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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL E RELAÇÕES INTERPESSOAIS 3618

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ÉTICA E DEONTOLOGIA

PROFISSIONAL E

RELAÇÕES INTERPESSOAIS

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Ficha técnica:

Manual digital 3618 - Ética e Deontologia Profissional e Relações Interpessoais

Autor: PORTUCALE - FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM BELEZA, LDA

Proprietário: UNICORPORATION.COM - UNIVERSAL TECHNOLOGIES CORPORATION, SGPS, S.A.

Edição: 2ª edição novembro 2011

Distribuído por Biofer – Divisão de Formação a: FELGUEIPROF, DOISEFE, FORMAREAL, DOUROCABE, RIAVEIPROF, CONÍMBRIGA, PORTUCALE FIGUEIRA, FORMLIZ, BELALBI, DOUROCABE VISEU, MONMORPROF, ALGARBEL, VEIA D’ARTISTA, PORTUCALE

Revisão: Biofer – Divisão de Formação

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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ÍÍnnDDIICCEE

INTRODUÇÃO5

1. INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PROFISSÃO 6

2. eVOLUÇÃO DA eSTÉTICA ATRAVÉS DOS TEMPOS 6

2.1. Estética NA eRA pRÉ-eGÍPCIA – Pré-história 6

2.2. III Milénio antes de Cristo 7

2.3. século ii depois de cristo 8

2.4. império romano 8

2.5. idade média 8

2.6. Renascença 10

2.7. século xv 10

2.8. século xvi 11

2.9. século xvii 12

2.10. século xviii 13

2.11. século xix 13

2.12. século xx 14

3. A Estética nos dias de hoje 14

3.1. Problema Atual – A celulite 14

3.1.1. Prevenir é o melhor remédio 16

3.1.2. Tratamentos específicos 16

3.1.3. É preciso fazer dieta? 17

3.2. o papel dos cosméticos adelgaçantes 17

4. Conclusão 18

Conclusões do módulo 18

Como Utilizar este Manual 19

1. DEFINIÇÃO DE PSICOLOGIA 21

1.1. A Psicologia como Ciência 21

1.2. O Objeto da Psicologia 22

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1.3. A evolução da Psicologia 22

2. Conceitos Básicos 24

2.1. Psicofisiologia 24

2.2. O Desenvolvimento 24

2.3. Perceção, Aprendizagem e Memória 30

2.4. A Hereditariedade e o Meio 35

3. Áreas de aplicação da Psicologia 36

4. autoconceito e personalidade 36

4.1. O que é o Autoconceito 36

4.2. Autoimagem, Autoconceito real e ideal 37

4.3. Autoconceito como fonte motivadora 38

4.4. Autoconceito e mecanismos de Coping 39

4.5. Inventário Clínico de Autoconceito 40

4.6. Definição de Personalidade 40

4.7. As teorias da Personalidade 41

5. a comunicação humana e o relacionamento interpessoal 42

5.1. Conceito de comunicação e seus tipos 42

5.2. Elementos da comunicação e sua dinâmica 43

5.3. Bases geradoras e barreiras à comunicação 44

5.4. As primeiras impressões no relacionamento interpessoal 45

5.5. Fatores que afetam os relacionamentos interpessoais 46

5.6. Os conflitos – intra e inter conflito 47

5.7. O Grupo e as Relações Interpessoais 49

GLOSSÁRIO 50

Conclusão 53

Bibliografia: 54

Anexos 55

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INTRODUÇÃO

Este manual foi estruturado tendo em conta as horas de duração do módulo,

sendo uma base de apoio à formação.

É de salientar que sempre que o formador considerar oportuno poderá

desenvolver estratégias e/ou atividades, de acordo com as dificuldades apresentadas

pelos formandos relativamente à ética e deontologia profissional e relações

interpessoais, para motivar e melhorar as sessões de formação.

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1. INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA PROFISSÃO

Estética é a ciência que trata do belo em geral. Da palavra Estética surge o

Esteticismo que é a doutrina daqueles que fazem da beleza o supremo valor da vida.

Existem duas outras doutrinas que se encontram diretamente ligadas à Estética:

Cosmética (produtos adquiridos para o embelezamento). Esta provém do grego

“Kosmos”, que significa ordem. Num termo muito geral, descodificando-a por alguns

passos, chegamos à conclusão que indicará decoração, enfeite (de animais ou seres

humanos), mas especialmente da Mulher.

Da Cosmética deriva a palavra Cosméticos que significa ordem, capacidade de

organizar. Todas têm de estar em perfeita harmonia e em constante intercâmbio. A

Cosmetologia compreende o uso de produtos adequados e necessários ao tratamento

sistemático de embelezamento exterior do indivíduo, assim como acessórios

indispensáveis à aplicação dos mesmos. Falar da Cosmética significa referir

preparações sempre aperfeiçoadas ao longo dos tempos, de perfumes, depilatórios,

bronzeadores solares, dentífricos, vernizes de unhas, corantes para a pele e cabelo,

cremes de diversas finalidades, produtos variados de maquilhagem, etc.

Todos estes produtos anteriormente mencionados são imprescindíveis à

prática da Estética. Contudo, o grande desenvolvimento Estético e Cosmético, bem

como a sua consciência de prática científica, atingiram o seu auge apenas no início do

séc. XIX, não se podendo classificar por ordem cronológica a sua evolução em grandes

áreas ou períodos da Historia.

2. EVOLUÇÃO DA ESTÉTICA ATRAVÉS DOS TEMPOS

2.1. ESTÉTICA NA ERA PRÉ-EGÍPCIA – PRÉ-

HISTÓRIA

Na China, Egito e Pérsia eram queimados produtos para

perfumar o ambiente. Os Persas utilizavam numerosos azeites que

aplicavam em forma de unguentos (bálsamos). Porém pensa-se que

vem do Egito as grandes linhas orientadoras da Estética e da

Cosmética, uma vez que é lá que surgem os maiores testemunhos a

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esse respeito.

Foi no Egito que começaram a aparecer os adornos nas mulheres, tal como

colares, pulseiras e cintos, feitos de ouro e pedras preciosas.

Tinham já grande relevo o uso de cosméticos em tratamentos de corpo. Havia

ainda a preocupação da conservação do corpo depois da morte. A esta prática dá-se o

nome de Mumificação. Consistia em conservar o corpo com produtos próprios, feitos

da mais variada gama de matérias-primas, de fundo cosmético, sendo mais tarde

utilizados pelas mulheres como adorno.

As pinturas murais e os diversos objetos encontrados nos túmulos dos

senhores do Egito levam-nos a supor que foi, de facto, nas margens do Nilo que

surgiram os primeiros cosméticos. O túmulo do grande Tutankhamon revelou o aroma

de um perfume de rosas.

A higiene teve um lugar de honra no Egito. Era hábito lavarem-se com

carbonato de sódio antes do banho perfumado que amaciava e

embelezava a pele.

A mulher tomava como dever conservar uma pele branca e

nacarada. Maquilhava a parte do rosto que considera a mais

expressiva: os olhos. As pinturas são aplicadas a partir de produtos

naturais. Para o risco negro utilizavam sulfato de chumbo. O traço

verde ou negro que circundava os olhos era igualmente destinado a

protegê-las contra o sol.

2.2. III MILÉNIO ANTES DE CRISTO

É nesta altura que surge a distinção entre a mulher de pele clara e o homem de

pele escura. Ela devido à vida recatada que elevava e ele por ter uma vida ativamente

exposta ao sol. O conceito de mulher de pele clara manteve-se até ao século XX.

As maiores contribuições dos egípcios para a estética foram dadas através dos

banhos, artes específicas de maquilhagem, coloração do cabelo e dos embalsamentos.

A invasão dos seus produtos (resinas, corantes para pintura e adorno dos olhos,

gorduras, óleos, ervas e materiais aromáticos) deu-se pelo Mediterrâneo e próximo

Oriente, na Mesopotâmia, Palestina e Grécia. Espelhos, pentes e lâminas já eram do

seu conhecimento. Os gregos nesta altura só aplicavam os perfumes após os banhos.

O intercâmbio que se fazia entre estes dois povos era apenas acerca de ideias

de embelezamento. Os costumes egípcios chegam ao povo grego e a estes se deve a

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preparação dos primeiros pré-dentífricos. Apesar de tudo os costumes de beleza

diferem entre eles. Os gregos encaravam a estética como uma vertente mais

desportiva havendo já determinados ideais de medida. Os Hipócratas aconselhavam

para além do exercício físico e dos banhos de sol uma alimentação cuidada.

As influências gregas em Roma são bastante marcadas já que a estética e a

cosmética difundem-se nas damas mais privilegiadas.

2.3. SÉCULO II DEPOIS DE CRISTO

Galeno é o autor da “Ceratum Refriguram” que é uma pomada refrescante

constituída por azeite, essências de rosas, cera branca e água.

2.4. IMPÉRIO ROMANO

Continua a ideia de pele clara. As mulheres romanas gastavam muito tempo no

seu enfeite pessoal e utilizavam produtos que guardavam em vasilhas, empoeiravam a

cara e braços com pó de giz ou de chumbo, pintavam os lábios com mosto de vinho,

sombreavam os olhos com açafrão e cinza e as pestanas com cortiça queimada.

Contudo, os cuidados de beleza mais utilizados pelos romanos são os banhos. Estes, ao

contrário dos gregos, preferiam as termas, as saunas e os banhos quentes ao exercício

físico. Também faziam banhos frios para de seguida aplicarem as pomadas.

A pele do corpo era fortalecida com banhos de leite de burra e o rosto

amaciado e descontraído devido ao uso duma “máscara noturna” feita de miolo de

pão e leite. Para refrescar o hálito mascavam salsa.

2.5. IDADE MÉDIA

Nesta época, os cuidados de beleza não foram tão desenvolvidos como até

então. A Igreja contestava a forma como elas se

apresentavam e defendia que a imagem duma mulher

ricamente vestida e maquilhada era contrária à Ordem de

Deus, já que se dava maior relevância ao corpo do que à alma.

Nesta época a cosmética já faz parte dos hábitos

femininos. A mulher pinta a sua face de vermelho para

esconder algum traço menos favorável e pinta o cabelo para esconder os sinais de

envelhecimento, ou recorre a perucas, contrariando a imagem que Deus lhe deu, com

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vista a melhorá-la. O amor pela roupa e adornos demonstra uma grande adoração pelo

seu corpo, bem como o desejo de o mostrar aos outros.

As mulheres vestem-se sumptuosamente para saírem e maquilham-se para

aparecerem em público e serem apreciadas, desejadas e invejadas. Assim, umas

aparecem mais ricas do que são na realidade e outras passam à corrupção, perdendo a

tão considerada castidade. Surgem então mulheres que maquilham e enfeitam outras

mulheres, ensinando-as e incentivando-as no caminho da estética. A

onda de luxúria, desejo e corrupção aparecem devido ao excesso de

zelo e embelezamento do corpo são limitados por uma assídua

vigilância e repressão. Francisco Buguerino (costureiro) aconselha as

mulheres da alta classe social a vestirem-se de acordo com a sua

riqueza. Gil de Roma e outros de Aristóteles mantêm firme a condenação da

maquilhagem, mas dizem às mulheres que estas se devem vestir com requinte e

moderação, para assim agradarem os maridos.

