3522-Instrucoes Companheiro 2006 v2 - Entre Irmãos · PDF fileAUGUSTA E...

36
AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA HARMONIA E CONCÓRDIA N° 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Transcript of 3522-Instrucoes Companheiro 2006 v2 - Entre Irmãos · PDF fileAUGUSTA E...

AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA

HARMONIA E CONCÓRDIA N° 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 2/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

PRIMEIRA INSTRUÇÃO...........................................................................................3

SEGUNDA INSTRUÇÃO...........................................................................................8

TERCEIRA INSTRUÇÃO ........................................................................................ 14

QUARTA INSTRUÇÃO........................................................................................... 22

QUINTA INSTRUÇÃO ........................................................................................... 27

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 3/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

PRIMEIRA INSTRUÇÃO

O Grau de Companheiro demonstra as esperanças daquele que deseja aprender

e daquele que também é sábio. Para estes, o segredo de nossos mistérios começa

agora a ser revelado e o véu que o cobre a ser desvelado. E enquanto aquele que não

o conhece acredita que poderá compreendê-lo, o Sábio alegra-se em encontrá-lo entre

seus Pares.

Sobre o Painel deste Grau se vê a representação da frente do Templo do Rei

Salomão. É o grande símbolo de nossa Ordem e possui mais de um significado. Se o

Companheiro aprender, apenas dependerá dele mesmo. O valor do secreto está na

proporção da inteligência e da excelência daquele a quem este é revelado. O homem a

quem a Virtude é apenas um nome e a Liberdade uma quimera pouco valorizará a luz

que já recebeu; e aquele, a quem a Filosofia é uma tolice, menos valorizará o que lhe

será dado daqui a diante. Os morcegos e as corujas preferem a penumbra do

crepúsculo ao sol do meio-dia. Tão pouco pode o egoísta e o cruel valorizar como

emblema a Corda de Oitenta e Um Nós que circunda o Templo, com seus oitenta e um

místicos vínculos, nem apreciar a Irmandade de uma Ordem como a nossa. Tão pouco

podem eles compreender o convívio e a troca de experiências pessoais dos membros

da Maçonaria que produzem o destino de cada homem e de sua conduta, influenciados

e controlados pelas ações e fortunas dos outros, produzindo de um povo e mesmo da

inteira raça humana, um indivíduo singular e melhor.

O Templo é, entre outras coisas, um símbolo da ciência. O homem que é

familiarizado com o mecanismo do universo e seus fenômenos; com as leis que

governam os movimentos das esferas, singularmente conectados como são os

números; com as leis da geração, crescimento e cristalização; com o mundo da flora,

as revoluções orgânicas da terra em eras passadas e os mistérios maravilhosos da vida

diminuta revelada pelo microscópio, terão desenvolvido sua Razão e se separado das

absurdas noções da infância e ignorância. As ciências naturais e filosóficas são as

maiores e mais custosas pedras talhadas do Templo da Ciência. As viagens pelo Norte,

Sul, Leste e Oeste simbolizam o grande círculo dessas Ciências e a Loja de

Companheiro deve ser uma escola de instrução delas.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 4/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Todo Maçom ao ingressar em Loja o faz entre duas Colunas. Elas representam

as que estavam no Pórtico do Templo de Jerusalém ao tempo do Rei Salomão, em

cada lado da entrada oriental. Esses pilares, de bronze, de quatro dedos de espessura,

tinham, de acordo com o melhor que sabemos dezoito côvados de altura, com um

capitel de cinco côvados de altura. A largura de cada uma era de quatro côvados de

diâmetro. Um côvado tem 30 cm e meio, ou seja, cada coluna tinha um pouco mais de

cinco metros e meio de altura, cada capitel um pouco mais de um metro e meio de

altura, e o diâmetro um metro e vinte. Essas colunas eram imitações das grandes

colunas consagradas aos Ventos e ao Fogo na entrada do famoso Templo de Malkarth,

na cidade de Tiro.

Os capitéis estavam adornados com romãs de bronze, cobertas com uma rede

de bronze e ornamentadas com tranças de bronze, de modo a imitar a forma do

recipiente das sementes do lótus ou do lírio egípcio, um símbolo sagrado para os

hindus e egípcios. O pilar ou coluna da direita, ou do sul, era chamada, JAKIN; e o da

esquerda, BOOZ. Nossos tradutores dizem que a primeira palavra significa “Ele

estabelecerá”, e a segunda “Nele está a força”. A palavra Jakin, em hebraico,

provavelmente era pronunciada Ya-kayan, e significava “Aquele que fortalece”;

portanto, firme, estável, ereto. A palavra Booz, ou Boaz, significa “Forte, Força, Poder,

Refúgio, Fonte de Poder, um Forte”.

Pitágoras gravou sobre as portas de seu Templo estas palavras: “Aquele a

quem a Geometria é desconhecida não é valoroso para entrar neste Santuário”. Pela

Geometria, como nós já dissemos, é conhecida a matemática ou a ciência dos

números. A demonstração matemática atinge seus resultados com certezas

incontestáveis. Os números para Pitágoras eram os primeiros princípios das coisas e as

leis naturais das distâncias e órbitas das esferas, e as forças da gravidade e a atração

são singularidades conectadas a eles. Não tem sido considerado desrespeitoso

caracterizar a Divindade como o Grande Geômetra, do mesmo modo como o Grande

Arquiteto do Universo.

Não é difícil para qualquer pessoa obter um conhecimento geral suficiente de

Zoologia, da Geografia e Geologia, da Mineralogia e Botânica, atingindo o

engrandecimento das idéias de Poder, Sabedoria e Beneficência. Os estudos destes são

simbolizados pela primeira viagem; Geometria e a Ciência dos números pela segunda;

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 5/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

as Ciências Sociais pela terceira; na quarta viagem prepara-se para persuadir e

convencer outros homens pelas graças da Retórica e a demonstração da Lógica; e na

última, aprende-se os princípios da mais alta Ciência Política.

O verdadeiro Companheiro é, entretanto, o homem da ciência e da virtude,

aprendidas, bem como um artista. O Compasso, o Esquadro e a Régua, o Nível e a

Espada são todos símbolos de suas características e qualificações. Se aplicá-los aos

seus usos simbólicos próprios, não poderá tornar-se nada além de um bom homem e

um útil e patriótico cidadão.

Entrando entre as duas grandes Colunas, a FORÇA – Ativa, Divina e Geradora

– e a ESTABILIDADE – Passiva, Produtiva e Permanente da Natureza – o

Companheiro ascenderá, simbolicamente, por uma escada constituída por três, cinco e

sete degraus.

TRÊS, CINCO, SETE e NOVE são os misteriosos números peculiares na

Maçonaria.

Muito dos misteriosos conhecimentos dos Antigos foram concebidos no

simbolismo dos números. Não nos é permitido, neste grau, explicá-los em todo seu

significado. Eles são todos filosóficos e religiosos. Filosofia é um domínio no qual o

Companheiro ainda não ingressou e diremos somente aquilo que servirá para

aumentar a curiosidade e incitar o estudo.

A Maçonaria aplica o número cinco particularmente às ORDENS DE

ARQUITETURA – Toscana, Dórica, Jônica, Coríntia e Compósita; e o número

sete ao que ficou estabelecido como as ARTES E CIÊNCIAS LIBERAIS –

Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

Cinco também é relacionado aos Sentidos. A Maçonaria tem selecionado pelo menos

ilustrações surpreendentes ou aplicações para esses números, e informações

rudimentares dadas sobre esses temas podem ser lidas em qualquer dos rituais.

Os primeiros três degraus do Templo da Perfeição Individual são: a FÉ, a

ESPERANÇA e a CARIDADE; os cinco próximos, número dos Sentidos e das Ordens

da Arquitetura, simbolizam a união das virtudes humanas e das excelências morais. Os

sete seguintes, número que se associa às Artes e Ciências Liberais, simbolizam a união

do aprendizado e das aquisições intelectuais que adornam e completam o caráter.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 6/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

No Estado, os três degraus são: a Liberdade, a Igualdade e a

Fraternidade.

As cinco Ordens da Arquitetura podem também simbolizar as cinco principais

divisões da religião – Politeísmo, o Paganismo Filosófico de Atenas e Alexandria, de

Sócrates, Platão e Hypatia, Judaísmo, Islamismo e o Cristianismo; e também as cinco

diferentes formas de Governo – a Patriarcal, a Despótica, a Oligárquica, a Republicana

e a Monarquia Constitucional: assim abre-se ao Companheiro um vasto campo de

Estudo.

Os trabalhos, como Companheiro, estão agora por começar. O Companheiro

completou o trabalho como um Aprendiz. O juramento de um Companheiro não é

somente o de manter tudo em segredo, mas também o de desempenhar os principais

deveres da Irmandade. Ele continuará com os seus deveres para com o G∴A∴D∴U∴,

para com o país e para com a família.

É ainda necessário que o Companheiro possua seus instrumentos de trabalho.

Estes para um Companheiro são: o Esquadro, o Nível e o Prumo. O Esquadro, como

já é de conhecimento, é a jóia do Venerável Mestre; o Prumo, do Primeiro Vigilante e o

Nível, do Segundo Vigilante. Eles simbolizam o edifício construído com sinceridade,

com grandes pedras assentadas horizontalmente com verdade e com paredes

perpendiculares montadas sobre os caracteres individuais e sobre o Estado. Eles

também são os símbolos dos três grandes Poderes do Estado, na ação saudável e

independente de cada um destes e a performance de cada uma de suas funções

apropriadas, depende a continuidade do Estado.

