31 DE JULHO DE 2007 · 31 DE JULHO DE 2007 499º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da...

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31 DE JULHO DE 2007 499º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense – AGROPACTO – TEMA: “Oportunidades e Limitações da Cadeia Produtiva do Caju – Segmento Industrial da Castanha” PALESTRANTE: Dr. ANTONIO JOSÉ GOMES TEIXEIRA DE CARVALHO, Presidente do SINDICAJU. DEBATEDOR: Dr. HUGO SANTANA DE FIGUEIREDO JÚNIOR, Consultor da Empresa USAID/Brasil.

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31 DE JULHO DE 2007

499º Encontro Semanal do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense

– AGROPACTO –

TEMA: “Oportunidades e Limitações da Cadeia Produtiva do Caju – Segmento Industrial da Castanha”

PALESTRANTE: Dr. ANTONIO JOSÉ GOMES TEIXEIRA DE CARVALHO, Presidente do SINDICAJU.

DEBATEDOR: Dr. HUGO SANTANA DE FIGUEIREDO JÚNIOR, Consultor da Empresa USAID/Brasil.

SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Para mais uma reunião de hoje do nosso AGROPACTO, vamos compor a Mesa, convidamos os senhores: o representante do Sebrae; o representante da universidade. E pedir desculpas aqui, porque já completamos o número de cadeiras na Mesa, considerem-se aqui todos sentados. Estamos dando início à terceira palestra do ciclo da Cajucultura. Analisamos na Primeira palestra, o Panorama Mundial, Nacional e Local; na segunda palestra, o Setor Primário e nessa palestra hoje, vamos analisar com o TítuloOportunidades e Limitações da Cadeia Produtiva do Caju, o Segmento Industrial da Castanha.

Achamos por bem, depois de ampla discussão com o comitê gestor em compartimentar os dois segmentos da indústria, dada a importância que ambos têm. O segmento da castanha hoje e na próxima reunião nós teremos o segmento dos sucos, aproveitamento do pedúnculo. Esta reunião de hoje, nós teremos como palestrante, o Presidente do Sindicato da Indústria de Castanha de Caju. O panorama que o Antônio José já nos pintou particularmente, nós vamos ouvir agora e aumentar as preocupações, para encontrar uma saída. Estivemos com ele, como já disse, numa audiência com o Secretário Executivo do Ministério da Fazenda e nessa oportunidade, verificamos que nada foi conseguido, a não ser uma expectativa de análise do problema Pis/Cofins. Para outras indústrias, como a de calçados e a têxtil, foi feita uma Medida Provisória, que o Dr. Antônio José deverá estudar agora, para se verificar o que se poderia fazer, em nível congressual, já que se não se conseguiu nada, em nível do Executivo. Com essas observações iniciais, eu queria lembrar que a nossa próxima reunião, será no dia 8, quarta-feira. Então, quarta-feira por quê? Porque o auditório do banco, estou repetindo, porque algumas pessoas não estavam aqui presentes estará ocupado. Inclusive, causou-me espécie, a gentileza do Banco, que pediu o auditório emprestado a nós, para segunda e terça-feira. Mas, solicitou-nos que nós fizéssemos uma reunião aqui na quarta-feira, por ser a próxima reunião a de número 500, e portanto, muito significativo esse número e ele achava que merecia, como de fato merece, que essa comemoração fosse feita aqui. Com essas palavras, eu passo agora para o Dr. Antônio José, para que faça a sua palestra. O Jornal da Assembléia, dedicou a sua última página numa reportagem sobre a cajucultura, possivelmente o dedo do Deputado Hermínio Resende está aqui nesta publicação, o que mostra o interesse da Assembléia, pela matéria. SR. ANTÔNIO JOSÉ GOMES TEIXEIRA DE CARVALHO: Senhoras e senhores, bom- dia: Para mim é um prazer estar aqui, tentando passar para vocês a situação atual da indústria de castanha no Brasil, dando uma visão globalizada do setor. Quero agradecer o convite feito pelo Dr. Torres de Melo, para que nós participássemos deste evento. E, não é nada fácil para mim, depois de uma palestra do Dr. Lucas, depois de uma palestra do Dr. Carlos Prado, tentar colocar alguma coisa de nova aí. Mas, procurei me ater somente ao setor industrial, procurei fazer uma apresentação muito focada no setor industrial, para não ficar sendo muito repetitivo, embora alguns números, alguns dados, nós tentemos colocar também, com relação à produção. Os tópicos que vamos abordar nesta apresentação, seriam três: O panorama Internacional, onde nós vamos procurar mostrar como é que está o setor, vamos dizer, de processamento de castanha nos Países concorrentes, que no caso seriam Índia e Vietnam, que juntos com o Brasil representam 95% a 97% do processamento de castanha no mundo. Depois, vamos trazer para o panorama Nacional e apresentar alguns projetos no final, com o que tenho o apoio do Sindicaju, hoje. Então, começando pelo panorama Internacional. Como falei há pouco, os Países processadores de castanha no mundo, nós podemos resumir em três: Índia, Brasil, Vietnam, inclusive, a ordem é exatamente essa hoje: Índia, Vietnam e Brasil. O Brasil já ocupou a segunda posição, hoje é o terceiro. O Vietnam cresceu muito nos últimos 10 anos.

Começando pela Índia, um País de 1 bilhão e 100 milhões de habitantes, com renda per capta de 3 mil e 800 dólares e uma previsão de crescimento do PIB para este ano, de 9.2. Então, esse é um grande diferencial em relação ao Brasil. Exportações de 112 bilhões, estão um pouco abaixo das exportações brasileiras; e a moeda é a rúpia.

Essa foto mostra, como é feito o corte de castanha, na Índia. Então, o processamento na Índia é muito rudimentar. O processamento é totalmente manual e essa foto ilustra a realidade de como é feito o corte da castanha lá, ou seja, é feito de maneira bem artesanal e sem as mínimas condições que vemos aí, de higiene e de trabalho. Então realmente, é uma situação bem diferente da situação brasileira. Aí já é a parte de seleção na Índia. Já seria naqueles centros lá, onde eles juntam essa castanha que vem dos diversos locais de corte, e aí fazem a seleção, para fazer a embalagem.

A situação atual da Índia: a mão-de-obra utilizada pelo setor de castanha está ficando cada dia mais difícil, embora

seja um País de mais de 1 bilhão e 100 milhões de habitantes, como vimos, com essa taxa de crescimento que vem apresentando, existe uma concorrência muito grande de outros setores e essa concorrência com empresas de alta tecnologia, está dificultando, vamos dizer, essa mão-de-obra barata que existia no setor de castanha de caju na Índia. E isso está mudando bastante o panorama do setor, naquele País. A situação do câmbio é um pouco parecida com a nossa, só que um pouco mais branda, porque o País, como um País emergente, politicamente, estável e com uma população de mais de 1 bilhão d e habitantes, realmente, atrai muito capital estrangeiro. E com essa atração de capital estrangeiro, a moeda local também tem se valorizado bastante, não ao mesmo nível do real, mas tem se valorizado.

Outro aspecto que tem hoje caracterizado um pouco a indústria indiana, é que eles costumam importar mais ou menos a metade da castanha que é processada no País. Eles processam em torno de 900 mil toneladas por ano; dessas, 150 mil vêm de Países Africanos, normalmente. E a cada ano que passa, como eles estão tendo esse problema de valorização da moeda local e os custos de produção têm aumentado, por conta da mão-de-obra também, os atuais níveis de preço do mercado, não permitem uma margem para eles, para que eles importem matérias-primas com baixa qualidade, processem e dêem algum retorno no seu negócio.

Então, o que tem acontecido hoje, além da produção mundial estar aumentando muito, o indiano não está comprando toda castanha que é produzida na África. Começa a sobrar castanha na África. Então, o que tem ocorrido é isso. Alguns Países africanos eu têm uma qualidade inferior, estão começando a ficar sem ter aonde comercializar a sua castanha, porque a Índia era o único comprador e agora está deixando de comprar. Porque realmente não consegue fazer dinheiro, com aquela qualidade de castanha que é ofertada para eles, por alguns Países. Esses Países, nós podemos colocar aqui, Guiné Bissal, como um deles, a Nigéria, são Países aqui da África Ocidental.

O corte de castanha como nós vimos, é feito artesanalmente e com a elevação do custo da mão-de-obra. Isso também vai se tornando importante na matriz de custo deles e eles têm tido de uma maneira geral, problemas, eu diria, sérios de qualidade, tanto Índia como Vietnam. A situação dos dois Países é muito parecida. Nós vamos ver o Vietnam e vamos ver como a situação é muito parecida com a da Índia, exceto a moeda. Mas, eles têm muitos problemas principalmente, os relacionados à infestação da castanha. A castanha chega infestada no destino e tem muito problema com relação a material estranho dentro da amêndoa, como cabelo, tampa de caneta, quer dizer, uma série de coisas que os processadores têm relatado e o que não acontece com a castanha brasileira.

Agora, nós vamos passar para o Vietnam. 85 milhões de habitantes, Estado Comunista, 3 milhões e 100 mil dólares de renda per capta. Previsão do crescimento do PIB, 8,2%. Quer dizer, nós vimos, a Índia acima de 9, o Vietnam, acima de 8. E a moeda é o Dong, e exportações, 39 milhões.

A situação atual. Esse slide eu puxei de um relatório que recebi de um importador que esteve no Vietnam e relatou isso para nós. Nós traduzimos e eu trouxe aqui, para vocês terem uma idéia do que ele relatou, quando estava lá:

Infestação – Com a economia vietnamita crescendo a 8% ao ano, a mão de obra está se tornando mais do que um problema. Indústrias rivais estão afastando operários da indústria de castanhas e a queda de preço das amêndoas está tornando difícil lidar com os aumentos do salário mínimo. Em conseqüência, muitas fábricas estão operando agora várias dezenas de unidades menores no país inteiro e se juntam para fazer a embalagem em um único centro, resultando no problema da infestação. Esse tem sido o problema na Índia há anos.

Raspagem – Antigamente, a maioria das fábricas vietnamitas usava o método de Banho em Óleo Quente para cozinhar a casca. No entanto, com o surgimento das pequenas unidades mencionado acima, grande parte do beneficiamento mudou para o método de autoclavagem, por ser mais fácil e mais barato de se instalar. Além disso, até as fábricas maiores estão agora optando pelo processo a Vapor. Em conseqüência, a quantidade de películas presas a amêndoa estão constantemente aumentando, provocando aumento significativo no custo de raspagem.

Torrefação Desigual – Mais uma vez, antigamente os vietnamitas só beneficiavam castanha vietnamita. Mas, somente no ano passado eles importaram cerca de 100.000 t de castanhas do Camboja, da África Ocidental e da Indonésia. A importação dessa castanha e sua mistura com a vietnamita, acrescida da distribuição para todas as unidades, significa a perca da uniformidade com a consequente mistura do produto no centro de embalagem, resultando numa torrefação desigual quando o produto é testado no destino, gerando reclamações e problemas com os clientes.

Segurança: Os importadores não têm segurança ao comprar castanhas aos processadores do Vietnam, em virtude da quebra de contrato motivada principalmente pela flutuação dos preços de mercado. Esta situação ocorre constantemente.

O primeiro problema, a infestação. A mesma coisa. Com uma economia vietnamita crescendo 8% ao ano, a mão-de-

obra está se tornando mais do que um problema. Indústrias rivais estão afastando operários da indústria de castanha e a queda do preço das amêndoas, está tornando difícil lidar com os aumentos do salário mínimo. Em conseqüência, muitas fábricas estão operando agora, várias dezenas de unidades menores pelos Países. Eles estão espalhando a castanha em unidades menores, pelo Interior do País, para tentar reduzir custo com isso. E se juntam para fazer a embalagem em um único centro, ou seja, eles estão fazendo o que a Índia já faz, há muito tempo. Esse tem sido o problema da Índia, há anos. Quer dizer, eles estão fazendo o que é feito na Índia e que tem causado problemas para os processadores indianos, por conta desse problema de infestação, principalmente. Raspagem também.