Gilberto de Tornay refere a opinião de alguns médicos que atribuem as dores de

cabeças das mulheres ao uso de loções que humedecem a cabeça em demasia. Na

Inglaterra, no séc. IX começa a ser iniciada a higiene pelo banho, perfumes e

cosméticos do próximo Oriente que chegam à Europa. Eis o exemplo de alguns

conselhos médicos da altura:

• Para os pelos nunca nascerem faz-se uma mistura de leite com água de

pinhões;

• Para aclarar a face (pô-la branca), unta-se a mesma com sangue de touro;

• Para destruir todas as manchas da face, aplicava-se excrementos de pombo

na cara.

Os métodos de fabricação fazem apelo à botânica, à alquimia, à astronomia e

ao charlatanismo.

Os cuidados higiénicos têm uma relevância acentuada. Os banhos estão em

lugar de honra e a lavagem das mãos torna-se habitual antes das refeições.

Conto: Elisabeth Barton, apelidada de Condessa Sangrenta, dizia:

“Envelhecer? Eu não. De maneira nenhuma desejava envelhecer.” A fim de preservar a

sua pele dos sinais do tempo, dava-se ao cuidado de tomar banhos de sangue. Este

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sangue tinha origem nas jovens virgens que ela fazia morrer no seu castelo.

Ironicamente, de facto a sua pele tornava-se mais branca, mas a sua alma tornava-se

mais escura.

2.6. RENASCENÇA

A Renascença marca uma evolução incontestável na moda e a

arte testemunha-o particularmente. Há um reaparecimento do nu na

arte. Há também uma exaltação da sensualidade. O embelezamento

pessoal atinge o seu auge na Península Ibérica, de onde rapidamente

se propaga a outros países. Para os portugueses e espanhóis, o

costume dos banhos foi preservado assim como o uso de perfumes.

Havia um grande embelezamento da face, lábios, mãos e orelhas. A

preocupação da brancura da pele é ainda uma constante. Usam-se as

matérias-primas, quer minerais quer vegetais, podendo citar-se óxidos de mercúrio,

prata e ainda preparações tais como paste de amêndoas e pomada de baunilha.

Os italianos exageram o gosto pelo luxo e festas, o que levou a um

desenvolvimento dos artigos de beleza. Para tonificar a pele do rosto a mulher deveria

dormir com um escalope de vitela, embebido em leite e colocado sobre o rosto.

Também com o mesmo fim deviam fazer lavagens do rosto com a água da chuva. Para

tratamentos das mãos usavam-se luvas largas onde se colocava uma mistura de mel,

mostarda e amêndoas amargas. Após o tratamento, lavavam-se as mãos com água da

chuva e óleo de benjoim.

Para branquear a pele recorria-se a um preparado que continha gesso, flores de

liz, pérolas trituradas, cânfora, ovos frescos e mel. Na França chegou-se a extremos no

embelezamento do corpo, mas na Grã-Bretanha tal nunca aconteceu, embora a Rainha

Isabel tivesse uma predileção especial por perucas cujas tonalidades condiziam camas

dos seus vestidos. Os perfumes continuam a ser um sucesso.

No século XIV as mulheres começam a depilar as sobrancelhas e a arranjar o

cabelo para favorecerem mais o rosto.

2.7. SÉCULO XV

Neste século os homens dedicam o seu tempo em

bordéis, banhos e tabernas. A depravação moral não era o único

mal atribuído àqueles corpos nus ou escassamente vestidos.

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Corpos esses que se misturavam numa sauna, partilhando de prazeres, quantas vezes

enganadores de um banho coletivo.

Estes eram os primeiros estabelecimentos a fechar em tempos de epidemias,

devido à fácil propagação de doenças de pele – falta de higiene pessoal. Os médicos e

responsáveis de saúde éramos primeiros a desencorajar toda a espécie de banhos

durante as epidemias, com receio de que a pele nua com os seus poros dilatados fosse

mais vulnerável aos chamados miasmas (portadores da doença).

Recorriam a pós e perfumes para dissimular os odores.

Nesta época o ideal de dama aristocrática era o de graciosa e

estreita e de seios pequenos. Nesta época todos os livros insistiam na

fragilidade do seio feminino e que os homens deviam protegê-las exercendo domínio

sobre elas.

2.8. SÉCULO XVI

Contrariando os hábitos dos banhos de luxo públicos e das

saunas que foram encerrando ao longo dos tempos (devido aos

contágios) e onde a limpeza da roupa branca substituía a da pele. O

receio da água deu origem a uma série de substitutos, tais como os pós

e os perfumes que criavam agora uma nova distinção social. Mais do

que nunca a limpeza era sinónimo de riqueza. O pó de arroz torna-se

indispensável. Os pós coloridos fazem parte do quotidiano, tanto dos homens como

das mulheres. Este era também sinónimo de riqueza.

Definia-se, então, que as partes visíveis do corpo deveriam ser inofensivas à

vista e agradáveis ao olfato. A brancura imaculada da roupa era identificada como a

pureza da pele que cobria. Esta era a mais votada porque acreditava-se que esta

absorvia a transpiração e as impurezas, preservando assim a saúde de quem as usava.

A roupa interior adquire aqui uma nova importância, ou seja, um estatuto

próprio. A máxima utilizada neste século é que a “Gordura é formosura. O modelo de

beleza feminina era agora de aspeto: roliça, de ancas largas, seios generosos e silhueta

arredondada. Uma gordura saudável era como o asseio, apanágio dos ricos, enquanto

que a magreza era considerada feia, pouco saudável e sinal de pobreza.

Abusavam das manteigas, doces, natas. Assim eram as mulheres das classes

dominantes, bem mais gordas do que as suas antepassadas. A beleza feminina

traduzia-se em poder contemplar um rosto belo, ficando este descrito nas cantigas de

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amor da época. A beleza seguia um determinado padrão e as mulheres deste tempo

não mediam esforços para corresponderem à moda da altura.

Em França, Itália, Espanha, Alemanha e Inglaterra o conceito de estética que se

defendia era o mesmo: pele clara, cabelo louro, lábios vermelhos, face rosada e de

sobrancelhas pretas. Pescoço e mãos deveriam ser compridos, os pés pequenos,

cintura flexível, seios firmes redondos e brancos com os mamilos rosados. A cor dos

olhos poderia variar. Os franceses preferiam os verdes e os italianos defendiam os

olhos negros e castanhos.

Sabendo-se da extravagante vida amorosa das venezianas sabe-se, através de

leituras, que os seus rostos branqueados durante o dia eram tratados com um escalpe

embebido em leite durante a noite.

2.9. SÉCULO XVII

O conceito de limpeza neste século mostrava grandes

diferenças em relação aos anteriores. Para os homens a limpeza

baseava-se em passar o corpo com algodão embebido em álcool

fraco. Os banhos eram vistos como curas terapêuticas e os perfumes

ocupavam um lugar higiénico.

As mulheres mantinham o conceito de

brancura da pele e surge a moda dos cabelos

naturais. Aparecem os primeiros cabeleireiros femininos. O “rouge”

tem uma enorme divulgação neste tempo. Unções de água destilada,

nenúfar, flores de favas e essência de limão destilado em banho-

maria. Outros produtos eram utilizados como, por exemplo, a cal.

Eis que surge a famosa água-de-colónia. Acreditava-se que os poros dilatados

favoreciam a saída de tumores do corpo. Este era considerado vulnerável e protegido

quando seco. Acreditava-se ainda que o uso de água podia prejudicar a visão,

provocava dores de dentes e fazia com que a pele ficasse demasiado pálida no inverno

e demasiado escura no verão.

Na cosmética desta época, os produtos continham minhocas, urtigas e sangue.

Segundo quem os receitava, tinham artes mágicas. Os homens condenavam as suas

mulheres pelo consumo de tais artigos cometendo adultério, mas estas nunca

desistiram de tentar modificar e melhorar a sua aparência.

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É neste século que surgem também, os primeiros cremes e pinturas específicas

de maquilhagem.

2.10. SÉCULO XVIII

A toxicidade dos produtos, neste século, é evidente. Os

cremes e as tintas vermelhas poderiam dar a ilusão de rejuvenescer

e embelezar, mas é incontestável que o emprego prolongado de

produtos como o chumbo era extremamente nefasto.

As pessoas impressionaram-se com este perigo real e o

próprio Lavoisier dedicou-se à tentativa da descoberta de um

vermelho mineral inofensivo.

Em 1779 a Société Royale de Médicine

foi encarregue de fiscalizar os produtos e de recusar ou

autorizar a sua venda em função da segurança que a sua

utilização apresentasse.

Tratava-se de um primeiro passo extremamente

importante que abria caminho para a legislação dos cosméticos.

2.11. SÉCULO XIX

O século XIX continuou a tradição dos cuidados de beleza, esforçando-se por

torná-la popular. A característica importante dessa época reside na escolha dos

produtos que entram na composição dos preparados. É na natureza

que o fabricante procura a matéria-prima.

O trabalho do Dr. Caron intitulado “La Toilette Dês Dames”,

publicado em 1806 prova bem a tendência. Aí se recomenda o óleo

de cacau para a pele do rosto e a água de vitela “que embeleza

perfeitamente o rosto e não apresenta o menor inconveniente.”

A sua composição era a seguinte:

• Um pé de vitela

• ½ Libra de arroz

• Manteiga fresca

• Claras de 5 ovos frescos, com cascas e peles.

As modernas conceções de estética começam a aparecer.

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Para assegurar a viragem definitiva, falta apenas a pesquisa industrial. É o

século XIX que a revela abrindo caminho à “beleza racional”.

2.12. SÉCULO XX

Grandes pontos caracterizam a moderna conceção

de beleza. O primeiro é a preparação dos produtos à escala

industrial; o segundo é a segurança total que os produtos

oferecem; o terceiro é a profunda democratização da

estética.

De facto o século XX aproveita-se das enormes

possibilidades que a química oferece em inúmeros domínios, mas as vantagens são

particularmente espetaculares no que se refere aos produtos de beleza.

A segurança é garantida pelo facto de os fabricantes

disporem de laboratórios de pesquisa e de vigilância onde

trabalham em conjunto químicos, biólogos e dermatologistas. Se

pensarmos bem sobre este assunto podemos dizer que a

segurança é uma consequência da legislação que impõe um exame

severo a todos os produtos.

3. A ESTÉTICA NOS DIAS DE HOJE

3.1. PROBLEMA ATUAL – A CELULITE

Eliminar a celulite é difícil e dá trabalho, mas consegue-se. Com força de

vontade, disciplina e uma estratégia global de ataque a vitória é possível. Veja como.

As causas da celulite não são ainda bem conhecidas. Uma coisa é certa, não se

trata simplesmente de um problema de excesso de gordura, embora seja quase

sempre tratada como tal – daí os fracos resultados que se obtêm com as dietas e

tratamentos para emagrecer. Por outro lado, muitas mulheres magras têm celulite e

algumas só dão por ela depois de uma dieta de emagrecimento.

