49º ANIVERSÁRIO DO MOVIMENTO CÍVICO-MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

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A Marcha da Família com Deus Pela Liberdade encerrou-se diante do altar da PÆtria, na Esplanada do Castelo, com a presença de centenas de milhares de fiØis. (Revista Manchete, Abril/64 - Ediçªo Histórica) 49” ANIVERS`RIO DO MOVIMENTO C˝VICO-MILITAR DE 31 DE MAR˙O DE 1964 ... "a Revoluçªo nªo se fŒz para manter privilØgios de quem quer que seja, mas para, em nome do povo, e em seu favor, democratizar os benefícios do desenvol- vimento e da civilizaçªo". (Presidente Castello Branco, discurso de 21 de abril de 1964) A REVOLU˙ˆO DEMOCR`TICA BRASILEIRA AOS LEITORES E sta Ediçªo Histórica Ø dedicada àqueles que nªo tendo vivido a Øpoca que precedeu o Movimento Cívico-Militar de 1964 e, conseqüentemente, nªo conhe- cendo a verdade dos fatos que marcaram aquele acontecimento- tŒm sido o alvo preferencial da mídia facciosa e dos revanchistas, quando trata dessa matØria. O que aqui serÆ apresentado, nªo sªo conceitos gerados na caserna. Sªo manifestaçıes livres, nªo encomendadas e isentas: sªo Editoriais, opiniıes, depoimentos, manifestos e notícias que retratam o pensamento dos principais órgªos formadores de opiniªo e de membros da sociedade brasileira, conclamando e convocando as Forças Armadas para uma atuaçªo firme e decisiva naquele momento importante da nossa história. Naquela Øpoca a nossa mídia era dotada de um alto grau de independŒncia e de nacionalismo e o seu patriotismo era genuíno e consciente. Hoje, vendida e venal... AS FOR˙AS ARMADAS T˚M O DEVER SAGRADO DE IMPEDIR, A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTA˙ˆO DO COMUNISMO NO BRASIL. BELO HORIZONTE, 31 DE MAR˙O DE 2013 - ANO XVIII - N” 188 l l [email protected] Ediçªo Histórica

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A Marcha da Família com Deus Pela Liberdadeencerrou-se diante do altar da Pátria, na Esplanada do

Castelo, com a presença de centenas de milhares de fiéis.(Revista Manchete, Abril/64 - Edição Histórica)

49º ANIVERSÁRIO DO MOVIMENTOCÍVICO-MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

... "a Revolução não sefêz para manter privilégiosde quem quer que seja, maspara, em nome do povo, eem seu favor, democratizaros benefícios do desenvol-vimento e da civilização".

(Presidente Castello Branco,discurso de 21 de abril de 1964)

A REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICABRASILEIRA

AOS LEITORES

Esta �Edição Histórica� é dedicada àqueles que �não tendo vivido a época queprecedeu o Movimento Cívico-Militar de 1964 e, conseqüentemente, não conhe-

cendo a verdade dos fatos que marcaram aquele acontecimento�- têm sido o alvopreferencial da mídia facciosa e dos revanchistas, quando trata dessa matéria.

O que aqui será apresentado, não são conceitos gerados na caserna.São manifestações livres, não encomendadas e isentas: são Editoriais,

opiniões, depoimentos, manifestos e notícias que retratam o pensamento dosprincipais órgãos formadores de opinião e de membros da sociedade brasileira,conclamando e convocando as Forças Armadas para uma atuação firme e decisivanaquele momento importante da nossa história.

Naquela época a nossa mídia era dotada de um alto grau de independência e denacionalismo e o seu patriotismo era genuíno e consciente. Hoje, vendida e venal...

AS FORÇAS ARMADAS TÊM ODEVER SAGRADO DE IMPEDIR,

A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTAÇÃODO COMUNISMO NO BRASIL.

BELO HORIZONTE, 31 DE MARÇO DE 2013 - ANO XVIII - Nº 188l l

[email protected]

Edição

Histórica

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ANTECEDENTES

Saques aos supermercados em Duque de Caxias - 1962

Comício da Central do Brasil - 13/03/1964

Tropa do Exército retira os amotinadosdo Sindicato - 25/03/1964

Jango no Automóvel Clubea 30 de março - 1964

O presidente João Goulart convocouo movimento sindical e as esquer-das para pressionarem o Congres-

so com demonstrações de força para a res-tauração do presidencialismo. A agitaçãoem favor do plebiscito atingiu o auge no fimde julho de 1962, com o desentendimentoentre Jango e o Congresso que aprovara osenador Auro de Moura Andrade para Pri-meiro - Ministro por 222 votos a 51, contraa vontade de Goulart.

Imediatamente, começaram as gre-ves, depredações e saques em todo o país,principalmente no Rio de Janeiro, onde omovimento sindical era muito forte. Só nabaixada fluminense, foram saqueados qua-se 300 estabelecimentos comerciais e a de-sordem generalizada deixou 25 mortos emais de mil feridos.

O PCB - Partido Comunista Brasileiroera o núcleo dominante de todas as deci-sões, mas o complexo subversivo abrangiagrande número de organizações engloban-do além da CGT e da PUA, as Ligas Campo-nesas de Francisco Julião, a Ação Populare os Grupos dos Onze de Leonel Brizola.

Após a extinção da URSS, o ex-embai-xador soviético no Brasil, Andrei Fomin,confirmou ter comunicado a seu governoinformações recebidas de líderes esquer-distas brasileiros, segundo as quais estavaem preparação um golpe de Estado no qualo presidente fecharia o Congresso e instau-raria a �República Sindicalista�.

Prestes de-clarou na Abertu-ra do CongressoContinental de So-lidariedade a Cubarealizado emNiterói a 28 demarço/63 �ser oBrasil a primeiranação sulameri-cana a seguir oexemplo da pátriade Fidel Castro�.

Grupos armados invadiam proprieda-des. Jornais, revistas e livros, editados emPequim, Moscou e no leste europeu circu-lavam abertamente, principalmente nas fa-culdades e escolas.

Em Brasília, a 12 de setembro/63, sar-gentos da Marinha e da Aeronáutica rebe-laram-se contra a decisão do STF que se

pronunciara contra a sua elegibilidade. Ocu-param o Ministério da Marinha e instala-ções federais. Os graduados do Exércitonão aderiram. Os sublevados foram cerca-dos pelas tropas do Exército e preferiramentregar-se Tal fato iria se repetir na Semana

Santa (março/64),quando marinheiros efuzileiros navaisrebelados no Sindica-to dos Metalúrgicosno Rio de Janeiro, fo-ram presos pelo Exér-cito no Batalhão deGuardas e libertadosno dia 27, sexta feirasanta, por ordem pre-sidencial. A presençade líderes comunistasnos quartéis para veri-ficar o cumprimento daordem do Presidente ea passeata vexatóriaque se seguiu, nasruas do centro da cida-de, com marujosdesuniformizados car-regando dois almiran-tes nos ombros, feriu adignidade e a sensibi-

lidade das For-ças Armadas.

Já haviaacontecido ocomício da Cen-tral do Brasil,realizado a 13 demarço, por su-gestão do PCB,com a presença,além dos líderessindicalistas ecomunistas, dos ministros militares e de 5mil soldados do Exército, que assistiram amassa humana agitando bandeiras verme-lhas e cartazes alegóricos, ridiculizando os�gorilas� e exigindo reformas de base. Jangoexigia a revisão da Constituição,encampação das refinarias, a reforma agrá-ria...

O Automóvel Clube, em 30 de março,foi palco do violento discurso de JoãoGoulart, dirigido a dois mil subtenentes esargentos das Forças Armadas e Auxilia-res, tornando irreversível sua posição deesquerda. A exaltação do ambiente, carre-gada com a presença de agitadores comu-nistas, atingiu o máximo quando o Almiran-

O Comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, AlmiranteCândido de Aragão, é a figura mais controvertida do

episódio: punido, destituído e depois reintegrado pelo nôvoministro, aqui aparece dando autógrafos a marinheiros

(Manchete Extra nº 625)

Tropa do Exército defronte aoMinistério da Marinha, em Brasília,

em setembro de 1963

CRONOLOGIA HISTÓRICA / 1964

te Aragão e o cabo Anselmo, se abraçaramsob aplausos gerais. Era a completa quebrada Disciplina e da Hierarquia.

Fatos como estes e os acontecimen-tos de março, acrescidos da carta do Chefedo Estado-Maior do Exército, juntos commais de meio milhão de paulistas alarmadosna passeata de mulheres com terços à mão,rezando por Deus e pela liberdade, levaramao desenlace de 31 de março.

17 de janeiro: Jango regulamenta a lei de remessas de lucros para o estrangeiro. 25 de janeiro: A SUPRA assina acordo com os ministérios militares para estudo sobre a

desapropriação de terras à margem das rodovias. 6 de março: O Ministério da Justiça estuda uma intervenção no Estado da Guanabara. 11 de março: As classes produtoras se reúnem no Rio e praticamente rompem com o governo. 13 de março: Acontece no Rio um grande comício pelas Reformas de Base. 15 de março: O Congresso Nacional reabre e João Goulart envia mensagem a favor

das Reformas de Base. 18 de março: O CGT exige uma política financeira nacionalista e pede o

afastamento do ministro da Fazenda. 19 de março: A �Marcha da Família com Deus pela Liberdade� reúne em São

Paulo mais de 500 mil pessoas. 26 de março: Rebelião de marinheiros no Rio. São presos pelas tropas do Exército

e em seguida, postos em liberdade. 28 de março: Em Juiz de Fora, numa reunião com Magalhães Pinto, com a

presença do General Mourão Filho e diversas autoridades civis e militares, o MarechalOdylio Denys apresentou um estudo circustanciado sobre a situação político-militar,quando foi articulado e marcado o dia do levante contra João Goulart.

 30 de março: O presidente discursa numa reunião de sargentos das Forças Armadase da Polícia Militar, no Automóvel Club do Rio de Janeiro.

 31 de março: Minas está nas mãos dos rebeldes. As tropas mineiras marcham parao Rio de Janeiro e para Brasília, sem encontrar qualquer resistência.

 1º de abril: O II Exército, comandado pelo General Amaury Kruel, adere à rebelião.Miguel Arraes é preso no Recife.

 2 de abril: Jango deixa Brasília rumo a Porto Alegre e o Deputado Ranieri Mazzilitoma posse como novo presidente.

 4 de abril: João Goulart exila-se no Uruguai.

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Ressurge a Democracia!O GLOBO Rio Janeiro, 02 de abril de 1964

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os

patriotas, independentemente devinculações políticas, simpatias ouopinião sobre problemas isolados, parasalvar o que é essencial: a democracia,a lei e a ordem. Graças à decisão e aoheroísmo das Forças Armadas, queobedientes a seus chefes demonstra-ram a falta de visão dos que tentavamdestruir a hierarquia e a disciplina, oBrasil livrou-se do Governo irrespon-sável, que insistia em arrastá-lo pararumos contrários à sua vocação e tra-dições. Como dizíamos, no editorialde anteontem, a legalidade não poderiaser a garantia da subversão, a escorados agitadores, o anteparo da desor-dem. Em nome da legalidade, não serialegítimo admitir o assassínio das ins-tituições, como se vinha fazendo, di-ante da Nação horrorizada.

Agora, o Congresso dará o re-médio constitucional à situação exis-tente, para que o País continue suamarcha em direção a seu grande des-tino, sem que os direitos individuaissejam afetados, sem que as liberda-

des públicas desapareçam, sem queo poder do Estado volte a ser usadoem favor da desordem, da indis-ciplina e de tudo aquilo que nosestava a levar à anarquia e ao co-munismo. Poderemos, desde hoje, en-carar o futuro confiantemente, certos,enfim, de que todos os nossos proble-mas terão soluções, pois os negóciospúblicos não mais serão geridos commá-fé, demagogia e insensatez.

Salvos da comunização queceleremente se preparava, os bra-sileiros devem agradecer aos bra-vos militares, que os protegeram deseus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéisao dispositivo constitucional que asobriga a defender a Pátria e a garantiros poderes constitucionais, a lei e aordem, não confundiram a sua relevan-te missão com a servil obediência aoChefe de apenas um daqueles poderes,o Executivo. As Forças Armadas, dizo Art. 176 da Carta Magna, �são ins-tituições permanentes, organizadascom base na hierarquia e na disciplina,

sob a autoridade do Presidente daRepública E DENTRO DOS LIMI-TES DA LEI.

No momento em que o Sr. JoãoGoulart ignorou a hierarquia e despre-zou a disciplina de um dos ramos dasForças Armadas, a Marinha de Guer-ra, saiu dos limites da lei, perdendo,conseqüentemente, o direito a ser con-siderado como um símbolo da legali-dade, assim como as condições indis-pensáveis à Chefia da Nação e aoComando das corporações militares.Sua presença e suas palavras na reu-nião realizada no Automóvel Clube,vincularam-no, definitivamente, aosadversários da democracia e da lei.Atendendo aos anseios nacionais,de paz, tranqüilidade e progresso,impossibilitados, nos últimos tem-pos, pela ação subversiva orientadapelo Palácio do Planalto, as ForçasArmadas chamaram a si a tarefa derestaurar a Nação na integridade deseus direitos, livrando-os do amargofim que lhe estava reservado pelosvermelhos que haviam envolvido oExecutivo Federal.

Este não foi um mo-vimento partidário. Deleparticiparam todos os seto-res conscientes da vida po-lítica brasileira, pois a nin-guém escapava o significa-do das manobras presiden-ciais. Aliaram-se os mais ilus-tres líderes políticos, os maisrespeitados Governadores,com o mesmo intuito reden-tor que animou as ForçasArmadas. Era a sorte da de-mocracia no Brasil que esta-va em jogo. A esses líderes

civis devemos, igualmente, externara gratidão de nosso povo. Mas, poristo que nacional, na mais amplaacepção da palavra, o movimentovitorioso não pertence a ninguém. Éda Pátria, do Povo e do Regime. Nãofoi contra qualquer reivindicaçãopopular, contra qualquer idéia que,enquadrada dentro dos princípiosconstitucionais, objetive o bem dopovo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigaremos brasileiros com seus líderes e comos chefes militares, afirmarem o con-trário, estarão mentindo, estarão,como sempre, procurando engodaras massas trabalhadoras, que nãolhes devem dar ouvidos. Confiamosem que o Congresso votará, rapida-mente, as medidas reclamadas paraque se inicie no Brasil uma época dejustiça e harmonia social. Mais umavez, o povo brasileiro foi socorridopela Providência Divina, que lhe per-mitiu superar a grave crise, sem mai-ores sofrimentos e luto. Sejamos dig-nos de tão grande favor.

ESTADO DE MINASÓrgão dos Diários Associados

Diretores: JOÃO CALMON E GERALDO TEIXEIRA DA COSTAGerente Geral: THEÓDULO PEREIRA

Redator Chefe: PEDRO AGUINALDO FULGÊNCIODiretores Assistentes: OSWALDO NEVES MASSOTE E BRITALDO SILVEIRA SOARES

O DEVER DOS MILITARES

Foto: Acervo Jornal Estado de Minas

Geraldo Teixeira da Costa, Irani Bastos,Magalhães Pinto, João Calmon e José Maria Alkmim

Se há um setor que não estácorrompido no Brasil, gra-ças a Deus, é o das Forças

Armadas. Em Minas, devemosjuntar a esse bloco de homensdignos e patriotas a PolíciaMilitar, outra corporação quetem dado os mais admiráveisexemplos de amor à nossa terra.

Feliz a nação que podecontar com corporações mili-tares de tão altos índices cí-vicos. A todo momento, essascorporações, comandadas poroficiais formados na melhor es-cola, a escola do patriotismo, dadecência da pureza de intençõese propósitos, nos oferecem o tes-temunho de sua identificação comos melhores ideais de nossa gen-te. O que eles têm no coração éum Brasil grande, pro-gressista, respeitado,unido de Norte a Sul, deLeste a Oeste, trabalhan-do livremente num climade ordem e paz. Os nos-sos militares, quandomais fundo e mais gros-so é o mar de lama, estãorecolhidos às suas ca-sernas austeras, subme-tidos a um regime de ven-cimentos incompatíveiscom as exigências da vidamoderna. Hoje em dia,não há quem queira sermais oficial do Exército,da Marinha e da Aero-náutica, porque não se recebemnessas três armas soldos quepermitam uma existência tranqüi-la. No entanto, os militares tudosuportam estoicamente, assis-tindo diante deles o espetáculoda mais deslava corrupção,provocada pelo poder civil, pelabaixa politicalha, pelo eleito-ralismo grosseiro. Bastaria dizerque hoje um procurador de umdos institutos de previdência,logo no primeiro mês de sua no-meação, sem ter serviço, indo àrepartição meia hora por dia, quan-do vai, recebe mais do que umgeneral, que se submeteu a umalonga carreira, sujeito a mudan-ças amiudadas de residência,

EDITORIAL de 05 de abril de 1964

sendo obrigado a matricular osseus filhos cada ano um regimede trabalho de dez horas pordia. É impossível, porém, enu-merar aqui todas as injusti-ças de que são vítimas os mi-litares. E não se queixam, nãose desesperam, por amor aoBrasil. Pois bem: esses patrio-tas, que não contribuem para oabastardamento dos costumespúblicos em nosso país, dequando em vez são forçados acorrigir os erros da politicalha,tomando o poder dos corrup-tos, dos caudilhos, dos extre-mistas de baixa extração, resti-tuindo-o limpo e puro, aos ci-vis. Nunca advogaram em cau-sa própria, ou melhor, nuncatomaram o poder em benefício

próprio. Agem quando é preci-so, a fim de restituir a tranqüili-dade e a paz ao seio da famíliabrasileira, mas essa tolerânciacom os civis, que não estão sa-bendo ser dignos do poder, temum limite. As imposições do pa-triotismo, que é tão aceso nomeio militar, poderão levá-los adissolver as assembléias que in-sistem em permanecer dando co-bertura a políticos corruptos eaventureiros, a comunistas in-teressados em abrir aqui umaporta ao fidelismo cubano. Opovo também está perdendo a fénas soluções civis. Vê a voltadas raposas de baixa politicalhacom espanto e nojo, porque com-

preende que a agitação vai conti-nuar, a corrupção idem, o assaltoaos cofres públicos, a compra defazendas e apartamentos com di-nheiro roubado à nação. O Coman-do Revolucionário não aceitaráagora isto. Quer o expurgo, ahigienização do meio político, aimobilização da �gang� queinfelicitava o Brasil. Os corruptos,onde estiverem, terão que pagarpor seus crimes. Se estiverem noParlamento alguns deles, terão quever cassados os seus mandatosque não souberam honrar, train-do ali a democracia. Se estiveremos totalitários vermelhos no maisalto tribunal de justiça do país,há que impor-lhes as sanções daprópria lei que eles impõem aoutros. Sem esse expurgo, feito

sem violência mas dentroda legislação de defesa dopovo e do regime, nãoestará completa a revolu-ção.

Se tolerarem qual-quer transigência com osobjetivos da revolução, osmilitares serão novamen-te traídos pela parcela doscivis corruptos e indignos.

Homens com a altadignidade, a compostura cí-vica, a bravura pessoal, avida limpa e exemplar de umGeneral Carlos Luís Guedes- que é um militar admirável- não podem permitir que se

faça a reconstrução do Brasil embases falsas. Essa reconstruçãotem que ser, antes de tudo, moral.Foi por isso que todos nós, queestivemos na luta arrostando aempáfia dos baderneiros, sujeitosdiariamente a assaltos e golpesdos extremistas, fizemos uma revo-lução.

Os militares não deverãoensarilhar suas armas, antes queemudeçam as vozes da corrup-ção e da traição à pátria. Come-terão um erro, embora de boa-fé, seaceitarem o poder civil, que estáorganizado para assumir as res-ponsabilidades da direção do país.Terão que impor um saneamento,antes de voltar aos quartéis.

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N.R.: O presente artigo, do renomado jornalista Alexandre Garcia,contém interessantes considerações acerca do Movimento de 31 deMarço de 1964, além de acerbas críticas ao execrável decreto do PNDH-3.Tal Programa contrariou profundamente as FFAA, o agronegócio, aIgreja, a Imprensa e outros segmentos da sociedade brasileira, trazendosérios riscos à Soberania Nacional na Amazônia, indo ao encontro deinteresses revanchistas e dos ditos �movimentos sociais�, como o espúrioe criminoso MST, o braço armado do PT.

O País viveu em paz por 30 anos,até que a dupla Genro/Vanucci re-

solveu desenterrar o passado.Os militares não queriam o po-

der. Pressionados pelas ruas, pelosmeios de informação, derrubaram Gou-lart e acabaram ficando 21 anos. Quan-do derrubaram o presidente, já haviagrupos treinados em Cuba, na China eUnião Soviética para começar por aquiuma revolução socialista. Com a con-tra-revolução liderada pelos militares,esses grupos se reorganizaram para aresistência armada. E o governo se orga-nizou para combatê-los. Houve umaguerra interna de que os brasileiros,em geral, não tomaram co-nhecimento porque enquan-to durou, quase 20 anos,houve um total de 500 mor-tos - número que o trânsito,hoje, ultrapassa em menosde uma semana. Numa es-tratégia elaborada pela duplaGeisel-Golbery, planejou- seentão devolver o poder aoscivis de forma �lenta, graduale segura�. E, como coroa-mento do processo, o gover-no fez aprovar no Congresso, em1979, a Lei da Anistia, bem maisabrangente que a defendida pela oposi-ção. Uma lei que pacificasse o país, nonovo tempo de democracia que se inici-ava. Uma anistia �ampla, geral eirrestrita�. Que institucionali-zasse oesquecimento, a pá-de-cal, pelos cri-mes cometidos por ambos os con-tendores, na suja guerra interna. In-cluíam-se os que mataram, assalta-ram, jogaram bombas, roubaram - deum lado - e os que mataram e tortura-ram do outro. A Nação inteira respi-rou aliviada quando o Congresso apro-vou o projeto do governo e os banidose asilados começaram a voltar, entreeles o mais famoso de todos, FernandoGabeira, que havia sequestrado, juntocom Franklin Martins, o embaixadoramericano. E o Brasil viveu em paz por30 anos, elegendo presidentes, des-cobrindo escândalos de corrupção,ganhando copas do mundo. Até que adupla Tarso Genro, ministro da

VINGANÇA OU MALUQUICE?

* Alexandre Garcia

Como coroamento doprocesso, o governo fez

aprovar no Congresso, em1979, a Lei da Anistia, bem

mais abrangente que adefendida pela oposição.Uma lei que pacificasse o

país, no novo tempo dedemocracia que se iniciava.

Uma anistia �ampla, geral e irrestrita�.

Justiça, e seu se-cretário de Direi-tos Humanos, Pau-lo Vanucchi, re-solveram desen-terrar o passadopara se vingar desupostos algozes de seus companhei-ros de esquerda revolucionária.Criaram um órgão para isso. Puseramtudo num decreto, e passaram para oGabinete Civil, da Ministra Dilma. Delá, o calhamaço foi para a assinaturado presidente Lula, envolvido, na Di-namarca, com a empulhação do �aque-cimento global�. Lula alega que as-

sinou sem ver. E eufico curioso por sa-ber se a assinatura temvalor, porque aqui noBrasil havia um presi-dente em exercício,José Alencar. O mi-nistro Nélson Jobim,surpreendido com aunilateralidade do de-creto, pediu demis-são. E os três coman-dantes militares se

solidarizaram com o ministro. Até quese revolva o impasse, está no ar a pri-meira crise militar do governo Lula.O decreto cria um órgão para estu-dar a revogação da pacificadora Leide Anistia. Orienta a punição dostorturadores mas não dos seques-tradores, assassinos e terroristas.Preserva, assim, soldados da guerra re-volucionária como os ministros Dilma,Franklin e Minc. E vai atrás de coronéisda reserva. Baseia-se na Constituição,que considera tortura crime impres-critível; omite que terrorismo tam-bém é imprescritível, pela Consti-tuição. E esquece o princípio de Di-reito pelo qual a lei só retroage parabeneficiar o réu, não para condená-lo. A Lei de Anistia é de 1979 e aConstituição de 1988. Por que agitarum país pacificado? VINGANÇA OUMALUQUICE MESMO?

(Publicada no Jornal do Paraná - 05/01/2010)* Jornalista -alexgar@terra. com.br

No dia 20 demarço de 1964,

há quase 45 anos, oGen Ex Humbertode Alencar CastelloBranco, Chefe doEstado-Maior doExército, em fun-

ção da intranqüilidade que se apossara damaioria da oficialidade, não só do Exércitoquanto das demais Forças após o Comício daCentral (realizado em frente ao prédio queabrigava o então Ministério do Exército, noRio de Janeiro, à época capital federal), em 13daquele mês, expedia Circular que viria a sero estopim para a eclosão da Contra-Revolu-ção de 31 de Março daquele ano.

No texto, vazado de forma comedida erespeitosa, lembrava que os meios militaresnacionais e permanentes não são propria-mente para defender programas de Governo,muito menos a sua propaganda, mas paragarantir os poderes constitucionais, o seufuncionamento, e a aplicação da lei.

E, em outro trecho, assinalava que:Não sendo milícia, as Forças Armadas nãosão armas para empreendimentosantidemocráticos. Destinam-se agarantir os poderes constitucionaise a sua coexistência.

Em outro mais: Entrarem asForças Armadas numa revoluçãopara entregar o Brasil a um grupoque quer domina-lo para mandar edesmandar e mesmo para gozar opoder? ... Isto sim, é que seriaantipátria, antinação e antipovo.

E para não serem antipátria,antinação e antipovo, do seio dasForças Armadas, vieram os governosmilitares. Dos sucessos econômicos,da moralização da vida pública, dosexemplos de honestidade e firmeza depropósitos dos governantes de então,hoje, nada se fala. Da mesma forma quenão se fala no êxito do combate àcomunização do Brasil.

Passaram-se os anos...Um governo legalmente eleito assume

o poder. Sua principal característica? Ser deesquerda e abrigar em seus quadros militantesdas mais diversas extrações, dos moderadosaos extremistas e estes últimos, à sorrelfa,sem alarde, vão assumindo os postos gover-namentais mais elevados. Hoje, parcela con-siderável dos ministros é constituída porterroristas anistiados ou militantes de parti-dos esquerdistas.

Os �movimentos sociais� têm, hoje,uma força e uma influência que não conhece-ram no passado; as ONGs, inclusive aquelasque obedecem a diretrizes externas, tem veze voto nas decisões governamentais; a violên-cia, em boa parte fruto das limitações impos-tas aos órgãos de segurança pelas idéias �po-liticamente corretas�, impera nos grandescentros e espraia-se para o interior; o consu-mo de drogas atinge níveis elevados e �orien-tações sexuais� heterodoxas são incentivadas

FORÇAS ARMADAS,ONTEM E HOJE

e apontadas aos jovens como normais. Comose não bastasse, o Brasil torna-se refúgioseguro para esquerdistas de todos os matizese origens, em especial aqueles cujos atosforam caracterizados pela violência. Emcontrapartida, cubanos que aqui buscam refú-gio, trabalho e liberdade, são prontamenteextraditados para seu país de origem.

Como chegamos a tal ponto?Hoje, carecemos, verdade seja dita, de

líderes políticos íntegros e respeitáveis; depolíticos prontos a denunciar os erros e osabusos dos governantes e, também, de umaimprensa que ecoe suas palavras. Assim, naausência total do contraditório, o discurso daesquerda passou a imperar.

Os governos militares, malgrado te-rem elevado o Brasil à situação de 8ª eco-nomia do mundo, nem são considerados e,aqueles que arriscaram suas vidas e as deseus comandados no combate à subversãocomunista, são estigmatizados como ban-didos cruéis. Os derrotados de ontem, sãoos vitoriosos de hoje.

E, estranhamente, os atuais chefes mi-litares, nem mesmo no âmbito de suas Forças,

falam do passado, dos exemplos de serenida-de e de grandeza cívica que nos legaram homenscomo Castello Branco, Costa e Silva, Médici,Geisel e Figueiredo, da mesma forma que nãomovem uma palha em defesa dos que arrostaramtodos os riscos no combate ao comunismo.

Há que reconhecer que as Forças Arma-das permitiram, desde a chamada �rede-mocratização�, o progressivo, lento e insidi-oso desenvolvimento de políticas governa-mentais que buscavam e conseguiram afasta-las dos centros de decisão. Urge que elasvoltem a ter vez e voz, não para se assenhorearemdo poder, como tantos receiam, mas parafazer ver a todos que, se o Brasil almejatornar-se potência, há que tê-las fortes eíntegras, imunes aos conchavos palacianos,orgulhosas do seu passado e das suas melhorese mais sadias tradições, hauridas de um passadoque nunca poderá ser apagado.

*Coronel Reformado

* Osmar José deBarros Ribeiro

Comício da Central do Brasila 13 de março de 1964

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ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

�Alertamos o povo � nós, almirantes,comandantes e oficiais da Marinha � para ogolpe aplicado contra a disciplina na Mari-nha, ao admitir-se que mi-noria insignificante de su-balternos imponha a de-missão de Ministros eautoridades navais e seatreva a indicar substitu-tos. Em lugar de promo-ver-se a devida puniçãodisciplinar, licenciam-semarinheiros amotinadosque não representam ab-solutamente os dignossuboficiais, sargentos,marinheiros, fuzileiros,que em compacta maioriacontinuaram e continu-am fiéis ao seu juramentode disciplina e de dedica-ção à Marinha. O que êstegolpe representa de ameaça a tôdas as insti-tuições do País está patente, na forma e naessência, e só nos resta alertar a Nação paraque se defenda, enquanto estão de pé as

MANIFESTO DOS ALMIRANTES

O ALMIRANTE Cândido Aragãovolta ao Comando-Geral doCorpo de Fuzileiros Navais,

carregado em triunfo nos ombrosdos marujos vitoriosos

À Nação, ao Congresso Nacional, às Assembléias,aos governadores, aos chefes militares e a todos os cidadãos:

instituições e os cidadãos dignos da liberdadee da Pátria. Continuamos unidos e dispostosa resistir por todos os meios ao nosso alcance

às tentativas de comunicação doPaís.

Os amotinados que se abri-garam na sede do Sindicato dosMetalúrgicos infringiram rude-mente o Código Penal Militar,cometendo, portanto, crimes enão apenas transgressões disci-plinares. Três crimes estão ex-plicitamente capitulados nos se-guintes artigos do Código citado:130, motim e revolta, títulos 1 e2; 133 e 134, aliciação e incita-mento; e 141, insubordinação.Tendo cometido crimes, os amo-tinados não poderiam ser postosem liberdade, anistiados ou o queseja pelo Presidente da Repúbli-ca. Teriam de ser submetidos a

Conselho de Justiça, que ou condenaria ouabsolveria. Pelo quê, o ato do Presidente daRepública foi inequivocamente abusivo eilegal�.

O Estado de São Paulo - 22 de março de 1964

5 DE ABRIL DE 1964 NUM. 27.286 DIRETOR REDATOR-CHEFE: MARCELINO RITTER

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...Com a presença de numerosas figurasrepresentativas da vida política, social e ad-ministrativa do Estado, o governador Maga-lhães Pinto dirigiu, ontem, à noite, direta-mente do Palácio da Liberdade, através deuma cadeia nacional de emissoras de rádioe televisão, um vibrante manifesto ao país,no qual analisa a atual conjuntura política.Ao lado do governador se encontravam ovice-governador Clóvis Salgado, o presi-dente do Tribunal de Justiça, desembargadorJosé Alcides Pereira, os secretários de EstadoRoberto Rezende, Aureliano Chaves, Lúciode Souza Cruz, Celso Mello Azevedo, o Co-mandante Geral da Polícia Militar que se faziaacompanhar de grande número de oficiais,

MINAS ESTÁ UNIDA CONTRA O GOLPE

PRONUNCIAMENTO DOGOVERNADOR MAGALHÃES PINTO

além de deputados estaduais integrantes dabancada da UDN e do PSP. O Salão Nobre doPalácio da Liberdade estava literalmente lotadopor grande número de autoridades adminis-trativas de Minas além de pessoas gradas queacorreram à sede do governo, a fim de ouviro pronunciamento do chefe do Executivo, quefoi entrecortado de aplausos em vários dosseus trechos principais. Esses aplausos e oscumprimentos recebidos pelo sr. MagalhãesPinto, durante e após o seu pronunciamento,revelam, sem dúvida nenhuma, a fidelidadecom que o chefe do governo interpretou opensamento de Minas, disposta à luta emdefesa das instituições livres e contra o golpede Estado.