O Esquadro é um símbolo do Controle e sendo o símbolo do Poder Executivo,

reveste o mandatário principal, eleito ou hereditário.

O Prumo é um símbolo da Retidão ou da Verticalidade, das Leis e

Regulamentos inflexíveis, e sendo assim o símbolo do Poder Legislativo.

E o Nível é um símbolo da Igualdade à luz da Lei e da Imparcialidade; e deste

modo o símbolo do Poder Judiciário.

Eles são: o PODER, a SABEDORIA e a JUSTIÇA.

A lei é a mesma tanto para o Estado quanto para o indivíduo; a calamidade

segue como conseqüência do erro. “Aquele que caminha com justiça e fala com

retidão; aquele que renega o ganho pela opressão; que limpa suas mãos ao segurar o

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 7/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

fruto do suborno; que impede seus ouvidos de ouvir conselhos maldosos e fecha seus

olhos para todo mal visível; este habitará nas alturas; em fortaleza de rochas

intransponíveis; o pão será abundante e a água não faltará”.

Neste Grau o Companheiro vê uma das pontas do Compasso do Altar erguida

sobre o Esquadro, estando agora a meio caminho entre os assuntos da terra e os do

céu; entre a moral e a política, e a filosofia e a religião.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 8/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

SEGUNDA INSTRUÇÃO

A ESTRELA FLAMEJANTE, ou Flamígera, originalmente, representava SÍRIUS,

ou a estrela-cão, que anunciou a inundação no Nilo. Tornou-se o sinal sagrado e

poderoso dos Magos, o PENTALFA, e é o emblema significativo da Liberdade,

flamejando com uma resplandecência constante em meio a elementos confusos de

bem e de mal das Revoluções, e de céus promissoramente serenos e estações férteis

para as nações, após as tormentas de mudanças e tumultos.

Nas Lojas inglesas e americanas, a letra G substitui o significado da Estrela

Flamejante com a inicial da palavra GOD, com tão pouca razão quanto seria se, em vez

da letra correta, fosse usada a inicial D de DIEU em Lojas Francesas. O YOD é o

símbolo da Unidade, da Unidade Suprema, a primeira letra do Nome Sagrado e é

também um símbolo das Grandes Tríades.

Os ritos de origem francesa colocam esta letra, YOD, no centro da Estrela

Flamejante.

A Estrela Flamejante é o símbolo da Civilização e do Iluminismo; a letra G, da

Divindade, da Geometria e de todas as Artes e Ciências, do Governo e da Gnose ou

Conhecimento Espiritual.

Nossos antigos Rituais dizem que a Estrela Flamejante é o emblema do Gênio

que plana das mais sublimes alturas; e o símbolo do que é o fogo sagrado com o que o

Grande Arquiteto do Universo tem nos favorecido pela luz cujos raios nós devemos

discernir, amar e praticar a Verdade, a Justiça e a Eqüidade.

“O Delta”, dizia-se, “que cujos flamejantes raios contemplas oferece duas

grandes Verdades e duas sublimes idéias. Vós contemplais o nome do G∴A∴D∴U∴

como fonte de todo Conhecimento e de toda a Ciência. É simbolicamente explicado

pela Geometria. Esta sublime ciência tem a base essencial do profundo estudo e

infinitas aplicações dos triângulos, sob o verdadeiro emblema. Todas estas verdades

misteriosas serão reveladas por si mesmas ante os vossos olhos em sucessão e em

proporção ao vosso avanço em nossa Sublime Arte”.

“O Sol e a Lua representam os dois grandes princípios de todas as gerações. O

Sol representa a verdadeira luz. Ele derrama seus raios fecundos sobre a Lua; ambos

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 9/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

voltam suas luzes sobre seu fruto, a Estrela Flamejante, e os três formam o grande

Triângulo Eqüilátero, no centro do qual está a letra inicial do nome sagrado do

G∴A∴D∴U∴, que dizem ter criado a Estrela”.

Em velhos ensinamentos, afirmava-se que “a Estrela Flamejante ou Glória, no

centro, nos representa a grande luz, o Sol, que ilumina a terra, e por sua influência

genial abençoa a humanidade”. Nos mesmos antigos ensinamentos, também o

disseram ser o emblema da Prudentia que significa, em seu sentido mais completo,

Providência ou Previdência; neste sentido, a Estrela Flamejante tem sido vista como

emblema da Onisciência, ou do “Olho que Tudo Vê” que, para os Iniciados Egípcios,

era o emblema de Osíris, o Criador. Com o YOD no centro, tem o significado da

Energia Divina, manifestada como a Luz criadora do Universo.

Deve bastar dizer que se trata da Energia Criativa da Divindade, e que essa

energia é representada como um ponto, esse ponto no centro do Círculo da imensidão.

Para nós, nesse Grau, o ponto no centro do Círculo é o símbolo da Divindade não

manifestada, do Absoluto, que não tem nome.

Nossos Irmãos acrescentam que “esse círculo é limitado por duas linhas

perpendiculares paralelas e no topo está o Livro da Lei”. “Ao circundar esse círculo”,

dizem eles, “tocamos, necessariamente, essas duas linhas, assim como o Livro da Lei;

e enquanto um Maçom se mantém circunscrito aos seus preceitos, torna-se impossível

que possa errar”.

No Oriente Antigo, todas as religiões eram muito próximas do mistério e não

existia divórcio entre elas e a filosofia. A teologia popular, absorvendo a multiplicidade

de alegorias e símbolos como realidade, degenerou em adoração das luzes celestiais,

de Divindades imaginárias que tinham sentimentos humanos, apetites e luxúrias, de

ídolos, pedras, animais, répteis. A cebola era sagrada para os egípcios porque suas

diferentes camadas eram um símbolo das esferas celestiais concêntricas. Obviamente,

a religião popular não podia satisfazer as ânsias e pensamentos mais profundos, as

aspirações mais sublimes do Espírito, nem a lógica da razão. Os significados eram

ensinados aos iniciados nos Mistérios. Ali também a religião era ensinada através de

símbolos.

A falta de clareza do simbolismo, passível de muitas interpretações, alcançava o

que o credo palpável e convencional não conseguia. Sua indefinição validava a

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 10/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

obscuridade do assunto; tratava tal assunto misterioso misticamente; tentava ilustrar o

que não conseguia explicar; para excitar um sentimento apropriado se não conseguisse

desenvolver uma idéia adequada; e para fazer da imagem um mero veículo subalterno

da concepção, que por si só nunca se tornou óbvia nem familiar.

Assim, o conhecimento hoje comunicado por livros e cartas, antes era veiculado

por símbolos; e os sacerdotes inventavam ou perpetuavam uma série de ritos e

exibições que não eram mais atraentes ao olhar do que as palavras, mas muitas vezes

mais sugestivos e mais prenhes de significado para a mente.

A Maçonaria, sucessora dos Antigos Mistérios, ainda segue a maneira antiga de

ensinar. Suas cerimônias são como as antigas apresentações – não a leitura de um

ensaio, mas a abertura de um problema, que requer pesquisa e constitui a filosofia

como intérprete engenhosa. A instrução que ministra são seus símbolos. Seus

ensinamentos são as iniciativas, muitas vezes parciais e unilaterais, para interpretar

esses símbolos. Quem quer se tornar um verdadeiro Maçom não deve se satisfazer

apenas em ouvir, nem mesmo apenas para compreender os ensinamentos; deve, com

a ajuda desses ensinamentos, e com o caminho apontado por eles, estudar, interpretar

e desenvolver esses símbolos para si próprio.

Mesmo sendo a Maçonaria idêntica aos Antigos Mistérios, o é apenas neste

sentido que apresenta uma imagem imperfeita de seu resplendor, apenas as ruínas de

sua grandeza, e um sistema que sofreu alterações progressivas, o fruto de

acontecimentos sociais e circunstâncias políticas. Depois de deixar o Egito, os Mistérios

foram modificados pelos hábitos das diferentes nações nas quais foram introduzidos, e

especialmente pelos sistemas religiosos dos países para os quais foram transplantados.

Em todo lugar era obrigação do Iniciado obedecer ao governo estabelecido, às leis e à

religião que, em todo lugar, eram heranças dos sacerdotes, que de forma nenhuma

estavam dispostos a repartir a verdade filosófica com as pessoas comuns.

O Cristianismo ensinou a doutrina da FRATERNIDADE, mas repudiou a da

IGUALDADE política, continuamente inculcando obediência a César e às autoridades

legais. A Maçonaria foi o primeiro apóstolo da IGUALDADE. Nos Monastérios existe

fraternidade e igualdade, mas não liberdade. A Maçonaria adicionou esta também e

reclamou para as pessoas a tríplice herança: LIBERDADE, IGUALDADE e

FRATERNIDADE.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 11/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Foi apenas o desenvolvimento do propósito original dos Mistérios, que foi

ensinar as pessoas a conhecer e a praticar seus deveres, para com si mesmas e para

com seus semelhantes, a grande finalidade prática de toda filosofia e de todo

conhecimento.

As Verdades são a fonte de onde todas as obrigações jorram; e foi durante a

Revolução Francesa que uma nova Verdade começou a ser vista claramente, que O

INDIVÍDUO É SOBERANO SOBRE AS INSTITUIÇÕES, E NÃO ELAS SOBRE ELE.

