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B ÍBLICAS LIÇÕES 3º TRIMESTRE • 2013 • Nº 304 REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS

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BÍBLICASLIÇÕES

3º TRIMESTRE • 2013 • Nº 304

REV ISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS B ÍBL ICAS

MISSÃO DAESCOLA BÍBLICA

Transformar as pessoas em discípulas de Cristo, através

do ensino e da prática da palavra de Deus.

Copyright © 2013 – Igreja Adventista da PromessaRevista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Diretor Alan Pereira Rocha

Conselho Editorial José Lima de Farias Filho Hermes Pereira Brito Magno Batista da Silva Osmar Pedro da Silva Otoniel Alves de Oliveira Gilberto Fernandes Coelho João Leonardo Junior

EXPEDIENTE

RedaçãoRua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – CentroFone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3119-2544www.portaliap.com.br • [email protected]

Jornalista responsável Pr. Elias Pitombeira de Toledo (MTb. 24.465)

Redação e preparação Alan Pereira Rochade originais Andrei Sampaio Soares Eleilton William de Souza Freitas Jailton Sousa Silva José Lima de Farias Filho Kassio Passos Lopes Márcio Guimarães Virginia Ronchete David Perez Willian Robson de Souza

Revisão de textos Eudoxiana Canto MeloSeleção de hinos Silvana A. de Matos RochaLeituras diárias Andrei Sampaio Soares

Projeto Gráfico Marcorélio Cordeiro MurtaEditoração e capa Farol Editora

Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141Assinaturas Informações na página 112

Impressão Gráfica Regente – Maringá, PR

SUMÁRIO

Apresentação ................................................... 5

1 A escola de Jesus Cristo ...................................... 7

2 O que é ser um discípulo? ................................ 15

3 Exigências do discipulado .................................. 22

4 Discipulado tem custo ....................................... 29

5 A missão de todo discípulo ............................... 36

6 O que significa discipular? ................................ 44

7 Precisa-se de mentores ..................................... 51

8 Por que devo discipular? ................................... 58

9 O ensino que transforma .................................. 65

10 A pedagogia do discipulado .............................. 72

11 Formas de fazer discípulos ................................ 79

12 O mestre por excelência .................................... 86

Projeto Proclamar – Sábado especial ............ 93

13 A vida de um discipulador ................................. 94

Sugestão para programa de culto .............. 101

Sermão: Pregue no poder do Espírito ........ 104

Confira, nas páginas centrais, o encarte com informações sobre a

49ª Assembleia Geral das Convenções da IAP

4 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013– 3º Trimestre de 2013

ANTIGO TESTAMENTOGênesis GnÊxodo ExLevítico LvNúmeros Nm Deuteronômio DtJosué JsJuízes JzRute Rt 1 Samuel 1 Sm 2 Samuel 2 Sm1 Reis 1 Rs2 Reis 2 Rs1 Crônicas 1 Cr 2 Crônicas 2 CrEsdras Ed Neemias NeEster EtJó JóSalmos SlProvérbios PvEclesiastes EcCantares CtIsaías IsJeremias JrLamentações LmEzequiel Ez Daniel DnOséias OsJoel JlAmós AmObadias Ob Jonas JnMiquéias MqNaum NaHabacuque HcSofonias SfAgeu AgZacarias ZcMalaquias Ml

NOVO TESTAMENTOMateus MtMarcos McLucas LcJoão JoAtos AtRomanos Rm1 Coríntios 1 Co2 Coríntios 2 CoGálatas GlEfésios EfFilipenses FpColossenses Cl1 Tessalonicenses 1 Ts2 Tessalonicenses 2 Ts1 Timóteo 1 Tm2 Timóteo 2 TmTito TtFilemon FmHebreus HbTiago Tg1 Pedro 1 Pe2 Pedro 2 Pe1 João 1 Jo2 João 2 Jo3 João 3 JoJudas JdApocalipse Ap

ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIA UTILIZADAS NAS LIÇÕES

ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES

AM A MensagemARA Almeida Revista e AtualizadaARC Almeida Revista e CorrigidaAS21 Almeida Século 21ECA Edição Contemporânea de AlmeidaNVI Nova Versão InternacionalKJA Tradução King James AtualizadaBV Bíblia VivaNBV Nova Bíblia VivaBJ Bíblia de JerusalémTEB Tradução Ecumênica da BíbliaNTLH Nova Tradução na Ling. de Hoje

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Apresentação

Enquanto Jesus vivia como ser humano na terra, o que mais fazia era ensi-nar. Investiu o seu tempo e dedicou a sua vida na instrução das pessoas. Foi mestre, no sentido mais profundo da palavra! Contudo, algo intrigante em sua pedagogia foi a escolha de seus discípulos: ele recrutou gente que rabi nenhum daquela época recrutaria.

Os seguidores de Jesus eram pessoas improváveis: pescadores, pecadores e publicanos; pessoas simples, pobres e de pouco saber. Alguns desses dis-cípulos tinham temperamento explosivo ou eram inconstantes na fé; outros tinham falhas graves de caráter e eram mal vistos pela sociedade. Mas Cristo os escolheu e transformou suas vidas para sempre.

Essa transformação que eles experimentaram foi fruto da influência do Mestre, através do seu ensino e da convivência com ele. Os discípulos per-maneceram ao lado de Cristo, dia e noite, por, aproximadamente, três anos. Ouviram suas parábolas, seus sermões e retinham, em suas mentes e em seus corações, as belas e profundas lições que ele deixava.

O ensino de Jesus era diferente! Ele ensinava como quem tem autoridade ao falar (Mt 7:28-29). Além disso, vivia o que pregava e pregava o que vivia. Aqueles homens comprovaram isso, ao caminhar com ele. Assim, passaram por treinamento intensivo e foram moldados conforme o caráter do Filho de Deus, tornando-se mais parecidos com ele (Mt 26:73).

Quando o treinamento acabou, Jesus lhes deu uma ordem: Agora, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espí-rito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. (Mt 28:19-20). A ordem foi clara: “Façam discípulos”. Cristo queria, agora, que eles se reprodu-zissem espiritualmente em outros. Desejava que seus seguidores ensinassem aos outros, do mesmo jeito que ele lhes havia ensinado. E assim eles fizeram.

Foi assim que surgiu o discipulado cristão. Jesus havia estabelecido um processo de aprendizado pelo qual todo cristão deveria passar, para ama-durecer na fé e tornar-se parecido com ele. Como podemos notar, na experi-

6 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013– 3º Trimestre de 2013

ência dos primeiros seguidores de Cristo, esse é um processo de mudança de vida e crescimento espiritual.

Concordamos com Josué Campanhã, que faz a seguinte afirmação: “Disci-pulado não é um método, mas um processo. A igreja que entende o processo de discipulado está a caminho de uma transformação. Primeiro a transforma-ção dos seus membros e depois a transformação do mundo”.1

Fazer discípulos faz parte da missão da igreja. É uma ordem de Cristo a todos nós, pois todo verdadeiro cristão é um discípulo de Jesus, e todo verdadeiro discí-pulo é, também, um missionário. Sendo assim, devemos investir em discipulado, porque se trata de uma necessidade da igreja. Precisamos conscientizar-nos de que “discípulos sem ensino se tornam crentes raquíticos. Crentes que não são discí-pulos se tornam ativistas. Discípulos com ensino bíblico transformam o mundo”.2

Chegou a hora de redescobrirmos o grande valor do discipulado. Todo cristão precisa conhecer o seu significado e vivenciar as bênçãos dessa prática espiritual ensinada por Jesus. Por isso, temos a satisfação de apresentar aos alunos da Escola Bíblica esta nova série de lições bíblicas, intitulada: “Façam discípulos!: a ordem do Mestre a todo cristão”. Trata-se de uma série espe-cial, pois faz parte das ações estratégicas do Projeto Proclamar.

De nada adiantará a igreja “fazer convertidos”, sem “fazer discípulos”. Sem discipulado, não haverá retenção, nem crescimento saudável. Por isso, um dos objetivos desta série de estudos é mostrar-lhe, através da palavra de Deus, como você pode ajudar um novo convertido a chegar à maturidade cristã, a se integrar na vida da igreja e a alcançar outros para Cristo.

Contudo, antes de alguém aprender a discipular, é indispensável entender o que é ser um discípulo de Jesus. Ninguém pode ser um discipulador, sem, antes, ser um discípulo. Por isso, nos primeiros estudos, vamos relembrar e conceituar o que significa seguir a Cristo. Nos demais estudos, vamos mos-trar-lhe como colocar em prática o conteúdo de Mateus 28:19-20, o manda-mento do Senhor, que é para todos os seus seguidores.

Nosso desejo é que Deus use cada um destes estudos para impactar a sua vida. Que você compreenda o significado mais profundo do que é ser discí-pulo de Jesus e que se sinta desafiado fazer discípulos para ele.

Ao Mestre por excelência, sejam a glória, a honra e o louvor.

Pr. Alan Rocha,Diretor do Departamento de Educação Cristã

1. Campanhã (2012:116).

2. Idem, p.5.

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Hinos sugeridos – BJ 06 • BJ 132

16 DE JULHO DE 2013

A escola de Jesus Cristo

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OBJETIVO

Mostrar ao estudante da palavra de Deus o convite de Jesus, em Mateus 11:28-30, para que sejamos seus alunos e mostrar as principais diferenças entre o ensino de Cristo e o dos rabinos da sua época.

TEXTO BÁSICO

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tome m sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de cora-ção, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mt 11:28-30 – NVI)

LEITURA DIÁRIA

D 30/06 Mt 4:18-19

S 01/07 Jo 1:35-43

T 02/07 Is 2:3

Q 03/07 Mt 7:28-29

Q 04/07 Jo 8:2

S 05/07 Gn 5:22-24

S 06/07 1 Jo 5:3

INTRODUÇÃO

Uma das academias mais famosas da histó-ria foi a “Academia de Atenas”, fundada pelo reconhecido filósofo Platão. Ele selecionou al-guns estudantes promissores das escolas pú-blicas da época e ofereceu-lhes educação re-gular, por um período de três ou quatro anos, num local fixo. Essa academia, considerada a primeira da história a oferecer ensino superior, funcionou por mais de 900 anos.

Por mais famosa que essa escola de Platão tenha se tornado e por mais alunos que tenha formado, nunca treinou tantos alunos quanto outra escola: a de Jesus Cristo. Isso mesmo: Jesus também iniciou uma escola. O convite para matricular-se nela encontra-se em Ma-teus 11:28-30, texto base desta lição. É deste que trataremos no presente estudo.

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1. Boice (2001:31-32).

8 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Tornei-me cristão quando cursava o segundo grau. (...) Ninguém havia dito que eu precisava ler a Bíblia. Ninguém havia dito que eu pre-cisa orar ou ir à igreja. Ninguém havia me dado qualquer material para ler, muito menos uma Bíblia. Fiquei alguns dias com meus sentimentos divididos. De uma hora para outra, passei a não sentir mais prazer nas diversões de que costumava participar com meus velhos amigos. Con-tudo, também não me sentia à vontade entre os cristãos.

Eu me senti isolado até que Deus usou um jovem chamado Mark para me abrigar sob seus cuidados. Mark me observou durante aquele estudo bíblico, no dia em que entreguei minha vida a Cristo. Ele se aproximou de mim e disse simplesmente: “Eu gostaria de encorajá-lo e levá-lo à igreja comigo.

Eu estava mais aberto para isso. Mark levou-me à Capela do Calvário e começou a ajudar-me a crescer espiritualmente. Ele ensinou-me a ler a Bíblia, e nós orávamos juntos. Mark não era um grande estudioso da Bíblia ou alguém especialmente dotado para ensinar. Mas ele foi realmente o pri-meiro cristão que vim a conhecer pessoalmente como um modelo do que significa ser um discípulo de Jesus e um discipulador de outras pessoas.2

Com base nessa história, comente com a classe sobre a diferença que um cristão matriculado na escola de Cristo pode fazer na vida de alguém que está dando os primeiros passos nessa escola.

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

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2. Laurie (2002:137-138).

Que belo convite o de Jesus: “Venham a mim” e “aprendam de mim”. Mark, personagem da história que acabamos de ler, o havia aceita-do. Ele era um aluno da “escola de Jesus Cristo”, e, como tal, prestou

ajuda a outro que dava os primeiros passos nessa escola. Sua atitude fez toda a diferença! Nós também preci-samos acatar esse convite. Para que entendamos tudo que envolve essa atitude, estudaremos as particula-

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ridades do convite de Jesus. O que significa, então, estar na escola do Mestre dos mestres?

1. A escola: O convite de Jesus, em Mateus 11:28-30, tem como pano de fundo a relação entre rabi-no (mestre) e talmidim (palavra he-braica no plural, que significa discí-pulos) de sua época. A análise deste texto deixará isso evidenciado. No início do cap.11, Jesus comenta so-bre a rejeição do povo em relação a ele e a João Batista (vs. 16-19). De-pois, denuncia algumas cidades por onde passara realizando a maioria dos seus milagres e onde também fora rejeitado (vv. 20-24).

Na sequência, Jesus louva a Deus e entende que essa rejeição havia sido planejada pelo Pai, que escon-dera as verdades sobre o reino de Deus e sobre a relevância dos mila-gres de Jesus dos sábios e cultos e as revelara aos pequeninos (v.25 – NVI). Os “sábios e cultos” são os autossu-ficientes, que se consideram sábios demais para serem ensinados; os “pequeninos”, aqueles que “são de-pendentes e amam ser ensinados”.3

É neste contexto que Jesus, aque-le que conhece o Pai melhor do que ninguém e que o revela só àqueles a quem quiser revelar (v.27), faz o seu convite: Venham a mim (...); apren-dam de mim (v.28,29). Jesus compa-ra a vida cristã a uma escola em que ele é o professor. Com esse convite,

3. Carson (2010:326).

ele está recrutando seguidores que estejam dispostos a aprender. Não os “cultos e sábios” (no sentido aqui apresentado), mas os que desejam, de fato, ser ensinados. Quem são estes?

2. Os alunos: Quem está apto a matricular-se na escola de Cristo? Aqui, começa uma das grandes di-ferenças entre Jesus e os mestres de sua época, que também recrutavam discípulos. Segundo Kivitz, acontecia mais ou menos assim: Os meninos de Israel iniciavam o estudo da Torá (os primeiros cinco livros da nossa Bíblia) aos 6 anos. Aos 10 anos, no final do primeiro ciclo de estudos, já haviam decorado toda a Torá. 4

Kivitz também diz que, a partir daí, alguns voltavam para casa, para aprender o ofício da família; contudo, os mais destacados, continuavam na escola judaica, num segundo estágio, sob a orientação de um rabino. Esses meninos extraordinários eram cha-mados de talmidim (discípulos). Aos 12 anos, já haviam decorado todas as Escrituras. Aos 14, já debatiam a tradição oral.5 Entre 14 e 15 anos, só os melhores entre os melhores ainda estavam estudando, geralmente aos pés de um rabino famoso.

Quem eram então os talmidim? Os meninos extraordinários. Contudo, o convite de Jesus é para todos: Vinde a mim, todos ... (Mt 11:28). O con-vite não é só para extraordinários: é

4. Kivitz (2012:7).

5. Idem.

10 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

também para gente comum. Essa ver-dade é vista na escolha dos doze dis-cípulos. Nenhum estava entre a classe intelectual da época. Com certeza, aos 10 anos, depois de decorar a Torá, haviam voltado para casa, para aprender o ofício da família, pois não haviam se destacado nos estudos. Na escola de Cristo, todos podem se ma-tricular. O curso dura a vida toda; a “formatura é a glorificação”.6

3. A cartilha: O que Jesus quis di-zer com a frase: Tomem sobre vocês o meu jugo, de Mt 11:29? Novamen-te, precisamos recorrer ao contexto da época. Primeiro, vamos entender o que é jugo. Jugo era a travessa ou quadro de madeira com o qual dois animais de tração eram aparelhados pela testa e pela nuca e postos dian-te do arado ou do carro. Na época, o jugo posto sobre os animais para puxar cargas pesadas era usado na li-teratura judaica como uma metáfora para a soma total de obrigações que, segundo o ensino dos rabinos, uma pessoa deveria assumir.7

Os rabinos tinham formas dife-rentes de interpretar as Escrituras, e era esse conjunto de regras e inter-pretações de um mestre da Lei que se chamava de “jugo do rabino”.8 Nes-se ambiente, cada rabino tinha o seu “jugo”, isto é, seu jeito de ensinar e interpretar a lei e seus talmidim, que

6. Boice (2001:36).

7. Hendriksen (2001a:714).

8. Kivitz (2012:7).

o seguiam. É justamente nesse con-texto que Jesus aparece para dizer: Tomem sobre vocês o meu jugo; ou seja, Jesus também tinha uma forma de interpretar as Escrituras. Ele tam-bém tinha o seu “jugo”, sua “carti-lha” para os seus discípulos seguirem.

E qual a diferença entre o “jugo” de Jesus e o dos rabinos? Ele disse: Meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11:30). Os rabinos oprimiam seus segui-dores com seus ensinos. Veja que Jesus, apesar de convidar a todos, destaca os “cansados e sobrecarregados”. E quem eram estes? Mateus 24:3 fornece a res-posta: todos os que se achavam opri-midos pelo pesado fardo de regras e regulamentos postos sobre os seus om-bros pelos escribas e fariseus.9 Diferente-mente destes últimos, o ensino de Jesus não oprime nem escraviza. O jugo dele é suave. A palavra grega traz a ideia de “bem ajustado”. Voltando à associação com o jugo posto sobre os animais, po-demos dizer que o jugo de Jesus não es-fola o pescoço, pois é feito sob medida.

4. O professor: Existem três in-formações, em Mateus 11:29, sobre o nosso professor, que ressaltam sua excelência: Em primeiro lugar, vemos o aspecto relacional do seu ensino. Jesus disse: ... aprendam de mim (v.29 – grifo nosso). Aprender “de mim” é diferente de aprender “so-bre mim”. No judaísmo, a relação entre rabino e talmidim era intensa, e assim mesmo é a relação entre Je-

9. Hendriksen (2001a:713).

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sus e seus discípulos. Enquanto nos relacionamos diariamente com ele, aprendemos dele. É na proximidade de Jesus que somos transformados.

Em segundo lugar, vemos as ca-racterísticas pessoais do professor. O texto diz: ... pois sou manso e hu-milde de coração (v.29b). A palavra “manso” poderia ser traduzida tam-bém por “meigo” ou “amistoso”. Je-sus é um professor assim. Jamais será intolerante com os que tropeçarem. A NTLH traduz o termo por “bondo-so” e a KJA, por “amável”. A expres-são “humilde de coração”, por sua vez, nos diz que sua “mentalidade é determinada pela humildade”.10 Al-guém assim nunca esnoba um aluno.

Em terceiro lugar, vemos os resul-tados do ensino do professor. Jesus foi categórico: ... e vocês encon-trarão descanso para as suas almas

10. Haubeck & Siebenthal (2010:111).

(v.29c). Ele já havia dito, no v.28: ... e eu lhes darei descanso. O ensino de Jesus é libertador. O “eu” é enfáti-co. Só Cristo pode “mostrar à alma o descanso que ela precisa, bem como dar-lhe confiança para com Deus”.11 Todo discípulo de Cristo tem “des-canso” interior, segurança e firmeza, diante de todo o exterior.

Ser um dos talmidim de Jesus não significa ter uma vida isenta de pro-blemas ou dificuldades; contudo, significa ter alívio dos esmagadores fardos que a falsa religião impõe, que a consciência sobrecarregada de pecados impõe. O jugo que os rabi-nos da época colocavam sobre seus discípulos era insuportável. Por isso mesmo, este convite de Jesus é fora de série! O que você está esperan-do? Divulgue a escola de Cristo para o máximo de pessoas possíveis!

11. Champlin (1979:381).

01. Leia Mt 11:16-27, o item 1 e comente com a classe sobre o contexto do convite de Jesus (Mt 11:28-30). Mostre a diferença entre os “sábios e cultos” e os “pequeninos”.

02. Leia o item 2 e fale sobre a escolha dos talmidim da época de Jesus. Quem eram esses meninos que tinham o privilégio de estudar com os rabinos? E com Jesus? Quem pode ser seu discípulo?

12 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

03. Leia Mt 11:28,30, o item 3 e diga o que Jesus quis ensinar com a frase: “Tomem sobre vocês o meu jugo”.

04. Existem três informações sobre o nosso professor, Jesus, que ressaltam sua excelência, em Mateus 11:29. Quais são elas? Baseie-se no item 4.

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Matricule-se já, na escola de Je-sus: as matrículas são inclusivas.

“Cubram-se com a poeira dos pés do seu rabino”.12 Esse era um anti-go ditado que havia entre os antigos rabinos para os meninos talmidim. O ensino por trás do ditado é que o discípulo precisava seguir o mestre bem de perto, a ponto de não perder nenhum lance de sua vida, de estar sujo com a poeira dos pés dele, no final do dia. Que privilégio seria para esse pequeno e privilegiado grupo de meninos seguir e conviver de per-to com os grandes rabinos da época.

12. Kivitz (2012:8).

Pois bem, nosso mestre é bem maior e mais importante do que qual-quer outro que tenha existido. É Je-sus! Foi-nos dado o privilégio de o se-guirmos de perto. Não importa quem você é, qual a sua idade, a sua classe social, o seu passado, “o momento da vida em que você está (...). Jesus está chamando você para andar com ele e ser um de seus discípulos”.13 E, por favor, se você já é cristão há anos, não pense que o convite não serve mais para você! Nessa escola, não há formaturas aqui, nesta vida. A duração do curso é a vida toda!

13. Idem, p. 7.

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2. Matricule-se já, na escola de Je-sus: os ensinos são libertadores.

O jugo que os mestres de Israel punham sobre os ombros das pesso-as era imenso e consistia num lega-lismo totalmente sem fundamento. Os discípulos deles tinham uma lista extensa de estipulações e aprendiam que a salvação só era possível “por meio da rigorosa obediência a este enorme volume de regras”.14 Pense no quanto viver dessa maneira era e é prejudicial! A tensão mental que uma vida assim produz pode levar e tem levado pessoas aos médicos

14. Hendriksen (2001a:715).

e aos hospitais. Não podemos com-pactuar com isso!

Ao dizer que seu jugo é suave e o seu fardo é leve, Jesus está afirman-do que o seu ensino é libertador. Isso não significa que ele não exija nada dos seguidores. O que ele pede bro-ta da confiança nele, e a obediência a seus mandamentos, por gratidão pela salvação já comunicada por ele, é deleitosa, produz paz e alegria. As-sim, a pessoa que “vive este gênero de vida não é mais escrava. Tornou--se livre”.15 O que você está esperan-do para viver este tipo de vida?

15. Idem, p.716.

05. Leia a primeira aplicação e fale sobre o nosso grande privilégio de sermos discípulos de Jesus. Quem está incluso e tem direito a ele?

06. Por que viver os ensinos de Jesus traz deleite para a vida? O que podem produzir?

14 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

DESAFIO DA SEMANA

Você se lembra do Mark, da história do início desta lição? Pois bem, o Mark, aparentemente, era alguém que havia se matricu-lado na escola de Cristo. Ao menos essa foi a impressão que ele passou para o amigo recém-convertido, que viu nele um discípulo de Jesus, mesmo não sendo especialmente dotado para ensinar. Todos nós precisamos nos perguntar se realmente estamos ma-triculados na escola de Jesus e se somos alunos assíduos, no que diz respeito à participação das aulas. Examine-se, durante esta se-mana. Você já sabe de que escola estamos tratando, dos alunos que nela estudam, do conteúdo ministrado e das características do professor. Seja um aluno nota 10, estudando a palavra do profes-sor (Bíblia), interagindo com ele, em oração, e, através do contato com os outros alunos, entendendo mais sobre seu agir. É isso!

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Hinos sugeridos – BJ 299 • BJ 391

213 DE JULHO DE 2013

O que é ser um discípulo?

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OBJETIVO

Mostrar, através das Escrituras Sagradas, que o discípulo de Cristo é caracterizado por uma vida de obediência, amor e muitos frutos.

TEXTO BÁSICO

Nisto co nhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. (Jo 13:35)

LEITURA DIÁRIA

D 07/07 Jo 8:30-32

S 08/07 Jo 13:33-35

T 09/07 Jo 15:1-8

Q 10/07 Mc 3:13-19

Q 11/07 Rm 6:19-22

S 12/07 Gl 5:22-23

S 13/07 Mt 7:15-23

INTRODUÇÃOQuando percorremos as páginas do Novo

Testamento, percebemos que os seguidores de Jesus não eram conhecidos como “evangé-licos”, “crentes” ou mesmo “cristãos”, como acontece em nossos dias. Na verdade, Jesus chamou aqueles que os seguiam de “discípu-los”. A palavra “discípulo” (mathetés, em gre-go) aparece 269 vezes no Novo Testamento e significa “aprendiz” ou “aluno”.

No entanto, os discípulos de Jesus não eram aprendizes de conceitos filosóficos ou teológicos. Jesus não fez discípulos trancando-os numa sala de aula. Ele lhes ensinava com a sua vida. Assim, um discí-pulo de Cristo é aquele que aprende a viver como o seu mestre. Deste modo, na lição de hoje, nós nos ocuparemos de mostrar o que significa, de fato, ser um discípulo de Jesus. Vamos ao estudo.

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1. Phillips (2007:19). 2. Sousa (2012: 42).