Antigamente, a maioria das fábricas vietnamitas usavam o método de banho em óleo quente para cozinhar a casca. No entanto, com o surgimento de pequenas unidades, mencionadas acima, grande parte do beneficiamento mudou para o método de autoclavagem, por ser mais fácil e barato e que está lá. Além disso, até as fábricas maiores, agora estão optando pelo processo a vapor. Em conseqüência, a quantidade de películas presas à amêndoa, está constantemente aumentando, provocando aumento significativo, no custo de raspagem. Então, mais um aumento de custo, em decorrência da quantidade de película, por conta da mudança do processo, para se adaptar a esse modelo de processamento descentralizado pelo Interior.

E aí fala também, da torrefação desigual, por conta da mistura que se faz. Eles começaram a importar castanha, importando do Cambodja, importam da Indonésia e importam um pouco da África Ocidental. E eles não estão lidando bem com essa castanha importada, e há uma mistura, a castanha não tem o mesmo padrão da castanha do Vietnam e isso tem provocado, vamos dizer, uma série de desigualdade no produto com uma conseqüente desigualdade também, na torragem. Isso é uma reclamação também, dos importadores.

Outro problema também do Vietnam. Os importadores não têm segurança em comprar castanha dos processadores do Vietnam, porque, quando o mercado muda, normalmente, o exportador do Vietnam não entrega o produto. Então, ele não dá nenhuma segurança para quem está comprando o produto, para uma entrega futura, no Vietnam. E isso é uma situação que já ocorreu algumas vezes e tem se repetido.

Aqui agora, o Brasil, o crescimento do PIB, o grande diferencial para os outros dois, é de 3.7%, apenas, 190 milhões de habitantes, 137 bilhões de exportações.

Aí é o corte da castanha no Brasil. Nós vimos o corte da castanha na Índia ainda há pouco, naquele slide, onde você via as mulheres acocoradas,

cortando uma a uma a castanha e aqui, é o corte da castanha no Brasil. É um corte que não envolve tanta mão-de-obra, não envolve, vamos dizer, aquela situação de desconforto, de quem está trabalhando, mas por outro lado, não nos dá o índice de inteiro que é conseguido pelo corte artesanal feito na Índia e agora, no Vietnam. Então, esse é o maior gargalo que nós temos hoje. E o maior desafio que temos hoje é aumentar o índice de inteira nas fábricas. Isso é uma coisa que vimos tentando em nível de sindicato, todas as empresas também, têm investido, têm apontado em pesquisas nesse sentido, mas o processo é lento. Na realidade, eu diria que se ganhou aí em 10 anos, 15 anos, 5% de inteiras aí, ao longo desses anos.

Aqui é a seleção do Brasil. Essa foto já está também, desatualizada, nós já temos processamento diferente. E a situação do Brasil, câmbio. Problema cambial semelhante ao da Índia, porém, em escala maior, uma vez que a apreciação do real é muito maior do que da Rússia. Isso nos dá uma situação de desvantagem competitiva, já que a nossa moeda tem se valorizado mais do que a moeda dos nossos concorrentes e significa que, teoricamente, eles estão recebendo mais ao mesmo preço Internacional, eles estão sendo mais remunerados do que nós. Então, isso é uma desvantagem competitiva, par o exportador brasileiro.

Aumento nos custos de produção e redução da receita. Nós vamos ver ainda na frente, em alguns slides, que os custos de produção têm aumentado significativamente, principalmente, os custos que são os mais importantes na nossa indústria, que seriam: mão-de-obra, energia elétrica, material de embalagem, tem mais um outro item, que vamos ver no próximo slide.

Créditos de impostos, nem compensáveis, nem recebíveis, ou seja, existem créditos de impostos que as empresas não conseguem receber, nem compensar, juros altos, carga tributária elevada, baixo consumo interno. Para se tr uma idéia, a Índia é o segundo maior consumidor do mundo, perde apenas, para os Estados Unidos. Os Estados Unidos hoje, consomem em torno de 5 milhões e meio de caixa de castanha, a Índia está beirando os 4, 4 e poucos milhões de caixas. Então, é o segundo maior consumidor.

O Brasil emprega mais tecnologia no processo, embora não consiga os índices de amêndoas inteiras que seus concorrentes, aquilo que já coloquei ainda há pouco. As fábricas, imagino, todas são certificadas. Têm no mínimo implantado aí o BPF, que é Boas Práticas de Fabricação e o APPCC, Análise de Perigos e Pontos Críticos e Controle e

algumas, já estão partindo para uma certificação mais moderna, como o ISO 22000. A indústria brasileira, no Mercado Internacional, goza de uma boa reputação, porque costuma cumprir com os seus

compromissos, diferentemente do Vietnam. Então, nós temos uma reputação muito boa no mercado. Aqui é um quadro eu já foi apresentado pelo Dr. Lucas e pelo Dr. Carlos Prado, mas é importante reapresentarmos

Tem uma pequena diferença dos quadros anteriores.

Origem Produção (mil toneladas)

Importação /Exportação

(mil toneladas)

Produção (mil caixas)

Consumo Doméstico (mil caixas)

Exportação (mil caixas)

SUL Setembro/Janeiro

Brasil 300 0 2.800 (350) 2.450

África (Leste) 150 (130) 200 (15) 185

Indonésia + Camboja, Tailândia 115 (100) 150 0 150 NORTE Fevereiro/Junho India 450 500 9.500 (4.000) 5.500 Vietnã 350 100 4.500 (50) 4.450

África (Oeste) 476 (370) 210 (15) 195

TOTAL 1.841 85 17.360 (4.430) 12.930

É que aqui, além de colocar produção e o consumo, tem um número ali embaixo, 85, que vocês estão vendo nessa

coluna de importação e exportação. Esse 85, realmente, não achei um lugar para colocá-lo, na realidade, essa soma dessa coluna dá zero, se vocês desconsiderarem esses 85. Mas, esse número, são 85 toneladas que ficaram na África. Quando você faz a conta da produção, exportações e importações, a produção em caixas e o consumo, vão sobrar 85 mil toneladas e vão sobrar na África Ocidental. Então, essa é a castanha que começou a ficar na África, já é o segundo ano que fica castanha na África. Inclusive, recebemos aqui uma visita de uma comitiva da Guiné Bissal no ano passado, algumas pessoas que estão presentes nesta sala, participaram dessa reunião e o pessoal da Guiné Bissal, oferecendo castanha. Queriam fazer ou vender, ou mandar castanha para processar aqui no Brasil, fazer alguma jointventure, com processador brasileiro, porque eles não sabiam mais o que fazer com a castanha que estava ficando lá.

Então, esse número 85 aí, está representando exatamente isso. É castanha que está ficando sem ser comercializada. E essa castanha está ficando velha e é um problema. A Guiné Bissal, me parece, é a maior fonte de renda, a maior fonte de geração de divisa, é a exportação de castanha de caju. É um problema sério para o País.

Aí é um gráfico, onde mostra os principais produtores de castanha do mundo. Começando pelo azul aí, África Ocidental, que são os Países que estão aqui em frente; aí do outro lado do Atlântico, a Guiné Bissal, Costa do Marfim e Serra Leoa, Nigéria; depois vem a Índia, com 25%, depois o Vietnam com 19%, Brasil, com 16%, África Oriental com 8%. Aí seriam basicamente, Tanzânia, Moçambique, Quênia e os 6% ali, seriam Indonésia, Cambodja e Tailândia. Então, esses são os Países produtores de castanha de caju, no mundo.

Vejam bem, esses aí são os produtores. Agora, nós vamos ver os processadores. Índia com 54%, Vietnam com 36%m o Brasil, com 17%. Aí vem 1% para a África Ocidental, 1% para a Indonésia e Cambodja Tailândia, ou seja, se você somar a Índia, Vietnam e Brasil nesse gráfico, vai dar uns 97%, da castanha que é consumida no mundo, que vem de um desses três Países.

Aqui eu peguei um dado do INC, que é uma organização, uma associação mundial, que trata basicamente das Nougets, que seriam as nozes, as amêndoas, avelã, pistache, castanha de caju, a própria noz, que consumimos normalmente no natal, pecans, walnuts, macadamias, a castanha do Pará e pine nuts. Na realidade, aí mostra a participação de cada uma, de acordo com essa fonte do INC. Essa produção, quando ele fala ali, Kernel Basis, já é o produto sem casca; exceto o pitache, que ele é consumido com casca. Todos os outros já são processados sem casca.

Vocês vêem aí que há um equilíbrio, a amêndoa um pouco na frente, com 26%, depois há um equilíbrio, entre avelã, pistache e castanha caju e nozes, com 20%, 19%, 16%, e 15%. Então, isso aí é só para dar uma idéia das nozes que são consumidas no mundo e a sua importância, sua participação nesse mercado.

Esse gráfico aí, isso foi uma pesquisa encomendada pelos produtores de amêndoa da Califórnia. A Califórnia é o maior produtor de amêndoas do mundo e eles gastam muito dinheiro com marketing, com pesquisa e essa pesquisa foi encomendada por eles, onde eles tratam aí basicamente, de todas as nozes.

Nesse primeiro gráfico é aquela, quando se trata de nozes, vamos dizer, qual é a que vem primeiro no pensamento, seria quase que the best das nozes.

29%

35%33% 33% 33%

23% 23% 23% 23%

15%

9%12%

26%24%

27%

16%13%

9% 8%

9%11%

11%

12%

16%

9%

16%17%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

ago/98 mai/01 jun/03 out/04 jun/05 Jul-06

E aí, vocês vêem que a castanha, esse segundo, o verde mais escuro e o amendoim, é o vermelho mais de cima, o

laranja. Então, há um cruzamento ali no final em julho de 2006, onde a castanha passou o primeiro lugar do amendoim. Então, quando se fala em nozes hoje lá no mercado americano, a primeira que vem em mente dos americanos, é a castanha de caju.

Vocês vêem aí que almonds está em verde, porque justamente, a pesquisa foi encomendada por eles, o gráfico é deles e eles quiseram mostrar qual era o posicionamento da amêndoa lá da Califórnia. Então ficou em terceiro lugar aí, perdendo para a castanha e para o amendoim. .

Aí quando você fala em snack, qual é o snack que vem primeiro no seu pensamento e também, essa mesa pesquisa. E mais uma vez a castanha aí, passando o amendoim e com a amêndoa em terceiro. Essa aí é a mais importante eu

acho, porque sem nenhum trabalho específico de marketing, feito pelo setor de castanha, a noz favorita, é a castanha de caju, disparada. A castanha de caju aparece aí com 33% e o segundo lugar, aparece com 13%, que é exatamente, a amêndoa. A castanha é a favorita entre as nozes, no mercado americano.

Aí nós vamos mostrar a tendência de mercado. Na realidade, estamos mostrando aí a tendência do consumo da castanha de caju, no principal mercado, que é o mercado americano, e que tem crescido a uma taxa bem significativa.

Em 1997, eram 2 milhões e 900 mil caixas; em 2006, eram 5 milhões e 74 mil; em 2004, chegou no máximo ali de 5 e 300. Mas, o importante, é o seguinte: A tendência do mercado é o aumento de consumo, o consumo de nozes tem aumentado muito, até porque deixaram de ser consumidas apenas, como snacks, como tira-gosto. As nozes hoje estão muito interligadas à saúde e hoje participam, alguns nutricionistas de algumas dietas famosas, aconselham o consumo de 3, 4 castanhas por dia. Isso também tem colaborado muito, para o aumento do consumo.

