem justamente apartir desse burburinho da décadade 1930, quando começam a haveros grandes avanços da área. Ao lon-go do tempo, o predomínio da tra-dição qualitativa francesa e da tra-dição marxista, que é fundamental-mente idealista � fundada no idea-lismo alemão, na idéia dos univer-sais, de que existe um valor absoluto� resultou em formas mais ou me-nos extremadas de relativismo. Ca-beria perguntar quantos muros deBerlim caíram... Não caiu um só.Caiu o muro político, mas outrospermanecem erguidos, entre os qua-is o muro ideológico, teórico, a crençaidealista num futuro glorioso. Emresumo: ainda não caiu a ficha ple-namente de muita gente. Eles con-tinuam usando instrumentos teóri-cos que hoje em dia não só estão su-perados pela prática, mas tambémnão nos permitem entender adequa-damente o mundo de hoje. O gran-de dilema que as ciências humanasbrasileiras têm hoje é como sair da ar-madilha idealista e adotar uma pers-pectiva realista do mundo, sem per-der de vista os compromissos moraiscom uma sociedade mais justa.

O problema não é apenas teórico.A intelectualidade brasileira tem in-fluência na forma como o Estadoatua. Por exemplo: como abordar oproblema da criminalidade? Pode-mos partir do princípio de quequem está doente é a sociedade, co-mo dizia Darcy Ribeiro, e concen-trar a política em temas universaiscomo educação, crescimento econô-mico e assistência social. Se admiti-mos que é necessário entender a cri-minalidade tentando relacionarsuas ocorrências e causas, é neces-sário ir além dos universais. Preci-samos compreender a gênese docrime e de seus respectivos padrõesde recorrência. Porque em algunsbairros a criminalidade é muito mai-or que outras regiões com padrãosemelhante de renda? É necessáriocompreender a realidade com dados,muitos dados. É preciso medir e cap-turar o máximo de dimensões pos-síveis, entender as interações sociaisque ocorrem. Em resumo: não ficarapenas nos universais, em uma visãoidealista que tudo explica.

Como fazer ciênciamultidisciplinar?

Como visão geral, sabemos da va-lidade de atuar em projetos cientí-ficos multidisciplinares. Na prática,para fazer ciência multidisciplinar,precisamos de um estatuto teóricoadequado.

Para funcionar, um projeto cien-tífico multidisciplinar tem de permi-tir a colaboração efetiva de compe-tências muito distintas. Para estudara exclusão social, precisamos de an-tropólogos, estatísticos, demógra-fos, urbanistas, sociólogos, assisten-tes sociais, e especialistas em edu-cação e saúde. Como construir umaontologia comum sem um espaçode debate neutro? Como conciliartantas visões de mundo sem abdi-car de perspectivas relativistas eidealistas? Num projeto multidis-ciplinar de sucesso, a visão realistae a tecnologia de informação são

imprescindíveis.Participo do comitê multidisci-

plinar da Capes, e fico surpreso coma visão idealizada que muitos têmsobre a pesquisa multidisciplinar.Alguns acham que este tipo de pes-quisa irá criar um novo estatuto te-órico, distinto das ciências naturais.Muito pelo contrário: os projetosmultidisciplinares de sucesso sãojustamente aqueles no qual o fossoepistemológico entre ciências natu-rais e ciências humanas foi transpos-to. Esta transposição tem dois lados:a adoção de uma perspectiva realis-ta e uma abordagem quantitativapelas ciências humanas, e a aquisi-ção de uma sofisticação muito maiornos conceitos das ciências naturais.

A Unicampmultidisciplinar

Se olharmos para a própria gênesede várias áreas do conhecimento daUnicamp � até por ser uma univer-sidade nova e de uma certa formasem compromissos culturais com opassado como é o caso da USP �, ob-servamos que se trata de uma insti-tuição que tende a ter uma posturamuito mais modernizante e aberta.A Unicamp é tradicionalmente umespaço mais multidisciplinar do quea USP, onde a cultura dos departa-mentos institucionais é bem maisforte. É claro que o desenho que es-tou dando é esquemático, mas a gen-te nota que ao longo do tempo a re-novação desse pensamento predo-mina na Unicamp. O professor Da-niel Hogan [pró-reitor de Pós-Gra-duação] tem tido um papel impor-tante tanto na Unicamp como emcomissões nacionais e internacionais.