16 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

Um dos mais fecundos compositores de cânticos litúrgicos cristãos da Nigéria é Harcourt White. Ele é um leproso. Um dos principais cen-tros mundiais para tratamento e cura de lepra é Uzuakoli, na região oriental da Nigéria. Harcourt White foi para lá para se tratar.

Durante sua estada lá encontrou-se com o renomado médico da hanseníase, Dr. Frank Davey. Além de ser clínico, também era pas-tor metodista e um talentoso músico. Harcourt White tinha ido para Uzuakoli para curar-se da lepra. Enquanto lá estava encontrou muito mais do que procurava. Ele aprendeu a arte de escrever e compor mú-sica, e descobriu o que significava ser discípulo de Jesus Cristo.

Quando era submetido aos testes clínicos para lhe conferir a cura, capacitando-o a receber o certificado declarando estar curado, Har-court White decidiu permanecer e trabalhar com os pacientes do le-prosário. Ele também regeu e ensaiou o coro da capela da instituição. Foi uma maneira de agradecer por tudo o que aprendeu e descobriu, muito além do que esperava.3

Comente sobre a principal das descobertas do personagem dessa história, enquanto estava na clínica de recuperação. Essa descoberta mudou a sua vida em algum sentido?

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

3. English (1995:67).

No evangelho narrado por João, encontramos uma expressão muito repetida por Jesus: “sereis” ou “sois meus discípulos”. Nos textos de Jo 8:31, 13:35, 15:8, Jesus utilizou essa expressão, indicando como seus se-guidores poderiam “ser” verdadei-ros discípulos. Cremos, portanto,

que encontramos, nesses textos, as características de um discípulo de Jesus. A seguir, veremos quais são estas características.

1. Permanecer na Palavra: Certa feita, enquanto ensinava no templo, Jesus falou desta característica básica do discipulado: Se vós permanecerdes

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na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos (Jo 8:31). Mas o que será que Jesus estava querendo dizer com isso? É muito simples. Para Jesus, permanecer tem o significado de aderir a seu ensino, orientar a vida por ele4.

Os ensinos de Jesus são a cartilha de seus discípulos. Afinal, um discí-pulo verdadeiro está em sintonia com a instrução do seu mestre.5 Mais do que isso, a instrução do mestre torna--se regra de fé e prática do discípulo.6 Portanto, permanecer tem o mesmo sentido de obedecer. Só permanece na palavra de Jesus aquele que lhe obedece. Essa é uma característica in-confundível de um discípulo de Cristo.

Infelizmente, a obediência à pa-lavra parece não estar em alta, no meio “evangélico”. Alguns cristãos utilizam o método “mergulhe e pule” de obediência à Escritura. Eles mergulham nas promessas e pulam as ordens.7 Preferem enfatizar as bênçãos, os benefícios do discipu-lado, mas negligenciam completa-mente a marca de um verdadeiro discípulo: a obediência.

Tragicamente, muitos se dizem seguidores de Jesus; contudo, nem sequer conhecem ou estudam sua palavra. Como, então, poderão obe-decer-lhe? Não se engane: se dese-jamos ser discípulos de Jesus, temos

4. Bruce (1987:173).

5. Idem.

6. Idem.

7. Philips (2007:47).

apenas um modo de fazê-lo: obede-cendo a seus mandamentos. É ilu-são, ou mesmo audácia, desejar ser discípulo de Jesus sem lhe obedecer.

2. Amar uns aos outros: Jesus estava preparando seus discípulos para a sua partida. Ele já lhes ha-via garantido: Vou estar com vocês apenas mais um pouco (Jo 13:33). Sabendo, portanto, que pouco tem-po lhe restava, tratou de lhes ensi-nar como poderiam se tornar seus discípulos: Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13:35).

Eis aqui a inconfundível e peculiar característica dos discípulos de Cristo: o amor. Os atos de amor dos seguidores de Jesus falam mais alto do que qual-quer discurso ou pregação. Esses atos de amor são o distintivo dos verdadei-ros discípulos de Cristo. Sim, o amor é a mais poderosa pregação que existe. Assim sereis meus discípulos, garantiu Jesus: se tiverdes amor uns aos outros.

Jesus diz que esse é um novo mandamento (Jo 13:34). No Antigo Testamento, a ordem era: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo (Lv 19:18). Agora, no entanto, o Mestre revoluciona, ao dizer: Amem uns aos outros assim como eu os amei (Jo 13:34). Este assim como eu sugere que o caminho do discipulado é a imitação de Cristo. Ser discípulo é imitá-lo.

Encontramos inúmeras pessoas religiosas, que participam ativa-mente de suas igrejas, mas cujas

18 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

vidas, nem de longe, têm qualquer semelhança com a vida de Cristo.8 Entretanto, se somos discípulos, devemos aprender a tratar as pes-soas com respeito e consideração, com o cuidado e a graciosidade com que Jesus as trataria.9 Por quê? Porque o amor é a caracterís-tica de um discípulo de Jesus.

3. Produzir frutos: Devemos per-guntar ainda: Qual a característica de um discípulo? Mais uma vez, Jesus nos oferece uma bela resposta: Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos (Jo 15:8). Os discípulos de Jesus, en-tão, são aqueles que dão fruto; aliás, “muito” fruto. É importante enten-dermos do que Jesus está falando.

Em João 15, temos a alegoria da “Videira”. Jesus diz que é a videira ver-dadeira (isso porque existem as falsas) e compara seus discípulos aos ramos dessa videira. Ele diz claramente que ne-nhum ramo pode dar fruto de si mesmo (v. 4), e conclui: ... vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim (v. 4b – NVI). Se alguém per-manecer em mim, e eu nele, esse dará muito fruto (v. 5 – NVI). Aqui, temos o segredo para a frutificação.

8.Sousa (2012:42-43)

9. Dudley (2006:295)

Produzir fruto, neste texto, é ser semelhante a Jesus e refletir o seu caráter. Deus é glorificado, quando Jesus é refletido na vida dos seus dis-cípulos, e é dessa maneira que estes provam ser verdadeiros discípulos do mestre da Galileia. O segredo para refleti-lo não é outro senão perma-necermos nele e ele em nós.

Um “ramo de videira não tem vida nem utilidade se não continuar liga-do à videira. A seiva viva que flui pelo caule capacita-o a produzir uvas”.10 É assim com o discípulo de Jesus. É na relação e na união com Cristo que podemos refleti-lo e viver da maneira que ele deseja: glorificando ao Pai, amando o necessitado, servindo os nossos irmãos na fé, proclamando a boa nova do evangelho aos que es-tão sem esperança no mundo.

Você reparou que, ao longo desta lição, repetimos, por várias vezes, a expressão “verdadeiro discípulo”? A razão pela qual fizemos isso é que, em nossos dias, existem muitas pes-soas religiosas que, por fora, pare-cem ser discípulas de Cristo, mas, em suas vidas, não manifestam obe-diência, amor ou frutos. Não incorra nesse equívoco! Seja um verdadeiro discípulo de Jesus!

10. Bruce (1987:265).

01. Com base na introdução, comente em classe como Jesus chamou seus seguidores. Eles eram conhecidos como evangélicos? O que é ser um “discípulo”?

www.portaliapportaliap.com.br 19

02. Leia João 8:31; o item 1, e responda: O que significa permanecer na palavra?

03. Leia o item 2; Jo 13:34-35, e responda: Qual a inconfundível e peculiar característica dos discípulos de Cristo? Você acha que a sociedade em que a igreja está inserida enxerga essa característica?

04. Leia João 15:8, o comentário do item 3 e responda: O que Jesus estava querendo dizer com “produzir frutos”? Que frutos são estes?

1. Seja um discípulo: imite a vida de Jesus!

Todo discípulo é chamado para “aprender as palavras, os atos e o esti-lo de vida do seu mestre”.11 A palavra--chave do discipulado cristão é “imita-

11. Philips (2007:19).

ção”. Um genuíno discípulo de Cristo é aquele que o imita. Ser discípulo de Jesus implica aprender com sua humil-dade e mansidão, negar o mundo12 e permitir que seu caráter seja moldado à semelhança do Mestre.

12. Idem, p. 44.

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

20 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

É preciso admitir que essa carac-terística do discípulo tem sido esque-cida pelos cristãos hodiernos. No en-tanto, se você se propõe a ser discí-pulo de Cristo, deve estar disposto a imitá-lo. Deve amar as pessoas como

ele as amava; viver em santidade como ele viveu; orar como ele ora-va; perdoar como ele perdoou; fazer discípulos como ele fazia, e ajudar os necessitados como ele o fez. Seja um discípulo: imite a vida de Jesus.

05. Seja honesto consigo mesmo: Você tem imitado a vida de Jesus? Será que as pessoas com as quais você convive percebem que você se parece com ele?

2. Seja um discípulo: obedeça aos mandamentos de Jesus!

Uma característica dos cristãos pós-modernos é a completa aversão à obediência, a rejeição à lei e aos mandamentos do Senhor. “Estamos no tempo da graça”, dizem. Esque-cem-se de que a graça nos capacita à obediência, não à desobediência. Isso nos lembra o que Jesus disse: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus (Mt 7:21)

Não basta vir à igreja, cantar, ofertar etc. É preciso obedecer aos mandamentos de Cristo. Muitos dirão a Jesus: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos de-mônios? E, em teu nome, não fize-mos muitas maravilhas? E ele lhes dirá: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqui-dade (Mt 7:22-23). Não se engane: um verdadeiro discípulo obedece aos mandamentos de Jesus.

06. Comente com a classe sobre a aversão de muitos cristãos à obediência. É possível ser um discípulo de Jesus, sem lhe obedecer?

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DESAFIO DA SEMANA

Estudamos, hoje, sobre o que significa ser um discípulo de Jesus e quais são suas características. O desafio desta semana ser á aferir essas características em nossas próprias vidas. Você tem obedecido aos mandamentos do Senhor? Tem amado as pessoas como Jesus as ama? Você precisa perdoar alguém? E seus frutos? Você está se parecendo mais com Jesus? Faça o seguinte: acorde mais cedo, nesta semana, para ler a palavra e orar. Leia os textos desta lição e, em oração a Deus, peça a sua ajuda para ser obediente, amar as pessoas como ele as ama e ser um discípulo cheio de frutos, para a glória de Cristo.

22 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 315 • BJ 186

320 DE JULHO DE 2013

Exigências do discipulado

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OBJETIVO

Ensinar ao estudante da Escola Bíblica, com base na palavra de Deus, que a escola de Jesus tem suas exigências, que devem ser postas em prática, de maneira convicta e submissa.

TEXTO BÁSICO

Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. (Mc 8:34)

LEITURA DIÁRIA

D 14/07 Mc 8:34-38

S 15/07 Mt 19:16-22

T 16/07 Lc 9:57-62

Q 17/07 Fp 2:5-11

Q 18/07 2 Co 5:14-15

S 19/07 Cl 3:5-11

S 20/07 Gl 6:11-17

INTRODUÇÃO

No estudo da semana passada, aprende-mos o que é ser um discípulo. Analisamos as características que este deve possuir. Hoje, porém, trataremos das exigências do discipulado. A propósito, o termo exigência parece um tanto ríspido, nos dias de hoje. Estamos cada vez mais acostumados a ter as coisas de modo fácil e rápido, sem complica-ções ou sacrifícios.

Isso acaba por se refletir, de certa manei-ra, no âmbito religioso. Não é pouco o nú-mero de pessoas que rondam diversas igre-jas, no intuito de encontrar uma religião sem exigências, um lugar em que não se sintam incomodadas em suas vontades, em que o foco seja, acima de tudo, o ser humano. O problema é que tais cristãos nunca serão, de fato, discípulos de Jesus. Isso porque o dis-cipulado tem suas exigências. Sobre estas, estudaremos a seguir.

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I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

Susi era uma jovem universitária que havia crescido na igreja. Sua família era rica, influente e ela se preparava para ser uma arquiteta de renome, como seus pais. Já era batizada, frequentava as atividades da igreja e era bem popular entre os jovens. Sentia que era salva, mas seu compromisso com Jesus e com a igreja era superficial e ela mesclava sua vida na igreja com a balada em lugares impróprios, uma vida cheia de riscos e envolvimento com pessoas duvidosas. Ela sempre ouvia falar da importância do discipulado, mas achava que isto era somente para jovens que queriam ser “coroinhas do pastor”.

Depois de algum tempo, começou a perceber mudanças profundas na vida de uma prima que também frequentava a igreja e que estava participando do processo de discipulado. Aquilo começou a incomodá--la, pois as duas eram tão amigas, mas agora tinham atitudes e com-portamentos diferentes. O incômodo a levou a participar de um grupo de discipulado e ali começou o processo de transformação em sua vida.

Alguns meses depois de iniciar o processo de discipulado, ela com-partilhou em seu grupo:

Preciso confessar para vocês hoje alguns pecados que tenho come-tido contra Deus, contra meus pais e até mesmo contra a liderança da igreja. Deus tem mexido profundamente com meu coração, e tirado minha rebeldia, além de mostrar-me quanto preciso depender dele.1

De acordo com o texto acima, que tipo de atitudes uma pessoa passa a valorizar, depois que entende que o discipulado exige um comprometimento verdadeiro?

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Campanhã (2012:27-28).

Ao contrário do que fazem muitos líderes religiosos de nosso tempo, Jesus não pregava o que as pessoas almeja-vam ouvir. Por isso, cuidou em anun-

ciar a sua própria morte (Mc 8:31). Em seguida, convocou a multidão e os discípulos para lhes falar a respeito das exigências do discipulado (v.34), que

24 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

expressam as condições para perma-necer na escola da qual ele é Senhor e Mestre. Analisemos, portanto, as suas instruções, com base em Mc 8:34.

1. Se alguém quer vir após mim: Estas são as palavras que Jesus proferiu, em Mc 8:34, antes de falar das exigências do discipulado. Elas revelam, antes de qualquer coisa, que o caminhar com Jesus é condi-cional. Em outros termos, ninguém pode ser discípulo de Jesus de qual-quer maneira. O discipulado não é movido pela quantidade de pessoas, mas pela qualidade delas. Por isso, deve ser levado a sério.

A expressão Se alguém quer vir após mim revela uma proposta abrangente. Jesus não se limita a ofe-recer a oportunidade de segui-lo a uma elite espiritual, mas a todos que quiserem. A Nova Bíblia Viva traduz essa expressão assim: Se qualquer um de vocês quiser ser meu seguidor. O evangelho não é exclusivo, mas in-clusivo e destinado a todas as classes, sem distinção de cor, idade, sexo, et-nia. Nesse sentido, qualquer pessoa poderá ser um discípulo de Jesus.

Além disso, a mesma expressão revela, também, a necessidade de uma resposta voluntária. É correto dizer, portanto, que a “soberania de Deus não violenta a vontade hu-mana. É preciso existir uma predis-posição para seguir a Cristo”.2 Ele nos concede o benefício da livre

2. Lopes (2006:393).

escolha. A decisão é nossa. Ele não quer que o sigamos por força ou violência, mas por amor à sua pes-soa e ao seu evangelho.

2. A si mesmo se negue: Negar--se, por sua vez, sugere a primeira exi-gência do discipulado. O que significa negar a si mesmo? Significa, sobretu-do, completa submissão ao senhorio de Cristo, ou seja, o ego não tem autoridade.3 Essa é uma condição indispensável a quem almeja ser um verdadeiro discípulo de Cristo.

Essas palavras proferidas por Je-sus são confrontantes. Nem todas as pessoas se propõem a abrir mão do orgulho, da soberba, da presunção, da autoconfiança. Poucos aceitam descer do pedestal em que se encon-tram. Muitos gostam de ser servidos, mas somente uma minoria dedica-se a servir. Todos pecam, mas nem to-dos confessam o seu pecado.

Quando negamos a nós mesmos, renunciamos a nossa própria vontade pela vontade do Mestre e damos-lhe toda a prioridade sobre nossa vida. Satanás não fez isso; antes, optou por ser arrogante (Is 14:13-15). O seu pronome preferido era o “eu”: eu su-birei ao céu; eu exaltarei o meu trono; eu me assentarei no monte da con-gregação; eu subirei acima das mais altas nuvens. Cristo, por sua vez, ne-gou-se, assumindo a forma de servo (Fp 2:5-11). É este e não aquele que devemos tomar por exemplo.

3. MacDonald (2009:14).

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3. Tome a sua cruz: A tercei-ra expressão de Jesus é por demais impactante, não só para nós, mas, principalmente, para os seus contem-porâneos. Para termos uma ideia, ao ouvirem a expressão tome a sua cruz, eles “pensaram num instrumento cruel de tortura e morte. Pensaram na morte pelo método mais agoni-zante jamais conhecido pelo homem. Eles pensaram nos miseráveis crimi-nosos condenados que pendiam as cruzes à beira da estrada”.4

Portanto, não faria sentido associar a expressão tome a sua cruz a uma doença, a uma pessoa problemática ou a uma situação estressante do dia-a-dia. O ato de tomar a cruz não provém de uma circunstância, mas de uma escolha. Quem almeja ser discí-pulo de Jesus, condiciona-se, volunta-riamente, a carregar a sua cruz.

Tomar a cruz significa, portanto, enfrentar a vergonha, a perseguição e o abuso que o mundo lançará so-bre todo aquele que optar por seguir contra a corrente,5 que disser “não” às propostas tentadoras do maligno. Tomar a cruz é trilhar o caminho do sacrifício, mesmo que o final deste seja a morte. Paulo escolheu a cruz: Porquanto, para mim, o viver é Cris-to, e o morrer é lucro (Fp 1:21). E nós, o que escolheremos?

4. Siga-me: Por fim, Jesus traz à tona a sua última exigência concer-

4. MacArthur Jr. (2003:232).

5. MacDonald (2009:14-15).

nente ao discipulado: Siga-me, disse ele. A abnegação e a cruz conduzem o discípulo a ninguém menos que Cristo. Seguir Jesus é imitá-lo, é ser parecido com ele, é agir como ele agiu. É isso que o verdadeiro discípulo faz: imita o seu mestre. Seguir Cristo é fazer o que ele faria em nosso lugar. É amar o que ele ama e aborrecer o que ele aborrece. É viver a vida na perspectiva dele.6

Seguir Jesus, porém, não é uma atividade esporádica, mas corriquei-ra, habitual. É diária e contínua. Lu-cas 9:23 diz: ... dia a dia tome a sua cruz e siga-me (grifo nosso). Não podemos perder o nosso tempo com outra coisa que não seja seguir o Se-nhor. Quem quer ser discípulo dele, não pode esquecer-se disso. Seguir homens e mulheres carismáticos, e não Jesus, é um erro que muitos co-metem, lamentavelmente.

Seguir Jesus não é uma atividade secundária, mas prioritária. Em cer-ta ocasião, um dos discípulos pediu a Jesus permissão para sepultar o próprio pai. A resposta do Mestre foi: Segue-me, e deixe aos mortos o sepultar os seus próprios mortos (Mt 8:22). Só Jesus, e mais ninguém, é a prioridade do discípulo. O contrário disso não tem respaldo bíblico.

Portanto, não voltemos atrás em negarmos a nós mesmos, carregar a nossa cruz e seguir a Cristo, pois o discipulado, como vimos, tem suas exigências. Motivados pelo amor a

6. Lopes (2006:395).

26 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Jesus e a seu evangelho, devemos aceitá-las de bom grado. Para o dis-

cípulo praticar, veremos, a seguir, duas importantes lições.

01. Após ler o item 1, responda: O que revela a expressão se alguém quer vir após mim?

02. Com base no item 2, explique o que significa a expressão a si mesmo se negue.

03. O que significa tomar a cruz? É correto associar essa expressão a uma doença, a uma pessoa problemática ou a uma situação estressante do dia-a-dia? Por quê? Baseie-se no item 3.

04. Após ler o item 4, responda: O que é seguir Jesus? Por que esta prática não é uma atividade esporádica nem secundária?

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Siga Jesus de maneira convicta. Às multidões e aos discípulos, Jesus

disse: Se alguém quer vir após mim

(Mc 8:34a). Mesmo sendo Senhor e Mestre, Jesus não obriga as pessoas a segui-lo. Tampouco as engana, pro-

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metendo um evangelho fácil, barato, sem sacrifícios. Não é esse o seu perfil. Ao contrário, Cristo procura ser firme e claro em suas palavras. Ele permite às pessoas o ato de decidir.

O jovem rico, descrito em Mt 19:20-22, pôde escolher não ser um discípu-lo de Cristo, ao contrário de Levi, que

não hesitou em seguir a Jesus (Mc 2:14). Portanto, sejamos discípulos, não por coação, mas por convicção pessoal. Sigamos após Jesus, por livre e espontânea vontade. Somente por meio do amor não fracassaremos em negar a nós mesmos, carregar a nossa cruz e seguir o Mestre.

05. Por que é preciso seguir a Jesus de maneira convicta? Responda com base na primeira aplicação.

2. Siga Jesus de maneira submis-sa.

Negue-se a si mesmo (Mc 8:34b) é uma expressão por demais impor-tante, por dois motivos. O primeiro deles é que foi proferida por Jesus, o Senhor dos senhores. O segundo motivo é que foi destinada a todos os que desejam ser seus discípulos, em todas as épocas. Em outras palavras, essa exigência é para nós, também.

Hoje em dia, poucos querem submeter-se ao senhorio de Jesus. É muito mais cômodo segui-lo de lon-ge, não ter comprometimento com nada, não lhe dar satisfações. Não ajamos assim. Rendamo-nos as suas exigências. Disponhamo-nos a servir a ele e aos outros. Abaixo o orgulho, a arrogância, a presunção. Viva a hu-mildade e a submissão! Prevaleça a vontade de Cristo sobre a nossa.

06. Por que é preciso seguir a Jesus de maneira submissa? Responda com base na segunda aplicação.

28 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

DESAFIO DA SEMANA

O estudo de hoje chegou ao fim, mas o desafio continua. Como vimos, negar a si mesmo, carregar a cruz e seguir a Jesus são exi-gências do discipulado. Sabendo disso, somos desafiados, nesta semana, a refletir sobre cada uma dessas exigências, praticando--as, diariamente. Se o seu ego tem falado mais alto, sujeite-o a Cristo. Lute contra a arrogância. Se você tem sido tentado a se conformar com o mundo, não ceda. Nade contra a maré. Sujeite--se à perseguição e carregue a cruz. Se o seu caráter não tem sido semelhante ao de Jesus, submeta-se à transformação. Faça o que ele faria. Pense como ele.

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Hinos sugeridos – BJ 92 • BJ 173

427 DE JULHO DE 2013

Discipulado tem custo

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OBJETIVO

Motivar o estudante da Bíblia Sagrada a considerar o custo de seguir a Jesus, a fim de se tornar um discípulo autêntico, servindo ao Senhor com perseverança e desapego.

TEXTO BÁSICO

Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? (Lc 14:28)

LEITURA DIÁRIA

D 21/07 Lc 14:25-33

S 22/07 2 Tm 3:11-12

T 23/07 Hb 11:32-38

Q 24/07 Mc 10:29-31

Q 25/07 Mt 10:16-26

S 26/07 Hb 10:32-34

S 27/07 Hb 10:35-39

INTRODUÇÃO

Na lição da semana passada, estudamos sobre as exigências apresentadas a quem se propõe a seguir Jesus. Hoje, porém, trata-remos do custo do discipulado. “Como as-sim?”, alguém poderia perguntar. “Seguir Jesus tem custo?”. Certamente. E mais do que isso: nós é que arcaremos com esse cus-to, que não é barato.

Portanto, cuidado com o evangelho da teologia da prosperidade. Se alguém usa, em seus sermões, expressões como: “Pare de sofrer”, desconfie. Jesus não trilhou por esse caminho. Como as multidões que se-guiam Jesus, há pessoas, em nosso tempo, que frequentam igrejas somente em busca de benefícios. O que Cristo nos ensinou, po-rém, foi o caminho do sacrifício.

30 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Tiago era um adolescente criado na igreja desde bebê. Com 14 anos, liderava os adolescentes na igreja e tinha tudo para seguir os passos dos seus pais que também eram líderes. O pai era médico renomado na capital onde moravam (...). Tiago tinha três irmãos e todos eram cobrados severamente pelos pais em seus estudos, comportamento e perspectiva profissional. Durante algum tempo, Tiago começou a observar a vida de alguns jovens mais maduros que ele, e percebeu que todos que eram discipulados mudavam radicalmente seu estilo de vida. Ele (...) pediu que alguém o discipulasse.

Ele deixou de ser o “garoto perfeito” que todos admiravam e que era orgulho dos seus pais e se transformou num “missionário itineran-te”. (...) Em seguida, ele recebeu o chamado de Deus e decidiu que seria missionário em países onde há perseguição religiosa. Essa experi-ência foi quase um choque para o seu pai que idealizava para ele uma carreira bem-sucedida de médico na cidade onde estavam. Certo dia, o pai de Tiago procurou o pastor para expressar seu espanto. Primeiro ele perguntou:

– O que vocês fizeram com meu filho? Depois ele afirmou:– (...) Eu sempre fui exigente com os meninos, mas queria apenas

que eles fossem bons frequentadores da igreja como nós fomos a vida toda. Hoje, é o Tiago que me chama a atenção para que eu viva um evangelho verdadeiro como discípulo de Cristo e fico envergonhado, pois os meus valores estão muito mais ligados às coisas materiais do que as espirituais.1

Com base nesse texto, responda: Quanto pode custar para uma pessoa o real comprometimento com Cristo?