Esses dois últimos anos, nós vemos em 2006, 2005, uma queda. 2005, eu atribuo essa queda, ao efeito 2004. Você vê que em 2004, houve um aumento que distorceu nessa tendência. O que foi que aconteceu? Aí foi quando o Vietnam tinha vendido para o mercado americano e agora disse: “Agora não entrego, o mercado caiu. Eu não vou lhe entregar, só vou entregar, quando você me comprar um outro, a um preço novo. Aí eu mando os dois; um ao preço novo e o outro ao preço antigo”. Então, o americano teve que comprar mais castanha do que precisava. E em 2005, houve o ajuste desse estoque que ficou lá nos Estados Unidos. E em 2006, na realidade, tem uma influência grande do preço do petróleo e da

economia americana, de uma maneira geral, que a população começou a gastar muito com combustível e com determinadas coisas e naturalmente, houve uma redução no consumo, de uma maneira geral.

Agora em 2007, o número está indo, quando pegamos o gráfico até maio, que são os dados disponíveis hoje, até maio de 2007, se você comparar com até maio de 2006, está mais ou menos ou um pouco acima de 2006, quase o mesmo número.

Aí é a castanha que entra nos Estados Unidos e de onde ela vem. Então, você considerando 100% lá em cima, no último ano, 40 na Índia, 30 no Brasil, 26 do Vietnam e 4 de outras origens.

Isso aí, dependendo da safra de cada País, há uma mudança grande de um para outro. E você vê o crescimento do Vietnam muito grande e só em 2007, é que houve uma retração, onde o Brasil cresceu e a Índia cresceu. Aí já está contemplando até 2007. Isso, justamente, por causa dos problemas que o Vietnam tem causado no mercado.

Aí é a Europa. Você vê que a linha, a escada, os degraus são muito constantes, têm a mesma altura. Significa que tem um aumento consistente de consumo na Europa. A Europa dobrou o consumo de 2000 a 2006 e isso é muito importante, embora o Mercado Europeu não compre muita castanha do Brasil, tradicionalmente se abastece da Índia e como a castanha do Vietnam é muito parecida com a da Índia, em termo de cor, também, se abastece muito do Vietnam e o Brasil tem uma participação muito pequena, como nós vemos aí, nesse gráfico. Então, 55% da castanha importada pelos europeus, vêm da Índia, 32% do Vietnam e só 7% do Brasil. Então, a nossa participação na Europa é muito pequena e na minha opinião, em 2007, esse número vai mudar e vai mudar muito. A procura da Europa, dos europeus, pela castanha brasileira, tem aumentado significativamente, este ano. Então, isso é um ponto positivo também.

Aí os principais destinos da castanha brasileira. Nós vemos os Estados Unidos, com 67% do total, depois Canadá, Itália, Reino Unido. Esse gráfico está demonstrando apenas, 2007. Na realidade, nós temos aumentado também, sas exportações para a China. A China passou a ser compradora de castanha do Brasil, embora em 2007 aí, não tenha aparecido, está junto com os outros, não foi tão significativo. Mas, em 2006, houve muita exportação brasileira para a China. Então, a China é um mercado que está começando a gostar da castanha de caju, isso é bom.

Aí tem o Vietnam com 2 milhões de dólares. Eu não acredito que na realidade, essa castanha está indo para o Vietnam, mas ela está indo para a China, pela fronteira do Vietnam. Alguém está comprando no Vietnam e mandando para a China.

Aqui eu já vou falar do câmbio, onde aí é uma comparação do dólar com o real, entre 2002 a 2007, há uma queda de 50% do dólar, em relação ao real. Se você considerar, porque estava muito alto em 2002, se você considerar 2003, já abaixo do 3, que todo mundo achava que era o piso, inclusive nós achávamos isso nas nossas negociações, essa queda gira em torno de 37%, de 2003 a 2007, foram 3 safras aí, a 4ª vai começar agora. Então, em 3 safras cai 37% o dólar.

Aí é uma comparação do dólar com a rúpia indiana. No mesmo período caiu 17%, enquanto no Brasil o dólar cai 49, nesse período na Índia, caiu 17 e no Vietnam, subiu 6. Então, há grande diferença aí. O Vietnam é como a China, o câmbio não é livre e o Governo é quem fixa o câmbio. Nesse caso aí, o dólar tem se apreciado, em relação ao dong vietnamita. Então, isso nos dá uma desvantagem. Se você somar 49 com 6, são 55% de diferença cambial, no período, em relação ao Vietnam.

Este ano nós participamos de um evento na Flórida, aonde assinamos um memorando de entendimento, com as associações do Vietnam e da Índia, para a criação de uma associação mundial da castanha. Sindicaju, Vinaca, que é o Vietnam Association e o CEPCI, que é a mesma entidade da Índia.

Essa associação mundial, tem como objetivos: Criar mecanismos para troca regular de informações, entre as associações, com relação a perspectiva de safra, número de produção, exportações, importações, informações seguras de mercado e políticas governamentais, que possam afetar a indústria; criar um comitê para formular tipos e especificações mundiais uniformes. Hoje a Índia tem uma nomenclatura, o Vietnam tem uma nomenclatura e o Brasil tem outra nomenclatura. Por exemplo, WU-320, no Brasil, na Índia, W -320 e no Vietnam, WW-320. Então, isso é só um exemplo. Em todos os tipos tem alguma diferença de nomenclatura. Esse é um dos objetivos, criar um comitê, para uniformizar a nomenclatura dos tipos de castanha.

Iniciar estudos sobre nutrição e castanha e obre os resultados por organizações internacionais conceituadas. Isso é exatamente, aproveitando aquele mote que foi mostrado, que a castanha nossa é favorita e relacionava a nutrição. Quando relacionamos com nutrição, a amêndoa vem em primeiro lugar. Por que a amêndoa vem em primeiro lugar? Porque foi muito melhor trabalhada do que a castanha, no Mercado Internacional. Os exportadores de amêndoa têm um apoio muito grande e gastam 20 milhões de dólares por ano, para fazer isso.

Outro objetivo, seria aumentar a conscientização dos benefícios nutricionais da castanha de caju, entre um público mais amplo, utilizando eficazmente, todos os meios disponíveis. Isso praticamente, é a mesma coisa, para um trabalho de marketing, aproveitando o estudo que foi feito. Esforços multilaterais, para promover o consumo de castanha, para melhoria do setor.

Aí, prosseguir com a criação do WCO, World Cashew Organization, que seria a Organização Mundial de Castanha e movendo todos os grupos interessados, designando uma pessoa de cada uma das 3 organizações, para formular estrutura, constituição, objetivos e atividades da organização. No nosso caso, a Dra. Nete de Castro da Cascaju, é a representante do Sindicaju.

Criar um mecanismo para contribuição regular de recursos financeiros, por parte das 3 organizações, para a Organização Mundial de Castanha e trabalhar conjunto e separadamente, para obter contribuições de recursos financeiros de outros, para a associação, por parte de seus respectivos Governos. Aqui é mais complicado, mas não é impossível e de organizações multilaterais, como FAO, Unido, ITC-UNCTAD, CFC e outros órgãos similares, identificados, posteriormente.

Isso aí, na realidade, é viabilizar essa estratégia de promover esse marketing Internacional, visando aumento de consumo.

Aqui foi um quadro que puxei da apresentação do Dr.Carlos Prado, que achei muito interessante. Você vê aí, uma comparação, entre 1999 e 2007, a cotação do dólar correspondente a cada ano, o preço da amêndoa WU-210, que é a amêndoa mais comercializada no mercado e o valor do quilo dessa amêndoa em reais. Quer dizer, aí já contempla o câmbio e o preço internacional do produto. Então, nós vemos que o menor preço praticado até hoje em reais, desde 1999, é o preço atual. E aí nos deixa realmente sem condições de pagar um preço maior, pela castanha de caju in natura. Então, a diferença é muito grande. Você vê que teve ano que já deu 14, hoje é 8 e meio.

ACC - AMENDOAS DE CASTANHAS DE CAJU ANOS 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 COTAÇÃO DO DOLAR 1,95 1,91 2,71 3,64 2,86 2,85 2,25 2,14 1,87 ACC/320/USD POR LIBR2,96 2,51 1,86 1,80 1,90 2,21 2,56 2,30 2,10 KG.ACC 320/REAIS 12,70 10,55 11,09 14,41 11,95 13,86 12,67 10,83 8,64 COTAÇÃO DO DÓLAR - BANCO CENTRAL, TODO DIA 31/OU

ul 2007 Aí também, da apresentação do Carlos Prado, o salário mínimo em 1999, era 136 reais. O quilo da castanha

representava 12,70 por aquele quadro. 1999, por aquele quadro, 12,70. Então, o quilo da amêndoa por salário mínimo, ou seja, 1 salário mínimo comprava 10.7 quilos de amêndoa, representava 10.7 quilos de amêndoa. Em 2007, são 44 quilos de amêndoa, para pagar 1 salário mínimo. Então, é um diferencial estúpido, a diferença é muito grande.

Aí é só a memória de cálculo de como foi feito. Você vê que o salário mínimo no período foi reajustado em 442%, e 1 quilo de amêndoa em 93. Então, tem uma diferença aí de 300 e tantos por cento entre o valor atual de um e de outro.

Outros indicadores que coloquei. Na realidade, o dólar a partir de 8/2003, que é o início da safra de 2003, ali a 2,96, hoje 1,86, 37% de defasagem do dólar, nesse período. Energia elétrica subiu 64% no mesmo período e o salário mínimo, 58%.

Então, a indústria não pode fazer milagre, a situação é muito complicada, há uma achatamento muito grande na cadeia produtiva e isso está puxando todos os preços para baixo. E a principal razão desse achatamento, é exatamente, o câmbio.

Aqui, ainda no panorama Nacional, o parque industrial instalado hoje: Ceará: Amêndoas do Brasil/Empesca, Agro Industrial Gomes, Caísa, Cascaju, Cione, Irmãos Fontenele, Resibras, Usibras. Rio Grande do Norte: A.Ferreira, Olam Brasil, Usibras. Piauí: Europa Castanhas.

Então, no Ceará são 8 indústrias; no Rio Grande do Norte, são 3, no Piauí, uma. Eu quero destacar que isso aqui está em ordem alfabética.

A matéria prima.

Isso aqui é uma estimativa da indústria da castanha que vem sendo comercializada e vamos dizer, produzida, ao

longo das últimas 5 safras, Nós sentimos que há um aumento considerável. 2002, 2003, nós estimamos que a safra foi em torno de 230 mil toneladas. Aí passou para 260, 290, houve uma queda em 2005, 2006, para 265 e agora, o número que nós estimamos na realidade da safra, é em torno de 325 a 330 mil toneladas. Nós sempre falamos conservadoramente, acima de 300 mil, mas na realidade, o número que temos em mente são 325 a 330 mil toneladas.

Aí é o gráfico com aqueles números que acabamos de demonstrar. A produção está ascendente. Aqui é só uma analogia que faço entre preço internacional e preço interno de matéria-prima. Na realidade, esse

gráfico aí tem 2 planos e o que quero mostrar, é que a curva é a mesma. Você vê que têm momentos em que essa linha azul está abaixo da vermelha e têm momentos em que a vermelha está abaixo da azul. Então, isso aí é só porque a safra não coincide com o ano covil. Então, há um diferencial, porque as estatísticas, eu pego de janeiro a dezembro, não coincide com a safra. Mas, na realidade, a curva é a mesma. Existe o repasse e é total, vamos dizer, para o mercado.

Aí é a capacidade instalada que o Sindicaju estima que existe hoje no Brasil. Então, tem o Iracema, que estimamos que a capacidade será de 60 mil toneladas, vem a Usibras, com 45, Cascaju e

Resibras, 40, Amêndoa e Cione, 35, A Ferreira e Caísa, com 22, Fontenele com 20, Caju Gomes, com 15, Europa e Olam, com 15.

Esse gráfico aí mostra a capacidade instalada e a ociosa. O que está naquela barra cor de laranja, é exatamente, a capacidade ociosa e o que está em azul, é a capacidade instalada.

Então, tem duas fábricas que atualmente estão totalmente paradas, aquelas duas em vermelho, a Fontenele e Caju

Gomes. A Europa está trabalhando com 33% de ociosidade, a Caísa, está trabalhando com 40%, 42% de ociosidade e depois tem a Amêndoa e Cione, com uma ociosidade menor.