As pessoas têm uma superioridade natural sobre todas as instituições. Estas são para

elas, de acordo com o seu desenvolvimento; não as pessoas para as instituições.

Parece ser uma afirmação muito simples, com a qual todos, em todo o lugar, devem

concordar. Mas um dia foi uma Verdade totalmente nova, não revelada enquanto os

governos não existiram por pelo menos cinco mil anos. Uma vez revelada, impôs novos

deveres às pessoas.

O ser humano tinha este débito para consigo mesmo: ser livre. Ele tinha com

débito para com seu país dar-lhe liberdade ou mantê-lo livre. Esta Verdade fez da

Tirania e da Usurpação os inimigos da Raça Humana. Colocou numa ampla ilegalidade

dos Déspotas e os Despotismos, temporais e espirituais. A esfera do Dever alargou-se

imensamente. O Patriotismo passou a ter, em conseqüência, um significado novo e

mais amplo. Governo Livre, Livre Pensamento, Livre Consciência, Livre Expressão!

Tudo isto se transformou em direitos inalienáveis daqueles que os perderam, ou dos

que foram roubados, ou dos cujos ancestrais os perderam; todos passaram a ter o

direito de retomá-los sumariamente. Infelizmente, como Verdades sempre são

pervertidas em falsidades, e são falsidades quando mal soletradas, esta Verdade se

tornou o Evangelho da Anarquia logo depois de ter sido proclamada pela primeira vez.

A Maçonaria compreendeu muito cedo esta Verdade e reconheceu seus deveres

ampliados.

Conhecer as fórmulas da Maçonaria, por si, é de tão pouca valia quanto

conhecer muitas palavras e sentenças em algum dialeto bárbaro africano. Conhecer o

significado dos símbolos é quase nada, a não ser que contribua à nossa sabedoria e

também à nossa benevolência, que é para a justiça o que é um hemisfério do cérebro

para o outro.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 12/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Não perca de vista, então, o verdadeiro objetivo de seus estudos na Maçonaria:

é contribuir para seu patrimônio de sabedoria, e não simplesmente para seu

conhecimento.

Conhecimento é conversível em poder e axiomas em regras de utilidade e

dever. Mas conhecimento, em si, não é Poder. Sabedoria é Poder; e seu Primeiro

Ministro é a JUSTIÇA, que é a lei aperfeiçoada da VERDADE. Portanto, o propósito

da Educação e da Ciência é fazer as pessoas mais sábias. Se o conhecimento não o

fizer, é desperdiçado, como água derramada na areia.

Uma pessoa pode passar a vida estudando uma única especialidade de

conhecimento, entulhando a memória com nomes derivados do grego, classificando-os

e re-classificando-os; e ainda assim não ficar mais sábia do que quando começou. São

as grandes verdades que mais preocupam as pessoas, assim como os seus direitos,

interesses e deveres, que a Maçonaria procura ensinar aos seus Iniciados.

Quanto mais sábia uma pessoa se torna, menos estará inclinada a se submeter

mansamente à imposição de grilhões ou canga, seja sobre sua consciência ou sobre

sua pessoa. Isto porque, com o crescer da sabedoria, ela não só conhecerá melhor os

seus direitos, mas também os valorizará mais, e estará mais consciente e seu valor e

dignidade. Então, seu orgulho a incentivará a assegurar sua independência. Tornar-se-

á mais capaz de fazê-lo; e mais capaz de ajudar os outros e a seu país quando eles ou

ele arriscarem tudo, até suas existências, na mesma reivindicação. Porém, o mero

conhecimento não faz ninguém independente, nem o prepara para sê-lo. Na maioria

das vezes faz dele um escravo mais útil. Para o ignorante e bruto, a Liberdade é uma

calamidade.

A ciência política tem como objetivo averiguar de que maneira e por meio de

quais instituições a liberdade política e pessoal pode ser assegurada e perpetuada: não

a permissão de votar ou o simples direito de qualquer pessoa de fazê-lo, mas liberdade

completa e absoluta de pensamento e opinião, da mesma forma livre do despotismo

do monarca, dos agitadores e do prelado; liberdade de ação dentro dos limites da lei

geral aprovada para todos; as Cortes de Justiça com Juízes e júris imparciais, abertas

igualmente para todos; fraqueza e pobreza tão poderosos nessas Cortes quanto poder

e riqueza; as avenidas para as profissões e fama igualmente abertas a todos os que

mereçam; as forças militares, na guerra e na paz, em estrita subordinação ao poder

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 13/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

civil; impossibilidade de prisão arbitrária por ato que não seja visto pela lei como

crime, inquisições católicas, tribunais como os da Idade Média. Execuções militares,

desconhecidas; meios de instrução ao alcance dos filhos de todas as pessoas; direito

de Livre Expressão; e responsabilidade de todos os funcionários públicos, civis e

militares.

Se a Maçonaria precisasse de justificação para impor deveres políticos e morais

a seus Iniciados, bastaria apontar a triste história do mundo. Não só seria necessário

voltar as páginas da história para os capítulos escritos por Tácito: poder-se-ia recitar os

incríveis horrores do despotismo sob todos os tiranos que já ousaram governar as

nações.

Precisaríamos apenas apontar para os séculos de calamidade através das quais

vários povos passaram; para a longa opressão das épocas feudais, para aqueles

tempos quando os lavradores eram roubados e massacrados como ovelhas por seus

lordes e príncipes.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 14/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

TERCEIRA INSTRUÇÃO

O verdadeiro Maçom é aquele que trabalha incansavelmente para ajudar sua

Ordem a alcançar seus grandes propósitos. Não que a Ordem não possa alcançá-los

sozinha, mas isto também pode ajudar. É uma Força e um Poder; e seria uma

vergonha se ela não puder se empenhar e, se necessário, sacrificar seus filhos na

causa da humanidade; tal como Abraão esteve pronto para oferecer Isaac no altar de

sacrifícios. Não será sua culpa se nunca chegar o dia em que as pessoas não mais

terão que temer uma conquista, uma invasão, uma usurpação, uma rivalidade de

nações com as mãos armadas, uma interrupção da civilização por dependência de um

casamento real, ou um nascimento nas tiranias hereditárias; uma separação das

pessoas por um Congresso, um desmembramento pela queda de uma dinastia, um

combate entre duas religiões, cabeceando-se como dois alces de escuridão na ponte

do Infinito; quando elas não mais terão que temer a fome, espoliação, prostituição por

causa da miséria, miséria por causa da falta de trabalho e de todo o banditismo do

acaso na floresta dos eventos; quando nações gravitarem em torno da Verdade como

os planetas em torno das estrelas, sem choque ou colisão; e, em todos os lugares, a

Liberdade, com seu cinturão de planetas, coroada com sabedoria e justiça em ambas

as mãos, reinará suprema.

Em seus estudos, como Companheiro, você deverá ser guiado pela RAZÃO,

AMOR e FÉ.

Não discutiremos agora as diferenças entre Razão e Fé nem nos

empenharemos em definir a abrangência de cada uma. Mas é necessário dizer que,

mesmo nos assuntos mais comuns da vida, somos governados muito mais pelo que

acreditamos do que pelo que sabemos, pela FÉ e pela ANALOGIA e, em seguida, pela

RAZÃO. A “Era da Razão” da Revolução Francesa ensinou que é uma insensatez

entronar a Razão, sozinha, como suprema.

Acreditamos que a alma de outra pessoa tem sua natureza e tem determinadas

qualidades, que seja generosa e honesta, ou mesquinha e enganadora, virtuosa e

amigável ou viciosa e mal-humorada, da qual entrevemos apenas a aparência, um

pouco mais de um relance dela, sem na realidade sabermos seguramente. Confiamos

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 15/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

nossa sorte a uma pessoa no outro lado do mundo, a quem nunca vimos, na crença de

que ela seja honesta e confiável. Acreditamos que ocorrem acontecimentos com a

aquiescência de outras pessoas. Acreditamos que uma vontade age sobre outra, e na

verdade acontece uma multiplicidade de fenômenos que a Razão não consegue

explicar.

Mas não devemos acreditar no que a Razão negue autoritariamente, no que o

senso de direito recuse, no que seja absurdo ou contraditório. A Fé de uma pessoa

pertence tanto a ela quanto sua Razão. Sua Liberdade consiste tanto na liberdade de

sua fé quanto na incontrolabilidade de sua vontade pela força. Nenhum dos Sacerdotes

e adivinhos de Roma ou da Grécia teve direito de pedir a Cícero ou a Sócrates que

acreditassem na mitologia absurda do vulgar. Nenhum Imã do Islamismo tem o direito

de pedir a um Pagão que acredite que Gabriel ditou o Alcorão ao Profeta. Nenhum dos

Brâmanes que já viveram, se reunidos em um conclave como os Cardeais, receberiam

o direito de compelir um único ser humano a crer na Cosmogonia Hindu. Nenhuma

pessoa ou grupo podem ser infalíveis nem autorizados a decidir em que outras pessoas

devem acreditar como doutrina de fé. A não ser para aqueles que a receberam em

primeira mão, toda religião e a verdade de todos os escritos inspirados dependem do

testemunho humano e evidências internas e devem ser julgadas pela Razão e pelas

analogias sábias da Fé. Cada pessoa deve, necessariamente, ter o direito de julgar a

verdade da religião por si mesmo, porque nenhuma pessoa pode ter nenhum direito

mais alto ou melhor do que outra que tenha informação e inteligência iguais.