A celulite é um fenómeno tipicamente feminino, relacionado com o

funcionamento do sistema hormonal e com certos momentos da vida da mulher –

puberdade, gravidez, menopausa e sindroma pré-menstrual. Pensa-se que há uma

predisposição genética para sofrer de celulite e sabe-se que fatores como a má

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circulação venosa, hábitos alimentares errados e uma má higiene de vida agravam a

situação. A idade também não ajuda, porque o envelhecimento natural do organismo

abranda a vitalidade das trocas celulares e afeta a firmeza dos tecidos –

nomeadamente da pele, que sustenta o tecido adiposo.

O que é, então, a celulite? O aspeto noduloso da pele que a caracteriza,

vulgarmente conhecido por casca de laranja, deve-se a uma distribuição anormal da

gordura no tecido subcutâneo. Esta, ao concentrar-se mais numas zonas do que

noutras, dá uma aparência irregular à superfície. Tanto a gordura normal como a

celulite se formam no tecido adiposo, situado abaixo da camada mais profunda da

pele, com uma diferença: a gordura instala-se nos adipócitos (células gordas), ao passo

que a celulite é um processo que afeta toda a área envolvente – adipócitos, vasos

sanguíneos, nervos e fibras.

Não há tipos de celulite diferentes. Ela pode é manifestar-se de formas diversas

e desencadear múltiplas complicações, conforme as características físicas e genéticas

de cada pessoa e a forma como se lida com o problema.

Como se forma a celulite? Este esquema resume o mecanismo de formação da

celulite e as suas manifestações. Mesmo que haja à partida um fator predominante,

acaba por se gerar um ciclo vicioso em que todos estão presentes em maior ou menor

grau.

Rigidez das fibras de

colagénio e elastina que

aprisionam os adipócitos.

Manifestações

- pele casca de laranja

- aspeto acolchoado

Problemas circulatórios

devido a compressão

das redes vasculares e

linfáticas.

Manifestações

- retenção de água (edema)

- má eliminação de resíduos metabólicos e gorduras

Compressão das terminações nervosas

Manifestações

- pele fria

- e pele dolorosa ao toque

Hipertrofia

do adipócito

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3.1.1. Prevenir é o melhor remédio

Não podemos alterar o nosso código genético, mas podemos evitar a celulite

adotando um estilo de vida saudável e fugindo de maus hábitos que favorecem o seu

aparecimento. Uma alimentação correta, atividade física suficiente e bons cuidados

com a pele são essenciais para manter a situação controlada. Introduza, aos poucos,

estes hábitos no seu dia a dia:

1. Faça uma alimentação equilibrada e variada. Se comer um pouco de tudo,

há menos hipóteses de exagerar nos alimentos maus;

2. Faça do pequeno-almoço a refeição forte do dia, almoce bem mas sem

exageros e, à noite, coma pouco e só coisas leves. Assim o organismo

elimina os excedentes e não faz reservas inúteis;

3. Não salte refeições, para manter o sistema digestivo e os intestinos a

funcionar com regularidade;

4. Evite o sal, que provoca retenção de líquidos. Substitua-o gradualmente por

temperos com ervas aromáticas, azeite e limão;

5. Descanse, durma bem e evite o stress na medida do possível;

6. Evite o tabaco, o álcool e o café, que intoxicam o organismo e perturbam as

trocas celulares;

7. Se trabalha sentada levante-se de vez em quando, estique-se e ande um

bocado para estimular a circulação nas pernas. Não se sente de pernas

cruzadas;

8. Não use roupas muito justas nem sapatos muito apertados;

9. Faça exercício físico. Todas as modalidades são boas, sendo que as

atividades aeróbicas queimam calorias e a ginástica localizada ajuda a

remodelar e a tonificar a silhueta. Habitue-se a andar e a passear a pé;

10. Use diariamente, a partir dos 30 anos, um bom creme de corpo para

prevenir a flacidez. Pode optar por uma fórmula refirmante ou por uma

especificamente adelgaçante com ingredientes drenantes, ativadores da

micro circulação e tonificantes.

3.1.2. Tratamentos específicos

Quando a celulite é já antiga e resistente, pode-se reforçar o plano de ataque

com tratamentos mais fortes em institutos ou clínicas de estética. Todos eles têm

como objetivo mobilizar os líquidos retidos e as gorduras localizadas, para que o

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organismo consiga eliminá-los naturalmente através da circulação sanguínea e

linfática. Drenagem linfática (eficaz em casos de retenção de líquidos), pressoterapia,

envolvimentos de algas, hidromassagem, envolvimentos em ligaduras térmicas que

alternam o calor e o frio (para dar firmeza), mesoterapia (injeção local de extratos de

plantas) e endermologia (uma massagem feita com um aparelho especial, com bons

resultados em celulite muito resistente) – são alguns bons exemplos. Para escolher o

mais adequado, é essencial o diagnóstico e a orientação de um profissional. Nenhum

deles oferece resultados definitivos sem uma boa manutenção e não dispensam uma

boa higiene de vida. Não há milagres anticelulite e nem mesmo recorrendo à estética

ou à lipoaspiração se pode abrandar a vigilância, sob pena de voltar à estaca zero.

3.1.3. É preciso fazer dieta?

Só quando a celulite está associada a excesso de gordura. Uma dieta de

emagrecimento, que consiste basicamente em diminuir a quantidade de calorias da

alimentação, resolve um problema de peso mas não a celulite. Perder muito peso de

repente pode até deixar a pele flácida e piorar a situação. Convém fazê-lo

gradualmente, para dar tempo à pele de se adaptar à perda de volume,

acompanhando o processo com exercício e bons cremes refirmantes para garantir a

resistência dos tecidos. Se o seu problema é uns quilinhos a mais que se acumularam

por desleixo, basta fazer algumas correções na alimentação para se livrar deles. O

segredo é variar: uma alimentação monótona tem sempre os mesmos excessos e

falhas e desperta desejos súbitos de disparatar.

3.2. O PAPEL DOS COSMÉTICOS ADELGAÇANTES

Estes produtos devem ser vistos essencialmente com uma ajuda ao nível do

acabamento, ou seja, do aspeto e da qualidade da pele.

Fazem falta em qualquer programa de tratamento da celulite, porque o aspeto

inestético desta deve-se em grande parte ao relaxamento do tecido cutâneo. A grande

vantagem dos cosméticos adelgaçantes sobre os refirmantes normais é a reunião,

numa só fórmula, de várias ações específicas: reforço das fibras de colagénio e elastina

do sistema de suporte da pele, para combater a flacidez cutânea, ativação da micro

circulação e da drenagem dos líquidos e gorduras.

Conseguem assim melhorar substancialmente o aspeto irregular da epiderme e

chegam, em alguns casos, a reduzir alguns centímetros no contorno da silhueta – só

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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que isto não se deve a nenhum efeito emagrecedor, mas sim à melhoria da capacidade

de sustentação da pele. Incluir um adelgaçante nos cuidados diários do corpo a partir

dos 30 anos é uma boa medida contra a celulite, desde que se tenha consciência dos

seus efeitos reais, que são apenas cosméticos. E certamente não compensam a falta

de ginástica e de uma dieta saudável.

4. CONCLUSÃO O caminho percorrido pela beleza desde a bela Egípcia

contemporânea dos Faraós até aos dias de hoje é longo e cheio

de imprevistos: os artesãos, depois os industriais que

conduziram as técnicas de beleza até ao ponto que atualmente

se encontram descobriram de facto que existe um processo de

corrigir a obra da natureza, mas que esse processo é um

instrumento que é necessário utilizar com precaução se não

queremos que o remédio venha a ser com o tempo pior que o mal...

CONCLUSÕES DO MÓDULO

No final do estudo do módulo de ética e deontologia profissional e relações

interpessoais, os formandos deverão ser capazes de caracterizar com inteligência

cognitiva, a importância da ornamentação do corpo, identificar as práticas de

tratamentos de beleza, bem como o desenvolvimento da estética e dos seus

profissionais.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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COMO UTILIZAR ESTE MANUAL

O Manual de Introdução à Psicologia, Relações Interpessoais, divide-se em várias

partes: no início apresentamos os objetivos do módulo (que dividimos em objetivos do

saber, do saber fazer e do saber ser); ao longo dos capítulos aparecem duas partes em

simultâneo, sendo que a primeira apresenta o desenvolvimento dos conteúdos e a

segunda (quadros azuis) diz respeito a referências para Anexos, para o glossário, para

filmes, exercícios, etc. Nesta segunda parte aparecem alguns símbolos que importa

esclarecer:

Remete para Anexos de textos

Remete para conceitos do Glossário

Remete para filmes de interesse

Atenção: informação muito importante

Trabalho ou exercício de Grupo

Trabalho ou exercício individual

Remete para esquemas em Anexo

A seguir aparece um glossário com os conceitos chave abordados ao longo do

módulo.

Por último apresentamos os Anexos (textos, exercícios, esquemas).

Objetivos do módulo:

Objetivos do domínio do saber:

Definir Psicologia

Compreender o objeto da Psicologia

Conhecer a evolução da Psicologia

Compreender a importância do estudo da Psicofisiologia

Conhecer e distinguir teorias do desenvolvimento

Compreender processos como Perceção, Aprendizagem e Memória

Compreender a influência da hereditariedade e do meio no indivíduo

Perceber a importância da Psicologia em diversas áreas de aplicação: social,

educacional, judicial, laboral, clínica

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Perceber o que é o autoconceito

Distinguir autoconceito e autoestima

Diferenciar autoconceito real e ideal

Compreender em que medida o autoconceito é uma fonte motivadora

Definir motivação

Identificar mecanismos de coping do autoconceito

Definir personalidade

Compreender algumas teorias da personalidade

Perceber a importância da comunicação

Distinguir vários tipos de comunicação

Conhecer os elementos da comunicação e a sua dinâmica

Identificar as bases geradoras e as barreiras da comunicação

Compreender a importância das primeiras impressões no relacionamento

interpessoal

Identificar fatores que afetam o relacionamento interpessoal

Identificar os tipos de conflito

Objetivos do domínio do saber fazer:

Definir conceitos

Distinguir e relacionar conceitos

Interpretar textos

Interpretar imagens

Trabalhar em grupo

Resumir textos, identificando as ideias essenciais

Argumentar

Objetivos do domínio do saber ser:

Desenvolver a atividade percetiva

Eliminar preconceitos erróneos

Aperfeiçoar a memória

Construir um autoconceito real e uma autoestima positiva

Utilizar uma comunicação eficaz

Auto-motivarse

Utilizar estratégias de resolução de conflitos num grupo, melhorando as

relações interpessoais

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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1. DEFINIÇÃO DE PSICOLOGIA

1.1. A Psicologia como Ciência

Objetivo: Definir Psicologia

O termo PSICOLOGIA tem origem em duas palavras gregas: psique, que significa a

alma, o espírito ou a mente, e logos, que se refere ao estudo de um assunto.

Foi somente no início do século XVIII que o termo PSICOLOGIA se tornou mais

comum entre os estudiosos, significando “o estudo da mente”.

Atualmente podemos numa simples definição afirmar que a Psicologia é a ciência

que estuda o comportamento e os processos fisiológicos e cognitivos a ele subjacentes.

Aparecem duas palavras ligadas ao conceito de Psicologia: ciência e

comportamento.

Atualmente define-se a Psicologia como uma ciência devido a ter um objeto de

estudo, um método e ao seu empirismo. Só assim a podemos colocar ao lado de outras

ciências como a Física, a Química, etc.