Empregos gerados na indústria, Nordeste-Ceará, 14 mil empregos diretos nas indústrias da região, sendo 10 mil somente no Ceará. Aí não estão incluídas cooperativas, prestadores de serviços que trabalham diretamente, para a indústria, aí é só o pessoal registrado.

Nós estamos agora passando para a exportação brasileira. Nós vimos que nos últimos 3 anos, você vê que esse gráfico vem de 1994, até 2006, são 13 anos aí e os maiores valores exportados, foram exatamente, nos últimos 3, 187 milhões de dólares.

Essa barra cor de laranja embaixo, é quantidade, o azul é valor e a linha, é oi preço por caixa produzida. De maneira que, essa produção ascendente que nós vimos nos slides anteriores, realmente está sendo demonstrado

pelo aumento nas exportações e eu estimo que este ano 2007, vamos passar dos 200 milhões de dólares, pela primeira vez. Ali nós estamos com 187.

Falando de Brasil, as dificuldades atuais: baixa qualidade da matéria prima que entra nas fábricas, proporcionando redução na receita das processadoras. Conseqüentemente, aquele efeito que o Dr. Lucas mostrou aqui, aquele ciclo vicioso que acaba acontecendo. A indústria recebe menos, não pode pagar mais ao produtor, vai ter que pagar menos, o produtor recebe menos, não faz a poda, não faz os traços culturais que deve fazer, entrega um material de baixa qualidade para a indústria, e isso é o que ocorrido, com muita freqüência.

Tecnologia. Processamento de caju, como nós já colocamos antes, ele é feito basicamente, em 3 Países. Dois dos quais, até pouco tempo, tinha mão-de-obra abundante e barata. O que não é verdade mais hoje. E eles davam diferença, naturalmente, para o processamento manual, que dava índices de inteiras bem maior, para eles.

Onde é que isso nos prejudica? Além da competitividade que perdemos em relação a eles, os fabricantes de equipamentos, não se motivam para investir em pesquisa e desenvolvimento, para trabalhar para um setor pequeno, localizado somente aqui no Brasil. Quer dizer, ninguém vai investir para desenvolver aqui equipamentos, para vender a um público alvo de 9, 10, 11, 12 empresas. Então, na realidade, isso não dá motivação para fabricante de equipamentos; é diferente do arroz, é diferente do milho, é diferente de qualquer outro grão. Então, é uma coisa muito localizada, em um País só. Esse é um desafio das dificuldades que nós temos, de levar a tecnologia para a indústria. O que existe hoje, realmente, as indústrias têm investido bastante, têm feito suas pesquisas individualmente também, ou através de sindicato, mas as dificuldades são muito grandes, exatamente, por conta disso.

Algumas parcerias que conseguimos fazer, deram resultados. Então, quando o fabricante se dispõe a fazer uma parceria com um processador, para desenvolver determinado equipamento, isso normalmente, tem tido um resultado satisfatório. O problema é exatamente, esse fabricante se aliar ao processador, ter essa motivação para fazer isso, para depois vender para um público muito limitado.

Então, o que existe hoje? Hoje existem equipamentos que foram concebidos para trabalhar com outras nozes ou grãos e que são adaptados para trabalhar com a castanha de caju. Então, são equipamentos que não têm uma eficiência tão boa na castanha de caju, como têm com outros grãos e nozes.

O outro desafio, conforme nós já colocamos anteriormente, seria aumentar as amêndoas inteiras. Nós temos que utilizar tecnologia para fazer isso, não podemos voltar no tempo e usar aquelas máquinas de pedal, máquinas com corte manual, expor contato com LCC, nada disso. Nós temos que andar a para frente, não para trás. E esse eu considero o maior desafio que nós temos hoje.

O câmbio, é o problema atual, que está provocando o achatamento da cadeia produtiva em alguns setores exportadores e conforme colocamos aqui, o nosso também, tem sido bastante prejudicado. Créditos de impostos também, tenho colocado sempre. O problema é que, quando você gera um crédito, você não está levando aquele valor para o custo. Se você não leva para o custo, está gerando um lucro que não existe. Quando você gera um lucro que não existe, é tributado em cima dele. Além de você não utilizar o crédito, ainda vai pagar um imposto em cia daquele lucro que é fictício.

Aqui alguns programas que o Sindicaju tem participado, com a Embrapa. Desenvolvimento de uma máquina para corte de castanha, ainda está em andamento. Infelizmente, não tenho com

todo emprenho do pessoal, mas é uma coisa que não tem a velocidade que gostaríamos que tivesse; Criogenia também, Embrapa, Unicamp, Sindicaju. E nós temos participado também, de alguns projetos no campo, com a Faec, Sebrae, Fiec; nós participamos naquele Projeto de modernização da Cajucultura no Estado do Ceará, com aporte de recursos, participamos também desse Projeto Embrapa- Sindicaju, da Unidade Demonstrativa de Pomares e ao Caju-Nordeste aí, estamos dando algum apoio.

Oportunidades. É como falei, o mercado, o exportador brasileiro e a castanha brasileira hoje no mercado, eles hoje têm um nível muito mais elevado, do que o nível do exportador e da castanha indiana e vietnamita. Está acontecendo ao contrário do que eu previa. Alguns anos atrás, conversando lá na Embrapa, com o Dr. Lucas e o Dr. Férrer, não sei se eles recordam, eu falava da minha preocupação, por conta da castanha da Índia e Vietnam, que era uma castanha que tinha um processo diferente e era muito mais alva. Então, aparentemente, é uma castanha de qualidade melhor. Nós sabemos que a qualidade não é melhor, mas a castanha é mais bonita. Então, à medida que a produção mundial estava crescendo, o meu receio era que a castanha brasileira fosse cada vez mais se deixando de lado. Quando tivesse uma oferta maior que a demanda. E na realidade, isso não vem ocorrendo, por conta dos problemas que estão enfrentando os nossos concorrentes. Então, essa é uma oportunidade que temos no mercado, realmente, para colocar a nossa castanha. Embora a produção brasileira esteja crescendo, a indústria brasileira está no mercado, para garantir a compra de toda a castanha que está sendo produzida. Então, essa é uma oportunidade boa. Emprega mais tecnologia, tem unidades certificadas e credibilidade no mercado. Então, basicamente, é isso aí.

Aí é uma expressão que tem no INC, eles têm alguns folder que eles fazem lá no Site do INC, justamente, estimulando o consumo das nozes e fazendo um relacionamento das nozes com a saúde Então, aí é uma mensagem do INC: Go Nuts Go Healthy.

Eu agradeço a todos pela paciência em me ouvir. (Aplausos) SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Nós agradecemos ao Dr. Antônio José pela excelente palestra que proferiu e nos referiremos a ela, no final do evento.

Queria passar a apalavra para o Dr. Hugo Santana de Figueiredo Júnior, que é consultor da Usaid-Brasil e que recém publicou um trabalho de excelente qualidade, sobre o problema da castanha de caju daqui do Brasil e muito atualizado. Agora já estamos atualizando mais com esse ciclo de palestras. Dr. Hugo, a palavra é de V.Sa. SR. HUGO SANTANA DE FIGUEIREDO JÚNIOR : Bom-dia a todos: Antes de tudo, gostaria de agradecer ao convite realizado pelo AGROPACTO, pelo Dr. Torres de Melo, Eduardo e o Férrer, que nos ofereceram a oportunidade de expor algumas das idéias que foram adquiridas ao longo dos últimos meses de trabalho, em projeto de apoio às pequenas empresas, para inserção no mercado internacional. Eu estou aqui agradecendo, não só em meu nome, mas em nome da Usaid-Brasil, de uma agência do Governo americano, para o desenvolvimento, que vem atuando aqui no Estado do Ceará, nos últimos 2 anos, nessa área de castanha de caju, além de outras áreas de saúde, educação, temas não relacionados a produção em si, Quando nós vamos analisar qualquer tipo de indústria de qualquer setor produtivo, é de bom grado que se comece compreendendo o comportamento do mercado, os principais competidores e as suas práticas. O que nós vimos aqui, talvez vocês estejam já um pouco cansados de ver esses números de Índia, de Vietnam, mas é só um panorama, um ponto de vista, que nós temos acompanhado, nos últimos anos, a produção de caju no mundo, que praticamente dobrou, principalmente, com a entrada do Vietnam e mais recentemente, de mais alguns Países africanos. Essa entrada se dá, naturalmente, com árvores novas, mais produtivas. São clones, cajueiro anão, enquanto que aqueles produtores tradicionais têm dificuldade de renovação de seus pomares. Enquanto a produção de castanha de caju vem aumentando, a demanda, ou seja, o consumo de castanha de caju na forma de amêndoas também vem crescendo, no entanto, não na mesma proporção; cresce substancialmente, mas não cresce na mesma proporção. Então, o que vemos na lei de oferta e procura, é uma queda gradual do preço da amêndoa no Mercado Internacional, em dólar. Você vê, inclusive se fizer um levantamento das próprias exportações, às vezes vê o preço, que já foi até aqui levantado pelo Antônio José, nas palestras anteriores já foi mencionado também, se percebe isso. Então, essa é a primeira constatação em nível geral. Quando se parte para compreender como é que a castanha é tratada em cada um desses Países competidores, o que se percebe é uma grande diferença entre o modo de atuação do Brasil e dos demais. Nos demais Países, seja na Índia, Vietnam e até mesmo na África, o que se percebe é um grande número de pequenas unidades processadoras, que adquirem essa castanha desses pequenos produtores, porque normalmente, a castanha é cultivada por produtores de pequeno e médio porte e processam, fazem a consolidação e exportam. Esse processamento é de uma forma semi-manual, muito parecido o que vocês vêem aqui nas mini-fábricas que têm aqui no Brasil e é com grande número de processadores.

Quando vocês vêm aqui para o Brasil, nós temos aqui 12 grandes processadores, com um processamento mecanizado. É natural que no Brasil se buscasse essa solução de automatizar o processo, até porque o custo da mão-de-obra aqui no Brasil, comparado com Índia e Vietnam, é da ordem de 5 a 6 vezes maior. Então, é natural que se busque esse processo de automação. Acontece que nessa tentativa de automatizar esse processo de corte da castanha, ainda se vê um rendimento de amêndoas inteiras muito menor, do que o obtido através do processamento manual. Enquanto nesse processamento manual você consegue algo em torno de 80% de inteiras, no final algumas mini-fábricas podem chegar até mais, na indústria, se situa o rendimento de inteiras, na ordem de 50%, algumas podem chegar até mais 5 pontos, 55%, mas enfim, a grosso modo, essa é a diferença. Além do rendimento, a cor da amêndoa que é processada mecanicamente, através de tecnologias que vocês viram aqui, ela é mais escura, o que também diminui o preço. Ao final, o preço médio obtido, por esse processamento automatizado aqui no Brasil, com esse rendimento menor de inteiras, é significativamente menor, do que o preço médio do mix de castanha, obtido, através do processamento manual, isso porque a quebra da castanha, essas castanhas inteiras que são quebradas, elas são quebradas exatamente daquelas maiores, que têm um preço maior. Quanto maior a castanha e mais alva, maior é o preço. Então, essa castanha por exemplo, a maior, tem um preço maior no mercado e quanto menor a castanha e mais quebrada, o preço vai diminuindo. Então, o preço médio obtido aqui por esse processamento aqui automatizado, é significativamente, menor. E esse processamento automatizado aqui no Brasil responde por aproximadamente, 98%, quase 100%, tem 2% aí, para mini-fábricas que estão espalhadas pelo Interior do Estado e nem aparecem na estatística. Mas, praticamente, toda castanha aqui do Brasil, é processada mecanicamente.

Quando passamos então, a comparar essa situação desse processamento da indústria com os dos demais Países, o custo da mão-de-obra , o que se percebe é que nesses Países, o custo da mão-de-obra vem crescendo também.