A Razão está longe de ser o único guia, em moral ou na ciência política. O

Amor, ou a bondade amorosa, deve manter como sua aliada a Razão para repudiar o

fanatismo, a intolerância e a perseguição para os quais a moralidade demasiadamente

ascética e princípios políticos extremos invariavelmente levam. Devemos também ter fé

em nós mesmos, nos nossos companheiros e no povo; outrossim, seremos facilmente

desencorajados pelos revezes e nosso ardor resfriado por obstáculos. Não devemos

escutar apenas a Razão. A Força vem mais da Fé e do Amor, e é com a ajuda destes

que a pessoa escala as mais elevadas alturas da moralidade, ou se torna Salvadora ou

Redentora de um Povo. A Razão deve manter o elmo, mas a Fé e o Amor originam a

força.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 16/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

São as asas da alma. O entusiasmo geralmente é irracional; e, sem ele e sem

Amor ou Fé, não teria existido, e nenhum dos grandes patriotas cujos nomes são

imortais.

É o GÊNIO que consegue Poder; e seus primeiros-tenentes são: a FORÇA e a

SABEDORIA.

O mais desregrado dos homens curva-se diante do líder que tem a capacidade

de ver e a vontade de fazer. É o Gênio que governa com o Poder Divino, que

desvenda, com seus conselheiros, os mistérios humanos escondidos, corta em

pedaços, com suas palavras, os nós enormes e reconstrói, com sua espada, as ruínas

desmoronadas. Ao seu relance caem os ídolos sem sentido, cujos altares antes

estiveram em todos os lugares altos e em todas as cavernas sagradas. A

desonestidade e a imbecilidade se inferiorizam diante dele. Seu simples Sim ou Não

revoga os erros das eras e é ouvido pelas gerações futuras. Seu poder é imenso

porque sua sabedoria é imensa. O Gênio é o Sol da esfera política. Força e Sabedoria,

seus ministros, são os globos que levam sua luz para as trevas e respondem a ele com

sua Verdade sólida e refletora.

O Desenvolvimento é simbolizado pelo uso do MALHO e do CINZEL: o

desenvolvimento das energias e do intelecto, do indivíduo e do povo. O Gênio pode

transformar-se na liderança de uma nação ignorante, deseducada e sem energias; mas

em um país livre o único modo de assegurar intelecto e gênio para os governantes é

cultivando o intelecto dos que os elegem. Poucas vezes o mundo é governado pelos

grandes espíritos, exceto depois de uma dissolução e do renascimento.

O grande intelecto muitas vezes é aguçado demais para o granito desta vida.

Legisladores podem ser pessoas muito comuns, porque a legislação é um trabalho

comum; é apenas a publicação final de um milhão de mentes.

O poder do pulso e da espada, comparado ao do espírito, é pobre e

contemplativo. Para as terras, podem-se ter leis agrárias e repartição igual. Mas o

intelecto de uma pessoa é apenas seu, um feudo inalienável. É a mais poderosa das

armas nas mãos do paladino. Se o povo compreende a Força no sentido físico, quanto

mais não a reverenciaria a Força intelectual!

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 17/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

A soberania da mente sobre a mente é a única conquista que vale a pena. A

outra fere ambas e dissolve-se a uma brisa; rústica como é, a grande corda cede e

finalmente se rompe.

O país livre, no qual o intelecto e o gênio governam, durará. Quando o intelecto

e o gênio obedecem e as outras influências governam, a vida nacional é curta. Todas

as nações que tentaram se governar pelos seus menores, pelos incapazes ou

meramente regulares, terminaram em nada.

Constituições e Leis, sem o Gênio e sem o Intelecto para governar, não evitarão

a queda. Nesse caso elas estão contaminadas e suas vidas se esvaem gradualmente.

O único modo seguro de perpetuar a liberdade é estendendo à nação a

concessão do Intelecto. Isto compelirá ao empenho e ao cuidado generoso por parte

dos que ocupam cargos mais altos e à lealdade honorável e inteligente daqueles que

ocupam os mais abaixo. Assim, a vida política pública protegerá todas as pessoas da

auto-degradação em buscas sensuais, de atos vulgares e voracidade vil,

desenvolvendo a ambição nobre de um governo justo. O grande labor no qual a

Maçonaria deseja estender uma mão auxiliadora é na elevação do povo mediante o

ensinamento de bondade amorosa e de sabedoria, com poder para o que ensina

melhor; e assim desenvolver o Estado livre a partir da Pedra Bruta.

Todos nós devemos trabalhar na construção do grande monumento da nação, a

Casa Sagrada do Templo. As virtudes cardeais não podem ser distribuídas entre as

pessoas, tornando-as propriedade exclusiva de alguns, como as profissões. TODOS

são aprendizes do Dever e da Honra. A Maçonaria é uma marcha e uma batalha em

direção à Luz. Para o indivíduo, assim como para a nação, Luz é Virtude, Humanismo,

Inteligência e Liberdade. A tirania sobre a alma ou sobre o corpo é a escuridão. Os

povos mais livres, assim como as pessoas mais livres, estão sempre correndo o perigo

de reincidir na servidão. Guerras quase sempre são fatais às Repúblicas. Criam tiranos

e consolidam seu poder. Emergem, na maioria das vezes, de conselhos daninhos.

Quando os pequenos e os ignóbeis são encarregados do poder, a legislação e a

administração tornam-se apenas séries paralelas de erros e ignomínias, terminando em

guerra e na necessidade de um tirano. Quando a nação sente seus pés escorregando

para trás, como se andasse sobre o gelo, é chegado o momento de um esforço

supremo. Os grandes tiranos do passado são meros modelos para os do futuro.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 18/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Pessoas e nações sempre se venderão à escravidão para gratificar suas paixões e

conseguir revanche. O pretexto do tirano, a necessidade, está sempre disponível e,

uma vez o tirano no poder, sua necessidade de garantir sua própria segurança o faz

selvagem. Religião é um poder e o tirano sente-se inclinado também a controlá-la e

freqüentemente vemos que até os representantes das religiões tornam-se tiranos

diante do fascinante poder que elas exercem.

Independentes, os santuários da religião podem se rebelar. Então passa a ser

ilegal adorar a Deus ao modo de cada um e os velhos despotismos espirituais revivem.

As pessoas têm que crer como o Poder quer, ou então morrem; e, mesmo se crerem

como querem, tudo o que têm, terras, casas, corpo e alma, estará carimbado com a

marca real. “Eu sou o Estado”, disse Luís XIV aos seus camponeses; “até as camisas

em suas costas são minhas e eu posso tirá-las, se quiser”.

As furiosas paixões humanas, a sonolenta indolência humana, a parva

ignorância humana, a rivalidade de castas humanas, são tão úteis para os reis como as

espadas para os Paladinos. E assim o Estado estéril flutua na corrente lamacenta do

Tempo até que a tempestade e a maré percebam que o verme consumiu suas forças e

o Estado desmorona para o esquecimento.

Liberdades civil e religiosa devem andar de mãos dadas; e a Opressão

amadurece a ambas.

Não é difícil acontecer despotismo em qualquer terra que, desde sua infância,

conheceu apenas um mestre; mas não existe nada mais difícil de se conseguir do que

aperfeiçoar e perpetuar o livre governo do povo por si mesmo, pois não será

necessário um rei: todos devem ser reis. Mas um governo livre cresce lentamente,

como as faculdades humanas individuais; e, como as árvores das florestas, desde o

âmago até a casca. A Liberdade não é apenas o direito natural de todos, mas é

perdida tanto por alguém que não a usa quanto por alguém que a usa de forma

errada. Depende mais do esforço universal do que de qualquer outra propriedade

humana. Ela não tem nenhum santuário ou nascente sagrada para onde a nação

peregrine, pois suas águas brotarão livremente de todo o solo.

Com o COMPASSO e a RÉGUA podemos traçar todas as figuras usadas na

matemática dos planos, que chamamos de GEOMETRIA e TRIGONOMETRIA, duas

palavras que, por si apenas, são deficientes de significado. GEOMETRIA, que na

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 19/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

maioria das Lojas é dito ser o significado da letra G∴∴∴∴, significa medição de terra ou da

Terra – ou Agrimensura; e TRIGONOMETRIA, a medição de triângulos, ou figuras de

três lados ou ângulos. Este último o nome é de longe mais apropriado para a ciência

que visa expressar a palavra “Geometria”. Nenhum desses nomes tem um significado

suficientemente amplo, pois, apesar das enormes medições de grandes espaços da

superfície da terra e das costas terrestres que são evitadas por marinheiros por medo

de naufrágios e calamidades, são realizadas através de triangulação; e era pelo mesmo

método que os astrônomos franceses mediram um grau de latitude e assim

estabeleceram uma escala de medidas em base imutável; porém, é por meio do

imenso triângulo que tem como base uma linha desenhada na imaginação entre a

posição da Terra no espaço, agora, e seu lugar há seis meses, e por ápice um planeta

ou estrela, que foi calculada a distância de Júpiter e Sirius até a Terra; e ainda existe

um triângulo ainda maior, sua base se afastando de nós em ambas as direções, para

depois do horizonte para a imensidão, e seu ápice indefinidamente distante, acima de

nós, ao qual corresponde um triângulo infinito semelhante abaixo – o que está acima é

igual ao que está em baixo, imensidade igual a imensidade; e a Ciência dos Números,

à qual Pitágoras deu tamanha importância e cujos mistérios podem ser encontrados

em todo lugar nas religiões antigas, não é suficientemente expresso nem pela palavra

“Geometria” nem pela palavra “Trigonometria”, pois aquela ciência inclui estas,

juntamente com a Aritmética, também com a Álgebra, Logaritmos e Cálculo Diferencial

e Integral; e por meio dela são tratados os grandes problemas da Astronomia ou as

Leis dos Astros.