O comportamento humano, sendo o objeto de

estudo da Psicologia, diz respeito ao conjunto de

respostas de um indivíduo a uma situação, sendo tudo

o que é observável, embora extremamente complexo e

influenciado por diversos fatores.

Assim, compete à psicologia hoje em dia estudar questões ligadas à personalidade,

à inteligência, ao desenvolvimento, ao funcionamento do sistema nervoso, à comunicação

e relacionamento interpessoal, à motivação e frustração, à psicopatologia, mas também às

questões relacionadas com o indivíduo enquanto ser social, enquanto estudante,

enquanto trabalhador, enquanto criminoso, enquanto desportista, enquanto artista, etc. É

hoje muito vasto o campo de aplicação desta “nova” ciência, uma vez que, estudando o

comportamento humano, debruça-se sobre tudo o que diz respeito ao ser humano em

situação.

CIÊNCIA

que estuda o COMPORTAMENTO

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Daqui advém o interesse do estudo da Psicologia para qualquer

um de nós; ao estudarmos psicologia estamos a conhecermo-nos um

pouco melhor e, consequentemente, a contribuirmos para o

aperfeiçoamento do nosso “ser” enquanto indivíduos integrados

numa sociedade.

Conceito de comportamento

1.2. O Objeto da Psicologia

Objetivo: Compreender o Objeto da Psicologia

Tendo definido a psicologia como a ciência que estuda o comportamento, vimos

que o objeto da psicologia é o COMPORTAMENTO. A psicologia enquanto ciência é um

corpo teórico de conhecimentos que vai sendo ampliado à medida que os psicólogos que

se dedicam à investigação científica vão descobrindo mais sobre o comportamento

humano.

Como já referimos no item anterior, no século XVIII o objeto da psicologia era a

mente.

No surgimento da psicologia científica, o seu objeto de estudo começou por ser o

comportamento humano entendido apenas como conteúdo da consciência do sujeito.

Mas o objeto da psicologia vai passando do conhecimento do conteúdo da consciência

para algo progressivamente mais exterior e por isso mais facilmente observável. O objeto

da psicologia passa então a ser a reação (observável objetivamente) a estímulos

igualmente observáveis. Só com um objeto de estudo observável podemos afirmar que a

Psicologia é uma ciência.

1.3. A evolução da Psicologia

Objetivo: Compreender a evolução da Psicologia

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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A Psicologia evoluiu ao longo dos séculos, ultrapassando a dependência da Filosofia

e constituindo-se como uma ciência independente nos finais do Século XIX, quando

Wundt, em 1879, funda o primeiro Laboratório de Psicologia na Alemanha.

Vamos ver no Quadro seguinte alguns dos psicólogos e correntes mais importantes

da história da Psicologia.

Quadro 1

Psicólogos Correntes Ideias principais

Wilhelm Wundt

(1832-1920)

Estruturalismo

A Psicologia é o estudo científico da experiência

consciente, sendo sua tarefa analisar a consciência nos

seus elementos básicos e investigar como esses elementos

estavam relacionados.

Utilizava o método de introspeção (sistemática e cuidadosa

observação da própria experiência consciente).

Em 1879 Wundt funda o 1º Laboratório de Psicologia na

Alemanha.

Ivan Pavlov

(1849-1936)

Reflexologia

Psicologia objetiva que explicava os fenómenos psíquicos a

partir dos processos do condicionamento clássico

(associação entre dois estímulos que provoca uma

resposta).

John Watson

(1878-1958)

Behaviorismo

O behaviorismo é uma orientação teórica baseada na

premissa de que a psicologia científica deveria estudar

apenas o comportamento observável, pois para se

considerar uma ciência, a Psicologia tem que estudar coisas

que possam ser observadas objetivamente.

Sigmund Freud

(1856-1939)

Psicanálise

Teoria que tenta explicar a personalidade, a motivação e

doenças mentais evidenciando determinantes

inconscientes do comportamento. Freud revolucionou a

psicologia ao afirmar a existência de um inconsciente (zona

do psiquismo constituída por pulsões, tendências, desejos,

que não á passível de conhecimento direto).

Wolfgang

Kohler

(1887-1967) Gestaltismo

Teoria que se baseia na noção de “gestalt”-forma ou

estrutura, entendida como um todo significativo.

Defende a ideia que os fenómenos são percecionados na

sua totalidade, sem dissociar os elementos do contexto em

que se situam.

Jean Piaget

(1896-1980)

Construtivismo

Conceção segundo a qual o desenvolvimento se processa

por uma construção progressiva de estruturas,

nomeadamente cognitivas, na interação do indivíduo com

o meio.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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2. CONCEITOS BÁSICOS

2.1. Psicofisiologia

Objetivo: Compreender a importância do estudo da Psicofisiologia

O Cérebro é o centro de decisão e execução do nosso organismo. Recebemos a

informação vinda do exterior através dos órgãos dos sentidos. Esta informação é então

transmitida e processada a fim de ser dada a resposta do organismo. Do comportamento

mais simples ao mais complexo intervém o organismo na sua totalidade, os órgãos

sensoriais, as glândulas e o sistema nervoso.

A psicofisiologia procura esclarecer os fundamentos biológicos do

comportamento. O nosso comportamento não é só influenciado por nós e pelo meio, é

também pelo nosso organismo. O organismo é um sistema aberto, em interação constante

com o meio. Do meio ambiente recebemos entradas, que se traduzem por variações que

constituem estímulos.

O comportamento é o conjunto de respostas às estimulações do meio. Neste

processo estão envolvidas 3 estruturas interdependentes: mecanismos de receção (órgãos

recetores), de conexão (células nervosas, o sistema nervoso) e de reação (órgãos efectores

músculos e glândulas).

Daqui a importância da psicofisiologia quando falamos de psicologia enquanto o

estudo do comportamento.

2.2. O Desenvolvimento

Objetivo: Conhecer e distinguir teorias do desenvolvimento

“Na juventude descobrimos o que desejamos fazer e quem desejamos ser…

Enquanto jovem adulto aprendemos com quem desejamos estar… Na idade adulta,

contudo, aprendemos do que e de quem podemos tomar conta…” Erikson

O desenvolvimento humano corresponde ao conjunto de

transformações por que passa o indivíduo desde a conceção até à

morte. É um processo razoavelmente ordenado e cumulativo, que

abrange tanto as mudanças biológicas como as comportamentais

decorrentes do envelhecimento das pessoas e que dura a vida

toda.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Ao abordarmos o desenvolvimento, temos que ter em conta o desenvolvimento

motor, o desenvolvimento da personalidade, o desenvolvimento cognitivo e o

desenvolvimento moral. Vamos abordar cada um deles separadamente.

Desenvolvimento motor

Refere-se à progressão da coordenação muscular exigida para atividades físicas

(segurar objetos, andar, correr, subir e descer escadas, etc).

Desenvolvimento da personalidade

A primeira grande teoria da personalidade foi formulada por Sigmund Freud no

início do Século XX.

Meio século mais tarde, Erikson concluiu como Freud que eventos

da primeira infância deixam uma marca permanente na personalidade

adulta, embora a personalidade se continue a desenvolver durante

toda a vida, concebendo uma teoria de oito estádios de

desenvolvimento da personalidade. Cada um destes estágios é

caracterizado por uma crise psicossocial, sendo a personalidade

moldada pela forma como os indivíduos lidam com estas crises.

Assim, segundo Erikson, os oito estádios do desenvolvimento da personalidade

são:

- Confiança versus Desconfiança: primeiro ano de vida, quando o bebé depende

totalmente dos adultos;

- Autonomia versus Vergonha e Dúvida: segundo e terceiro anos de vida, quando a

criança começa a adquirir um sentido de autossuficiência.

- Iniciativa versus Culpa: aproximadamente, dos três aos seis anos, quando a

criança atua socialmente dentro da família.

- Competência versus Inferioridade: a partir dos seis anos e durante a puberdade,

quando o indivíduo atua socialmente para além da família, alargando o mundo social.

- Identidade versus Confusão: na adolescência, quando o principal desafio é a luta

para formar um sentido claro de identidade.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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- Intimidade versus Isolamento: no começo da vida adulta, quando a preocupação

principal é se o indivíduo pode desenvolver a capacidade de partilhar intimidade com os

outros.

- Produtividade versus Estagnação: na fase média da idade adulta, quando o

principal desafio é adquirir uma preocupação genuína com o bem-estar das gerações

futuras, que resulta em fornecer conselhos altruístas às pessoas mais jovens.

- Integridade versus Desespero: anos da reforma, quando o desafio é evitar a

tendência de sublinhar os erros do passado e a morte iminente.

Teoria dos oito estádios de Erikson

Integridade

versus

Desespero

Produtividsade

versus

Estagnação

Intimidade

versus

Isolamento

Identidade

versus

Confusão Competência

versus

Inferioridade

Iniciativa

versus

Culpa

Autonomia

versus

Vergonha e

Dúvida

Confiança

versus

Desconfiança

O meu mundo

é previsível e

solidário?

Posso fazer

as coisas

por mim

mesmo ou

devo

sempre

depender

dos outros?

Sou bom

ou mau?

Sou

competente

ou inútil?

Quem sou

e para

onde vou?

Compartilho

a minha vida

com outra

pessoa ou

vivo só?

Produzirei algo

realmente de

valor?

Vivi a vida

plenamente?

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Desenvolvimento cognitivo

Segundo Jean Piaget, o desenvolvimento cognitivo faz-se por etapas sucessivas,

em que o processo de pensamento se constrói progressivamente. O que significa que o

desenvolvimento é progressivo e não estanque. Cada novo estádio representa uma forma

de equilíbrio cada vez maior, e que permite uma adaptação mais adequada às

circunstâncias problemáticas da realidade.

Em todos os estádios a permuta entre o sujeito e o mundo, opera-se por três

mecanismos constantes, que são a Assimilação, a Acomodação e a Adaptação. O que

significa que o ser humano assimila os conhecimentos e as informações, acomoda-as para

melhor se adaptar as situações. Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo atravessa

quatro estádios:

→ Período Sensório-Motor (dos 0 aos 18/24 meses)

→ Período Pré-Operatório (dos 2 aos 7 anos)

→ Período das Operações Concretas (dos 7 aos 11/12 anos)

→ Período das Operações Formais (dos 11/12 aos 15/16 anos)

O primeiro período, o sensório-motor caracteriza-se por uma inteligência prática

que se aplica à resolução dos problemas. Põe em jogo as perceções e o movimento.

Piaget chamou a este período sensorio-motor porque os bebés estão a

desenvolver a capacidade de coordenar as afluências sensoriais com as suas ações

motoras.

O principal desenvolvimento durante o período sensorio-motor é o aparecimento

gradual de pensamento simbólico. No final deste período, a criança é capaz de usar

símbolos mentais para representar objetos (por exemplo, uma imagem mental de um

brinquedo favorito). A chave para esta transição é a aquisição do conceito de permanência

do objeto, que se desenvolve quando uma criança percebe que os objetos continuam a

existir mesmo quando não são visíveis.

No segundo período, o pré-operatório, a existência de representações

simbólicas vai permitir à criança poder usar uma inteligência diferente. Há inteligência

antes da linguagem mas Piaget acha que não existe pensamento. Entre os 2 e os 7 anos

distinguem-se dois subestádios:

O pré-conceptual ou do exercício da função simbólica;

O do pensamento intuitivo.