Vocês viram aqui, o Antônio José demonstrou, à medida que esses Países apresentam o crescimento do PIB, o salário do pessoal envolvido vai crescendo. Então, na Índia, os tradicionais pólos processadores de castanha, agora estão

se espalhando para outras áreas, dentro da própria Índia, de menor custo de mão-de-obra. A mesma coisa ocorre no Vietnam. Aqui no Brasil já se está num lugar de mão-de-obra mais barato. Então, em termos de redução de custo de mão-de-obra, aqui no Brasil está muito difícil de acontecer. Então, se nós pensamos o que pode ser feito, em termos de alternativas para o setor, certamente uma estratégia de redução significativa de custos aqui no Brasil é muito mais difícil. Nós vimos operando com margens menores, por conta desse menor rendimento de inteiras que produz um mix, um preço médio menor. Significativamente, as indústrias, por ter uma margem menor, naturalmente, não conseguem pagar mais pela castanha e por conta disso, os produtores que recebem a castanha a um preço mais baixo também não se sentem estimulados, para investir. Então você tem ao longo da cadeia, um processo que vem desde a indústria e acaba se refletindo no campo. Essa situação é agravada pelo câmbio, como vocês viram. Mas, antes do câmbio, esse problema estrutural já havia, já existia.

Então, em termos de estratégia para o futuro, nós vemos algumas alternativas para o setor, que passa principalmente, pela diferenciação do tipo da castanha, sempre buscando elevar o preço médio obtido pelo produto, já que a alternativa de redução de custo aqui no Brasil, comparado com o concorrente, está mais limitado.

Então, uma alternativa certamente, é prosseguir agressivamente, com essa estratégia de identificar uma tecnologia que perita você aumentar o rendimento de inteiras, na indústria. Só uma simulação rápida aí, que vocês podem fazer, comparando os preços médios obtidos, se você tivesse um rendimento maior de inteiras: se pudesse elevar o número de inteiras de 50%, para 70% na indústria, você poderia injetar algo em torno de 80 milhões de reais por ano, que é mais ou menos 20% do que as processadoras todas faturam por outro modo, assumindo os preços das amêndoas, não se modificariam, principalmente, de ofertas de amêndoas maior qualidade, seriam geradas pela indústria. Então, sem produzir 1 quilo a mais de amêndoas, você injetaria mais 80 milhões de reais, seriam 20% do que a indústria fatura, ou seja, é um montante significativo para você colocar na indústria. Isso aí, certamente, vai se refletir ao longo de toda cadeia, com espaço inclusive, para o produtor.

Em termos de fábricas, que é o que temos tido experiência nesses últimos meses, o que temos visto, é que as mini-fábricas normalmente costumam operar um custo mais elevado de mão-de-obra e por isso, apesar do rendimento de inteiras ser maior, à medida que você concebe automatizar esse processo na indústria grande e transferir parte do ganho para os produtores, aumentando o preço que é pago para o produtor de castanha, a margem da mini-fábrica vai ser achatada. Então, é importante que as mini-fábricas busquem diferenciação em mercados tipo orgânico, mercados de comércio justo, mercado de técnicos, por exemplo, onde você conseguiria um prêmio da ordem de 20%, que já é bastante significativo, para o setor.

Além disso, outra oportunidade de diferenciação da castanha de caju do Brasil, em relação aos demais concorrentes, é exatamente, a rastreabilidade da castanha. Já existe essa demanda nos Países importadores para outras frutas, como, melão, manga; para castanha não existe, mas se o setor se dispuser a buscar de forma proativa, pode se antecipar aos demais Países, que têm uma dificuldade muito grande de implementar um sistema desse tipo. Por exemplo, a Índia, que importa metade da castanha que processa da África, praticamente, não teria condições de fazer algo desse tipo, enquanto aqui no Brasil, se o setor se organizar e achar que é importante, poderia buscar inclusive, como forma de diferenciar essa castanha e assim, sempre conseguir um preço mais elevado no futuro.

E por fim, outra alternativa para o setor é exatamente o maior aproveitamento do subproduto, ou demais produtos do cajueiro, principalmente, o pedúnculo. Isso já foi bastante repetido, uma vez que todo setor da cajucultura foi concebido e orientado para a castanha. Então, tem todo a outra gama de produtos que precisa ser melhor aproveitado. Então, se a castanha enfrenta dificuldades estruturais e conjunturais do câmbio, para ter rentabilidade, oferecer uma rentabilidade melhor para o produtor, é fundamental que o produtor busque outras alternativas, com os demais produtos do cajueiro.

Basicamente, Antônio José, a sua palestra foi muito elucidadora, que acho que ofereceu para todos aqui, bastante informações. Gostaria apenas, depois de tentar compreender melhor essas estimativas de produção da indústria, que são produção de castanha e processamento da indústria, que são bem diferentes das estimativas que normalmente vemos, dos órgãos, do próprio IBGE e também, se nós fizermos a conta para trás, do que é exportado e considerar que 80% da castanha que é processada é exportada e você voltar, você não consegue chegar naqueles números de produção geral. Eu acho que é importante até para o setor como um todo, chegar a um patamar de valor, porque a impressão que temos e sempre nos baseando nos números oficiais do IBGE, é que todo essa dificuldade estrutural que existe por conta das margens mais apertadas devido a essa tecnologia já um pouco ultrapassada de processamento, tudo isso acaba se refletindo lá no produtor; e o produtor, desestimulado para investir, acaba deixando de lado a possibilidade de renovação dos seus cajueiros. Então, é importante que tenhamos esses números mais refinados.

Muito obrigado e agora, vamos abrir aí para as perguntas. (Aplausos)

SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Quero agradecer ao Dr. Hugo pela sua palestra. Informar aqui, Dr. Angelim me pede, que a partir da tarde de hoje, todas essas transparências que foram aqui apresentadas, já estão no Site da Federação. Não tem necessidade de se copiar, nem pegar o pen drive, para tirar cópia agora. Se quiser tirar, a Giovana terá muito prazer em fazer isso. Mas, é só entrar no Site da Federação e copiar em casa, com mais comodidade. Tanto essa como as anteriores e posteriormente, serão publicadas as palestras propriamente ditas, infelizmente, ainda sem uma revisão. Coisa que não conseguimos fazer, porquanto, não temos pessoal habilitado para tanto. Aguardamos até voluntários por tema. Aqueles que tiverem interessados em fazer a revisão de todas as palestras, relativas ao ciclo da castanha, eu agradeceria imenso, porque enriqueceríamos E essa revisão, alguns termos técnicos que a taquigrafa não consegue capturar, alguns problemas que no linguajar há uma concordância para que não vá denegrir o nome do palestrante. Nós fazemos uma correção rápida. Então, é esse tipo de colaboração que gostaríamos de ter. Eu queria antes de passar a palavra ao auditório, relembrar que a nossa próxima reunião será no dia 8 e não no dia 7 e já na reunião subseqüente, nós passaremos a fazer as reuniões nas segundas-feiras, no mesmo local e na mesma hora. Queria pedir ao Dr. Angelim que todos os convites via e-mail ou fax, já constasse desse fato. A partir desta semana, coisa que já vinha acontecendo nas semanas anteriores. Queria felicitar os dois palestrantes, pelas palestras muito esclarecedoras e verificar que realmente, parece uma repetição, mas os conceitos estão sendo consolidados na mente de cada um de nós. A palestra do Antônio José, eu vou me permitir fazer algumas considerações Nós esperávamos muito pessimista e pelo contrário, é uma palestra bastante otimista, o panorama mundial, não está trabalhando contra nós, pelo contrário, o crescimento da Índia e as crescentes exigências de qualidade, eu creio, pode fazer o diferencial. É difícil agora com esta, o Itamaraty nós poderíamos trabalhar, porque as exigências com relação aos nossos produtos, de frutas, carne, leite, tudo aquilo que o Brasil importa, com relação a qualidade, inclusive, o problema de mão-de-obra, o trabalho escravo, tudo isso é exigido pela União Européia e é esquecido pelos Estados Unidos, que para a castanha isso não ocorra.

Uma das perguntas que eu queria fazer ao Antônio José, como é que um exportador, num momento de excesso de oferta, com baixa qualidade do produto, pode suspender a entrega e fazer exigência de uma venda casada. Realmente, foge aqui o meu entendimento. Eu não consigo entender. Essa seria a minha indagação. Foge à lógica completamente. A outra pergunta, é, por que não há a mesma exigência em termos de qualidade pensando na saúde, principalmente, na União Européia, que é a maior importadora dos produtos asiáticos, que é tão exigente com relação aos produtos brasileiros, não há essa exigência com relação aos asiáticos? Entende-se, quando é das ex-colônias, que poderia ser com relação ao Vietnam, mas está tão longe a colônia do Vietnam na França, que está difícil de entender isso. E com relação a esse aumento de produção, para 325 mil toneladas, na safra 2007, é preocupante, com relação ao problema que estamos vivendo, com o problema cambial. Quero agora lembrar da necessidade de nós fazermos junto com a CNI, aquele trabalho, não encerrar, não considerar encerrada a reunião com o Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, tem que trabalhar no Congresso Nacional, não só na Medida Provisória, mas continuamente. Porque não se justifica que a indústria têxtil e a indústria de calçados tenham um benefício que a indústria de castanha de caju, com as mesmas características, 85% de exportação e intensivo uso de mão-de-obra e numa região deprimida como a nossa, nós não tenhamos as mesmas vantagens que têm as mesmas indústrias. Isso mostra também, a falta de força política que a região tem e a fragilidade da nossa bancada. Eu gostaria agora de começar as inscrições. Aqueles que desejarem fazer perguntas...

Agradecer a presença das comitivas que vieram do Interior, que enriquecem e aumenta a nossa freqüência e justifica cada vez mais a nossa existência. Victor Hugo com a palavra, por gentileza. SR. VICTOR HUGO: Bom-dia a todos. Meu nome é Victor Hugo, sou pesquisador da Embrapa.

Antes de fazer a pergunta ao Antônio José, Gostaria de pedir permissão do Torres de Melo, 1 minuto apenas, para hipotecar aqui a minha solidariedade, ao empresário e produtor, Raimundo Everardo Vasoncelos, que também, é cajucultor e faz um excelente trabalho com relação à modernização dos pomares de cajueiros aqui no Estado do Ceará, precisamente, na Região de Beberibe. Não tenho nenhuma procuração para fazer isso, mas faço, por justiça e por conhecer o trabalho que Everardo Vasconcelos faz, nas suas empresas e principalmente o trabalho social que ele faz nas suas empresas, mantendo escola com mais de 500 alunos, mantendo um contingente de 350 empregados com carteira assinada, numa região, onde o índice de desemprego é altíssimo, elevadíssimo. Aquela Região de Beberibe e Cascavel, nós conhecemos muito bem, sabemos a dificuldade de empregabilidade naquela região, Então, a minha solidariedade ao amigo Everardo. Feito isso, quero parabenizar o Antônio José e o Hugo Figueiredo, pelas brilhantes exposições.

Alguns dados me chamaram atenção, Antônio José e algumas colocações que você fez, principalmente com relação à questão de um dos desafios. Você colocou dois grandes desafios, eu ressalto um, que considero particularmente importante, que é a questão de aumentar o índice de inteiras. Realmente, esse é um grande desafio, não só da indústria brasileira, mas da indústria mundial. Realmente, isso não é fácil. O Hugo, quando fez a moderação da palestra, ele colocou dois índices aí, alcançados pela indústria e alcançados pela mini fábricas. E aí é onde vai a minha pergunta: como é que você vê Antônio José, a questão da mini-fábrica, face essa conjuntura toda?

O Governo Brasileiro investiu e continua investindo aqui no Ceará, no Rio Grande do Norte e em outros Estados aqui da Região Nordeste, na instalação de mini fábricas, através da Fundação Banco do Brasil. Eu gostaria de saber qual a opinião da grande indústria, em relação às mini-fábricas de processamento de caju.