Desembargador JoséAlcides Pereira, os

secretários de EstadoRoberto Rezende,

Aureliano Chaves, Lúciode Souza Cruz, o

comandante Geral daPolícia Militar, Cel José

Geraldo

Estado de Minas, 21 de março de 1964

Foto: Acervo Jornal Estado de Minas

Inteiramente solidária, desde a primeira hora, com a posição assumida pelo GovernadorMagalhães Pinto, contra a tentativa do presidente João Goulart de implantar no País, um regimecomunista, a Assembléia Legislativa aprovou ontem, por unanimidade, um manifesto dirigidoao Estado e à Nação, no qual acentua que �Minas Gerais é pela paz, sem sacrifício dasliberdades públicas, pela paz, sem desrespeito à ordem Constitucional, pela paz contra ocomunismo dissolvente�.

Coube aos deputados pessedistas Hugo Aguiar e Murilo Badaró a inspiração e redaçãodo importante documento. No encaminhamento da votação falaram os deputados Expedito deFaria Tavares, pela UDN, Manoel Costa, pelo PSD, Mario Hugo Ladeira, pelo PR, NavarroVieira pelo PRP, Pinto Coelho pelo PL, e Valdomiro Lobo pelo PTB.

Públicado no Estado de Minas, 02 de abril de 1964

MINAS É DEMOCRÁTICA E REPUDIA OSPROCESSOS DE COMUNIZAÇÃO

MANIFESTO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Faz mais de dois anos que os inimigos daOrdem e da Democracia, escudados na

impunidade que lhes assegura o Sr Chefe doPoder Executivo, vêm desrespeitando as insti-tuições, enxovalhando as Fôrças Armadas, di-luindo nas autoridades públicas o respeito quelhes é devido em qualquer nação civilizada, e,ainda, lançando o povo em áspero e terrívelclima de mêdo e desespêro.

Organizações espúrias de sindicalismopolítico, manobradas por inimigos do Brasil,confessadamente comunistas, tanto mais auda-ciosos quanto estimulados pelo Senhor Presi-dente da República, procuram infundir em to-dos os espíritos a certeza de que falam em nomedo operariado brasileiro, quando é certo quefalam em nome de um Estado estrangeiro, a cujos interêsses imperialistas estão servindo emcriminosa atividade subversiva, para traírem a Pátria Brasileira, tão generosa e cavalheiresca.

E o atual Govêrno, a cujos projetos que negam a soberania do Brasil vêm servindo essasorganizações, dá-lhes apôio oficial ou oficiosamente, concedendo-lhes até mesmo a faculdadede nomear e demitir ministros, generais e altos funcionários, objetivando, assim, por conhecidoprocesso, a desfazer as instituições democráticas e instituir, aberrantemente, o totalitarismo,que nega a Federação, a República, a Ordem Jurídica e até mesmo o progresso social.

Tentaram revoltar o disciplinado e patriótico �Círculo de Sargentos�, e recentemente,essas organizações e êsse Govêrno tudo fizeram para desmoralizar e humilhar a Marinha deGuerra do Brasil, na mais debochada e despudorada ofensa à sua disciplina e hierarquia, quenela devem predominar.

O Povo, Governo Estaduais e Fôrças Armadas, animados de fervoroso sentimentopatriótico, repelem êsse processo de aviltamento das fôrças vivas da Nação, tão bem concebidoe caprichosamente executado pelo Sr Presidente da República, o qual, divorciado dos preceitosconstitucionais, negando solene juramento, pretende transformar o Brasil, de Nação soberanaque é, em um ajuntamento de sub-homens, que se submetam a seus planos ditatoriais.

Na certeza de que o Chefe do Govêrno está a executar uma das etapas do processo deaniquilamento das liberdades cívicas, as Fôrças Armadas, e, em nome delas, o seu mais humildesoldado, o que subscreve este manifesto, não podem silenciar diante de tal crime, sob pena decom êle se tornarem coniventes.

Eis o motivo pelo qual conclamamos a todos os brasileiros e militares esclarecidos paraque, unidos conosco, venham ajudar-nos a restaurar, no Brasil, o domínio da Constituição eo predomínio da boa-fé no seu cumprimento.

O Sr Presidente da República, que ostensivamente se nega a cumprir seus deveresconstitucionais, tornando-se, êle mesmo, chefe de governo comunista, não merece ser havidocomo guardião da Lei Magna, e, portanto, há de ser afastado do Poder de que abusa, para deacôrdo com a Lei, operar-se a sua sucessão, mantida a Ordem Jurídica.

À NAÇÃO E ÀS FÔRÇAS ARMADAS!

PROCLAMAÇÃO

O II Exército, sob meu comando, coesoe disciplinado, unido em torno de seu

chefe, acaba de assumir atitude de graveresponsabilidade com o objetivo de salvara Pátria em perigo, livrando-se do jugo ver-melho.

É que se tornou por demais evidentea atuação acelerada do Partido Comunistapara a posse do Poder, partido agora, maisdo que nunca, apoiado, por brasileiros malavisados que nem têm consciência do malque se está gerando.

A recente crise surgida na Marinhade Guerra, que se manifestou através de um

MANIFESTO DO COMANDANTE DO II EXÉRCITO

motim de marinheiros e con-tou com a conivência de almi-rantes nítidamente de esquer-da e a complacência de ele-mentos do govêrno federal, àqual se justapôs a intromis-são indébita de elementosestranhos para a solução deproblemas internos daquelaFôrça Armada, permitiu fi-casse bem definido o grau de infiltraçãocomunista no meio militar.

O intenso trabalho do Partido Comu-nista no seio do Exército, da Marinha e da

Aeronáutica, desenvolvidoprincipalmente no círculodas praças e objetivandoinduzí-las à indisciplina, trazem seu bojo um princípio dedivisão de fôrças que refle-te no enfraquecimento doseu poder reparador, na ga-rantia das instituições.

A atitude assumidapelo II Exército estáconsubstânciada na

reafirmação dos princípios democráticosprescritos pela Constituição vigente, in-teiramente despida de qualquer caráterpolítico-partidário, visa exclusivamente

a neutralizar a ação comunista que seinfiltrou em alguns órgãos governamen-tais e principalmente nas direções sindi-cais, com o único propósito de assalto aoPoder.

O II Exército, ao dar o passo deextrema responsabilidade, para a salva-ção da Pátria, manter-se-á fiel à Constitui-ção e tudo fará no sentido da manutençãodos poderes constituídos, da ordem e datranquilidade. Sua luta será contra os comu-nistas e seu objetivo será o de romper ocêrco do comunismo, que ora comprometea autoridade do govêrno da República.

General de Exército Amaury KruelComandante do II Exército.

Gen Div OLYMPIO MOURÃO FILHO Comandante da 4ªRM e 4ª DI

 Juiz de Fora, 31 de março de 1964.

A 31 de Março de 1964, o general-de-Exército Amaury Kruel,comandante do II Exército lançou o seguinte manifesto:

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1 - Alberto Deodato Maia Barreto �Advogado. Jornalista. Professor da Fac. deDireito da UFMG. 2 - Aluísio Aragão Villar� Advogado. 3 - Aníbal Teixeira Sousa �Advogado. 4 - Angelo Scavazza � Gerente daSul América Cia. de Seguros. 5 - Augusto deLima Neto � Industrial. Dir. da Cia. Telefôni-ca de Minas Gerais. 6 - Antônio Joaquim

PRINCIPAIS COLABORADORESDO MOVIMENTO (Pág. 152)

Corrêra da Costa � General Reformado. 7 -Bento Romeiro � Advogado. Delegado Auxi-liar aposentado. 8 - Bráulio CarsaladeVillela � Advogado. Alto Funcionário da Cia.Siderúrgica Belgo-Mineira. 9 - Célio Andrade� Médico. Diretor-Clínico do Hospital FelícioRoxo. 10 - Délzio Bicalho � Médico. 11 -Dênio Moreira � Advogado. Jornalista, Radi-alista, Deputado. 12 - Emílio MontenegroFilho � Cel. Aviador Reformado. 13 - ElcinoLopes Bragança � General Reformado. 14 -Evaristo de Paula � Médico. Fazendeiro. 15- Francisco Floriano de Paula � Advogado.Prof. Faculdade de Direito. 16 - GabrielBernardes Filho � Advogado. Fazendeiro.Diretor da Cia. Força e Luz de Minas Gerais. 17- Geraldo Jacinto Veloso � Agente Fiscal doImposto Aduaneiro em Belo Horizonte. 18 -Heitor Picchioni � Corretor de Fundos Públi-

cos. 19 - Hélio Pentagna Guimarães � In-dustrial. Diretor da Magnesita. 20 - JoãoBotelho � Sacerdote. 21 - João Manoel Faria� General Reformado 22 - João Torres Perei-ra � General Reformado. 23 - João Romeiro �Advogado. Juiz da Justiça Militar de MinasGerais. 24 - José Cândido de Castro � Sacer-dote Jesuíta. 25 - José Lopes Bragança �General reformado. 26 - José Resende deAndrade � Advogado. Del. de Polícia. 27 -José Luís Andrade � Corretor de Títulos.Gerente do Fundo Crescinco em Minas Gerais.28 - José Meira Júnior � Coronel da PolíciaMilitar. 29 - Josafá Macedo � Médico. Fazen-deiro. Presidente da Farem.30 - José MariaAlkmin � Advogado. Deputado Federal. Ex-Vice-Presidente da República. 31 - JoséOswaldo Campos do Amaral � Cel. Refor-mado da PM. 32 - Luís Gonzaga Fortini �

Médico. Assistente da Fac. de Medicina daUFMG � Industrial, Diretor-Presidente daLAFERSA. 33 - Luís Pinto Coelho � Arqui-teto. Comerciante. Ex-Presidente do Rotary.34 - Maurílio Augusto Fleury CuradoJúnior � General Reformado. 35 - NelsonFelício dos Santos � General Reformado. 36 -Olavo Amaro da Silveira � General Reformado.37 - Orlando Vaz Filho � Advogado. Ex-líderEstudantil. 38 - Paulo de Sousa Lima � Médico.Fazendeiro. Ruralista. 39 - Raimundo Silva deAssis � Advogado. Industrial. Técnico em Previ-dência Social. 40 - Rúbio Ferreira de Sousa� Advogado. Titular de Cartório. 41 - Ruy deCastro Magalhães � Advogado. Presidentedo Banco Comércio Indústria de Minas Gerais.Ex-Presidente do Sindicato dos Bancos. 42 -Vicente Moura � Jornalista e FuncionárioPúblico Estadual.

Marcha com Deus pela Família e pela Liberdade, em BH (Página 160)Cel Valle, Gen Bragança, Gen Guedes, Cel PM José Geraldo, Major

Clementino, Padre Caio e o Arcebispo D. Sigaud

No auditório da TV Itacolomy, na instalação da "Cadeia da Liberdade", emabril de 1964. Em pé: Sarg. Pedro Dorival de Melo, Sarg. José Della SáviaFilho, José Lamartine Godoy, Cap. Euryalo Romero, Cap. Vitral Monteiro,Ten.Cel. Hélio Fonseca Viana, Maj. Joaquim Clemente, Maj. Elson Correa

da Fonseca e Ten. Jofre Lacerda. Sentados: Augusto de Lima Neto, Cel. JoséGeraldo, Gen. Guedes, Gen. Mourão Filho, Gen. Odylio Denys, José Maria

Alkmin, Oswaldo Pieruccetti e Clóvis Salgado. (Página 161)

Rio de Janeiro - Quarta-feira, 1 de abril de 1964

O Coronel AviadorAfrânio Aguiar,Comandante da BaseAérea de Belo Horizonte,único núcleo da FAB a serebelar no país,recebe a visita dogovernador mineiro

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A Associação Comercial de Minas através de seu Presidente, Sr. Miguel A.Gonçalves de Souza e de seus diretores, acompanhou desde o início, atentamente,o desenrolar dos últimos acontecimentos verificados no país e que tiveram por

objetivo restaurar a ordem, a disciplina e os princípios democráticos, cristãos e ocidentalistasdo povo brasileiro, pondo fim ao processo subversivo e desagregador que se desenvolvia,rapidamente, a serviço de ideologias importadas que vinham infelicitando o Brasil.

Ao irromper o movimento cívico-militar em Minas Gerais, liderado pelo gover-nador José Magalhães Pinto e generais Olímpio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes, aAssociação Comercial de Minas e a Federação das Associações Comerciais do Estado deMinas Gerais imediatamente se solidarizaram e aplaudiram a atuação brava e patrióticado Chefe do Executivo Mineiro e dos comandantes da IV Região Militar e da Divisão deInfantaria sediada nesta capital, bem como do comandante da Polícia Militar de MinasGerais e dos secretários de Estado que participaram mais ativamente das ações.

Estado de Minas, 05/04/64

CONGRATULA-SE A ASSOCIAÇÃO COMERCIALDE MINAS COM AS FORÇAS ARMADAS

ARTICULADOR e iniciador do movimentoque culminou com o afastamento do Presi-

dente. João Goulart, o Governador MagalhãesPinto foi aclamado em Minas como o grandeherói da insurreição vitoriosa e calorosamentefestejada em todo o Estado.

Contando com a decidi-da colaboração das tropas doExército sediadas em Minas,além dos 18 mil homens daFôrça Pública do Estado e detotal apoio popular, o Go-vernador Magalhães Pintoiniciou a história arrancadapelas liberdades democráti-cas com um vigoroso mani-festo, em que afirmou teremsido inúteis tôdas as adver-tências contra a radicalizaçãode posições e atitudes e con-tra a diluição do princípio fe-derativo.

A eficiente articulaçãoempreendida, que garantiu aadesão de elementos decisivos, e a rapidez e açãoforam preciosos para a fulminante vitória dasfôrças democráticas.

Durante todo o desenrolar da crise, o Sr.Magalhães Pinto permaneceu no Palácio daLiberdade, cercado pelo seu �staff� e em perma-nente contato com os Generais Carlos Luís

MAGALHÃES,O HERÓI DA REVOLUÇÃO

Reportagem de Oswaldo Amorim, Luiz Alfredo e José Nicolau

Guedes. Comandante da ID-4 (sediada em BeloHorizonte) e Olímpio Mourão Filho, Coman-dante da 4.ª Região Militar (Juiz de Fora) efazendo ligações para outros chefes militares evários Governadores de Estado. Somente saiu,

no dia 1.º, para visitar osquartéis do 12.º RI e daPolícia Militar, o Destaca-mento de Base Aérea (úni-co núcleo rebelado daFAB) e o Centro de Recru-tamento de Voluntários,acompanhados do Cel.José Geraldo de Oliveira,comandante da PolíciaMilitar, Cel. José Guilher-me, chefe do GabineteMilitar (ambos foram pe-ças importantes do movi-mente que eclodiu em Mi-nas e se alastrou no País) edos Senadores MiltonCampos e Afonso Arinos� nomeados secretários

sem Pasta do govêrno mineiro.A vitória final, vibrantemente festejada

pelo povo de Minas, teve no tranqüilo e decididoGovernador Magalhães Pinto o seu grande co-mandante e maior alvo das manifestações popu-lares em todo o País.

O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964

ANÚNCIO DA VITÓRIA FÊZ POVO VIBRAR EM MINAS

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DEPOIMENTOS SOBRE31 DE MARÇO DE 1964

Minas Gerais, como sempre ao longo de sua história, fez-se presente ao MovimentoCívico-Militar, pelo seu povo e pelas suas autoridades, à frente o GovernadorMagalhães Pinto, com a decisiva lealdade de nossa brava e disciplinada Polícia

Militar, sob o comando do Cel José Geraldo e com a fundamental participação do ExércitoBrasileiro, nas pessoas dos Generais Olympio Mourão Filho e Carlos Luis Guedes,Comandantes da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora e ID/4-Infantaria Divisionária,em Belo Horizonte, tendo ao lado o destacamento local da Força Aérea Brasileira. Pararelembrar e cultuar a data histórica, colhemos depoimentos daqueles que participaram doMovimento, sendo que alguns foram prestados há bastante tempo.

À frente do meu 10º BI, sediado em MontesClaros, integrei, como vanguarda, a primeira forçarevolucionária a pisar o solo de Brasília, vibrante defé patriótica.

Se o preço então a pagar para varrer de minhaPátria o comunismo que tentara tomar o poder fosseminha pobre vida, de muito bom grado te-lo-ia pago.

A Contra-Revolução de 31 de março foi um atoda Pátria, pela Pátria e para a Pátria.

Quando ela ressurgir nesses moldes, nova-mente marcharei.

Minhas botas continuam engraxadas.(Depoimento prestado em 20/03/2002)

GEN ANTÔNIO CARLOS DA SILVA MURICY

Chegando ao Rio, as tropas mineiras alojaram-se noMaracanã, onde Mourão recebeu a visita de Magalhães

Pinto, de Alkmim, Pierucetti e do General Muricy

Cel PM GEORGINO JORGE DE SOUZA

MAJ PM MÁRIO ESTEVAM MARQUES MURTA

Cel José Geraldo, Generais Guedes eMourão e Cel Georgino - Abril/64

Servindo no 10º RI em Juiz de Fora,integrei a vanguarda do Destacamento Tiradentesem sua marcha vitoriosa para o Rio de Janeiro.

Naquela ocasião, conseguimos, respalda-dos pelo povo, afastar mais uma vez, o perigocomunista de nosso país.

Por que o brasileiro é averso ao comunis-mo?

Porque é livre por natureza e temente aDeus, e contrário ao regime que a URSS, a Chinae alguns países impuseram a seus povos, atravésde um Partido que usufrui das vantagens do

poder, esmagando-os e escravizando-os em nomede uma ideologia perversa.

Valeu 31 de março? Sim, com certeza. OBrasil desenvolveu-se como nunca nos governosrevolucionários, projetando-se no cenário mun-dial. Queiram ou não, é um fato!

Neste momento difícil em que vivemos,sob nova ameaça marxista que busca acelerada-mente a tomada do poder, que o espírito que nosnorteou em 1964 inspire o povo e suas ForçasArmadas a novos �31 de março�, para os quaisestarei pronto a participar.

CEL REYNALDO DE BIASI SILVA ROCHA

A reação à comunizaçãodo país veio do povo. A mu-lher brasileira agiu com energiae coragem. Em Pernambuco, aCruzada Democrática Femi-nina enfrentou a polícia deArraes e fez um congresso numestádio à luz de velas. Em BeloHorizonte, as mineiras fize-ram correr e embarcar, preci-pitadamente, o agitadorBrizola.

Em São Paulo, as mu-lheres foram às ruas em imensa passeata demilhares de pessoas, na célebre �Marcha daFamília com Deus pela Liberdade�.

Em 31 de março de 1964, o Povo Bra-sileiro, dando vazão aos seus sentimentos

profundamente democráticos, com sua almadensamente cristã e com o patriotismo quesempre o caracterizou, convocou suas ForçasArmadas para ajudá-lo a reconduzir a Nação àestrada democrática de que a tinham desviado.

� A Marinha do Brasil, dentro da mis-são que lhe é atribuída pela Carta Magna, tempor dever zelar pela lei, pela ordem e peladefesa das instituições.

Vinha o Clube Naval mantendo silên-cio na intenção de não agravar mais ainda oconturbado panorama político-social do País.

Os últimos acontecimentos, porémmostraram que a Marinha, como instituiçãomilitar, foi inteiramente abalada em seuspróprios fundamentos.

Um ato de indisciplina, prati-cado por um grupo de militares, foiacobertado pela autoridade consti-tuída, destruindo o princípio da hi-erarquia, fundamental em qualquerOrganização, principalmente as mili-tares.

Êsses lamentáveis acontecimentos fo-ram o resultado de um plano executado comperfeição e dirigido por um grupo já identifi-cado pela Nação brasileira como interessadona subversão geral do País, com característi-cas nitidamente comunistas.

O fato de a Associação de Suboficiaise Sargentos da Marinha e do Clube Humaitáterem-se manifestado contrariamente a êssesepisódios demonstra quem a Marinha, em suaexpressiva maioria com seu pessoal subalter-no, continua trilhando as tradições de bemservir à Pátria. Demonstra também que, con-trariamente ao que querem fazer crer os agen-tes desagregadores, a Marinha não possuiclasses ou castas. Trabalha para cumprir suamissão como um todo, com seu pessoal dis-tribuído por postos e graduações, que vão degrumete a almirante, com fundamento na hi-erarquia, base da organização militar.

Os elementos que se indisciplinaram,dentro de tática facilmente reconhecível, apre-sentaram reivindicações, algumas justas eoutras absurdas, como se êsses problemaspudessem ser resolvidos, numa corporaçãomilitar, desta maneira. É de se notar quemuitas das reclamações expostas têm sido há

OS MANIFESTOS DA CRISEMANIFESTO DO CLUBE MILITAR

�O Clube Militar, diante dos aconteci-mentos lamentáveis registrados anteontemno Sindicato dos Metalúrgicos, ondemarinheiros e fuzileiros, insidiosa-mente doutrinados pelos chefessindicalistas a serviço de Mos-cou, se homiziaram e deram mos-tras de indisciplina e revolta, de-clara-se solidário com a Marinhade Guerra de Tamandaré, Barro-so, Batista das Neves, Greenhalghe Marcílio Dias, na sua justa e intré-pida reação e repressão aos amotinados.

É preciso que a Nação brasileira serecorde dos feitos heróicos da nossa Marinha

e do que ela é capaz de praticar em prol daPátria, para ter confiança e tranqüilidade,

certa de que os homens de valor dessanobre Fôrça Armada saberão

reconduzi-la ao rumo da retidão ede glórias, tão bem registrado emnossa História.

Formando ao lado eunido ao Clube Naval, no pensa-mento de ordem e respeito ao regi-

me e à Constituição, o Clube Militarnão medirá sacrifícios no sentido de

concorrer para o restabelecimento da dis-ciplina e do acatamento às autoridades e àsinstituições�.

MANIFESTO DO CLUBE NAVALanos consideradas, sendo a Marinha a pionei-ra da Assistência Social nas Fôrças Armadas.

Deve ser esclarecido, outrossim, quena Marinha do Brasil, seus subalternos têmtratamento igual ou superior ao de qualqueroutra Marinha.

Seus homens são recrutados, em geral,nas zonas subdesenvolvidas do País. A Ma-rinha os transforma em técnicos especia-

lizados, úteis não só a ela como a elesmesmos e ao País, proporcionando-lhes inclusive a possibilidade de al-cançarem o oficialato e até mesmo oAlmirantado.

Vem assim o Clube Naval, in-terpretando o sentimento unânime dos

seus associados, comunicar à Naçãoque:

a) A indisciplina foi coordenada e di-rigida por elementos totalmente estranhos àMarinha.

b) O acobertamento dessa indisciplina,violentando o princípio da autoridade, difi-cultou e, possivelmente, impedirá o seu exer-cício através de tôda a cadeia hierárquica abordo dos navios, nos quartéis e estabeleci-mentos navais.

E o mais lamentável é que a palavra doGovêrno empenhada ao Ministro da Mari-nha, no sentido de punir a insubordinação,não foi cumprida.

Pouco depois, a punição de todos ossublevados foi relevada e o princípio da au-toridade mutilado.

O grave acontecimento que ora envol-ve a Marinha de Guerra, ferindo-a na suaestrutura, abalando a disciplina, não pode sersituado apenas no setor naval. É um aconte-cimento de repercussão nas Fôrças Armadase a êle o Exército e a Aeronáutica não podemficar indiferentes. Caracteriza-se, claramen-te, a infiltração de agentes da subversão naestrutura das Fôrças Armadas. O perigo queisto representa para as instituições e para oBrasil não pode ser subestimado�.

De 1967 a 1970, como sargento da PMMG, no comando de uma patrulha volanteconstantemente envolvia-me em combate direto armado com militantes de esquerda, treinados emguerrilha urbana, que praticavam assaltos a agências bancárias, seqüestros de autoridades e atos deterrorismo. Para que os mais jovens possam conhecer a história do Movimento de 1964 e aparticipação das Forças Armadas Brasileiras no evento revolucionário, concito os políticos que sebeneficiaram diretamente da Revolução a sair em defesa delas, dizendo que estavam certas ao nãopermitir que o comunismo se instalasse em nosso país. Digam que o muro de Berlim já foi implodidoe que o comunismo de tão pobre e utópico foi varrido do Leste Europeu e extinto na própria Rússia,o seu berço natal.

O Marechal Augusto Magessi, Presidente do Clube Militar, lançou ao País o seguinte Manifesto:

DEPOIMENTO DO LULA"Naquela época, se houvesse eleições o Médici ganhava. E foi no auge da

repressão política mesmo, o que a gente chama do período mais duro doregime militar. A popularidade do Médici no meio da classe trabalhadora eramuito grande. Ora por quê? Porque era uma época de pleno emprego".

Luiz Inácio Lula da Silva(Depoimento a Ronaldo Costa Couto, in Memória viva do regime militar)

O CRUZEIRO, 18 DE ABRIL DE 1964

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RECONSTITUINDO A HISTÓRIA DO BRASIL

Casa Amarela (São Paulo), 2 de abril de 64.....No começo do ano passado, em Santa

Tereza, Espírito Santo, todos dissemos aochefe do Executivo mineiro:.... �Os nossosadversários do marxismo são peritos nessetipo de ação direta revolucionária�....

... �Tenha a segurança de que as provoca-ções das esquerdas avermelhadas cairão, emprimeiro lugar, sôbre Minas Gerais....�

... �Estão planejados, pelo comandantePrestes, os choques do lançamento de van-guardas cubanas no território monta-nhês....�

�...Os nosso rapazes de Belo Horizonte ede Juiz de Fora se acham dispostos a aceitar oseu quinhão de responsabilidades no entreveroque se aproxima...�

... �Venha tranquilo para topar o encontromarcado pelos marxistas-lenineanos comMinas, que êles consideram o nó de estrangu-

TODO O PODER AO GLORIOSO EXÉRCITO DO BRASIL* Assis Chateaubriand

lamento da democracia no Brasil.��Verá como se enganam o presidente e

sua guarda escarlate.��Pomos á sua disposição os instrumen-

tos de preparação da mentalidade pró-Bra-sil e, �ipso facio�, anti-Castro.�

�Temos um esquema, já feito, para sermontado, de luta �callejera� contra decre-tos do governo, que se encontram em febrilelaboração.�...

... �É que a opinião mineira anda longede participar da pregação demagógica dasesquerdas.�

�Ela é nossa toda nossa�.�O que se torna preciso é enquadrá-la

no dispositivo de reação contra o fantasmade papelão do binômio Goulart-Prestes.�

�Isto é a introdução do movimento deCuba num segundo ponto do hemisfério.�

O General José Lopes Bragança, cujoirmão foi assassinado pelos comunistas,(liderados pelo ex-Capitão Luiz CarlosPrestes, no Campo dos Afonsos/RJ), naIntentona de 1935, instalou o QuartelGeneral do Voluntariado no Grupo EscolarPandiá Calógeras, em Belo Horizonte. Osvoluntários chegaram pouco antes dameia-noite da terça-feira e 16 horas maistarde o seu número era de 10 mil.(Manchete, abril de 1964 - Edição Histórica)

MINAS GERAIS NA VANGUARDA* Fundador e Presidente dos "Diários Associados"

São Paulo, 19 (M) - São Pauloviveu hoje a sua mais linda e emocio-nante página de glória e de civismo.

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UM MILHÃO NAS RUAS...A passeata de repúdio do

povo de São Paulo, idealizada econcretizada em pouco menos de72 horas, levou às ruas um milhãode cidadãos, que querem uma pá-tria livre para livremente progredire viver. Um milhão de coraçõesque pulsaram intensamente, a fimde que o país não seja subjugadoespezinhado por um poder centralque pretende �cubanizar� o povo,que não aceita, ainda que a custado seu próprio sangue, qualquerespécie de ditadura, qualquer idéiade �bolchevização�.... Estado de Minas, 20 de março de 1964

POVO DEVE ESTAR UNIDO PARAA DEFESA DA LIBERDADE

São Paulo repudia idéiastotalitárias e subversivas.

Estudantes da Universidade Mackenzie,empunhando bandeiras do Brasil, de SãoPaulo e da sua faculdade, atravessaram o

centro da cidade em ruidosa passeata, rumoà sede do IIº Exército, onde aplaudiram os

soldados em prontidão(Manchete, abril de 1964 - Edição Histórica)

Viveu a Praça da Sé horas decivismo e fé democrática.

...Ciente do desenrolar dosacontecimentos, com o agrava-mento da crise político-militar, e deque Brasília estava praticamentesob o controle dos elementos quepregavam a subversão da demo-cracia, o deputado João Calmonpartiu para Belo Horizonte, ondechegou após 12 horas de viagem.Ao passar por Sete Lagoas, falouao povo, através da emissora local.

Pouco depois do meio dia,compareceu aos estúdios da RêdeRadiofô-nica da Luta Pela Liber-dade, dirigindo uma proclamação aos mi-neiros.

À noite, às 20 horas, voltou o depu-

JOÃO CALMON EM BELO HORIZONTEALERTA

No estúdio da TV Itacolomi, João Calmon saúda oCoronel Av. Afrânio Aguiar e o General Guedes

(Edição Histórica - Manchete, Abril/64)

tado João Calmon a falar ao povo, desta vezatravés de uma cadeia de emissoras detelevisão e rádio.... Estado de Minas - 02/04/64

No Palácio da Liberdade, o senador Milton Campos, em palestra com a reportagemdo ESTADO DE MINAS, disse que �como brasileiro, regozijo-me pelo feliz desfecho dacrise, que estava comprometendo os alicerces das instituições democráticas brasileiras�.Acrescentou o representante de Minas no Senado Federal que �a Nação se uniu numadmirável assomo de repulsa a tudo o que significa risco para a liberdade, para os direitosdo homem e para o estabelecimento de melhores condições de vida para o povo. Só me restafazer votos para que essa união se mantenha, a fim de que a vitória da Nação brasileiraseja consagrada pela paz duradoura e pela fraternidade entre os concidadãos�....

PALAVRAS À IMPRENSA

Publicado no Estado de Minas de 02 de abril de 1964.

Entre as unidades do II Exércitomobilizadas para a ofensiva sobre aGuanabara e que se deslocaram peloVale do Paraíba figurou uma bateria deartilharia do Centro de Preparação dosOficiais da Reserva de S. Paulo. Os alu-nos do CPOR - estudantes de nossasescolas superiores que ali cumprem suaobrigação com o serviço militar - porta-ram-se galhardamente, revelando altograu de treinamento e eficiencia e de-monstrando coragem e senso de respon-sabilidade.

A bateria do CPOR foi a primeiratropa de S. Paulo a atingir Rezende, ten-do ultrapassado, no deslocamento peloVale do Paraíba, o Esquadrão de Reco-nhecimento Mecanizado.

Comandou a bateria o capitão LevyRibeiro Bitencourt Junior, seguindo comooficiais os primeiros-tenentes Ruy Macha-do Guimarães, Lister Marino Viegas, DalmoLucio Muniz Cirilo, Valcir Delamare Paiva,Odracir Melo Salazar e Adir Molinari.

BATERIA DO CPOR DE S. PAULO:A PRIMEIRA A CHEGAR A REZENDE

Compuseram a coluna do CPORcerca de 80 homens, dos quais 42 alunose os demais oficiais, sargentos e solda-dos. A bateria operava 4 canhões 105.

l l lA ordem recebida era a de que a

bateria deveria reunir-se em Rezende ao5º Regimento de Infantaria e aos Cadetesda Academia Militar das Agulhas Ne-gras, tomando posição no eixo da ViaDutra, pronta para qualquer emergencia.

RETORNOCom a mesma ordem, disciplina a e

eficiencia com que avançara, a coluna doCPOR retornou a S. Paulo, cumprida efeti-vamente a missão que lhe fôra atribuída.

Doravante, a participação, doCPOR na arrancada vitoriosa do II Exér-cito, pela democracia, constituirá um dosepisódios marcantes das tradições da-quele Centro onde se formam os oficiaisda reserva do Exército de Caxias.