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No primeiro a criança ao começar a falar, desenhar, ao brincar,

passa a representar os símbolos. Esta fase caracteriza-se por um

egocentrismo intelectual. A criança pensa que o mundo foi feito para si,

que tudo gira à sua volta, já que não compreende o ponto de vista do

outro. No pensamento intuitivo a criança começa a solucionar alguns

problemas e possibilita muitas aprendizagens. Mas ainda não apresenta

uma lógica de conjunto.

No terceiro estádio descrito por Piaget, as operações concretas, a criança tem um

pensamento lógico com a capacidade de fazer operações mentais. Organiza o pensamento

em estruturas de conjunto e os seus raciocínios lógicos passam a ser reversíveis (o que

permite a uma criança desfazer mentalmente uma ação). Neste estádio tem a noção de

que é possível entender a permanência e a constância dos objetos, apesar das

transformações da forma. A criança consegue compreender a relação parte-todo, a noção

de tempo e espaço globais, de velocidade, faz operações de classificação e de hierarquia.

Por último, no estádio formal, já existe um pensamento abstrato. O adolescente já

faz exercícios hipotético-dedutivos, pode pensar abstratamente e deduzir mentalmente

sobre várias hipóteses que se colocam no seu dia a dia.

Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget

ANEXO I

Período Sensorio-

motor

Coordenação da

afluência sensorial e

respostas motoras;

desenvolvimento da

permanência do

objeto.

Período

Pré-operacional

Desenvolvimento

do pensamento

simbólico marcado

pelo egocentrismo.

Período

Operacional Concreto

Operações mentais

aplicadas a eventos

concretos; domínio de

conservação;

classificação

hierárquica.

Período Operacional

Formal

Operações mentais

aplicadas a ideias

abstratas;

pensamento lógico e

sistemático.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Desenvolvimento moral

Kohlberg desenvolveu um modelo do desenvolvimento moral, identificando três

níveis de desenvolvimento moral nos indivíduos, cada nível dividido em dois subníveis.

As crianças mais novas encontram-se no nível pré-convencional, pensando em

termos de autoridade extrema. Os atos são errados porque são punidos, ou são corretos

porque dão azo a recompensas.

As crianças mais velhas, que já atingiram o nível convencional de desenvolvimento

moral, veem as regras como necessárias para a manutenção da ordem social, aceitando-as

como sendo internas. As regras são vistas como diretrizes absolutas que devem ser

aplicadas rigidamente.

Durante a adolescência, alguns jovens atingem o nível pós-convencional, que

envolve a elaboração de um código de ética pessoal. A aceitação das regras é menos rígida

e o pensamento moral mostra alguma flexibilidade.

Teoria dos estádios de desenvolvimento moral de Kohlberg

Orientação à

punição

Orientação à

recompensa

ingénua

Orientação do

bom menino/

boa menina

Orientação da

autoridade

Orientação do

contrato social

Nível Pré-convencional Nível Convencional Nível Pós-convencional

Orientação à

consciência e

princípios

individuais

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ANEXO

II

2.3. Perceção, Aprendizagem e Memória

Objetivo: Compreender processos como perceção, aprendizagem e memória

Perceção

“Tudo o que se vê, ouve ou experimenta é específico.

Cada pessoa cria o universo ao percebê-lo, portanto tudo

o que se percebe no universo é específico de cada

pessoa.” Douglas Adams

A apreensão isolada das características dos objetos é a

sensação.

Por sua vez, o processo cognitivo de organização e

interpretação das sensações, dando-lhes sentido e significação

chama-se PERCEPÇÂO.

A perceção é um fenómeno interno que se desenvolve em

função do contexto sócio-cultural em que se vive. Diferentes

sujeitos, perante os mesmos objetos ou situações, desenvolvem

interpretações diferentes, o que faz com que a experiência que

cada um adquire seja única.

Assim, aquilo que percebemos é aquilo que é, de facto, real para nós.

Fatores que influenciam a perceção

1. Fatores internos:

Motivação

Expectativas

Personalidade

Experiências anteriores

Características pessoais

Atenção

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2. Fatores Sociais

Valores sociais

- Experiências socioculturais

3. Fatores externos (inerentes ao objeto)

Intensidade (um brilho mais forte, um som alto, uma cor brilhante)

Tamanho (objetos com tamanhos maiores)

Contraste (um brilho na penumbra)

Efeito de surpresa e novidade

Repetição (informações ou acontecimentos que se repetem)

Movimento (alguém que nos acena para se deixar ver melhor)

Dado o caráter ativo do sujeito no processo da perceção, podemos afirmar

que:

O SUJEITO CRIA O QUE VÊ

Aprendizagem

O Homem dispõe de mecanismo fisiológicos e psicológicos que lhe permitem

adquirir e conservar modos de responder, adequada e eficazmente ao que o rodeia. Uma

vez adquiridos e conservados, o Homem dispõe deles, utilizando-os ao longo do tempo e

nas mais variadas situações. O Homem tem a capacidade de aprender, reter e transmitir as

informações que o rodeiam.

A aprendizagem refere-se a mudanças relativamente estáveis no comportamento

resultantes da experiência. A maior parte do comportamento humano (motor, sensorial,

cognitivo) é resultado de aprendizagem que reverte da interação do indivíduo com o meio.

Aprendemos a falar, a comer com talheres, a dar o laço no sapato, a premir o botão

de acender a luz, a ler e a escrever, etc., etc., etc. Aprendemos em todo o

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lado, na família, na escola, na rua, no café, no autocarro, etc., etc., etc. Algumas

das aprendizagens fazem-se espontaneamente e sem nos apercebermos

que estamos a

aprender. Vemos o que nos rodeia e, naturalmente, fazemos

como vemos fazer. Também aprendemos de uma forma programada e

específica, como acontece na escola.

Na realidade o ser humano não poderia subsistir sem

aprendizagem e memória. Á nascença, o animal dispõe de certo número de

respostas instintivas que constituem reportório suficiente para sobreviver e se adaptar ao

meio. Em contrapartida o Homem, desprovido à partida, de mecanismos instintivos de

defesa, encontra-se desprevenido face às solicitações do meio. Para além dos reflexos,

como a sucção, salivar, o palpebral e outros, todos os outros atos terão de ser aprendidos.

E se depois de os aprender o indivíduo não os memorizasse? Se não interiorizasse os

conhecimentos e as ações que aprendeu? Todo o processo seria em vão e o indivíduo não

poderia evoluir.

→ Fatores da Aprendizagem:

Inteligência – Existe uma ligação entre a inteligência e aprendizagem, sendo

muitas vezes difícil separar uma atividade intelectual de uma atividade de aprendizagem.

Os sujeitos com capacidades intelectuais significativas, aprendem com mais facilidade.

Desenvolvimento intelectual – As capacidades e modalidades da aprendizagem

estão relacionadas com as transformações que ocorrem no desenvolvimento dos seres

humanos. A maturação, isto é, o conjunto de mudanças que surgem em determinadas

idades, fruto do crescimento, justificam a ocorrência de determinadas aprendizagens.

Cada estádio do desenvolvimento tem características próprias, a inteligência vai-se

transformando com o desenvolvimento e a idade. O sujeito aprende segundo o estádio em

que se encontra.

Fatores pessoais de aprendizagem – Os sujeitos têm formas personalizadas de se

confrontarem com as tarefas, de se concentrarem, analisarem e sintetizarem os assuntos.

Existem diferenças de reflexão e de impulsividade, de rapidez e de lentidão na execução

das tarefas. Estas diferenças podem ocorrer no mesmo sujeito em diferentes momentos

da sua vida e em diferentes tarefas.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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→ Tipos de Aprendizagem:

O condicionamento clássico, estudado por Ivan Pavlov com base no reflexo

condicionado, é um tipo de aprendizagem no qual um estímulo adquire a

capacidade de evocar uma resposta que era originalmente evocada por um outro

estímulo.

Habitualmente a Publicidade apresenta produtos associados a pessoas

atraentes ou paisagens deslumbrantes, com o objetivo de que estas ligações façam

dos seus produtos estímulos condicionados que evoquem bons sentimentos.

Divulgado por Skinner, o condicionamento operante é um tipo de

condicionamento que considera uma sequência de respostas voluntárias do

indivíduo ao estímulo, de forma a que o indivíduo aja sobre o meio, modificando-o.

As respostas do indivíduo são influenciadas pelas consequências que as seguem.

O princípio fundamental do condicionamento operante está incorporado no

conceito de reforço: o reforço ocorre quando um evento seguido de uma resposta

aumenta a tendência do indivíduo a produzir aquela resposta.

Por último, na aprendizagem por observação, preconizada por Albert

Bandura, o indivíduo é considerado um observador que presta atenção ao

comportamento de um modelo e suas consequências, assim aprendendo. De

acordo com este tipo de aprendizagem, o observador guarda uma representação

mental da resposta do modelo; a sua tendência em emitir a resposta pode ser

fortalecida ou enfraquecida, dependendo das consequências observadas.

Bandura identificou quatro processos cruciais na aprendizagem por

observação: atenção; retenção; reprodução; motivação.

Memória

“Em geral temos capacidade para reter:

- 20% do que ouvimos;

- 30% do que vemos;

- 50% do que vemos e ouvimos;

- 70% do que vemos, ouvimos e discutimos.”

Depois de abordarmos a aprendizagem, vamos refletir um pouco sobre o

processo cognitivo que nos permite reter a informação, possibilitando-nos

recuperá-la posteriormente. Vamos então debruçarmo-nos sobre o que é a

memória.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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A memória é o fruto de uma preciosa atividade do sistema nervoso pelo qual este

tem a propriedade de conservar os vestígios dos estímulos recebidos (engramas), quase

como se os fotografasse, e de chamá-los outra vez à memória, quando isso for necessário.

Podemos assim comparar o nosso cérebro a uma máquina fotográfica em contínua

atividade e a um enorme arquivo onde se conservam as fotografias de tudo aquilo que

fazemos, vemos, sentimos e pensamos. Num tal arquivo existe a possibilidade de

encontrar no momento oportuno qualquer documentação dum acontecimento passado; o

que significa que todos os homens dispõem potencialmente de uma memória fantástica.

No entanto, tal como num arquivo o encontrar um documento depende da maneira como

o próprio arquivo está estruturado, a organização é, no caso da memória, aquele privilégio

particular e precioso que permite a quem o possui ter a chamada “memória de ferro”.

O mecanismo através do qual é possível ao indivíduo fixar e depositar qualquer

informação, conservá-la, evocá-la, reevocá-la, reconhecê-la e localizá-la, chama-se

processo mnemónico. Sendo um processo, logo se imagina uma dinâmica, que associa as

informações (engramas) umas às outras. Para podermos considerar o processo

mnemónico eficaz é indispensável a atenção que, por sua vez, é influenciada por uma série

de fatores (motivações, características pessoais, personalidade, etc).

A memória envolve mais do que absorver informação e armazená-la em algum

compartimento mental; são três os principais processos envolvidos na memória:

- codificação: formação de um código de memória;

- armazenagem: manutenção constante de informação codificada na memória;

- recuperação: recuperação da informação armazenada na memória.