E além disso, gostaria de saber também: É possível estabelecer uma aliança com as mini-fábricas, entre a grande indústria e a mini-fábrica? Obrigado. SR COORDENADOR TORRES DE MELO: Bem objetiva a pergunta do Victor. Eu gostaria que os demais fossem assim. Com a palavra João Batista, por gentileza. SR. JOÃO BATISTA PONTE: Bom-dia, saúdo todos. Sou João Batista Ponte, produtor de caju aqui no Ceará. É mais um comentário que tenho a fazer, antecipadamente, enquanto alguns companheiros não saem, sobre o que foi abordado aqui, sobre a mudança de copa, que é um dos assuntos, um caminho necessário, para que tivéssemos um bom resultado na mudança na produção da cajucultura.

Eu, vendo o Carlos Prado aqui, lembro que no dia 24, na última palestra, ele diz textualmente, que castanha deixou de ser viável, principalmente para o médio produtor. Então, pensando na mudança de copa do cajueiro, algumas informações aqui, alguns comentários, e hoje também, com o Férrer aqui presente, eu colhi a informação com o Presidente do Sindicato da Indústria de Serrarias, chamada Assis Almeida e ele que faz briquete de madeira recolhida nas serrarias da Região Metropolitana. Então, a essas alturas, eu já sei o que é o briquete. Posso dizer que a briquetagem, ele pega madeira, aquilo que sobra na serraria, desidrata e vende para as padarias, pizzarias de Fortaleza, aqui da Aldeota, que não pode fazer fumaça, etc, numa média de produção de 8 toneladas, o que não seria o caso nosso, em que o produtor tem que mudar a copa do cajueiro, cortar uma árvore toda, que sairia em média, 4 toneladas por árvore.

Também já tinha um comentário sobre o que achava, em relação à produtora de calcário no Município de Nova Olinda. Ela usa o LCC da castanha de caju e magnésio do mesmo grupo, produtora de gesso, o Gerente Lucas, ele falou que usa castanha de caju, a casca da castanha de caju para aquecimento das suas caldeiras, que afinal de contas, tudo que é advindo do caju e tudo é em parceria.

Agora, o Fernando Ibiapina, Presidente do Sindicato da Indústria de Cerâmica, disse que o mercado da madeira está estável, nem sobra, nem falta, o preço é relativamente bom, ativado, de 10 a 13, reais . por metro cúbico de madeira. Agora, o que eu sei é que essa produção é feita unicamente, pela poda do cajueiro. Não estou falando aqui no tipo de copas altas, de 40 centímetros de altura. Aí ele sugeriu, indicou a indústria de cimento de Sobral, que poderia comprar a madeira nossa, da Região Norte do Estado, que o trailer pudesse deixar até a fábrica de cimento de Sobral. É um bom indicativo, que infelizmente, até hoje não me deu tempo. Eu conversei com ele ontem à noite, de pegar um indicativo, se a fábrica de cimento de Sobral poderia pegar muita madeira, para nós. Também, o Presidente da Indústria de Serraria indicou, falou o seguinte: Que a Açailândia lá no Maranhão, os ruseiros, que são as pessoas que trabalham com ferro ruso, para fornecer à industria, eles têm muita necessidade de madeira, porque lá a madeira é limitada, são muito fiscalizadas e é verdade, que é o Maranhão, o Pará, que nós pensamos que tem muita madeira, mas não é tanto assim. Então, ele disse que possivelmente, poderíamos vender, se fizéssemos um acordo com eles, porque só em Açailândia tem 5 empresas de mineração de ruseiros. Eles poderiam apanhar a madeira aqui e vendermos a madeira para eles lá, ou a madeira, ou já o carvão efetuado. Isso já há um estudo? Espero que sim, porque a produção para sobreviver, se for para mudar a copa do cajueiro, para quem já tem cajueiro, arrancar é impossível, o Ibama não permite, só permite a mudança de copa e ficamos nós nessa situação.

Eu digo isto, porque estou trazendo um assunto, que de repente, alguém tem uma novidade ou uma sugestão melhor e seria muito viável, muito interessante, porque no momento, pelo que se comenta, nós vemos aqui pela palestra do Antônio José, ele foi simples, sincero, claro, expôs que a situação é essa e não tenho o que dizer ao contrário. Só tenho um ligeiro acréscimo a fazer no comentário dele. É que ele citou dados obtidos até o mês de maio e tem até o mês de junho e que houve um acréscimo em preço, de 3.24%, até o mês de junho ou seja, encerrado o primeiro semestre de 2007, entre a produção e a quantidade exportada e o preço por quilo da quantidade exportada, que passou de 4.31 dólares, para 4.45 dólares.

O restante é só agradecer e esperar algum comentário sobre essa situação de poder mudar a copa do cajueiro, porque digamos, se eu tenho um plantio de cajueiro, vou fazer um plano de mudança de copa, a primeira coisa que vou me preocupar, é o que vou fazer com essa madeira, porque esse plano só seria viável, se você pudesse mudar a copa do cajueiro, serrar e tirar a madeira, a custo zero. A mão-de-obra pagaria a venda da madeira, ou vice-versa. Sem essa, não haveria viabilidade, porque não poderíamos deixar o cajueiro no campo, criando cupim, etc. e outras coisas. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Obrigado digo eu, pelas sugestões. Eu gostaria que o Menezes e você, com a associação, dessem prosseguimento a esse trabalho, utilizando inclusive, eu creio, o Dr. Picanço está aqui presente, os serviços lá do INDI, que teria interesse. José Ismar está bastante avançado em pensar em um equipamento volante, para processar o corte da madeira, para levar para uma usina para fazer o briquete, que eu creio, que é a única alternativa inclusive, até para o uso de energia até para exportação, que acho que poderia, na escala que é possível se atingir. Agora vamos passar a palavra a Dra. Rosália. SRA. ROSÁLIA AGUIAR: Bom- dia. Sou Rosália Aguiar, consultora em desenvolvimento e engenheira agrônoma. Gostaria de parabenizar as palestras e fazer algumas perguntas. Com respeito à parte de mercado de internacional da castanha, eu estive algumas vezes nos Estados Unidos e conheço bem a parte da Califórnia, Nova York, etc. e sei que quem indica o preço é o consumidor final. As transparências que você colocou, Antônio José, demonstram claramente, que a preferência americana é pela castanha de caju e isso indica que eles vão comprar por qualquer preço a castanha. Eu gostaria de saber, se não estaria havendo por parte dos importadores, um pequeno dumping, já que o preço em dólar está diminuindo e a preferência e o gosto está aumentando, ferindo completamente, as leis de economia, em que, se a preferência aumenta, o consumo aumenta, o preço também aumente e se também; não está havendo um pouco de desarticulação Internacional dos exportadores, para que esse preço seja respeitado e para que não se venda exclusivamente a grandes exportadores, por ter uma venda mais facilitada. Estando lá, eu vi muito o comércio migrado do comércio grande, para o pequeno, as redes de supermercados pequenas estão aumentando, já faz 10 anos, nos Estados Unidos, grandemente. E eu não tenho conhecimento aqui, da maioria dos profissionais industriais e até dos produtores, de ninguém que explore o mercado de varejo pequeno, dos Estados Unidos. Então, eu creio que o problema de preço baixo, talvez seja uma falta de exploração profissional do mercado. Então, gostaria de saber quais são os problemas que estão ocorrendo com respeito a isso. Com respeito ao que o Dr. João Batista falou, a lei ambiental, ela proíbe o corte de árvores, mas ela proíbe o corte de árvores protegidas conta o corte. Então, no caso de uma produção que é frutífera e exclusivamente, para produção econômica, não é previsto isso e se fosse previsto, teria que haver o manejo sustentável, que deveria haver a substituição e a renovação dos pomares polatinos. Os pomares de caju do Ceará, faz 30 ou 40 anos que foram colocados, a maioria e já estão esgotados de produzir, porque eles não foram renovados. Isso quer dizer que, ambientalmente, ou economicamente, eles tinham que ser renovados. Eles ambientalmente, estão mortos, porque não houve renovação, não há árvores novas e economicamente, mortas, porque já está esgotada a capacidade de produção. Então, tem que se pensar numa possibilidade de renovação econômica e ambiental, ou os dois, dependendo da área e do objetivo. E como os cajueirais nasceram do Governo César Cals, através dos grandes projetos de reflorestamento, eu acho que a melhor saída é fazer novamente, projetos de reflorestamento, utilizando as soluções tecnológicas viáveis e aproveitando os créditos de carbono. Para isso eu perguntaria: Nos convênios do Sindicaju, existe alguma previsão de fazer a fórmula de fixação de carbono, para a espécie do caju, que é a condição sinequanon, para ter um reflorestamento de caju, com aproveitamento de créditos de carbono, que baratearia muito os custos da renovação tecnológica? Muito obrigada. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Obrigado Rosália. Com a palavra Antônio José e o Dr. Hugo, na ordem. SR. ANTÔNIO JOSÉ GOMES TEIXEIRA DE CARVALHO: Primeiro eu vou responder às perguntas formuladas pelo Dr. Torres de Melo, obedecendo aqui à hierarquia. Com relação a por que os Estados Unidos aceitaram negociar com o pessoal do Vietnam e receber dois containers, quando tinham comprado apenas um, eu respondo da seguinte forma: o americano tem a filosofia dele e como qualquer outro empresário, ele é muito capitalista e está vendo o retorno que vai ter naquele negócio. Se ele tem uma castanha comprada, vamos dizer, a 2 dólares e o mercado subiu para 2,50, a conta que ele vai fazer é muito simples. Quando o

Vietnam faz uma proposta dele. Se eu receber um container a 2 e um outro a 2,50, então, o meu preço médio vai ficar em 2,25, o meu custo. Se eu não aceitar a proposta dele, eu vou pagar 2,50 no mercado. Qual o melhor para mim? Então, ele fez essa pergunta e a resposta seria. Vou aceitar a proposta dos vietnamitas. Meu custo em 2,25 e não em 2,50. Então, essa é a primeira resposta que quero passar. A segunda, é por que o mercado europeu é tão exigente na compra de produtos, vamos dizer, brasileiros, produtos primários, tem aceitado e tem comprado ainda, tanta castanha na Índia e no Vietnam? O que posso dizer é o seguinte: O mercado de castanha trabalha a amêndoa crua. O importador, quando recebe um produto da Índia, do Vietnam ou do Brasil, ele ainda vai reprocessar esse produto. A castanha tem infestação, tem impureza, mas também, tem uma cor bonita. O que ele vai fazer? Ele vai jogar numa refrigeração aquele produto, vai negociar um desconto com o indiano, na refrigeração ele vai matar a infestação, vai ter algum trabalho para separar as impurezas, vai entrar com uma reclamação, vai obter um desconto naquela compra e depois, vai processar a castanha na embalagem dele, que a castanha em si, é uma castanha bonita, conforme falei, é uma castanha mais alva. E o Mercado Europeu é um mercado muito conservador. Ele não muda de fornecedor, assim com muita facilidade, principalmente, de fornecedor e produto, porque o produto brasileiro, ele realmente, é um pouco mais escuro, do que o produto indiano. Então, o Mercado europeu reluta muito em mudar de mercado. Mas, como falei na apresentação, este ano estou sentindo que isso está mudando e imagino que aqueles 7% de participação do Brasil na Europa, que nós vimos na apresentação, eles devem ser bastante superados este ano de 2007. Espero ter respondido a contento, as duas perguntas.