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Campanhã (2012:54-55).

A salvação é por graça. É um dom exclusivo de Deus e não vem de nós

(Ef 2:8), nem de nossas obras (v.9). Nada pagamos por ela. Permanecer

www.portaliapportaliap.com.br 31

na escola de Jesus, porém, envolve o custo da renúncia e este é um pre-ço com o qual todos nós precisamos arcar, a menos que optemos por não seguir o Mestre. É isso que o Senhor ensina às multidões, em Lc 14:25-33. Relacionado a esse ensi-no, três importantes aspectos mere-cem destaque. Vejamo-los.

1. Novas prioridades: O ensino de Jesus sobre o custo do discipula-do começa da seguinte maneira: Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14:26 – grifo nosso). Dá para ser mais direto do que isso? Je-sus não deu voltas. O ensino aqui é sobre prioridades.

Quando colocamos o pé na es-trada do discipulado, o foco deve estar em Jesus. O termo “aborre-cer” tem o sentido de amar menos,2 ou seja, o amor a Cristo deve superar o amor por qualquer outra pessoa ou coisa, inclusive os nossos próprios desejos. A NVI traduz o versículo neste sentido: Se alguém vem após mim e ama a sua família, e até a sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo.

Um discípulo de Jesus deve estar preparado para, se necessário, colo-car a devoção ao seu Senhor acima de qualquer ligação terrena. É im-portante entendermos também que,

2. Hendriksen (2003:275).

quando Jesus fala sobre “aborrecer” os familiares, não está nos encora-jando ou ordenando a desprezar a família, maltratá-la, deixá-la de lado e não lhe dar atenção; afinal, se te-mos de amar até os nossos inimigos, por que seria diferente com a nossa própria família?!

“Aborrecer” também expressa “preferência”. Essa palavra apare-ce em Rm 9:13 com esse sentido. A ideia do versículo é a seguinte: “... se houver conflito entre a lealdade familiar e o desejo de seguir Jesus, a pessoa tem de escolher Jesus; a família e a própria vida (i.e., desejos pessoais, desígnios e expectativas) só podem ter o segundo lugar”.3 Se desejamos seguir mesmo Jesus, seja-mos absolutamente fiéis a ele.

2. O discipulado não é uma aventura: À luz do v. 26, analisado no item anterior, deu para perceber o quanto a decisão de seguir Jesus é séria. Ele não apresentou propos-tas que dependem da situação. Ao contrário, para inculcar essa ver-dade na mente dos seus ouvintes, Jesus conta duas parábolas. Ele compara o caminho do discipulado a dois empreendimentos.

A primeira parábola diz respei-to à construção de uma torre (Lc 14:28-30). Jesus fala de alguém que, antes de iniciar a construção, se assenta para calcular o preço e ver se terá dinheiro suficiente para

3. Arrington & Stronstad (2003:418).

32 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

completá-la. É vergonhoso para um construtor deixar um edifício inaca-bado, porque seu capital se esgo-tou antes de terminar a construção. As outras pessoas, ao verem os ali-cerces postos, sabendo que o dono não tem condições de terminar, irão zombar dele.

A segunda parábola diz respeito ao envio de um exército à guerra (vv.31-32). Jesus conta sobre um rei que descobriu que o exército inimi-go tinha o dobro do número de sol-dados do seu; então, se questiona se vai ou não à guerra, pois é bem provável que um exército de 20 mil soldados derrote um com 10 mil. Antes mesmo de ir à guerra, esse rei precisa considerar tais questões. E levando em conta a possibilidade da derrota, deve enviar mensageiros, pedindo condições de paz. Quão in-sensato é um comandante que não calcula a força das suas tropas, antes de levá-las ao campo de batalha!

Jesus também pede para os seus discípulos calcularem se podem ou não segui-lo. Ele não quer pessoas que “tenham com ele compromissos superficiais e inconsequentes. O dis-cipulado não é uma aventura. Não é compromisso assumido passional-mente, por emoção, no entusiasmo do momento”.4 Reflitamos, antes de dizer que queremos seguir Jesus.

3. Uma questão de tudo ou nada: A expressão “não pode ser

4. Kivitz (2012:225).

meu discípulo” se repete três ve-zes, no trecho analisado nesta lição (Lc 14:26,27,33). Jesus não floreava nada mesmo: ninguém é obrigado a segui-lo, mas, se alguém quiser fazê--lo, que faça as contas e não entre de maneira irresponsável nessa relação.

Voltando às parábolas da torre e do exército, é importante desta-carmos que o cálculo para seguir Jesus não é do tipo: “Tenho dois milhões e vou gastar quinhentos mil na torre”, ou: “Tenho um exér-cito de cem mil soldados, mas vou enviar apenas cinquenta mil para a batalha”. Não! No discipulado, “não contabilizamos expectativas de investimento, margens de re-torno, relação de custo benefício, como se estivéssemos calculando uma relação de lucros e probabili-dades de sucesso”.5

O cálculo, na verdade, não tem muitos segredos: ou você entrega tudo, ou, então, não entrega nada: ... se não estiverem dispostos a re-nunciar até o que há de mais im-portante na vida de vocês – sejam planos, sejam pessoas –, não estão preparados para ser meus discípulos (v.33 – AM). Todo discípulo precisa estar disposto a entregar tudo a Je-sus, se necessário for.

Jesus encerra esse trecho com a imagem do sal imprestável: O sal é bom, mas se ele perder o sabor, como restaurá-lo? Não serve nem

5. Idem.

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para o solo nem para adubo; é jo-gado fora (Lc 14:34-35). Jesus usa essa imagem por duas razões: Em primeiro lugar, para enfatizar que segui-lo envolve reflexão, pois um discípulo que desiste no meio do caminho (apostasia), porque a jor-nada é difícil demais, é como o sal imprestável; em segundo lugar, para ensinar que o discípulo que não vive como discípulo vale tan-to quanto sal que não salga. Seus discípulos não podem ser “meros discípulos nominais. Devem ser sal

genuíno, que ainda não perdeu seu sabor”.6

O cerne do discipulado é viver em total comprometimento com Cristo; é amá-lo acima de todas as demais coisas; é segui-lo com os pés no chão. Essas são qualidades inerentes ao discipulado. Se não as possuímos, independentemente de quais outras tenhamos, não estamos aptos para seguirmos o Senhor Jesus. O discipu-lado tem custo.

6. Hendriksen (2003:278).

01. Com base em Lc 14:26 e no item 1, comente com a classe sobre o sentido do verbo “aborrecer”.

02. Leia Lc 14:28-32; o item 2, e responda: Qual o principal ensino das duas parábolas contadas por Jesus? O que ele estava querendo enfatizar?

03. A expressão “não pode ser meu discípulo” se repete três vezes, no trecho analisado nesta lição (Lc 14:26,27,33). Leia os três primeiros parágrafos do item 3 e comente sobre por que Jesus a usa tanto.

34 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

04. Em Lc 14:34-35, temos uma última imagem usada por Jesus. Que imagem é essa e que ensinos ele quis transmitir?

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Seguir Jesus tem um custo: Per-severemos.

Na vida cristã, é comum lidarmos com pessoas que começam bem, mas logo desistem e se afastam do Mestre. São solos em que a semente do evan-gelho não pôde criar raízes. Quando as pressões do mundo vêm sobre tais pessoas, estas percebem que o custo de seguir Jesus é alto. Por isso, não perseveram em andar com ele.

Infelizmente, é isso que acontece, quando não se calcula o custo de se-guir Cristo. As pessoas abandonam o barco, quando percebem as bra-vas ondas. Por isso, analisemos os custos e optemos por ir após o Mes-tre. Não retrocedamos em nossa fé (Hb 10:38-39). Não permitamos que as pressões impostas por este mun-do nos afastem de nosso Senhor. Perseveremos!

05. Por que, quando analisamos o custo de seguir Jesus, precisamos ser perseverantes? Comente com base na primeira aplicação.

2. Seguir Jesus tem um custo: De-sapeguemo-nos.

O discípulo que atentou em ana-lisar o custo do discipulado sabe que é impossível seguir Jesus sem renuncia. Muitos pensam que dis-cipulado é ganhar para poder ga-nhar, quando, na verdade, é perder para poder ganhar. Por isso, hesi-

tam em se desapegar dos praze-res deste mundo. O seu coração, então, se volta para outras coisas, menos para Jesus.

Porém, Cristo rebate essa atitude com muita veemência: ... todo aque-le que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo (Lc 14:33). Não há meio

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termo: ou nos desapegamos dos pri-vilégios deste mundo ou nunca po-deremos ser chamados de discípulos

genuínos de Jesus Cristo. Sabendo disso, que decisão tomaremos? Pen-semos a respeito.

06. Por que, quando analisamos o custo de seguir a Jesus, precisamos viver com desapego? Comente com base na segunda aplicação.

DESAFIO DA SEMANA

Pela graça de Deus, chegamos ao final de mais um estudo e aprendemos que todos os que optam por seguir Jesus Cristo preci-sam, sem hesitar, calcular os custos, para, então, seguir Jesus com perseverança e desapego. Com isso em mente, propomos ao es-tudante da Escola Bíblica o desafio de, durante a semana, fazer uma profunda análise a respeito disso. Reflita se você tem, de fato, abdicado de privilégios em favor do discipulado. Lembre-se: só per-severarão na escola de Cristo os que se propuserem ao desapego.

36 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 123 • BJ 166

53 DE AGOSTO DE 2013

A missão de todo discípulo

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OBJETIVO

Levar o estudante a entender qual é a missão de todo discípulo, mostrando-lhe a ênfase correta da grande comissão, em Mt 28:18-20, e a estratégia de Jesus para o seu cumprimento; mostrando-lhe também que devemos encarar essa comissão de modo responsável e confiante.

TEXTO BÁSICO

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho orde-nado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século. (Mt 28:19-20)

LEITURA DIÁRIA

D 28/07 Mt 28:18-20

S 29/07 Mc 16:15-20

T 30/07 At 1:8

Q 31/07 At 2:36-47

Q 01/08 At 5: 42

S 02/08 At 9:26-28

S 03/08 At 8:1-3

INTRODUÇÃO

Os discípulos haviam passado por um inten-so treinamento. Depois de, aproximadamente, três anos, suas vidas haviam sido transforma-das, pelo ensino de Jesus e pela convivência com ele. Foram tratados e moldados à seme-lhança do Mestre. Agora, estavam prontos para a vida. Eles já haviam recebido muitas instruções, mas Jesus tinha ainda uma última incumbência: que fizessem com outros o que ele lhes havia feito.

O desejo de Cristo era que eles se reproduzis-sem espiritualmente, discipulando outras pesso-as. Esta foi a ordem: Portanto, ide e fazei dis-cípulos de todos os povos. Essa mesma ordem é estendida para todo cristão, pois todo ver-dadeiro cristão é um discípulo de Jesus e todo verdadeiro discípulo é também um missionário. Como dizia Spurgeon: “Todo cristão ou é um missionário ou é um impostor”. Pois bem, neste quinto estudo desta série, vamos estudar mais de perto a missão que foi dada a todo discípulo.

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Gabriel era um homem de 80 anos. Convertido ao evangelho há mais de cinquenta anos, estava aposentado, frequentava os cultos, dava o dízimo e entendia que sua vida estava chegando ao fim. Ficava a maior parte do tempo em casa, com a esposa, deixando a vida pas-sar. Depois de observar que a vida de muitas pessoas da igreja estava passando por transformação, decidiu descobrir o que estava aconte-cendo. Ele já era membro da igreja há tanto tempo e nunca tinha visto nada parecido com o que via.

Depois de conversar com algumas pessoas, ouviu de todas elas que o motivo da transformação de vida era a compreensão do que significa ser discípulo de Jesus. A princípio ele ficou meio intrigado com o que ouviu, mas como todos falaram tão bem do processo de discipulado da igreja, decidiu participar de um dos grupos para ver de perto o que tinha apenas ouvido. Após alguns meses estudando a Bíblia, sendo discipulado e aprofundando o relacionamento com Deus, procurou o pastor e fez a seguinte declaração:

– Pastor, por que vocês não ensinaram essas verdades para mim há mais tempo? Se eu tivesse aprendido estes princípios há cinquenta anos, minha vida teria sido diferente. Eu passei cinquenta anos em diversas igrejas apenas com um estilo de vida superficial. Eu co-nhecia Jesus, mas nunca soube que poderia viver como discípulo de forma tão profunda e radical.1

Não é curioso o fato de Gabriel ter convivido com diversos cris-tãos por mais de cinquenta anos e não ter sido discipulado por ninguém? Em nossa volta, na igreja, há os novos convertidos e outras pessoas que precisam ser discipuladas. De quem é essa missão? É só do pastor?

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Campanhã (2012:13-14).

Gabriel, personagem da história que acabamos de ler, é um exemplo

de cristão que não passou por um processo de discipulado. Ninguém

38 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

o havia adotado para ensinar-lhe e, por muito tempo, viveu a fé cristã de modo superficial. Casos como esse podem ser evitados, se entendermos o texto de Mateus 28:19-20. Nesta passagem bíblica, Cristo nos dá um mandamento e nos ensina como de-vemos cumpri-lo.

1. O mandamento: Iniciemos esta parte observando, novamente, o texto de Mateus: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os (...); ensinando-os (28:19-20). Qual o grande man-damento deste texto? O “Ide”? É assim que a maioria de nós acostu-mou a responder. Mas será mesmo que o grande mandamento desse texto é o “Ide”? Nos próximos três parágrafos, apresentaremos uma explicação técnica, só para que se entenda uma verdade gloriosa e, às vezes, esquecida nesse texto. Por isso, não os pule.

Um estudo mais profundo reve-lará que, na verdade, a ênfase da grande comissão não está no “Ide”. Temos apenas um imperativo em Mateus 28:18-20, isto é, uma única ordem. Esse único imperativo mos-tra onde está a ênfase da comissão de Jesus. Os verbos gregos tradu-zidos por “ir”, “batizar” e “ensi-nar” estão no particípio.2 Verbos no modo particípio, conforme estes aparecem, são auxiliares e indicam ação em desenvolvimento.

2. Carson (2010:688).

O particípio, no grego, se pare-ce com o nosso gerúndio, no por-tuguês. Por isso, o primeiro verbo grego que aparece no texto que es-tamos estudando seria melhor tradu-zido como “Indo”, em vez de “Ide”. É importante destacarmos também que alguns estudiosos afirmam que, quando um particípio precede um imperativo, tem força de imperativo. Neste caso, o verbo grego traduzido por “Ide”, apesar de não ser, teria “força de imperativo”, pois prece-de um. É uma possibilidade. E é por causa disso que, nas nossas tradu-ções bíblicas, temos “Ide” ou “Vão”.

Contudo, esses estudiosos reco-nhecem que, mesmo tendo “força de imperativo” e mesmo sendo tra-duzido por “Ide”, o verbo grego está subordinado ao imperativo, o gran-de mandamento do texto. O impe-rativo é: .... fazei discípulos (gr. ma-theteusate). Essa é a única, principal e grande ordem do texto. Poderia ser traduzida também por “discipulai”. Toda a ênfase do texto recai sobre ela. Todos os outros verbos são au-xiliares e explicam os estágios dela.

Pois bem, se você não pulou os parágrafos anteriores, esperamos, em Cristo, que tenha conseguido en-tender tecnicamente a explicação da ênfase de Mateus 28:19-20. Se você os pulou e começou a ler a partir da-qui, saiba: a única ordem da grande comissão é: façam discípulos. Mas por que estamos dando tanta impor-tância a isso? O que muda colocar

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a ênfase no “fazei discípulos” e não no “Ide”? Qual a relevância disso?

Colocar a ênfase no fazei discípu-los mostra-nos que Jesus não está interessado em que façamos “con-versos” ou “adeptos do cristianis-mo”. Ele não nos mandou apenas “ganhar almas”; não quer que nos preocupemos tão somente com que alguém “aceite a Cristo”. Não! Nos-so trabalho não é somente esse! Isso é muito pouco, diante da ordem de Jesus. Ele quer discípulos! Fazer dis-cípulos é muito mais difícil que con-vencer alguém a colocar o nome no cartão de chamada de uma igreja. Se você pregou e a pessoa recebeu a Cristo, seu trabalho só está come-çando. A missão de todo discípulo de Cristo é fazer outros discípulos. E como fazemos isso?

2. O processo: De maneira sim-ples, Jesus apresentou o processo do discipulado. Ele disse: Ide, portanto, fazei discípulos (...) batizando-os (...) ensinando-os a obedecer a tudo o que lhes ordenei (Mt 28:20). “Ide”, “batizando” e “ensinando” revelam como deve ser exercido o “fazei dis-cípulos”. Esse foi o processo ensina-do por Jesus. Vejamos cada etapa.

Em primeiro lugar, fazemos dis-cípulos indo. Já mencionamos, an-teriormente, que, na língua original do Novo Testamento, o verbo tra-duzido por “Ide” não é um impera-tivo, mas uma ação em desenvolvi-mento. A ideia do verbo é indo. O interessante é que, nos evangelhos,

esse verbo está associado à procla-mação (Mt 10:6, 22:9; Mc 16:15; Lc 10:3). Por isso, em Mt 28:19, ele re-presenta a primeira fase do discipu-lado. É o início, o primeiro estágio do evangelismo. Pressupõe que o discípulo de Jesus não está parado. Não evangelizaremos e, consequen-temente, não faremos discípulos, se ficarmos parados.

O Indo faz parte da grande co-missão e nos ensina que devemos ser agentes missionários em todos os lugares onde o Senhor nos levar: na escola, na faculdade, no trabalho, na vizinhança, em nosso país e fora dele. Nunca podemos esquecer que Jesus disse que “todas as nações” (gentes) devem ser alcançadas. En-tão, indo, evangelize. Fale de Jesus a outras pessoas. Convide-as a se ma-tricularem na escola de Cristo. É nes-sa fase que você apresentará o plano de salvação e o novo discípulo terá a oportunidade de se render a Cristo ou confirmar sua decisão.

Em segundo lugar, fazemos discí-pulos batizando. Isso também faz parte do processo do discipulado. Esta é a segunda fase do discipulado e consiste em preparar o novo cren-te para o batismo e levá-lo a con-sumar este ato. Neste período, são ensinadas as doutrinas básicas da fé, essenciais para a pessoa se bati-zar consciente do que está fazendo. Batizar diz respeito à integração do discípulo na igreja, visto que o ba-tismo simboliza a identificação com

40 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

o povo de Deus; é um ato externo, uma declaração pública de fé; repre-senta a união do crente com Cristo em sua morte e em sua ressurreição para uma nova vida.

Todo discípulo deve ser batizado. No primeiro século, não existiam cris-tãos sem batismo, que é a identifica-ção com a igreja. Era como o “anel” numa cerimônia de casamento, um sinal externo da ligação do discípulo com a comunidade. Depois que você pregar o evangelho a alguém, e este se decidir por Cristo, ajude-o em sua integração na igreja. O novo cren-te, às vezes, fica meio deslocado no novo ambiente. Adote-o. Participe de uma classe bíblica com ele. A integra-ção faz parte da trilha do discipulado.

Em terceiro e último lugar, faze-mos discípulos ensinando. Esta é a terceira fase do discipulado. É o momento em que o novo crente é edificado, equipado e treinado, de forma mais profunda, por meio das doutrinas bíblicas, para assemelhar--se a Cristo e dar frutos. O conteúdo desse ensino foi dado por Cristo: ... todas as coisas que vos ordenei (Mt 28:20b). Não são as nossas opiniões ou tradições, mas as ordens de Jesus.

Qual delas? Todas. Essa é a etapa mais demorada do discipulado; con-tudo, é a mais negligenciada por nós. Talvez, você não tenha percebido, mas ela acontece exatamente após o batismo. Costumamos ensinar os novos até serem batizados; depois, nós os deixamos. Isso está errado! O discipulado continua após o batismo.

Jesus não estava falando de um curso de 6 meses, mas da disposição de caminhar com alguém por algum tempo (ele caminhou 3 anos com os seus discípulos) e ensinar-lhe a von-tade de Deus. Além disso, o Mestre apresentou a finalidade do ensino: ... ensinando a obedecer (20a). “Obe-decer”, aqui, traz o sentido de “aten-der cuidadosamente”. Como você ensina alguém a obedecer? Obede-cendo! Fazer discípulo é “ensinar a viver (...) como Jesus viveu e nos en-sinou a viver”.3 Isso só acontecerá se nos relacionarmos com a pessoa que está sendo discipulada. Precisamos de pessoas dispostas a ser como Je-sus ao nosso lado, que andem como Jesus e nos ensinem a viver como Je-sus! Você aceita o desafio?

3. Kivitz (2012:25).

01. Leia o item 1; Mt 28:19-20, e comente sobre a ênfase desse texto. Ela recai sobre que expressão? Qual a principal ordem?

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02. Leia o segundo e o terceiro parágrafos do item 2 e comente sobre a primeira fase do discipulado, segundo o ensino de Jesus.

03. Leia o quarto e o quinto parágrafos do item 2 e comente sobre a segunda fase do discipulado. O que ela envolve? Temos agido assim?

04. Leia o sexto e o sétimo parágrafos do item 2 e fale sobre a terceira fase do discipulado, na ótica do Senhor Jesus. O que deve ser ensinado? Quanto tempo isso dura? Há diferença entre “ensinar tudo” e “ensinar a guardar tudo”? Se sim, qual?

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Cumpra sua missão de modo responsável.

A grande comissão começa da se-guinte maneira: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, por-tanto ... (Mt 28:18-19a – grifo nos-so). Autoridade, neste texto, é o direito de exercer ou usar o poder. Jesus tinha e têm essa autoridade. Na verdade, ele não disse “eu tenho autoridade”, mas “eu tenho toda autoridade”, ou seja, a pessoa que está comissionando seus

discípulos à missão de fazer outros dis-cípulos é alguém que tem credenciais e competência para tal.

Destacamos, de propósito, a pala-vra “portanto”, que aparece no iní-cio do v.19. Ela revela que a autori-dade de Jesus é a base para a ordem que vem na sequência. É como se Jesus dissesse: “Eu tenho autorida-de, sou eu quem comanda; e, já que é assim, façam discípulos!”. A co-missão é para todo cristão. Se nós a

42 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

negligenciarmos, estaremos desobe-decendo ao Senhor do universo. Não caiamos nesse erro. Ambicionemos

multiplicar o número de discípulos de Jesus; afinal, temos essa respon-sabilidade diante dele.

2. Cumpra sua missão de modo confiante.

Quais são as últimas palavras da grande comissão? E eis que estou convosco todos os dias até a consu-mação do século (Mt 28:20). Grife essas palavras de Jesus em sua Bíblia. Não estamos diante de uma promes-sa, mas de uma realidade. Ele não dis-se “estarei” convosco, mas “estou” convosco. Essa certeza deve ter entra-do nos ouvidos dos primeiros discípu-los de Jesus como um fato grandioso.

Podemos chamar esse versículo de “o grande conforto” na “gran-

de comissão”. Quem se propõe a servir na obra missionária, deve ter esta confiança: de que não está so-zinho. Você, pastor, presbítero, diá-cono, diaconisa, membro, o Senhor o(a) comissionou para este nobre empreendimento: multiplicar o nú-mero dos seus discípulos. Se estiver engajado(a) na obra, deve saber que não é fácil o dia-a-dia. Mas lembre: Jesus não nos desampara! Você vi-verá experiências gloriosas com ele, enquanto discipula outras pessoas. Tenha certeza!

05. Leia Mt 28:18; a primeira aplicação, e responda: Por que devemos levar a trilha do discipulado a sério?

06. Leia Mt 28:20; a segunda aplicação, e responda: Qual o grande conforto que temos, ao ingressarmos na trilha do discipulado apresentada por Jesus?

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DESAFIO DA SEMANA

Você entendeu, agora, por que temos tantos cristãos vivendo uma vida inferior àquela pretendida por Deus? Eles nunca en-tenderam o que realmente isto significa, pois nunca foram dis-cipulados. Isso precisa mudar! Você aprendeu, nesta lição, que a autoridade máxima do universo, Jesus, quer que façamos novos discípulos. Essa é a ordem. Não fomos chamados a conquistar sim-patizantes ou admiradores: fomos chamados a fazer discípulos! Por isso, não se contente com uma decisão apenas verbal. Jesus já disse o que você precisa fazer: Indo, evangelize; trabalhe na inte-gração deste novo crente; depois, acompanhe-o, o tempo que for preciso, ensinando-o a guardar tudo o que Jesus pediu.

Discipulado se faz “através de relacionamentos de intimidade, afetividade, participação na vida de quem reparte a vida conosco”.4 Seu desafio, nesta semana é procurar alguém que esteja dando os primeiros passos na fé cristã e se oferecer para caminhar a trilha do discipulado com essa pessoa. Se for o caso, procure um cristão mais maduro e peça que caminhe com você por algum tempo.

4. Idem, p.368.

44 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 10 • BJ 175

610 DE AGOSTO DE 2013

O que significa discipular?

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OBJETIVO

Conscientizar o aluno da Escola Bíblica sobre o significado de discipular, mostrando-lhe os elementos que compõem o discipulado e o relacionamento que o discipulador deve ter com o discípulo.