A demografiaVejo como muito promissor o fu-

turo da demografia no Brasil. Suaimportância tende a crescer cadavez mais, mesmo porque temos vá-rios indicadores que apontam paraisso. O primeiro deles, sem dúvida,é essa mudança drástica e dramáticado perfil da população, uma coisasem precedentes no mundo inteiro.Os números mostram uma mudan-ça radical, nos últimos 20 anos: as al-terações se verificam não só na na-talidade, mas também na mortalida-de infantil, longevidade etc. Numpaís-continente como o Brasil, estamudança drástica não pode estaracontecendo ao mesmo tempo, domesmo jeito, em todos os lugares.Eu me recuso a crer que o que acon-tece em Pinheiros e em Barão Geral-do, acontece do mesmo jeito no ser-tão de Quixeramobim. Não é razo-ável imaginar que isto esteja aconte-cendo. De tal forma que, mais do quenunca, os demógrafos estão sendochamados a entender qual o perfil dapopulação. Numa cidade como SãoPaulo, por exemplo, os perfis urba-nos são cada vez mais distintos, o quedemanda políticas públicas distintas.As diferenças são imensas de umbairro para outro. É preciso saberquais áreas da cidade estão envelhe-cendo, quais têm uma populaçãomais jovem, e assim por diante. Éevidente, portanto, que na medidaque os demógrafos começam a re-finar os dados, eles desempenhemum papel fundamental. Tudo o quevocê vai fazer em política pública émexer com gente.

A técnica e o ceticismoTemos que ser céticos em relação

à técnica em si, até por dever do ofí-cio. Não acho que o geoprocessa-mento, por exemplo, resolva o pro-blema de ninguém. Ele só será efi-ciente quando alguém com a pers-pectiva das ciências humanas esti-ver usando esta ferramenta. Só oprofissional de tecnologia de infor-mação não tem a menor condição deresponder às questões contemporâ-neas fundamentais. No limite, háum consenso de que é preciso uni-versalizar os serviços públicos e atéa cidadania � como saúde, educa-ção, segurança pública. Essa idéianão existia há 40, 50 anos. É claro queo pessoal que lida com informaçãotem um papel importante, mas eudiria que este não é um papel fun-damental. Eles não podem prota-gonizar a formulação da política. Ogeoprocessamento só funciona namedida em que ele serve a uma con-cepção teórica de política públicamultidisciplinar. O INPE só traba-lha com exclusão social porque temum diálogo com equipes qualifica-das de outros campos do conheci-mento.

As tecnologias informacionais sãosubsidiárias, são meios a serviço deuma concepção das ciências huma-nas. Do contrário, esse novo para-digma científico não se realiza. Nofundo, a pessoa de ciências huma-nas tem que entender a ciência dainformação. Não entender o que éprogramação, códigos, softwares,mas sim o que acontece quando a in-formação chega ao computador � oque ela pode tirar daí. Esse entendi-mento não tem substituto. O profis-sional de informática jamais pode-rá substituir esse insight.

AmazôniaEstá atualmente em curso um gran-

de experimento científico sobre a A-mazônia, chamado LBA. É um expe-rimento multidisciplinar que envol-ve cientistas de alto nível de váriasinstituições nacionais e estrangeiras.Já temos alguns resultados impor-tantes, a começar da reafirmação doóbvio: a floresta é mais frágil do queo senso comum indica. As condiçõessobre as quais existe a floresta ama-zônica são frágeis, no sentido de acapacidade de ela resistir a uma per-turbação é menor do que imagina-mos. Os cientistas não têm uma me-dida exata, por exemplo, da medidado impacto que o desmatamento e-xercerá sobre o que restou da florestaem razão das alterações climáticas.Não sabemos ainda qual o ponto deinflexão em que isso ocorre. A gen-te tem apenas idéia, sabe que a partirdesse ponto de inflexão os efeitossão cumulativos, não só sobre a áreadesmatada como também sobre aárea intacta.