Dr. Victor Hugo, essa questão das mini-fábricas, é uma questão que até evito comentar, principalmente, se eu tenho um público me escutando, onde têm algumas pessoas que são idealizadoras de participarem, vamos dizer, das primeiras iniciativas, em relação a mini fábricas. Então, não me sinto muito confortável pra falar. Mas, aqui é uma democracia e tenho que expor a minha opinião, até porque fui indagado. A mini-fábrica na Índia, onde começou essa idéia, ela tem uma situação um pouco diferente. Conforme coloquei aqui na apresentação, o mercado indiano é o segundo maior consumidor do mundo e as mini-fábricas trabalham, basicamente, na informalidade na Índia e abastecem o mercado interno. As outras fábricas menores que abastecem os centros de embalagens para a indústria, são fábricas que normalmente, pertencem a própria indústria. De maneira que, é uma situação diferente do Brasil. O consumo de castanha do Brasil é muito pequeno e a castanha que é vendida no Brasil, ela é mais utilizada como ingrediente da indústria de chocolate, ou algum outro tipo de indústria, para consumo direto, como é o caso de tira-gosto, tudo mais, embora esse mercado venha aumentando e temos que respeitar. Mas, então, essa é uma analogia que queria fazer, entre mini fábrica na Índia e mini fábrica no Brasil. Na Índia tem mercado interno. Qual o problema da mini-fábrica por um mercado externo? A mini-fábrica, ela processa quantidades muito pequenas, o mercado compra quantidade, ele quer receber no mínimo um container com 700 caixas de um tipo. Então, para fazer um container já é demorado. Para fazer um container de um tipo, é muito mais demorado.

Por outro lado, existe a questão da qualidade. Se você pega várias mini-fábricas e junta em um mesmo local para fazer o empacotamento, vamos chamar assim, a exemplo do que ocorre na Índia, não tem uma padronização de qualidade, você vai ter problema nessa castanha, porque o importador quando receber, vai receber castanhas diferentes num mesmo lote. Então, isso aí realmente, é prejudicial. Por outro lado, como essa castanha passa muito tempo para ser processada, ela viaja e tem, o que está ocorrendo agora, no Vietnam, por exemplo, acaba ela ficando mais susceptível a manifestações e outros tipos de doenças. Então, eu realmente, não vejo assim uma solução, para mini-fábrica.

O que acho é o seguinte: ao invés de mini-fábrica de castanha, o que devia ter sido concebido na época, já que a castanha já tinha mercado; olha, o produtor de caju, ele se constitui de pedúnculo e de castanha. A castanha já tem um mercado, o pedúnculo, na sua grande maioria, é jogado fora. Então, ao invés de mini-fábrica de castanha, poderia se fazer mini-fábrica de suco, ou de alguma coisa que se aproveite o pedúnculo para agregar renda do produtor, já que a castanha já tem mercado e já tem valor no mercado, tem cliente para ela. Então, a minha opinião com relação a mini-fábrica, é por aí. E agora, mini-fábrica com relação às indústrias, quer dizer, há alguma interação aí entre indústria e mini-fábrica? Eu acho que quando se fala em centro de embalagens, já existem, são as próprias indústrias mesmo. E se precisaria de um trabalho muito grande de padronização de qualidade na mini-fábrica, para que a indústria receba a castanha pré processada e aí passa a ser um centro de embalagem.

Mas, diante do que falei antes, eu realmente, tenho as minhas dúvidas, se isso funcionaria também, mesmo com essa interação entre indústria e mini-fábrica. Quero dizer que não tenho absolutamente, nada, contra, assim pela filosofia. Acho que a iniciativa, é uma questão social, é muito importante, não estou desconsiderando isso, de maneira nenhuma. Só não vejo como viabilizar, já que o Brasil não tem um mercado interno tão forte, quanto a Índia.

O João Batista colocou aqui, falou mais sobre outros assuntos que não competem a indústria, mas falou sobre o preço exportado entre maio e junho, que houve um aumento aí no valor do preço unitário exportado. Na realidade, ele falou que era de 4.31 em maio, passou para 4,45 em junho, acho que foi esse o número. Na realidade, esse preço exportado, ele nem sempre está mostrando qual é a realidade, porque nós temos 36 tipos de castanhas sendo produzidos

na fábrica, temos desde a castanha graúda inteira, alva, a SLWU, até a farinha, dependendo dos tipos que foram mais comercializados naquele mês pelo setor, você pode ter um preço médio mais alto, ou um preço médio mais baixo. Por isso, que nessa questão de preço médio, é bom sempre considerarmos um período bem maior do que um mês, porque o mês pode não espelhar a realidade. O que está acontecendo hoje, a maioria das indústrias têm um estoque muito alto de granulados, amêndoas quebradas em pedaços pequenos. Então, esses estoques deixaram de ser vendidos, eles puxam o preço médio para baixo. Se você for ver qual o estoque das empresas hoje, ele está muito concentrado em tipos granulados. E esses granulados quando forem vendidos, vão gerar prejuízo, quer dizer, vão baixar o preço médio. Então, é uma análise fria que se considera, mas que deve ser levado toda uma série de outros fatores, que podem interferir nesse valor absoluto aí, do preço.

Com relação ao questionamento da Dra. Rosália, já que o mercado internacional tem preferência na compra, compra castanha a qualquer preço, não, não compra. Existe uma concorrência muito grande entre as nozes. Se a castanha estiver mais cara do eu a amêndoa, com certeza, no mix at nougets, que as empresas por exemplo, eles misturam castanha com avelã, com amêndoa com pistache, até com uva passas, numa latinha só. Então, esse produto é o que chamam de mix at nougets, lá nos Estados Unidos, ou no Mercado Externo. Então, dependendo do preço de cada componente, essa formulação vai ser alterada, para que o preço final não sofra um aumento grande. Então, realmente, eles levam muito em consideração. Americano não compra a qualquer preço, de maneira nenhuma. Nem americano, nem mercado nenhum, compra a qualquer preço.

A questão de dumping, realmente, não existe dumping, o que eu sei do conceito de dumping, é quando você tem um custo mais alto do que vende, é provocado por algum subsídio, por alguma coisa. Nós realmente, não temos, vamos dizer, não estamos vendendo acima do custo de produção. É por isso que se está ajustando preço, aqui no mercado interno, a cada época em que o preço vai se mexendo no mercado externo. Empresas atuando no varejo, tem, são várias empresas atuando no varejo. Não sei se entraram no varejo americano, porque é muito difícil você entrar em um mercado, que hoje é o seu cliente, competindo com os seus compradores e tendo um só produto para ofertar. Normalmente, quem está no varejo, tem que ter uma gama de produtos que justifique os custos de comercialização, de distribuição, custo de prateleira de supermercado, custo de comissão de representante, de vendedores. Então, há uma agregação de valor, quando você vende um produto final, mas há uma agregação de custo também, muito grande e quando você tem um só produto e aquele custo totalmente, tem quê ser atribuído a um só produto, isso deixa a margem muito apertada, ou talvez, até inviabilize a distribuição. O importador americano normalmente trabalha com castanha, com todas as nozes, com bombo, com chocolate. Quer dizer, ele tem uma gama de produtos, os nossos clientes lá que são torradores, eles têm uma gama de produtos enormes, têm mais de 100 produtos para colocar em prateleiras de supermercados. E nós vamos entrar com um produto só, para entrar na prateleira. Quer dizer, a nossa desvantagem competitiva é muito grande, em relação a eles. E isso inviabiliza essa operação nossa. A vontade nossa é realmente, de agregar valor e estar na ponta da prateleira. Mas, temos que ponderar uma série de outros fatores, que oneram bastante essa questão, principalmente, a logística, porque o supermercado quando quer um produto, ele quer para amanhã, às 10 horas da manhã, na loja tal. E você tem que ter o produto amanhã, às 10 horas da manhã na loja tal, senão, está fora do mercado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Dr. Hugo, o senhor tem algo a acrescer? Por gentileza. SR. HUGO SANTANA DE FIGUEIREDO JÚNIOR: Gostaria de complementar as respostas do Antônio José às indagações do Victor Hugo e da Rosália. Com relação às mini-fábricas, usando a experiência que adquirimos aqui nesses últimos 2 anos, mini fábrica pode funcionar. Funciona na Índia, tem essa vantagem no mercado interno, mas funciona no Vietnam, onde o mercado interno é bem menor, do que na Índia. Agora, a grande diferença da mini-fábrica no Brasil, para a mini-fábrica nesses Países, é o custo da mão-de-obra. Então, o sistema de corte da castanha, faz sentido em um local, onde você tenha um custo de mão-de-obra muito baixo, diferentemente aqui do Brasil. Então, para as mini-fábricas que operam aqui no Brasil, mesmo com o preço médio maior do mix, resultante de amêndoas, resta no longo prazo, alternativas de diferenciação, ou seja, sempre ir buscar amêndoas que tenham algum diferencial, em relação às amêndoas comuns. Por exemplo, a amêndoa orgânica que tem um preço maior, esse preço maior que você obtém na amêndoa, compensa esse custo mais elevado da mão-de-obra. Por exemplo, a amêndoa de comércio justo, principalmente, para os pequenos produtores, também, da mesma forma, você consegue um preço maior na sua amêndoa, você compensa esse custo. Acho que num longo prazo, há de se pensar algo desse tipo. Com relação à oportunidade de mercado interno, eu gostaria também, de complementar. Nós fizemos uma comparação do consumo per capta, Índia, Vietnam e Brasil. E ajustando pelo PIB per capta, porque é natural que você em

Países que tenham maior renda per capta, você tenha um maior consumo absoluto de amêndoas. Mas, se você pegar o Brasil, fizer esse ajuste de consumo, pelo PIB per capta, comparando com Índia e Vietnam, você percebe que existe um potencial de crescimento do mercado interno brasileiro muito grande. Então, inclusive, até uma sugestão, Antônio José, para esforços aí futuros do Sindicaju, que é essa mesma iniciativa que vocês estão fazendo em nível mundial. Talvez comece aqui pelo Brasil e aí é o mercado brasileiro, você não vai estar fomentando o mercado americano, onde está todo mundo concorrendo. Você vai estar fomentando o mercado brasileiro, onde só têm os produtores aqui do Brasil, colocando o produto. Então, é uma iniciativa desse tipo, que tem a possibilidade de incrementar esse consumo interno e ter inclusive, não como válvula de escape aqui no curto prazo, já que a situação do câmbio estar ruim, mas pensando no longo prazo, esmo, quer dizer, você tendo um consumo interno, já que desses Países todos, desses concorrentes, o Brasil é aquele que tem maior renda per capta, ou seja, que também tenha um mercado interno consistente. Por fim, a Rosália fez um comentário, com relação a crédito de carbono e reflorestamento. Eu tenho duas ressalvas com relação a essa sua sugestão. Primeira, é com relação ao próprio crédito de carbono. Nós investigamos essa alternativa, como possibilidade de ação do nosso projeto e alguns especialistas do crédito de carbono levantaram duas dificuldades, que de certa forma, acabou inviabilizando nós prosseguirmos. A primeira, é que as árvores utilizadas para reflorestamento de carbono, são árvores acima de 6 metros e o cajueiro anão, na natureza, estamos sempre buscando árvores. Essa é a primeira. Pode até gerar, mas para tornar viável a operação, essa é a informação. A segunda, é que o esforço que vai ter que ser feito, pra coordenar esse reflorestamento, em diversas propriedades espalhadas, porque eu tenho sempre que ter a situação base e depois, ver em que estado está, para poder você vender esse crédito de carbono. Então, esse esforço para você acompanhar essa iniciativa fragmentada aí por todo o território e iria requerer um custo muito grande, não só o custo, mas a organização desses produtores, que acaba inviabilizando. Então, preferimos não avançar por esse caminho, nesse momento. Você também havia mencionado outra questão de Mercado Europeu e americano, o Antônio José chegou a comentar aqui. O mercado americano, ele está acostumado a essas nozes mais quebradas, amêndoas de caju quebradas, que o Brasil, já tradicionalmente, oferta. Enquanto que o europeu está acostumado com a amêndoa da Índia, que é mais clara. Então, está aí a dificuldade do Brasil de colocar essa amêndoa na Europa. Mas, eu imagino pelo menos, que a medida em que o índice de inteiras aqui vá aumentando, o Mercado europeu vai se abrindo. Obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO : Muito obrigado, Dr. Victor Hugo. Com a palavra Trajano, por gentileza. SR. JOSÉ TRAJANO: Aos conferencias, meus parabéns, ao Presidente do Sindicato, a esse jovem aí. Mas, eu teria que fazer era uma palestra e eu não tenho tempo, que respeitar os outros, tem direito quem assiste. Vamos ver se acabamos com o sermão e jogamos rápido curto e grosso, neste momento, em que a cajucultura está aqui. Sérgio, lembra do fome zero? caju alimenta? 350 mil hectares? Brasília com o Ministro, Trajano levou. Nasceu aqui no AGROPACTO. Lembram da primeira missa do caju, na Fazenda Jandaia? Nasceu aqui no AGROPACTO. Praça do caju, Beira-mar? Nasceu aqui no AGROPACTO, 5 mil metros de terreno que o Pedro Malan me deu e me autorizou o guia patrimônio da União, são 20 milhões, propriedade da ONG Caju.