TEXTO BÁSICO

E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. (Mt 4:19)

LEITURA DIÁRIA

D 04/08 Mt 4:18-22

S 05/08 Gl 4:12-20

T 06/08 At 14:21-22

Q 07/08 At 18:23-28

Q 08/08 1 Ts 2:10-12

S 09/08 2 Tm 2:1-7

S 10/08 Mt 16.24-26

INTRODUÇÃO

Já reparou na quantidade de pessoas que entraram pelas portas da comunidade em que você congrega e quantas delas já saíram? Viu quantas pessoas já foram batizadas nas águas e, depois, desanimaram com a fé? Podemos detectar muitos motivos como: superficialida-de na fé, coração infrutífero etc.

Porém, existe um motivo, que é um dos maiores responsáveis pela não permanência das pessoas, antes ou depois do batismo: a falta de discipulado. Não se surpreenda, nem ache estranho. Na grande comissão, já apren-demos que a maior ordem de Jesus é: ... fazer discípulos! (Mt 28:19). Na lição de hoje, trata-remos sobre o significado do discipulado.

Uma igreja fortemente evangelística (...) possui uma interessante experiência sobre a importância do aconselhamento [aqui com significado de discipulado] para a per-manência dos frutos [da evangelização].

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

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Examinando os livros de registros da igreja nos últimos dez anos, descobriu-se que, nesse período, houve aproximadamente seiscentas decisões por Cristo. Estas resultaram de diversos tipos de trabalho: re-tiros de jovens, séries de conferências semanais, cultos evangelísticos, evangelização pessoal, etc. As estatísticas das profissões de fé, prove-nientes de uma análise do crescimento do rol de membros no mesmo período, indicava menos de cem pessoas.

Portanto, ao que parece, somente um em cada seis decididos per-maneceu firme. É certo que esses dados não levaram em conta que talvez alguns já fossem membros de lá quando foram salvos, e que outros tivessem permanecido firmes no Senhor, mas ligados a outra igreja. Apesar disso, podemos afirmar com segurança que, se pudés-semos obter informações exatas com respeito a outros decididos, ain-da assim, a proporção de um em seis não se alteraria muito. (...) sua liderança resolveu que não poderia mais se contentar com o índice de permanência baixo.

Alguns irmãos receberam instrução sobre como realizar o aconse-lhamento pessoal de novos convertidos, e resolveram pôr em prática esses conhecimentos com cada pessoa que atendesse ao apelo nos cultos. Pouco depois, realizou-se uma série de conferências na igreja, e, pela primeira vez, procurou-se dar assistência a todos os decididos. Após seis meses, o índice de permanência era de cinco em seis. O tra-balho de aconselhamento realmente fizera muita diferença.1

Refletindo sobre o caso mencionado no texto que você acabou de ler, discuta em classe sobre a importância da conexão entre evangelização e discipulado. Se possível, faça um panorama da igreja local de que você participa.

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Kuhne (2008:15-6).

O que é, de fato, discipular? Dis-cipular “é transmitir ao outro não

somente conhecimento, mas, tam-bém, através do exemplo pessoal e

46 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

do convívio, um estilo de vida condi-zente com os ensinos da palavra de Deus”.2 A palavra grega traduzida por discípulo é matheteuo, que sig-nifica: ser um aluno; ser discípulo, instruir e até ensinar.3 A seguir, en-tenderemos mais sobre isso.

1. Os elementos do discipula-do: Veremos, aqui, os elementos que compõem o discipulado. Em primeiro lugar, temos o ensina-mento. Este ensinamento é todo o evangelho de Cristo, os princípios e os mandamentos presentes em toda a Escritura. Devemos educar o novo convertido com base em toda a Bíblia, pois toda a Escritura é útil (2 Tm 3:16).

Jesus usava toda a Escritura para instruir os discípulos. Seu manda-mento de fazer discípulos nos traz esta exigência: ... ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos te-nho ordenado (Mt 28:20a – KJA – grifo nosso). Paulo demonstra integralidade no ensinamento da Escritura: ... porque eu não deixei de contar a vocês toda a mensa-gem de Deus (At 20:27 – BV – grifo nosso). Ao discipularmos, sejamos fiéis à palavra.

O segundo elemento do disci-pulado é o discípulo. O discípulo é aquele que segue Cristo (Mt 16.24-26), é aquele que é um aluno, um

2. Evangelismo e discipulado (2010:87).

3. Bíblia de estudo palavras-chave hebraico e grego (2289:2011).

aprendiz. Ele se submete ao ensina-mento de toda a Escritura para tor-nar-se semelhante ao seu Mestre, Jesus. O terceiro elemento do disci-pulado é o discipulador. E quem é ele? O discipulador é um discípulo que foi ensinado sobre toda a ver-dade a respeito de Cristo, e, por ser maduro na fé, produz frutos para Deus. O discipulador é comprometi-do a ensinar, acompanhar e edificar um cristão novo, até que este se tor-ne um discípulo maduro, que, por imitar Jesus, é capaz de produzir no-vos discípulos do Senhor. Todo cris-tão (e não só o pastor) deve desejar ser um discipulador!4

O último elemento é o discipula-do propriamente dito. Por discipu-lado, entendemos: “... o processo, o método ou o meio pelo qual leva-mos uma pessoa a ser um discípulo de Cristo”.5 Sem esse processo, os novos cristãos não se desenvolvem espiritualmente e as igrejas locais permanecem imaturas. A seguir, veremos que não há discipulado sem relacionamento.

2. Discipulado é relacionamen-to: Precisamos entender que disci-pular alguém para ser um discípulo verdadeiro de Jesus não é somente transmitir conceitos, mas também compartilhar a vida, ou seja, envolve orar com o discípulo, conversar so-bre seus problemas etc. As palavras

4. Evangelismo e discipulado (2010:88).

5. Lições Bíblicas, n.300, jul/set de 2012, p.88.

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de Paulo mostram a sua dedicação pelos que se haviam convertido: Meus amados filhos, novamente es-tou sofrendo como que com dores de parto por vossa causa, e isso até que Cristo seja formado em vós (Gl 4:19 – KJA). É preciso acompanhar o novo convertido.

Mas por quanto tempo? Temos a informação de que Jesus passou por volta de 3 anos ensinando os discí-pulos6. Se Cristo, sendo mestre e Senhor, fez assim, nós não podemos fazer o contrário. Percebemos que o Senhor dedicou tempo aos discípu-los, quando lemos Mc 1:17, em que ele lhes diz: “... eu vos farei pesca-dores de homens”. A palavra “farei” mostra que eles não seriam pescado-res da noite para o dia. Seriam mo-delados na escola de Cristo.

Devemos, pacientemente, de-dicar um tempo, um dia semanal para acompanhar o processo de crescimento de um novo conver-tido. Precisamos confirmar os dis-cípulos (At 14:22, 15:41, 18:23). Não há produção de discípulos instantâneos: precisamos seguir o exemplo dos apóstolos. Neste sentido, as palavras de Paulo nos ensinam muito: Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimen-to (1 Co 3:6). Sabemos que o con-texto do texto é outro, mas ele nos ensina que devemos ter a atitude de plantar (pregar), regar (cuidar)

6. Evangelismo e discipulado (2010:89).

e confiar que o crescimento será dado por Deus.

Após o tempo mínimo de apren-dizado, o discípulo deve transmitir o que aprendeu. Esse é o incentivo de Paulo a Timóteo: ... transmita--o a homens de confiança que, por sua vez, estejam em grau de ensiná-lo a outros (2 Tm 2:2 – EP). Mas, para que isso aconteça, é ne-cessário que a igreja local se empe-nhe na formação do discípulo, não apenas no contato missionário, através de estudos bíblicos, e na classe batismal, depois da conver-são, mas também no acompanha-mento sistemático do novo crente, após o batismo.

3. O que não é discipular: Você deixaria um bebê recém-nascido cui-dar-se sozinho? Imagine-o tendo de tomar conta de si mesmo, tentando providenciar sua alimentação, preci-sando tomar banho e arrumar sua roupa. É simplesmente absurdo! Pois bem, quando não nos aproximamos de um novo convertido para instruí--lo, é o que fazemos.7

Por mais que uma igreja esteja lotada, isso não significa uma mul-tidão de discípulos. O discípulo é diferente das multidões, pois “em-bora seguissem a Jesus (Mt 4.25), as multidões não preenchiam os dois pré-requisitos do discipulado: pagar o preço e comprometer-se com a

7. Evangelismo e discipulado (2010:90).

48 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

causa”.8 Não discipular é criar ape-nas frequentadores de igrejas, não discípulos do Senhor.

Quando o discipulador ensina, aquele que fazia parte da multidão dos que “curtiam” o Senhor, passa a ser fiel seguidor deste e a produzir muitos frutos. Como disse o próprio Cristo: Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos (Jo 15:8 – NVI). Discípulos verdadeiros do Senhor produzem frutos para o seu reino.

Então, veja o prejuízo do não dis-cipular: pessoas que permanecem na infância espiritual (Hb 5.12), segui-doras da multidão (Jo 6.26) e infru-tíferas (Jo 15:4). Quando não disci-pulamos, a pessoa apenas muda de

8. Reid (2012:415).

religião, acredita em novas coisas ou participa de novos rituais religiosos. Discipular é encorajar o discípulo a tornar-se semelhante a Jesus, a rela-cionar-se com ele e agir como ele.9 Embora apresente doutrinas, o evan-gelho tem como essência a amizade com Cristo.10

Percebeu como discipular é algo importantíssimo? Neste estudo, pro-curou-se apresentar o significado de discipular, que é: ensinar a palavra aos novos convertidos e acompanhá--los para que sigam Jesus. A seguir, veremos lições práticas do discipula-do. Que o Espírito Santo nos dê po-der e força para ensinarmos e acom-panharmos os novos cristãos.

9. Kivitz (2012:8).

10. Revista Ultimato, n.340, jan/fev de 2013, p.50.

01. No início da parte II da lição “Para o discípulo entender”, recapitule com a classe o que significa discipular. Por que discipulado não é somente ensino teórico?

02. Com base no item 1, comente sobre os elementos do discipulado.

03. Leia Mt 4:18; At 14:22; 2 Tm 2:2, e responda: Por que discipulado é relacionamento?

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05. Você discipula ou já discipulou alguém? Como você pode desenvolver essa prática em sua vida?

04. Baseando-se no item 3, fale sobre o que não é discipular e as consequências de não acompanhar os novos convertidos.

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Discipule: Compartilhe o que você aprendeu!

Não é nem um pouco errado fo-carmos o trabalho da igreja local na evangelização. Mas, igualmente, precisamos confirmar na fé aque-les que se renderam ao Senhor. Precisamos discipular! Pense no porquê de você ir à Escola Bíblica, ouvir sermões, nos cultos, e fazer o seu estudo pessoal da palavra, há vários anos. Use esse conteúdo ad-quirido para discipular.

Precisamos “adotar” um novo convertido e ensinar o que apren-demos. É hora de você transmitir seu conhecimento adquirido ao longo de vários anos de vida cristã. Continue trazendo pessoas à igre-ja; continue preparando-as para o batismo; todavia, após o batismo, continue a ensinar. Quem sabe acontecerá o mesmo que aconte-ceu em Atos: ... a Palavra do Se-nhor se espalhava. O número dos discípulos crescia (6:7 – EP).

2. Discipule: Dedique-se a ensinar! Não adianta querer fazer um discí-

pulo às pressas. O tempo do discipu-lado não é o tempo dos macarrões

50 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

instantâneos: três minutos. Discipu-lar exige, de nossa parte, paciência, dedicação, prioridade, o que ajudará no bom relacionamento com o discí-pulo de Cristo.

Mesmo que você já tenha tema para os encontros de instrução, às vezes, precisará conversar sobre a

vida do discípulo, sobre seus proble-mas e ajudá-lo. Seguindo o exemplo de Jesus, que tinha discípulos e nos mandou fazer o mesmo, dedique-se, como os pais se dedicam na educa-ção dos filhos. Como mãe ou pai es-piritual (cf. 1 Ts 1:7, 2:11), cuide dos novos convertidos.

DESAFIO DA SEMANA

Há uma palavra que perdeu o significado e que não tem sido muito usada nas igrejas cristãs: discipular. E, “lamentavelmente, ‘discipular’ é um verbo pouco conjugado (...). Há uma terrível au-sência de visão e de cultura de discipulado”.11 Já é hora de le-vantarmos a “bandeira” do discipulado. Nosso desafio é reunir a liderança da igreja local (por exemplo, conselho local) e, depois, todos os crentes mais maduros, para, juntos, tratarmos de planos para o discipulado. Sabemos que esse desafio não deve limitar-se a esta semana, mas, com o poder do Espírito, deve permanecer até a volta de Jesus.

11. Evangelismo e discipulado (2010:87).

06. Reflita com a classe sobre como essa filosofia dos “macarrões instantâneos” prejudica o discipulado. Fale também da importância da dedicação para com os novos convertidos.

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Hinos sugeridos – BJ 34 • BJ 317

717 DE AGOSTO DE 2013

Precisa-se de mentores

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OBJETIVO

Ensinar ao estudante da palavra de Deus que é de fundamental importância haver mentores na igreja, para que a obra de Deus tenha continuidade, com excelência, nas próximas gerações.

TEXTO BÁSICO

Elias saiu e encontrou Eliseu, que estava aran-do a terra. Na frente dele iam doze pares de bois, e ele estava arando com o último par. Elias passou perto de Eliseu e jogou a sua capa em cima dele. (1 Rs 19:19 – NTLH)

LEITURA DIÁRIA

D 11/08 1 Rs 19:15-21

S 12/08 Dt 31:14, 23

T 13/08 2 Rs 2:1-11

Q 14/08 At 11:19-26

Q 15/08 1 Tm 1:18-20

S 16/08 1 Co 2:1-5

S 17/08 Fp 2:19-23

INTRODUÇÃO

Para alcançar um crescimento verdadeiro, em quantidade e, principalmente, em qua-lidade, uma das maiores dificuldades que a igreja de nossos dias enfrenta, se não a maior delas, é justamente a quase inexistência da figura do mentor. Imagine se, no rol de mem-bros de sua igreja, houvesse gente disponível a investir sua vida, seu exemplo e seu tempo nos iniciantes na carreira da fé! Teríamos ou-tra história a contar.

Pois bem, a lição de hoje visa proporcionar--nos, com base na experiência de Elias e Eli-seu, uma reflexão séria acerca desse tema tão importante. Veremos quais devem ser as ati-tudes entre discipuladores e discípulos. O dis-cipulador ou mentor deve ser um orientador e conselheiro do novo convertido, aquele que aponta o caminho e apresenta opções, sem jamais fazer escolhas no lugar do discípulo. Veremos, à luz da palavra de Deus, que o dis-cipulado não é um método, mas um relaciona-mento que transforma vidas.

52 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Em 1919, um jovem soldado, que retornava da Guerra Mundial na Eu-ropa, alugou um pequeno apartamento em Chicago (...). Escolheu aquele apartamento por estar próximo da casa de Sherwood Anderson, um famoso escritor. Os dois tornaram-se bons amigos, e no decorrer de quase dois anos se viam quase que diariamente. Não raro o jovem trazia amostras de seu tra-balho para Anderson, e o veterano escritor fazia análises sinceras delas. Não demorou muito e o jovem escritor passou a escrever por si mesmo. Em 1926, publicou sua primeira obra que foi grandemente elogiada pela crítica. O títu-lo do livro era O Sol Também Nasce, e o nome do autor, Ernest Hemingway.

Mas esperem! A história não termina aqui. Depois que Hemingway deixou Chicago, Anderson mudou-se para Nova York. Lá conheceu ou-tro escritor, um poeta com uma sede insaciável de aperfeiçoar seu estilo. Anderson instrui-o da mesma forma que havia feito com Hemingway: lendo-lhe as obras, criticando, analisando, discutindo e animando-o. Deu ao jovem livros de sua autoria e o aconselhou a que os lesse cuida-dosamente, tomando nota das palavras, temas e desenvolvimento do caráter das personagens e da narrativa. Após um ano de relacionamen-to, Anderson ajudou-o a publicar seu primeiro livro, Soldo. Três anos mais tarde aquele novo talento, Willian Faulkner, escreveu O Som da Fúria, que logo se tornou uma obra prima da literatura americana.

O papel de Anderson como mestre daqueles que desejavam escre-ver não parou por ai. Na Califórnia, trabalhou vários anos com Thomas Wolfe, um escritor de peças teatrais, e com um outro jovem escritor chamado John Steinbeck, entre outros. No total, três de seus pupilos receberam o prêmio Nobel de Literatura, e quatro, o Prêmio Pulitzer. O famoso crítico literário Macolm Cowley disse que Anderson foi “o único escritor de sua geração que deixou a marca de seu estilo na geração seguinte. O que fez com que Anderson dedicasse seu tempo e conhe-cimento tão generosamente à geração mais jovem? Um dos motivos pode ser que ele mesmo tenha sido instruído e influenciado por outro escritor mais velho, o grande Theodore Dreiser. Além disso, passou tam-bém uma temporada considerável em companhia de Carl Sandburg.1

Qual a importância do trabalho realizado por Sherwood Ander-son? Que lições tiramos disso?

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

__________________

1. Hendricks (2005:92-93)

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II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

Após desafiar e vencer os profe-tas de Baal (1Rs 18.22-40), o profeta Elias é ameaçado por Jezabel (19.1-2), esposa de Acabe, rei de Israel. Em total colapso emocional, deprimido, o profeta entra numa caverna, de-pois de uma longa viagem. Deus o visita e, diferentemente do que o profeta pensava, o incumbe de mais uma missão: preparar um sucessor (19.15-16). Aqui, ao contrário do que muitos pensam, Deus não es-tava rejeitando Elias e finalizando seu ministério, mas reafirmando-o e dando-lhe uma nova tarefa: passar a tocha para Eliseu. Isso exigiria tem-po. Ainda não era o fim.

1. Elias, o discipulador: Elias nos oferece alguns princípios, acerca da tarefa de mentorear ou discipular al-guém. Em primeiro lugar, é preciso atitude. O versículo 19 informa-nos que, após a ordem do Senhor, par-tiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu. Em pronta resposta à ordem do Se-nhor, Elias foi em direção a Eliseu; foi procurá-lo, e, ao encontrá-lo, passou por ele e lançou a sua capa sobre ele, sinalizando que Deus o havia chama-do para servi-lo e para sucedê-lo.

Elias não esperou por Eliseu, mas foi ao encontro do pupilo. Como ex-periente profeta de Deus, poderia ter esperado que Eliseu o procurasse. O grande problema de nossos dias é que os mentores em potencial não assumem sua posição, muito menos

tomam a atitude de ir à busca de pessoas a quem instruir. Dessa for-ma, não haverá razão para reclamar da falta de pessoas preparadas no dia de amanhã. Não haverá colheita, sem semeadura.

Em segundo lugar, é preciso dis-ponibilidade. Elias se mostrou dispo-nível. Lançou sua capa sobre Eliseu, que deixou os bois e correu após o profeta; fez uma festa de despedida com sua família e, em seguida, par-tiu com Elias (19:20-21). A partir da-quele momento, os dois passaram a ter um relacionamento que, como se percebe, teve grande influência so-bre a vida de Eliseu. Sem qualquer recurso audiovisual, sem qualquer manual de discipulado, a única coisa que Elias podia fazer era oferecer-se.

Para ter impacto sobre a vida de alguém, você não precisa ser um grande escritor, ter um programa no rádio ou na televisão e ser bem co-nhecido. Basta apenas ter atitude e disponibilidade para investir na vida de alguém, gastar tempo treinan-do pessoas, convivendo com elas e compartilhando experiência de vida.

Em terceiro lugar, é preciso exem-plo. Agora, o jovem profeta aprende e observa o velho profeta. Provavel-mente, Eliseu testemunhou a repre-ensão de Elias sobre o rei de Israel, Acabe. Possivelmente, viu seu mes-tre repreender o rei Acazias, quando este buscou auxílio de deuses pagãos

54 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

para a sua cura (2 Rs 1.1-17). Seu mentor era alguém que tinha autori-dade. A convivência com um mentor foi muito edificante e impactante so-bre a vida desse jovem profeta.

Elias deu a Eliseu a oportunidade de observá-lo em ação. Parece que o veterano sabia que suas palavras não seriam mais eficazes que suas ações. As pessoas com quem convivemos esquecem o que dizemos, mas ra-ramente esquecem o que fazemos.2 Isso nos leva a refletir sobre a impor-tância de sermos discípulos para que possamos fazer discípulos.

2. Eliseu, o discípulo: Talvez você se identifique mais com Eliseu do que com Elias. Vejamos, então, o que este jovem aprendiz tem a nos acres-centar. Queremos, à semelhança de como fizemos em relação a Elias, des-tacar três características importantes da vida de Eliseu para a eficácia do re-lacionamento entre mentor e pupilo.

Não é preciso muito esforço para detectar as qualidades de Eliseu. A primeira delas é a sua disposição. O moço estava motivado, e isso pode ser visto no momento em que Elias lança sobre ele sua capa. Eliseu dei-xou os bois e correu após Elias (1 Rs 19:20). Ele não andou, simplesmen-te, mas correu para não perder de vista o profeta. Essa atitude indica que Eliseu estava pronto para aceitar o desafio do crescimento.3

2. Idem, p. 100

3. Idem, p. 101.

A segunda qualidade de Eliseu é a sua humildade. O texto mostra-nos que Eliseu não tinha disposição e mo-tivação apenas para suceder o profe-ta, mas também para servi-lo no que fosse necessário. Ele poderia não se preocupar com as necessidades do seu mentor, enquanto aprendia com ele; poderia ter se orgulhado de ser o pró-ximo ou mesmo ter rejeitado o profeta, mas decidiu ser seu servo: ... passou a seguir Elias e a servi-lo (1 Rs 19:21).

Um discípulo precisa ser humilde, se, de fato, quer aprender. Alguém que seja orgulhoso jamais se colocará sob a tutela de outro. Os humildes se mostrarão sempre abertos à apren-dizagem e ao crescimento. A pessoa com essas características está pronta para ser mentoreada e discipulada. Um discípulo humilde tem grandes chances de ser um mentor humilde.

A terceira qualidade de Eliseu é sua lealdade. Por três vezes, Eliseu teve a oportunidade de deixar Elias, mas, a cada uma delas, deu a mesma repos-ta: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixarei (2 Rs 2:2,4,6). Na língua original em que o texto foi es-crito, a palavra traduzida por “deixar”, que aparece repetidamente aqui, sig-nifica abandonar, desamparar. Inde-pendentemente das circunstâncias, Eliseu jamais largaria seu mestre, não deixaria de servi-lo, até o momento em que o Senhor o levasse.

A lealdade do discípulo é um fator indispensável. Sem ela, é impossível haver discipulado. Nesse relaciona-

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mento, o mestre está investindo seu tempo, sua vida, seus recursos, na ex-pectativa de que seu aprendiz seja al-guém que passe adiante, com a mes-ma lealdade, tudo que está aprenden-do. Não basta motivação e humildade: o discípulo também precisa ser leal.

Até agora, vimos a importância da figura do discipulador ou mentor, ana-

lisando a história de Elias e Eliseu. Elias precisava passar o bastão da liderança para frente, e Eliseu, por sua vez, precisa ser ensinado a dar continuidade à obra iniciada por Elias, de maneira eficaz. Que as qualidades de mentor e mento-reado, apresentadas nesta primeira par-te, sejam vistas na relação de discípulo e discipulador, em nossos dias.

01. Com base em 1 Rs 19:15-16, responda: Que ordem o Senhor deu a Elias? Essa ordem representava o fim de seu ministério?

02. Discuta com a classe sobre as qualidades necessárias que todo discipulador precisa possuir.

03. Comente com a classe sobre a reação de Eliseu, após Elias ter lançado sobre ele sua capa (1 Rs 19:20-21a). Qual a importância da motivação para o aprendizado?

04. Com base em 1 Rs 19:20-21, fale sobre a humildade de Eliseu. Qual a importância de o aprendiz ser humilde?

56 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

1. Ser discípulos é nossa neces-sidade.

Analisando o capítulo 19 de 1 Reis, até percebemos algumas falhas do profeta Elias: concentrou-se em si mesmo e em seu fracasso, ao invés de olhar para o Senhor;4 isolou-se numa caverna. Mesmo assim, era sensível à voz de Deus; teve discernimento para reconhecer a voz do Senhor.

4. Wiersbe (2006:475)

Precisamos ser discípulos do Se-nhor, pois ele disse que suas ovelhas ouvem sua voz e ele as conhece (Jo 10:27). Precisamos discernir a voz de Deus. Temos a profunda necessida-de de conhecê-lo intimamente, mas isso só será possível por meio do re-lacionamento pessoal com ele. Essa foi a razão do sucesso do discipulado e do ministério de Elias. Sejamos dis-cípulos do Senhor!

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

05. Antes de fazer discípulos, que avaliação precisamos fazer acerca de nós mesmos?

2. Fazer discípulos é nosso chamado.Ao visitar o profeta Elias na caver-

na, o Senhor lhe ordenou que voltasse ao seu posto de trabalho. Elias havia se queixado de que a geração passa-da havia falhado com ele e a geração presente havia feito o mesmo (19.4).5 Então, o Senhor o chamou para pre-parar a geração futura, ungindo dois reis e um profeta.6 Ao invés de recla-mar do passado, no presente, Elias deveria preocupar-se com o futuro.

5. Idem, p. 474

6. Idem.

Prezado estudante, não fomos chamados para reclamar do que nossos antepassados fizeram ou dei-xaram de fazer. Exaltar ou criticar o passado não nos levará a lugar al-gum. Precisamos, neste tempo pre-sente, preparar outros para dar con-tinuidade ao serviço do reino, depois que tivermos partido. Deus sepulta seus servos, mas sua obra continua.7 Façamos discípulos. Todo cristão deve ser um discipulador.