Na Amazônia de hoje, estamosverificando um conflito nítido de in-teresses sobre o controle do territó-rio. A comunidade de cientistas eambientalistas tem preocupaçõespertinentes sobre o impacto climá-tico, biodiversidade, ecossistema;outra parte da sociedade, por suavez, está procurando se apropriardaquele espaço da forma mais rápi-da possível. O Mato Grosso, por e-xemplo, foi um dos estados onde arenda per capita mais cresceu nasúltimas décadas. No norte deste Es-tado, cidades surgiram do nada ehoje têm qualidade de vida razoá-vel e com boa infra-estrutura. Nãosão mais fronteiras de faroeste. Porquê? Por conta de uma economia

baseada na exportação � seja na sojaou na pecuária. Uma economia queestá gerando dinheiro para as pes-soas, de forma desigual e injusta,como de resto é o próprio desenvol-vimento brasileiro.

O outro lado da geração de di-nheiro é que as taxas de desmata-mentos continuam altas. No inícioda década de 90, á área desmatadaera da ordem de 13 mil km2/ano.Tivemos um pico em 1994, na épo-ca do lançamento do Plano Real, de

29 mil km2; depois caiu um pouco,para subir novamente nos dois úl-timos anos, ficando em torno de 23mil km2/ano, o que corresponde àárea de uma Brasília e meia mais oumenos. Para permitir um melhoracompanhamento do desmatamen-to, o INPE a partir de deste ano pas-sou a fazer um monitoramento maisdetalhado, quinzenal.

Grilagem na AmazôniaExiste hoje um esforço real de vá-

Para o pesquisador Gilberto Câmara, o grande dilema que as ciências humanas brasileir

Universidade Estadual de Campinas – 9 a 15 de agosto de 2004 7

A interdisciplinaridade será debatidana terceira edição do Seminário“Diversidade na Ciência – uma

reflexão sobre o conhecimento e seumodo de produção”, que a Unicamppromove no próximo dia 11 (quarta-feira). Organizado pela Pró-Reitoriade Pós-Graduação, o evento, que

integra a série “SemináriosUnicamp”, terá a participação dos

professores e pesquisadoresCláudio Augusto Sampaio (Unifesp),Dimas Floriani (UFPR), Enrique Leff

Zimmerman (PNUMA, México) eGilberto Câmara (Inpe).

Segundo o pró-reitor de Pós-Graduação, professor Daniel Hogan,o evento, diferentemente das duas

edições anteriores, nas quaispredominaram as discussões acercadas fronteiras da ciência, vai mostrar

as peculiaridades da inter/multidisciplinaridade. “Os quatro

conferencistas têm vasta experiênciana criação e na consolidação decampos multidisciplinares”. De

acordo com Hogan, a mensagemprincipal da série de seminários

organizados pela PRPG é justamentea de insistir que o futuro da ciêncianão pode ficar vinculado apenas ao

desdobramento das disciplinastradicionais. “É preciso apostar cada

vez mais nas intersecções dasdisciplinas”.

Nesse contexto, o pró-reitor lembraque o seminário acontece

justamente na véspera da aulainaugural da primeira turma do

doutorado em Ambiente eSociedade, do Nepam (Núcleo deEstudos e Pesquisas Ambientais),cuja abertura, às 10 horas do dia 12

(quinta-feira), no auditório do Nepam,será feita com palestra do reitor

Carlos Henrique de Brito Cruz. “Ocurso do Nepam corporifica

exatamente essa idéia deinterdisciplinaridade. O que vaimarcar o crescimento da pós-

graduação no futuro é o investimentonas intersecções. Estamos querendo

criar um clima crítico e favorávelpara que isso aconteça”, afirmou

Hogan.

quista da sociedade para preservarum pedaço da Amazônia, mas o res-to é alvo de um grande processo deapropriação fundiária pessimamen-te controlado. Se todo o territóriobrasileiro estivesse mapeado no com-putador, para usar uma metáfora dehoje, não haveria o maior motivadordo desmatamento desenfreado, queé a especulação. Precisamos assimter instrumentos legais muito maisfortes em relação à nossa capacida-de de gestão do território.