A Virtude é mais do que bravura heróica fazer da coisa pensada uma realidade,

apesar de todos os inimigos de carne e osso ou de espírito, apesar de todas as

tentações ou ameaças.

As pessoas são responsáveis pela correção de sua doutrina, mas não pela sua

legalidade.

Um entusiasmo devotado é mais fácil do que uma boa ação. O fim do

pensamento é ação; o único propósito da Religião é uma Ética. Em ciência política, a

teoria é inútil, exceto se tiver como fim ser, na prática, transformada em realidade.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 20/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Em todos os credos, tanto religiosos, políticos e na alma das pessoas, existem

duas regiões, a Dialética e a Ética; acontece uma perfeita harmonia somente quando

as duas estão perfeitamente misturadas.

Existe um sem número de homens que, dialeticamente, são Maçons, porém

eticamente infiéis, pois são eticamente Profanos, no sentido estrito: crentes

intelectuais, mas ateus na prática; pessoas que escreveriam “Evidências”, em perfeita

sintonia com suas lógicas, mas que não são capazes de efetivamente seguir Maçônica,

devido à força ou fraqueza da carne. Por outro lado, existem muitos céticos dialéticos,

mas eticamente crentes, como existem muitos Maçons que nunca passaram pela

iniciação; e, como a ética é o fim e o propósito da religião, estes crentes éticos são os

mais valiosos.

Aquele que faz o certo é melhor do que o que pensa corretamente.

Mas você não deve agir com base na hipótese de que todas as pessoas cuja

conduta não estiver alinhada com seus sentimentos são hipócritas. A inexistência de

algum vício é mais rara, porque nenhuma tarefa é mais difícil do que a hipocrisia

sistemática. Quando o Demagogo se torna um Usurpador, não se deduz que ele foi

hipócrita todo o tempo. Pessoas de baixo nível não são bons juízes de outras.

Na Maçonaria, à menor manifestação da paixão, um falará mal do outro pelas

costas; e estará tão longe da realidade da “Fraternidade” e, sendo atendidas as

promessas solenes contidas no uso da palavra “Irmão”, serão feitos esforços dolorosos

para mostrar que a Maçonaria é uma espécie de abstração que despreza a

interferência nos assuntos terrenos. A Maçonaria não modifica a natureza humana e

não consegue transformar patifes em homens honestos.

Enquanto você ainda está envolvido na sua preparação e acumulando princípios

para uso futuro, não se esqueça destas palavras: “Pois se alguém for um ouvinte da

palavra, e não um executor dela, ele será como o homem que observa seu rosto no

espelho, e se afasta: imediatamente se esquece de que espécie de homem era; mas

quem olhar para a lei perfeita da Liberdade e continuar, não sendo um ouvinte

esquecido, mas um realizador de trabalho, este homem será abençoado em seu

trabalho”.

Tampouco se esqueça de que, como o exibicionista, superficial, impudico e

convencido será sempre preferido, mesmo na extrema tensão do perigo e na

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 21/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

calamidade do Estado, às pessoas de profundos conhecimentos e amplo intelecto, pois

ela estará mais próxima do nível comum, popular e legislativo e aí a verdade mais alta

não é aceitável à massa da humanidade.

Quando perguntaram a Sólon se ele havia dado aos seus patrícios as melhores

leis, respondeu: “As melhores que eles são capazes de receber”. Esta é uma das

expressões mais profundas já proferidas e registradas; e, tal como todas as grandes

verdades, tão simples que é raramente compreendida. Ela contém toda a filosofia da

História. Expressa uma verdade que, se houvesse sido reconhecida, teria evitado às

pessoas uma imensidade de disputas vãs e inúteis, e, no Passado, as teria levado por

caminhos mais tranqüilos ao conhecimento. Significa que todas as verdades são

Verdades de um Período, não verdades da eternidade; que qualquer grande fato que

tenha tido força e vitalidade suficientes para fazer-se real, seja fato religioso, moral,

governamental ou qualquer outro, e encontrar lugar neste mundo, foi uma verdade

temporária, tão boa quanto nós, pessoas, seríamos capazes de receber.

Da mesma forma com grandes homens. O intelecto e a capacidade de um povo

têm uma única medida – a dos grandes homens a quem a Providência os dá e de

quem os recebe. Sempre houve pessoas grandiosas demais para seu tempo e para seu

povo. Todo povo faz dessas pessoas seus ídolos, apenas na medida em que consegue

compreendê-las.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 22/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

QUARTA INSTRUÇÃO

As explicações populares dos símbolos da Maçonaria se adequam à multidão

que se aglomera nos Templos: chegam apenas até o máximo de sua capacidade. As

doutrinas de ZOROASTRO foram as melhores que os antigos Persas estavam em

condições de receber; as de CONFÚCIO se adequaram aos Chineses; as de MAOMÉ

para os Árabes, então idólatras. Cada qual foi uma Verdade para a época. Cada qual

foi um EVANGELHO, pregado por um REFORMADOR; e, se algumas pessoas forem

tão desafortunadas a ponto de satisfazerem-se apenas com elas, quando outras

alcançaram uma verdade mais elevada, são desafortunadas, mas não culpadas.

Merecem piedade, não perseguição.

Não pense ser fácil convencer as pessoas da verdade nem levá-las a pensar

corretamente.

O sutil intelecto humano é capaz de lançar sua neblina até sobre a visão mais

clara. Lembre-se de que não é natural pedir-se unanimidade de um júri; mas é

surpreendente pedi-la, a respeito de qualquer ponto de credo político, de um grande

número de pessoas. Mal se consegue fazer com que duas pessoas de qualquer

Congresso ou Convenção concordem; não: raramente se consegue fazer uma pessoa

concordar com ela mesma. A igreja política que tenta ser suprema em todo lugar tem

um número indefinido de idiomas. Então, como podemos esperar, das pessoas, que

concordem quanto a um assunto fora do alcance de seus sentidos? Como então como

podemos submeter o Infinito e o Invisível a qualquer algema da evidência? Pergunte

às pequenas ondas do mar o que elas murmuram entre os pedregulhos!

Quantas daquelas palavras que vêm daquela praia invisível estarão perdidas,

como os pássaros na longa migração? Quão em vão forçamos nossa vista através do

longo infinito!

O Companheiro é assim ensinado, principalmente para não se considerar sábio.

Orgulho em teorias sem solidez é pior do que a ignorância. A Humildade faz um

Maçom. Tome algum momento da vida, quieto e sóbrio, e some as duas idéias de

Orgulho e Homem; e observe a criatura minúscula, andando arrogantemente através

do espaço infinito, em toda a grandeza de sua pequenez! Empoleirada numa partícula

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 23/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

do Universo; cada vento do Céu injeta em seu sangue a frieza da morte; sua alma vai-

se de seu corpo, flutuando, como uma melodia sai da corda de um instrumento. Dia e

noite, como poeira na roda, ele é jogado à deriva pelos céus através de um labirinto de

mundos. Poderá esta pessoa fazer para si mesma uma coroa de glória, negar sua

própria carne, zombar de seu semelhante, que saiu com ela daquela poeira, e para a

qual ambas logo retornarão? Será que o homem orgulhoso não erra? Não sofre? Não

morre? Quando raciocina, nunca é interrompido por dificuldades? Quando age, será

que nunca sucumbe às tentações do prazer? Quando vive, estará livre da dor? Ou as

doenças não clamam por ele? Quando morre, poderá escapar do túmulo igual ao dos

demais? O orgulho não é herança humana.

A Humildade deve dar ênfase à fragilidade e reparar a ignorância, o erro e a

imperfeição.

Tampouco deve o Maçom ser ansioso demais por cargo ou honraria, mesmo

que certamente possa sentir que tem capacidade de servir o seu Estado. Não deve

buscar nem rejeitar honrarias.

A educação começa com a queima de nossos ídolos intelectuais ou morais:

nossos preconceitos, noções, conceitos, nossos propósitos sem valor ou ignóbeis. É

necessário nos livrarmos do amor pelas vantagens mundanas. Com a Liberdade vem a

aspiração pela evolução humana. Nesta corrida, as pessoas estão continuamente

caindo, levantando-se, correndo e caindo novamente. A ânsia por riqueza e o horror à

pobreza cavam sulcos em muitas testas nobres.

Precisamos sempre ter em mente a idéia de trabalho verdadeiro. O descanso

após o trabalho será mais doce do que o descanso que segue o descanso.

Que nenhum Companheiro Maçom imagine que o trabalho dos menos

favorecidos e menos influentes não tem valor. Não existe limite legal para as

influências possíveis de uma boa ação, de uma palavra sábia ou de um esforço

generoso. Nada é realmente pequeno.

Do ponto de vista político, existe apenas um princípio: a soberania da pessoa

sobre ela mesma. Esta soberania de uma pessoa sobre ela mesma é chamada de

LIBERDADE. Aonde duas ou muitas destas soberanias se associam começa o Estado.