7. Idem.

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06. Com base na segunda aplicação, responda: Que atitude devemos ter com relação às gerações futuras?

DESAFIO DA SEMANA

Chegamos ao final de mais um estudo. Temos dois desafios para esta semana. O primeiro é: reflita sobre quantos desafios se-manais você, de fato, atendeu. Verifique o resultado de cada um deles. O segundo desafio é: se você compreendeu quão urgente é a necessidade de preparar pessoas para dar continuidade ao ser-viço do reino, não deixe que esta semana se passe, sem que você tenha pedido a Deus que lhe mostre alguém para discipular. Seja discípulo; depois, faça discípulos.

58 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 147 • BJ 172

824 DE AGOSTO DE 2013

Por que devo discipular?

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OBJETIVO

Mostrar algumas razões importantes que a palavra de Deus nos oferece sobre por que devemos discipular os novos convertidos e treinar novos líderes.

TEXTO BÁSICO

Muito me alegrei (...) que falaram a respeito da sua fidelidade, de como você continua an-dando na verdade. Não tenho alegria maior do que ouvir que meus filhos estão andando na verdade. (3 Jo 3-4)

LEITURA DIÁRIA

D 18/08 3 Jo 1-4

S 19/08 At 2:41-47

T 20/08 At 20:17-23

Q 21/08 At 11:25-26

Q 22/08 At 12:24

S 23/08 At 19:1,10,20

S 24/08 At 18:1, 11

INTRODUÇÃO

Existem alguns cristãos e, talvez, até mes-mo pastores que pensam que o discipulado é apenas mais uma tática ou mais um méto-do, dentre outros muitos, para fazer a igreja crescer. Estão enganados! O discipulado não é apenas mais uma estratégia: é a estratégia que Jesus deu ao seu povo, para ser usada na divulgação do evangelho.

Temos aprendido, nesta série de lições, que o ato de discipular não é uma opção para igre-ja, mas uma ordem dada pelo Mestre a todo cristão. Por isso, é fundamental sabermos os verdadeiros motivos que temos para discipular alguém, dedicando o nosso tempo para ensi-nar-lhe a palavra de Deus. Por que devemos discipular? Hoje, iremos em buscar da respos-ta a esta pergunta.

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Quando cheguei ao gueto, eu estava apaixonado pela evangelização (...). Assim, comecei clubes bíblicos para crianças. Dezenas de crianças vinham, todas queriam “aceitar a Jesus” e trazer seus amigos. As mães ficavam contentes de que seus filhos estavam “ficando religiosos”, e os jovens demonstravam interesse em saber quando teriam início clubes para eles. Dentro de poucos anos 300 voluntários, jovens universitários cristãos, juntaram-se a mim para ensinar estudos bíblicos semanais para centenas de crianças. Organizamos reuniões evangelísticas. Muitas pes-soas assistiam – algumas simplesmente “para ver esses brancos”.

Eu pregava uma mensagem simples de salvação, e sempre quase to-dos levantavam as mãos (...), centenas de pessoas do gueto de Los An-geles “aceitaram a Cristo”. Meus amigos me cumprimentavam e assegu-ravam-me de que eu estava realizando um excelente trabalho. Eu queria acreditar neles. E por algum tempo acreditei. Mas, à medida que os me-ses se tornaram anos, eu tive de confessar que havia um problema muito sério com todas essas decisões por Cristo, deveria haver vidas transfor-madas – centenas delas. Mas, por mais que procurasse, não encontrava nenhuma sequer! Algo havia saído errado. Em parte por orgulho, em parte por ignorância, eu continuava esperando que, de alguma forma, as coisas se endireitassem. Mas não podia me livrar do sentimento per-turbador de que tudo tinha sido em vão. Não havia frutos permanentes.

O índice de movimentação nos meus clubes bíblicos era grande demais. Jovens diferentes vinham a cada semana. Adolescentes que aprenderam de Cristo quando crianças ainda eram amigos, mas tinham--se tornado cafetões, prostitutas ou traficantes. Ex-membros do grupo de estudo bíblico estavam andando com gangues de rua. Parecia que o evangelho não tinha dado certo. Fiquei desanimado. Quase desisti. Em desespero, procurei a palavra de Deus (...). Ao ler Mateus 28:19,20 novamente, recebi uma revelação alarmante. A comissão de Cristo para sua Igreja não era “fazer convertidos”, mas sim “fazer discípulos”.1

Após ler essa história, comente com os demais alunos so-bre o erro que cometemos, quando apenas evangelizamos e não discipulamos.

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

__________________

1. Phillips (2009:16-17).

60 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

Certamente, com base no que já viu até aqui, você pode apontar alguns mo-tivos bíblicos para fazer discípulos, pois são vários. Porém, na lição desta sema-na, vamos nos aplicar às razões mais for-tes para essa prática cristã: (1) a ordem e o exemplo de Jesus; (2) o exemplo dos primeiros cristãos, e (3) o crescimento saudável da igreja. Vamos lá.

1. O Senhor deu a ordem e o exemplo: A primeira razão que te-mos para discipular é que Jesus man-dou: Ide, portanto, fazei discípu-los de todas as nações, batizando--os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos te-nho ordenado (Mt 28:19-20 – grifo nosso). Essa é a grande comissão de Jesus dada à sua igreja.

O que é uma comissão? “É a or-dem que uma pessoa dá a outra para que efetue algum encargo. Assim, a grande comissão é a ordem de Jesus a seus seguidores, para serem seus re-presentantes na terra”.2 O chocante é que ele não nos mandou fazer con-vertidos, mas, sim, fazer discípulos, ou seja, a nossa missão não se restrin-ge à evangelização. Quando a igreja apenas evangeliza, está convidando pessoas a aceitarem as boas novas de Cristo, mas não para serem discípulos dele. A questão é mais profunda.

2. Campanhã (2012:17).

Evangelizar é comunicar o evange-lho; discipular, além de evangelizar, é ensinar como ser um seguidor de Jesus; é compartilhar vida; é ajudar o novo convertido a crescer, a se in-tegrar bem na vida da igreja e a al-cançar outros para Cristo. No estudo 5 desta série, aprendemos, em Mt 28:19-20, que Jesus não apenas nos ordenou a fazer discípulos, mas tam-bém nos mostrou como se faz: indo, batizando e ensinando. Estas palavras representam os três estágios do disci-pulado cristão: o evangelismo, a inte-gração e a maturidade do discípulo.

Além de dar a ordem e a instru-ção, Jesus deu o exemplo. Investiu a sua vida e o seu tempo discipulando. Seus discípulos eram pecadores, ima-turos, impulsivos, ignorantes e com falhas de caráter, mas Jesus perma-neceu ao lado deles, dia e noite, por cerca de três anos, e transformou-os, por meio do ensino; fez deles pes-soas que impactaram o mundo. Por que devemos discipular? Por que Je-sus mandou e mostrou como fazer, tanto na teoria quanto na prática.

2. Os primeiros cristãos discipu-lavam: A segunda razão para inves-tirmos tempo ensinando e treinando pessoas é o exemplo deixado pelos primeiros cristãos. O ensino era uma marca muito forte da igreja primitiva. Na época dos apóstolos, a atenção da igreja voltava-se “especialmente para

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o ensino dos novos convertidos, com a preocupação específica de explicar as Escrituras à luz dos fatos cristãos e não apenas anunciar o evangelho”.3

De acordo com Swindoll,4 a igre-ja de Atos 2:41 estava com três mil novos convertidos diante dos apósto-los, sem prédio onde se reunir, sem conhecimento da vida cristã, sem constituição eclesiástica, sem conjun-to de credos e com uma Bíblia ainda incompleta, ou seja, não tinha nada! Porém, através desse grupo, a chama de Cristo se espalhou pelo mundo.

Qual o segredo? Sem dúvida, um grande segredo dessa igreja era o ensino. Se a igreja de Atos era um corpo, então, a aprendizagem era a espinha dorsal desse corpo. A Bíblia nos informa que aqueles cristãos se dedicavam ao ensino dos apóstolos (At 2:42) e mostra também que os apóstolos se dedicavam ao ensino da palavra (At 6:4). O discipulado era levado tão a sério que os cristãos não eram chamados de evangélicos, crentes ou irmãos, mas eram chama-dos de discípulos (At 6:1,7; 9:1,26, 14:21-28, 18:23).

Nesta questão, o apóstolo Paulo é um modelo para nós. Ensinar pessoas era uma prioridade na vida dele. Ele não apenas levava vidas a Cristo, mas ainda dedicava seu tempo a acompa-nhá-las e consolidá-las na fé. Sempre que plantava uma nova igreja, ficava

3. Mendes (1992:25).

4. Swindoll (2006:43).

na cidade por um tempo, a fim de pre-parar os líderes (At 11:25-26, 18:1,11, 19:1,10,20, 20:17-23). Fez muitos discípulos! O mais conhecido deles foi Timóteo (cf. At 16:1; 2 Tm 2:2).

3. O único meio de crescimento sadio: Outra razão para praticarmos o discipulado é que, além de este ser uma ordem e não uma sugestão de Jesus e de ser algo praticado pelo Mestre e pe-los primeiros cristãos, é o único meio de termos um crescimento saudável na igreja de Cristo. Só haverá membros maduros e frutíferos na fé através do ensino efetivo da palavra de Deus.

Vemos isso na igreja de Atos. Ela não crescia apenas em quantidade, mas também, e principalmente, em qualidade. As pessoas convertiam-se e experimentavam, efetivamente, uma transformação de vida. Esse crescimen-to sadio era sempre associado ao dis-cipulado, como nos informa At 6:1,7: Naqueles dias, crescendo o número de discípulos (...) a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o nú-mero de discípulos em Jerusalém. Em outra passagem, o autor de Atos regis-tra: ... a palavra de Deus continuava a crescer e a espalhar-se (At 12:24).

Atualmente, fala-se muito sobre o crescente número dos evangélicos, mas será que esse crescimento tem sido sa-dio? Muitas igrejas evangélicas estão dispostas a tudo para crescer. Porém, qual é a vantagem de se ter um grande rebanho, sem santidade, sem doutrina, sem influência, nem brilho, na socieda-de em que vive? Crescer dessa forma

62 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

é um erro! Não devemos nos valer dos mesmos expedientes e das mesmas es-tratégias de que tais igrejas se valem.

Para crescer de forma bíblica e sau-dável, a única saída é a igreja de Cristo retornar ao processo simples de Deus de fazer discípulos. Agindo assim, não estará preocupada somente com os números, mas, sobretudo, com a qua-lidade dos membros. Qualidade gera quantidade, mas quantidade, sem qualidade, é um prejuízo para a glória de Deus e o testemunho cristão. Lem-bre que o nosso alvo, ao discipular, é levar homens e mulheres a serem uma expressão da glória de Jesus e a se tor-narem cristãos maduros.

Relacionado a isso, algo preocu-pante que tem acontecido nas igre-

jas é a baixa retenção daqueles que se decidem a Cristo. As estatísticas apontam para este triste fato: os no-vos crentes saem da igreja tão rapida-mente quanto entram nela. O discipu-lado é o único meio eficaz de fechar a “porta dos fundos”,5 ou seja, se não discipularmos os novos convertidos, dificilmente, estes permanecerão no caminho. Por que devemos discipu-lar? Porque, além de promover um crescimento bom, o discipulado pos-sibilita a permanência dos novos con-vertidos no caminho. As pessoas virão para a igreja, serão fortalecidas na fé e permanecerão na casa do Senhor.

5. Tippit (1987:118).

01. Qual a primeira razão que temos para discipular? Qual a diferença entre evangelizar e discipular? Baseie-se em Mt 28:19-20.

02. Que exemplo nos deixou Jesus, com relação ao discipulado?

03. Leia At 2:41-42, 11:25-26, 14:21-28 e comente a segunda razão que temos para discipular. Qual era o segredo do crescimento da igreja de Atos? Por que Paulo é um exemplo para nós, no discipulado?

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04. No item 3, afirmamos que o discipulado é o único meio para um crescimento saudável na igreja. Você concorda? Baseie-se em At 6:1,7, 12:24. Qual é segredo da retenção na igreja?

1. É preciso discipular, pois a qua-lidade dos membros de uma igre-ja está ligada ao discipulado.

Numa pesquisa6 feita entre igre-jas evangélicas nos Estados Unidos, descobriu-se que: 20% dos crentes nunca oram, 25% nunca leem a Bí-blia, 30% nunca vão à igreja, 40% nunca contribuem par a nenhum fim, 50% nunca vão à Escola Bíblica, 60% nunca vão aos cultos da noite, 70% nunca fazem ofertas para mis-sões, 80% nunca vão às reuniões de oração, 90% nunca fazem culto

6. Moore (1984:13).

doméstico, 95% nunca levam uma pessoa a Jesus.

Se essa pesquisa fosse feita em nosso país, certamente, os núme-ros não seriam muito diferentes. Por que isso acontece? Falta ma-turidade a esses cristãos. Muitos não se tornaram verdadeiros segui-dores de Cristo. Qual é o remédio para isso? A resposta é simples: o discipulado! É necessário investir nisso. Todo cristão deveria ter um discipulador que lhe ensinasse e o acompanhasse, até atingir a matu-ridade na fé.

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

05. O que a qualidade dos membros de uma igreja tem a ver com o ensino da palavra por meio do discipulado?

64 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

2. É preciso discipular, pois a per-manência dos novos convertidos está ligada ao discipulado.

A mesma pesquisa citada anterior-mente constatou que 40% dos que são batizados anualmente se perdem em 10 anos. Uma das grandes cau-sas desse problema é a falta de um acompanhamento efetivo dos novos convertidos. Outras pesquisas indi-cam que os novos crentes que partici-pam de grupos pequenos ou grupos de estudos bíblicos têm cinco vezes mais chances de ainda estar na igre-ja, cinco anos depois, do que aqueles que apenas participam dos cultos.7

7. Rainer & Geiger (2011:172).

É preciso acordar. Chega de per-dermos tantas vidas! Isso exigirá de todos nós tempo, dedicação e en-volvimento. Não é algo fácil, mas é extremamente gratificante! João es-creveu a um discípulo: Muito me ale-grei (...) que falaram a respeito da sua fidelidade, de como você continua andando na verdade. Não tenho ale-gria maior (3 Jo 3-4). Poucas situações podem lhe proporcionar mais satisfa-ção que ver alguém que você levou a Jesus e que você discipulou, depois de certo tempo, permanecer firme, trabalhando para Cristo na igreja.

06. O que a permanência dos novos convertidos tem a ver com o discipulado. Leia 3 Jo 3-4.

DESAFIO DA SEMANA

Aprendemos, hoje, que devemos discipular, porque isso não foi sugestão, mas, sim, uma ordem do nosso Senhor; também porque temos o exemplo dos primeiros cristãos. Além disso, o discipulado é a visão bíblica de crescimento e multiplicação da igreja; é o se-gredo da retenção dos novos convertidos entre o povo de Deus. Por isso, propomos um desafio a você: Dê uma olhada nas pessoas da igreja em que você congrega, verifique se há alguém precisan-do ser instruído na palavra. Certamente haverá! Pois bem, adote--o, para fazer dele um discípulo de Jesus.

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Hinos sugeridos – BJ 255 • BJ 202

931 DE AGOSTO DE 2013

O ensino que transforma

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OBJETIVO

Levar o discípulo a compreender que o ensino transformador é o que tem a Bíblia Sagrada como único fundamento e a fazer dessa verdade a base de seu serviço discipulador.

TEXTO BÁSICO

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Tm 3:16-17)

LEITURA DIÁRIA

D 25/08 2 Tm 3:16-17

S 26/08 Rm 1:16

T 27/08 Mt 7:24-29

Q 28/08 Rm 6:17-18

Q 29/08 1 Co 15:51-53

S 30/08 Sl 37:16

S 31/08 Lc 8:26-39

INTRODUÇÃO

Chegamos à nona lição da série Façam dis-cípulos: a ordem do mestre a todo cristão. Até esta altura, é bem possível que você tenha se dado conta do quanto discipular é importante e necessário; afinal, já estudou sobre o que significa ser um discípulo de Jesus; viu, tam-bém, o imperativo do discipulado e as razões para discipular.

Na presente lição, trataremos do manual do discipulado cristão, em que o discipulador deve fundamentar seus ensinos e em que os discípulos, novos ou antigos, devem procurar orientações sobre como viver de modo a agra-dar a Deus. Estamos tratando da Bíblia, em que encontramos expressa a vontade de Deus para nós, em termos de fé e conduta. Ela é o manual do discipulado.

66 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Com a idade de 29 anos, Charles Grandison Finney era um advoga-do promissor no Estado de Nova Iorque. Os pastores que haviam ten-tado despertar-lhe o interesse pelo cristianismo desistiram, concluindo que ele estava além das esperanças – era um ‘caso perdido’, alegavam.

Até 1821, Finney nunca havia possuído uma Bíblia, mas a fim de tornar mais completa a sua coleção de livros, adquiriu uma para a sua biblioteca. Mas fez mais do que isso. Começou a ler o Livro. Ao con-trário de Saul, que experimentou uma conversão instantânea, Finney começou gradualmente a transferir seu interesse, dos Comentários de Blackwood para a Bíblia. [Tempos depois, passou a estudar a Palavra de Deus com o pastor George Washington Gale, o seu mentor, e estes estudos transformaram a sua vida].

Finney converteu-se e despediu-se de seus clientes e contou a seus colegas advogados que havia recebido ‘uma procuração do Senhor Jesus Cristo para pleitear a Sua causa’. Durante os anos que se segui-ram, Finney experimentou um sucesso fenomenal como evangelista, tanto na América como na Inglaterra. Em 1834, estabeleceu o Taber-náculo Broadway, na cidade de Nova Iorque, e mais tarde se tornou o segundo diretor do Colégio Oberlin. Sua vida foi de uma dedicação sempre crescente ao Senhor. E tudo isso aconteceu porque um ‘livro de consulta’ lhe foi parar na biblioteca e posteriormente no coração.1

Com base nessa história, reflita sobre a importância do ensino da palavra de Deus. O que este ensino causou na vida do gran-de evangelista Charles Finney?

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. A conversão opera mudanças. Disponível em: <http://www.sermao.com.br/ilustracoes/a-con-versao-opera-mudancas>, acesso em 10 de abril de 2013.

O pastor Charles Finney é um dos maiores nomes da história do cristia-nismo, no século 19. Mas tudo seria diferente, se ele não tivesse se interes-sado pela Bíblia e se não tivesse sido

discipulado por alguém. De fato, todo cristão autêntico precisa ter interesse no estudo da Escritura e deve também estar disposto a ensiná-la a outros, pois esse é o ensino que transforma.

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1. A responsabilidade bíblica do discípulo: Pense na seguinte situ-ação: Deus acaba de usar você para pregar o evangelho a uma pessoa não salva, e esta decidiu render-se a Cristo Jesus. Foi justificada, perdoada, liber-ta. Festa no céu! Você está radiante, e não é para menos. Mas, passado esse momento de grande emoção, que fa-zer? Qual a sua responsabilidade para com o pecador que você ajudou a dar o primeiro e gigantesco passo, rumo à salvação plena?

Diante de tudo que você apren-deu, nesta lição, já sabe que esse novo crente precisa ser discipulado. Todos têm responsabilidades quanto a isso; afinal, Jesus nos mandou fazer discí-pulos. Já sabemos que o mestre disse que todo discípulo deve ser ensinado a guardar tudo que ele mandou. Onde encontramos revelado “tudo que ele ordenou”? Se você respondeu “na Bíblia”, acertou. Precisamos ensinar a palavra de Deus aos novos crentes.

Por isso mesmo, todo crente em Jesus deve ser alguém que lê as Es-crituras, reflete sobre ela, vive seu conteúdo e a transmite a outros. Lembra-se do conselho de Paulo a Ti-móteo? Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que mane-ja bem a palavra da verdade (2 Tm 2:15). Precisamos conhecer o manual da nossa fé. Isso não significa usar a Bíblia como se ela fosse um manual de mágicos ou um código misterioso de moral e bons costumes, ou, ain-

da, algo que, ao ser lido, transforma automaticamente a vida das pessoas.

O mero contato com as Escrituras Sagradas não resolve todos os pro-blemas. Por que não é assim? Porque a Bíblia conduz as pessoas a uma pessoa: Jesus Cristo. Este é declara-do nas páginas sagradas como Salva-dor e Senhor da humanidade, aque-le com quem os pecadores devem aprender a se relacionar de forma verdadeira, ao longo da vida. Portan-to, a sua responsabilidade espiritual é ensinar o novo crente, à luz da Bí-blia, a desenvolver um viver centrado em Jesus Cristo e em seus ensinos.

2. A confiança bíblica do dis-cípulo: É importante entendermos que o discípulo de Cristo não escolhe sem razão a Bíblia como manual para ensinar ao novo crente. Ele confia no poder do evangelho. Paulo tinha essa convicção. Ele sempre ensinou a palavra de Deus aos seus ouvintes. Em Rm 1:16, o apóstolo afirma: ... não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a sal-vação de todo aquele que crê.

A Bíblia Viva traduziu assim esse versículo: Não estou envergonhado desta Boa Nova a respeito de Cris-to. Ela é o poderoso método divino de levar ao céu todos quantos cre-rem nela. Temos tal convicção? Vi-das podem ser transformadas pela pregação do evangelho. Conforme já afirmamos, isso acontece não por causa da Bíblia em si, mas por causa daquele que é revelado nela.

68 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

A Bíblia também é útil, segun-do Paulo, para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer compre-ender o que está errado em nossas vidas. Ela nos ajuda a fazer o que é correto (2 Tm 3:16-17 – NBV). Na Bí-blia A Mensagem, Peterson traduz a parte final de 2 Tm 3:17 da seguinte maneira: Por meio da Palavra, so-mos unidos e moldados para as ta-refas que Deus deseja nos incumbir. Como a Bíblia é útil!

Independentemente de nossa condição ser de um discipulador ou de um discipulando, todos somos discípulos de Jesus e devemos nos encher de sua palavra. Se fizermos isso, teremos uma influência pode-rosa para os momentos de tomada de decisão. Quando lemos a Escri-tura, esta se “acomoda nos porões do subconsciente e forma uma ba-gagem de valor inestimável, que aflora naturalmente nos momentos mais necessários”.2

3. O programa bíblico do discípu-lo: Você já aprendeu que sua respon-sabilidade como discípulo de Cristo é ensinar a Bíblia a outros discípulos mais novos e que deve crer na utilidade da Escritura. Como você pode fazer isso? Nesta parte, apresentaremos algumas dicas. De início, é bom que você este-ja ciente de que preparar uma pessoa para dar frutos dignos do reino de Deus exige muito trabalho, dedicação, paciência e metodologia bíblica.

2. César (2005:14).

É fundamental que você siga um programa de ensino da palavra, rega-do a oração e jejum. É essencial saber ensinar, na Bíblia, o plano que Deus elaborou para resgatar o ser humano do pecado. Você pode começar mos-trando ao discipulando que a salva-ção dele acontece nos três tempos da vida e que, em cada um desses tem-pos, é realizado um tipo de libertação espiritual: O novo convertido precisa saber que foi liberto da sentença do pecado (Rm 5:1, 8:1-2); precisa saber que, no presente, está sendo liber-to do poder do pecado (Rm 6:14), e precisa saber que, no futuro, será liberto da presença do pecado (Rm 8:17; 1 Co 15:51-53; Ap 21:27).

O programa do discipulador precisa estar cheio de exemplos bíblicos sobre como homens e mulheres da Bíblia fo-ram libertos e do que foram libertos. Afinal, discipular também é mostrar o rumo certo para a vida, ensinar a pala-vra de Deus. Se, no seu programa de discipulador, a Bíblia for a única regra de fé e prática, o seu discipulando será liberto do pecado de julgar os outros pela aparência (Lc 7:36-50). Será, de igual modo, salvo de se irar contra seu irmão, de se deitar com a mulher do próximo, de jurar falsamente, de bus-car a vingança, de ofertar hipocrita-mente, de orar e jejuar para ser visto, de buscar riquezas humanas insacia-velmente, de viver ansioso, de expor a sua intimidade, de ser enganado pe-los falsos profetas e de construir a sua casa na areia (Mt 5:21–7:29).

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É nesse discipulado autêntico que o discipulando é liberto até mesmo da incapacidade de conhe-cer a Deus (Jo 14:9-10). Se você sempre usar a Bíblia, o novo crente aprenderá que o pouco nas mãos de Deus é muito, e o muito, sem Deus, é nada (Jo 6: 1-12; Sl 37:16);

também aprenderá a viver em cons-tante obediência ao Pai, o que lhe conferirá autoridade espiritual para libertar pessoas dominadas por de-mônios violentos (Lc 8:26-39). Aos poucos, começará a reproduzir o que aprendeu: aplicar-se à leitura, à exortação e ao ensino da palavra.

01. Leia 2 Tm 2:15; o item 1, e fale sobre a responsabilidade bíblica de todo discípulo de Jesus.

02. Após ler Rm 1:16 e os primeiros parágrafos do item 2, responda: O que o evangelho pode fazer na vida de quem crê?

03. Leia 2 Tm 3:16-17; os últimos parágrafos do item 2, e comente sobre a utilidade da Escritura.

04. Leia o item 3 e comente com a classe sobre os primeiros assuntos bíblicos de que o discipulador deve tratar com o novo convertido. O que o discipulando pode aprender, se o discipulador tiver a Bíblia como sua única regra de fé e de prática?