(Extrato da Revista do CPOR/SP de 1965)

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12º REGIMENTO DE INFANTARIA

O General Humberto de AlencarCastello Branco foi eleito com a

quase unanimidade dos sufrágios, ob-tendo 361 dos 388 votos que compu-nham o Colégio Eleitoral, e empossadoem 15 de abril de 1964.

Na noite de 1º de abril, os principaisGovernadores que haviam apoiado a Re-volução reuniram-se no Rio de Janeiro,representando todos os Partidos, com ex-ceção do PTB, e acordaram que o Chefe doGoverno Revolucionário deveria ser ummilitar. Como escreveria mais tarde o Go-vernador Carlos Lacerda, �a fim de garan-tir a unidade das Forças Armadas, impe-dir uma eventual usurpação e evitar umacompetição entre os políticos numa horadelicada para o País� (1).

A Federação e o Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo enviaramtelegrama ao Senado, solicitando a elei-ção de um chefe militar (2).

A Sociedade Rural Brasileira pu-blicou um manifesto, exigindo um militarpara presidente e pedindo expurgos

A ELEIÇÃO DE CASTELLO BRANCO

TEN CEL PEDRO CÂNDIDO FERREIRA FILHOO 12º RI, nosso Regimento, foi a primeira

Unidade que saiu do quartel contra o governocomunista de João Goulart.

Um fato fundamental e decisivo para con-solidar o ardor revolucionário do movimento emmarcha foi a adesão da AMAN, que entrou comseus cadetes em posição para resistir a um even-tual inimigo, constituindo-se em atitude nobre eheróica que nos empolgou.

A Contra-Revolução de 31 de março de 64foi uma revolução crioula, genuinamente nacio-nal, sem auxílio externo. Ouso dizer que se 31 demarço não tivesse ocorrido, o Brasil cairia fatal-mente nas mãos dos comunistas e, pelo peso quenosso país representa nas Américas, inevitavel-mente outros países sul-americanos tornar-se-iam marxistas.

DESTACAMENTO TIRADENTES

Oficiais do 2º Batalhão / 12º RI que deslocou-se para o Rio de Janeiro no dia 31 de marçointegrando o Destacamento Tiradentes. Da esquerda para direita, na 1ª fila: Ten Soriano,Ten Rocha, Ten Figueiredo, Cap Barros e Ten Paulo Gomes. 2ª fila: Ten Schubert, Cap

Amaury, Maj Oliveira Pinto (Comandante do Batalhão), Maj Flores e Cap Joarez. 3ª fila:Ten Scoralick, Ten Rosa Júnior e Ten Muzzi (ausente o Ten Waltenberg)

(1) Lacerda, C: �Análise de uma Provocação�, Tribuna da Imprensa de 26 de agosto de1967. (2) �O Estado de S. Paulo�, de 5 de abril de 1964. (3) �O Estado de S. Paulo�, de4 de abril de 1964 (4)�Editorial de �O Estado de S. Paulo�, de 5 de abril de 1964. (5)Alfred, S.: �Os militares na política�, Ed. Artenova, RJ., pág. 153. (6) Vianna Filho, L.:�O Governo Castello Branco�, Liv. José Olímpio Editora, 1975, Vol. I, pág. 47

DESTACAMENTO CAICÓ

Tropas do 12º RI em Brasília

O Coronel Valle, Comandante do12º Regimento de Infantaria, recebeo abraço do Governador Magalhães

Pinto, à vista dos Secretários AfonsoArinos e Osvaldo Pierucetti

A presença do GT/12 (depois Destacamento Caicó) na Nova Capital, despertarao maior interesse, não apenas no meio militar, mas também entre os civis, particularmenteos políticos, agora tranqüilos no exercício de suas funções parlamentares.

Começaram as visitas de autoridades e amigos, os mineiros em maior número,numa contínua homenagem de simpatia e apoio, entre eles, o senador JuscelinoKubitschek, sempre comunicativo e alegre, junto a seus conterrâneos, soldadosdo 3º BIPM de Diamantina.

(Depoimento do Cel Dióscoro Gonçalves do Valle, Comandante do 12º RI)

JK visita as tropas mineiras em Brasília

É com o pensamento voltado para Deus, grato à suaproteção ao Brasil e ao seu povo, que saúdo a nossa gente pelarestauração da paz, com legalidade, com disciplina e com ahierarquia restauradas nas Fôrças Armadas

A paz não exclui, todavia, a vigilância democrática. Operigo comunista não estava, como se viu, no comportamento dopovo e dos trabalhadores, ordeiros e democratas. O perigocomunista estava na infiltração em comandos administrativos.

O Brasil das reformas é o Brasil democrático, contraprivilégios e contra extremismos. É o Brasil sem frustrações.Esperançoso, rico e mais justo. (Extrato)

(O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964)

JUSCELINO KUBITSCHEK

políticos. A união Cívica Feminina tam-bém fez publicar seu manifesto, no qualexortava a consolidação da Revoluçãopela eliminação da corrupção e do comu-nismo e endossava a escolha de CastelloBranco porque era �um general sem liga-ções políticas� (3). No mesmo tom, �OEstado de S. Paulo� publicou um editorialonde defendia a escolha de um presiden-te militar, para varrer os comunistas, edizia que o País precisava de um homem� sem ligações políticas�. (4)

Castello assumia o poder com oapoio civil, demonstrando �o estado deapreensão e a perda de confiança demuitos representantes das classes assala-riadas e dos grupos empresariais, bem comode políticos de direita, e de centro�, numpresidente civil, embora mais tarde a maioriaretirasse seu apoio ao governo (5).

Castello Branco era um líder militarque, como chefe de Estado-Maior do Exér-cito e pela autoridade reconhecida, se tor-nara o líder do movimento de 1964. Todavia,era desconhecido para o País. Poucos havi-

am ouvido, antes, o seu nome, embora nãotivesse passado despercebido à acuidadepolítica de Tancredo Neves, que, em no-vembro de 1963, dissera a um grupo depolíticos:

�Se houver alguma complicaçãomaior neste País, o nome que vai surgircomo estrela de primeira grandeza não é ode nenhum desses generais que andamdando entrevistas. Quem vai aparecer é oChefe do Estado-Maior do Exército, Gene-ral Castello Branco� (6).

Voltado para a profissão e dotado deprofundo sentimento legalista, paraCastello Branco a revolução �visava arepor a Nação na ordem jurídica con-sentânea com as aspirações e realidade,estabelecer a ordem pública, dignificar ocomportamento ético na administraçãodo País e superar as diversidades sócio-

econômicas regionais, a fim de que oBrasil amadurecesse como nação inte-grada e desenvolvida�. Como diz LuizVianna Filho, Castello estava �convictod que afastado Goulart e eliminados davida pública alguns elementos pertur-badores, governaria com tranqüilidade,mantida toda a ordem jurídica�.

Os problemas que lhe esperavam,porém, eram enormes. A primeira condi-ção, para a estabilidade e para a retoma-da do desenvolvimento, consistia emrepor a ordem no País. Mas, caber-lhe-ia, também, estabelecer uma estratégiapara o desenvolvimento e assegurar oapoio político á estratégica adotada.

A par desses inúmeros proble-mas, caberia, ao Presidente recém-elei-to, encontrar o ponto de equilíbrio entreas diferentes correntes revolucionárias.

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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

Ao decidir empregar a Academia e, emespecial, o Corpo de Cadetes, eu e meusassessores diretos fomos tomados de vivaemoção. Lançávamos, assim, o sangue jo-vem do Exército na liça e corríamos operigo de vê-lo umedecer as velhas terrasdo Vale do Paraíba. Mais fortes que ela,porém, foram o sentimento de nossas res-ponsabilidades e o conteúdo energéticode nosso ideal de, no mais curto espaço detempo, restaurar os princípios basilaresde nossa instituição. Vosso entusiasmo,vosso idealismo imaculado, vossa fé nosdestinos do país e vossa dedicação aosmisteres militares foram os elementos fiado-res da decisão então tomada, que acabou

por contribuir de modo ponderável para asolução da crise, em nossa área de opera-ções.

Após 29 anos de alheiamento, a Aca-demia Militar voltou a empenhar-se osten-sivamente na luta pelo aprimoramento denossas instituições e pela tranqüilidade denosso país. Vós o fizestes, com pleno su-cesso e com admirável galhardia. Que, porisso, a História Pátria lhes reservou umapágina consagradora, fazendo-os ingres-sar no rol daqueles que, despidos de qual-quer ambição ou interêsse subalterno, umdia se dispuseram a lutar pelo país quenossos descendentes hão de receber en-grandecido e respeitado. Extrato (02/04/64)

ORDEM DO DIA

No gabinete do Comando já não cabia mais ninguém, quando o general Médicifoi informado que o carro do general Armando de Moraes Ancora, comandante doI Exército (e Ministro da Guerra interino) ultrapassava o portão da Academia.Determinou, em seguida, que os oficiais que estavam próximos acompanhassem-no

para receber o general Ancora no Estado-Maior. Eu desci entre eles.Quando o general Ancora saltou do carro, ele ordenou pessoalmente ao corneteiro

que desse o toque a que ele tinhadireito, sucedendo-se uma trocade respeitosas gentilezas do maisgenuíno cavalheirismo.

Gen Ancora: - �Não é pre-ciso! General derrotado nãotem direito a sinais de respeito.Vim para me render.�

Gen Médici: - �Aqui estoupara recebê-lo, onde não háoutros derrotados senão os ini-migos da Pátria. Recusando-seao derramamento de sangue, VExa está entre os vitoriosos dehoje. Suba comigo que o gene-ral Kruel está esperando-o�.

Chegando ao gabinete doComando os dois generais secumprimentaram cordialmente.Sentados em torno de uma mesa conversavam baixo, sem que pudéssemos ouvi-los.

Não houve o humilhante formalismo de uma rendição. Acabara o movimento militare iria ter início o político.

- Depoimento prestado pelo Cel Prof. Rubem Barbosa Rosadas a pedido daCadeira de História Militar, como contribuição à memória dos acontecimentos.

(Pesquisa histórica realizada em 1985 pelo tencel Manoel Soriano Neto)

MEMÓRIA HISTÓRICA

O General Moraes Ancora é escoltado peloGeneral Médici, Comandante da AMAN,

ao portão da Academia

Em 1964, passados 29 anos da traiçoeira e covarde Intentona Comunista, oscadetes da Academia Militar voltaram a empenhar-se na defesa de nossas instituições,

evitando tal qual em 1935, a implantação de um regime marxista emnosso país. Os cadetes do 2º e 3º ano da AMAN, defenderam, não sócom o risco da própria carreira prestes a se iniciar, mas da própriavida, a democracia e a liberdade ameaçadas pelo governo comuno-sindicalista de João Goulart.

Lançaram então duas proclamações � a primeira intitulada�IRMÃOS EM ARMAS�, na manhã de 01 de abril, justificando�PORQUE A AMAN EMPUNHOU ARMAS EM DEFESA DADEMOCRACIA�, ao se deslocarem para a Guanabara na vanguardado II Exército. A segunda, no fim da mesma manhã, emitida por todosos meios de divulgaçãoexistentes, �IRMÃOSDAS FORÇAS ARMA-DAS� com a qual os Ca-detes tornavam públicoapelo, a seus colegas daEscola Naval e de Aero-náutica, buscando apoioem defesa da causa co-mum. Esses mesmos Ca-detes, são hoje, Gene-rais-de-Exército e temosa certeza que, comun-gam dos mesmos princí-pios declarados e defen-didos há 48 anos. Ago-ra, com muito maior res-ponsabilidade.CONFIAMOS NELES.

A AMAN ADERIUA Academia Militar das Agulhas Negras aderiu às tropas comandadas pelo General

Amaury Kruel. O Comando da Academia, cuja preocupação básica era oentendimento, tomou posição, redobrando a vigilância nos pontos principaisda área de 70 quilômetros quadrados sob sua jurisdição. (O Globo, 03/04/1964)

NOSSO COMENTÁRIO

Cadetes da AcademiaMilitar, que participaramdas operações, regressam

à sua Escola.O Cruzeiro Extra, 10/04/64

Flagrante da histórica reunião entre oGeneral Kruel e o General Moraes Ancora,

último ministro da Guerra de Jango(Manchete Edição Histórica - Abril/64)

Autorizados pelo Comandante daAcademia Militar, General Médici, oscadetes se deslocaram para locaisestratégicos perto de Resende.Utilizando conhecimentos e táticasaprendidos, tomaram posições quedominavam a estrada Rio-São Paulo,montando ninhos de metralhadoras. Emalgumas colinas havia canhões 105. Oscadetes impediram o choque dosExércitos.O Cruzeiro Extra, 10/04/64

CADETES!

CADETES: PELA HISTÓRIA, ATINGIS OS UMBRAIS DA GLÓRIA!Ordem do Dia do Comandante da AMAN,

General-de-Brigada Emílio Garrastazu Médici

AD PERPETUAM REI MEMORIAM

TURMAGENERAL EMÍLIO

GARRASTAZUMÉDICI - 2006

433 alunos formandosescolheram de livre eespontânea vontade, onome do Presidente

Médici para a Turmade 2006 da Escola

Preparatória deCadetes

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MULTIDÃO APLAUDIU COMÍCIO DA LEGALIDADEBRIZOLA AOS SARGENTOS:

TOMEM OS QUARTÉIS EPRENDAM OS �GORILAS�

PORTO ALEGRE - Multidão incalculável atendeu, ontem à noite, ao apêlo lançado pela Rêde Nacional da Legalidade, comparecendoem massa ao Largo da Prefeitura para participar do monumental comício organizado pelas fôrças populares. Principal orador daconcentração, o deputado Leonel Brizola, conclamou o povo a organizar-se em corpos provisórios civis, �para participar da luta ao lado

das gloriosas forças legalistas do III Exército e da Brigada Militar�. Lançou a palavra de ordem para que os sargentos de Uruguaiana, Bagé, Santa Maria,algumas unidades do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Guanabara e Minas Gerais, �tomem conta dos quartéis e prendam os gorilas, golpistas etraidores�. Finalizou recomendando-se ao Almirante Aragão, comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, a que tome conta de Lacerda e ao generalOromar Osório, comandante da Vila Militar, a que �ajuste contas com o traidor Amaury Kruel�. (Última Hora, 02 de abril de 1964)

RECONSTITUINDO A HISTÓRIA MILITAR DO BRASIL4º GA 75 Cav - GRUPO URUGUAIANA - 22º GAC

As rádios transmitiam os aconteci-mentos, os jornais de Porto Alegre chega-vam diariamente a Uruguaiana (inclusive OGLOBO), o Comandante da Capitania dosPortos do rio Uruguai, através da rede rádioda Marinha informava o que vinha aconte-cendo em Minas e no Rio. O Grupamento deFuzileiros Navais, também participava darede de informações.

O oficial de Comunicações do Grupomantinha o Comandante informado desde31 de março, do deslocamento das tropasmineiras e do comício da legalidade.

O comandante do 4º GA 75 Cav,Tencel Amerino Raposo Filho, determinoua transmissão dos pronunciamentos de Leo-nel Brizola na �Cadeia de Legalidade�, pe-los auto-falantes, sendo ouvido não só noGrupo assim como também, no 8º Regimen-to de Cavalaria, unidade vizinha, separadassomente por um pequeno muro e cerca dearame. Brizola, incentivava os sargentos aprender os oficiais, enquanto o povo nasruas de Porto Alegre gritava: "O sangueainda não correu e o refrão - Vai correr!Vai correr!".

Não aconteceu qualquer defecção natropa e muito menos dos sargentos quepermaneceram fiéis ao Comando e às suasmissões.

O principal e decisivo fato ocorreu às06:00 h de 01 de abril, quando o Cel. LuizSerff Sellmann, (Comandante do 4º GA 75Cav. de l2.02.58 a 03.03.61), Chefe do Esta-do-Maior da 2ª Divisão de Cavalaria, acom-

panhado do E5, Major Gilberto OscarMiranda Schimitt, dirige-se ao quartel doGrupo. Seu comandante, Tencel Raposo eseus oficiais que já os esperavam reunidos,ouvem de Sellmann: �Neste momento avocoo Comando da 2ª Divisão de Cavalaria�

Raposo declarou que o Grupo estavapronto para cumprir missão e de imediato,ordens foram expedidas e começaram a serexecutadas.

Em seguida, Sellmann e Ra-poso, dirigiram-se a pé para o 8º RCe disseram ao Comandante, TencelCarlos Ramos de Alencar, que espe-ravam contar com seu apoio, o qualimediatamente foi declarado. Em se-guida, o Tencel Alencar, com a tropaem forma disse que o "Regimentoestava pronto para o que desse ouviesse."

Omitindo estes fatos, o livroda história referente ao GrupoUruguaiana e à 2ª Divisão de Cava-laria perde a credibilidade. Este rela-to já é do conhecimento do Presiden-te da Academia de História MilitarTerrestre do Brasil (AHIMTB), CelCláudio Moreira Bento, que co-lheu depoimento do então Gene-ral-de-Divisão Sellmann, coloca-do no Centro de Informações deHistória Militar Terrestre do Bra-sil, na AMAN - Academia Militardas Agulhas Negras e no Centrode Documentação do Exército.

O Coronel Amerino Raposo Filhoprestou depoimento sobre o MovimentoDemocrático de 31 de Março de 1964,para o Projeto de História Oral do ExércitoBrasileiro, assim como também este reda-tor, que era o Oficial de Comunicações doGrupo.

Não fosse a posição assumida, opor-tuna e corajosa, pelos ex-comandantes do

4º GA 75 Cav., Coronel Sellmam e TencelRaposo, tomando a iniciativa das ações,poderia ter se instalado no Rio Grande doSul, um �Governo de Resistência�, preten-dido por Jango e Brizola.

Em hipótese alguma, este relatopoderia ser omitido no livro da históriado Grupo Uruguaiana (capa ao lado),editado e distribuído em dezembro de2001 pelo então seu Comandante, Coro-nel José Júlio Dias Barreto (hoje, Ge-neral-de-Brigada) e nada melhor paracomprovar do que a frase citada peloComandante do Exército, General GleuberVieira, na Ordem do Dia de 31 de marçode 2000: �A História que não se apaganem se rescreve�.

O texto do livro rescreve 1964, de-turpando a história, a tradição, os valo-res morais e a verdade que não devemnem podem ser sonegados à posterida-de, desmerecendo os feitos daquelesque arriscaram suas vidas e suas carrei-ras, pelo bem da pátria.

Se já não bastassem os livros didáti-cos adotados pelo Ministério da Educaçãoe Secretarias de Estado de Educação, reple-tos de erros e deturpando a história pátria,o livro "Grupo Uruguaiana" comprometea História Militar do Brasil, omitindo fatosimprescindíveis, de ressonância nacio-nal, exemplos no combate à tentativa demarxização e instalação de um governocomuno-sindicalista em nosso país. Deve-ria ser retirado de circulação.

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IA Santa Maria de 1964 era uma cidade

que, com cerca de 150.000 habitantes (note-se:o Brasil tinha, apenas 90 milhões), já atingia opadrão de �porte médio�. Não possuía o feitiotipicamente gauchesco das co-irmãs da frontei-ra, nem a fisionomia européia de outras doEstado. Bom número de bancos, comércio atu-ante, indústria quase inexistente, significativopêso de escolas dos 1º e 2º Graus. GrandeGuarnição do Exército, bomcontingente da Brigada Mili-tar e pequeno efetivo da ForçaAérea. A (hoje) pujante Uni-versidade Federal era consti-tuída, somente, de um núcleo,pois nascera recentemente, em1961.

Volumoso, mesmo, erao efetivo da �Viação Férrea doRio Grande do Sul�. A cidadeera um centro estratégico geograficamente bemlocalizado inclusive para a rede ferroviária, daqual consistia um nó. E havia, então, um pode-roso conjunto de oficinas de reparos, com algunsmilhares de funcionários. Na ferrovia, em conse-qüência, se situaria o �cerne da questão� entre1961 e 1964; porque até essa época vivia-se emuma cidade ordeira, pacífica, alegre e despreocu-pada.

IIConvém analisarmos o título

em epígrafe sob dois enfoques bas-tantes conhecidos. Vamos a eles.

�- Todo fato tem três versões:a minha, a tua, e a verdadeira.�

Evidentemente, vou apresen-tar a minha versão, mas, por disci-plina consciente, admito que ela estejabem próxima da verdadeira. Por quê?Porque, passados 40 anos, sou daspoucas testemunhas sobreviventes,adultas naquela época. E tenho sen-tido revolta por ver o que vem sendoimpingido maldosamente aos jo-vens.

�- A versão pesa mais que ofato�.

Isso nasceu com JosephGoebbels, o rei da propaganda cap-ciosa do nazismo: uma mentira su-ficientemente repetida torna-se ver-dade aceita! Pois�, pelo que tenhovisto, o mestre da mentira conseguiu muitosseguidores exatamente na �esquerda� brasileira:as versões inculcadas, a cada dia, nas mentes dosmoços, falsificam e deturpam completa e intei-ramente a verdade do que aconteceu em nossacidade.

I I IA parir de 1961, com a famosa �guerra da

legalidade� (renúncia de Jânio Quadros, tentati-va de impedir a posse de Jango Goulart naPresidência), a feliz vida pacífica teve fim, emSanta Maria. Ela foi sendo paulatinamente que-brada, até transformar-se em um verdadeiroinferno de sustos, de temores, de intranqüilidade:era uma sucessão infindável e semanal de greves,comícios e agitações de todos os tipos, causandofechamento do comércio e bloqueamento deruas, com passeatas barulhentas e ameaçadoras.

Repito: ameaçadoras. Sim, porque, porentre a gritaria, uivos, rugidos e discursos incen-diários contra o �imperialismo americano� e o�capitalismo selvagem�, lá vinha a ameaça cons-

O �64� EM SANTA MARIA / RIO GRANDE DO SUL

* AlexandreM. Amendola

tante do �paredón�, tal como era usado em Cuba.Não minto: eu e outros podemos mostrar ondeficava ele, onde seriam perfilados, para a penamáxima, os �gorilas�, isto é, todos que nãorezassem pela mesma cartilha de anarquia ecarnificina, como vinha sucedendo não só emCuba, mas na URSS, na China, Albânia� E ésabido que incêndio semelhante alastrava-se portodo o País.

O Exército via tudo aquilo e � �grandemudo���fechava-se�.

A 3ª Divisão deInfantaria, aqui sediada,estava carregada de ra-zões para julgar, com equi-líbrio, os acontecimentos,pois déra total, definiti-vo e solidário apoio à pos-se de Jango Goulart, sus-tentando sua legalidade.

As ações anárqui-cas partiam de um ferozíssimo grupo de comu-nistas �de carteirinha�, localizado nas depen-dências da Viação Férrea, do PCB e do PC do B,partidos sem registro político, mas cuja clandes-tinidade era aceita com condescendência, negli-gência e transparente medo. Não minto: tinhamuma sede em edifício central da cidade, ondeeram proporcionados cursos de marxismo, comdiplomas assinados por �professores� treina-dos na União Soviética! E essa gente conseguia

mobilizar fortes massas de �cripto-comunis-tas�, �companheiros de viagem� e, principal-mente, �inocentes úteis�, além de curiosos.

Não me venham dizer que estou inven-tando coisas, porque os idosos sabem perfei-tamente que digo a mais pura verdade!

Paralelamente, havia uma outra deleté-ria campanha, que pouco tinha de comunistae muita de perigosa: a formação dos inefáveis�grupos de onze� (ou �dos onze�, comoagora citados) sob a batuta do Governador doEstado, Leonel Brizola.

O Exército via tudo aquilo e ��grandemudo��continuava �fechado�. Percebia orisco crescente de uma guerra civil, de umadetestável tragédia; por precaução, a tropavinha sendo submetida , durante três anos, ainfindáveis e quase ininterruptos regimes de�prontidão� ou �sobreaviso�. E, como é na-tural, preenchia utilmente as intermináveispermanências nos quartéis, adestrando-se.Adestrando-se em quê? Quem advinha?

...Ora, em controle de tumultos, em combateurbano, em contra-guerrilha! Quem pagava (epaga) os militares? Resposta: o Povo. Quemmais sofreria com o desencadeamento da baderna,e, portanto, devia ser protegido? Resposta: oPovo. Então�

Sucede que o Povo elegera um Prefeito de�esquerda�, apoiado ostensivamente pelos co-munistas, mais a malta a eles anexada. E aí, comoficamos?

IVA 1º de abril de 1964 chegou à cidade

notícia do levante em Minas Gerais.E digam o que disserem � a sensação geral

não foi, absolutamente, de �golpe militar�, foi dealívio! Vou repetir: alívio! Mais uma vez: ALÍ-VIO! Alívio, nada de �golpe militar�!

Sim, o Exército tomara a atitude que oPovo vinha pedindo insistentemente! Queremque eu repita isso também? Posso fazê-lo�

A 3ª DI, que a comunistada � por viaindireta � tinha�se encarregado de tornar bemadestrada, em poucos minutos ocupou todos ospontos sensíveis da cidade, principalmente osdiversos setores da Viação Férrea. E, surpreen-dentemente, foi dali que partiu a primeira reaçãodecepcionante para os líderes de baderna: orde-nada �greve geral�, tal como fôra feito e obede-cido por centenas de vezes� O pessoal da�Estrada� compareceu em massa ao trabalho,mesmo debaixo da fúria dos piquetes de coman-do, mas sob a proteção do Exército �� paraquem quisesse trabalhar�.

Contra-reação� única: comício diante doedifício-quartel de bagunça, desafiando determi-nação do General Comandante da Guarnição(Mario Poppe de Figueiredo), que, assim,para lá enviou tropa com ordem de desfazê-lo, o que foi realizado de forma extraordinária:ao simples aparecimento dos �milicos�� umadebandada completa, correria desvairada, sobo espanto dos líderes de fancaria! E� então�a cena fantástica, empolgante: de todos osedifícios circundantes desceu uma enormevaia, logo seguida de vivas, aplausos e a papelpicado! De todos os bares e armazéns, abra-ços, refrigerantes e doces à soldadesca! Esteepisódio foi inteiramente posto em esqueci-mento. Os jovens sequer sabem que existiu.Por que será?

E faltava outro acontecimento, tam-bém atirado ao olvido: a 17 de abril, a grande�Marcha de agradecimentoao Exército�, com 50.000 (cin-qüenta mil) pessoas em passe-ata espontânea até o QuartelDivisionário!

VEm poucos dias foram

sucessivamente instauradosoito inquéritos Policiais Mili-tares. Seguiu-se a prisão deindiciados e o chamado a teste-munhas. Novas surpresas:muitas testemunhas apresen-tavam-se voluntariamente; e ospresos eram apontados atravésde contínuas denúncias, forne-cimento de provas documen-tais, telefonemas anônimos�,tudo isso, aliás, necessário a umExército que não possuía KGB,nem SS, nem CIA!

E, desde logo, passou atransparecer toda a nobreza de

um Exército digno efraterno. Não min-to, e há testemu-nhas: todos osprêsos foram trata-dos com cavalheiris-mo, todos com sere-na energia! Comoum exército ociden-tal e civilizado tratao adversário venci-do! Aqui não houvebrutalidade, nem maldades, nem espancamen-tos, nem torturas, nem nada semelhante! Mal-dito seja quem diga o contrário, pois estarámentindo� talvez para abiscoitar algumagorda �indenização�. Ademais, os valentõesde ontem se entregaram mansamente, semreação, muitas vezes aterrorizados pela pers-pectiva de ser-lhes aplicada a �receita� queprescreviam nos �bons tempos�, isto é, o�paredón�! Até a sacralidade dos lares à noiteera respeitada! Que outro exército do mundofaria isso, em situação semelhante?

E toda a arrogância desafiante e truculentados comício desapareceu, ao verem chegar a�hora da verdade�. Os grandes chefes, comosempre acontece, ao primeiro toque do clarimbateram asas para o Uruguai�

VIMuito bem. Já perceberam que isto é

um desabafo pessoal. Sim: sou um VelhoSoldado, aproximando-me dos 80 anos, e vejocom assombro, com espanto, tristeza e de-sencanto, o �trabalhinho� bem realizado pe-las �esquerdas�, nos últimos anos: domina-ram inteligentemente, com malícia, hipocrisiae cinismo, a mídia e, até, as escolas.

Criminosamente instilaram nos moçossua versão, deslavadamente mentirosa!

Entre tanta desfaçatez, relato dois casos:- Jornalistas (em geral e lamentavelmente,

mocinhas) que, desejosos de obter seu �furo dereportagem�, interrogam a cada idoso: �- Houvemuita tortura em Santa Maria?�, �- Como foi atortura aqui?�, �- Quem foi torturado em nossacidade?�. Tirem sua conclusão�

- E um prócer político, entrevistado � ele,que foi tratado com elegância, boa educação egenerosidade � teve o desplante de dizer, na TVlocal: �- Não me torturaram porque não tiverampeito!� (!?!?�)

Ora�deixem-meem paz.

Estou farto de vertanta baixaria!�

* Tcel Reformado. Éhistoriador e idealizou

o traslado dos restosmortais do patrono da

Artilharia, MarechalEmílio Luiz Mallet,

Barão de Itapevi, para o1º RA Cav (Boi de Botas)

onde repousam noMemorial (Mausoléu eMuseu), erguido no 3º

GA AP, em Santa Maria/RS sob sua

responsabilidade eorientação. Foi pioneiro

e responsável pelaimplantação do Projeto

Rondon, no CampusAvançado da

Universidade Federal deSanta Maria, na

Amazônia, nos anos 70.

A RAZÃOSANTA MARIA/RS

17 DE ABRIL DE 1964"Vibrante manifestação, sem

precedentes na história de SantaMaria, para homenagear as

Forças Armadas"."50 mil pessoas na MarchaCívica do Agradecimento"

No palanque: Dr. Walter Jobim; Tenente Coronel GabrielAgostini, Comandante do 3º RO 105; o locutor oficial; Dr.

Mariano da Rocha Filho, fundador e reitor da UniversidadeFederal de Santa Maria; Coronel Ramão Menna Barreto,

Chefe do Estado Maior da 3ª DI; Coronel Rui de PaulaCouto, Comandante da AD/3; o Bispo de Santa Maria, DomAntônio Reis e o Juiz Floriano Lemos. Abaixo, oficiais da

Guarnição de Santa Maria

A população de Santa Maria, ca-minhando pela rua Dr. Bozzanoem direção ao palanque armadoem frente ao aquartelamento.

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14Nº 188 - 31 de Março/2013

AD PERPETUAM REI MEMORIAM

TURMA GENERAL EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI - 2006

Em 4 de dezembro de 1905, em Bagé, Rio Grande do Sul, nascia EmílioGarrastazu Médici, filho de Emílio Médici e Júlia Garrastazu Médici,

homem cuja brilhante trajetória de militar e estadista foi pautada peladedicação sem par, através do constante aprimoramento pessoal eprofissional. Esse esforço foi sendo merecidamente reconhecido pelaspromoções que galgou e das responsabilidades que foi assumida nasnomeações para as importantes tarefas que lhe foram confiadas.

Em 1961, foi promovido ao posto de General-de-Brigada e,logo depois, assumiu o comando da Academia Militar das AgulhasNegras, local onde se encontrava a 31 de março de 1964. Após omovimento, acumulando uma sucessão de glórias, comandou o IIIExército e assumiu a Presidência do País, cargos em que demonstrouvigor, competência, integridade pátrio.

Como estadista, no posto mais alto da República, durante osanos de 1969 a 1974, conduziu o país a um patamar jamais alcançadono cenário internacional, com significativa e estrutural melhora naeconomia do Brasil.

Assim foi o General Emílio Garrastazu Médici, que, ao longo dacarreira, deixou-nos inúmeros exemplos de nobreza de caráter, coerênciade atitudes, patriotismo, humildade, honradez e generosidade; virtudestão preciosas, que cultivou durante a vida toda.

A turma 2006 rejubila-se ao homenagear tão valoroso militare estadista, desejando que esse exemplo de amor à Pátria e decompromisso com os mais altos valores da Nação Brasileira sejampartilhadas pelos futuros oficiais do Exército Brasileiro que ora iniciamsua caminhada.