Mas não existe abdicação nesta associação. Cada soberania reparte uma certa porção

de si mesma para formar o direito comum.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 24/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Tal porção é a mesma para todos. Existe contribuição igual de todos para a

soberania conjunta.

Esta identidade de concessão que cada um de nós faz para todos é

IGUALDADE. O direito comum não é nada mais e nada menos do que a proteção de

todos, derramando seus raios em cada um.

E a proteção a cada um, vinda de todos, é a FRATERNIDADE.

A Liberdade é o topo e a Igualdade é a base. A Igualdade não é toda a

vegetação em um único nível, uma sociedade de hastes de grama e carvalhos

atrofiados, um bairro de ciúmes, se emasculado mutuamente. É civismo, todas as

aptidões tendo oportunidades iguais; do ponto de vista político, todos os votos terem o

mesmo peso; do ponto de vista religioso, todas as consciências terem os mesmos

direitos.

O discurso, também, tem sido mal utilizado nas Repúblicas; e, se o uso do

discurso pode ser glorioso, seu mau uso é o mais vilão dos vícios. Platão diz que a

Retórica é a arte de dirigir as mentes das pessoas. Mas, nas democracias, é muito

comum esconder-se o pensamento em palavras, encobri-lo, dizer absurdos através de

“discursos vazios”. Os reflexos e o brilho das bolas de sabão intelectuais são

confundidos com os gloriosos arcos-íris dos gênios. Existem homens e mulheres falsos,

todos peritos em esgrimir suas línguas: prodígios no discurso, miseráveis em obras.

Excesso de conversa, tal como excesso de raciocínio, destrói o poder da ação. Na

natureza humana, o pensamento só é perfeito se houver realização. O silêncio é a mãe

de ambos. O grande realizador de grandes obras geralmente é lento e desleixado no

discurso.

É verdade que as repúblicas apenas ocasionalmente, quase que

acidentalmente, selecionam seus mais sábios, ou até os menos incapazes entre os

incapazes para governá-las e legislar por elas. Se o gênio, armado com erudição e

conhecimento, agarrar as rédeas, o povo irá reverenciá-lo; se, com modéstia, oferecer-

se para o cargo, será duramente atingido na face, mesmo se ele, em meio às

dificuldades e agonias da calamidade, seja indispensável para a salvação do Estado.

Coloque-o sobre a trilha com o exibicionista e superficial, o presunçoso, o

ignorante e impudico, o malandro e charlatão, e o resultado não será dúbio nem por

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 25/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

um momento. Os veredictos das Legislaturas e do Povo são como os veredictos dos

júris – algumas vezes certos por acidente.

O país é esfaqueado na testa quando aqueles que deveriam esquivar-se para

corredor obscuro são trazidos para os assentos reluzentes. Todos os resquícios de

Honra, mal seguros, são roubados do Tesouro do Mérito.

Porém, por mais palpáveis e graves que sejam os defeitos dos governos

democráticos, e por mais inevitáveis e fatais que sejam os resultados, devemos apenas

nos lembrar dos reinados dos déspotas e tiranos da Antiguidade, para perceber que a

diferença entre liberdade e despotismo é tão grande quando a que existe entre o Céu

e o Inferno. A crueldade, a baixeza e insanidade dos tiranos são incríveis.

A República que emprega e louva o ínfimo, o superficial, o baixo, “quem se

humilha perante as sobras de um cargo prometido”, ao final chora lágrimas de

sangue por seu erro fatal. O fruto garantido de tal insensatez é a maldição. Deixemos

a nobreza de cada grande coração, condensada em justiça e verdade, atingir essas

criaturas como um raio! Se você não puder fazer mais, pelo menos pode condená-lo

com seu voto e pô-lo no ostracismo com sua denúncia.

O homem é cruel por natureza. O bárbaro – a ferramenta do tirano – e o

fanático civilizado, apreciam os sofrimentos dos outros, como as crianças apreciam as

contorções de moscas mutiladas. Poder absoluto, se temer pela segurança de sua

manutenção, só pode ser cruel.

Finalmente, em um governo livre, as Leis e a Constituição estão acima dos

Incapazes, as Cortes corrigem suas leis, e a posteridade é o Grande Inquérito que as

julga.

Além disso, teorias políticas falsas e abjetas terminam por brutalizar o Estado.

Por exemplo, adotam a teoria de que cargos e empregos devem ser dados como

prêmios por serviços prestados ao partido, e tornam-se a pilhagem e o espólio dos que

governam, o saque da vitória da facção. O corpo da comunidade torna-se uma massa

de corrupção. No final, todas essas teorias desenvolvem-se em uma ou outra

enfermidade infame e repugnante do corpo político. O Estado, assim como as pessoas,

devem envidar constantes esforços para se manterem nos Caminhos da Virtude e do

Humanismo.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 26/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

O hábito da propaganda eleitoral e da mendicância por cargos culmina em

suborno com o cargo e em suborno no cargo.

Devemos nos lembrar de que em Estados livres, tal como nos despotismos, a

Injustiça, esposa da Opressão, é fértil progenitora da Fraude, Desconfiança, Ódio,

Conspiração, Traição e Deslealdade.

O governo da França tornou-se centralizado, mais pela apatia e ignorância de

seu povo do que pela tirania de seus reis. Quando a vida paroquial mais íntima for

entregue à guarda do Estado, e quando o conserto do campanário de uma igreja no

interior só pode ser feito com uma ordem escrita do poder central, o povo está em

decrepitude. E assim as pessoas são criadas na imbecilidade, desde o alvorecer da vida

social. Quando o poder central alimenta parte da população, está preparando todos

para a escravatura.

Escolha os pensadores para serem Legisladores e evite os tagarelas. A

Sabedoria raramente é loquaz. Peso e profundidade de pensamento não favorecem a

volubilidade. As pessoas pequenas e superficiais geralmente são volúveis e muitas

vezes parecem eloqüentes. Mais palavras, menos pensamento – é a regra geral. A

pessoa que se esforça para em cada sentença dizer algo que valha a pena nos

lembrarmos se torna fastidiosa. As pessoas vulgares adoram verbosidade difusa. A

ornamentação que não cobre a força é a futilidade das palavras sem sentido.

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 27/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

QUINTA INSTRUÇÃO

A ESPADA também é o símbolo da guerra e do soldado. As guerras, assim

como as tempestades de raios, foram muitas vezes necessárias para purificar a

atmosfera estagnada. A guerra por vezes restaurou a Fraternidade com letras de fogo.

Quando as pessoas estão sentadas em seus lugares confortáveis, afundados

em facilidades e indolência, com a ambição, a incapacidade e a pequenez usurpando

todos os altos postos do Estado, a batalha torna-se o batismo de sangue e fogo

mediante o qual elas podem ser renovadas.

É o furacão que traz o equilíbrio elemental, a concordância do Poder com a

Sabedoria. Enquanto estes continuarem obstinadamente divorciados, a ESPADA

continuará a castigar.

Na mútua atração das nações com uma divindade, existe o reconhecimento de

sua força. Ilumina os faróis da Fé e da Esperança e aquece a fornalha ruinosa da

derrota, o inextinguível senso de Dever, o excitante senso de Honra, o sacrifício solene

incomensurável da devoção e o incenso do sucesso. Mesmo na chama e na fumaça da

batalha, o Maçom descobre seu irmão e cumpre as sagradas obrigações de

Fraternidade.

O Grau de Companheiro como já mencionado estrutura-se pela combinação da

Arquitetura, sublime materialização das Ordens Arquitetônicas da Antiguidade, com as

sete mais nobres artes e ciências da Humanidade.

Resumidamente temos a seguinte descrição das Sete Artes e Ciências Liberais,

entretanto, sabemos que é necessário que todo Maçom, mormente um Companheiro,

dedique-se ao estudo apurado e sua correta aplicação na construção e

aperfeiçoamento do Templo Interior, através de suas definições e significados ocultos.

Estas se organizam em dois grupos, o TRIVIUM – que envolve as artes da coerência

e do bem expressar, e o QUADRIVIUM – que englobam as quatro ciências

necessárias que formam a base da Humanidade.

O Trivium é composto pela:

GRAMÁTICA: A Gramática ensina o arranjo apropriado das palavras conforme

o idioma ou dialeto de determinado país ou povo e a perfeição da pronúncia que

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 28/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

possibilita a falar e escrever a linguagem com correção e precisão, adequada à razão,

autoridade e às regras da literatura;

RETÓRICA: Ensina a falar com exuberância e fluência sobre qualquer tema,

independentemente da precisão, mas, com as vantagens do vigor e da elegância,

articulando com sabedoria para cativar o ouvinte pela solidez de argumentação e

beleza de expressão, seja para instruir, exortar, admoestar ou aplaudir; e

LÓGICA: Orienta a guiar criteriosamente a nossa razão no conhecimento geral

das coisas e a direcionar nossas pesquisas para a verdade, tanto para instruir aos

outros quanto para o nosso próprio aperfeiçoamento. Consiste na sucessão regular de

argumentos pelos quais nós inferimos, deduzimos e concluímos e concordamos com

certas premissas colocadas, admitidas ou aceitas. Nela são empregadas as faculdades

de conceber, arrazoar, julgar e dispor, todas num encadeamento natural e gradual até

que seja finalmente determinado o ponto em questão.