70 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

1. Para ver vidas transformadas, use a Bíblia para ensinar.

Enquanto as pessoas perceberem que a sua mensagem ou o seu en-sino são confusos, inseguros, incer-tos, subjetivos, elas não confiarão e continuarão sem o Deus verdadeiro. Enquanto perceberem que você usa mais o conhecimento das ciências humanas, mais as suas habilidades profissionais, elas continuarão onde estão: perdidas. Do conteúdo do mundo, elas estão cansadas.

Você quer ver pecadores trans-formados? Use a Bíblia para falar com eles! Confie no evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê (Rm 1:16). Diga “não” ao desconheci-mento da Escritura e do poder de Deus (Mt 22:29). Entre para o time dos apaixonados pela palavra de Deus; encha-se dela, e deixe-a ex-travasar, para que haja libertação e transformação (Lc 4:36).

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

05. À luz da primeira aplicação, se quisermos ver vidas transformadas, qual deve ser nossa atitude? Comente.

2. Para ver vidas transformadas, ensine no poder do Espírito Santo.

Será que você não é um cristão do tipo que confia demasiadamente na sua inteligência, nas suas estratégias, nas suas táticas, nas suas experiên-cias? Evidentemente, o conhecimen-to intelectual e experiencial é impor-tante. O Senhor Deus não é contra o desenvolvimento das nossas habi-lidades naturais. Mas será que não está havendo exagero? Pense: De re-pente, você está mais para consultor do que para discipulador.

Você quer ser um ganhador e edifi-cador de vidas para o reino de Deus? Não use as suas qualidades naturais só para ganhar o seu salário com dignida-de. Elas também foram dadas a você para a sua atuação no reino de Deus. Use-as! Além disso, jejue, ore, busque, bata, peça, jogue-se aos pés de Jesus e peça-lhe que o encha do poder do Es-pírito Santo. Somente assim as fortale-zas da incredulidade são quebradas e a alma presa é liberta, para a glória de Deus (Lc 24:49; At 1:8, 2:1-4 e 37-41, 4:31, 13:52; Ef 5:18; 2 Co 10:4-5).

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06. À luz da segunda aplicação, se quisermos ver vidas transformadas, qual deve ser nossa atitude? Comente.

DESAFIO DA SEMANA

Para esta semana, desafiamos três grupos de pessoas à reflexão: 1) Você, que é discípulo de Cristo há vários anos, reflita sobre o quanto tem se dedicado a estudar a Bíblia Sagrada, nestes últimos dias. Você tem lido a Bíblia? Meditado? Procurado viver à luz do que as Escrituras dizem? Faça isso. Do contrário, você facilmente será levado por todo e qualquer vento de doutrina; também não estará apto a ajudar outros discípulos que estão no início da jorna-da do discipulado. 2) Você, que é discipulador, use a Bíblia como manual do discipulado. Chega de livros de autoajuda! Chega de encher a cabeça dos novos crentes com experiências pessoais. 3) Você, que é novo convertido, que está iniciando o caminho do discipulado, reflita, desde já, sobre o valor da Escritura e abra o seu coração para se encher dela.

72 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 374 • BJ 385

107 DE SETEMBRO DE 2013

A pedagogia do discipulado

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OBJETIVO

Explicar como funciona o ciclo do discipulado, mostrando que, ao ensinarmos a palavra de Deus a alguém interessado no evangelho ou a um novo convertido, devemos dar um passo de cada vez, sem pular as etapas.

TEXTO BÁSICO

Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando con-forme a sua força, que atua poderosamente em mim. (Cl 1:28-29)

LEITURA DIÁRIA

D 01/09 Cl 1:28-29

S 02/09 Ef 4:13

T 03/09 Mt 16:13-16

Q 04/09 Ef 2:8-9

Q 05/09 2 Pd 3:15

S 06/09 Mt 16:21-24

S 07/09 Rm 12:4-8

INTRODUÇÃO

Quando nos propomos a ensinar a pa-lavra a alguém, normalmente somos to-mados por algumas dúvidas: Que material devo utilizar? Este curso bíblico é adequado a essa pessoa? Devo começar com o curso “Tesouros da verdade” ou com o “Prova de Amor”, que tratam de forma bem simples o evangelho? Ou será que devo iniciar já com “O doutrinal”?

Quantas perguntas! Contudo, a grande questão não é o “material” ou “curso”, mas, sim, o conhecimento do que precisa ser ensinado e do momento em que se deve ensinar, ou seja, qual a primeira coisa que o discípulo deve aprender? Qual é a segunda, a terceira, a quarta... e assim por diante? Ao acompanhar alguém na fé, é preciso cumprir as etapas e dar os passos certos na caminhada cristã.

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Milene é uma enfermeira que morava em Vitória e agora está sendo usada por Deus na África. Robson é um médico que morava em São Paulo e agora é missionário na Ásia. João Luís e Maria também eram de São Paulo, trabalhavam com esportes e agora são missionários na Índia. Isabel e Darlene são professoras e residiam em Vila Velha. Agora são missionárias na Europa. Gustavo era pastor em Belo Horizonte, mas agora discipula pessoas no Rio de Janeiro. O que todas estas pes-soas têm em comum? Todas passaram por um processo de discipulado em sua vida, descobriram como poderiam estar em missão com Deus e encararam o desafio.

Outro detalhe: nem todas elas se conhecem muito bem, mas to-das fazem parte da mesma agência missionária, que tem como uma de suas prioridades discipular pessoas. Lembro-me da história de cada uma delas e... percebi uma coisa: a essência do discipulado proporcionou transformação e ação na vida delas, e a estrutura e o currículo foram ferramentas desse processo. Digo isso porque nor-malmente depois que pastores e líderes ouvem histórias de trans-formação, a primeira pergunta que surge é: “Que método e que material vocês utilizam?”.

A resposta a essa pergunta é: “o método que o Espírito Santo achar melhor e o material que o Espírito Santo decidir aplicar em cada contexto”. A transformação dessas e de outras pessoas foi fruto de um mover do Espírito Santo e da obediência dos líderes à visão de Deus. Quando existe um mover de Deus e os líderes são obedientes à direção de Deus, é como se o Senhor dissesse para você: “Vou te abençoar por causa da sua obediência ao meu pro-pósito. Escolha a estrutura mais conveniente à sua realidade e os materiais com os quais as pessoas mais aprenderão da minha pala-vra. O restante eu faço”.1

Qual a importância de uma pessoa passar por um processo com-pleto de discipulado? O que o chamou à atenção, nesse relato?

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

__________________

1. Campanhã (2012:137-138).

74 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Quando uma criança entra na escola, os seus estudos se iniciam, oficialmente, pela primeira série do ensino fundamental. A partir deste momento, ela passará por diversas etapas, até chegar àquele dia em que receberá o diploma de uma faculdade. Com exceção das super-dotadas, nenhuma criança irá direto para o ensino médio ou para a fa-culdade. Existem fases que precisam ser respeitadas. Pois bem, algo muito parecido acontece na escola da fé.

1. Respeite as etapas: Quando o discipulado começa? Tudo começa no evangelismo. Como sabemos, de acor-do com Mateus 28:19-20, o ato de “fazer discípulos” está dividido em três estágios: o “indo”, o “batizando” e o “ensinando”. O discipulado começa já no estágio “indo”, ou seja, desde a evangelização, cultivando o solo, plan-tando a semente, regando e colhendo.

Nossa primeira missão é levar a pessoa não-crente a ter um encon-tro com Cristo, aceitando-o como Senhor e Salvador de sua vida. Mas, e se esta pessoa afirmar que já acei-tou a Cristo, o que fazer? Passar logo ao segundo estágio? Ainda não! É necessário verificar, antes, em que grau essa pessoa está em sua fé. É preciso considerar se sua decisão está firmada numa compreensão verdadeira do que realmente é acei-tar a Cristo e ser um discípulo dele.

É muito importante que ela ouça tudo a respeito do plano da salvação e confirme sua decisão de entregar a vida ao senhorio de Cristo. A falta desse cuidado, no início do discipula-do, tem produzido muitos membros batizados sem uma verdadeira con-versão e compreensão do evangelho. Pois bem, esse é o início do discipu-lado cristão. É o ponto de partida de uma longa caminhada, cujo destino final é até que (...) cheguemos à ma-turidade (Ef 4:13 – NVI).

O alvo é termos um cristão madu-ro e frutífero. É isso que Paulo ensi-na, ao escrever aos Colossenses: Nós o proclamamos, advertindo e ensi-nando a cada um com toda a sabe-doria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo (Cl 1:28-29 – NVI). Esse texto nos mostra um ponto de partida (a proclamação) e um destino final (a maturidade em Cristo). Porém, até chegarmos a esse objetivo final, existem algumas eta-pas, fases ou objetivos menores, que precisam ser alcançados na caminha-da. Não esqueçamos: “temos uma quádrupla responsabilidade como pais espirituais: amar, alimentar, pro-teger e treinar os novos discípulos”.2

Segundo Paulo, esse trabalho é feito com muito esforço do discipu-lador, mas, sobretudo, na força do

2. Moore (1984:78).

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

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Espírito Santo. De fato, sem o poder do Espírito Santo, todo o trabalho será vão! Assim, ao ajudarmos cris-tãos na escola da fé, precisamos ad-vertir e ensinar a cada um com toda a sabedoria, precisamos ter paciên-cia para não pularmos as etapas e confiar na ação do Espírito.

2. Estabeleça objetivos: Em Ma-teus 16:13-24, vemos, claramente, Jesus mudando de fase, na apren-dizagem de seus discípulos. Neste texto, o Mestre faz com eles uma espécie de prova oral, interrogando: “Quem sou eu para vocês?” (v. 15). Ao que Pedro responde: Tu és o Cris-to, o Filho do Deus vivo (v.16). Nota dez! Mas há algo curioso aqui: até aquele instante, Jesus ainda não ha-via dito aos doze que era o Messias prometido. Porém, direcionou todo o ensino e atitudes para que eles chegassem àquela conclusão.

O Mestre por excelência havia defi-nido um objetivo para os seus alunos. Antes de aprenderem qualquer outra lição, eles precisavam entender quem ele era. E não passariam de fase, até que atinassem nisso. O texto informa que, a partir daí, Jesus começou a en-sinar aos seus discípulos que era ne-cessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse (...), e fosse morto e ressus-citasse no terceiro dia (v. 21).

Devemos seguir o exemplo do nosso Senhor e também estabelecer passos, ao ensinarmos o caminho de Deus a alguém. Mas como faremos isso? A Bíblia indica alguns passos que

o discipulador deve dar com a pessoa que está sendo ensinada:3 o primeiro passo é ajudá-la a entender e viven-ciar a salvação. É imprescindível que o novo convertido conheça o evangelho de Cristo e tenha certeza de sua sal-vação (Mt 16:15; Ef 2:8-9). Se a pes-soa não conhece Jesus ou ainda não o aceitou, não faz sentido ensinar-lhe questões profundas da Bíblia.

O segundo passo é ajudar a pessoa a se relacionar com Deus. Depois de conhecer o evangelho, o novo conver-tido precisa aprender a se comunicar com Deus. Ter uma vida devocional di-ária é essencial para o seu crescimento espiritual. Ensine-o a orar e ler a Bíblia. O terceiro passo é ajudar a pessoa a se preparar para o batismo. Não é ne-cessário ensinar tudo, neste momento, pois o discipulado está apenas come-çando. Ensine as questões que são essenciais para o batismo e conduza o novo cristão a esse ato, que é tão importante em sua caminhada.

O quarto passo é ajudar a pessoa a entender com profundidade as dou-trinas bíblicas. O cristão precisa saber em que crer e ser apto a defender sua fé (1 Pd 3:15). Esse ensino bíblico de-senvolve o caráter de Cristo em sua vida. Ensine-o a praticar a Bíblia! In-centive-o a ser obediente (Mt 28:20). O quinto passo é ajudar a pessoa a integrar-se na vida da igreja local. O novo crente precisa ser integrado na igreja. Ele precisa se “encontrar” nela,

3. Kuhne (2008:19).

76 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

descobrindo e exercitando seus dons espirituais (Rm 12:4; 1 Co 12:1-31).

O sexto passo é ajudar a pessoa a evangelizar e discipular outras pessoas. O novo convertido preci-sa aprender a evangelizar, mas não só isso: precisa entender a visão do discipulado. Deve ser treinado e in-centivado a se multiplicar. O ciclo do discipulado termina quando o novo crente consegue fazer outro discípu-lo e é capaz de acompanhá-lo na fé,

através do ensino bíblico e do acon-selhamento pessoal.

Esse ciclo do discipulado é dinâmi-co. É uma roda que não pode parar, pois, depois de ter dado todos esses passos, o cristão estará apto para acompanhar outro novo crente e aju-dá-lo a dar esses seis passos, na cami-nhada cristã. Assim, cumpre-se o ob-jetivo final do discipulado. A seguir, após as perguntas, faremos duas con-siderações práticas sobre esta lição.

01. Leia Mt 28:19-20 e responda: O que uma criança indo à escola nos ensina sobre o discipulado? Qual é a nossa primeira missão, ao ensinarmos um interessado ou um novo convertido? É certo pular etapas, na escola da fé?

02. Após ler Ef 4:13; Cl 1:28-29, responda: Qual é o objetivo final que devemos ter, ao ensinarmos a palavra de Deus a uma pessoa? Neste processo, qual é a quádrupla função do discipulador?

03. Como o texto de Mt 16:13-24 nos mostra Jesus mudando de fase, na aprendizagem dos seus discípulos? Qual é a importância de estabelecermos objetivos, quando estivermos passando um curso bíblico a alguém?

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04. Comente os seis passos que devemos dar com o novo discípulo em seu aprendizado. Pondere: Por que o ciclo do discipulado é dinâmico?

05. Em se tratando de pular etapas, é correto ensinar conceitos complexos do evangelho e doutrinas, como o descanso no sábado e o batismo no Espírito Santo, para alguém que nem aceitou Jesus como Salvador? Justifique sua resposta.

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Ao ensinar a palavra de Deus a alguém, jamais ignore as etapas!

Ao seguir um roteiro de ensino bí-blico, você não pode pular etapas: dê um passo de cada vez. É imprescin-dível que cada passo seja respeitado. Por exemplo, quando, nos primeiros estudos, você apresenta o plano da salvação a uma pessoa não-crente, espera que ela creia em Jesus e o aceite como Senhor de sua vida. Cer-to? Esse é o primeiro objetivo.

Sendo assim, enquanto essa pes-soa não entender o evangelho e se entregar a Cristo, não é correto passar para o próximo estágio. Não faz sentido ensinar o sábado, a abs-tinência e o batismo no Espírito San-to a essa pessoa que ainda não tem compromisso com Cristo. A ideia de respeitar as etapas do aprendizado é princípio ensinado por Cristo, em Mt 16:13-24. Aplique esse princípio em todos os passos do discipulado.

2. Ao ensinar a palavra de Deus a alguém, escolha o material certo!

Abraão Lincoln disse certa vez: “Se de antemão já soubéssemos onde nos situamos e o que preten-demos obter, poderíamos planejar

melhor o que iremos fazer e como o faremos”. Essa frase se aplica ao ensino cristão. Quando sabemos o passo que devemos dar com o novo convertido ou, ainda, o passo que devemos dar com o líder que esta-

78 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

mos treinando, então, fica fácil sa-bermos que curso bíblico ou literatu-ra iremos utilizar. Basta escolhermos o material que atenda a finalidade.

Ao discipular, você precisa ter cui-dado para não dar “comida sólida” aos “bebês na fé”, nem “papinha” ou “leite” aos mais crescidos. Am-bas as atitudes levam os cristãos em treinamento ao desânimo. Saiba que

o material é vasto: além do curso bí-blico, você pode ensinar por meio de livros e filmes cristãos. Pode, ainda, usar apenas a Bíblia, numa leitura direcionada. Mas pode também usar aulas práticas: ensinar a orar, orando com o novo crente, e a evangelizar, evangelizando com ele. A escolha do material ou da pedagogia dependerá do objetivo que você tem em mente.

06. Comente a frase: “A escolha do material ou da pedagogia dependerá do objetivo que você tem em mente”.

DESAFIO DA SEMANA

Já estamos no décimo estudo desta série, e, se você ainda não está ensinando um novo convertido ou um interessado no evange-lho, não perca mais tempo. Adote, agora mesmo, uma pessoa cujo aprendizado na escola de Cristo você possa acompanhar. Faça o ciclo do discipulado com ela, seguindo os passos propostos nesta lição. Mas, se você não se sente preparado para ensinar, talvez precise ser discipulado por alguém. Sendo assim, tome uma ati-tude! Tente descobrir que passo do discipulado não foi dado por você, na caminhada cristã. Converse com o seu pastor ou com um cristão mais maduro que você e peça-lhe que o ajude nisso.

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Hinos sugeridos – BJ 48 • BJ 165

1114 DE SETEMBRO DE 2013

Formas defazer discípulos

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OBJETIVO

Instruir o estudante da Bíblia a adotar estas duas formas de fazer discípulos: discipulado pessoal e de pequenos grupos, a fim de ser usado por Deus para o crescimento de sua obra.

TEXTO BÁSICO

E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo. (At 5:42)

LEITURA DIÁRIA

D 08/09 At 5:42

S 09/09 Lc 10:1

T 10/09 Mc 2:13

Q 11/09 Mt 8:14

Q 12/09 At 16:1-3

S 13/09 1 Co 4:17

S 14/09 Rm 16:3,5

INTRODUÇÃO

Você teria a coragem de se perguntar: “Será que eu já fiz algum discípulo para o Se-nhor?”, ou: “Será que eu já abri minha casa para fazer um pequeno grupo de estudo da Bíblia?”. Essas perguntas devem ser feitas por todos nós, seguidores de Jesus.

A lição de hoje vai tratar dessas duas impor-tantes formas de fazer discípulos: de maneira pessoal (um a um) ou em pequenos grupos. Veremos, pela Bíblia, que essas eram as for-mas mais usadas por Jesus e os apóstolos, para que, pelo poder do Espírito e o ensinamento da palavra, o novo cristão permanecesse na fé.

Leciono há 24 anos em instituições

teológicas e há um bom tempo mudei meu método de ensino. Nas aulas, não transmito apenas conteúdos; elas são verdadeiros laboratórios. Meu objetivo não é que o aluno consiga nota; quero

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

80 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

transferir-lhe experiência ou, quem sabe, parte de minha vida. Nem sempre eles gostam. Às vezes, penso que prefeririam fazer provas e decorar frases a desenvolverem comigo um projeto sobre o qual temos de pensar cada fase da pesquisa e refletir de suas implicações.

No final (o que talvez seja o mais difícil para eles), muitas vezes recebem o trabalho sem avaliação e têm de refazê-lo, quantas vezes forem necessárias, até que o conceito tenha sido incorporado de fato. O discipulado é mais que transferir conhecimentos; é transferir vida, valores e modelos que podem ser aprendidos. Perdemos o contato com os nossos mentores, mas a experiência trocada durante o período de ministração mútua jamais se perderá.

Gosto da frase que ouvi de um professor de comunicação: “Con-te-me, e eu esquecerei! Mostre-me, e eu lembrarei! Envolva-me, e eu aprenderei! Convença-me, e eu mudarei!”. Se queremos formar ministros, precisamos mudar nossos métodos pedagógicos. A cada passo, precisamos criar oportunidades para que as pessoas pratiquem o que aprenderam e a verdade deixe de ser um conhecimento e se transforme em uma experiência que nos ensine a amar e estar perto das pessoas, pois elas são objetos do amor de Deus.1

Comente sobre a mudança do método de ensino do personagem dessa história. Ensinar de maneira envolvente é mais eficaz?

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Piragine Jr. (2006:120-122).

Ensinar é muito mais que enfadar os alunos com conhecimento teóri-co: é promover o aprendizado tam-bém através do exemplo do educa-dor e da participação do aluno. No caso do cristianismo, o conteúdo é a palavra, que é a respeito de Cristo, no Antigo (Gn 3:15) e no Novo Tes-tamento (Jo 1:1). O novo convertido necessita do crente com mais tempo

de fé que o discipule, que lhe ensi-ne. Qual a forma de fazer discípulos? Veja a seguir.

1. Discipulado pessoal: A primei-ra forma de discipulado que estuda-remos é o discipulado pessoal. Mas o que este vem a ser? Trata-se do “es-tabelecimento de um relacionamento espiritual entre um crente maduro e um crente novo, com o objetivo de

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ajudar o segundo em seu crescimento e nutrimentos espirituais”2. Jesus utili-zava esta forma.

Começamos pelo chamado de Je-sus aos discípulos: E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescado-res de homens (Mt 4:19). Como já aprendemos, Jesus não os faria discí-pulos da noite para o dia. Por isso, o Senhor “dedicou-se de forma quase integral a esses homens, convivendo com eles dia e noite”.3

Cristo ensinava as multidões (Mc 2:13), a um grupo de setenta pessoas (Lc 10:1), aos doze discípulos (Mt 11:1), e, ainda neste grupo, teve contato mais específico com três (Pedro, Tiago e João; cf. Mt 8:14; Lc 8:51, 22:8; Jo 21:20). Estes conviveram de maneira mais íntima com o Senhor.4 Veja al-guns episódios: na ressurreição da filha de Jairo (Mc 5:37), na transfiguração (Mt 17:1) e no Getsêmani (26:37).

Veja que, mesmo diante dos doze, o Mestre Jesus se aproximou mais de três. Pode ser que o Senhor tenha en-xergado algo além neles, para tê-los tornado grandes nomes da igreja cris-tã.5 Em At 12:2, Tiago morreu por cau-sa do evangelho e Paulo escreveu sobre dois deles: Pedro e João, tidos como co-lunas (Gl 2:9 – NVI). Em Paulo, também vemos a prática do discipulado pessoal. Deus usou muito a vida deste homem.

2. Kunhe (2008:20).

3. Evangelismo e discipulado (2010:94).

4. Tasker (1980:46).

5. Evangelismo e discipulado (2010:113).

No Novo Testamento, há mais de 100 pessoas que, de certa maneira, se relacionam com Paulo. Destas, apro-ximadamente 35 mantinham com ele um contato mais próximo; Timóteo (1 Tm 1:2), Tito (Tt 1:4), Epafrodito (Fp 2:25) e Tíquico (Cl 4:7) estavam mais próximos ainda.6 Estes discípulos de Cristo são chamados de filhos, ir-mãos, o que sugere uma proximidade com seu discipulador, Paulo.

Trata-se de grandes cooperadores da obra de Deus. Depois de certo tem-po de discipulado, já estavam produ-zindo frutos. Timóteo, por exemplo, foi convidado por Paulo a caminhar ao seu lado (At 16:3), pois tinha bom testemunho dos irmãos (16:1-2), por onde andava, confirmando na fé as igrejas (16:5). Após esse processo jun-tos, foi enviado sem o apóstolo, pois já havia amadurecido na fé (1 Co 4:17).

2. Discipulado em pequenos grupos: A segunda forma de dis-cipulado que enfatizamos são os pequenos grupos, que se reúnem nas casas, com o foco principal no ensino da palavra e na comunhão entre as pessoas (At 2:46), para que o evangelho seja espalhado e o dis-cipulado, desenvolvido. Temos vários nomes para esta forma de discipula-do, como: grupo familiar, grupo de oração e comunhão etc. A Igreja Ad-ventista da Promessa adotou a desig-nação “grupo de estudo bíblico”.7

6. Idem, p.94.

7. Evangelismo e discipulado (2010:112).

82 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Os pequenos grupos eram priori-zados, na igreja primitiva. Embora o templo tivesse seu lugar, na prática da igreja, vemos que o “de casa em casa” também fazia parte do dia-a--dia dos primeiros cristãos. O texto básico da lição expressa isso muito bem: E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo (At 5: 42).

Quando lemos o Novo Testamen-to, percebemos que a casa era um espaço da igreja. Filemom (Fm 1:1-2) abriu a porta de sua casa. O casal Priscila e Áquila também fez de sua casa um espaço de compartilha-mento do evangelho (Rm 16:3,5). Também nos é informado, em Cl 4:15, que, em Laodiceia, Ninfa abriu as portas de sua casa para as reuni-ões da igreja.8

Por sua vez, o apóstolo Paulo, quando em Éfeso, ensinou publica-mente e pelas casas (At 20:20 – grifo nosso) a respeito da conversão a Deus e da fé em nosso Senhor Jesus Cristo; ensinou toda a mensagem de Deus (20:21, 27). Ele mesmo nos in-forma sobre o tempo de seu discipu-lado: ... durante três anos, não ces-sei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós (20:31).

No último capítulo de Atos, lemos sobre o discipulado de Paulo: Pregava o Reino de Deus e ensinava a respei-to do Senhor Jesus Cristo, abertamen-te e sem impedimento algum (28:31 –

8. Lucado (2010:77).

NVI – grifo nosso). Por dois anos, numa espécie de “prisão domiciliar”,9 ele pregava e ensinava em casa (28:30). Imagine quantos discípulos foram formados, através desse “ponto de pregação”! Nesses pequenos grupos, eles tinham a possibilidade de manter um contato mais próximo com seu dis-cipulador, o que tornava o ensino da palavra muito mais dinâmico.