Aluno Jasson

O memorial em homenagem ao Presidente Humbertode Alencar Castello Branco, que integra o con-

junto de edificações da antiga sede do governo doEstado do Ceará - o Palácio da Abolição -, voltou a serimportante ponto turístico na cidade de Fortaleza. Pro-jetado por Sérgio Bernardes e inaugurado em 1972,o monumento, de arrojadas linhas arquitetônicas, foitotalmente recuperado. O memorial é um edifício comárea útil de 270 m² composto por um bloco de concretoprismático longilíneo, dividido, no sentido do compri-mento, por um septo que forma duas galerias. O conjuntoé rematado pela Capela de Meditação, onde repousam os

"... não quis nem usei o poder comoinstrumento de prepotência. Não quis nemusei o poder para a glória pessoal ou a vai-dade dos fáceis aplausos. Dele nunca meservi. Usei-o, sim, para salvar as Institui-ções, defender o princípio da autoridade,extinguir privilégios, corrigir vacilações dopassado e plantar com paciência as sementesque farão a grandeza do futuro".(trecho de pronunciamento feito durante a últimareunião ministerial, no dia 14 de março de 1967).

Vista interna do Memorial

restos mortais do Presidente Castello Branco e de suaesposa; e por um pátio plantado de carnaubeiras e ipês-roxos. Na praça sobre a qual a edificação se projeta háum lago de água movimentada pela ação de repuxosornamentais.

Com a reforma do memorial, o svisitantes pode-rão conhecer melhor a história deste grande brasileiroque se destacou como Oficial de Operações da ForçaExpedicionária Brasileira na Campanha da Itália, Co-mandante da Escola de Comando e Estado-Maior doExército, articulador do movimento cívico-militar de1964 e Presidente da República.

* Coronel, Historiador Militar e [email protected]

* Manoel Soriano Neto

No sacerdócio que é a vida militar, aprendemos que há pontos de vista

e pontos de honra. Nós podemos divergirquanto a pontos de vista, questões me-nores, assuntos de somenos importân-cia; porém, nunca, jamais, em tempo

algum, quanto a pontos de honra, que são verdadeiras�cláusulas pétreas�, questões fechadas, dogmáticas, não-interpretáveis e inegociáveis, das quais os militares nãopodem discordar, devendo sempre manter uma monolíticaunidade de pensamento, com vistas à união, a uma salutarcamaradagem e, mais do que isso, à perene coesão castrense.Além dos princípios da Disciplina e da Hierarquia, os consa-grados e insubstituíveis Cultos às tradições, às místicas, aosmais caros e prístinos valores, à História Militar, em especial,e a outros superlativos aspectos que conformam os funda-mentos, a essência, a �alma�, enfim, de uma Força Armada,não podem ser esquecidos, deturpados, manipulados ou rela-tivizados ao sabor dos tempos, ao vaivém da política parti-dária, nem a viezes ideológicos, humores e caprichos de

PONTOS DE VISTA E PONTOS DE HONRA

transitórias autoridades ou governantes.A propósito, desafortunada e vergonhosamente, dois

episódios marcantes de nossa rica e inapagável HistóriaMilitar não mais são comemorados/relembrados, oficialmen-te, nas Organizações Militares das Forças Armadas brasilei-ras, que estão submetidas a um injustificável e vexatório

�silêncio obsequioso�. São eles: a triste, covarde e traiçoeiraIntentona Comunista de 1935 e a Contrarrevolução de 31 deMarço de 1964. Lembro-me dos meus tempos de instrutor/professor de História Militar na AMAN, na década de 1980,em que os cadetes, ao final do 3° ano, redigiam uma disserta-ção acerca do Movimento de 1964, condição �sine qua non�para o prosseguimento do estudo da Matéria, no 4° ano.Trabalhos excepcionais foram elaborados, durante cinco anos,por aqueles jovens cadetes, hoje coronéis, os da ativa, prestesa atingir ao generalato. A eles, concito, veementemente, anunca permitir que a imarcescível flama do sentimento patri-ótico, tão bem glorificada em nossa inesquecível Academia,- quando dos belos tempos da juventude -, venha a se apagar,pois �esquecer também é trair�...

Como proclamou o legendário Almirante Barroso,em Riachuelo:

�O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!�BRASIL ACIMA DE TUDO!

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15Nº 188 - 31 de Março/2013

REVISTA "O CRUZEIRO EXTRA" DE 10 DE ABRIL DE 1964EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVOLUÇÃO

O Governador Magalhães Pinto, logo após avitória da rebelião que comandou contra a

comunização do País, é beijado por sua nora,D. Terezinha de Magalhães Pinto, espôsa do Sr.Eduardo Magalhães Pinto. O País entrava num

período de ordem. (Foto de José Nicolau)

GUANABARAHORA A HORA

Reportagem da equipe de �O Cruzeiro�31 de março, na Guanabara.

O Governador Carlos Lacerda prendelíderes sindicais reunidos em assembléia per-manente. Entre êles, Rafael Martineli, o queredundou na greve imediata da Leopoldina,como protesto. Dez vagões colocados numapassagem de nível, na Rua Francisco Bicalho,forma empurrados por choferes e passageirosde ônibus e lotações.

l l lEstamos em pleno 1º de abril, que desta

vez não foi motivo de brincadeiras. 10 horas.Avenida Presidente Vargas e Rio Branco commuita gente em seu cruzamento, procurandoapanhar carona para os seus bairros para osseus bairros da Zona Norte, em face da grevegeral dos transportes coletivos da cidade. Nasesquinas, piquêtes nitidamente esquerdistase antimilitares, que dominaram a Cinelândiaaté às 14 horas. A sede do Diretório Regionaldo PTB, na Cinelândia, ampliava, por seusauto-falantes, a pregaçãorevolucionária, incitandoos populares a invadiremo Clube Militar, na esqui-na da Rua Santa Luzia.

Na verdade, popu-lares tentaram, pouco de-pois, invadir a sede da en-tidade de classe dos ofici-ais do Exército, no queforam obstados pelosdisparos dos tenentes, ca-pitães, majores, coronéise generais que lá se encon-travam. Os oficiais dispa-raram de início para o ar epor fim para valer.

Às 15 horas, maisou menos, um automóvellançou volantes na Ci-nelândia, convocando opovo a participar de umcomício de protesto con-tra o movimento revolu-cionário e que deveria re-alizar-se meia hora de-

pois. 16 horas. É o sangue. A multidão tenta,mais uma vez, invadir e depredar o Clube Militar.Um carro de choque da PM posta-se diante doClube. O povo presente vaia os soldados. Maistarde, choques do Exército, chamados a pedidodo Marechal Magessi, Presidente do ClubeMilitar, dispersam os agitadores.

l l lQuando o Governador Carlos Lacerda

desceu do Palácio Guanabara, protegido porsua guarda, os tanques estão à frente do Palá-cio. Guarnições marchando à sua frente. Ca-nhões e metralhadoras desguarnecidos. Era ahonrosa adesão. Adesão como passo para apacificação sem sangue.

Às 16 horas, há o momento de maioremoção para o Governador Carlos Lacerda: tan-ques do Exército, que se encontravam no Paláciodas Laranjeiras, estão agora guarnecendo o Palá-cio da Guanabara. O Chefe o Executivo carioca,ao ouvir a notícia, chora e exclama:

- Graças a Deus! Deus está conosco!O carnaval da vitóriaFoi uma reação em cadeia. Anunciada a

viagem do Presidente a Brasília e a vitória dasfôrças revolucionárias, milhares de pessoassaíam às ruas, gritando, pulando, discursandotamém, num verdadeiro carnaval.

l l l17 horas e 30 minutos. Deixemos a

Cine-lândia e as imediações do PalácioGuanabara. Praia do Flamengo, 132, sede daUnião Nacional dos Estudantes. Grupos dejovens atiravam bombas incendiárias (coque-tel Molotov) para o interior da UNE, àquelaaltura abandonada pelos dirigentes da entida-de estudantil. Tinham fugido, sob as vaias dosque se aproximavam do local. Ou mesmopelos fundos, pelos telhados do prédio, paraedifícios vizinhos. Precipitadamente.

l l lOs dirigentes da União Nacional dos

Estudantes livraram-se de livros e documen-tos, que foram incendia-dos e devolvidos para o in-terior do edifício em formade tochas de fogo e objetosque se incendiava no interi-or das salas das entidadessob as siglas de UNE,AMES, UBES e outras.

Os policiais e bom-beiros que pouco depoischegaram para combater oincêndio disseram que en-contram nas salas da UNEarmas e munições.

l l lÀ tardinha. Dois

tiros vinham do Leme.Era o sinal de vitória, queacionou o gatilho da ex-plosão popular. E tudose misturou na chuva,alegria e carnaval, refle-tidos nos olhos dos solda-dos que ocupavam o Fortede Copacabana, patrulhasdo Pôsto Seis.

A comemoração da "renúncia" de Jango;alunos do Mackenzie, com a bandeira em

punho, em plena manifestação

O Governador CarlosLacerda, emcompanhia deEduardo Gomes,General Mandim eAbreu Sodré, semantinha ematividade mais queconstante

A BATALHA DO GUANABARA

Em carros alegóricos, muitos reviveramo carnaval carioca.

O Presidente João Goulartescolheu o caminho.Trocou o mandato por umaliderança revolucionária eesquerdista. Aqui aparececom D. Maria Tereza e osSrs. Darcy Ribeiro eOswaldo Pacheco, êste,líder da CGT, no comíciodo dia 13 de março, oinício do processode sua queda

POR QUE JANGO CAIU

Uma história: homens, mulheres e cri-anças, empunhando bandeiras, lenços bran-cos, lençóis, comemoravam o que ficou sendoo carnaval da vitória. Das janelas dos aparta-mentos em tôda a Zona Sul, eram estendidoslençóis e colchas, numa homenagem à vitóriada revolução.

E duas chuvas se misturaram no espa-ço: a que caía de muito alto, de água, e a depapéis picados.

E uma caravana de automóveis, buzi-nando, vespas nas avenidas e ruas deCopacabana, de Botafogo, do Jardim Botâni-co, do Leblon e Ipanema.

Era a festa da vitória.

OS 40 DO FORTETomada do Forte de Copacabana foidecisiva para a vitória da revolução

Planejamento, rapidez e coragemdominaram o QG de Artilharia de Costa

da 1ª Região Militar

O CARNAVAL DA VITÓRIA

�Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressãoe da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem à agitadores eterroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia�.

Brasília, 31 de março de 1981General-de-Exército Walter Pires de Carvalho e Albuquerque

Ministro do Exército

HONRA MILITAR

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16Nº 188 - 31 de Março/2013

OLDACK ESTEVES

O Ministro do Exército, considerando que a Revolução de 31 de marçode 1964, deflagrada pioneiramente pela ID/4 - Infantaria Divisionária da 4ªDivisão de Infantaria, hoje a 4ª Brigada de Infantaria, constituiu respostapronta e adequada à ação subversiva do comunismo, comandado de fora,visando à tomada do poder, resolve aprovar o Distintivo de Grande Unidadeda 4ª Brigada de Infantaria, constante do modelo anexo e com a seguinte descrição heráldica:

"Escudo português partido de 'blau' e 'goles' (cores heráldicas do Exército Brasileiro),filetado de ouro, tendo brocante um triângulo equilátero (a relembrar a LIBERDADE,sonhada pelos Inconfidentes e preservada pela Revolução de Março) e, ao centro deste, umapomba branca (a Paz) sobrevoando as verdes montanhas de Minas e, ao fundo, um sollevante (o raiar de uma nova era), de 'goles', com resplendor do mesmo esmalte sobre umfundo de prata; em Chefe, cortado de sínople e ouro, a inscrição: "BRIGADA 31 DE MARÇO."

(Port Min 1.571, de 27 Out 75)

BRIGADA 31 DE MARÇO DISTINTIVO DA

4ª BRIGADA DE INFANTARIA

NR: Tal Estandarte Histórico foi idealizado pelo então Maj CarlosClaudio Miguez, em 1975 (hoje, Editor deste periódico), por determinação doComandante da 4ª Brigada de Infantaria, General-de-Brigada Sylvio Octáviodo Espírito Santo. A honraria castrense ostentada com imensa ufania pela 4ªBrigada de Infantaria Motorizada/Brigada 31 de Março, exibe seus motes notítulo deste jornal, no perfil das montanhas alterosas, no sol levante, referen-tes a Minas Gerais, em especial o alusivo à Inconfidência Mineira (triângulona cor vermelha), na relembrança do venerável �Proto-Mártir da Independên-cia�, �Patrono Cívico da Nação Brasileira� e �Herói Nacional�, JoaquimJosé da Silva Xavier, � o Tiradentes�. Acrescente-se que as tropas que parti-ram de Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964,foram denominadas, historicamente, de �Destacamento Tiradentes�.

* Jornalistaaristotelesdrummond@mls.com.brwww.aristotelesdrummond.com.br

A edição histórica do INCONFIDÊNCIA,sobre mais um aniversário da Revolução de1964 se constitui em documento raro e a serpreservado em nome da verdade histórica,da dignidade do povo brasileiro.

A Revolução foi um movimento cívi-co-militar e não apenas militar. O brado veiopelos governadores eleitos das principaisunidades da federação como Minas, SãoPaulo, Guanabara, Paraná, Rio Grande doSul e Goiás.

Infelizmente muitos que saudaram aRevolução com entusiasmo foram atingi-dos em função das intrigas e das ambiçõespolíticas naturais nestes momentos históri-cos, em todos os lugares e em todos ostempos .

Encontramos na edição as referên-cias a políticos estimados e alinhadoscom o movimento que acabaram afasta-dos da vida pública pelos seus inimigose não pela Revolução. Assim foi com oentão deputado estadual mineiro AníbalTeixeira, que depois da Anistia foi depu-tado e Ministro, assim como o grandehomem público que foi JK, que nada ti-nham de corruptos ou de subversivos.

Mas, com todos os erros, os acer-tos foram maiores. O Brasil nunca cres-ceu tanto, a renda foi tão bem distribuídaem tempos inflacionários, e crescemos ataxas só obtidas agora pela China, no

A EDIÇÃO HISTÓRICAgoverno do PresidenteMédici.

E a mídia era corre-ta, verdadeira, com cora-gem e bravura na defesados interesses nacio-nais.

Pena que o legado de RobertoMarinho e Assis Chateaubriand, de po-sições firmes, tenha sido sucedido pelaentrega das redações a um verdadeirodomínio ideológico de esquerda, semcompromissos com a história dos pró-prios jornais.

O ponto alto dos anos dourados, deprogresso, foram as obras, na habitação, nosaneamento, nas estradas e nos portos, nastelecomunicações. Foi o planejamento denosso projeto desenvolvimentista.

Quem conhece, quem estuda, sabe oque fizemos nos vinte anos e que safra debrasileiros construiu o Brasil Grande. DeRoberto Campos a Delfim Neto, de MárioAndreazza a Elizeu Resende, de CostaCavalcanti a César Cals. Todos com digni-dade e correção pessoal.

Uma pena que a mentira domine,passageiramente é claro, os meios de co-municação, os livros escolares. Mas osregistros históricos sobreviverão, entre osquais as edições deste bravo e destemidojornal.

Os tempos são outros. Mas algumasdas ameaças que pairam sobre nossa Pátriasão as mesmas, em função da insistenteinfluência de gente perdida no tempo, quenão mudou, não evoluiu e ainda pensacomo nos anos da Guerra Fria.

A conclusão que se chega é que,para defender a Democracia que te-mos � e foi devolvida pelos militares� mais do que nunca devemos respei-tar, exaltar, prestigiar e defender asnossas Forças Armadas.

A pedido do Presidente RanieriMazzili, uma comissão de oito par-

lamentares � Pedro Aleixo, MartinsRodrigues, Daniel Krieger, Bilac Pin-to, Adauto Lúcio Cardoso, Paulo Sara-zate, João Agripino e Ulysses Guima-rães - elaborou um projeto de AtoInstitucional. Diz o Senador DanielKrieger, depois líder do governo doPresidente Costa e Silva: �A minhainterferência restringiu-se a discor-dar do prazo de 15 anos, proposto àcomissão por um de seus integrantes� Ulysses Guimarães�.

O projeto da Comissão foi substitu-ído por outro elaborado pelos professores

AI-1 E ULYSSES GUIMARÃESProjeto do Ato Institucional nº 1

de 9 de abril de 1964Francisco Campos e Carlos Medeiros. Co-menta Krieger: �Devo registrar, entretan-to, que o redigido pelos citados parla-mentares não era mais liberal do que odos eminentes mestres.� (Daniel Krieger,... Desde as Missões ... Saudades, Lutas,Esperanças � José Olympio - Rio de Ja-neiro, 1978 � 2º edição pág 172.

O fato, muito pouco conhecido, érelembrado pela Folha de São Paulo de1º de maio de 1989 (Política, fl A7, �Há60 anos Ulysses sonha em ser Presiden-te da República�) e pelo Jornal do Bra-sil de 18 de outubro de 1992 (A contra-dição � do apoio ao Golpe de 1964 aocomando da resistência).

UM MILHÃO DE CARIOCASNA MARCHA DA LIBERDADE

O ex-presidente da República,Marechal Eurico GasparDutra, que também recebeuaclamações acena ao povo

do palanque.(Manchete - Abril/64)

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17Nº 188 - 31 de Março/2013

REALIZAÇÕES DO GOVERNO CÍVICO-MILITAR - 1964/1985

Ponte General Costa e Silva (Rio-Niterói)

Itaipú - A maior hidrelétricado mundo

AMX A-1 - A Embraer é hoje uma das maiores exportadoras brasileiras

Complexo Esportivo da UniversidadeFederal de Santa Maria / RS (1972)

ECONOMIA* O Brasil passa a ser a 8ª econo-

mia mundial. Era a 47ª.* É alcançado um PIB de 14%* Exportações crescem de US$

1,5 bilhões para 37 bilhões dedólares.

* Redução da inflação de 100%a.a. para 12% a.a. sem controle depreços a pleno emprego e sem mas-sacre do funcionalismo público.

* PAEG - Programa de Ação Eco-nômica do Governo.

* Código Tributário.* Código de Mineração.* Zona Franca de Manaus.* IBDF - Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal.* Banco Central criado em

Dezembro/64.* ICM - IPI - ISS.* Banco da Amazônia* SUDAM - Superintendência de

Desenvolvimento da Amazônia.

EDUCAÇÃO/SAÚDE* Estatuto do Magistério Superior.* Matrículas no ensino superior

de 100 mil em 1964 para 1,3 mi-lhão em 1981.

* Mais de 10 milhões de estudan-tes nos bancos escolares.

* Estabelecimentos de assistên-cia médica-sanitária aumentaramentre 1970/84, de 6 mil para 28 mil.

* Crédito Educativo - ProjetoRondon - MOBRAL.

* Fomento e financiamento dapesquisa: CNPq, FINEP e CAPES

* Cursos de Mestrado e Doutorado* Construção dos maio-

res estádios, ginásios,conjuntos aquáticose complexos des-portivos em diver-sas cidades e nasprincipais universi-dades federais;

* Projeto Rondon.

EMPREGOTRABALHO/SOCIAL

* Criação de 13 milhões deempregos.

* Conselho Nacional de PoluiçãoAmbiental.

* INDA - Instituto de Desenvol-vimento Agrário.

* SFH - Sistema FinanceiroHabitacional

* BNH - Banco Nacional deHabitação.

* Construção de 4 milhões demoradias.

* Leis do Inquilinato, dos Condo-mínios e Edificações.

* Regulamentação do 13º salário.* INPS - IAPAS, Dataprev, LBA,

FUNABEM e o INAMPS.* FUNRURAL - Uma das maio-

res obras sociais do século XX noBrasil, beneficiando 8 milhões detrabalhadores rurais

* Programas de Merenda Esco-

EM MINAS GERAIS

Apesar da �ditadura�, Israel Pinheiro é eleito em 1965, e dá

início ao crescimento econômicode Minas. Em seguida, os gover-nos de Rondon Pacheco e Aure-liano Chaves, fazem decolar a eco-nomia mineira, com a criação dosDistritos Industriais, destacando-se os de Uberlândia, Itajubá, Pou-so Alegre, Juiz de Fora, Varginha,Contagem.

l Aprovação da lei 5261 deincentivos fiscais, Escola Superiorde Agricultura de Lavras, levandoo Estado de Minas a ter o maiordesenvolvimento de sua história,gerando milhares de empregos.

l Projetos são alavancados noBDMG, INDI, Finepe, FundaçãoJoão Pinheiro, BNDE e na empresaprivada.

l Betim recebe a FIAT Auto-móveis, promovendo o bem estarsocial e fortalecendo seu distritoindustrial.

l São implantadas em OuroBranco, a Açominas e em Juiz deFora, a Siderúrgica Mendes Júnior.

l A malha rodoviária é expan-dida pelo DER, é construído o Aero-porto de Confins.

l A Cemig, sempre presenteno desenvolvimento de Minas,constrói hidrelétricas, destacando-se São Simão, Emborcação, VoltaGrande e a ampliação da capacida-

de de Três Marias, gerando energiapara as indústrias, particularmen-te para as cimenteiras que se ins-talam em território mineiro e per-mitindo o crescimento da agro-indústria nos campos do cerrado.

l Telemig, Ceasa, Camig,Casemg, instalações industriais naárea da Sudene em Montes Claros,Rural Minas que desenvolve o Pro-jeto do Vale do Jaíba.

l Somente nos governos deRondon, Aureliano e Francelino,são expedidos 48144 títulos depropriedade rural, mais do que odobro dos governos de Tancredo,Garcia, Cardoso e Azeredo, com22706 títulos.

l As Construtoras MendesJúnior e Andrade Gutierrez expor-tam sua tecnologia.

l A Companhia Vale do RioDoce, torna-se a maior exportado-ra mundial de minério de ferro.

l Empresas crescem juntocom Minas: MBR, Usiminas,Cenibra (hoje a 2ª maior produ-tora e exportadora de celulose),Helibrás, Valep, Valefértil, Flo-restas Rio Doce, Acesita, Belgo-Mineira, Mannesmann, Samitri,Ferteco, Arafértil, Paraibuna,Alcoa e outras.

l O BEMGE - Banco do Es-tado é reestruturado e passa a serrespeitado nacionalmente.

EM BELO HORIZONTE l Canalização do rio Arrudas;l Construção do Fórum; l Implantação do trem de superfície(metrô) l Via Expressa e Anel Rodoviário; l Construção doCEU - Centro Esportivo Universitário na UFMG.

lar e Alimentação do Trabalhador(PAT)

* Criação do FGTS, PIS, PASEP.

ENERGIATELECOMUNICAÇÕES

* Criação da Eletrobrás, Nu-clebrás e subsidiárias, Embratel eTelebrás.

* Instalação da Usina Nuclear emAngra dos Reis (Angra I e Angra II)

* Pró-álcool (95% da frota nacio-nal de automóveis a álcool).

* Construídas mais de 30 usinashidrelétricas, entre as quais as mai-ores do mundo: Tucuruí, Ilha Sol-teira, Jupiá, Itaipu...

* Prospecção de petróleo em gran-des profundidades na bacia de Cam-pos, com exportação de tecnologia;

* Telebrás implanta 12 milhõesde linhas telefônicas; microondasinterligam todas as capitais; esta-ção de satélite interliga o Brasil como mundo todo; TV em cores em todoo país; transmissão de dados einternet; cabos submarinos de fibraótica para os Estados Unidos e

Europa; DDD e DDI no país epara o mundo.

POLÍTICAADMINISTRATIVA* É restabelecida a auto-

ridade por 20 anos.* Extensão do mar

territorial de 12 para 200milhas marítimas.

* SNI - Serviço Nacional deInformações.

* Polícia Federal.* LSN - Lei de Segurança Nacional.* Reforma do TCU.* Reformas Administrativas, Agrá-

ria, Bancária, Eleitoral, Habitacional,Política e Universitária.

PRODUÇÃO/INDÚSTRIAINFRAESTRUTURA

* Construção de 4 portos e ex-pansão e recuperação de 20 ou-tros, destacando-se Tubarão/ES e

Sepetiba/RJ.* Indústria aeronáutica, naval, bé-

lica e automobilística.* Rede asfaltada ampliada de 3

mil para 45 mil quilômetros.* Ferrovia da soja (Roca Sales -

Passo Fundo) - Transamazônica.* Rede ferroviária ampliada em 3

mil km e remodelada em 11 mil km.* Frota mercante de 1 para 4

milhões de TDW (1974/1980).* Corredores de exportação em

Vitória, Santos, Paranaguá e RioGrande.

* Produção de 70 milhões de to-neladas de grãos. Criação daEmbrapa.

* Duplicação da Rodovia Rio /Juiz de Fora e da via Dutra (Rio �São Paulo);

* Criação da EBTU; Implantaçãodo metrô nas regiões metropolita-nas de São Paulo, Rio de Janeiro,Belo Horizonte, Recife e Fortaleza;

* Construção de eclusas nahidrovia Tietê-Paraná; em Sobra-dinho (São Francisco); início emTucuruí (rio Tocantins) e Boa Es-perança (rio Parnaíba);

* Criação da Infraero proporci-onando a construção, moderniza-ção e ampliação dos principaisaeroportos brasileiros, destacan-do-se Galeão, Guarulhos, Brasília,Confins, Campinas, Viracopos, Sal-vador, Manaus e particularmentena Amazônia (COMARA);

* Implantação dos pólos petro-químicos em São Paulo (Cubatão)e na Bahia (Camaçari);

* Construção de porto no Ma-ranhão para a exportação de miné-rio de ferro da Serra dos Carajás(CVRD);

* A Petrobrás aumenta a produ-ção, de 75 mil para 750 mil barris/dia de petróleo,

* Estruturação das grandesconstrutoras nacionais.

E muitas, muitas outras mais...

SÃO PAULO PAROU PARADEFENDER O REGIME

Marcha daFamília com

Deus, pelaLiberdade.

Mais de 500mil paulistanos

vão às ruas para pedir a intervenção das Forças Armadas emdefesa da Constituição e dos princípios democráticos.

Publicado na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 20 de março de 1964TEXTO COMPLETO no site www.averdadesufocada.com

Page 18: 49º ANIVERSÁRIO DO MOVIMENTO CÍVICO-MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

18Nº 188 - 31 de Março/2013

Turma de 18 de janeiro de 1921

Em 31 de março de 1964, o Estado deMinas Gerais se rebelou contra ogoverno central. Tropas do Exército

e da PMMG saíram dos quartéis para aderrubada do governicho cripto-comunis-ta de João Goulart.

O �Destacamento Tiradentes�, co-mandado pelo Gen Antônio Carlos da SilvaMuricy, partiu, naquela data, para a divisaMinas-Rio (corte do rio Paraibuna) ficandoem condições de prosseguir na direção doRio de Janeiro, dando início ao gloriosoMovimento.

Há alguns fatos curiosos acerca daRevolução. Os Oficiais-Generais da Turmade Aspirantes-a-Oficial, formada em 18 dejaneiro de 1921, na Escola Militar doRealengo, tiveram papel preponderante nodesenrolar dos acontecimentos. Pertenci-am à mencionada Turma, o Ministro daGuerra, General Jair Dantas Ribeiro; o Che-fe do Estado-Maior do Exército, GeneralHumberto de Alencar Castello Branco; oComandante do I Exército, General Arman-do de Moraes Ancora; o Comandante do IIExército, Gen Amaury Kruel; o Comandan-te do III Exército, General BenjaminRodrigues Galhardo; o Chefe do Departa-mento-Geral do Pessoal, General Arthurda Costa e Silva; o Chefe do Departa-mento de Provisão-Geral, General Joãode Segadas Viana; o Comandante da 4ªRM, General Olímpio Mourão Filho e osGenerais Adhemar de Queiroz, futuro Mi-nistro da Guerra; João Baptista de Mattos,escritor e historiador militar; Octacílio Ter-ra Ururahy; Nilo Augusto Guerreiro Lima;Estevão Taurino de Rezende Netto; JoãoBatista Rangel; José Theófilo de Arrruda;Emílio Maurell Filho; Ignácio de FreitasRolim e Antonio Accioly Borges. Diga-seque daquela Turma também faz parte o hojecentenário Marechal Waldemar Levy Car-doso, herói da FEB, nascido em 4 dezembrode 1900 (século XIX) e �Decano da Artilha-ria Brasileira�.

Melhor especificando pelas Armas,esta Turma excepcional:

INFANTARIA: l Humberto deAlencar Castello Branco l Alcindo NunesPereira l João de Segadas Vianna l Arthurda Costa e Silva l Hugo Silva l AlcebíadesTamoyo da Silva l Olympio Mourão Filhol Aguinaldo Caiado de Castro l NiloAugusto Guerreiro Lima l Armando Cattani

* Manoel Soriano Neto

l Armando Baptista Gonçalves l Ignácio deFreitas Rollim l Mario Tasso Sayão Car-doso l Francisco Silveira do Prado l An-tonio José Coelho dos Reis l OctávioMassa l Armando de Mello Meziat l JairDantas Ribeiro l Renato Rodrigues Ribasl João Baptista Rangel l Ignácio de LoyolaDaher l Agenor de Andrade l Samuel daSilva Pires l João Baptista de Mattos l JoãoUrurahy de Magalhães l Napoleão deAlencastro Guimarães l João de AlmeidaFreitas l Armando Levy Cardoso l JoãoSaraiva l Manoel Joaquim Guedes l Iracy

Ferreira de Castro

CAVALARIA: l Ar-mando de Moraes Ancoral Milton Cezimbra l

Ernesto Dornelles l JoséDantas Arêas Pimentell Riograndino Kruel lEleutério Brum Ferlichl Estevão Taurino deRezende Neto l JoséTheóphilo de Arruda lInimá Siqueira l AmauryKruel l Thales Moutinho

da Costa l Heitor Lopes Caminha

ARTILHARIA: l Emilio Maurell Fi-lho l Luiz Antonio Bittencourt l João PunaroBley l Amangá Liberato de Castro Menezesl Waldemar Levy Cardoso l Alcides Gon-çalves Etchegoyen l Nelson GonçalvesEtchegoyen l Olindo Denys l Saint ClairPeixoto Paes Leme l Adhemar de Queiroz

ENGENHARIA: l Ary MaurellLobo l Antonio Guedes Muniz l AttilaMagno da Silva l Benjamim RodriguesGalhardo l Edmundo Macedo Soares eSilva l Bernardino Correia de MattosNetto l Octacílio Terra Ururahy.

Ainda a respeito da �Contra-Revo-lução� de 1964 e da Turma de 1921 daEscola Militar de Realengo, consigne-seque às 18 horas de 1º de abril de 1964,reuniram-se no Gabinete do Comando daAcademia Militar das Agulhas Negas, osGenerais Ancora, Comandante do I Exércitoe Ministro (interino) da Guerra e o GeneralKruel, Comandante do II Exército, que acer-taram a cessação das operações, evitan-do, assim, provável derramamento de san-gue entre tropas do Exército Brasileiro.Os dois Generais eram da citada Turma de1921, ambos oriundos da Arma de Cava-laria, gaúchos e heróis da FEB, comogaúcho e de Cavalaria era o Comandanteda AMAN, o então General-de-BrigadaEmílio Garrastazu Médici.

Como mais uma curiosidade, cabeassinalar que os Generais Castello Branco eMourão Filho foram servir, como Aspiran-tes-a-Oficial, no 12º RI, de Belo Horizonte-MG, onde era Cabo, o futuro Vice-Presiden-te da República José Maria Alckmin.

HISTÓRIA MILITAR DO BRASIL

Generais Mourão Filho e Guedes recebem o Presidente CastelloBranco no QG da ID/4, no dia 28 de fevereiro de 1966,

em Belo Horizonte

*Coronel - Historiador - Ex-Chefe do CDOCExMembro do IGHMB e da AHIMTB

* RaymundoNegrão Torres

* General-de-Divisão

O REGIME FARDADOO �regime fardado� � como gosta de

chamar certo escriba cá da terra �continua a ser acusado de ser o respon-sável por todas as nossas desgraçaspresentes, passadas e futuras, inclusivepor este vendaval de corrupção que seabateu sobre o país. Mas, alguns tam-bém ensaiam tímidas comparações comohá pouco ocorreu quando da morte dogeneral Otávio Medeiros, chefe do SNIno governo Figueiredo, falecido em situ-ação de quase indigência, e alguém lem-brou que, apesar de terem governado oumandado em um regime autoritário, osgenerais morrem pobres.