O Quadrivium é composto pela:

ARITMÉTICA: que trata das forças e das propriedades dos números por meio

de títulos, tabelas, quadros e instrumentos. Por esta arte são dadas razões e feitas

demonstrações para encontrar determinado número que tenha relação ou afinidade

com outro já conhecido;

MÚSICA: que nos ensina a arte de formar acordes e gerar uma agradável

harmonia pelo arranjo proporcional e matemático de sons graves, agudos e suas

combinações. Esta arte, por uma variedade de experimentações, redunda em uma

ciência demonstrativa com respeito aos tons e intervalos de sons. Pesquisa a natureza

das concordâncias e discordâncias, capacitando-nos a encontrar a proporção por

números, jamais sendo empregada com mais adequação do que para louvar o Grande

Geômetra do Universo;

ASTRONOMIA: É aquela arte Divina pela qual somos ensinados a ler a

Sabedoria, a Força e a Beleza do Criador Onipotente nas páginas sagradas da esfera

celeste. Com a ajuda da Astronomia podemos observar os movimentos, medir as

distâncias, avaliar as grandezas e calcular os períodos e eclipses dos Corpos Celestes;

é também por ela que aprendemos a usar os Globos, o sistema do Universo e as leis

da Natureza;

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 29/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

E a mais importante para a Maçonaria: a GEOMETRIA, a primeira e mais

nobre das ciências, que é a base sobre a qual está erigida a estrutura da Maçonaria.

Com a Geometria podemos cuidadosamente acompanhar a natureza através de suas

várias ramificações até os seus mais profundos recantos. Com ela podemos discernir o

poder, a sabedoria e a bondade do Grande Geômetra do Universo e, visualizar com

indizível admiração as belas proporções que ligam e embelezam este vasto sistema. É

com ela que podemos descobrir como os planetas se movem em suas órbitas e

demonstrar matematicamente suas revoluções. Ainda, a prever racionalmente as

estações do ano e a variedade de cenários que cada uma proporciona aos nossos

olhos. Temos um número infinito de mundos à nossa volta, todos formados pelo

mesmo artista divino e que orbitam no espaço imenso, regidos pela mesma invariável

lei da natureza. Ao atentarmos para esses elementos é que nos deparamos com o

quanto temos de nos aperfeiçoar e de quão grandes idéias deve tal conhecimento

permear nossas mentes. Foi a pesquisa da natureza e uma observação das suas

admiráveis proporções que induziram os homens a imitar o plano divino e a estudar

simetria e ordem. Daí surgiu a sociedade e foram geradas todas as artes úteis. O

arquiteto começou a desenhar e os projetos que concebeu, aperfeiçoados no tempo e

pela experiência, geraram algumas das excelentes obras que tem sido alvo de

admiração em todos os tempos.

Neste ponto as ciências do Quadrivium encontram as origens simbólicas

apresentadas pela Escola Pitagórica e representadas através do número de ouro ou

proporção áurea. As idéias da Escola Pitagórica são o prelúdio do simbolismo dos

números que posteriormente serão apresentados. A base filosófica da Escola Pitagórica

iniciou-se com o matemático Tales de Mileto (640-550 a.C.), pai da matemática grega,

astrônomo e filósofo, sendo considerado um dos Sete Sábios da Grécia. Sendo também

um rico mercador, seus deveres profissionais o levaram ao Egito, a principal fonte de

informação sobre as teorias matemáticas e geométricas para a Grécia. Foi Tales que

aconselhou um de seus alunos a visitar o Egito – e esse aluno era Pitágoras.

Pitágoras é considerado um dos grandes matemáticos da Antiguidade. Nascido

por volta de 580 a.C. na ilha grega de Samos, viajou bastante pelo mundo, tendo

visitado o Egito e Babilônia, onde entrou em contacto com matemáticos, tendo

conhecimento dos seus estudos sobre os conjuntos de números, agora com o seu

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 30/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

nome, os triplos pitagóricos, e que já eram conhecidos dos cientistas e matemáticos

babilônicos há mais de 1500 anos.

Ao retornar à Grécia, Pitágoras abandonou a ilha de Samos e mudou-se para

Crotona, cidade do sul da Itália, cidade-colônia da Grécia. Em Crotona, nos arredores

estéreis e rudes da ponta de Itália, Pitágoras fundou uma sociedade secreta dedicada

ao estudo dos números. Julga-se que esta sociedade, cujos membros se tornaram

conhecidos como pitagóricos, desenvolveu uma parte significativa de conhecimento

matemático e isso em segredo absoluto. Pode-se considerar que os pitagóricos eram

uma ordem religiosa e uma escola filosófica.

É-lhe atribuída a descoberta do Teorema de Pitágoras, que tem uma forte

influência nos triplos pitagóricos. O teorema em si teve origem na Babilônia, séculos

antes, visto que os Babilônios compreendiam muito bem os triplos pitagóricos, cuja

característica é o primeiro número ser um quadrado igual à soma de outros dois

números quadrados. Os números 25, 16 e 9 formam um triplo pitagórico, porque 25 =

16+9. No entanto, os pitagóricos relacionaram-no com a geometria, generalizando o

problema para além dos números naturais.

Os pitagóricos acreditavam firmemente que a essência de tudo, quer na

geometria, quer nas questões praticas e teóricas da vida do homem, podia ser

explicada através das propriedades dos números inteiros e/ou das suas razões. A

Pitágoras deve-se também o conceito geométrico do espaço, como ente contínuo e

ilimitado, o estudo e construção dos poliedros regulares e o dos polígonos.

Pelo estudo das propriedades das figuras, traduzindo-se por meio de relações

entre números, e das propriedades dos números em relação com a geometria, chegou

à noção de número irracional e de grandezas incomensuráveis.

A Escola Pitagórica organizou-se em torno de um método, cuja filosofia se

baseava no lema "O número é tudo", isto é o "número era a substância de todas as

coisas".

O que pretendiam afirmar era que não só todos os objetos conhecidos tinham

um número, ou podiam ser ordenados e contados, mas também que os números eram

a base de todos os fenômenos físicos. Por exemplo, uma constelação no céu podia ser

caracterizada não só pela sua forma geométrica como também pelo número de

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 31/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

estrelas que a compunham, bem como ela própria podia ser a representação de um

número.

Qualquer figura geométrica, assim como qualquer corpo físico era, supunham,

constituído por um determinado número de átomos ou mónodas, número esse que

poderia ser muito grande, mas finito. A mónada era a unidade material, uma "unidade

dotada de posição", muito pequena, mas com certa extensão: era um "ponto extenso".

Adoravam os números e acreditavam que eles tinham propriedades mágicas. Um

número interessante foi o número "perfeito", que é a soma dos seus fatores

multiplicativos.

As preocupações dos pitagóricos com os números faziam parte do espírito de

uma religião, e o seu modo de vida ascético e o fato de serem vegetarianos tinham

origens em crenças religiosas. Um aspecto importante da vida dos pitagóricos, com

regras dietéticas, adoração de números e reuniões secretas e rituais, era a realização

de estudos matemáticos e filosóficos como uma base moral.

Os pitagóricos acreditavam firmemente que a essência de tudo, quer na

geometria, quer nas questões práticas e teóricas da vida do homem, podia ser

explicada em termos de arithmos, isto é, através das propriedades intrínsecas dos

números inteiros ou das suas razões. Os números estavam sempre ligados à contagem

de coisas. Ora a contagem requer que a unidade individual permaneça a mesma e,

portanto, a unidade nunca podia ser dividida. Por causa de considerarem o número

como a base do Universo, todas as coisas podiam ser contadas, incluindo os

comprimentos. Para contar um comprimento era necessária uma medida e os

pitagóricos assumiram que podiam sempre encontrar uma unidade de medida. Assim

que uma medida fosse achada num problema particular, tornar-se-ia a unidade e não

podia ser dividida.

Entendiam o que hoje chamamos de racionais como a razão ou quociente de

números naturais. Os números racionais serviram também aos pitagóricos para

interpretar problemas do domínio da Música, uma das quatro disciplinas fundamentais

(as outras três eram: a Geometria, a Aritmética e a Astronomia). Os pitagóricos

descobriram que a harmonia na música correspondia a razões simples entre números.

De acordo com Aristóteles, os pitagóricos pensavam que todo o céu era composto por

escalas musicais e números. A harmonia musical e os desenhos geométricos levaram

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 32/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

os pitagóricos a acreditar que tudo se resumia a números. Os pitagóricos pensavam

que as razões numéricas básicas da música envolviam apenas os números 1, 2, 3 e 4,

cuja soma é 10. E 10, por sua vez, é a base do nosso sistema de numeração.

Representavam o número 10 como um triângulo, ao qual chamaram tetraktys.

A descoberta de grandezas que não podiam representar por um número inteiro

nem por uma fração de números inteiros, às quais deram o nome de alogon, que

quer dizer o inexprimível, surpreendeu e chocou estes diligentes admiradores dos

números, originando uma crise nos fundamentos da Matemática. Juraram nunca o

revelar a ninguém fora da sua sociedade, mas a notícia espalhou-se e a lenda diz que

Pitágoras afogou o membro que divulgou ao mundo o segredo da existência dos

estranhos números irracionais.

Pitágoras morreu por volta de 500 a.C. e não deixou

nenhum registro escrito do seu trabalho. O centro de Crotona foi

destruído por um grupo rival político, sendo a maioria dos seus

membros morta, e os restantes dispersaram-se pelo mundo grego

levando a sua filosofia e o misticismo dos números.