Atos começa e termina informan-do-nos sobre a importância das casas para o desenvolvimento dos novos cristãos: Regularmente eles adora-vam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão (At 2:46 BV). Além do mais, é informado que essa igreja nova perseverava na doutrina (2:42). Stott10 nos diz que “o Espírito Santo abriu uma escola em Jerusa-lém; seus professores eram os após-tolos que Jesus escolhera; e havia três mil alunos no jardim de infância!”. Eles precisavam ser discipulados.

Você, que é discípulo do Senhor, pôde refletir sobre estas duas formas de discipulado: o pessoal e o de pe-quenos grupos, e perceber, através de Jesus e da igreja primitiva, o quan-to a prática do acompanhamento dos novos cristãos é necessária para o crescimento destes. Não esqueça, então, de praticar o discipulado. A seguir, você conhecerá dois princí-pios que o ajudarão nessa prática.

9. Lopes (2012:505).

10. Stott (2008:87).

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01. Leia o primeiro parágrafo do item 1 e responda: O que é o discipulado pessoal?

02. Agora, leia os demais parágrafos do item 1; os exemplos de Jesus, em Mt 4:19, e de Paulo, em At 16:1-5, com relação a essa forma de discipulado, e responda: Como isso desafia a sua vida cristã?

03. O item 2 trata sobre discipulado em pequenos grupos. Com base no primeiro parágrafo desse item, conceitue essa forma de discipular.

04. Através do exemplo deixado pela igreja primitiva (At 5:42; Fm 1:1-2; Rm 16:3,5), explique a relevância dos pequenos grupos.

1. Adotemos um novo conver-tido já!

Talvez o texto que mais transmita a ideia de discipulado pessoal seja 2 Tm 2:2: O que ouviste de mim diante de muitas testemunhas, transmite a ho-

mens fiéis e capacitados a fim de que possam igualmente discipular a outros (KJA). Essa pode até ser uma espécie de “credo do discipulado pessoal”. Nesse texto, entendemos que, apesar de haver muitos ouvintes do ensina-

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

84 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

05. Refletindo sobre a primeira aplicação, que nos mostra o dever de fazermos discípulos, como está sua situação em relação ao acompanhamento de novos cristãos?

2. Abramos nossa casa já!A igreja local deve cultivar a prá-

tica de cada discípulo abrir a porta de sua casa para pequenos grupos. Como já dissemos, as casas eram um prolongamento da vida da igreja. Em Romanos, temos gente que abriu a casa para isso: Saudai a Priscila e a Áqüila (...). Saudai também a igreja que está em sua casa (16:3a,5a).

Faça da sua casa um “ponto de discipulado”. Convide as pessoas para conhecerem a Jesus, e os mais novos na fé para se aprofundarem na palavra. Abra a porta de sua casa e tenha a experiência de momentos como os vividos na igreja primitiva. O que está esperando? Procure o pas-tor local e ofereça sua casa para o início de um grupo de estudo bíblico.

06. Sabendo que sua casa pode ser uma extensão da igreja local, qual foi a última vez em que você abriu as portas para um grupo de estudo bíblico? Você já fez isso?

mento cristão, Timóteo foi escolhido por Deus e discipulado por Paulo.

Assim, após um período de tempo com Paulo, Timóteo deveria ensinar outras pessoas fiéis a Deus, que pas-sariam o conteúdo do evangelho a outros. E você? O que espera? Dis-ponha-se a fazer discípulos de Jesus!

Olhe, na sua comunidade, o novo convertido que precisa ser guiado. Gaste tempo de estudo e comunhão com ele. É dever de todo cristão fa-zer discípulos (Mt 28:19), não só do pastor. Essa mensagem é para você mesmo, não para outro. Adote já um filho na fé!

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DESAFIO DA SEMANA

A lição desta semana é bem desafiadora. Aprendemos que é dever de todo cristão, não apenas da liderança, transmitir a fé e a vida recebidas em Cristo Jesus. Devido a essa grandiosa verdade, já é hora de praticarmos o discipulado. Temos que obedecer ao mandamento de fazer discípulos (Mt 28:19).

Ore a Deus e chame, com a autorização do pastor, aquele novo convertido para que você o ajude a crescer na fé. Marque um dia fixo na semana para conversarem sobre a Bíblia e sobre a vida. Se for possível abrir a sua casa a um grupo de estudo bíblico, faça isso. Coopere com a obra de Deus!

86 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 04 • BJ 20

1221 DE SETEMBRO DE 2013

O mestre por excelência

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OBJETIVO

Mostrar ao aluno o método de discipulado do Mestre por excelência, que inclui: chamado, convívio, treino e comissão.

TEXTO BÁSICO

Termin ando de dar instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu dali para ensinar e pre-gar nas cidades da região. (Mt 11:1 – AS21)

LEITURA DIÁRIA

D 15/09 Mc 1:16-20

S 16/09 Jo 1:35-42

T 17/09 Mc 3:13-19

Q 18/09 Jo 7:14-17

Q 19/09 Mc 4:34

S 20/09 Mc 6:31-32

S 21/09 Mt 9:9-13

INTRODUÇÃO

Imagine uma pessoa que nunca se dedicou ao estudo, à capacitação, que nunca frequen-tou uma escola, mas, mesmo assim, decidiu que deseja dar aulas em uma faculdade. O so-nho dessa pessoa dificilmente será alcançado, pois, para ensinar, é preciso aprender e se pre-parar, primeiramente. Jesus sabia disso. Por essa razão, ensinou alguns homens, para que estes pudessem fazer o mesmo com outros.

Na lição desta semana, estudaremos a res-peito do pedido de Jesus aos seus discípulos: que fizessem outros discípulos, como lhes ha-via ensinado. O discipulado foi a forma que Jesus usou para ensinar e preparar homens que dessem continuidade ao seu ministério, aqui na terra. O mestre por excelência será o modelo para a análise neste estudo.

Numa retrospectiva ao longo de sua

vida, minha esposa poderia facilmen-te se identificar com Timóteo. Cynthia

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

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diria: ‘Foram minha mãe e minha avó que me moldaram.’ Eu diria: ‘ Foi meu avô materno.’ L. O. Lundy de El campo, no Texas, era seu nome – um homem de verdade, um exemplo de integridade e santidade.

Minha filha caçula, Collen, e eu viajávamos pelo Texas no outono de 1987. Resolvemos pegar algumas rodovia áridas e passar por minha cidade natal. Eu não voltara lá em mais de trinta anos. Chegamos a El Campo e por fim localizamos o lar de meus avós. Quase imediatamen-te após estacionar em frente daquele lugar onde meus avós viveram tantos anos antes, minhas lágrimas começaram a correr. As de Collen também. Ela me ouviu falar frequentemente da influência que Vovô teve em minha vida e leu meus pensamentos. Contemplei uma casa antiga, imponente, onde certa vez residira um nobre cavalheiro. O que mais me vem à lembrança é o amor que demonstrava ao tomar o neti-nho sobre os joelhos e falar-lhe bondosamente, e servir de modelo de retidão e moldar seu pensamento. Claro que nem ele nem eu tínha-mos a menor ideia de onde o futuro me levaria. Sentado ali em frente com minha filha, olhando as janelas, a porta da frente, a varanda e a entradinha, fui dominado pela gratidão. Lembrei-me da verdade, e lembrei-me de quem aprendi a verdade.1

O exemplo e o ensino do avô do autor do texto permaneceram, ao longo de sua vida. Discuta acerca das razões para o ensino permanecer tanto tempo e influenciar tanto a vida do autor.

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Swindoll (2006:163).

É impressionante pensar que o tempo de ministério de Jesus foi todo designado para discipular ho-mens. Jesus agiu de forma estratégi-ca com o objetivo de instruir os dis-cípulos, para que, quando não mais estivesse entre eles, pudessem dar continuidade ao trabalho. Veremos

quais os passos utilizados por Jesus para o discipulado.

1. O mestre por excelência cha-mou os discípulos: Quando iniciou seu ministério, após o batismo, Jesus chamou alguns homens para segui-lo (cf. Mc 1:16-20). Apesar de parecer, este não foi o primeiro encontro dele

88 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

com aqueles que seriam seus discípu-los. André, João e Pedro, por exem-plo, segundo João 1:35-42, já haviam tido um primeiro encontro com Jesus, já o conheciam. Possivelmente, eles haviam crido em Jesus naquela oca-sião. Pelo texto de João, este primeiro encontro aconteceu fora da Galileia.

Quando esses pescadores volta-ram para a Galileia, retornaram ao seu trabalho normal. Eles creram em Jesus, mas ainda não o estavam se-guindo de perto, até o dia em que Jesus os convidou. Os textos mos-tram que eles aceitaram rapidamente abandonar tudo para seguir Jesus.2 A razão? Já sabiam quem ele era. O mo-mento do convite não foi o primeiro encontro entre Jesus e eles. Contu-do, naquele momento específico, foram convidados a ser pescadores de homens (Mt 4:18-22). A partir de então, seriam preparados de maneira mais intensa. Eram novos convertidos que entrariam na escola do discipula-do, seguindo Jesus de perto.

A expressão “pescadores de ho-mens” era bastante usada, na épo-ca, e descrevia mestres que jogavam suas iscas, ou seja, seu ensino, e fis-gavam discípulos.3 Jesus diz: eu os fa-rei (Mt 4:19). A ideia, aqui, é de “mo-delar”, e o verbo está no futuro. Eles não seriam pescadores de homens imediatamente. Eles deveriam seguir Jesus imediatamente. Depois de acei-

2. Carson (2010:150).

3. Wiersbe (2006:145).

tarem o convite, seriam formados na melhor das escolas. Aprendemos com Jesus, então, que o processo do discipulado começa com o chamado.

2. O mestre por excelência con-viveu com os discípulos: O método de discipulado de Jesus não era algo formal e inflexível: o ensino acontecia na vivência. Jesus chamou doze ho-mens para serem discípulos. Em Mar-cos 3:13-19, podemos ler a expressão para estarem com ele, que esclarece o método,4 que é relacional. Ele os ensi-naria por meio de seu exemplo, do par-tilhar de sua vida. Os discípulos apren-deriam vendo, ouvindo e fazendo.

Quaisquer ocasiões seriam propícias para o Mestre ensinar, no monte, no templo, num poço, numa casa etc. (Mt 5:1; Jo 8:2, 4:7; Lc 5:17-19). À medida que ensinava ao povo, ensinava aos discípulos. Em suas ações e decisões, também os instruía. Gastou tempo com eles. Os discípulos eram homens como o instável e impetuoso Simão, que era um zelote, ou seja, fazia parte de um grupo de extremistas que se in-surgia contra Roma (Mc 3:18).

João e Tiago foram chamados de Boanerges, apelido que transmite a ideia de um zelo ardente e destrutivo, como uma tempestade de trovões (Mc 3:17; Lc 9:54-55).5 Pense também em Mateus, o cobrador de impostos (Mt 10:3). Não pareciam candidatos aptos, mas, na convivência, sua maneira de

4. Evangelismo e discipulado (2010:93).

5. Wiersbe (2006:155).

www.portaliapportaliap.com.br 89

pensar, falar e agir foi formada e trans-formada.6 Não ouviram apenas aulas teóricas: aprenderam observando e ab-sorvendo as atitudes perfeitas de Jesus.

3. O mestre por excelência trei-nou os discípulos: Inegavelmente, Jesus era um mestre. Mesmo não tendo frequentado as escolas fa-mosas de sua época (Jo 7:15), agia como mestre e era tratado como tal (Jo 1:38; 8:2).7 E como ele treinou os seus discípulos? O treinamento foi intenso e pessoal. Eles aprendiam enquanto caminhavam com Jesus.

Os discípulos iam aonde Jesus ia, comiam com ele, bebiam com ele, ouviam o que ele dizia, viam o que ele fazia, eram convidados a entrar nas ca-sas com ele e eram rejeitados com ele, também; enfim, compartilhavam tudo o que ocorria em torno de Jesus e sem-pre ouviam atentos aos seus ensinos.

O mestre sempre lhes ensinou a palavra de Deus (Jo 17:8). Eles foram “bombardeados” pela Escritura e rece-beram um ensino diferente dos ensinos da época, pois Jesus ensinava com au-toridade (Mc 1:22), porque falava do que vivia, diferentemente dos mestres de então, que eram do tipo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Além de ensinar seus discípulos com a multidão, de maneira geral, reservava tempo a sós com estes (Mc 4:34). Fo-ram, aproximadamente, três anos de muito aprendizado falado e vivido!

6. Mulholland (2004:121).

7. Marra (2007:56-57)

4. O mestre por excelência co-missionou os discípulos: Parte do treinamento constituiu-se do prepa-ro dos doze discípulos por Jesus (Mc 3:14). Antes de sua morte, houve um momento em que foram enviados em duplas para fazerem outros discípulos (Mc 6:7).8 Jesus os alertou sobre as dificuldades que seriam encontradas no caminho, mas lhes deu autoridade sobre o maligno (Mt 10:1-42).

Aqueles doze homens foram considerados apóstolos, pois o sig-nificado da palavra é “enviados da parte de”. O título evidencia quem enviou, não os enviados.9 O discípulo não deve aparecer, mas deve tornar Cristo visível. Foram apóstolos aque-les que conviveram e viram Jesus (At 1:21-22; 1 Co 9:1). Ninguém possui esse título hoje, mas a função de dis-cipular é dada a todos os cristãos.

Em Mateus 10, Jesus enviou os dis-cípulos apenas para pregar aos judeus, que rejeitaram o ensino sobre o reino de Deus. Ao voltarem dessa missão, relata-ram a Jesus o que acontecera (Mc 6:30). Após esse momento, Jesus quis lhes dar um tempo de descanso (Mc 6:31). Depois de sua ressurreição, com o trei-namento encerrado, comissionou os discípulos para cumprir seu chamado. Conforme Mateus 28:19-20, eles deve-riam fazer discípulos, batizar e ensinar.10

8. Evangelismo e discipulado (2010:93).

9. Idem.

10. Marra (2007:62).

90 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Os discípulos colocariam em prá-tica o que haviam aprendido com Jesus. Deveriam anunciar o evan-gelho e fazer novos discípulos em todas as nações, e ensiná-los a obe-decer tudo o que Jesus lhes ensi-nara. Observe que o texto diz ensi-

nando-os a guardar todas as coisas. Não era simplesmente ensinar uma teoria, mas ensinar a fazer o cer-to, na convivência, na imitação do comportamento. O mesmo método de discipulado de Jesus seria usado pelos discípulos.

01. Leia Mt 4:18-22; o item 1, e comente com a classe sobre o chamado de Jesus aos seus discípulos. Como se deu? O que significa a expressão “pescadores de homens”? E o “farei”?

02. Leia o item 2 e discuta com a classe a importância de discipular na convivência. Seria possível alguém acomodado aos seus erros ser um bom discipulador?

03. Leia o item 3 e responda: Você acredita que, atualmente, há discipuladores interessados em preparar sucessores? Por que isso seria tão importante?

04. Depois de treinar seus discípulos, que passo Jesus deu com estes? Comente a comissão dada por Jesus aos discípulos, em Mateus 28:19.

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05. Por que é impossível a alguém que não imita a Jesus ser um discipulador?

III PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Imite o comportamento do mestre por excelência.

Naturalmente, Jesus era um exce-lente mestre, pois, além de seu ensi-no ser surpreendente (Mt 11:1), seu comportamento condizia com sua fala. Atualmente, temos visto inú-meros líderes religiosos que não en-sinam a palavra de Cristo e sequer a vivem, mas querem ter status e usam o nome de Cristo para se promover. São falsos mestres. Fuja deles.

O verdadeiro discípulo tem Cristo como seu padrão de comportamen-to e, ao ensinar, não faz discípulos para si mesmo, mas faz seguidores de Jesus. Que seu ensino e sua vida se enquadrem no ensino e na vida de Cristo. Não se acomode à me-diocridade, mas se molde ao caráter de Jesus, para que, ao ensinar, você tenha autoridade. Lembre sempre: o mestre é Jesus; você é o discípulo.

2. Imite a estratégia do mestre por excelência.

Jesus tinha uma estratégia traça-da, ao selecionar aqueles homens para serem seus discípulos. Sua in-tenção era que, ao ascender aos céus, sua mensagem continuasse a ser difundida e pessoas continuas-sem a ser discipuladas. Como discí-pulos de Cristo, devemos ser estra-tégicos. Sozinhos, podemos fazer

pouco. Quanto mais discípulos, mais difundido é o reino de Deus.

Somos discípulos, e, por isso, preci-samos discipular outros, a fim de que mais pessoas conheçam a Cristo. Não somos meros coadjuvantes no traba-lho de discipulado, enquanto o pastor ou o líder de evangelismo faz toda a ta-refa. Devemos todos assumir a missão de discipular. Se assim for, nossas igre-jas estarão cheias de cristãos genuínos.

92 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

06. Por que nem todos assumem a missão de discipular? Você já assumiu esse papel no reino de Deus?

DESAFIO DA SEMANA

Muitos pensam que devem conduzir alguém à igreja até que este levante a mão ao apelo do pastor e aceite a Cristo. Pensam que seu trabalho encerrou-se ali. Entretanto, é ali que começa o verdadeiro trabalho. Certamente, haveria menos evasão, se imi-tássemos Jesus, na tarefa do discipulado. Jesus foi estratégico: chamou, conviveu, treinou e comissionou homens para fazerem o mesmo que ele havia feito. Que, nesta semana, você reflita se tem imitado o discipulado de Cristo. Há inúmeros cristãos recém convertidos, até crianças e adolescentes, que precisam de discipu-ladores. Assuma essa linda missão e faça como Jesus.

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SÁBADO ESPECIAL

Escola Bíblica,Programa de Culto,

e Sermão

94 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Hinos sugeridos – BJ 27 • BJ 87

1328 DE SETEMBRO DE 2013

A vida de um discipulador

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OBJETIVO

Ensinar ao estudante da Escola Bíblica as características que envolvem a vida de um discipulador, a fim de que, mediante as lições aprendidas, seja instigado a cuidar do próprio caráter e a motivar os outros.

TEXTO BÁSICO

E o que de minha parte ouvistes através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros. (2 Tm 2:2)

LEITURA DIÁRIA

D 22/09 1 Co 11:1

S 23/09 2 Co 6:4-10

T 24/09 Jo 13:13-17

Q 25/09 Fp 1:8-10

Q 26/09 Tt 1:4-5

S 27/09 2 Tm 2:1-3

S 28/09 At 11:19-26

INTRODUÇÃO

Na lição da semana passada, estudamos sobre Jesus, o mestre por excelência. Sua de-dicação em discipular pessoas é inspiradora. Muito aprendemos com o exemplo dele. Nes-ta lição, a última desta série sobre discipulado, trataremos sobre a vida de um discipulador, tomando por base as atitudes de um impor-tante homem de Deus, o apóstolo Paulo.

Que qualidades fundamentais devem ca-racterizar a vida de um autêntico discipulador? O piedoso apóstolo, por meio de seu exemplo, nos ajudará a responder essa pergunta corre-tamente. Ele era um verdadeiro discípulo de Jesus e se desgastava, no intuito de formar no-vos discípulos. Ser um discipulador não é fácil, mas é compensador.

[Em 3 João 4, o apóstolo] fala de sua alegria ao ver crescerem em Cristo pessoas que ele próprio “nutrira” espiritualmente

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

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na fé (...). Tenho o mesmo sentimento que João, em relação ao acon-selhamento dos novos convertidos. Contudo esta é uma alegria de que poucos crentes estão compartilhando. (...) Converti-me com dezoito anos de idade. Nos anos que se seguiram a essa decisão, estudando na Universidade da Pensilvânia, passei a trabalhar com a Cruzada Es-tudantil e Profissional. Com o que aprendi nessa organização, logo comecei a falar de minha fé aos outros.

Não demorou muito, e principiei a ver frutos, pessoas que oravam recebendo a Cristo como Salvador, em decorrência de meu testemu-nho. A essa altura, descobri como era importante o trabalho de assis-tência ao novo crente. Surgiu um grande peso em meu coração, pois muitos dos que, como eu supunha, entregavam a vida a Cristo, depois voltavam atrás em sua decisão. E nem todos poderiam ser tachados de solo rochoso ou cheio de espinhos [conforme parábola do semeador em Mateus 13]. Eu recebera pouca instrução sobre como ajudar o novo convertido a crescer espiritualmente e entendi que, em parte, a culpa daquele afastamento da fé era minha.

Como o peso que eu sentia aumentasse, passei a procurar com afin-co as informações de que precisava. Havia muito pouca coisa a respeito do assunto. Tudo que encontrei foram algumas ideias sobre como se dá a um recém-convertido a certeza da salvação, e como se faz para iniciá--lo no estudo da Bíblia. Isso fez com que eu começasse, independente-mente, por meio de ensaios e erros, a criar métodos de trabalho para o aconselhamento de novos convertidos (...). O Senhor abençoou meus esforços, e pude ver grande número de novos crentes crescendo na fé.1

O que podemos aprender com a história dessa personagem? Vale ou não a pena ser um discipulador?

I HISTÓRIA DE DISCÍPULO

II PARA O DISCÍPULO ENTENDER

__________________

1. Kuhne (2008:9-10).

Paulo era um proclamador do evangelho. E isso ele fazia com gran-

de ousadia (At 14:1). Mas, além de proclamador, ele era um discipula-

96 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

dor. Durante o seu ministério, Paulo acompanhou várias pessoas de perto. Pelo menos umas 30 pessoas são ci-tadas na Bíblia como estando junto dele. Dentre essas, há um destaque para Timóteo, Lucas e Tito, como os discípulos mais próximos do apóstolo. Paulo investiu pesado na vida deles. A seguir, veremos como ele fez isso, mais especificamente, com Timóteo.

1. Dedicação para ensinar: Pau-lo chama a Timóteo de meu filho (2 Tm 2:1). Essas palavras indicam que Timóteo era um de seus filhos na fé.2 O mesmo tratamento Paulo dá a Tito (Tt 1:4) e a Onésimo (Fl 1:10). O após-tolo, porém, não era um pai displicen-te, mas providente: cuidava de seus filhos alimentando-os com a palavra (2 Tm 2:2). Ele levava o ensino a sério.

Com Barnabé, Paulo esteve na igreja de Antioquia, e, durante o ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente (At 11:26). É importante refletirmos sobre essa no-bre atitude de Paulo, pois, uma vez que alguém se rende a Jesus, precisa de cuidados especiais, e o ensino é um desses cuidados. Quando não leva-mos isso em consideração, pecamos.

Paulo, porém, não ensinava qual-quer coisa. Ele era um habilidoso eru-dito nas Escrituras; mas não usava o seu conhecimento para distorcer a palavra. Seus ensinos baseavam-se nas sagradas letras (2Tm 3:15) e por elas eram provados (At 17:11). O que

2. Champlin (1980:371).

temos ensinado aos nossos alunos: os princípios da Escritura ou conceitos contrários a eles? Temos tomado o devido cuidado para não ensinarmos outro evangelho? Pensemos nisso.

2. Caráter para exemplificar: Como um autêntico discipulador, Pau-lo era exemplar. Não ensinava com palavras o que não podia exemplificar com atitudes. Era fiel em seu caráter e irrepreensível em sua conduta. Era qua-lificado para aconselhar: Sede meus imitadores como eu sou de Cristo (1 Co 11:1). Ele sabia o que estava dizen-do e fazendo. Tinha caráter santo.

No entanto, ao invés de querer tornar aqueles irmãos dependentes de si mesmo, Paulo queria conduzi--los a uma identificação com Cristo, pois a única razão pela qual deveriam imitá-lo é que ele imitava a Cristo.3 O discipulador, portanto, deve viver de maneira coerente. O que ele ensina deve ser confirmado por sua condu-ta diária. Timóteo aprendeu muito com as atitudes de Paulo, seu pai na fé. Além disso, recebeu dele esta orientação: Procura apresentar-te a Deus aprovado (2Tm 2:15).

Além de ser exemplo, ao disci-pulador cabe orientar o discípulo a zelar por esse princípio. Timóteo, a semelhança de Paulo, tinha de ser um exemplo para os demais. O termo aprovado (gr. dokimos) era usado para indicar a genuinidade do metal de moedas. Também indi-

3. Morris (1983:121).

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ca o sentido de “aprovado através de tribulações ou testes”.4 À seme-lhança de seu discipulador, Timóteo precisava fazer o necessário para ser aprovado por Deus.

3. Firmeza para encorajar: Como um fiel discipulador, Paulo era também encorajador. Antes de encorajar, porém, ele havia recebido encorajamento. Isso aconteceu pou-co depois de sua conversão, quando foi vítima da desconfiança dos cren-tes (At 9:26). Foi então que Barnabé o defendeu e Saulo ficou com eles (v.28), acabando, assim, por se tor-nar o mais proeminente missionário cristão do qual já se teve notícia.

Você percebeu o quanto é impor-tante o encorajamento, na vida de uma pessoa? Faz toda a diferença, não é mesmo? Encorajar é incentivar, motivar. E foi isso que Paulo fez em relação a Timóteo. Disse-lhe: ... for-tifica-te na graça que está em Cristo Jesus (2 Tm 2:1). O verbo fortificar (gr. endunamoo), aqui, precisa ser entendido com o sentido de revigo-rar, dar energia, adquirir forças, ser forte, como ação linear, contínua.5

Quando encorajou a Timóteo com essas palavras, Paulo não estava hos-pedado num hotel de primeira classe ou numa mansão luxuosa: estava na prisão, no corredor da morte. Apa-rentemente, tinha todos os motivos para desistir do evangelho e de-

4. Champlin (1980:378).

5. Idem, p.371.

sencorajar Timóteo. Mas não o fez, porque sua fé em Cristo era firme e inabalável! Sabia que havia crido em Cristo e que este o recompensaria (2Tm 1:12). O discipulador, portan-to, com fé firme, deve encorajar, não desmotivar os outros.