Um dos mais cáusticos críticos da�ditadura militar� foi Elio Gaspari emseus quatro recentes livros. No segun-do deles � A Ditadura Escancarada - asperipécias da escolha do substituto deCosta e Silva constituem um alentadocapítulo de credibilidade muito discutí-vel já que se baseia em algumas fontessuspeitíssimas, como Jayme Portella deMello - uma espécie de �golbery� do�seu Artur� -, o despeitado panfletárioCarlos Lacerda e o jornalista Carlos Cha-gas, então servidor da ditadura, que,apeado da sinecura que arranjara, tor-nou-se um feroz e ressentido detratordos militares. Hoje, sabe-se lá porque,mudou outra vez de lado. Outras surpre-endentes, como a do então ministro Del-fim Neto, em um suposto depoimento demaio de 1988. Surpresa, pelo menos, paraquem nunca acreditou no que transpi-rou do que dizia o Relatório Saraiva.

As demonstrações de apego aopoder, as ambições, as vaidades e oentrechoque de grupos ali mostradossão parte de um quadro que tem certacredibilidade, mesmo para quem não seceve na peçonha que o autor destila aodescrever certos acon-tecimentos. Tais maze-las eram parte de um sis-tema de poder que sem-pre preocupara CastelloBranco, mas que já eramsinais claros da perdade rumo que faria do mo-vimento de 1964 maisuma revolução perdida,como profetizara o ge-neral Ernesto Geisel, aosaber que o substituto deCastello seria Costa e Silva. Mas, apesare independente disso, enquanto a �tigrada�continuava fiel ao cumprimento de suamissão de impedir a comunização do país,o �concílio dos generais� acabaria por es-colher para assumir o posto na �troca daguarda� um de seus pares, capaz das de-monstrações de autoridade, simplicidade,modéstia, desprendimento e integridademoral que mesmo um autor tendencioso eparcial, como Elio Gaspari, foi incapaz deesconder. Quantos presidentes neste paíspoderiam receber os elogios que o autordedica ao general Medici, registrados àpágina 133 do citado livro? Eis o que escre-

A ditadura estava no seu oitavoano, no terceiro general. Médici

cavalgava popularidade,progresso e desempenho. Uma

pesquisa do IBOPE realizada emjulho de 1971 atribuíra-lhe 82%

de aprovação. Em 1972 aeconomia cresceria 11,9%, a

maior taxa de todos os tempos.Era o quinto ano consecutivo de

crescimento superior a 9%.

veu o autor:�Presidiu o

país em silêncio, len-do discursos escri-tos pelos outros, semconfraternizaçõessociais, implacávelcom mexericos. Pas-sou pela vida públi-ca com escrupulosahonorabilidade pessoal. Da Presidênciatirou o salário de Cr$ 3.439,98 líquidospor mês (equivalente a 724 dólares) enada mais. Adiou um aumento da carnepara vender na baixa os bois de sua estân-cia e desviou o traçado de uma estradapara que ela não lhe valorizasse as terras.Sua mulher decorou a granja oficial doRiacho Fundo com móveis usados reco-lhidos nos depósitos do funcionalismo deBrasília�.

No terceiro volume da mesma obra �A Ditadura Derrotada � Elio Gaspari escre-veu:

�A ditadura estava no seu oitavoano, no terceiro general. Médici cavalgavapopularidade, progresso e desempenho.Uma pesquisa do IBOPE realizada em julhode 1971 atribuíra-lhe 82% de aprovação.Em 1972 a economia cresceria 11,9%, amaior taxa de todos os tempos. Era oquinto ano consecutivo de crescimentosuperior a 9%. A renda per capita dosbrasileiros aumentara 50%. Pela primeiravez na história as exportações de produ-tos industrializados ultrapassaram umbilhão de dólares. Duplicara a produçãode aço e o consumo de energia, triplicaraa de veículos, quadruplicara a de navios.A Bolsa de Valores do Rio de Janeirotivera em agosto uma rentabilidade de9,4%. Vivia-se um regime de pleno em-prego. No eixo Rio - São Paulo executivos

ganhavam mais que seussimilares americanos oueuropeus. Kombis dasempresas de construçãocivil recrutavam mão deobra no ABC paulista comalto falantes oferecendobons salários e confortonos alojamentos. Um me-talúrgico parcimoniosoganhava o bastante paracomprar um fusca novo.Em apenas dois anos os

brasileiros com automóvel passaram de 9%para 12% da população e as casas comtelevisão de 24% para 34%. O Secretário doTesouro americano, John Connally, disse-ra que �os EUA bem poderiam olhar para oexemplo brasileiro, de modo a pôr em ordema sua economia�.

Está lá, nas páginas 26 e 27 do livrode Elio Gaspari para quem quiser confe-rir e fazer suas comparações, registradopor um escriba acima de qualquer sus-peita de ser a favor do �regime fardado�ou saudoso �dos tempos dos coturnos�.(Publicado no Inconfidência nº 89 - Dezembro 2005)

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19Nº 188 - 31 de Março/2013

* Por JarbasPassarinho

* Coronel Reformado - Foi ministro de Estado,governador e senador pelo Pará.

O lúcido escritor mineiro JoãoCamillo de Oliveira Torres es-creveu que, no Brasil, os golpes

de Estado são condenados pelos preju-dicados e saudados pelos favorecidos.Justo seria se fossem sempre condena-dos, se a hipocrisia não fosse uma com-ponente de quem não se importa com ademocracia ferida mas com a perda desuas vantagens.

No Brasil, em 1937, o presidenteGetúlio Vargas serviu-se do Plano Cohen,uma fraude simuladora de iminente ame-aça comunista. Deu o autogolpe, apoia-do nas Forças Armadas ainda marcadaspela revolta de 1935, liderada por CarlosPrestes, a mando de Moscou. Os simpá-ticos ao fascismo aplaudiram; os outrosresignaram-se até outubro de 1945, quan-do um golpe das Forças Armadas depôso ditador.

Quase 30 anos depois, modelo de1937 parece ter inspirado João Goulart.Agora, a esquerda é que seria o vetorrevolucionário. Prestes, secretário-geraldo Partido Comunista, mantinha íntimaligação com o presidente. Di-lo o livro queditou para os jornalistas Dênis de Moraese Francisco Viana. Destacou um militanteimportante ��para representar o partido nasarticulações com Jango��, o que não excluíasua ligação, a ponto de, no Comitê Centraldo PCB, Marighella o chamar de janguista.

Obsessivo anotador nas famosas ca-dernetas manuscritas, depois apresadas,numa refere-se claramente ao golpe: ��Aluta se manifesta nas Forças Armadas atra-vés de conchavos. Vamos concentrar ofogo no inimigo principal e vamos marcharcom todos, Goulart, Osvino, etc. no gol-pe��. Difícil é saber se o golpe de Prestes eraautônomo, ou, sempre com Jango, na estra-

O CONTRAGOLPE DE 1964

Manchete - 11/04/64

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O motim dos marinheiros no dia 25 de março

tégia do ��etapismo��, ou seja, da aliançacom a burguesia progressista na figura deJango, para a conquista do socialismo porvia pacífica.

Leonel Brizola, esse tinha a virtude depregar o golpe abertamente, clamando pelofechamento do Congresso. Cunhado, em-bora, do presidente. Tinha luz própria napráxis do golpe, tanto que fundou os ��gru-pos dos onze��, de aparência paramilitar.Certamente não se destinavam a estudar aBíblia, mas ser o embrião do Exército Popu-lar de Libertação. Vigiavam Jango. Assim éque, perto de 31 de março de 1964, analisan-do a conjuntura, concluíram: ��O golpe nãovem da direita, mas de Jango��.

A Guerra Fria estava no auge, UniãoSoviética e Estados Unidos atentos aoBrasil. O embaixador soviético Fomim tevea mesma conclusão. Seus telegramas secre-tos para Moscou, conhecidos após o co-lapso da URSS, atribuíam a Jango o golpe.

O embaixador americano Gordon impressi-onara-se com a inconfidência que lhe fezSamuel Wainer. Íntimo de Jango, dele ouvi-ra dizer-lhe sob grande emoção que ��pode-ria manter a rotina de cortar fitas em inaugu-rações e fazer discursos nos feriados naci-onais, ou renunciar como fizera Jânio, oupoderia dar o salto!�� Ainda assim, foi cau-teloso ao sintetizar para Washington, nosúltimos dias de março, sua avaliação. Tele-grafou informando a probabilidade de ��ha-ver um golpe dado por Goulart, um golpecontra Goulart ou o início de uma longa lutaarmada��. A preparação legitimada do au-togolpe, tentou-a Jango, ao propor o Esta-do de Sítio, mas malogrou a manobra por-que � revela Prestes � não contou com oscomunistas, receosos de que, depois deaniquilado o governador Carlos Lacerda,fossem eles os próximos.

O autogolpe de 1937 contou comrespaldo total dos militares. Falto disso,Jango buscou o apoio dos subalternos dasForças Armadas. Tenho,para mim, que o autogolpenão teria êxito se baseadosomente nas greves polí-ticas da ilegal CGT, ou nodiscurso carbonário deBrizola para fechar o Con-gresso, nem mesmo com oapoio de Prestes. Era pre-ciso sublevar os subalter-nos das Forças Armadas.Dois exemplos falam por sisós. Em setembro de 1963,sargentos da Aeronáuti-ca e da Marinha revolta-ram-se em Brasília. Domi-naram o ministério da Ma-rinha, o quartel dos Fuzi-leiros Navais e perderamum marinheiro, morto no ataque ao Minis-tério da Aeronáutica. Foram vencidos epresos. Mas o motim ficaria impune. Asgotas d�água vieram sucessivas. O motimdos marinheiros, no Rio, no dia 25 de marçode 1964, desafiou o ministro da Marinha,que mandou prendê-los pelos fuzileiros �que não só se recusaram a cumprir comoconfraternizaram com os amotinados. Opresidente preferiu exonerar o ministro daMarinha e nomear outro, dos três indicadospelos rebelados. Finalmente, o presidente,em 30 de março, aceita receber homenagemdos sargentos no Rio de Janeiro. Doisdiscursos são ovacionados: o do marinhei-ro Anselmo e o do presidente Jango, namais radical fala de sua vida pública, aoacenar com ��as represálias do povo��. Queprecisava mais, para o golpe vindo de cima?

O general Castello Branco, chefe do

Estado Maior do Exér-cito, tentou ainda, em20 de março, advertir ogoverno sobre os ru-mos que tomava. Dis-tribuiu uma circular des-tinada aos seus subor-dinados. Ainda era o legalista de sempre,mas advertia: ��A insurreição é um recursolegítimo de um povo. Está ele pedindo dita-dura militar ou civil e Constituinte? Pareceque ainda não��. Até 20 de março, pois,éramos antigolpistas. Depois do motim dosmarinheiros e do discurso incendiário noAutomóvel Clube, as Forças Armadas fo-ram atingidas no âmago de seus pilares: adisciplina e a hierarquia. Nada mais havia aaguardar, senão o golpe preventivo oucontragolpe.

Tudo o que está aqui citado éindesmentível, exceto por quem, como can-ta Camões, ��negue também ao sol a clarida-de e certifique-se mais que o fogo é frio��.

Pois esses negativistas abundam. Mentemdeslavadamente. Um que a despeito dereligioso católico, que não deveria mentir,disse que a CIA foi a mentora dos oficiais docontragolpe e que Lincoln Gordon issoadmitiu. Grossa patranha. Mentem os quenegam o apoio maciço da sociedade civil aocontragolpe que matou o golpe. Cínicossão os que dizem ter lutado contra umaditadura quando defendiam ardorosamen-te a ditadura de Fidel Castro e Stálin.Tartufos, os que simulam ter lutado pordireitos humanos ofendidos ao mesmo tem-po em que os aplaudia violados em Cuba.Não foi à toa que Voltaire disse, diante defarsas dessa natureza: ��Assim se escreve aHistória��.

(Publicado em 30 de março de 2004no Estado de Minas e no Correio Braziliense)

Em 30 de março, no Automóvel Clube, no Rio de Janeiro

Acuse-os do que você faz.Xingue-os do que você é.

Lenine

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20Nº 188 - 31 de Março/2013

Em várias cidades foram apreendidaslivros e revistas subversivos escritos emportuguês e espanhol editados no Brasil,em Cuba e em países da cortina de ferro,entre eles, Tchecoslováquia e Romênia.

Também grande quantidade da re-vista Movimento 10, órgão oficial da UNE.Dessa revista, nº 3 de abril/1963, destaca-mos os seguintes assuntos:

-A crise econômica dos EEUU-Para onde vai João Goulart-Venezuela em Revolução-A evolução das lutas sindicais-Solidariedade a CubaNão nos surpreende, que passados

47 anos, os estudantes (?) (profissionais,comunistas, antigos amantes de Guevara eFidel e agora de Chávez e Evo) ainda perse-veram acreditando no regime assassino efalido de Cuba e similares, combatendo o�imperialismo ianque� e exigindo a reformaagrária, pois foram envolvidos e engana-dos por seus professores marxistas, adep-tos da revolução cultural gramscista, que

ocupou os espaços na cátedra, no MEC enas Secretarias Estaduais de Educação.

l l lCUBA NÃO ESTÁ SÓ

Convocado por tôdas as fôrças po-pulares e progressistas da América Latinarealizou-se no Brasil, de 26 a 30 de março,o Encontro Nacional e o Congresso Conti-nental de Solidariedade a Cuba. (Página 16)

l l lPRONUNCIAMENTOSDE JOÃO GOULART

Política Externa � �É-me grato, emprimeiro lugar, constatar a maneira con-fiante pela qual V. Excia. se exprime quan-to às possibilidades de intercâmbio daUnião Soviética com o Brasil nos campospolítico, econômico e cultural.� (Carta aKruschov- Correio da Manhã �12.06.1962) (Página 25)

Reforma Agrária � �A reforma há deter evidentemente, como conseqüência, aextinção do latifúndio� (discurso na Paraíba� Última Hora - 30.07.1962) (Página 26)

MOVIMENTO 10Revista da UNE - Abril/1963

CUBA NÃO ESTÁ SÓ

Os estudantes da UNE,na hora do fogo optaram pela

retirada prudente

POVO INCENDIOU O MAISAGITADO CENTRO POLÍTICO

- ESTUDANTIL DO PAÍSPOPULARES e estudantes democratas,

logo após a notícia de que a rebelião fôravitoriosa, dirigiram-se para a sede da UniãoNacional dos Estudantes, na Praia do Flamengo,no Rio. Começaram, então, as manifestaçõescontra a comunização daquele centro estu-dantil à proporção em que se avolumava amassa humana. O edifício acabou sendo inva-dido, móveis foram atirados pelas janelas, aomesmo tempo em que apareciam as primei-ras chamas. O povo, do lado de fora, aplaudia.Das janelas dos prédios vizinhos uma chuva depapel picado saudava as manifestações con-tra a UNE.

Fatos & FotosBrasília, DF, 4 de abril de 1964 - Nº 166

JÚLIO MESQUITA (1891 / 1927)SQUITA FILHO ANO LXXXV TERÇA-FEIRA, 7 DE ABRIL DE 1964

O ESTADO DE S.

No QG do II Exército, oficiais e praças descarregam o vultosomaterial subversivo encontrado em diligência no DCT de SãoPaulo. Foram apreendidos 4.500 volumes enviados de Havana,Moscou, Leningrado e Pequim. (Pág. 16)

O resultado

Com o objetivo de elaborar uma reforma agrária em seu aspecto geral e planificar regionale nacionalmente a sua política e execução, o Governo Goulart criou, em outubro de

1962, a SUPRA � Superintendência da Reforma Agrária. Mas a reforma agrária desejadapelo PCB � Partido Comunista Brasileiro era radical e começara a se esboçar no I Congressodos Lavradores e Camponeses sem Terra, ocorrido em novembro, em Belo Horizonte, noqual Francisco Julião despontou como líder, com a proposta de expropriação imediata degrandes propriedades. A sua postura radical esbarrava na atitude moderada da União dosLavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB). A partir desse I Congresso, oPCB assumiu a palavra de ordem � �reforma agrária na lei ou na marra� Hélio Silva, 1964.Golpe ou Contragolpe? Civilização Brasileira, 1975 � pág 459

NR = Qualquer semelhança com o MST não é mera coincidência.

A REFORMA AGRÁRIA

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21Nº 188 - 31 de Março/2013

Se houve na história da AméricaLatina um episódio sui generis, foia Revolução de Março (ou, se quise-

rem, o golpe de abril) de 1964. Numa décadaem que guerrilhas e atentados espoucavampor toda parte, seqüestros e bombas eramparte do cotidiano e a ascensão do comu-nismo parecia irresistível, o maior esquema

revolucionário já montado pela esquerdaneste continente foi desmantelado da noitepara o dia e sem qualquer derramamento desangue.

O fato é tanto mais inusitado quan-do se considera que os comunistas esta-vam fortemente encravados na adminis-tração federal, que o presidente da Re-pública apoiava ostensivamente a rebe-lião esquerdista no Exército e que emjaneiro daquele ano Luís Carlos Prestes,após relatar à alta liderança soviética oestado de coisas no Brasil, voltara deMoscou com autorização para desenca-dear � por fim! � a guerra civil no campo.Mais ainda, a extrema direita civil, chefi-ada pelos governadores Adhemar deBarros, de São Paulo, e Carlos Lacerda,da Guanabara, tinha montado um imensoesquema paramilitar maisou menos clandestino,que totalizava não me-nos de 30 mil homens ar-mados de helicópteros,bazucas e metralhadorase dispostos a opor à ou-sadia comunista uma re-ação violenta. Tudo es-tava, enfim, preparadopara um formidável ba-nho de sangue.

Na noite de 31 demarço para 1o. de abril,uma mobilização militar meio improvisa-da bloqueou as ruas, pôs a liderançaesquerdista para correr e instaurou umnovo regime num país de dimensões con-tinentais � sem que houvesse, na gigan-tesca operação, mais que duas vítimas:um estudante baleado na perna aciden-talmente por um colega e o líder comu-nista Gregório Bezerra, severamente mal-tratado por um grupo de soldados noRecife. As lideranças esquerdistas, que

A HISTÓRIA OFICIAL DE 1964até a véspera se gabavam de seu respal-do militar, fugiram em debandada paradentro das embaixadas, enquanto a ex-trema-direita civil, que acreditava ter che-gado sua vez de mandar no país, foicuidadosamente imobilizada pelo gover-no militar e acabou por desaparecer docenário político.

Qualquer pessoa no pleno uso darazão percebe que houve aí um fenôme-no estranhíssimo, que requer investiga-ção. No entanto, a bibliografia sobre operíodo, sendo de natureza predominan-temente revanchista e incriminatória,acaba por dissolver a originalidade doepisódio numa sopa reducionista ondetudo se resume aos lugares-comuns da�violência� e da �repressão�, incumbi-dos de caracterizar magicamente umaetapa da história onde o sangue e a mal-dade apareceram bem menos do que se-ria normal esperar naquelas circunstân-cias.

Os trezentos esquerdistas mortosapós o endurecimento repressivo comque os militares responderam à reaçãoterrorista da esquerda, em 1968, repre-

sentam uma taxa de vi-olência bem modestapara um país que ul-trapassava a centenade milhões de habitan-tes, principalmentequando comparada aos17 mil dissidentes as-sassinados pelo regi-me cubano numa po-pulação quinze vezesmenor. Com mais niti-dez ainda, na nossa es-cala demográfica, os

dois mil prisioneiros políticos que che-garam a habitar os nossos cárceresforam rigorosamente um nada, em com-paração com os cem mil que abarrota-vam as cadeias daquela i lhota doCaribe. E é ridículo supor que, na época,a alternativa ao golpe militar fosse a norma-lidade democrática. Essa alternativa sim-plesmente não existia: a revolução destina-da a implantar aqui um regime de tipo fidelistacom o apoio do governo soviético e da

Conferência Tricontinental de Havana já iabem adiantada. Longe de se caracterizarpela crueldade repressiva, a resposta militarbrasileira, seja em comparação com os de-mais golpes de direita na América Latinaseja com a repressão cubana, se destacoupela brandura de sua conduta e por suahabilidade de contornar com o mínimo deviolência uma das situações mais explosivasjá verificadas na história deste continente.

No entanto, a historiografia oficial �repetida ad nauseam pelos livros didáticos,pela TV e pelos jornais � consagrou umavisão invertida e caricatural dos aconteci-mentos, enfatizando até à demência os fei-tos singulares de violência e omitindo sis-tematicamente os números comparativosque mostrariam � sem abrandar, é claro, asua feiúra moral � a sua perfeita inocuidadehistórica.

Por uma coincidência das mais irôni-cas, foi a própria brandura do governo mi-litar que permitiu a entronização da mentiraesquerdista como história oficial. Inutiliza-da para qualquer ação armada, a esquerdase refugiou nas universidades, nos jornaise no movimento editorial, instalando aí suaprincipal trincheira. O governo, influencia-do pela teoria golberiniana da �panela depressão�, que afirmava a necessidade de

uma válvula de escape para o ressentimentoesquerdista, jamais fez o mínimo esforçopara desafiar a hegemonia da esquerdanos meios intelectuais, considerados mi-litarmente inofensivos numa época emque o governo ainda não tomara conhe-cimento da estratégia gramsciana e nãoimaginava ações esquerdistas senão de na-tureza inssurrecional, leninista. Deixados àvontade no seu feudo intelectual, os derro-tados de 1964 obtiveram assim uma vingan-ça literária, monopolizando a indústria das

interpretações dofato consumado.E, quando a dita-dura se desfez pormero cansaço, aesquerda, intoxi-cada de Gramsci,já tinha tomadoconsciência dasvantagens políticas da hegemonia cultural,e apegou-se com redobrada sanha ao seumonopólio do passado histórico. É por issoque a literatura sobre o regime militar, em vezde se tornar mais serena e objetiva com apassagem dos anos, tanto mais assume otom de polêmica e denúncia quanto mais osfatos se tornam distantes e os personagensdesaparecem nas brumas do tempo.

Mais irônico ainda é que o ódio nãose atenue nem mesmo hoje em dia, quandoa esquerda, levada pelas mudanças do ce-nário mundial, já vem se transformandorapidamente naquilo mesmo que os milita-res brasileiros desejavam que ela fosse:uma esquerda socialdemocrática parlamen-tar, à européia, desprovida de ambiçõesrevolucionárias de estilo cubano. O discur-so da esquerda atual coincide, em gênero,número e grau, com o tipo de oposição que,na época, era não somente consentido como

incentivado pelos militares, que viamna militância socialdemocrática umaalternativa saudável para a violên-cia revolucionária.

Durante toda a história daesquerda mundial, os comunistasvotaram a seus concorrentes, ossocialdemocratas, um ódio muitomais profundo do que aos liberais ecapitalistas. Mas o tempo deu ao�renegado Kautsky� a vitória sobrea truculência leninista. E, se os nos-sos militares tudo fizeram justamentepara apressar essa vitória, por quecontinuar a considerá-los fantasmasde um passado tenebroso, em vez dereconhecer neles os precursores deum tempo que é melhor para todos,inclusive para as esquerdas?

Para completar, muita gentena própria esquerda já admitiunão apenas o caráter maligno esuicidário da reação guerrilheira,mas a contribuição positiva doregime militar à consolidação deuma economia voltada predomi-

nantemente para o mercado interno �uma condição básica da soberania naci-onal. Tendo em vista o preço modestoque esta nação pagou, em vidas huma-nas, para a eliminação daquele mal e aconquista deste bem, não estaria na horade repensar a Revolução de 1964 e remo-ver a pesada crosta de slogans pejorati-vos que ainda encobre a sua realidadehistórica?

(O Globo, 19 de janeiro de 1999)

* Filósofo, Escritor e Jornalista

* Olavo de Carvalho

Tendo em vista o preçomodesto que esta nação

pagou, em vidas humanas,para a eliminação daquele

mal e a conquista deste bem,não estaria na hora de

repensar a Revolução de1964 e remover a pesada

crosta de slogans pejorativosque ainda encobre a sua

realidade histórica?

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Julgamentoda Revolução

PARTICIPAMOS da Revolução de1964 identificados com os anseiosnacionais de preservação das institui-

ções democráticas, ameaçadas pela ra-dicalização ideológica, greves, desordem so-cial e corrupção generalizada.

Quando a nossa redação foi invadidapor tropas anti-revolucionárias, mantivemo-nos firmes em nossa posição. Prosseguimosapoiando o movimento vitorioso desde osprimeiros momentos de correção de rumosaté o atual processo de abertura, que sedeverá consolidar com a posse do futuropresidente.

TEMOS permanecido fiéis aos seusobjetivos, embora conflitando em váriasoportunidades com aqueles que pretende-ram assumir o controle do processo revolu-cionário, esquecendo-se de que os aconteci-mentos se iniciaram, como reconheceu oMarechal Costa e Silva, �por exigência ine-lutável do povo brasileiro�. Sem povo, nãohaveria a revolução, mas apenas um �pro-nunciamento� ou �golpe� com o qual nãoestaríamos solidários.

O GLOBO, desde a Aliança Liberal.,quando lutou contra os vícios políticos daPrimeira República, vem pugnando por umaautêntica democraciae progresso econômi-co e social do país.Em 1964, teria de unir-se aos companheirosde jornadas anterio-res, aos �tenentes ebacharéis� que se man-tinham coerentes comas tradições e os ideais de 1930, aos expe-dicionários da FEB que ocupavam a Chefiadas Forças Armadas, os quais se congrega-ram sob a pressão das grandes marchaspopulares, mudando o curso da nossa his-tória.

ACOMPANHAMOS esse esforço derenovação em todas as suas fases. No perí-odo da ordenação da economia, que seencerrou 1967. Nos meses dramáticos de1968 em que a identificação dos atos deterrorismo provocou a implantação do AI-5. Na expansão econômica de 1969 a 1972,quando o produto nacional cresceu à taxamédia anual de 10%. Assinale-se que, na-quele primeiro decênio revolucionário, ainflação decrescera de 96% para 12,6% aoano, elevando-se as exportações anuais de 1bilhão e 300 mil dólares para mais de 12bilhões de dólares. Na era do impacto dacrise mundial do petróleo desencadeada em1973 e repetida em 1979, a que se seguiramaumentos vertiginosos nas taxas de juros,impondo-nos uma sucessão de sacrifíciospara superar a nossa dependência externade energia, a deterioração dos preços dosnossos produtos de exportação e a desorga-nização do sistema financeiro internacional.Essa conjugação de fatores que violentarama administração de nossas contas externas

obrigou-nos a desvalorizações cambias deemergência que teriam fatalmente de resul-tar na exacerbação do processo inflacioná-rio. Nas respostas que a sociedade e o gover-no brasileiro deram a esses desafios, conse-guindo no segundo decênio revolucionárioque agora se completa, apesar de todas asdificuldades, reduzir de 80% para menos de40% a dependência externa na importaçãode energia, elevando a produção de petróleode 175 mil para 500 mil barris diários e a deálcool de 680 milhões para 8 bilhões delitros; e simultaneamente aumentar a fabri-cação industrial em 85%, expandir a áreaplantada para produção de alimentos com 20milhões de hectares a mais, criar 13 milhões denovos empregos, assegurar a presença de mais10 milhões de estudantes nos bancos escolares,ampliar a população economicamente ativa de29 milhões e 500 mil para 45 milhões 797 mil,elevando as exportações anuais de 12 bilhõespara 22 bilhões de dólares.

VOLVENDO os olhos para as realiza-ções nacionais dos últimos vinte anos, há quese reconhecer um avanço impressionante: em1964 éramos a quadragésima nona economiamundial, com uma população de 80 milhões depessoas e uma renda per capita de 900 dólares;

somos hoje a oitava, comuma população de 130milhões de pessoas, euma renda média percapita de 2.500 dólares.

l l lO PRESIDENTE

CASTELLO BRANCO,em seu discurso de pos-

se, anunciou que a revolução visava �a arranca-da para o desenvolvimento econômico, pelaelevação moral e política�. Dessa maneira,acima do progresso material, delineava-se oobjetivo supremo da preservação dos prin-cípios éticos e do restabele-cimento do es-tado de direito. Em 24 de junho de 1978, oPresidente Geisel anunciou o fim dos atos deexceção, abrangendo o AI-5, o decreto-lei477 e demais Atos Institucionais. Com isso,restauravam-se as garantias da magistraturae o instituto do habeas-corpus. Cessava acompetência do Presidente para decretar ofechamento do Congresso e a intervençãonos Estados, fora das determinações cons-titucionais.

Perdia o Executivo as atribuições desuspender direitos políticos, cassar manda-tos, demitir funcionários e reformar milita-res. Extinguiam-se as atividades da CGI(Comissão Geral de Inquérito) e o confiscosumário de bens. Desapareciam da legisla-ção o banimento, a pena de morte, a prisãoperpétua e a inelegibilidade perene dos cas-sados. Findava-se o período discricionário,significando que os anseios de liberalizaçãoque Castello Branco e Costa e Silva manifes-taram em diversas ocasiões e que Médicivislumbrou em seu primeiro pronunciamen-to finalmente se concretizavam.

Nos meses dramáticosde 1968 em que a

identificação dos atos deterrorismo provocou aimplantação do AI-5.

Roberto Marinho

O GLOBORio de Janeiro, 07 de outubro de 1984 Com detalhes em nada menos de quatro pági-

nas, O POVO (10.09.00) publicou impor-tante trabalho do jornalista Benedito Teixeiramostrando o que representa, para o trabalhadorbrasileiro, a aposentadoria do Funrural, que é,sem nenhum favor, a mais revolucionária obrasocial dos últimos cinqüenta anos. O jornalistaconstatou que é comum estafrase entre os comerciantesdo interior: �Se não fossemos aposentados, estávamosquebrados�, pois, �as ven-das do comércio se resu-mem praticamente ao perí-odo de pagamento das apo-sentadorias�.

O que se estranha,quando o assunto é aposen-tadoria rural, é que se omitaos responsáveis pela suacriação. Seus autores nuncaandaram nos microfones enos jornais com a demago-gia do �social�, dos �excluídos�, dos �sem� issoe aquilo. Pelo contrário, o problema ideológicoainda não permitiu que os brasileiros fizessemjustiça a dois eminentes generais que, no exercícioda Presidência da República, criaram, em 69 e 71,a aposentadoria rural. Um deles, porque foiobrigado a agir com mão de ferro contra o terro-rismo, é acusado de responsável pelo que cha-mam �anos de chumbo�, sem os quais, aliás,ninguém poderia avaliar o que seria o Brasil dehoje.

Em 1º de maio de 69, pelo decreto-lei564, o presidente Costa e Silva estendeu a Pre-vidência Social ao trabalhador rural, especial-mente aos empregados da agroindústriacanavieira. Acolheu exposiçãodo ministro Jarbas Passari-nho, que viajara para a cidadedo Cabo, em Pernambuco,afim de resolver a greve quedeflagraram. Em 1972, pelodecreto 69.919, o presidenteMédici ampliou o plano bási-co elaborado pelo ministroPassarinho. Nascia, então, a Previdência Rural,que hoje beneficia mais de oito milhões de traba-lhadores. Numa média de cinco por família,temos quarenta milhões de brasileiros devida-mente amparados. O Funrural, uma das mai-ores obras sociais do século XX, no Brasil, foiobra de dois generais, Costa e Silva e Médici,acatando exposição de seu ministro-coronelJarbas Passarinho. Quem publicou substan-cioso trabalho sobre o assunto foi ÁlvaroSólon de França, Coordenador do ComitêNacional do Programa de Estabilidade Social,do Ministério da Previdência e AssistênciaSocial e ex-presidente da Associação Nacio-nal dos Fiscais de Contribuições Previden-ciárias (Anfip). É filiado aos PSDB, partidodo governo, insuspeito, portanto, com rela-ção aos governos militares

Com dois generais e um coronel nasceua maior obra social dos últimos 50 anos noBrasil.

Se falam tanto em desigualdade sociais,não podem omitir a aposentadoria rural comoinstrumento poderoso para reduzi-las, com grandeinfluência na economia de mais de três mil muni-cípios.

É ela que fixa as pessoas em seus municí-pios de origem, evitando o êxodo principalmente

FUNRURAL, SOCIAL E POLÍTICO*Themístocles de Castro e Silva

Com dois generaise um coronel

nasceu a maiorobra social dos

últimos 50 anos noBrasil.