A lição de casaPara transpor o fosso epistemo-

lógico é preciso construir uma pontecom duas mãos. Os pesquisadoresdas ciências naturais e exatas tam-bém precisam fazer um substanci-al dever de casa para poder atuar naárea multidisciplinar. O diálogo re-quer dois lados e, nesse ponto, osclássicos das ciências humanas sãouma leitura que não são uma ques-tão exclusiva dos cientistas de hu-manidades. Um cidadão informadonão pode desconhecê-los. Por sor-te, apesar de estudar numa escolacom grande viés técnico (ITA), tivea sorte de conviver com colegas demente aberta, muitos dos quais es-tão hoje na Unicamp, como os pro-fessores Brito Cruz [reitor], CarlosPacheco [IE] e Renato Pedrosa[Imecc]. Formávamos uma espéciede grupo de estudos, e buscávamosver além da engenharia. De minhaparte, tenho um enorme dever decasa ainda incompleto. Além de leros clássicos como Marx, Gramsci,Popper, Adorno, Benjamim, Brau-del, Habermas, Bobbio, é precisomanter-se minimamente atualizadocom as �novidades� e ter uma baga-gem básica em Rawls, Searle, Amar-tya Sen, Harvey, Gibbons, e Castells.Isto sem falar na neurociência e nagenética: Dawkins, Pinker, e Da-masio. O espaço multidisciplinar émuito bonito na conversa, mas semum mínimo de bagagem intelectuale de lustro � que só vem com muitocontato e experiência �, não se conse-guiria entender o outro. Resumo dahistória: existe um novo paradigmamultidisciplinar. Só que ele não poderejeitar � pelo contrário, ele reafirma� as técnicas da ciência estabelecida.Continuam valendo as coisas básicas:o mundo é maior que a gente, e faze-mos conjecturas sobre o mundo. E es-sas conjecturas de alguma maneira agente tem que poder refutar, testar eavaliar. Os físicos vêm fazendo issodesde sempre. A novidade é que osprofissionais das ciências humanastêm agora a possibilidade de, numcontexto limitado, também lançarmão disso. Tenho ainda a felicidadede continuar interagindo com núcleosde competência como o Nepo/Uni-camp, o Cebrap, o NEPSAS/PUC-SP,a Fiocruz. E o mais interessante é quecontinuamos cheios de dúvidas. Mas,a longo prazo, espero, � pois sou oti-mista �a racionalidade acabará pre-valecendo, do contrário o Brasil teriaexplodido há muito tempo.

áximo de dimensões possíveis�

rios órgãos do governo federal, maso problema do desmatamento é mui-to grave. Como as dimensões espa-ciais são enormes, o desmatamentoocorre ao mesmo tempo no Nortedo Mato Grosso, no Sul do Pará, naTerra do Meio, no Sul do Amazonas.A complexidade de lidar com esseterritório é enorme; patrulhar umespaço dessa magnitude é compli-cado. Um outro problema é que osistema legal nacional não está apa-relhado. Se existisse uma forma de

coibir a grilagem de terras, ou seja,o registro ilegal de terras públicaspelos madeireiros, uma parte subs-tancial do desmatamento ilegal nãoaconteceria. Sabemos que o desma-tamento ocorre numa freqüênciamuito menor nas áreas indígenas eflorestas nacionais. A razão é queessas áreas estão demarcadas, oscartórios não podem registrá-las.Assim, devemos considerar a de-marcação das terras indígenas e dosparques nacionais como uma con-

Intersecções de disciplinas, a aposta

O professor DanielHogan, pró-reitor dePós-Graduação:“Conferencistas têmvasta experiência naconsolidação decamposmultidisciplinares”

Foto: Antoninho Perri

Foto: Arquivo Edgard Leuenroth

Seminário Diversidade naCiência III � uma reflexão

sobre o conhecimento e seumodo de produção

Local: Auditório da Faculdadede Ciências Médicas

Rua Tessália Vieira deCamargo, No. 126

Dia 11/08/2004

8:30 h: Abertura

9:00 h: Dimas Floriani (UFPR,Curitiba, PR)

Produção de Conhecimento:Possibilidades e Obstáculos para

um Diálogo de Saberes

10:30 h: Enrique LeffZimmerman (PNUMA,

México, DF)Diversidade na Ciência e

Diálogo de Saberes

14:00 h: Gilberto Câmara (INPE,São José dos Campos, SP)

O Conhecimento comoConstrução: A Epistemologia da

RepresentaçãoComputacional de Conceitos

Multidisciplinares

15:30 h: Claudio AugustoSampaio (UNIFESP,

São Paulo, SP)Multidisciplinaridade, uma das

Estratégias de Formação deQuadros Qualificados

Mais Informações: fone (19) 3788-4729 (Kelly);

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www.prpg.unicamp.br/

as têm hoje é como sair da armadilha idealista e adotar uma perspectiva realista do mundo