4. Disposição para treinar: No reino de Deus, o discipulador treina o discípulo a se tornar, também, um discipulador. Paulo passou por esse processo. Assim, não demorou a en-sinar o que aprendera (At 9:20) e não desperdiçou seu tempo. Começou aprendendo com Ananias e com os outros seguidores de Jesus, mas, de-pressa, tinha o seu próprio grupo de discípulos, a quem ensinava a obede-cer tudo o que Jesus havia ordenado.6

Disposição para treinar o discípulo a dar frutos é uma característica do discipulador. Paulo não demorou a orientar a Timóteo nesse sentido: E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros (2 Tm 2:2). Este discípulo tinha o dever de treinar discípulos, a fim de que estes logo se tornassem discipuladores. Esse trabalho precisa ser contínuo. Não pode parar.

O discipulador, em algum mo-mento, precisará passar o bastão. Paulo, por sua vez, estava prestes a partir desta vida. Por muito tempo, carregou a tocha do evangelho. Da-

6. Marra (2007:71).

98 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

quele momento em diante, ele a pôs nas mãos de Timóteo, que, por sua vez, deveria passá-la a outros.7 Essa visão de treinar novos discipuladores tem de ser levada adiante. Contribu-amos para isso.

Os exemplos observados na vida do valoroso apóstolo, conforme apren-

7. Hendriksen (2001b:302).

demos até aqui, caracterizam a vida do fiel discipulador, que se esmera em ensinar àqueles que se submetem ao ensino da palavra e exemplifica o que ensina com o próprio caráter. Além disso, está sempre encorajando os discípulos que estão sob seus cui-dados e treinando-os para, no futu-ro, tornarem-se bons discipuladores. Que preservemos tais qualidades.

01. Leia Atos 11:26; 2 Tm 2:2, o item 1, e responda: Como deve ser encarado o ensino, na vida de um discipulador.

02. Caráter exemplar é relevante, na vida de um discipulador? Explique, baseando-se no item 2.

03. Com base em 2 Tm 2:1 e no item 3, responda: O ato de encorajar é imprescindível para quem almeja ser um discipulador? Por quê?

04. Que disposição deve ter o discipulador para com as pessoas a quem discipula? Comente com base em 2 Tm 2:2 e no item 4.

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II PARA O DISCÍPULO PRATICAR

1. Viva como um autêntico disci-pulador: cuide do seu caráter.

Nenhum discipulador será dig-no de ser identificado como tal, se não viver piedosamente, influen-ciando de maneira positiva aqueles a quem instrui. Paulo não tinha de que se envergonhar, pois se con-servava irrepreensível diante de Deus e da igreja. Ele não disse: su-porte os sofrimentos sozinho, mas: participa dos meus sofrimentos (2 Tm 2:3 – grifo nosso).

Em outras palavras, é como se ele dissesse: “Faça as coisas do jeito que você me vê fazer”. O bom discipula-dor é aquele que convence não so-mente por suas palavras, mas, prin-cipalmente, por seu modo de viver; é aquele que não diz: “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”. O discipulador segundo o coração de Deus instiga, com sua vida, o discípu-lo a ser bom exemplo, dentro e fora da comunidade cristã. Essa tem sido a nossa atitude como discipuladores?

05. Após ler a primeira aplicação, responda: Como discipulador, tem você cuidado do seu caráter?

2. Viva como um autêntico disci-pulador: não pare de motivar.

A caminhada cristã não é um “mar de rosas”. Muitos buscam um cristia-nismo sem dificuldades, isento de so-frimento, e se frustram nessa busca. Jesus disse: ... no mundo tereis afli-ções (Jo 16:33). Todo discípulo, ine-vitavelmente, passará por momentos turbulentos. Por isso, necessitará de motivação, encorajamento. Foi essa motivação que Jesus deu aos seus dis-cípulos, ao continuar sua fala: ... mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.

Ao ser motivado por Barnabé, Saulo superou a desconfiança (At 9:26). O mesmo aconteceu com Marcos (15:38). Você já pensou em quantos bons potenciais discipula-dores perdemos, simplesmente por nos omitirmos a motivá-los? Pala-vras encorajadoras poderão salvar um próspero ministério. Expressões como: “fortifica-te”, “persevera”, “tem bom ânimo” fazem diferença na vida de um discípulo. O discipula-dor não pode, em momento algum, esquecer-se disso.

100 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

06. Após ler a segunda aplicação, responda: Como um discipulador, tem você persistido em motivar as pessoas?

DESAFIO DA SEMANA

Você passou treze semanas estudando sobre o discipulado; viu que Jesus fundou uma “escola” e o convida a fazer parte dela, que existem custos e exigências; entendeu o que é ser discípulo; releu a grande comissão, e viu que o imperativo presente nela é que disci-pulemos; entendeu as razões por que devemos discipular; estudou sobre as formas; meditou no exemplo máximo de um discipulador, que foi Jesus, o mestre por excelência; hoje, viu as qualidades que um discipulador deve ter. E aí? Ainda vai continuar sem se engajar neste glorioso empreendimento, que é o discipulado? Não faça isso! Mãos à obra! Discipule! Faça isso no poder do Espírito Santo (como você aprenderá, no sermão que vem logo depois desta li-ção, nas próximas páginas). Que o Senhor o ajude!

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SÁBADO ESPECIALSugestão para programa de culto

Avisos e agradecimentos

Abertura - Leitura do texto - “Cheios do Espírito!!!”

Isaías, inspirado pelo Espírito de Deus, profetizou, dizendo: “O Senhor Deus me deu o seu Espírito, pois ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres. Ele me enviou para animar os aflitos, para anunciar a libertação aos escravos e a li-berdade para os que estão na prisão. Ele me enviou para anunciar que chegou o tempo em que o Senhor salvará o seu povo, que chegou o dia em que o nosso Deus se vingará dos seus inimigos. Ele me enviou para consolar os que choram”.

Essa promessa se cumpre em nossas vidas, por meio de Jesus Cristo! Assim como foi com nosso Salvador, o Pai de-seja que todos nós sejamos revestidos do Espírito Santo, pois isso nos enche de amor pelas pessoas, sejam elas jovens, velhas, pobres, ricas, negras, brancas, amarelas, pardas, altas, baixas, gordas, magras, homens ou mulheres. Quando somos cheios do Espírito Santo, nasce em nós um amor especial pelos outros e o desejo de pregar a palavra de Deus com ousadia, aonde vamos e a quem quer que seja.

Precisamos negar a nós mesmos, bus-car a presença do Senhor pela oração,

guardar sua palavra no coração e prati-car seus ensinos, em submissão ao nosso Deus, pois ele está pronto a nos encher com o Espírito Santo.

Hino - “Derrama teu Espírito” – BJ 76

Leitura bíblica: Atos 2:1- 2, 16b-25

Dirigente: Quando chegou o dia de Pentecostes, todos os seguidores de Je-sus estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho que parecia o de um vento soprando muito forte e esse barulho encheu toda a casa onde estavam sentados.

Homens: Então levantou-se Pedro e começou a dizer à multidão: (...) está acontecendo (...) o que o profeta Joel disse: É isto o que eu vou fazer nos últi-mos dias - diz Deus -: Derramarei o meu Espírito sobre todas as pessoas.

Dirigente: Os filhos e as filhas de vo-cês anunciarão a minha mensagem; os moços terão visões, e os velhos sonharão.

Mulheres: Sim, eu derramarei o meu Espírito sobre os meus servos e as mi-nhas servas, e naqueles dias eles também anunciarão a minha mensagem.

102 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

Igreja: Em cima, no céu, farei com que apareçam coisas espantosas; e embaixo, na terra, farei milagres. Haverá sangue, e fogo, e nuvens de fumaça; o sol ficará escuro, e a lua se tornará cor de sangue, antes que chegue o grande e glorioso Dia do Senhor. Então todos os que pedirem a ajuda do Senhor serão salvos.

Homens: Pedro continuou: - Homens de Israel, escutem o que eu vou dizer. Deus mostrou a vocês que Jesus de Na-zaré era um homem aprovado por ele. Pois, por meio de Jesus, Deus fez mila-gres, maravilhas e coisas extraordinárias no meio de vocês, como vocês sabem muito bem.

Mulheres: Deus, por sua própria von-tade e sabedoria, já havia resolvido que Jesus seria entregue nas mãos de vocês. E vocês mesmos o mataram por mãos de homens maus, que o crucificaram.

Dirigente: Mas Deus ressuscitou Je-sus, livrando-o do poder da morte, por-que não era possível que a morte o do-minasse.

Todos: Davi disse a respeito de Jesus o seguinte: “Eu via sempre o Senhor co-migo porque ele está ao meu lado direi-to, para que nada me deixe abalado”.

Oração

Palavra pastoral

Inspiração musical

Um dia dirão - Eyshila - Cd “Nada pode calar um adorador”

Um dia dirão em toda a terra Jesus Cristo, ele é o Senhor. Um dia dirão em todo o mundo Santo, Santo, Santo é o Senhor.Os joelhos se dobrarão até o chão

Levando cada nação a confessarQue Jesus cristo é o filho de Deus Senhor absoluto, Rei dos reis.E toda língua há de declarar Que em toda terra outro deus não há O Cristo que morreu e ressurgiu Para todo sempre reinará.Um dia dirão em toda a terra Jesus Cristo, ele é o Senhor. Um dia dirão em todo o mundo Santo, Santo, Santo é o Senhor.Senhor, eis-me aqui eu quero declarar Tua santidade que em meus lábios Sempre está. Dedicação das Ofertas e Dízimos –

música instrumental ou cântico

Bem mais que tudo (Above all) - Aline Barros – Cd “Aline Barros 20 anos - ao vivo” (Use a tradução que a igreja costuma cantar)

Bem mais que as forças,Poder e reis,Que a natureza e tudo que se fez; Bem mais que tudo criado por tuas mãos,Deus, tu és o início, meio e fim.Bem mais que os mares,Bem mais que o sol E as maravilhas que o mundo conheceu,E as riquezas, tesouros desta terra,Incomparável és pra mim.Por amor, sua vida entregou.Meu senhor, humilhado foi;Como a flor machucada no jardim,Morreu por mim, pensou em mim,Me amou.Bem mais que as forças,Poder e reis,Que a natureza e tudo que se fez; Bem mais que tudo, criado por tuas mãos,Deus, tu és o início, meio e fim.Bem mais que os mares,Bem mais que o solE as maravilhas que o mundo conheceu,

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E as riquezas, tesouros desta terra,Incomparável és pra mim.Por amor, sua vida entregou.Meu senhor, humilhado foi;Como a flor machucada no jardim,Morreu por mim, pensou em mim,Me amou.

Vem Espírito - Renascer Praise - CD Renascer Praise 12

Espírito de Deus, eis-me aqui,Toca-me com brasas do altar,Me enche com a tua unção,Faz transbordar.Estendo a ti as minhas mãos,Do teu óleo quero mais,No rio do teu poder,Eu quero navegar.(2x)Vem, vem,Espírito Santo, vem!Vem, vem,Unção derramar!(2x) Espírito de Deus, eis-me aqui,Toca-me com brasas do altar,Me enche com a tua unção,Faz transbordar.Estendo a ti as minhas mãos,Do teu óleo quero mais,No rio do teu poder,

Eu quero navegar.Vem, vem,Espírito Santo, vem!Vem, vem,Unção derramar!(4x)Vem, vem!Vem, vem!Vem, vem!Unção derramar!(2x)Vem, vem - (7x)Unção derramar!

Mensagem – “Pregue no poder do Espírito”

Apelo

Oração

Hino – “Teu Espírito vem derramar” – BJ 72

Encerramento - Benção apostólica

Obs.: Outras sugestões de músicas: Isaías 61 (Gerson Ortega - CD “Igreja Viva”); Cheios do Espírito (Ministério Jovem - CD “Senhor, somos tua voz”).

104 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

INTRODUÇÃO

Graça e paz da parte de Cristo Jesus a todos vocês, irmãos e irmãs. Vamos abrir nossas Bíblias em Atos dos Apóstolos, capítulo 2, versículos 14 até o 18. Por favor, acompanhem a leitura do texto.

14Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. 15Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia. 16Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: 17E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; 18até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.

Este sermão faz parte da série PESCADORES DE HOMENS. A cada 13º sábado, estamos ouvindo uma mensagem desta série. O tema de hoje é: Pregue no poder do Espírito. Vamos meditar na história de Pedro. Ele foi cha-mado para ser um pescador de homens e se tornou, pelo poder do Espírito Santo, um dos maiores pregadores da história da igreja. Em Lucas 5:1-11, ve-mos quando ele foi chamado por Jesus. Era bem de manhã, e Jesus pregava o evangelho a uma multidão, às margens do lago de Genesaré. Perto dali, Pedro, Tiago e João lavavam as redes de pesca, preparando-se para uma nova e mais feliz pescaria, pois a última havia sido um verdadeiro fiasco.

Jesus pediu a Pedro um barco emprestado para ensinar de cima dele. Quando terminou, o Mestre disse a Pedro: Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar (Lc 5:4 – NTLH). Inicialmente, ele resistiu, dizendo que

Sermão

PREGUE NO PODER DO ESPÍRITO

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haviam trabalhado a noite inteira e nada haviam apanhado. Mas depois cedeu à ordem do Mestre. Para a sua surpresa e a dos demais, ao lançarem as redes, pegaram uma extraordinária quantidade de peixes! Ao sair do barco, Pedro prostrou-se aos pés de Jesus e o ouviu dizer: De agora em diante, serás pescador de homens. A Bíblia diz que ele deixando o barco na praia, passou a andar com Jesus.

Por cerca de três anos, Pedro acompanhou Jesus e aprendeu deste, mas ainda não havia se tornado, plenamente, um pescador de homens, como o Mestre lhe dissera. Contudo, após sua morte e ressurreição, o Senhor reuniu os discípulos, e, antes de voltar ao Pai, deu-lhes a ordem de ficarem em Jeru-salém, até que recebessem o poder de Deus para testemunharem dele a todos os povos (At 1:1-8). Lucas relata que, enquanto estavam em Jerusalém, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre eles, e a promessa de Jesus se confirmou (At 2:1-4). A palavra diz, ouvindo-os falar em outras línguas, que a multidão indagou o que seria aquilo. Alguns, querendo zombar, diziam: Estão embriagados! (At 2:5-13). Diante disso, Pedro, agora, cheio do Espírito Santo, levantou-se e começou a pregar ousadamente o evangelho. O que se segue nos ensina grandes e preciosas verdades sobre pregar no poder do Espírito. A partir do exemplo de Pedro, aprendemos três princípios importantes.

1. QUEM PREGA NO PODER DO ESPÍRITO,ENSINA AS ESCRITURAS SAGRADAS (At 2:14-21)

Diante da inquietação da multidão e das palavras de deboche, Pedro não teve dúvidas: era a oportunidade de que precisava para pregar o evangelho de forma esclarecedora. Primeiro, ele se dirige aos seus ouvintes e pede-lhes a atenção; afinal havia muita gente ali, muita conversa paralela, muito ruído. Em seguida, rebate as palavras dos zombadores: ... estes homens não estão bêbados, como vocês supõem. Ainda são nove horas da manhã!. As palavras de Pedro podem ser mais bem compreendidas por nós, se entendermos que os judeus ortodoxos não comiam, nem bebiam, antes das nove horas da ma-nhã do shabbath ou de outros dias santos. 2

Depois de rebater os zombadores com esse argumento, Pedro passa, en-tão, a explicar, a partir das Escrituras, o que estava acontecendo. Aquele fenômeno não era algo do acaso, sem fundamento. Não se tratava de histeria: era o cumprimento de uma profecia relatada pelo profeta Joel, cerca

2. Wiersbe (2006:529).

106 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

de 750 anos atrás. Pedro chega a citar as palavras do profeta para facilitar a compreensão de seus ouvintes:

Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. Mostrarei maravilhas em cima no céu e sinais em baixo, na terra, sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glo-rioso dia do Senhor. E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo! (Jl 2:28-32).

Pedro, no poder do Espírito Santo, ensinou as Escrituras aos seus ouvintes. A multidão estava confusa, precisando de um esclarecimento, e Pedro recorreu à Palavra para apresentar uma resposta àquela gente. Ele lembrou a seus ouvin-tes o texto de Joel, interpretou-o e aplicou-o de forma relevante. O pregador que prega no poder do Espírito não abandona a Bíblia; antes, cita-a, interpreta-a, e aplica-a de maneira precisa e relevante, trazendo luz aos que o ouvem. Afinal, a palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119: 105); e foi exatamente isso que Pedro fez naquela ocasião.

O apóstolo Paulo afirmou aos cristãos de Roma que não se envergonhava do evangelho, pois sabia que este é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16), ou seja, o poder do pregador não está em sua ora-tória, na sua eloquência ou na sua capacidade de persuasão. Quem decide evangelizar alguém, não pode confiar apenas na força de seus argumentos. O poder do pregador ou do evangelista está no evangelho, e somente nele. O evangelho se basta! Devemos desconfiar de pregadores que se dizem cheios do Espírito Santo, mas, em contrapartida, rejeitam o ensino das Escrituras. Quando o pregador abre as Escrituras, interpreta o texto corretamente e ex-trai as aplicações possíveis desse texto, está sendo “boca de Deus” para seus ouvintes. Assim, quando estiver evangelizando alguém, não fique prome-tendo bênçãos e milagres. Evangelize apresentando a palavra de Deus, o evangelho, mostrando a salvação eterna que a pessoa receberá através dele.

Quem prega ou evangeliza no poder do Espírito, ensina as Escrituras Sa-gradas. Esse é o primeiro princípio. Vejamos o segundo.

2. QUEM PREGA NO PODER DO ESPÍRITO,DENUNCIA O PECADO CORAJOSAMENTE (At 2:22-23)

Depois de esclarecer aos seus ouvintes o que era aquilo que viam e ouviam, Pedro chama-os à atenção para mais uma grande verdade que tem a dizer-lhes:

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Israelitas, ouçam estas palavras: Jesus de Nazaré foi aprovado por Deus diante de vocês por meio de milagres, maravilhas e sinais, que Deus fez entre vocês por intermédio dele, como vocês mesmos sabem. Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz (At 2:22-23).

É propício observarmos e comentarmos sobre a ousadia de Pedro. Antes de receber o poder do Espírito Santo, na noite em que Jesus foi preso, Pedro o havia negado por nada mais nada menos que três vezes! Pedro temera por sua própria vida; por isso, se acovardara. Mas, agora, ele está ali, cerca de cinquenta dias depois, diante de milhares e milhares de pessoas, inclu-sive de autoridades de Israel, e prega abertamente sobre Jesus. O mais es-pantoso é que ele diz claramente: Vocês, com a ajuda de homens perversos, mataram o Messias!

No capítulo 3, podemos ver Pedro pregando a mesma mensagem, do mes-mo jeito. Ouça:

O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus dos nossos antepassados, glorificou seu servo Jesus, a quem vocês entregaram para ser morto e negaram perante Pilatos, embora ele tivesse decidido soltá-lo. Vocês negaram publicamente o Santo e Justo e pediram que lhes fosse libertado um assassino. Vocês mataram o autor da vida (At 3:13-15).

Como podemos ver, Pedro tornou-se outro homem. Aquele homem oscilante, incoerente, covarde, não existia mais. Ele havia recebido o po-der do alto.

No poder do Espírito, Pedro denunciou o pecado da nação. Quem pre-ga no poder do Espírito, não se nega a pregar sobre o pecado, que é a rebelião contra Deus e precisa ser confrontado com a palavra da verdade. Portanto, aquele que prega no poder do Espírito, como Pedro pregou, não deve preocupar-se em arrancar aplausos de seus ouvintes ou receber tapinhas nas costas, depois do sermão. O pregador cheio do Espírito San-to prega contra o pecado para que aqueles que vivem nele abandonem seus maus caminhos e se voltem para Deus. Mas essa mensagem não é só para quem prega aqui no púlpito. É também para você, meu irmão, que precisa pregar o evangelho para um vizinho, um familiar, um amigo, um colega de trabalho ou faculdade. Se você estiver cheio do Espirito, terá coragem de mostrar para a pessoa que ela está errada naquele caminho e que ela precisa de Deus. Muitos estão a caminho da destruição eterna, e precisamos ter ousadia para avisá-los.

Quem prega ou evangeliza no poder do Espírito, denuncia o pecado. Este é o segundo princípio. Vejamos o terceiro.

108 Lições BíblicasLições Bíblicas – 3º Trimestre de 2013

3. QUEM PREGA NO PODER DO ESPÍRITO,ANUNCIA O SALVADOR JESUS (At 2:24-36)

Pedro, no poder do Espírito Santo, anunciou que o Senhor não pôde ser contido pela morte, mas que estava vivo, exaltado, à destra do Pai. O assunto central do sermão de Pedro é a vida e a obra de Jesus Cristo, o filho de Deus. A ênfase da mensagem está na sua ressurreição de Jesus, o que comprovava ser ele o Messias, o Salvador. Para provar que Cristo era o messias, e que estava vivo, que seu corpo não havia sido roubado, como muitos de seus ou-vintes acreditavam, por terem ouvido rumores de uma mentira inventada por alguns líderes religiosos (Mt 28:11-15), Pedro lhes deu quatro provas.

A primeira prova eram as obras de Jesus (v.22-24). Muitos de seus ouvin-tes viram os sinais, as maravilhas que Jesus realizara, sabiam que ele havia ressuscitado pessoas. Como poderia, então, a morte o deter? A segunda prova era a profecia de Davi (v. 25-31). Pedro cita o Salmo 16 e o relaciona à ressurreição de Jesus. A terceira prova era o testemunho dos cristãos (v. 32). Os apóstolos eram testemunhas vivas da ressurreição do Mestre. Eles não só o viram como falaram e comeram com ele. A quarta prova era a presença do Espírito Santo (v. 33). Todos podiam ver o Espírito Santo agindo na igreja.

Todo aquele que deseja pregar no poder do Espírito, aqui, no púlpito, pre-cisa entender que Cristo é o centro de seu sermão. Podemos e devemos pre-gar sobre tudo o que está nas Escrituras; no entanto, não podemos perder de vista que todas as verdades bíblicas apontam para Cristo (Jo 5:39). Nenhuma outra doutrina ou assunto, por mais importante e relevante que seja, pode ocupar a centralidade da pregação daquele que deseja pregar no poder do Espírito. A teologia cristã primitiva era totalmente cristocêntrica. Paulo chega a fazer um alerta à igreja de Corinto: Porque ninguém pode pôr outro funda-mento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo (1 Co 3:11).

É muito comum encontrarmos, hoje em dia, pregadores com uma men-sagem nada cristocêntrica. As mensagens da cruz e do túmulo vazio já não fazem parte do repertório de muitos pregadores populares. Estes preferem pregar mensagens de autoajuda, cheias de conceitos da psicologia, ao in-vés de pregarem sobre a “ajuda que veio do alto”, que é Cristo, aquele que desceu do céu para buscar e salvar o que se havia perdido. Se dese-jarmos pregar no poder do Espírito, precisamos voltar a fazer de Cristo o centro da nossa mensagem.

Você, que é líder na igreja e é cheio do Espírito, deve fazer de Cristo o centro de sua liderança. Você, que é músico, deve fazer de Cristo o centro de sua música. Você, que professor ou professora, deve fazer de Cristo o

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centro de seu ensino. Mas todos nós, que evangelizamos, devemos fazer de Cristo o centro de nossa pregação. O Espírito Santo é um holofote apontado para Jesus. Quando estamos cheios da presença dele, Cristo se torna o nosso principal assunto.

CONCLUSÃO

Como vimos, Pedro é um exemplo claro do que Jesus pode fazer na vida de um homem ou de uma mulher que se dispõe a “pescar homens”. Pedro ouviu o chamado de Jesus, deixou o barco, as redes, e se preparou para ser usado pelo Senhor, no ministério da evangelização. Uma vez revestido com o poder do Espírito Santo, levantou-se, no meio de uma grande multidão, e pregou com ousadia, ensinando as Escrituras, denunciando o pecado e anun-ciando que Jesus é o Cristo vivo e exaltado! A palavra nos diz que, naquele dia, quase três mil pessoas se converteram, por meio de sua pregação.

Agora, chegou a nossa vez. A missão de “pescar homens” é também nos-sa. O Senhor nos convida a anunciar as virtudes daquele que nos chamou do império das trevas para o reino da luz (1 Pd 2:9). A Bíblia garante que ele perdoou todos os nossos pecados e nos concedeu o Espírito Santo (At 2:38). É através do Espírito Santo que pregaremos o evangelho com clareza, com autoridade e poder. Somente o Espírito Santo pode aplicar a obra de Deus no coração humano. Somente o Espírito Santo pode transformar corações e produzir vida espiritual. Que, a exemplo de Pedro, venhamos a nos encher do Espírito Santo, através da oração, da consagração, do estudo sistemático das Escrituras, para que possamos pregar com poder e para que vidas sejam transformadas e salvas por Cristo Jesus.

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