Presidente Médici

para as cidades superpovoadas. Muitos aposen-tados e pensionistas figuram como elementos desustentação social, não por ganharem bem, maspor garantiram, com suas modestas aposentado-rias, o sustento de suas famílias. É o que acontece,por exemplo, com os trabalhadores rurais. Ex-plorados, durante décadas, nas fazendas por

ganhos mensais muitas vezes emtorno de R$ 40,00, eles têm suarenda triplicada quando passama receber o benefício a que fazemjus após a aposentadoria. Masquando se aposentam, elas nãoapenas aumentam consideravel-mente sua renda, como passam areceber em dia, - diz o Dr. ÁlvaroSólon.

Para que se tenha idéiado que representa a aposentado-ria rural, basta que se diga oseguinte: em 90% dos municípi-os brasileiros, o pagamento debenefícios é superior à arrecada-

ção previdenciária no próprio município. Al-guns exemplos: Solidão, (PE): com arrecadaçãode mil e poucos reais, paga mais de um milhão debenefícios; Aracati (CE), arrecada mil e setecen-tos e paga dezenove milhões; Araripe, arrecadaapenas 124 mil e paga três milhões; Quixadá,arrecada dois milhões e paga vinte e dois; Juazeiro,arrecada 10 milhões e paga 44 (34 a mais). AtéFortaleza, arrecada 412 milhões e paga 482(setenta milhões a mais).

Outro detalhe importante: em 3.358 dos5.507 municípios brasileiros avaliados (60,97%),o volume de pagamento de benefícios pre-videnciários efetuados pelo INSS supera o Fun-do de Participação dos Municípios. Ao contrá-

rio do que muitos poderiam ima-ginar, isso não ocorre apenas noNordeste, mas em todo o País,incluindo estados ricos. No Riode Janeiro, em 75 dos 91 muni-cípios, os benefícios previden-ciários superam o FPM, o querepresenta 82,41%, no EspíritoSanto, em 64 dos 77 municípi-

os; em Minas Gerais, em 527 dos 853 municípi-os; em São Paulo, em 478 dos 645 municípios(74,10%). No Nordeste, o recorde fica comPernambuco (81,52%), onde em 150 dos 184municípios o pagamento de benefícios supera oFPM. O segundo lugar fica com a Bahia (66,98%),em que 278 dos 415 municípios.

Quem é capaz de avaliar o que seria hojedo Brasil, se esses oito milhões de trabalhadoresrurais não tivessem aposentadoria e se transfor-massem com suas famílias em presa fácil dos�sem-terra�, o que não seria difícil, pelas dificul-dades que estariam enfrentando? Também jáavaliaram quantas favelas a mais teriam nascidono País, com esses oito milhões de pobres atrásde alimentos e moradia, pois nada encontraramem sua terra de origem?

Não adianta a esquerda espernear, por-que a História fala mais alto do que a frustraçãoideológica .

A maior obra social dos últimos 50 anosfoi iniciativa de dois generais: Costa e Silva eEmílio Médici, com a colaboração decisiva de umCoronel, Jarbas Passarinho, ministro quatro ve-zes e um dos maiores talentos da vida públicabrasileira nas últimas décadas.

* Jornalista

�O POVO� - Fortaleza/CE, 26.11.00

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As opções políticasna década de 1960

Um dos mais caros mitos é o de quemilitares maldosos, aliados à �burguesia� nacio-nal �ameaçada em seus privilégios� � e subordi-nados às demandas maquiavélicas dos EEUU �resolveram abortar pelas armas a políticaconduzida por um governo legítimo e que atendiaaos �anseios populares�.

Em primeiro lugar nega-se o fato de queem 1959 a geopolítica da América Latina (AL)havia virado do avesso pela tomada do poder emCuba por Castro, que logo assumiu sua condiçãode comunista e se aliou à URSS. Seguiu-se umbanho de sangue de proporções inimagináveis� do qual é proibido falar! � e a lenta eprogressiva instalação na ilha de numerososinstrutores soviéticos que adestraram tropascubanas e formaram e exportaram guerri-lheiros e terroristas, e restruturaram o siste-ma de Inteligência. Através desta �cabeça deponte� aumentou sobremaneira a influênciada URSS na AL. Os jornais noticiavam diari-amente as tentativas de derrubada do governolegitimamente eleito da Venezuela, país chavepela produção petrolífera. O próximo objeti-vo estratégico era o Brasil, País imenso, já emfase inicial de industrialização e cujas ForçasArmadas representavam um poderoso obstá-culo à penetração comunista no Continente.

Outro fator só mais recentemente veioà luz devido à defecção de Anatoliy Golitsyn,oficial graduado da KGB. Em 1959, duranteo período de desestalinização da URSS,Alieksandr Shelepin apresentou um relatórioao Comitê Central do PCUS mostrando anecessidade de que os órgãos de segurançavoltassem a suas funções originais de desin-formação, exercidas pela OGPU (1922-34).A partir de então toda notícia do mundo co-munista era baseada em informações emana-das e/ou alteradas pelo Departamento D(Desinformatziya) da KGB.

25 de agosto de 1961, renúncia de JânioQuadros marca um momento importante. OVice, João Goulart, encontrava-se na China edeclarou que iria comandar o processo de�reformas sociais� tão logo assumisse. OsMinistros Militares e amplos setores civis seopuseram à posse de Jango por suas notóriasligações com a esquerda. Seu cunhado Brizola,Governador do Rio Grande do Sul reagiu, oComandante do Terceiro Exército, Gen Ma-chado Lopes, ficou do lado dele e o Brasilesteve à beira da guerra civil. A Força Aéreachegou a dar uns tiros no Palácio Piratini.Brizola tomou todas as rádios de Porto Ale-gre e obrigou as demais a entrarem em cadeia,a Cadeia da Legalidade! E lá estava eu, �co-mandando� uma mesa em plena rua, a uns 4graus, com uma lista de assinaturas para quem

DESFAZENDO ALGUNS MITOS SOBRE 1964*Heitor De Paola

quisesse �pegar em armas pela legalidade�, atu-ando em conjunto com membros do extinto PCB.Com a emenda parlamentarista tudo se acalmoumas em janeiro de 63, num plebiscito nadaconfiável o País retorna ao Presidencialismo.

Fiz parte da Juventude Trabalhista e sónão entrei para os Grupos dos 11, do Brizola,sobre os quais hoje quase se nada se ouve, porquenão tinha idade e, portanto, não era confiável. Noinício dos anos 60 o hoje santificado Betinho,junto com o Padre Vaz, elaborou o �DocumentoBase da Ação Popular (AP)�, que previa ainstalação de um governo socialista cristão noBrasil. Mas o documento em que a AP se decla-rava francamente a favor da instalação de umaditadura ao estilo maoísta foi mantido secreto atépara os militantes da base. Só vim a ter contatocom ele através de Duarte Pacheco (um dosmembros do Comando Nacional de AP) emagosto de 65, quando eu já era mais �confiável�.O documento, que era obviamente o produto deuma luta interna na esquerda mundial, defendia aluta em três etapas: reivindicatória (movimentospopulares, greves); política (início das guerrilhasno campo, como na China e Vietnã) e ideológica(a formação do Exército Popular de Libertação).Contrariava a teoria do foco guerrilheiro, prefe-rida por Guevara e Debray.

O MASTER (nome do MST da época),do Brizola, invadia terras no Rio Grande do Sul(como a do Banhado do Colégio, em Camaquã) eas Ligas Camponesas, de Francisco Julião, comapoio explícito do Governador Arraes, no Nor-deste. A CGT, (presidida por Dante Pelacani),a UNE (José Serra) propunham abertamenteum golpe com fechamento do Congresso.

Armas tchecas começaram a surgir. O ano de1963 foi uma agitação só. O movimento estudan-til, do qual posso falar, estava dividido entre aAção Popular (AP) e o PCB. Quem não viveuaqueles tempos dificilmente pode imaginar onível de agitação que havia por aqui. O reiníciodas aulas em março de 1964 praticamente nãohouve.

Num encontro em Pelotas,onde eu estudava Medicina, como último Ministro da Educaçãodo Jango, Sambaqui, no início demarço, ele nos revelou que tudocomeçaria com o comício marca-do para o dia 13, em local proibi-do para manifestações públicas(em frente ao Ministério da Guer-ra) já em desafio aberto e simbó-lico à lei, seria continuado pelolevante dos sargentos do Exércitoe da Marinha � formando verda-deiros soviets � e pelos Fuzilei-ros Navais em peso, comandadospelo �Almirante do Povo�,Aragão. Pregava-se a subversãoda hierarquia e disciplina milita-res. Seguir-se-ia pelo já programado discurso deJango no Automóvel Clube do Brasil. A pres-são final sobre o Congresso seria em abril emaio: se não aprovasse as �reformas de base�seria fechado com pleno apoio popular.

Na mesma época, participei de umaação comandada por um agitador da Petrobráse da SUPRA (Superintendência da ReformaAgrária), em Rio Grande, pela encampação daRefinaria de Petróleo Ipiranga o qual, numdiscurso na Prefeitura, declarou que a Repú-blica Socialista do Brasil estava próxima. Asocorrências de março só confirmaram a cons-piração acima mencionada. No comício do dia13 Brizola pregou o fechamento do Congres-so se não aprovasse as tais �Reformas deBase� (na lei ou na marra) � ninguém me con-tou, eu ouvi no rádio. Prestes dizia que oscomunistas já estavam no Governo, só falta-va tomarem o Poder.

Não havia, pois, opção democrática algu-ma. Restava decidir se teríamos o predomíniodos comunistas ou uma reedição do Estado Novoou de uma ditadura peronista, chefiados porJango. As passeatas civis estavam nas ruasexigindo fim da baderna e em apoio ao Congresso.Sugerir que se devia esperar que Jango desse ogolpe para depois tirá-lo, me parece uma idéialegalista infantil, pois então teria que ser muitomais cruento. Foi, na verdade, um contragolpecívico-militar preventivo.

Participação dosEstados Unidos

Outro mito é sobre a participação ameri-cana no �golpe� de 64. Chamada de �OperaçãoThomas Mann� (nome do então Secretário deEstado Adjunto para a AL) não passa de umamentira baseada em documentos forjados peloDepartamento D já citado, através da espiona-gem Tcheca. Quem montou a operação foi oespião Ladislav Bittman que, em 1985 reveloutudo no seu livro The KGB and Soviet Disin-formation: An Insiders View, Pergamon-Brasseys, Washington, DC, 1985. Segundo suasdeclarações �A Operação foi projetada para criarno público latino-americano uma prevenção

contra a política linha dura americana, incitardemonstrações mais intensas de sentimentosantiamericanos e rotular a CIA como notóriaperpetradora de intrigas antidemocráticas�.Outra fonte é o livro de Phyllis Parker Braziland the Quiet Intervention: 1964, Univ. of TexasPress, 1979, onde fica claro que os EEUU

acompanhavam a si-tuação de perto, fazi-am seus lobbies e suapolítica com a costu-meira agressividade, etinham um plano Bpara o caso de o Paísentrar em guerra civil.Entretanto não háprovas de que os Esta-dos Unidos instiga-ram, planejaram, di-rigiram ou participa-ram da execução do�golpe� de 1964.

Embora as re-velações tenham sidotornadas públicas em

79/85, a imprensa brasileira nada publicou arespeito não permitindo que a opinião públi-ca tomasse conhecimento da mentira quedurante anos a enganou. Apenas a RevistaVeja na sua edição nº 1777, de 13/11/02, pu-blica a matéria �O Fator Jango� de autoria deJoão Gabriel de Lima, onde este assunto éabordado.

A luta armada e o AI-5Finalmente, o mito de que brasileiros

patriotas e democratas se levantaram em ar-mas contra o �endurecimento da ditadura�através do Ato Institucional Nº 5, de 13 dedezembro/1968.

Em julho de 1965, na primeira tentati-va de restabelecer a UNE, extinta pela LeiSuplicy, foi realizado um Congresso no Cen-tro Politécnico em SP no qual fui eleito Vice-Presidente de Intercâmbio Internacional. Emoutubro fui preso em Fortaleza, o que impe-diu minha ida ao Congresso da UIE na Mon-gólia, onde seria traçada uma estratégia derecrudescimento da violência revolucionáriana AL. De 1966 � ano da Conferencia Tricon-tinental de Havana e da Organización LatinoAmericana de Solidariedad (OLAS) � a 1968participei, no Sul, das intensas discussõesclandestinas sobre a luta armada conduzidaspor militantes da AP treinados em Pequim.Em janeiro de 1968, 11 meses antes da ediçãodo AI-5, a luta foi implementada por todasas organizações revolucionárias, menos oPCB. A AP �rachou�, eu fiquei do lado con-trário à maluquice da luta armada e saí, não semsofrer posteriormente sérias ameaças de meus�companheiros�. Logo depois, mudou o nomepara Ação Popular Marxista-Leninista do Bra-sil, o que já estava previsto no citado docu-mento secreto. Como vários autores maiscredenciados já têm se manifestado sobreisto, não vejo necessidade de mais paradeixar claro que o A-I 5 não passou de umareação ao incremento das atividades revo-lucionárias.

Rio de Janeiro, 20/4/2004(Publicado no Inconfidência nº 108 de 30/04/2007

* Escritor, psicólogo e comentarista político

Revista da UNE - Movimento 10 (Abril / 1963)Assuntos publicados: Solidariedade a Cuba,Venezuela em Revolução, A Reforma Agrária

Basta olhar quem hoje está no poder político da Nação para perceber que sãoos derrotados militarmente em 1964, que venceram uma das batalhas mais

importantes: a cultural. Refugiando-se nesta área negligenciada pelos gover-nos militares, e baseando-se na desinformação e nas teses de Gramsci, passarama escrever grande parte da história, principalmente aquela de alcance público,acadêmico e nas escolas de todos os níveis, novelas e minisséries de TV.Tornaram-se �donos� dos significados das palavras. Temos hoje muito maismitologia induzida do que história ocorrida. É trabalho para décadas � sehouver liberdade para tanto � desfazer todos os mitos dos chamados �anos dechumbo�. Darei minha modesta contribuição, falando daquilo que vivenciei.

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Eis um extrato do editorial do �Correio da Manhã�, de 31 de março de 1964 na alvorada darevolução intitulado �Basta!�:

"Basta! Até que ponto o Presidente da República abusará da paciência da nação? Até queponto pretende tomar para si, por meio de decretos-lei, a função do Poder Legislativo? Até queponto contribuirá para preservar o clima de intranqüilidade e insegurança que se verificapresentemente na classe produtora? Até quando deseja levar ao desespero, por meio da inflaçãoe do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até quando quer desagregaras Forças Armadas por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?"

E, no dia seguinte, mais pesado ainda, o editorial do �Fora!�:"O artigo 83, parágrafo único: o Presidente da República prestará, no ato da posse, este

compromisso: prometo manter, defender e cumprir a Constituição da República, observar as suasleis, promover o bem geral do Brasil, sustentar-lhe a união, a integridade e a independência.

Este foi o juramento prestado pelo Sr. João Goulart, no dia 7 de setembro de 1961, peranteo Congresso Nacional.

Jurou e não cumpriu. Não é mais Presidente da República. Fora!A nação não suporta mais a permanência do Sr. João Goulart à frente do Governo. Chegou

ao limite final a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulartsenão a de entregar o governo ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart:Saia!

"Queremos que o Sr. João Goulart devolva ao Congresso, devolva ao povo o mandato queêle não soube honrar.

Nós do Correio da Manhã defendemos intransigentemente em agosto e setembro de 1961a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem,queremos preservar a Constituição. O Sr. João Goulart deve entregar o Governo ao seu sucessor,porque não pode mais governar o país.

A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nóscontinuaremos a defendê-las.� Correio da Manhã, 1 de abril de 1964.

31/03/64 - FOLHA DA TARDE - (Do edi-torial, A GRANDE AMEAÇA) �...cuja sub-versão além de bloquear os dispositivos desegurança de todo o hemisfério, lançaria nasgarras do totalitarismo vermelho, a maior popu-lação latina do mundo...�

31/03/64 - JORNAL DO BRASIL - �Quemquisesse preparar um Brasil nitidamente comu-nista não agiria de maneira tão fulminante quantoa do Sr. João Goulart a partir do comício de 13de março...�

01/04/64 - ESTADO DE SÃO PAULO -SÃO PAULO REPETE 32 �Minas desta vezestá conosco�... �dentro de poucas horas, essasforças não serão mais do que uma parcela mínimada incontável legião de brasileiros que anseiampor demonstrar definitivamente ao caudilho quea nação jamais se vergará às suas imposições�.

01/04/64 - JORNAL DO BRASIL - �Desdeontem se instalou no país a verdadeira legalida-de:�... �restabelecer a legalidade que o caudilhonão quis preservar, violando-a no que de maisfundamental ela tem: a disciplina e a hierarquiamilitares�. A legalidade está conosco e não como caudilho aliado dos comunistas�.

02/04/64 - O GLOBO - �Fugiu Goulart e ademocracia está sendo restaurada�... �atenden-do aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade eprogresso... as Forças Armadas chamaram a si a

AOS JOVENS, AOS MENTIROSOS, AOS PROFESSORES,AOS JORNALISTAS E AOS ESQUECIDOS

A "Marcha da Família com Deus pelaLiberdade" reuniu mais de 1 milhão depessoas no dia 02 de abril de 1964, no

Rio de Janeiro (Manchete EdiçãoHistórica/64)

Responsabilidade totalO país inteiro atravessa, neste momento,

uma crise de profunda tensão que tem a sua origemna decisão insensata do Presidente da Repúblicade comparecer a um comício, convocado peloscomunistas, sob o pretexto de propaganda dasreformas de base, mas, na verdade, com o intuitoóbvio de fazer agitação e promover desordem.

A realização do meeting sob a égide doscomunistas constitui em si mesma um desafio àsfôrças democráticas e, o que é muito mais graveainda, às Fôrças Armadas que o Presidentetransforma em guarda-costas, obrigando-as aformar, aos milhares, numa triste demonstra-ção de desconfiança no povo, para protegê-locontra possíveis demonstrações de repulsadaqueles que não se acham de acôrdo com o seuinsultuoso procedimento, comparecendo a umato em lugar proibido pela lei, para falar ao lado depelegos e incitar as multidões contra o CongressoNacional.. (...)

O JORNALRIO DE JANEIRO - 15/03/64

tarefa de restaurar a Nação na integridade de seusdireitos, livrando-a do amargo fim que lhe estavareservado pelos vermelhos que haviam envolvi-do o Executivo Federal�.

02/04/64 - JORNAL DO BRASIL - �Brizolanega renúncia de Goulart e prega ocupação dequartéis por sargentos�. �Paulistas jogam papele cantam Hino na queda do Presidente Goulart�.

02/04/64 - CORREIO DA MANHÃ -�Lacerda anuncia volta do país à democracia.�

05/04/64 - O GLOBO - �A Revoluçãodemocrática antecedeu em um mês a revoluçãocomunista�.

06/04/64 - JORNAL DO BRASIL -�PONTES DE MIRANDA diz que FFAA vi-olaram a Constituição para poder salvá-la!�

09/04/64 - JORNAL DO BRASIL - �Con-gresso concorda em aprovar Ato Institucional�.

10/04/64 - JORNAL DO BRASIL -�Partidos asseguram a eleição do GeneralCastello Branco�.

16/04/64 - JORNAL DO BRASIL -�Rio festeja a posse de Castello�.

18/04/64 - JORNAL DO BRASIL -�Castelo garante o funcionamento da Justiça�.

21/04/64 - JORNAL DO BRASIL -�Castelo diminui nível de aumento aos milita-res�. Corte propõe aumento aos militares com50% menos do que tabela anterior�.

EDITORIAIS DO CORREIO DA MANHÃ

RECORDAR É FAZER JUSTIÇA!!! ESQUECER, TAMBÉM É TRAIR!!!

A "Marcha da Famíliacom Deus pela Liberdade"

na Av. Rio Branco

�Seria rematada loucura continuarem as forças democráticasdesunidas e inoperantes, enquanto os inimigos do regime vão, paula-tinamente, fazendo ruir tudo aquilo que os impede de atingir o poder.Como dissemos muitas vezes, a democracia não deve ser um regimesuicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para nãoincorrer no risco de ferir uma legalidade que seus adversários são osprimeiros a desrespeitar� (O Globo de 31 de março de 1964)

�(...) Além de que os lamentáveis acontecimentos foram o resultadode um plano executado com perfeição e dirigido por um grupo jáidentificado pela Nação Brasileira como interessado na subver-são geral do País, com características nitidamente comunistas�.(Correio do Povo de 31 de março de 1964)

� O Exército  e os desmandos do Presidente�.Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica fora suficiente para

anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem naMarinha assumia as dimensões de um verdadeiro desastre nacional�.(Estado de São Paulo de 31 de março de 1964)

�Aquilo que os inimigos externos nunca conseguiram, começaa ser alcançado por elementos que atuam internamente, ou seja,dentro do próprio País. Deve-se reconhecer, hoje, que a Marinhacomo força organizada não existe mais. E há um trabalho pertinazpara fazer a mesma coisa com os  outros dois ramos das ForçasArmadas�. (Folha de São Paulo de 31 de março de 1964)

�Atualmente, no presente governo, que ainda se diz democrata, aideologia marxista e mesmo a militância comunista indisfarçadaconstituem recomendação especial aos olhos do governo. Como se jáestivéssemos em pleno regime �marxista-leninista�, com que sonhamos que desejam incluir sua pátria no grande império soviético, àsordens do Kremlin. (...)� Diário de Notícias, 1 de abril de 1964.

Tribuna da Imprensa - 21/03/64

�Dezenas de automóveis trafegaram pelo centro da cidade, tocando suas businas, em sinal dealegria pela vitória da democracia em todo o País. As estações de rádio e televisão, que estavam sobcensura, iniciaram suas transmissões normais, pouco depois das 17 horas. Os contingentes defuzileiros navais que ocupavam as redações de alguns jornais, foram recolhidos aos quartéis.

Por volta das 17,15, o Forte de Copacabana anunciava, com uma salva de canhão, a aproximaçãodas tropas do general Amaury Kruel, que atingiria o Estado da Guanabara às últimas horas da noitede ontem. A população de Copacabana saiu ás ruas, em verdadeiro Carnaval, saudando as tropasdo Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão,nas ruas, ao seu contentamento. (...)� O Dia, 2 de abril de 1964. 

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25Nº 188 - 31 de Março/2013

Não é apenas com a satisfação conseqüen-te a um acontecimento tão significativonos destinos de nossa nacionalidade,

mas com verdadeiro júbilo, que me dirijo aoExército Brasileiro neste 1º Aniversário da Revo-lução Democrática ,de 31 de março de 1964.

Proclamo ainda a legítima ufania de ser oComandante deste Exército que não desmentiusua formação democrática e, como autênticorepresentante do povo, identificou-se com asaspirações populares e cristãs no patrióticomovimento libertador ensejado pela Revolução.

Um breve retrospecto apontará com todaa veracidade que, em inequívoca sintonia depensamento e de atos com a Marinha e a Aero-náutica, contribuiu o Exército apenas decorridoum ano daquele memorável evento, para a plenareintegração das Fôrças Armadas na missãonobilitante de garantidoras dos poderes consti-tucionais, da lei e da ordem. Empenhou-seativamente na manutenção dos princípios e dahierarquia militar e influiu acentuadamente paraque se concretizasse o sentido ideológico daRevolução.

Presentemente, alia esforços, orientadospela Segurança Nacional, aos empreendimentose labores dos cidadãos de tôdas as classes sociais.Está porfiando para corresponder às benessesproporcionais pela prática de uma filosofiademocrática, autenticamente justa, próspera,cristã, forte, magnânima e propiciadora de feli-cidades. Assegura pleno apoio às indispensáveise inadiáveis reformas de nossa estrutura sócio-econômica, para que realmente se possa oferecerigualdade de direitos e de oportunidades a todos.

ORDEM DO DIA

1º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 31 DE MARÇO

Sob a autoridade suprema do Excelen-tíssimo Senhor Presidente da República, o inclitoMarechal HUMBERTO DE ALENCARCASTELLO BRANCO que, com serena per-severança de chefe experimentado, conduz arestauração moral, social e econômica do País,muito tem colaborado o Exército para orestabelecimento do regime democrático e para apurificação de nossos costumes políticos e admi-nistrativos.

Os brasileiros de amanhã, tanto quanto osda geração atual, estarão capacitados a aquilataros benefícios da ação desinteressada dos milita-res de todos os postos e graduações, visando alibertar da mistificação e da demagogia aquêlesque enveredavam pela senda do extremismocomunizante.

Nunca será demais rememorar a tristeiminência em que esteve nosso país de seravassalado pelos sectários soviéticos, chinesesou cubanos. É de se lamentar que para a implan-tação dêsse jugo físico e mental se tivessemconluiado muitos brasileiros, uns desavisados eoutros convictamente subversivos, inclusive al-guns que hoje apregoam pretenso terrorismocultural, por parte da Revolução.

Desconhecem ou fingem desconhecerêsses figurantes dos palcos esquecidos, que oExército não é animado por propósitos obscu-rantistas nem opressivos. Estão deslembradosdo clima político angustiante, da aproximação docaos social, dos fatídicos prenúncios econômi-cos e da perda progressiva de liberdade, quecaracterizavam o quadro da situação nacionalanterior a de 31 de março do ano passado, sob a

égide de um govêrno infiltrado de comunistas.Será necessário repetir que tudo isso mudou eque não mais pontificam nem se desmandamtantos organismos espúrios?

Acredito ter sido o ano revolucionário umperíodo de realizações da atual administração doExército, que bem retrata o espírito dinâmico erenovador da Revolução no seio das FôrçasArmadas.

Está sendo ultimada a estruturação doExército, através do anteprojeto da Lei de Orga-nização Básica, submetido à apreciação do AltoComando.

A correção das distorções da Lei dePromoções de Oficiais constou de exposição demotivos ao Poder Executivo, acompanhada docompetente anteprojeto.

A reorganização e a rearticulação dasForças Terrestres, em bases eminentementeobjetivas e realísticas, serão postas em execuçãosegundo medidas disciplinadoras a cargo doEstado-Maior do Exército.

O Fundo do Exército, cogitação das maispromissoras, propiciará não só oreaparelhamento das Unidades como os recur-sos substanciais, de que tanto carece o Ministé-rio da Guerra, para prover a assistência social.

Não obstante a compressão de despesa,inerente à recuperação financeira do País, oExército aplicará verbas do Plano de Obras,ainda no corrente ano, construindo cerca de milmoradias nas guarnições mais afastadas. Comesta providência serão minoradas as condiçõesdifíceis de vida que enfrentam tanto oficiais,sargentos e seus familiares.

Estou perfeitamente a par da justa preo-cupação de muitos militares da ativa e da reservae de inúmeros cidadãos, devotados ao bem co-mum da Pátria, sôbre possíveis tramasconspiratórias de ex-arautos e aproveitadores dasubversão.

Asseguro a todos que o Exército, em apoioaos postulados da Revolução e receptivo aosanseios da maioria esmagadora de nossospatrícios, está vigilante e aprestado para impedirqualquer tentativa de retorno dos subversivos edos corruptos.

A coesão sempre fortalecida das FôrçasArmadas, em tôrno da legítima autoridade doExcelentíssimo Senhor presidente da República,será penhor de crescente consolidação e conti-nuidade da obra revolucionária.

O povo brasileiro, que no momento azadosoube fazer a opção entre comunismo e democra-cia, insurgindo-se pelo direito de assegurar asobrevivência cultural nos padrões que lhe sãomais caros, não terá motivos para ver fraudadassuas esperanças em nosso porvir.

O Exército Nacional permanecerá de ata-laia - como sempre estêve � assegurando aliberdade com autoridade e responsabilidade,contribuindo com a parcela de segurança indis-pensável à obtenção da riqueza sem privilégiose sem corrupção. Não desmerecerá da confiançaque o povo lhe tributa. Não se desviará da retidãode seu comportamento histórico. Tudo envidará,quaisquer que sejam os óbices, para o prossegui-mento do Brasil na sua destinação gloriosa.

Gen-Ex Arthur da Costa e SilvaMinistro da Guerra

AO EXÉRCITO BRASILEIRO

Um retrato da caótica situação no Brasil antes do movimentode 1964, através das palavras de Carlos Lacerda.

Antes, durante e depois da crise, o Governador Lacerda estêve no centro dos aconteci-mentos. E, como é de seu feitio, pronunciou-se diversas vêzes com a maior veemência. Na tardedo dia 1º de abril, anunciando ao povo a vitória das fôrças comandadas pelo General OlympioMourão Filho, o Governador da Guanabara fêz declarações através do rádio, declaraçõesque constituem verdadeira súmula do que êle dissera até então.

DEPOIMENTO DE CARLOS LACERTA SÔBRE A VITÓRIA DA REVOLUÇÃO

Depois de se dirigir às donas de casa,pedindo-lhes que se mantivessem calmas, oGovernador passou a analisar o Sr. JoãoGoulart, seu Govêrno e as causas que deter-minaram a necessidade do seu afastamento.�De herdeiro de alguns hectares de terra,transformou-se, em poucos anos, em propri-etário de mais de 550 mil hectares - uma áreaigual a quatro vêzes e meia o território daGuanabara.�

E prosseguiu: �Associado do Sr. Wil-son Fadul (que por isso foi ser Ministro daSaúde, e não porque seja um cientista), emquatro anos, com dinheiro do Banco do Brasil,e com dinheiro cuja origem não explica, o Sr.João Goulart transformou-se num dos ho-mens mais ricos dêste País, com três bois porhectare em suas fazendas�.

�O Sr. João Goulart é um leviano quenunca estudou - e não estudou porque nãoquis, não é porque não pôde. E agora, noGovêrno do País, queria levar-nos ao comu-nismo.�

Explicando que dis-cordara da investidura doSr. João Goulart na Presi-dência da República, masterminara aceitando-a, dis-se o Governador Lacerda:�Eu o conhecia bem. Mas,como bom democrata, sub-meti-me à vontade da mai-oria, quando entrou em vi-gor a fórmula do Parlamen-tarismo. Mas o Sr. JoãoGoulart não queria gover-nar. Adulava, de dia, os tra-balhadores que condenavaao desemprêgo, de noite. OSr. João Goulart jurou fide-lidade ao Parlamentarismo, para logo em se-guida impor o plebiscito, e todo o povo votou.Eu não votei porque achava que o plebiscitoera uma palhaçada, e repito que era�.

�Quem quiser fazer reformas deve tera honestidade de dizer que as fará sem refor-

mar a Constituição. Há necessidades de sefazer reformas, e eu acho que se pode fazerisso sem se mexer na Constituição. Mas o Sr.João Goulart não queria isso. Montou umdispositivo sindical nos moldes fascistas,com dinheiro do Ministério do Trabalho,dinheiro roubado do impôsto sindical, rouba-do do salário dos trabalhadores, para pagar as

manifestações debanderinhas e as farrasdos homens do Ministé-rio do Trabalho.�

�Ao mesmo tem-po, começou a criar difi-culdades para a Impren-sa, para os jornais, para orádio e a televisão, inici-ando um processo deescravização dos homenslivres que fazem a im-prensa do nosso País. De-pois de criar as dificulda-des, o Sr. João Goulartoferecia-se para resolvê-las, enquanto dava curso

ao processo de entreguismo do Brasil à Rússia.O Sr. João Goulart foi o maior entreguista quejá teve êste país.�

Continuando seu discurso, acusou oex-Presidente Goulart de iniciar o solapamen-to da autoridade militar, entregando os co-

mandos militares a gente sem prestígio nasFôrças Armadas. �O desprestígio� - disseLacerda - �atingiu a todos os setores doGovêrno, os Ministérios Civis e a própriaCasa Civil da Presidência, onde estava DarcyRibeiro, um instrutor de tupi-guarani, queacabou reitor da Universidade de Brasília semjamais ter sido professor�.

Dizendo que os brasileiros honradosque votaram em João Goulart não tinhamdado seu voto ao comunismo (�portanto Jangoenganou o povo�), Lacerda fêz referênciaselogiosas aos Generais Castello Branco eMourão Filho, atacando em seguida o Almi-rante Aragão (�sem condições para ser almi-rante�), e aludindo ao Cabo José Anselmo:�A Marinha é tão ruim que um cabo podeser estudante de Direito. Em nenhuma Ma-rinha do Mundo, nem nos Estados Unidos,nem na Rússia - um cabo tem tempo paraestudar Direito. E o Sr. João Goulart aco-bertou, patrocinou, estimulou tôda essagente, jogando marinheiro contra soldado,farda contra farda, classe contra classe,brasileiro contra brasileiro�.