O Número de Ouro é um número irracional misterioso e

enigmático que nos surge em uma infinidade de elementos da

natureza na forma de uma razão, sendo considerada por muitos como uma oferta de

Deus ao mundo.

A designação adotada para este número, Φ (Phi maiúsculo), é a inicial do nome

de Fídias que foi escultor e arquiteto encarregado da construção do Pártenon, em

Atenas.

Um exemplo desta maravilha é o fato de que se desenharmos um retângulo

cujos lados tenham uma razão entre si igual ao Número de Ouro este pode ser dividido

num quadrado e noutro retângulo em que este tem, também ele, a razão entre os dois

lados igual ao número de Ouro. Este processo pode ser repetido indefinidamente

mantendo-se a razão constante.

A história deste enigmático número perde-se na antiguidade. No Egito as

pirâmides de Gisé foram construídas tendo em conta a razão áurea: a razão entre a

altura de uma face e a metade do lado da base da grande pirâmide é igual ao número

de ouro. O Papiro de Rhind (Egípcio) refere-se a uma “razão sagrada” que se crê ser

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 33/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

o número de ouro. Esta razão ou secção áurea surge em muitas estátuas e

construções da Antiguidade.

Construído muitas centenas de anos depois (entre 447 e 433 a.C.), o Partenon

Grego, templo representativo do século de Péricles contém a razão de Ouro no

retângulo que contêm a fachada (Largura/ Altura), o que revela a preocupação de

realizar uma obra bela e harmoniosa. O escultor e arquiteto encarregado da construção

deste templo foi Fídias. A designação adotada para o número de ouro é a inicial do

nome deste arquiteto – a letra grega Φ (Phi maiúsculo).

Os Pitagóricos usaram também a secção de ouro na construção da estrela

pentagonal – símbolo máximo da perfeição divina e resumo de todo o conhecimento e

sabedoria.

O símbolo especial da ordem pitagórica era a estrela de cinco vértices inscrita

em um pentágono. As diagonais que formam a estrela intersectam-se de tal maneira

que formam outro pentágono, menor, na direção inversa. Se as diagonais dentro deste

pentágono menor forem desenhadas, formarão ainda outro pentágono, e assim

sucessivamente. Este pentágono e a estrela nele inscrita composta por diagonais têm

propriedades fascinantes, que os pitagóricos pensavam serem místicas. Um ponto

diagonal (intersecção de duas diagonais) divide uma diagonal em duas partes

diferentes. A razão entre a totalidade da diagonal e o segmento maior é exatamente

igual à razão entre o segmento maior e o segmento menor. Esta razão é designada por

número de ouro.

Não conseguiram exprimir como quociente entre dois números inteiros, a razão

existente entre o lado do pentágono regular estrelado (pentagrama) e o lado do

pentágono regular inscritos numa circunferência. Quando chegaram a esta conclusão

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 34/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

ficaram muito espantados, pois tudo isto era muito contrário a toda a lógica que

conheciam e defendiam que lhe chamaram irracional. Foi o primeiro número irracional

de que se teve consciência que o era. Este número era o número ou secção de ouro

apesar deste nome só lhe ser atribuído uns dois mil anos depois.

Posteriormente, ainda os gregos consideraram que o

retângulo cujos lados apresentavam esta relação

apresentava uma especial harmonia estética que lhe

chamaram retângulos áureos ou retângulos de ouro,

considerando esta harmonia como uma virtude excepcional.

Endoxus foi um matemático grego que se tornou conhecido

devido à sua teoria das proporções e ao método da exaustão, criou uma série de

teoremas gerais de geometria e aplicou o método de análise para estudar a secção que

se acredita ser a secção de ouro. Um triângulo dourado também chamado sublime

triângulo, é um triângulo isóscele cujo raio da base é a razão dourada, sendo este

triângulo dividido em agudo e obtuso. Um pentágono pode ser subdividido em dois

triângulos dourados obtusos e um agudo.

Desde tempos remotos que o número de ouro é aplicado na arte. O retângulo

de Ouro é reconhecido como sendo a forma visualmente mais equilibrada e

harmoniosa. O número de ouro traduz a proporção geométrica mais conhecida e usada

na pintura, escultura e arquitetura clássicas, renascentistas e pós-modernistas que se

baseia no seguinte princípio: "seccionar um segmento de reta de tal forma que a parte

menor esteja para a maior como este está para o todo", o que pode ser representado

geometricamente através da seguinte fórmula AB: AC = AC: CB.

O retângulo de ouro expressa movimento porque este permanece numa espiral

até ao infinito e mostra beleza porque a Razão de Ouro é agradável à vista. No

passado o verso dourado parecia ser considerado como uma propriedade geométrica e

não havia nenhuma razão aparente para se tentar associá-lo em uma fórmula

matemática.

Heron de Alexandria foi o primeiro a iniciar o cálculo aproximado do número

dourado e seu trabalho fornece valores aproximados para a relação entre a área do

pentágono e a área do quadrado de um de seus lados. Com o desenvolvimento da

álgebra realizado pelos árabes, a determinação do valor correto do número dourado se

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 35/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

desenvolve, sendo que as influências destes matemáticos atingem a Itália

renascentista. Lucca Pacioli foi o primeiro autor renascentista a abordar o número

dourado na obra Da Divina Proportione, coletando resultados a partir das

proposições de Euclides e outras fontes gregas e árabes sobre o número dourado,

determinando empiricamente que o mesmo seria um número irracional. Sobre o tema

Lucca Pacioli escreveu: “Parece-me que o nome apropriado deste tratado deva ser A

Proporção Divina. Isto pois há vários atributos similares que descobri nesta proporção

– todos originários do próprio Criador...” Ele apresenta então cinco destes atributos,

sendo o mais interessante o seguinte: “Assim como Deus não pode ser

apropriadamente definido, nem pode ser entendida através de palavras, do mesmo

modo esta proporção não pode ser mesmo designada através de números inteligíveis,

nem pode ser expressa através de quantidades racionais, pois sempre permanecerá

oculta e secreta, e por esse motivo é chamada irracional pelos matemáticos”.

O primeiro cálculo conhecido do número dourado, considerando-se a

irracionalidade de seus números foi apresentado em uma carta escrita em 1597 por

Michael Maestlin, reitor da Universidade de Tübingen a seu antigo aluno, Johannes

Kepler. Ele afirma ser “aproximadamente 0,6180340” o comprimento de um segmento

de linha de valor igual a 1 dividido pelo número de ouro. O valor correto é

0,618033988... e foi desenvolvido por Kepler em outros trabalhos. O sentimento

místico que envolve o número dourado era extremamente atraente a diversos

cientistas, esotéricos e filósofos, muitos deles ligados à transformação da Maçonaria de

Operativa à Simbólica, culminando com a fundação da Grande Loja da Inglaterra em

1717, pelos ‘aceitos’ ligados principalmente à Sociedade Real de Artes e Ciências, cujo

presidente à época era Sir Isaac Newton. Christopher Wren, o último Grão-mestre dos

maçons operativos, e Jean-Theophile Desagulliers, Grão-mestre dos Simbólicos e um

dos redatores da famosa Constituição de Anderson faziam parte dessa Sociedade.

FIM DAS INSTRUÇÕES DE COMPANHEIRO

Instruções do Grau de Companheiro Maçom revisão 2006 36/36

AUG∴∴∴∴ RESP∴∴∴∴ LOJ∴∴∴∴ SIMB∴∴∴∴ HARMONIA E CONCÓRDIA 3522 Grande Oriente do Brasil – Grande Oriente de São Paulo

INSTRUÇÕES DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

Bibliografia As presentes instruções são uma compilação dos trabalhos publicados em duas obras

fundamentais para o entendimento dos conceitos do R∴E∴A∴A∴ escritas e elaboradas por Albert Pike, além de explicações complementares existentes nas obras de Albert G. Mackey, realizadas pela Comissão de Revisão de Instruções da A∴R∴L∴S∴ Harmonia e Concórdia 3522 constituída pelos IIr∴ Afonso Rodrigues de Aquino, M∴I∴, Fábio Rogério Pedro Cyrino, M∴I∴, João Carlos Colucci, M∴I∴ Jorge Pedro Cyrino, M∴I∴ e Ricardo Nicola Cernic, M∴ M∴

MACKEY, Albert G. – Encyclopaedia of Freemasonry: Its kindred sciences, comprising the whole range of arts, sciences and literature as connected with the Institution; Montana: Kessinger Publishing, 2000 (facsimile) 1856 (original). PIKE, Albert – Morals and Dogma of Antient and Accept Scottish Rite; Charleston: Supreme Council of AASR of Southern Jurisdiction, 1872 (original). PIKE, Albert – O Pórtico e a Câmara do Meio; trad. Fábio Cyrino; São Paulo: Landmark, 2002. OBRAS DE REFERÊNCIA ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia (4 v.). Londrina: A Trolha, 2003. BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento, s.d. CASTELLANI, José. A Ação Secreta da Maçonaria na Política Mundial. S. Paulo: Landmark, 2002. CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito. Londrina: A Trolha, 1999. CASTELLANI, José. O Supremo Conselho no Brasil – R∴E∴A∴A∴ . Londrina: A Trolha, 2002. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 2000. SAUNIER, Eric (org.). Encyclopédie de la Franc-Maçonnerie. coleção Encyclopédie d’Aujourd’hui. Paris : La Pochotèque (Le livre de poche), 2000.