Podemos classificar a memória segundo a origem do conhecimento como memória

sensorial (visual, auditiva, motora, táctil ou paladar) , memória afetiva (recordações de

estados de espírito, sentimentos) e memória intelectiva (recordações de ideias,

julgamentos, raciocínios).

Como podemos reforçar a nossa memória?

Evitar a repetição mecânica; associar o que quer

memorizar com outras coisas que conhece bem.

Exercitar continuamente a atenção.

Interessar-se por tudo aquilo que quer memorizar.

Evitar o cansaço mental.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Filme

Nell

2.4. A Hereditariedade e o Meio

A hereditariedade é aquilo que nos é transmitido geneticamente pelos nossos

familiares. Temos como exemplo, a cor dos nossos olhos. Todos nós sabemos que a cor

dos nossos olhos é determinada pela cor dos olhos dos nossos pais. É algo que não

podemos evitar. O termo hereditariedade implica o termo herança, já que é algo que nós

herdamos.

Convém distinguir três aspetos na hereditariedade: esta pode ser específica,

racional e individual.

A hereditariedade específica, refere-se ao facto de dois seres apenas poderem

gerar outro ser da mesma espécie. Assim, um casal de gatos só pode gerar felinos com as

mesmas características.

A hereditariedade racial está ligada à raça. Assim, desde que a ascendência seja

pura, 2 indivíduos de raça branca só podem gerar descendentes de raça branca.

A hereditariedade individual diferencia-se das anteriores porque cada ser tem uma

constituição hereditária original. Cada ser é único possuindo uma individualidade que o

caracteriza e distingue dos demais.

Estas formas de hereditariedade convergem em cada indivíduo, na medida em que

é membro de uma determinada espécie, de uma dada raça, a que se acresce o facto de ter

características genéticas próprias.

Assim a nossa carga genética vai influenciar quem nós somos, como vamos evoluir

e o que vamos fazer. Mas será que só o que herdamos nos influencia?

O meio ambiente é tudo aquilo que nos rodeia, tudo aquilo que nos envolve no

nosso dia a dia. Assim podemos pensar que tudo que nos rodeia nos afeta, positiva ou

negativamente. Absorvemos informação desde o dia em que nascemos e por isso somos

influenciados por ela. O meio tem imensa influência no Homem. É através do que nos

rodeia que vamos aprendendo e crescendo ao longo da nossa vida. Podemos dizer que o

meio cria o homem.

Assim, podemos dizer que tanto o meio como a hereditariedade têm a sua

importância no desenvolvimento do ser humano e não podem ser dissociados um do

outro. As características genéticas e o meio que nos rodeia influenciam o nosso

comportamento, sendo interativos.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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ANEXOS

IV e V

3. ÁREAS DE APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA

Objetivo: Perceber a importância da Psicologia em diversas áreas de aplicação:

social, educacional, judicial, laboral, clínica

Áreas de Aplicação da

Psicologia Objeto de estudo Objetivo

Contexto Social Interação social Estuda os grupos e os comportamentos

sociais.

Contexto Educacional Educação Intervém junto dos diferentes agentes da

comunidade educativa de forma a definir

comportamentos, relações e estratégias

que visam o melhor desenrolar do processo

de ensino e aprendizagem.

Contexto Judicial Justiça Estuda os comportamentos desviantes do

ser humano, na tentativa de os prevenir e

controlar.

Contexto Laboral Trabalho e

Organizações

Estuda os comportamentos dos indivíduos

enquanto membros de uma Organização.

Contexto Clínico Saúde mental Investiga problemas mentais, através de

uma abordagem clínica, exaustiva e

aprofundada, e desenvolve estratégias

psicoterapêuticas ou de aconselhamento

que visem a sua resolução.

4. AUTOCONCEITO E PERSONALIDADE

4.1. O que é o Autoconceito

Objetivos: - Perceber o que é o autoconceito

“O Homem é aquilo em que acredita.” Anton Tchekhov

No seu processo de troca com o meio, a criança desenvolve

a sua aprendizagem através de toda a experiência vivida, o que

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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inclui os sentimentos acerca do que a própria criança é. Baseada na forma como os outros

(pessoas significativas para ela) respondem às suas expectativas, necessidades e

comportamentos, a criança vai definindo o bom e mau em relação a si mesma, formando

assim o seu Eu, ou seja, construindo o seu autoconceito.

Assim, podemos definir autoconceito como um sistema dinâmico e complexo de

crenças (associadas a determinados valores) que o indivíduo tem acerca de si próprio. É

desenvolvido ao longo da nossa vida, através de trocas com o meio e das crenças que

vamos estabelecendo durante o nosso desenvolvimento.

O autoconceito é um sistema dinâmico, pois, na sua interação com o meio, o

indivíduo tende a agir em consonância com ele, procurando mantê-lo o mais consistente

possível. Tende a levar em consideração as situações que reforçam a consistência do

autoconceito e a afastar-se das situações que o põem em causa. No entanto, o

autoconceito varia ao longo da vida, é influenciado por aspetos exteriores e há uma certa

fluidez ao nível das componentes parcelares que o formam (por exemplo: se eu considero

que tenho pouco jeito para desenho, tento reforçar as minhas qualidades na escrita).

O autoconceito organiza-se em várias áreas da vida, possuindo vários

componentes: temos um autoconceito desportivo, académico (subdividido em línguas,

matemática, etc.), social, artístico, etc.

Na constituição do autoconceito estão vários elementos: autoestima, autoimagem

e autoideal.

4.2. Autoimagem, Autoconceito real e ideal

Objetivo: - Distinguir autoconceito real e ideal, autoestima e autoimagem

A formação do autoconceito pressupõe uma componente avaliativa que é a

autoestima, refletindo-se esta na forma como o indivíduo gosta de ser o que é (aquilo que

sente relativamente às crenças que tem de si próprio); e a autoimagem, que é a visão que

o indivíduo tem das suas competências, ou seja, a forma como o indivíduo se vê a si

próprio. Este processo avaliativo desenvolve-se por comparação a um autoideal,

resultante das crenças que o sujeito desenvolve com base nas suas referências, nas

pessoas que admira, de quem gosta, que considera o seu ideal.

Exemplificando: Estudos recentes sobre anorexia focam que a causa deste

problema em algumas adolescentes se deve ao seu autoideal de magreza derivado da sua

admiração pela boneca Barbie.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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4.3. Autoconceito como fonte motivadora

Objetivo: Compreender em que medida o autoconceito é uma fonte motivadora

- Definir motivação

Um autoconceito e uma autoestima desvalorizados fazem com que o indivíduo

tenha pouca confiança em si mesmo, o que por sua vez o leva a não acreditar nas suas

possibilidades e sentir-se inseguro. Assim, o indivíduo vai fixar-se nas dificuldades das

tarefas que tem que fazer, preocupando-se excessivamente com a

avaliação e obtendo consecutivamente baixos resultados no seu

desempenho.

Pelo contrário, um indivíduo que possua um autoconceito e

uma autoestima valorizados, vai desenvolver uma elevada confiança

em si próprio, o que lhe transmite segurança, levando-o a concentrar-

se nas tarefas. Isto fará com que trabalhe e se empenhe, obtendo

resultados elevados.

Daqui podemos concluir que o nosso autoconceito, que tem na sua base crenças

em relação a nós próprios, condiciona a nossa motivação que é a dinâmica do

comportamento enquanto orientado para um objetivo. Assim, se o nosso autoconceito é

negativo e a nossa autoestima é reduzida, tendemos a não acreditarmos em nós e somos

AUTO-

CONCEITO

AUTOESTIMA AUTOIMAGEM AUTO-IDEAL

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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afetados por medos (medo de ser criticado, medo de fracassar, etc), diminuindo

consideravelmente a nossa motivação em determinadas tarefas.

Se o meu autoconceito está alicerçado na crença que não sei cantar, eu vou evitar

fazê-lo, assim como se acredito que não sou bom a matemática, não me vou esforçar para

estudar e ter uma boa classificação no teste.

Então podemos afirmar que: as nossas crenças

transformam-se na nossa realidade. Acreditar na realização de

um objetivo parece aumentar a possibilidade de o ver realizado,

o que implica que as crenças que estão na base do nosso

autoconceito sejam uma fonte motivadora do nosso

comportamento.

4.4. Autoconceito e mecanismos de Coping

Objetivo: Identificar mecanismos de coping do autoconceito

Como já referimos, o autoconceito é desenvolvido ao longo da nossa vida, através

de trocas com o meio e das crenças que vamos estabelecendo durante o nosso

desenvolvimento. Sendo um sistema dinâmico, temos a possibilidade de alterar as crenças

negativas que estão na sua construção, de forma a conseguirmos ter mais sucesso

em determinadas tarefas e a sentirmo-nos melhor connosco e com os outros.

Alguns mecanismos de coping que podemos adotar para melhorar o

nosso autoconceito são:

Fazer uma lista das qualidades e defeitos que possuímos como profissionais,

como familiares, como amigos, como estudantes, como desportistas, como cidadãos,

como artistas, etc. Pensar o que está na base dos nossos defeitos, a sua importância para

nós e o que depende de nós para os anular.

Quando fizermos alguma coisa que consideremos bem feita devemos

autoelogiarmo-nos para ofuscar emoções negativas e nos automotivarmos a prosseguir o

sucesso.

Devemos controlar o nosso diálogo interno negativo (não sou capaz, não

consigo, não sei se consigo, etc).

Tentar sempre realizar uma tarefa que considere importante, mesmo que à

partida tenha dúvidas do seu sucesso na sua consecução.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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4.5. Inventário Clínico de Autoconceito

Objetivo: Identificar mecanismos de coping do autoconceito

Existe uma forte relação entre os estados depressivos e a autoestima. Indivíduos

deprimidos geralmente mostram baixa autoestima e tendem a dar menor crédito ao seu

sucesso do que os não deprimidos.

A baixa autoestima pode dar origem a estados emocionais de agressividade e

próximos da raiva, bem como facilita o estado emocional da tristeza.

Propicia também estados extremos de stress, o que se vai refletir

em sintomas físicos (dores de cabeça, cansaço, dores nas costas,

pescoço e ombros, distúrbios digestivos, etc) e sintomas

psicológicos (tristeza, ansiedade, estados depressivos, irritação,

preocupação extrema, incapacidade para tomar decisões, etc).

Pelo contrário, os resultados experimentais demonstram

que indivíduos com forte autoestima conseguem mais facilmente

gerir e prevenir o stress, permitindo-lhes anular emoções negativas como a irritação, a

ansiedade, a culpa, a vergonha, o desgosto, a tristeza e a depressão.

Assim, um autoconceito positivo e uma elevada autoestima são indispensáveis

para o bem-estar emocional e físico, sendo uma fonte de segurança e bem-estar.

4.6. Definição de Personalidade

Objetivo: Definir personalidade

A palavra personalidade deriva de persona, que significa máscara de ator. O

termo, no entanto, ao longo da sua evolução, foi adquirindo sentidos múltiplos: para Cice-

ro, o termo é usado com, pelo menos, quatro sentidos, todos eles relacionados com o

teatro: a personalidade, como um conjunto de características pessoais do ator, que

representam o que a pessoa realmente é; a personalidade, vista como a forma pela qual a

pessoa aparece aos outros e não como realmente é e, neste sentido, equivale à máscara;

o papel que a pessoa representa na vida, tal como o personagem num drama; a

personalidade, encarada como um conjunto de qualidades indicativas da distinção e digni-

dade, que fazem do actor uma ‘estrela’.