�Assim, não era possível que Mari-nha, Aeronáutica e Exército suportassemmais tamanha impostura e tamanha carga detraição.� E concluiu: �Deus é bom. Deus tevepena do povo�.

O Cruzeiro - 10 de abril de 1964.

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26Nº 188 - 31 de Março/2013

N os idos de 1950/1960, AssisChateaubriand comandava o impériojornalístico dos �Diários Associa-

dos� (jornais, revistas, emissoras de rádio e detelevisão), que influenciava a opinião pública,mantinha relações com os altos poderes dogoverno, incluindo aPresidência da Repú-blica, criava ídolos depés de barro, derru-bava quem desejas-se. Tal qual, hoje, asOrganizações Glo-bo, que começaram acrescer no final dadécada de 60, empleno governo �au-toritário� (havia au-toridade).

De comum,entre os dois impéri-os: ontem, o apoioirrestrito ao Movi-mento Cívico-Militar de 1964 e hoje, a mentiradeslavada deturpando as realizações do regimemilitar que levou o país ao maior crescimentojamais registrado em 500 anos, com um PIB de14% e tentando mudar a sua História. Por quê?A máquina da desinformação montada nas

A VERDADE HISTÓRICA

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O Governador Magalhães Pinto, GeneralGuedes e Coronel Valle, aclamados pelo

povo, na Praça da LiberdadeEstado de Minas - 02.04.1964

redações de jornais e rádios e nas centrais detelejornalismo, tudo faz para que a verdade nãoseja conhecida. Preferem a meia verdade ou amentira, divulgadas pelos jornalistas petistasque ocupam 80% das redações e são amantes deFidel, Guevara e Chávez.

O �Estado deMinas� apesar do acer-vo histórico de sua Ge-rência de Documenta-ção (microfilmagem detodos os seus jornais erevistas), não o utilizacomo referência, in-tencionalmente, poisnão é do interesse damídia amestrada e dogoverno petista mos-trar a Verdade à nossagente.

A foto acima,teve a sua legendaposteriormente mo-

dificada em 07.03.2001, para GOLPE, sen-do uma pálida amostra da deturpação mar-xista à nossa História e à Verdade.

Quem tem medo da Verdade?Quem está mentindo?

A resposta é sua, prezado leitor!

�Não caberá em 20 linhas uma tenta-tiva de síntese dos prós e contras à Revoluçãode 31 de Março. Vamos antes ressaltar umdos aspectos que a distinguem entre os de-mais movimentos regeneradores havidos noBrasil e no mundo: é que esta Revoluçãonossa, nem durante o seu deslanchar, nemdepois, na fase de consolidação, jamais susci-tou aparecimento de um chefe carismático, umsalvador. Escapou assim da fatalidade obriga-tória às revoluções de esquerda e de direita, queé se cristalizarem em torno de um ditador,líder ou caudilho. Pois até no Chile, onde ocomunismo se pretendia instalar �por via demo-crática�, o malogrado Allende se ia configurandocomo homem-símbolo, insubstituível.

Aqui, o predomínio militar no movi-mento deu-lhe, singularmente, uma feição

DEPOIMENTO DE RACHEL DE QUEIROZGrandes Acontecimentos da História (Editora Três), nº 10

democrática e tranqüilizadora: a rotatividadedos chefes, que ocupavam os cargos portempo marcado, tal como se faz dentro dasForças Armadas. E isso dos primeiros aosúltimos escalões, a começar pela Presi-dência da República, e sem esquecer ocontingente dos técnicos, que também serevezavam. Assim, quem governa o país érealmente um Sistema, cujos quadros pe-renemente se renovam. Dentro deles, areclamada transição do militar para ocivil se poderá fazer sem choque, à medi-da que os quadros políticos se recuperem e,mormente, recuperem a confiança perdidapela sua responsabilidade no caos econômi-co, social e institucional em que se afundavao país. Caos de que, como é visível enotório, miraculosamente fomos salvos.�

Mal-aventurados os lúcidos porque possuirão a realidade.Mal-aventurados os que de-

sejam a paz e a ordem porque assistirãoa turbulência crescente e verão a desor-dem se alastrando em toda parte.

Mal-aventurados os que amam ajustiça, porque serão feridos e ofendi-dos todos os dias pela injustiça.

Mal-aventurados os que nasce-ram com o duro e difícil amor à pátria,porque serão acusados de reacionáriose apontados à execração pública e so-frerão ofensas e testemunharão atenta-dos a tudo o que veneram.

Mal-aventurados os que amam averdade, porque surgiram neste mundonuma hora polêmica, de indiferença à

Poema de Augusto Frederico Schmidtverdade, e em que se instituiu o culto àmentira e à deformação.

Mal-aventurados os bem-inten-cionados porque serão mal julgados esuas palavras serão deformadas pelosintérpretes e serão enlameados pelagrosseria dos demagogos e mistifica-dores.

Mal-aventurados os lógicos, osque têm necessidade de hierarquia, osque precisam de métodos para respirar,porque nasceram numa hora de surpre-sa, sob o signo do absurdo, numa épocade inversão de valores, em que nada seprocessa com segurança e em ritmo tran-qüilo e justo e certo.

NR: Escrito poucos dias antes de31 de março de 1964

MAL-AVENTURADOS

JORNAL INCONFIDÊNCIA

3ª ParteAssuntos Gerais e Administrativos

Assinatura anualA. VIA POSTAL - Recortar (ou xerocar) e preencher o cupom abaixo, anexandocheque bancário nominal e cruzado, cheque dos correios ou vale postal, no valor deR$ 100,00, em favor do Jornal Inconfidência e remetê-los para para Rua Xingu, 497- Alto Santa Lúcia � CEP 30360-690 � Belo Horizonte � MG - Não enviar dinheiro.B. VIA BANCÁRIA - Depositar ou transferir para o Banco do Brasil o valor de R$100,00� agência 2655-7 - c/c 28172-7 e por e-mail, enviar o quadro preenchido e ocomprovante do pagamento para [email protected], ou telefax(31) 3344-1500, ou ainda o cupom citado e o xerox do pagamento para Rua Xingu,497 - Alto Santa Lúcia - CEP 30360-690 - Belo Horizonte - MG.C. Valores superiores serão muito bem recebidos.D. Informações - e-mail: [email protected]. Renovação da Assinatura � a cargo do interessado (idem providências acima).Verifique no canto inferior direito da etiqueta de endereçamento postal, o mês/anodo vencimento. E RENOVE!!!

PROFISSÃO/POSTO/ GRADUAÇÃO:

NOME COMPLETO:

ENDEREÇO:

BAIRRO: CEP:

CIDADE: UF:

E-MAIL: TEL:

Autorizo a publicação do meu nome SIM NÃO

Se a revolução tivesse sido esmagada na noite de31 de março de 1964:

1 - Brizola seria o ditador marxista.2 - O Brasil seria uma república soviética.3 - Teria havido um sem número de prisões, torturas,

execuções, fugas, expropriações, vinganças.4 - Censura absoluta, jornais, rádios e televisões oficializadas.5 - Milícias em vez de tropas regulares.6 - Nunca se falaria em anistia, pois só os democratas anistiam.

FELIZMENTE, A REVOLUÇÃO DE 1964 VENCEU, COME-TEU ERROS, INJUSTIÇAS, ARBÍTRIOS, MAS QUINZE ANOSDEPOIS ELA TENTA REAPROXIMAR OS BRASILEIROS. É O RISCO DA DEMOCRACIA.

SÓ OS DEMOCRATAS ANISTIAM

Manchete, 07 de julho de 1979David Nasser

O CRUZEIRO EXTRAEdição Histórica da Revolução

10 de abril de 1964Ao fazer ou renovar a sua assinatura, se desejar

receber via postal, um exemplar desta revista com64 páginas, envie mais R$ 20,00, totalizando ovalor de R$ 120,00 ou peça somente a revista.

Esta revista pode ser encontrada nos seguintes locais:1 - Banca de Jornais na Av. Olegário Maciel, em frente ao Hotel Platinum, em Belo Horizonte/MG

2 - Martins Livreiro - Rua Riachuelo, 1291 Centro - Porto Alegre/RS - 3 - [email protected]

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27Nº 188 - 31 de Março/2013

David Nasser não se afastou de suatrincharei um só minuto, apesar de

avisado, pessoalmente, peloGovernador Adhemar de Barros.

O jornalista continuou naGuanabara, em sua trincheira

não apenas de palavras

SABER GANHARpassou por seu banheiro carrapaticida. E ofuturo o julgará pela importância de sua lutana redemocratização de sua Pátria.

AGORA, êles sabem que a sua cora-gem não se conta pelos fios de cabelo, óindecifrável Magalhães Pinto, mineiro silen-cioso, patriota humilde, general sem farda deum dos movimentos mais perfeitos da histó-ria revolucionária. O Brasil nunca se esquece-rá que o primeiro grito foiseu, o primeiro gesto de umballet inesquecível, o pri-meiro passo da longa mar-cha democrática.

AGORA êles sabemque os três anos de silênciodo General Mourão não sig-nificavam três anos de ca-pitulação, mas três anos deconspiração, três anos deprudência, três anos de si-lêncio - para o grande des-pertar da nacionalidade.Alguns generais que pare-ciam anestesiados - hoje osabemos - estavam apenasde vigília. Luiz Guedes,Castello Branco, Costa eSilva, Décio Escobar, Cor-reia de Melo, tantos gene-rais, tantos brigadeiros,tantos almirantes juradosna intransigente defesa dademocracia brasileira.

AGORA, êles sa-bem que aquelas medalhas exibidas pelo Ge-neral Amaury Kruel não eram de lata nemforam conquistadas noutro campo que nãofosse o de honra. Êles sabem, meu bravoKruel, que, acima de sua fidelidade a umhomem, você colocava a lealdade à sua Pátriaameaçada por um bando de canibais políticos.

SABÍAMOS, todos que estávamos nalista negra dos apátridas - que se êles consu-massem os seus planos, seríamos mortos.Sôbre os democratas brasileiros não pairavaa mais leve esperança, se vencidos. Umarazzia de sangue, vermelha como êles, atra-vessaria o Brasil de ponta a ponta, liquidandoos últimos soldados da democracia, os últi-mos paisanos da liberdade. Onde estariaCarlos Lacerda a esta hora? Onde estariamAdhemar, Calmon, Armando Falcão, CastelloBranco, Mourão, Gustavo Borges, Anísio Ro-cha, Alkimin, Magalhães Pinto, Ney Braga,Costa e Silva, Décio Escobar, tantas, tantasvozes e tantas espadas que não se calaram, nãose embainharam em todos êsses longos mesesda comunização do Brasil? Se outros fôssemos vencedores, não haveria contemplação.

A VIRTUDE da democracia está emsaber ganhar. Em seu nome, em nome da Demo-cracia, não se pode permitir que a injustiça sepratique em nome da Justiça, que sejam anu-lados, sem processo legal, os mandatos po-pulares, que a Constituição seja rasgada em

nome da Constituição.TODOS sabem o desprêzo vegetariano

que voto a certos homens fistulizados quecompunham o cerne dêsse Govêrno que caiu.Mas - advertiu na sua cristalinidade política opróprio Governador da Guanabara - um de-mocrata autêntico não odeia um homem, odeiauma idéia. Odeia, não a figura ridícula de umMinistro comendo feijoada e bebericando en-

quanto a lama corria sob ospés de um regime vilipendia-do. Odeia, não os gestos febrisde um adolescente políticosaído de uma taba espiritualpara a Casa Civil da Presidên-cia. Odeia, não aquelas figurastenebrosas do CGT, aquêlespobres moços ensandecidosda UNE, aquêles sargentosequivocados, mas tudo o quea idéia que êles defendiam,honesta ou estùpidamente, re-presentava.

NÃO é porque eramcriminosos, que em crimino-sos vamos nos transformar.Não é porque representa-vam o totalitarismo, a ra-dicalização, o que de mais ver-gonhoso, mais sórdido, maisbrutal e mais brasileiro pudes-se existir no Brasil que deve-mos nós, os democratas, pe-dir-lhes as armas e as usar coma mesma ausência de liberali-

dade democrática. O que nos diferencia dêles éjustamente isto. O mesmo que diferencia a carni-ça que êles são do abutre que não somos.

NÃO significa que os criminosos nãodevam ser punidos nem os responsáveisirresponsabilizados. Significa que cada umpague pelo que fêz, não pelo que foi. Ninguémtem culpa de ter sido Ministro de um Govêrnolegalmente eleito, constitucionalmente orga-nizado. Ninguém tem culpa de ter sido Minis-tro de João Goulart, nem mesmo o SenhorAbelardo Jurema.

O QUE me enoja não é ver os ratos fugiremdo navio que se afunda, mas aquêles que ontemlhes comiam a comida, ajudar a matá-los.

PARTE o Senhor João Goulart paraPôrto Alegre, para o Uruguai, para a Espanha,sem o meu ódio. Nunca consegui odiá-lo � e atéhoje �- permita-se a um adversário de suas idéiase de seus métodos confessar após o crepúsculo

de um deus que tinha os pés de barro � não oconsigo odiar. Vejo-o ainda, no seu pequenotrono do Alvorada, como um pobre homem,incapaz de governar, de distinguir amigos deaproveitadores, inimigos de oponentes.

CAIU porque em seu espírito engarrafa-do pela mediocridade mais positiva dêste País,nunca deixou de existir o estancieiro que contavaos aliados como quem conta o gado no curral.

CAIU porque acreditou que aquêlesque lhe faziam planos de continuísmo, ace-nando com o poder sindical, com o dispositi-vo militar, acreditavam no que diziam. Elutariam por tudo aquilo que o Senhor JoãoGoulart acreditava. Mas o Senhor João Goulartnão acreditava realmente em nada. A não serna sua boa estrêla, que era a estrêla vermelha.

RECUSO-ME a pisar sôbre os cadáve-res morais dêsses homens sôbre os quais, como risco da própria vida, dentro das limitaçõesque me eram impostas por uma organizaçãoque êles ameaçavam destroçar, tantas vêzescaminhei pela estrada que nos conduzia aoimprevisto de um fim melancólico ou de umaliberdade sonhada.

NÃO será em nome dessa liberdadeconquistada que iremos tripudiar sôbre osvencidos. Aquêles que eram comunistas, con-tinuarão a sê-lo, talvez com menos esperança.Aquêles que eram os pobres enganados dessaRepública � talvez abram os olhos, os ven-cedores não procederem com a mesma fúria,o mesmo despotismo, a mesma insensibilida-de daqueles que nem por isto deixaram de serbrasileiros e possivelmente democratas equi-vocados. A compreensão e a justiça talvez osajudem a abrir os olhos.

WILSON FIGUEIREDO conta que, emplena ocupação do velho órgão da Condêssa, umfuzileiro pediu para telefonar para a mulher aquem não via há três dias de longa e sofridaprontidão. Não apenas deixaram o invasortelefonar, mas serviram um cafezinho bembrasileiro. Nesse momento, também, o Brasilestava voltando a ser brasileiro.

POIS é esse cafezinho brasileiro que de-vemos servir aos que erraram por acreditar de-mais ou erraram por acreditar de menos.Respeitemos as suas famílias, as suas idéiasfalsas, e apuremos apenas os seus possíveiscrimes. A menos que voltem a ser inimigos, a seconstituírem em vírus vivos �- os inimigosvencidos deixam de ter nomes.

Edição Histórica de �O Cruzeiro - Extra�,de 10 de abril de 1964.

David Nasser

AGORA, êles sabem que a sua espada nãoé de pau, meu velho Capitão, e eu volto

o pensamento até aquêle quarto da casapaulista, onde as suas mãos trêmulas escrevi-am a história dêste país, dizendo-me: �Péterplus haut que son cul�.

AGORA, êles sabem que a sua doençademocrática só tinha êste remédio. DeputadoJoão Calmon, quando você, na sua admirávelteimosia, recusava todo e qualquer acôrdo edesfraldava a bandeira suicida. Se teríamosque morrer vergonhosamente amanhã, quemorrêssemos com honra, hoje.

AGORA, êles sabem que as suas pala-vras não eram simples filigranas verbais,Governador Carlos Lacerda, homem afirma-tivo, líder másculo, democrata autêntico, bra-sileiro enlouquecido de amor à sua Pátria - eque se desesperava ao vê-la conduzida aocurral das nações arrebanhadas. Meses a fio,exposto na primeira linha, combatente devanguarda, sabendo que a cada esquina um nôvoperigo o esperava, você, meu bravo companhei-ro, só teve um guarda-costas: Deus. O capangadivino, que com a sua infinita sabedoria enguiça-va o carro do Faz-Tudo, iluminava o espírito doscoronéis, cobria de lucidez a decisão dos pára-quedistas, evitara a sua eliminação, o caminhoaberto, supunham êles, para a fácil conquista deum resto de Pátria. Mas êles estavam enganados,sempre estiveram enganados, continuam enga-nados. Nenhum de nós era essencial, qualquer denós, bem ou mal, seria substituído, mesmovocê, grande e insubstituível Carlos Lacerda.Não se matam idéias.

AGORA, êles sabem que a sua in-transigência democrática, jovem Adhemar deBarros, môço governador de uma terra indo-mável, agora êles sabem que a fé o rejuvenes-ceu, o espírito de luta o retemperou, e você,môço Adhemar, sejam quais forem os erros dopassado, a todos redimiu na bravura de suaúltima jornada. Mil vêzes você, com todos ospecados, Adhemar, diabo velho! Mil vêzesvocê que aquêle falso honrado, Jânio Qua-dros, até agora escondido debaixo da cama, àespera de que a última cidadela se renda, queo último homem se defina. Ah, tivéssemosnós ensarilhado as armas, tivéssemos nós tidopiedade dos canalhas, tivéssemos nós permi-tido com o nosso silêncio que êles voltassem- e quem se encontraria, agora, no govêrno deSão Paulo? A cachaça cívica, o fauno deAdelaide, o entreguista Jânio Quadros, res-ponsável primeiro pela guinada do Brasil parao Oriente, aliado dos comunistas, traidor desua Pátria. Graças a Deus, à Providência deque nos fala Adhemar, como o instrumentodivino, foi buscar no museu dos canastrões,o canastrão maior - você, velho, passado,cansado, desonrado, reabilitado, contestado,enquartejado, encarcerado, processado, li-bertado, envergonhado, ressuscitado, reabili-tado - e agora numa demais exaltado Adhemarde Barros. A História, se alguma verdadehouve no balanço dos seus erros, a História o

Deus, Família e Pátria"A Marcha da Família com Deus pela

Liberdade" transformou-se, no Rio, numaverdadeira homenagem às Forças Armadas.A incalculável multidão concentrou-se aolado da Candelária, com imagens, terços,bandeiras e cartazes anti-comunistas. E dalideslocou-se para a Esplanada do Castelo,onde renovou a impressionante demonstra-ção de fé católica e de confiança no Brasil.

(MancheteEdição Histórica Abril/1964)

Rio de Janeiro, 02 de fevereiro de 1963

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O que teria sido do Brasil se, em 1964,lhe tivesse faltado um vitoroso mo-

vimento de �basta� a desvios, os maisantibrasileiros, de suas constantes nacio-nais?

Esse movimento, através de uma in-tervenção das forças de defesa ou seguran-ça nacional, em assuntos normalmente en-tregues a parlamentos, políticos, homensde partidos. Uma intervenção prestigiadapelo mais decisivo apoio da gente maisrepresentativamente brasileira de todas asregiões e condições sociais do País.

Isto o que é real e verdadeiramenteaconteceu.

Uma revolução? Revolução sociologi-camente substantiva, sou dos que

pensam que não. Não surgiu 64 com umprograma, um deário, um roteiro que lhedesse esse sentido ou essa configuração.

Surgiu como um necessário ou es-sencial resguardo de valores nacionais emperigo: perigo que poderia extremar-se emdestruição de parte considerável dessesvalores ou em sua substituição por auti-

Vista de longe, e do alto, ou seja,nas suas perspectivas históri-cas, a Revolução de 1964 sur-

ge-nos como um movimento irresistívelde opinião em que as Forças Armadascumpriram o seu papel tradicional demediar entre os extremos, de restabe-lecer o equilíbrio, de assegurar a con-tinuidade, de antepor à desordem(ramificada em todos os níveis do Po-der) o espírito conservador (consoli-dado em todas as camadas sociais).

Antes de tudo, não foi uma insur-reição de ideologia desfraldada; foi au-tenticamente uma contra-revolução co-mandada paralelamente pelos sentimen-tos clássicos da nossa gente e pelas res-

ENFOQUE SOCIOLÓGICO DA REVOLUÇÃO DE 1964Professor GILBERTO FREYRE

- Especial para Letras em Marcha -

brasileirismos os mais contrários aos carac-terísticos, aos desígnios, aos positivos jádesenvolvidos, no Brasil, por uma socieda-de e por uma cultura crescentemente senho-ra de triunfos nacionais sobre não peque-nos obstáculos antinacionais.

Quando não se reconhece no Movi-mento de 64 o bastante de sistemática,

de preparo, de substância para poder sersociologicamente considerada uma revolu-ção substantiva, não se desconhece suaimportância como parte de um processo querevolucionariamente, construtivamente, cri-ativamente, vem operando no Brasil, desdedias pré-nacionais � desde os arrojos Ban-deirantes, paulistas e não-paulistas, desdea expulsão de holandeses, desde Alexandrede Gusmão � no sentido de tornar uma aindapré-nação sociedade e cultura inconfundi-velmente brasileiras.

A verdade é que o Brasil, tendo sidobeneficiado por um tipo de coloniza-

ção, a portuguesa, que não o submeteu aexcessos de estatismo metropolitano, pôdeser desenvolvido, por pré-brasileiros, atra-vés de esforços e iniciativas extra-oficiais.

Que o digam a lavoura do açúcar,seguida pela do café, a criação de gado, como gaúcho vanguarda tão viva do Sul do País.Portanto através de uma auto-colonizaçãoque ampliou, ou deu dimensão, em diasainda coloniais, já nacional, à colonização.

Isto através mais de um processo criativa-mente emancipador, que de revoluçõessubstantivamente emancipadoras, do tipodos que se esboçaram através de bravurasou rompantes regionais. O que dá funda-mento à tese de que desse processo revo-lucionário é que verdadeiramente resultoua independência, como vêm resultando, emdias já nacionais, o desenvolvimento e aconsolidação do Brasil em sistema autôno-mo de vivência e de convivência.

Foi, 1964 o grande papel que desempe-nhou na dinâmica da formação brasilei-

ra: a de a certa altura, repelir vigorosa-mentedesvios do seu processo verdadeiramentenacional de consolidação e de desenvolvi-mento. Sem ter sido uma revolução projeta-da, que pudesse ter realizado, no setor so-cial, ajustamentos agudamente necessári-os � aí sua deficiência � foi um movimentoque impediu graves anti-brasileirismos deperturbarem afirmações do Brasil, em diasturvos, como nação construtivamente bra-sileira no essencial de seus rumos, além depolíticos, sócio-econônicos.

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA REVOLUÇÃO DE 1964

* Pedro Calmon

ponsabilidades irrenunciáveis dos che-fes militares. Aqueles, antes destes,demonstraram o imperativo da açãocomo um desenlace natural da crise.Quem a dirigiu? Qual, pessoalmente ocondutor, supremo da rebelião � con-tra a desorganização, a ilegalidade, ocaos? Quem perante o futuro por elaresponde? A posteridade dirá: a consci-ência coletiva. Traduz-se por um estadode convicção, em que se aliam o temordo pior e a esperança do melhor, nessaamálgama de protesto e afirmação queteve o colorido inédito da participaçãofeminina, as mulheres maciçamente narua, rosário nos dedos, corajosas e som-brias, regando com aflição o seu apoio (otremendo veto doméstico à �mudança�)aos obscuros objetivos da política quedestroçava a hierarquia, que anulava aConstituição, que subvertia o trabalho,que empurrava o País para a aventuraainda sem nome (sindicalismo, socialis-mo, mas de que espécie, populismo, masde que natureza?) contudo, ameaçadorae dúbia, como se devesse o Brasil umadistorção violenta, análoga às das naçõeseuropéias depois da Grande Guerra: For-mou-se, com a mobilização espontâneadas massas, que reclamavam a normali-dade, contra o recrutamento ruidosodas massas, que pediam o desfecho

catastrófico, a psicologia da interven-ção. De tal modo exprimiu a absolutamaioria do pensamento nacional, que acontra-revolução de 31 de março trans-bordou dos quartéis sem que a detives-sem, ali ou acolá, as arregimentaçõeshostis. Não se toldou com a fumaça doscombates. Tornou-se a marcha batidapara a recuperação pacífica do regime.

Instalou-se num abrir e fechar deolhos, sem ter de chorar os mártires;coroada pela satisfação pública; tão acei-ta e compreendida como se desempe-nhasse uma função obrigatória no qua-dro confuso dos acontecimentos; quaseunânime, pela primeira vez na história;mãos desatadas, a euforia transparentena serenidade; à frente, o estado-maior�legal�; livre das atabalhoadas precipita-ções; guiada e interpretada pelos gene-rais que lhe assumiram a sorte; por issomesmo convidada a governar de acordocom a sua índole, os seus compromis-sos, o seu passado. Foi sábia a Revolu-ção, conservação, apezar das cassações,o Legislativo. Foi lógica dando a presi-dência ao General Castello Branco. Foiprudente editando as fórmulas do seufuncionamento. E foi exemplar, aplican-do-se ao processo valente da regenera-ção financeira, como base do desenvol-vimento econômico, restituindo ao co-

mércio e à indústria a confiança nasinstituições. Se seguirmos a sua parábolanessa ordem de fatos � o que de positivoe criador promoveu a Revolução de 1964� temos num largo painel o seu retrato.Replantou a calma, refez a tranqüilidade,impôs a evolução, serenou o Brasil � sobos auspícios dos membros elementosdecisórios que a desencadearam, pro-longando-lhes a presença e a autoridadenesse decênio que precisa ser estudadonas estatísticas e nas conseqüências,mais do que nos homens e nas idéias.

Não importam os pormenores. Sa-lientem-se o que de estrutural, de dinâ-mico, de estridentemente brasileiro temo período, começado em 1964 pelo en-cerramento da época das graves pertur-bações.

Tempo suficiente para que sobreele se debruce não só o sociólogo, vem-lhe os fenômenos, como o historiador,descobrindo-lhe a fisionomia. É neces-sário concluir: o seu saldo de benefíciosfavoreceu amplamente o progresso e aestabilidade, que é como se dissésse-mos, a permanência e o crescimento daPátria! Ela fará justiça a Castello Brancoe Costa e Silva, a Garrastazu Médici eErnesto Geisel.

* Professor e acadêmicoPresidente do Instituto Histórico e

Geográfico Brasileiro

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Desde a sua eclosão, os militarescomemoram o aniversário da

Revolução Democrática de 31 deMarço, movimento que impediu oscomunistas de tomarem conta do nos-so país. Durante algum tempo essascomemorações eram públicas, reali-zadas em praças e parques, e tinhama participação e o aplauso do povo, depolíticos e de autoridades civis e ecle-siásticas. Hoje, cerceados pelos quepassaram a ocupar o poder, as come-morações têm ocorrido dentro dosquartéis, com o mesmo orgulho e vi-bração. Os inconformados e ressenti-dos radicais tentam, mas não conse-guem apagar da memória as datas im-portantes das Forças Armadas, quesão marcas gloriosas da sua história,que se confunde com a própria histó-ria do Brasil, na defesa da soberania eintegridade nacionais.

Naquela vez, a nação esteveperto de sucumbir à subversão verme-lha, mas se recuperou, triunfalmente,sem disparar um único tiro. O movi-mento só aconteceu porque o povobrasileiro, decidido a permanecer li-vre, saiu às ruas contra o clima deagitação e insegurança, e disse um nãoao comunismo.

Existe uma literatura abundan-te sobre o assunto, pela qual desfilamos mais variados personagens, em queo foco histórico de alguns tipos éconstruído e divulgado de acordo comseus interesses. Importante, mas, pro-positadamente ausente na mídia, é oepisódio da decisiva atuação das mu-lheres brasileiras na aniquilação dosplanos vermelhos.

Dona Amélia Bastos, a DonaAmelinha, como era chamada, convi-dou as amigas e vizinhas a sua casa, edisse solene: �Quem tem mais a per-der com o que está acontecendo nonosso país do que nós, mulheres? E de

AH, ESSAS NOSSAS MULHERES!quem será o futuro que desaparecerásenão o de nossos filhos e netos, se apolítica radical do Governo (Jango)levar a nossa pátria ao domínio co-munista?�. Desencadeou-se, daí, umprocesso de multiplicação de mulhe-res em salões paroquiais e casas defamília, culminando com a formaçãoda CAMDE (Campanha da Mulherpela Democracia), que mais tarde in-fluenciou a criação das �Ligas dasMulheres Democráticas�, em BeloHorizonte e São Paulo, que se espa-lhou pelo país. O efetivo de mulheresaumentava rapidamente. Cada umaque se apresentava era encarregada deorganizar outra reunião (célula) com10 outras amigas, e estas tinham querecrutar outras e, assim, formou-seuma corrente de simpatia que nãoparou mais de crescer.

Dona Amélia, no dia seguinte àcriação do movimento, foi aos jor-nais, com 30 donas-de-casa, pedirajuda na sua luta. Em O Globo dis-seram-lhe: �O protesto de 30 mu-lheres não quer dizer muita coisa.Mas se a senhora puder marcharaté aqui com 500 mulheres...�. Doisdias depois ela levou as 30 primei-

ras e mais 500 mulheres diante deRoberto Marinho, diretor do jor-nal, e o fato foi manchete de primei-ra página. Elas faziam comícios deprotestos nas praças, falavam ho-ras ao telefone, escreviam cartas epanfletos a congressistas, convo-cando-os a assumirem posições,distribuíam circulares e livretos,punham anúncios nos jornais, apa-reciam em comícios para discutircom os esquerdistas e desafiar osagitadores. Os seus escritos, degrande produção, eram distribuí-dos a cada mulher participante, eesta deveria mandar cinco cópiaspara possíveis candidatas à causa.Além disso, foi organizado um ser-viço de �senhoras estafetas� paraentregar o material de propaganda,de automóvel e de avião, conven-cendo os pilotos das companhiasde aviação a transportá-lo para lu-gares distantes. Infiltravam-se nossindicatos dos estivadores e influen-ciavam as suas mulheres a convencê-los a trocarem de lado. O mesmoaconteceu nas favelas como, por exem-plo, na Rocinha, muito assediada pe-los vermelhos. E, assim, engrossa-

vam as fileiras nasmarchas.

A 25 de fe-vereiro de 1964, aFrente de Mobili-zação Popular pro-gramou uma concen-tração a ser realiza-da nas dependênci-as da Secretaria deSaúde e Assistên-cia, em Belo Hori-zonte, quando fala-ria o deputado fede-ral Leonel Brizola.Líderes democráti-cos, as mulheres mi-

* Emerson Rogério de Oliveira

Mais de 500 mil pessoas na Marcha daFamília com Deus pela Liberdade

São Paulo/SP - 19 de março de 1964

neiras e a população belorizontina,impediram o discurso de Brizola, quemesmo com seus capangas fortemen-te armados, foi corrido da cidade, sobuma chuva de frutas e legumes, além depedras retornando de madrugada aoRio de Janeiro.

Em São Paulo, a 19 de março,500 mil pessoas desfilaram na Mar-cha da Família com Deus Pela Liber-dade, com terços e rosários apertadoscontra o peito. Nas calçadas, os jorna-leiros vendiam milhares deexemplares de jornais, coma publicação de uma pro-clamação preparada pelasmulheres.

Assim foi que, cha-madas por este apelo dopovo, as Forças Armadasse anteciparam ao exércitopopular de origem cubanae sufocaram o movimento.

