4 SEGUNDA-FEIRA

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SUPERESPORTES

E S T A D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 1 º D E A B R I L D E 2 0 1 3

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RUMO À PRIMEIRA MORTEREPORTAGEM ESPECIAL

atacante Fábio Júnior conseguiu algo raro nofutebol: conquistar o respeito de três torcidasrivais da mesma cidade. Em Belo Horizonte, érecebido com reverência pelos torcedores deAmérica, Atlético e Cruzeiro. Aos 35 anos, o ca-misa 7 do Coelho espera jogar por mais duastemporadas antes de se aventurar à beira dogramado. "Tenho vontade de continuar traba-lhando no futebol, com garotos na base, mas,para ser sincero, tenho muita vontade de trei-nar. Vou ficar nesse meio, porque minha vidafoi toda dedicada ao esporte", disse ao Estadode Minas, na segunda reportagem da série“Rumo à primeira morte”, com depoimentosexclusivos de jogadores que estão no limiarda aposentadoria.

Além de ter marcado época no futebolmineiro, Fábio Júnior jogou em seis países.Em 2010, voltou a Belo Horizonte para de-

fender o América. Em três anos pelo alviver-de fez 67 gols – é o 13º maior artilheiro dahistória do clube, a 11 de entrar no top-5.

De São Pedro do Avaí, distrito de Manhua-çu, atuou na base do Democrata, de Governa-dor Valadares, se destacou no Cruzeiro e foivendido à Roma por US$ 15 milhões – segun-da maior negociação celeste, superada pela doarmador Geovanni, companheiro no Coelho,que custou US$ 18 milhões ao Barcelona.

Quando pensa que o fim de carreira estápróximo, se entristece. “De repente, aquela ro-tina acaba de um dia para o outro. Hoje já con-sigo parar e pensar na situação. E confessoque, ao pensar que vou parar daqui a doisanos, bate uma angústia, por mais que a gen-te se prepare. Vai ser complicado...”

VANTAGENS E DESVANTAGENS A braçadeira

de capitão e o reconhecimento dos compa-nheiros refletem o respeito conquistado porele no Coelho. Com a experiência, aprendeua poupar fôlego para os momentos certos.Fora das quatro linhas, dedica-se à mulher,Cristina, aos dois filhos – Isadora, de 6 anos,e Enzo, de 2 – e aos imóveis que administra.

Apaixonado pelo futebol e dedicado aostreinos, Fábio Júnior entende bem as van-tagens e desvantagens da idade. “Quandoa gente chega aos 35, começa a passar pelacabeça que está chegando ao fim. Por maisque a gente se esforce, se dedique, acabasentindo um pouco. Hoje em dia, quandovocê se cuida, você tem uma carreira maislonga. Pelo lado positivo, tem a experiên-cia: a gente passou pelas dificuldades e en-sina isso para os garotos. É isso que me mo-tiva a cada dia.”

EX-BARÇA SONHAEM JOGAR ATÉ OS 40

FÁBIO JÚNIORFÁBIO JÚNIOR PEREIRA

35 ANOS

●● Nascimento: 20/11/1977, Manhuaçu ●● Altura e peso: 1,86m e 76kg●● Posição: atacante ●● Clubes: Democrata-GV, Cruzeiro, Roma (ITA), Palmeiras, Vitória de Guimarães (POR),

Atlético, Kashima Antlers (JAP), Al Wahda (EAU), Bochum (ALE), Hapoel Tel Aviv (ISR), Brasiliense e América

RENAN DAMASCENO

Quando repetiu o ano pela pri-meira vez no colégio, Geovannipensou em desistir de tudo e vol-tar para Acaiaca, na Zona da Matamineira. A vontade era se tornarengenheiro civil, mas o sonho dopai, Manoel Maurício, falou maisalto e a carreira do garoto deslan-chou. Com apenas 21 anos, de-pois de ser campeão da Copa Sul-Minas’2001 pelo Cruzeiro, comdireito a gol na decisão com o Co-ritiba, o armador baixo e ariscofoi negociado ao Barcelona porUS$ 18 milhões – até hoje a maiorvenda da história cruzeirense.

Aos 33 anos, Geovanni está devolta ao futebol mineiro. Sem sefirmar no Barça, ele teve passa-gem de destaque pelo Benfica ejogou ainda na Inglaterra e nos Es-tados Unidos antes de retornar aoBrasil. Se depender dele, a carreiraainda será longa. "Não sei se é cul-tura nossa, mas o jogador chegaaos 30 anos e é tachado de velho.Eu me sinto melhor hoje do queantes. Pela experiência, cuidomais do físico, meu posiciona-mento é diferente. Pego mais nabola e corro menos. Coisas que agente aprende com o decorrer da

carreira. O futebol brasileiro temde mudar a mentalidade."

Paraevitaradepressão,Geovan-ni tem se preparado para não so-frerquandopenduraraschuteiras.A exemplo de Fábio Júnior, parcei-ro no Cruzeiro e no América, pre-tende continuar no meio. "Minhavida é futebol e família e quandovocê larga uma coisa de que gosta,sentefalta.Tenhoconversadocomminha família para quando eu pa-rar não ter aquele baque."

OS ANOS DE BARÇA Incentiva-dor da carreira, o pai de Geovanniganhou um presente de aniversá-rio inesquecível em 2000: o títuloda Copa do Brasil conquistado pe-lo filho, que em pouco tempo che-gariaaoclubecatalão."OBarcelona

foiumaprendizado.Láelesnãoes-peram você se adaptar. Tem dechegarejogar.Hoje,pelaminhaex-periência, falo mais, mas no Barçaeu não tinha isso. A falta de comu-nicação, de falar, impor a liderançaemcampo,atrapalhoumeurendi-mento", explicou o armador, quefez grande amizade com Puyol eIniesta,duasestrelasaindacintilan-tes na constelação azul-grená.

Se ainda está bem física e tecni-camente, Geovanni agradece aoperíodo de aprendizado no clubecatalão. "Hoje colho os frutos doqueaprendilá.Eumelembromui-todoPhilipCocu,doFrankdeBoer,do Rivaldo... Eles me impressiona-vam pela vontade e a garra na ho-radostreinos.Querochegaraos40com a mesma garra deles." (R.D)

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FOTOS: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS

GEOVANNIGEOVANNI DEIBERSON MAURÍCIO GOMEZ, 33 ANOS

● Nascimento: 11/1/1980, em Acaiaca● Altura e peso: 1,73m e 67kg ● Posição: armador● Clubes: Cruzeiro, América, Barcelona (ESP), Benfica (POR),Manchester City (ING), Hull City (ING), San Jose Earthquakes(EUA) e Vitória

‘BATE UMA ANGÚSTIA’

AMANHÃ: MARCELINHO PARAÍBA, NO INTERIORDE MG, JÁ AGENCIA JOVENS JOGADORES