Privilegiemos a perspectiva de Cattell (1965), segundo a qual, a personalidade é

um conjunto de traços, que predispõe o indivíduo a agir, de determinada maneira, num

conjunto de situações.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Podemos então definir personalidade como o conjunto estruturado e dinâmico das

características inatas, das aquisições do meio e da história das experiências vividas que

organizam e determinam o comportamento do indivíduo.

4.7. As teorias da Personalidade

Objetivo: Compreender algumas teorias da personalidade

De entre as várias teorias da personalidade, vamos abordar a visão psicodinâmica

preconizada por Freud, a visão comportamentalista de Skinner, a visão humanista de

Rogers e, por último, a visão biológica defendida por Eysenck.

CARACTERÍSTICAS

INATAS

AQUISIÇÕES DO

MEIO

EXPERIÊNCIAS

VIVIDAS

PERSONALIDADE

COMPORTAMENTO

Visão Psicodinâmica da personalidade – Sigmund Freud

- São determinantes na formação da personalidade os fatores dinâmicos

do desenvolvimento.

- Freud divide a estrutura da personalidade em três componentes e vê o

comportamento humano como o resultado das interações entre o id

(componente primitivo e instintivo), o ego (componente que toma as

decisões) e o superego (componente que incorpora os padrões sociais)

Visão Comportamentalista da personalidade – Skinner

- São determinantes na personalidade os condicionamentos (ver

aprendizagem).

- A personalidade está associada a um conjunto de tendências de resposta

ligadas a situações de estímulos específicos.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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5. A COMUNICAÇÃO HUMANA E O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

5.1. Conceito de comunicação e seus tipos

Objetivos: Perceber a importância da comunicação

- Distinguir vários tipos de comunicação

A palavra comunicar deriva do latim “comunicare” que significa “pôr em

comum”, “entrar em relação com”. Comunicar é então um processo interativo e

pluridireccional de transmissão de informações entre dois ou mais indivíduos.

Comunicar é essencial para o ser humano porque se trata de um processo que faz

do homem aquilo que ele é e permite que se estabeleça a relação

interpessoal. O ser humano não pode não comunicar. Mesmo que não fale,

comunica através do olhar, da postura, dos gestos, do toque, etc.

Visão Humanista da personalidade – Rogers

- São determinantes na formação da personalidade as necessidades que

orientam a realização do indivíduo e o self (autoimagem).

- A personalidade forma-se da congruência ou incongruência entre a

autoimagem e a experiência real.

Visão Biológica da personalidade – Eysenck

- Visão que coloca o ênfase na manifestação da hereditariedade com a

maturação; predisposições interagem com experiências aprendidas.

- A personalidade enquanto hierarquia de traços.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Anexo

VI

Anexo

VII

Podemos distinguir então vários tipos de comunicação: a

linguagem verbal (escrita ou oral) e a linguagem não verbal

(gestos, postura, silêncios, expressões faciais ,tom de voz,

pronúncia, roupas e adornos, etc). A linguagem não verbal

reveste-se de grande importância, oferecendo um

significado mais profundo e verdadeiro que a linguagem verbal.

5.2. Elementos da comunicação e sua dinâmica

Objetivo: Conhecer os elementos da comunicação e a sua dinâmica

Para que se estabeleça a comunicação é necessária a existência dos seguintes

elementos:

Emissor: o que emite ou transmite a mensagem;

Recetor: aquele a quem se dirige a mensagem;

Mensagem: conteúdo da comunicação;

Canal: suporte que serve de veículo a uma mensagem;

Código: conjunto de sinais com significado.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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5.3. Bases geradoras e barreiras à comunicação

Objetivo: Identificar as bases geradoras e as barreiras da comunicação

Fenómeno da” perda da comunicação”:

- O que se quer dizer é mais que

- o que se diz – que por sua vez é mais que

- o que se ouve – que é mais que

- o que se entende – mais que

- o que se retém – mais que

- o que se reflete.

Com frequência, a comunicação processa-se deficientemente ou não se realiza.

Todos nós, já várias vezes, fomos confrontados com mal-entendidos, tendo atribuído

significados bastante diferentes daqueles que nos pretendiam transmitir. Isto porque por

vezes existem barreiras à comunicação.

As barreiras à comunicação podem ser de dois tipos:

Barreiras externas: distância, temperatura, iluminação.

Barreiras internas: linguagem impercetível pelo interlocutor, palavras

ambíguas, valores e crenças, papéis sociais, estado de cansaço ou doença.

Atendendo à possibilidade de existirem barreiras à nossa comunicação, devemos

ter em conta os seguintes princípios na nossa comunicação:

Pronunciar as palavras correta e claramente;

Não falar muito alto nem muito baixo;

Não falar, nem muito depressa nem muito devagar;

Concentrar-se na mensagem e levar os outros a fazê-lo;

Ser breve;

Usar palavras simples;

Mostrar-se interessado;

Sorrir;

Tratar corretamente o interlocutor;

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Filme

Se os Olhares

Matassem

Ser simpático;

Certificar-se de que os termos que utiliza são compreendidos pelo interlocutor;

Acompanhar as palavras de gestos;

Reformular o que o interlocutor disse para se certificar de que compreendeu a

mensagem;

Mostrar um olhar interessado;

Manter uma boa postura;

Mostrar o rosto aberto;

Falar, olhando sempre para o interlocutor;

Adaptar a mensagem ao interlocutor;

Evitar as gírias e as bengalas;

Não dar muita informação de seguida;

Falar de forma positiva;

Evitar utilizar a palavra não.

5.4. As primeiras impressões no relacionamento interpessoal

Objetivo: Compreender a importância das primeiras impressões no relacionamento

interpessoal

Quando estamos perante uma pessoa pela primeira vez, temos tendência

para formar acerca dela uma impressão inicial, impressão essa que está dependente do

contexto e da situação, assim como de todos os fatores que influenciam a perceção e que

já referimos no capítulo sobre a perceção. Assim como nós formamos uma primeira

impressão quando estamos com alguém pela primeira vez, não convém esquecer que essa

mesma pessoa formula também uma primeira impressão sobre nós.

A primeira impressão que adquirimos da pessoa com quem estamos uma primeira

vez vai condicionar a nossa relação futura, regulando a perceção futura, e,

consequentemente, regulando o nosso comportamento.

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3618 – Ética e deontologia profissional e relações interpessoais

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Fatores que contribuem para formar as primeiras impressões:

Índices físicos

Índices verbais;

Índices não verbais (maneira de vestir, maneira de se sentar, postura

corporal)

Índices comportamentais.

Assim, perante uma pessoa que desconhecemos, temos tendência para a

categorizar, ou seja, reuni-la num determinado grupo, de acordo com as características

que lhe atribuímos e em função dos índices que observamos. O processo de categorização

é fundamental na nossa relação com os outros, mas traz consigo alguns riscos uma vez que

esquematiza e simplifica, centrando-se somente em algumas características e não

conhecendo o outro profundamente. Por outro lado, tendemos a confirmar a nossa

categorização e dificilmente a reformulamos, sendo mesmo levados a procurar e

encontrar outros elementos ou índices que confirmem a nossa categorização.

5.5. Fatores que afetam os relacionamentos interpessoais

Objetivo: Identificar fatores que afetam o relacionamento interpessoal

Quando estamos perante outra pessoa a interagir com ela, quer

seja um familiar, um amigo, um colega, um desconhecido, a nossa interação

está condicionada por uma série de fatores, constituindo-se assim o

relacionamento interpessoal como algo subjetivo, uma vez que depende de características

de cada um dos indivíduos implicados no processo.

Para além disto, eu interajo de forma diferenciada se estiver com a minha filha,

com uma amiga, com uma colega de trabalho, com um superior hierárquico ou se for

intercetada por um desconhecido na rua.

Assim, o relacionamento interpessoal depende de uma série de fatores internos e

externos aos indivíduos:

Fatores internos (dos indivíduos): personalidade; interesses; motivação;

características pessoais; estado de espírito; valores sociais; educação; etc

Fatores externos: contexto; local; hora; etc

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Como já referimos anteriormente, as primeiras impressões e a comunicação

influenciam igualmente os relacionamentos interpessoais, condicionando o nosso

comportamento em relação aos demais.

Não convém esquecer que COMPORTAMENTO GERA COMPORTAMENTO, logo, a

forma como eu me comportar para com outro indivíduo vai condicionar a sua reação.

5.6. Os conflitos – intra e inter conflito

Objetivo: Identificar os tipos de conflito

Muitas vezes um sujeito está numa situação em que se opõem

diferentes motivações, isto é, vive um conflito. Podemos definir conflito

como a oposição de forças com intensidade semelhante. O conflito surge,

portanto, quando as motivações são incompatíveis.

Kurt Lewin considera que o comportamento do indivíduo resulta da interação entre

o sujeito (com as suas necessidades) e o meio que integra os elementos que podem

satisfazer essas necessidades; há a um campo dinâmico de motivações que anima o sujeito

na ação. Considera três formas básicas de intraconflito em que estão presentes valências

positivas e/ou negativas. Vamos enunciá-las de forma sucinta.

a. Conflito aproximação/aproximação - neste tipo de conflito, o indivíduo

está perante duas ou mais forças positivas, está entre dois objetos ou

atividades desejadas. O conflito surge porque só é possível escolher uma

resposta.

Exemplo:

Escolher entre ir a uma festa ou ao cinema.

b. Conflito afastamento/afastamento - neste tipo de conflito, o indivíduo está

perante duas alternativas desagradáveis, duas valências negativas,

hesitando sobre qual evitar.

Exemplo:

Quando se colocam à criança alternativas que não deseja, como:

comer a sopa ou ir para a cama; fazer uma tarefa desagradável ou ser

punido.

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ANEXO

VIII

c. Conflito aproximação/afastamento - o indivíduo está perante uma

situação que é positiva e negativa ao mesmo tempo.

Exemplo:

Uma pessoa que está afazer dieta de emagrecimento, face a um

bolo que lhe é oferecido, vive o conflito de aproximação (o bolo tem ótimo

aspeto) e de afastamento (o bolo tem muitas calorias).

Quanto a situações de conflito interpessoal, estas desencadeiam energias intensas.

Na resolução dos conflitos interpessoais interessa respeitar os legítimos interesses de

todas as pessoas envolvidas segundo os seguintes princípios:

- Preservar a dignidade e o auto respeito;

- Ouvir com empatia;

- Não esperar mudar o estilo de comportamento dos outros;

- Exprimir a sua própria perspetiva.

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5.7. O Grupo e as Relações Interpessoais

“O Homem é um ser social. O ser capaz de viver isoladamente ou é um Deus

ou uma besta, mas não um ser humano.” Aristóteles

Assim como o ser humano não pode viver sem comunicar, este também não

consegue viver isoladamente (exceto raras exceções como o caso das crianças selvagens).

Assim, temos que viver com, ou seja conviver, estando inseridos num grupo. Desde que

nascemos, encontramo-nos no seio de uma família, posteriormente vamos para o

infantário e alargamos a nossa rede de relações aos colegas e agentes de educação, mais

tarde ingressamos na escola, inscrevemo-nos num grupo de teatro, praticamos ginástica,

frequentamos a casa de amigos, etc. E assim sucessivamente, até ingressarmos no

mercado de trabalho e constituirmos família.