Na tarde de 1º deabril, tudo estava termina-do e os microfones do Brasil anun-ciavam a derrota do comunismo.Com marcha marcada para o diadois, o próprio General CastelloBranco aconselhou as mulheres acancelá-la, temendo violência. DonaAmélia insistiu: �A marcha mos-trará ao mundo que esta é umaRevolução do povo � um plebiscitopela verdadeira democracia!�.Mudou o nome para �Marcha deAção de Graças a Deus�, e mais deum milhão de pessoas deslocaram-se pelas avenidas do Rio, sob tem-pestades de papéis picados caindodos prédios. Lençóis e toalhas nasjanelas e um mar de bandeiras, agita-das pelo vento, saudavam a vitória.

Em nome da História, a atuaçãoheróica dessas mulheres daria um belofilme, talvez financiado por algumaestatal. Amélia � seria o nome. Pois,

não filmaram Olga? A vitória trouxe liberdade e

democracia para o povo, mas deixoulatente nos vencidos um sentimentohostil contra os militares, que se exa-cerbou, mesmo depois da Lei da Anis-tia, votada em 1979 pelo Congresso,em ignóbeis tentativas de desmoralizá-los, de abafar as suas comemoraçõesimportantes, de desmantelar as For-ças Armadas, e em manter o seu min-guado soldo sem reajustes. Como se a

classe militar não vies-se do povo e não tives-se famílias, anseios enecessidades iguaisaos de outras classesda sociedade.

 Hoje são asnossas mulheres, com-panheiras fiéis nessavida itinerante e de sa-crifícios, que estão nasruas, tentando cumprira única missão que, por

força do regulamento, não podemoscumprir: a de lutar pelos nossos direi-tos.

Quem sabe, a exemplo da DonaAmélia Bastos, o movimento presidi-do pela Dona Ivone Luzardo, emBrasília, passe a ter maior participa-ção e a receber adesão e, de repente, 30saias se transformem em milhares desaias, que se somarão a outros tantospatriotas, talvez, quem sabe?

Por esse exemplo de coragem efé, e, ao ensejo do Dia Internacional daMulher, dia oito deste mês revoluci-onário, a nossa gratidão e respeito atodas as mulheres, mas, em especial,às nossas mulheres. Bravas mulheres!

* Cap QAO/Eng (R1) 

Texto adaptado do livro �TrincheirasAbertas�, do autor e apoiado em�A Nação que se salvou a si mesma�- Bibliex / 1964

Amélia Bastos

A rápida vitória da revoluçãodemocrática de 31 de março pro-

vocou um período de intensa preocu-pação para seus chefes. Como pros-seguir? Como alcançar os objeti-vos que todos ansiavam, preser-vando a democracia? Esperávamosque a luta armada demorasse de uma dois meses � ela nem chegou a serdesencadeada. A queda de Jango durouapenas três dias.

Com o apoio de vários go-vernadores, muitos civis de todasas classes, políticos ou não, nosempenhamos em encontrar, nomenor prazo possível uma soluçãoque permitisse ao Brasil retomarseu caminho para o futuro. Esseprazo foi de 10 dias.

A primeira idéia surgida � àsemelhança do que ocorrera na re-núncia de Jânio � foi a de empossarinterinamente na Presidência da Re-

O IDEÁRIO MILITAR* Antônio Carlos Muricy

pública o presidente da Câmara dosDeputados e realizar, dentro de um oudois meses, uma eleição. Essa idéia,porém, se mostrou inviável, porqueera indispensável a execução de medi-das fortes, em curto prazo � medidasque exigiam a ação de um presidenteenérgico e com apoio total dos meiosrevolucionários.

Ao mesmo tempo ganhava for-ça, em várias áreas militares e civis, odesejo de que fosse implantada, purae simplesmente, uma ditadura militarférrea, com todas as suas implicações,inclusive e principalmente o fecha-mento do Congresso e o afastamentodefinitivo de todos os elementos liga-dos à subversão preparada pelos co-munistas e elementos da esquerdaextremada que os ajudam.

Também esta segunda propos-ta foi rejeitada pelos principais chefesmilitares, lideranças civis e opinião

pública. Ela faria com que a revolu-ção realizada para salvar a democra-cia se igualasse as que se fizeram emoutros países do continente, emtorno de chefes carismáticos, auto-ritários e mesmo sanguinários.

Chegou-se a uma terceira fór-mula, intermediária, que perdurou porvários anos, com algumas modifica-ções; a da eleição indireta pelo Con-gresso, para um tempo limitado, deum chefe revolucionário que pudesseagir com energia, força e equilíbrio nodesenvolvimento de um programa desalvação nacional.

A base desse programa seriaum ideário, ainda não sistematizado,com base em estudos realizados naEscola Superior de Guerra e outroscentros, e já difundidos em muitasparcelas da elite brasileira.

Para implantação dessa fórmu-la foi editado pelo comando revoluci-onário o Ato Institucional nº 1, redigi-do pelos juristas Francisco Campos eCarlos Medeiros. Esse ato manteve,com alterações, a Constituição de 1946,

e permitiu a implantação no Brasil deum clima de ordem e de paz indispen-sável para o prosseguimento da vidanacional.

A revolução democrática de 31de março não foi feita para a derrubadade um presidente, nem para colocarmilitares ou chefes carismáticos civisno poder, nem para destruir as chama-das esquerdas ou esmagar as classessociais mais sofredoras.

Não foi por falta de avisopara que se afastasse do comunis-mo e da esquerda golpista que Jangocaiu. Olhando para trás, é quaseinacreditável a inabilidade dos últimosdias de seu governo. Especialmente afalta de visão em relação às áreasmilitares, onde então se conspiravaabertamente. No Rio de Janeiro, porexemplo, as vésperas do movimento,estavam montados dois Estados-Mai-ores: o do general Castello Branco,constituído pelo marechal Ademar deQueiroz e pelos generais Golbery doCouto e Silva, Ernesto Geisel e JurandirMamede, entre outros; e o do general

Costa e Silva, onde operavam osgenerais Sizeno, Aragão e JoséHorácio.

Mas o presidente persistiuem sua postura de confronto com asForças Armadas, fraco e impotenteface à esquerda golpista, que articu-lava, ela sim, um golpe para os pró-ximos meses, com o objetivo deestabelecer no Brasil, através dastécnicas da guerra revolucionária,uma ditadura à cubana. A revoluçãofoi feita para evitar que se implan-tasse no Brasil um regime coletivistanos moldes da Tchecoslováquia epaíses satélites. A revolução foifeita para vencer a anarquia cres-cente que se instalara no Brasilcom a anuência do presidente. Arevolução foi feita para afirmar ademocracia em nossa terra.

(Jornal do Brasil, 31 de Março de 1994)*General de Exército, foi chefe do

Estado-Maior do Exército ecomandante da 7ª Região Militar no

Recife, Liderou as tropas quemarcharam sobre o Rio de Janeiro a

31 de março de 1964.

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A décadade 60, rica emacontecimentoshistóricos, foium tempo quemarcou profun-damente os ru-mos do Brasil.Logo no início

desse período, em 25 de agosto de 1961, arenuncia do excêntrico presidente JânioQuadros abriu caminho para seu vice-pre-sidente, João Goulart, superestimado comoherdeiro de Getúlio Vargas e conhecido porsuas ligações com os sindicatos e suasinclinações populistas.

No seu governo, que muitos enten-deram como desgoverno, Jango, como erachamado Goulart, enfatizou a reforma agrá-ria, as ligas camponesas, os movimentossindicais, os ataques às multinacionais eaos Estados Unidos, e suas atitudes indica-vam que ele se aproximava cada vez mais daesquerda radical no que era apoiado por seucunhado Leonel Brizola.

O comício chamado da Central ou dasreformas, realizado em 13 de março de 1964,no Rio de Janeiro, numa sexta feira; a Revol-ta dos Marinheiros, que culminou com aanistia aos marinheiros rebelados; o discur-so para os sargentos foram os fatos queacabaram selando o destino de João Goulart.

Ele havia conseguido fortalecer aoposição contra seu desastrado governo.A UDN e outros partidos pediram seuimpeachment; surgiram várias entidadesrepresentativas de grupos sociais impor-tantes, inclusive, organizações onde haviaa presença marcante de mulheres; aconte-ceram marchas populares contra o governolideradas pela Igreja tradicional.

Portanto, na distância de 40 anosdaquele 31 de março de 1964 � quando astropas começaram a se movimentar sob ocomando do general Mourão Filho � a visãoque se tem é a de que, menos que umaambição de poder, os militares vieram naesteira de um apelo nacional como soluçãopara a profunda crise em que mergulhara opaís, sendo que certos analistas enxergamno episódio que alguns historiadores cha-mam de golpe, um contragolpe que impediuo Brasil de se transformar numa gigantescaCuba.

Os generais que assumiram os rumosda Nação pertenciam a uma elite de militarespreparados, inclusive, intelectualmente. Oprimeiro deles, o marechal Castello Branco,era homem de reputação inatacável, de pas-sado rigorosamente limpo, de inteligênciapenetrante, de caráter irreprochável e foicom essas �armas� que ele enfrentou asdificuldades do seu governo. Sua políticaeconômica foi comandada pelos ministrosRoberto Campos e Otávio Gouveia deBulhões, respectivamente do Ministério doPlanejamento e do Ministério da Fazenda,

O TEMPO DOSGENERAIS

sendo que a estratégia de ambos con-sistiu em recuperar o dinamismo daeconomia através de políticas orienta-das para a neutralização da inflação e dosdesequilíbrios no balanço de pagamento. Aretomada do crescimento econômico se deu,então, através de um processo de aberturaexterna da economia, manifesto na intensi-ficação de fluxos não só de mercadorias,mas, sobretudo, de capitais, entre o Brasil eo exterior.

O general Arthur da Costa e Silvagovernou em meio a turbulências estudan-tis e cerrada oposição de políticos,notadamente, de Carlos Lacerda. O AtoInstitucional nº 5 (AI-5) foi instrumento depoder e força em meio à reação de organiza-ções guerrilheiras, seqüestros, assaltos abancos, ataques a unidades militares.

Emílio Garrastazu Médici foi o maistemido e o mais amado dos generais, já quefoi o mais rigoroso e o mais popular napresidência. A capacidade de tomar deci-sões nunca lhe faltou, seu estilo era forte,seu governo extremamente centralizado. Eleenfrentou intensa radicalização dos movi-mentos de esquerda que haviam optadopela luta armada e houve mortes de ambosos lados.

O general Ernesto Geisel teve comoprojeto político a �distensão lenta, graduale segura�. Defendeu também �o máximo dedesenvolvimento com o mínimo de segu-rança indispensável�. Em termos de políticaeconômica seu governo investiu, sobretu-do, em petróleo, energia e insumos básicos,que tiveram crescimentos consideráveis.

João Batista Figueiredo, o ultimogeneral a assumir a presidência da Repú-blica em 15 de março de 1979, defrontou-se com problemas econômicos advindosda conjuntura internacional adversa.Mesmo assim, ele levou adiante projetosdemocratizantes e foi vitorioso em impor-tantes batalhas da democracia.

No momento atual o fantasma daingovernabilidade paira novamente so-bre o Brasil e alguns analistas chegarama comparar o presente com a conjunturaque antecedeu os fatos de 1964. Se al-guns aspectos são parecidos, especial-mente no tocante ao desgoverno que sepresencia outros, porém, são bem diferen-tes. No tocante as Forças Armadas é sabidoque vêm sendo enfraquecidas através decortes em seu orçamento, dos humilhan-tes salários de seus integrantes, da dis-torção de seus objetivos. E é emblemáticoos militares terem sido chamados de �ban-do de sem pólvora�, pelo presidente daRepública. Na reserva, os militares que per-tenceram à elite do tempo dos generais,possivelmente devem sentir profundapreocupação com os rumos do Brasil.Mas os tempos são outros.

* Maria LuciaVictor Barbosa

* Socióloga e [email protected]

(Publicado em março/2004)

Há 43 anos levantou-se a contra-revolução restauradora de 1964que impediu o golpe de um presi-

dente da república populista e a tentativadissimulada de tomada do poder pelo Par-tido Comunista Brasileiro, com ele aliado.

Evoco o acontecimento que aindatraz ensinamentos práticos pelo seu signi-ficado moral e emblemático de fidelidadedas Forças Armadas brasileiras à Nação. ARevolução Democrática de 1964, no seuprimeiro momento � 1964 a 1967 � foi umacontra-revolução restauradora que impe-diu o golpismo populista e o assalto aopoder comunista, abrindo o caminho paraum extraordinário progresso para o Brasil.

Hoje, sugere-se que o tão memorá-vel episódio é história já vivida e sua recor-dação só serve para dificultar a reconcilia-ção nacional; os desencontros do passadodevem ser esquecidos. O esquecimentoporém é uma sugestão unilateral porque asesquerdas ressentidas e raivosas não pa-ram de estigmatizar as ForçasArmadas, em particular o Exér-cito, acusando-as de instru-mentos da repressão, da tortu-ra e do desaparecimento dejovens idealistas que, na reali-dade, se transformaram emsubversivos e terroristas. Paramanter o assunto no noticiá-rio, forjam �fatos novos� e en-cenam revelações, denúnciase investigações amplamentedivulgadas. E há quem se pres-te a testemunhar �espontaneamente�.

Os desencontros do passado nãoforam simples divergências que devem sersilenciadas a bem da concórdia. Foram con-frontos violentos contra o Estado e a soci-edade para tomar o poder. Assim foi em1935 com a Intentona, em 1964 com oTentame comunista associado aospopulistas, e em 1966-1974 com o terroris-mo apoiado do exterior.

Esquecer os acontecimentos de 1964é ocultar das atuais gerações o papel exem-plar das Forças Armadas que, no absolutocumprimento de sua destinação constituci-onal e no atendimento dos manifestosanseios nacionais romperam a obediência aum governo golpista e impediram a criaçãoda república sindicalista e da ditadura doproletariado, maquinadas num aparente pro-cesso legal e democrático de supostas �re-formas de base�. Esquecer 1964 é uma ati-tude de capitulação moral e intelectual.

Nos dias de hoje, no contexto de uma�reforma moral e intelectual� da socieda-de conduzida pelos neomarxistas no Brasil,inclui-se a �estratégia do descolamento�para romper o presente de mudanças sur-preendentes com o passado conservador

(*) Sergio Augusto de Avellar Coutinho

das tradições e dos valores nacionais. Porisso, o desapreço moderno pelas práticascívicas e o revisionismo histórico.

Com relação às Forças Armadas, oobjetivo é desligar as atuais gerações dasprecedentes, fazendo dos seus vultos his-tóricos homens pusilânimes, corruptos,genocidas, comprometidos com os interes-ses das �classes dominantes�. Com estaconscientização, os jovens militares sãolevados a questionarem e a se verem

descompromissados comas velhas gerações e, evi-dentemente, com os valo-res históricos, morais e pro-fissionais da instituição � oExército �progressista� dehoje não tem nada a vercom o Exército reacionáriode ontem.

Por isto, a Revolu-ção Democrática de 1964 éenvilecida e �satanizada�como ditadura militar vio-

lenta e ilegítima. À primeira vista, tudo porrevanchismo, mas realmente para fazê-laabominável e irrepetível. Fazer com queas novas gerações de oficiais se enver-gonhem do passado e desaprovem osvelhos chefes que assumiram a respon-sabilidade e tiveram a coragem de seoporem à comunização do país. E assim,são inibidos, �moral e intectualmente� deassumirem semelhantes atitudes contra-revolucionários e anticomunistas. AsForças Armadas, consideradas a grandebarreira ao comunismo pelas própriasesquerdas autocríticas, estão efetivamen-te neutralizadas. As organizações da es-querda revolucionária não mais se inte-ressam com o aliciamento dos militaresmas com a sua cooptação às idéiastransformadoras.

Por isto, comemorar o movimentocívico-militar de 1964, não é apenas home-nagem histórica mas advertência aos jo-vens militares:

- A história não se repete. Conhecê-la porém permite entender o que aconte-ceu no passado e a perceber o que acon-tece no presente.

(*) Escritor - General Reformado

POR QUE NÃOCOMEMORAR

31 DE MARÇO DE 1964?

Esquecer 1964 é umaatitude de capitulação

moral e intelectual.É ocultar das atuais

gerações o papelexemplar das Forças

Armadas, impedindo acriação da república

sindicalista e da ditadurado proletariado.

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31Nº 188 - 31 de Março/2013

�E O SENHOR embaixador chegou detáxi... Não sei se o ilustre passageiro, derreadono banco de trás, revendo cena por cena, aaventura sul-americana dos três dias e pen-sando �o que eu vou dizer em casa�, teriachegado a ver e a sentir a minha pátria comoela é. Não sei se chegou a ver as luzes de minhaterra, da escuridão do Largo da Segunda-Feiraao alarido da São Clemente. Nem sei se ainda terátempo, no tempo todo em que aqui ainda estiver,para compreender, sentir e tocar o coração deminha pátria. Que eu nunca senti tão intensamen-te o meu povo e nunca vi melhor a minha pátria,como nesta Semana da Pátria � a minha pátriacomo se fez, a minha pátria como será, a minhapátria como realmente é.

O senhor embaixador não foi à paradamilitar, à doação de sangue e à missa campal; nãoviu o estandarte nas mãos e no sorriso do meninode escola, a marcha dos calhambeques, a chamasimbólica, o painel iluminado do morro do Pinto,a Esquadrilha da Fumaça, o festival de holofotes.O senhor embaixador não ouviu a retreta e oconcerto popular, a clarinada e o pipôco piro-técnico, a serenata e a seresta; o momento cívico,a escola de samba, a falação. O senhor embaixadorestêve muito longe do alento oficial ao nossoIndependente Day, no esfôrço que se fêz paraajudar o povo a festejar o dia de todos nós, parafazê-lo festa mais popular, que também o carna-val se ajuda a fazer.

Mas a minha pátria não é só fogo deartifício; minha pátria não são sòmente bandas,fanfarras, sino badalando hino, bandeiraças, ban-deiras, bandeirolas. Minha pátria é a alma dêssepovo bom, que se comove com o drama doestrangeiro, ainda que viva o seu próprio drama,que não comove a alma estrangeira.

Minha pátria se fêz antes na inteligênciaque no sangue, mais no martírio que na glória.Minha pátria nasceu pacificando, somando, com-preendendo, unindo, reunindo, redimindo. Mi-nha pátria nasceu do amor, do amor de raças demesclagem impossível em qualquer outro chãodo mundo. Minha pátria é filha do martírio doTiradentes e da visão dos Andradas. Por issominha pátria é universo indivisível de fala por-tuguêsa abraçado por muitos mundos caste-lhanos. Minha pátria é a unidade.

SENHOR EMBAIXADOR General Octávio Costa

Minha pátria não é a terra da guerra re-volucionária, mas a vocação da paz, do entendi-mento e da concórdia. É a sabedoria das soluçõesmais altas, sem convulsão e sem sangue. É aespada do Pacificador, na consolidação da unida-de nacional. É a abolição sem secessão, a Repú-blica sem cabeças decapitadas, e o contôrno daterra marcado no arbitramento e na justiça.

Minha pátria não é a ditadura fascista,nem a ditadura comunista, não é o militarismo,nem o caudilhismo, nem o cesarismo. Minhapátria é essa democracia, plantada mais no co-ração dos homens que nas estufas políticas. Éêsse jeito de ser, essa vocação irreprimível deliberdade. Essa liberdade e essa democracia, queestão no vento e à flor da pele, êsse saber sentire êsse querer ser que língua alguma conseguetraduzir.

Minha pátria não é o colonialismo nem axenofobia; não é a subserviência e a submissãonem o acinte ao estrangeiro; mas a altivez e aigualdade entre as nações; mas a defesa do nossointerêsse e a luta pela nossa emancipação econô-mica.

Minha pátria não é o seqüestro, que nuncahouve isso antes aqui e não é da nossa índole. Etanto não é que, comentando o Artigo 159 doCódigo Penal � �Seqüestrar pessoa para o fim deobter para si ou para outrem qualquer vantagemcomo condição ou preço do resgate� � disseHeleno Fragoso, nas Lições de Direito Penal, quese trata de crime pràticamente desconhecidoentre nós, sendo, todavia, comum nos Esta-dos Unidos da América, onde tem o nome dekidnapping. E disse mais que �constitui uma dasformas mais violentas e mais perversas dacriminalidade�. Minha pátria não tem faces per-versas de criminalidade, não é a pátria do seqües-tro e do seqüestrador. E tanto não é, que dessecrime disse o nosso grande Hungria que �inspi-rado pelo antigo uso de guerra de exigir-se umpreço pelo resgate de prisioneiros, constitui,atualmente, pela sua freqüente prática em certospaíses, notadamente nos Estados Unidos, ummotivo de alarma para todo o mundo civilizado.�

Minha pátria é mundo civilizado, queminha pátria não é ôlho por ôlho, dente pordente. Não é o ódio, a vingança, não é persegui-ção; minha pátria não é o estado de sítio, o toque

de recolher, a câmara de gás, a lei do cão. Mas éo anseio de justiça, de dignificação do homem, deprevalência da lei. Minha pátria é a vocação dehomens livres e justos.

Minha pátria não é o radicalismo e aintransigência; não é o ódio irreconciliável, nema covardia; não é a seara do terror e do mêdo;minha pátria não é a represália e a retaliação.Minha pátria não é o assalto de bancos; não é oatentado, o assassinato instituído; não é o terro-rismo, a sentinela abatida, a bomba-relógio; nãoé a ira investida, não é o arbítrio de cada um.Minha pátria não é a inquietação. Mas é o bomsenso, a serena energia, o amor à verdade, oespírito de ordem, a paciência, a persuasão.Minha pátria é generosa e irmã.

Minha pátria não é o irredentismo obsti-nado, não é o divisionismo irreversível, não é acrítica arrasadora, a inconformação, o motim, ogolpe-de-mão. Não é a luta de classes, o desamordas raças, a intransigência religiosa, o abismoentre as gerações. Minha pátria é a fraternidadeentre os homens, a igualdade de oportunidades,a compreensão entre os povos, a consciência deque os homens nascem iguais e iguais são criados.

Minha pátria não é a conformação, não éa canga de um destino mesquinho para o seutamanho, não é a vocação de satélite, minhapátria não é a aceitação de qualquer determinismo.Mas é a luta paciente e lúcida do subdesenvol-vimento contra as duas opções de servidão: osgrilhões que acorrentam o pensamento e a eco-nomia à dominação ideológica internacional, e ainsensibilidade a relações econômicas injustasentre os homens e entre as nações. Minha pátriaé a consciência da emancipação nos caminhos daliberdade.

Minha pátria não é o desvario, a cegueirada paixão, a inconseqüência; não é o fanatismointeligente ou burro; nem o suicídio econômico,a bancarrota, o quixotismo, a irreflexão, o caos.Mas é a luta de pés no chão, luta de pés suados,honestos e duros, feita de sacrifício e de renúncia,num mundo entrevado de interêsse só, paraemergir da escuridão à luz.

Minha pátria não é a imagem refletida dasoutras pátrias, não é cópia, não é sombra, não érepetição. Minha pátria não é sistema que nãoseja seu, minha pátria não se encarcera, não sesubmete aos métodos e processos de uma índoleque não é a sua. Minha pátria é assim mesmo,desarrumada e bonançosa, amena e amiga, irre-quieta e doce; e musical, e poética, e lírica, eromântica. Não veio para impor e dominar, nempara ostentar e dispor da vida dos outros povos;mas para fazer-se a si, a pouco e pouco, assim naadversidade, assim no sofrimento, veio paramostrar às outras gentes uma nova maneira maishumana de viver e conviver.

E por saber que minha pátria é assim, e porconhecer e sentir a alma de meu povo, é que meatrevo a dizer a palavra da concórdia na hora daviolência. É que me atrevo, ainda que me tenhamsonhador e irrealista, a apelar para que nosestendamos às mãos uns aos outros e para quecada um se veja no fundo de si mesmo e se dê umpouco mais em paciência, em reflexão, em mag-nanimidade. E invoco, a Deus a aos homens, bemcedo deixemos esta nossa hora de exceção eretomemos nosso caminho de sempre, nossocaminho iluminado de amor, calçado de liberdadee protegido pela paz que une os homens�.

(Publicado no Jornal do Brasil, de 10 Set 1969e transcrito no Noticiário do Exército de 12/09)

NR: Dirigido ao Embaixador dos Estados Unidos da América, Charles Burke Elbrick, que ao serlibertado (havia sido sequestrado a 04 de setembro), criticou acerbadamente o Brasil, em termos nãocondizentes com a diplomacia, como se o governo Médici tivesse responsabilidade pela atitude insanados seqüestradores, entre eles, o hoje ex-ministro Franklin Martins, que redigiu o manifesto abaixo.

Ao povo brasileiroGrupos revolucionários detiveram, hoje, o Sr. Burke Elbrick, Embaixador dos Estados

Unidos, levando-o para algum ponto do país. Este não é um episódio isolado. Ele se somaaos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, onde se arrecadamfundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seusempregados; tomadas de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições paraa luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revoluci-onários, para devolvê-los à luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam aopressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do Embaixadoré apenas mais um ato de guerra revolucionária que avança a cada dia e que este anoiniciará a sua etapa de guerrilha rural.

A vida e a morte do Senhor Embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atendera duas exigências, o Sr. Burke Elbrick será libertado Caso contrário, seremos obrigadosa cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:

- a libertação de 15 prisioneiros políticos;- a publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais jornais, rádios e

televisões de todo o país.Os 15 prisioneiros políticos devem ser conduzidas em avião especial até um país

determinado � Argélia, Chile e México � onde lhes seja concedido asilo. Contra eles nãodeverá ser tentada qualquer represália, sob pena de retaliação. A ditadura tem 48 horaspara responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva,divulgaremos a lista dos 15 líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por suacolocação num país seguro.

Se a resposta for negativa ou se não houver nenhuma resposta nesse prazo, o Sr. BurkeElbrick será justiçado. Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que nãovacilaremos em cumprir nossas promessas.

Agora é olho por olho, dente por dente.

MANIFESTO

AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN)MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO 8 DE OUTUBRO / MR-8.

Os terroristas: Luís Travassos, José Dirceu, José Ibrahim, Onofre Pinto, Ricardo Vilas, MariaAugusta, Ricardo Zaratini e Rolando Frati, de pé e João Leonardo da Silva Rocha, AgonaldoPacheco, Wladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares, agachados, diante do avião

Hércules da FAB, que os levaria para o exílio no México

15 de setembro/1969

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Ontem, hoje e sempre, a NaçãoBrasileira contou, conta e contará comsuas Forças Armadas para defendê-la,

externa e INTERNAMENTE.

Nº 188 - 31 de Março/2013

* Murilo BadaróDiscursando durante o sepultamento de Ho-

noré de Balzac em 1850, Victor Hugo disseque �os grandes homens executam o seu própriopedestal; futuro encarrega-se da estátua�. Lem-brei-me dessas palavras no sábado, dia 22 deagosto, quando se completaram 30 anos da san-ção da Lei da Anistia proposta ao Congresso peloPresidente João Figueiredo. Morto já há algunsanos, cessadas as malquerenças e ressentimen-tos, apagado o fogo intenso das paixões, a Histó-ria já iniciou o processo paraprolação da sentença definitivasobre o homem e as circunstânci-as temporais em que viveu e atuou.Especialmente no caso da Lei deAnistia, que alguns setores pre-tendem vê-la revista como se ostextos do edito que pôs fim aogoverno dos militares não abri-gasse os dois lados em litígio, osmilitares e os guerrilheiros queatuavam naquela época ao arre-pio das leis.

No caso do presidente Fi-gueiredo o pedestal que edificouserá base suficiente a que sobreele seja assentada a estátua es-culpida pelo futuro. Existe, sem dúvida, inten-cional determinação de distorcer a verdade dosfatos da história recente do país. Em conseqü-ência, são eles transmitidos às novas geraçõesde forma a lançar, injustamente, sobre osmilitares a mancha do opróbrio, recusando-lhes o benefício da constatação do muitoque realizaram em favor do engrandecimentodo país.

O Presidente João Batista Figueiredo, oúltimo presidente do ciclo militar que dominouo Brasil desde 1964, foi sem dúvida o queenfrentou as maiores dificuldades para cumpri-mento da missão de promover a transição parao regime democrático a partir da revogação dosatos institucionais. Lutou contra resistênciaslocalizadas entre seus pares. A elas reagia coma frase típica de seu temperamento marcadopela autenticidade de sentimentos: �Quem seopuser à abertura eu prendo e arrebento�.

Em 1982 realizaram-se as primeiras eleiçõesdiretas para governadores, de que resultou navitória de muitos oposicionistas. Seu propósitoera o de realizar ampla anistia. Lembro-me de terouvido dele informações a respeito do sofrimento

JOÃO FIGUEIREDO,O PRESIDENTE DA ANISTIA

Presidente João Figueiredo

experimentado por seu paino exílio da Argentina. Con-siderava indispensável tra-zer de volta os brasileiros exilados: �Lugar debrasileiro é no Brasil�, dizia. Dava assim, começoao projeto de anistia, com o que atendia aos apelosda sociedade civil, totalmente mobilizada em seufavor. Apresentada ao Congresso a proposta deanistia, a mais ampla e irrestrita possível, Fi-gueiredo é surpreendido por uma emenda subs-

titutiva muito menos abran-gente, apresentada pelo en-tão MDB. À época correramrumores de que a cúpula dopartido oposicionista temiaque a volta dos líderes exila-dos viesse a ensejar-lhes o do-mínio da oposição, em detri-mento dos que haviam lutadono Brasil anos a fio contra oregime autoritário. Por defini-ção, anistia significa perdão,esquecimento, cessação dehostilidades.

Alguns elementos liga-dos aos estamentos da esquer-da revolucionária, com profun-

dos vínculos com o atual governo federal, costu-mam tentar reabrir o processo para, segundo eles,submeter à Justiça, militares que teriam sido en-volvidos na prática de tortura. Os militares retru-cam esta tese com a tranqüila consciência de quedurante a guerra travada contra os guerrilheiroscomunistas houve vítimas de ambos os lados, nãosendo natural pretender seja o perdão brotado daanistia aplicado apenas a um lado, exatamenteaquele que desafiou os militares com armas eações de guerra revolucionária.

O futuro já começou a cinzelar o monumen-to do presidente Figueiredo. Homem generoso,autêntico, patriota, sua aparência sisuda nãorevelava o amplo coração que batia dentro de seupeito. Ele era um pouco daquela �máscara deferro� de que falava Alfred de Vigny, cobrindo orosto dos militares na dura servidão da caserna.Disciplinado e disciplinador, com um sentimentode honra e probidade que conduzia ao exagero,Figueiredo nunca freqüentou a praça dos im-postores. Morreu sem fortuna e na modéstia,com dignidade, tal como viveu.

* Presidente da Academia Mineira de LetrasPublicado no Estado de Minas em 28/12/1999

CAINDO A MÁSCARA

OS comunistas que desencadearam a luta armada no período dosgovernos militares afirmam, amiúde, que lutavam pela democracia,

contra a �DITADURA MILITAR�.Se não bastasse a leitura do ideário (programa) das organizações subver-

sivas da época, como a VAR/Palmares, o PC do B (responsável pela guerrilhado Araguaia), �et caterva�, visando à implantação de ditadura do proletariadoe das várias versões do comunismo internacionalista, materialista e ateu, amáscara dessa falácia vai caindo.

Daniel Aarão Reis e Fernando Gabeira, dois ex-ativos militantes dosmovimentos comunistas, contradizem essa deslavada mentira.

Em declaração ao jornalista Elio Gaspari, Daniel Aarão Reis, afirmou:�Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto

das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucio-nário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revoluci-onária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas seapresentassem como instrumento da resistência democrática�.

Fernando Gabeira, ex-deputado federal e candidato derrotado ao gover-no do Rio de Janeiro, declarou recentemente:

�O programa político que nos mo-via naquele momento, era voltado parauma ditadura do proletariado. Entãovocê não pode voltar atrás, corrigir o seupassado e dizer que estava lutando pelademocracia. A luta armada não estavavisando à democracia.�

NR: Dilma sempre mente (o que nãoé novidade) quando diz que lutava pelademocracia. Lutava sim, mas pela ditadu-ra do proletariado.Alguma dúvida?

Praça da Sé - 19 de março de 1964 - São Paulo/SP

Tribuna da Imprensa - 20/03/64

MARCHADA

FAMÍLIAcom Deus pela liberdade

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