Estamos sempre inseridos em grupos, em redes de relações, sendo influenciados

pelos outros e, reciprocamente, exercendo sobre eles a nossa influência. Aprendemos com

os outros, adquirimos hábitos com os outros, interiorizamos valores sociais se acordo com

o que os outros nos transmitem, partilhamos alegrias e tristezas, lembramo-nos dos

outros…

Como já referimos, nesta rede de relações estão sempre implícitas as

características de cada indivíduo, e as características de cada cultura. Somos assim porque

o grupo é assim, comportamo-nos de acordo com as regras do grupo em que estamos

inseridos. Quando assim não acontece podem surgir os conflitos que focámos

anteriormente.

Para viver melhor com os outros pode tentar:

Dar para receber;

Ter cuidado com a comunicação;

Pensar duas vezes antes de dizer ou fazer algo que possa ofender o seu

interlocutor;

Não se isolar;

Controlar emoções negativas em relação aos outros;

Manter-se aberta ao outro, respeitando-o;

Cuidar a sua autoestima: só gostando de si pode gostar dos outros;

E, ACIMA DE TUDO, SER FELIZ.

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GLOSSÁRIO

Aprendizagem

Modificação estável do comportamento (motor, sensorial, cognitivo) que se deve à

experiência e resulta da interação do indivíduo com o meio.

Atenção

Aspeto ativo e seletivo da perceção; focalização da perceção, de modo prolongado,

sobre um conjunto de estímulos em detrimento de outro.

Atitude

Disposição do indivíduo para responder favorável ou desfavoravelmente a um

objeto, pessoa, instituição ou acontecimento; é precursora do comportamento.

Atribuição

Modo como o indivíduo analisa o seu comportamento e o dos outros, atribuindo-

lhe uma causa.

Autoconceito

Perceção que o indivíduo tem de si próprio.

Autoestima

Sentimentos que o indivíduo tem sobre si próprio.

Comportamento

Resposta ou conjunto de respostas (estímulos) de um indivíduo a uma situação.

Conflito

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Situação de tensão em que se encontra o indivíduo quando motivado

simultaneamente por dois impulsos incompatíveis.

Desenvolvimento

Conjunto de transformações (físicas, fisiológicas, psicológicas, sociais) por que

passa o indivíduo ao longo do seu ciclo de vida.

Estádio

Período de desenvolvimento durante o qual se manifestam padrões característicos

de comportamento e se estabelecem determinadas condutas.

Estatuto

Posição de um indivíduo (ou grupo) na sociedade, compreendendo os deveres e

obrigações que essa posição impõe.

Frustração

Estado afetivo desagradável em que se encontra o indivíduo em resultado da não

consecução de um objetivo para que se encontra motivado.

Genética

Ciência que estuda o processo biológico da hereditariedade

Hereditariedade

Transmissão das características de um organismo para os descendentes.

Meio

Conjunto de condições físicas, biológicas, psicológicas e socioculturais em que o

indivíduo se insere.

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Memória

Processo cognitivo que consiste na retenção e posterior recuperação de

informação previamente adquirida.

Motivação

Dinâmica do comportamento, interna ao indivíduo, enquanto dirigido para uma

meta ou objetivo.

Perceção

Processo cognitivo de organização e interpretação dos estímulos sensoriais,

conferindo sentido e significação às sensações.

Personalidade

Conjunto estruturado e dinâmico das características inatas, das aquisições do meio

e da história das experiências vividas que organizam e determinam o comportamento do

indivíduo.

Preconceito

Atitude negativa e injustificável face a um grupo ou aos seus membros, que assenta

em pré-julgamentos, não tendo, por isso, fundamento.

Psicofisiologia

Estudo dos mecanismos fisiológicos que interferem no comportamento e como o

fazem.

Sensação

Apreensão isolada das qualidades dos objetos.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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CONCLUSÃO

No final do estudo do módulo de Relações Interpessoais, os formandos deverão ser

capazes de estabelecer com inteligência cognitiva, relações interpessoais com os clientes.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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BIBLIOGRAFIA:

BALREIRA GUERRA, PAULO, CEREBRUS, A Gestão Interpessoal, Editora Pergaminho, 2000.

BARRIGA, SILVÉRIO, Psicologia Geral, Edições CETOP, 1980.

FACHADA, MARIA ODETE, Psicologia das Relações Interpessoais, Edições Rumo, 3ª edição,

Lisboa, 2001.

GLEITMAN, HENRY, Psicologia, Fundação Calouste Gulbenkian, 4ª Edição, 1999.

PESTANA, EMANUEL, PÁSCOA, ANA, Dicionário Breve de Psicologia, Editorial Presença, 1º

Edição, Lisboa, 1998.

SEQUEIRA, JOSÉ, Desenvolvimento Pessoal, Editora Monitor, 4ª Edição, 2003.

WEITEN, WAINE, Introdução à Psicologia, Editora Pioneira, 4ª Edição, 2002.

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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ANEXOS

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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ANEXO I Abrigo Subterrâneo

ANEXO II

“Um monge, um bandido, um pintor, um avarento e um sábio, viajavam de companhia.

Um dia, ao cair da noite, abrigam-se numa gruta.

- Será possível conceber local mais próprio para estabelecer um ermitério? – diz o monge.

- Que refúgio para os fora da lei! – exclama o bandido.

O pintor murmura:

- Que pretexto para o pincel estas rochas e estes efeitos do archote e das suas sombras.

O avarento prossegue:

- Para esconder um tesouro, este sítio é excelente.

O sábio escuta os quatro e diz:

- Que bela gruta.”

René Huyghe, Diálogo com o Visível

Vamos discutir em grupo porque é que este fenómeno acontece?

ANEXO III

> Identifique nos exemplos que se seguem o tipo de aprendizagem explícito em cada um.

“Há quase 20 anos Raul trabalha na mesma fábrica como maquinista. Seu novo chefe

parece nunca estar satisfeito com o seu trabalho e o critica constantemente. Depois de

algumas semanas de muita crítica, ele experimenta ansiedade sempre que chega ao trabalho.

Ele começa a avisar que está doente cada vez mais frequentemente para fugir à ansiedade.”

________________________________________________________________

“Aos 24 anos, Alex recentemente desenvolveu uma alergia a gatos. Quando ele está

numa mesma sala com um gato por mais de 30 minutos, começa a ficar ofegante. Depois de

algumas destas crises de alergia, Alex começa a sentir-se ofegante logo que vê um gato.”

________________________________________________________________

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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“João é um jovem agressivo, utilizando a violência física frequentemente para

resolver os seus conflitos com colegas. Acompanhado por um psicólogo, João referiu que o

pai lhe batia sempre que fazia algo errado quando era criança.”

________________________________________________________________

“Foi naquele ano (1949) que eu conheci Charlie. Eu acho que o primeiro amor é

sempre assim… Charlie e eu saíamos muito. Ele mascava Chicletes Beemans e fumava… Nós

íamos a todos os locais românticos. Fizemos muitas coisas ousadas, mas sempre parávamos

num certo momento. Charlie queria se casar quando nós terminássemos os estudos… [mas]

Charlie e eu nos separamos. Nós dois acabamos nos casando com pessoas diferentes. E é

interessante… por anos o cheiro combinado da fumaça do cigarro com o de Chicletes

Beemans me fazia sentir uma fraqueza nos joelhos. Aqueles dois cheiros são Charlie para mim.

Quando eu sentia o cheiro de cigarro e Chicletes Beemans, eu podia sentir aquele friozinho

no meu estômago.”

ANEXO IV

AUTO-CONCEITO

POSITIVO

E

AUTOESTIMA

VALORIZADA

EXPECTATIVA

S

BASTANTE

ELEVADAS

ELEVADOS

RESULTADOS

NAS TAREFAS

ELEVADA

AUTO-

CONFIANÇA

CONFIANÇA

ELEVADA NAS SUAS

POSSIBILIDADES

TRABALHA

E EMPENHA-

SE

FOCALIZA A

SUA

ATENÇÃO

(CONCENTRAÇÃ

O

NA TAREFA) SEGURANÇA

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ANEXO V

ANEXO VI

Cumprimento das Regras

ANEXO VII

A formadora lê a história a uma formanda e esta transmite a outra e assim

sucessivamente. A última a receber a mensagem transmite a história ao grupo.

Objetivo: Perceber as barreiras da comunicação.

A Joana estava à espera do autocarro quando ouviu um grande estrondo, tendo

imaginado que fosse um acidente.

AUTO-CONCEITO

NEGATIVO

E

AUTOESTIMA

DESVALORIZADA

PREOCUPA-SE DE UMA

FORMA EXAGERADA

COM A AVALIAÇÃO

BAIXOS RESULTADOS

NAS TAREFAS

REDUZIDA

AUTO-CONFIANÇA

NÃO ACREDITA NAS

SUAS POSSIBILIDADES

BAIXAS

EXPECTATIVAS

FIXA-SE NAS

DIFICULDADES

INSEGURANÇA

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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Saiu da paragem e deslocou-se para o local do acidente e percebeu que o carro de

uma rapariga loira tinha batido no Mercedes de um senhor muito bem vestido, com cara

de executivo ou empresário de uma multinacional.

O mais engraçado é que nenhum dos dois motoristas estava mais furioso do que o

passageiro do autocarro que seguia atrás e que, angustiado pelo atraso, pedia a todos

para desimpedirem a estrada.

O congestionamento foi crescendo e juntou-se muita gente para ver o acidente;

uns, dizendo que a culpa era do senhor bem vestido, outros, da rapariga loira. Mas, de

repente, passou no local a Teresa, amiga do Paulo, que lhe ofereceu boleia e a afastou

daquele local.

ANEXO VIII

Leia o texto e responda individualmente às questões:

“Os outros “não são o inferno”, tal como afirmara Sartre, eles são, sim, a razão de ser de

cada indivíduo que com eles está em permanente interação. É através deles que o homem

se realiza e satisfaz as suas necessidades de afeto, de estima e de autorrealização. É

através dos outros que medimos o nosso desempenho e desejamos atingir metas cada vez

mais elevadas; é através dos outros que medimos o risco da nossa existência e aprendemos

a admitir e a aceitar diferentes pontos de vista e diferentes modos de ser.

Porém, se os outros são importantes para nós, o inverso também é verdadeiro. É da

tomada de consciência do valor da nossa comunicação e da nossa interação com os outros,

que deve nascer o desejo e a necessidade de refletir sobre a problemática das relações

interpessoais e contribuir para que elas se tornem cada vez mais dinâmicas e

enriquecedoras.

O indivíduo é o resultado do encontro e das interações que estabelece ao longo do seu

desenvolvimento. Gerir essa relação, de forma harmoniosa e produtiva, é um desafio

permanente.”

Tendo em conta o texto, refira em que contexto surgiram os maiores problemas/conflitos

que teve até hoje no relacionamento interpessoal:

- com os colegas (trabalho ou estudo)

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ESTETICISTA/COSMETOLOGISTA

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- com familiares

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- com amigos

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Que atitudes tomou para os ultrapassar/resolver:

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Em grupo, vamos pensar nos motivos que estiveram na origem desses problemas/conflitos.

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Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.