Antônio José, eu nunca bati na sua porta, nunca lhe pedi uma castanha, mas uma coisa você pode ficar certo: a cultura do caju vai para a matriz energética e nós queremos agradecer a Embrapa , porque tem que ter substituição de copa, meu velho amigo, Victor Hugo. São 350 mil hectares e nós vamos fazer uma revolução e ninguém melhor para defender esse assunto, do que Caju Fujiara do Ceará. É meu sócio, fez um DVD, deu um baile aqui para todo mundo ver, ouvir e aprender. Muito obrigado meu caro Torres de Melo, muito obrigado, meu Presidente, mas tem muita coisa ainda, para botarmos esse caju na linha de fogo e eu presto um tributo muito forte a esses dois cientistas e ao terceiro que está lá no plantão, na Embrapa. Vocês têm sido o maior, ninguém tem mais do que tirar o chapéu para esse homem, Férrer, para aquele ali, Victor Hugo, são eles que estão fazendo a revolução do cajueiro-anão precoce, da substituição de copa e o MDL tem que engolir. Quem quiser levar na brincadeira, leve, mas quem quer o desenvolvimento junto ao Protocolo de Quito, está aqui, é 20 reais, só. É uma aula de carbono, está aqui, Férrer na parada. Não é não, Férrer? Estou mentindo? Muito obrigado a vocês. A ONG Caju não está morta, a cajucultura não vai morrer e o AGROPACTO vai à luta! (Aplausos) e os homens que fazem o AGROPACTO vão ter sucesso. E a única coisa que eu peço, Antônio José, meu nobre amigo, que você continue no Sindicato, lutando pela cultura do caju, porque você tem uma passagem muito bonita nessa cultura. Não se afobe, eu é que sou um brigão e nós vamos brigar juntos, para que a cajucultura permaneça viva. E eu fico grato a vocês todos. Muito obrigado, meu Presidente.

SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Muito obrigado Trajano. Com a palavra Gadelha, por gentileza. SR. FRANCISCO GADELHA: Sou Francisco Gadelha, cajucultor e respondo nesses próximos 2 anos, pela Presidência do Sindicaju. Gostaria de iniciar, parabenizando os palestrantes, tanto o Dr. Antônio José como o Debatedor, Dr. Victor Hugo e iniciarei então, colocando a importância deste evento, para a maior integração dessa cadeia do agronegócio caju. Tivemos aqui já a palestra sobre a produção, agora, sobre temos a palestra sobre a industrialização. Isso é por demais importantes. E colocaria as seguintes perguntas: Primeiro ao Dr. Antônio José. Considerando essa novidade que alguns aqui, tenho certeza, não tinham conhecimento, da criação da organização mundial da castanha OMC ou OMCC, como queiram, essa organização, com a participação do Vietnam e da Índia, se isso traria alguma dificuldade para uma futura ação, uma futura estratégia de ação, para ampliação do mercado de castanha de caju do Brasil na Europa, de vez que a participação brasileira naquele mercado, ainda é muito pequena. Segundo, com relação à participação, ou ao pequeno mercado no Brasil, para o consumo de castanha de caju. Se há por parte do Sindicaju alguma ação, algum trabalho, ou que esteja pelo menos, no plano das intenções, para um trabalho de ampliação desse mercado de consumo de castanha de caju no nosso País e certamente, exigiria corte, não só no plano do setor primário da produção, mas também, do setor secundário da industrialização, mas no plano da produção, quem sabe, dando-se as mãos e associando-se não só o Sindicaju isoladamente, mas com a participação também, de entidades representativas dos produtores, como Sindicaju, Ascaju, ONG- Caju e tantas outras entidades que estão no setor. Eu perguntaria também, ao Dr. Hugo Figueiredo, no caso do trabalho que ele elaborou, que foi bastante destacado pelo Presidente Torres de Melo, se há o levantamento, de qual seria o percentual de participação das mini-indústrias, no processamento de castanha de caju. Finalmente, voltaria ao Dr. Antônio José e perguntaria a ele se, dessa castanha que vem sendo entregue, exemplo, 325 toneladas nas safras 2006-2007, qual é a participação de entrega por Estado, a origem? Finalmente, Dr. Torres de Melo, além de elogiar por demais essa iniciativa, inclusive, essa mudança da sistemática aqui das reuniões do AGROPACTO, revitaliza o AGROPACTO. Nós estamos vendo nas últimas reuniões, como o tema é caju, o auditório com maior participação e eu perguntaria, se não seria oportuno ou em nível do AGROPACTO, ou mesmo de reuniões em nível da Federação ou de outra instância, a participação também do industrial de suco, industrial que mexa com suco, com doce, que mexa com o pedúnculo do caju., para complementarmos a série de apresentações. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu é que agradeço Gadelha. Com a palavra o Chico. SR. CHICO DO CALCÁRIO: Bom- dia a todos: Parabéns aos palestrantes pelas belíssimas palestras. A minha pergunta é súbita e rápida, porque o Gadelha já se antecipou aqui. Eu gostaria de saber do Sindicaju, ou do pessoal que está mais ligado na parte de direção do caju, se houve algum contato com a vigilância sanitária, a respeito da castanha que está sendo comercializada na Beira-mar. No início isso aqui foi levantado. Eu estive ali na semana passada, e pesquisei alguma coisa naquelas barracas e o visual que vi do pouco que passei, julguei aí em torno de 80%, todas essas castanhas impróprias para o consumo humano. Umas castanhas furadas, umas castanhas com brocas. O pior é os que vendem castanhas ali, cheguei para eles e disse, a castanha brocada e furada, eu disse: pessoal, isso aqui... Eles disseram: “Não, isso aqui é a película que está colada na castanha” Eu disse: Vocês querem rebotar essa castanha para cima de mim? Dizerem que isso aqui é película? Eu sei o que é castanha, conheço castanha, eu trabalho com castanha. Então, parte daquelas castanhas comercializadas nas barracas da Beira-mar, 80% são castanhas que deveriam ser recolhidas, porque praticamente, estão impróprias para o consumo humano e não sei se a vigilância sanitária, se o pessoal do caju entrou em algum contato, para dar um basta naquilo. O cara que come uma castanha daquela, além de comer uma castanha que altamente está encharcada de óleo, ela está contaminada ali. Era só isso. E tem também o mercado central. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Obrigado, Chico. A palavra é para o Dr. Antônio José. Eu queria a parte que me foi perguntada, Gadelha, a reunião da próxima semana, nós gostaríamos de contar com a sua presença, exatamente, a indústria de processamento de pedúnculo.

SR. ANTÔNIO JOSÉ GOMES TEIXEIRA DE CARVALHO: Gadelha, com relação ao consumo de castanha de caju para o Mercado Nacional, realmente, nós ainda vamos começar um trabalho. Nós não temos ainda nenhum trabalho feito no mercado Nacional, o que existe são trabalhos pontuais, feitos por algumas empresas que tenham mais interesse, ou menos interesse nesse mercado. Mas, através do Sindicaju, nós ainda vamos começar um trabalho também, no mercado interno. Quando começarmos a trabalhar o mercado externo, vamos trabalhar também, o mercado interno, conjuntamente. Realmente, é muito importante, já que o Brasil começa a descolar aí um pouquinho no crescimento, é importante que o consumo de castanha também, tenha uma participação maior. Com relação à participação por Estado das 325 mil toneladas que colocamos, eu não tenho o número exato por Estado, mas o que posso lhe dizer, que em torno de 40%, vem do Estado do Ceará. Imagino que muito próximo de 20% vem do Piauí, alguma coisa entre 17%, 18%, do Piauí. 10% do Rio Grande do Norte e o restante, dividido para os outros Estados, que têm uma participação menor. Respondendo ao Chico, nós não fizemos nenhum contato com vigilância sanitária, a respeito da castanha comercializada na Beira-mar ou no mercado central. Realmente, não temos nenhum contato com a vigilância sanitária, a respeito disso aí. Mas, é importante, porque realmente, tem muita castanha estragada, sendo comercializada como castanha boa. E para o turista que vem ao Ceará, achando que vem comer uma castanha boa na terra da castanha, é uma decepção e isso atrapalha com certeza, o consumo Nacional, sem nenhuma dúvida. SR. HUGO SANTANA DE FIGUEIREDO JÚNIOR: O Gadelha perguntou sobre a capacidade instalada das mini-fábricas. Quando fizemos esse levantamento, em torno de 1 ano e meio atrás, com apoio da Embrapa e talvez o Lucas tenha uma informação mais atualizada, é a capacidade instalada de mini-fábricas em todo o Brasil, era de 20 mil toneladas. Se não me engano, à época, estava mais ou menos metade dessa capacidade ociosa. Alguns Estados mais ociosos, outros menos, mas talvez, a situação é mais ou menos isso. Então, existe uma capacidade ociosa bastante grande em mini-fábricas. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Lucas, você tem alguma coisa a complementar? SR. LUCAS LEITE: As estimativas Gadelha, é muito difícil de se ter, exatamente, pela questão da flutuação de capital de giro para aquisição de matéria prima. Então, tem o trabalho da Fundação Banco do Brasil, que está corrigindo esse aspecto, mas existe um número também muito grande de mini fábricas, que trabalha também, em função digamos assim, mais da safra. Então, essa estatística fica um pouco dificultada. Então, a referência que se tem assim pela articulação com as pessoas que trabalham na área, dão essa sinalização que o Hugo falou aí, mas como falei, é uma estimativa. Não temos dados precisos. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO : Vamos passar ao último bloco. Menezes, por gentileza. SR. RAIMUNDO PEREIRA MENEZES : Bom-dia a todos. Eu sou produtor. Assumi a Presidência da Associação dos Produtores de castanha da Cajucultura do Estado do Ceará. Acho que aqui já esvaziou um pouco, mas ainda têm os companheiros que vieram de alguns municípios, alguns distritos, dizer que estamos funcionando na Edite Braga, nº 50, numa sala cedida pela Federação da Agricultura. E eu gostaria de conclamar os companheiros, para que nos reuníssemos e déssemos um pontapé inicial nesses problemas, que nos afligem. Mas. Eu queria, antes de dar aqui uma sugestão, ou um pedido, felicitar aqui os palestrantes, meu companheiro Antônio José, que estamos sempre juntos vendo essa situação que possamos tirar proveito do produtor e do industrial. Esses dados que foram feitos da Índia e do Vietnam, que são Países altamente produtores, importam ainda a castanha e produzem, mas no consumo interno de cada País desses, é bem elevado. Ao passo que no Brasil, nós com 190 milhões de habitantes, com um trabalho bem feito, acho que poderíamos ter 40% a 50% da nossa castanha sendo consumida aqui, internamente. O que se observa é que a nossa castanha, enquanto foi dado aí um referencial de 8 reais e pouco por quilo o preço médio da castanha, 4 dólares, nós compramos castanha aqui no Ceará, de 25 reais o quilo. Quando partimos para o Rio Grande do Sul, castanha é 40 reais o quilo e isso é impossível de se elevar o nosso preço no Mercado Internacional. Eu acho que se nós fizéssemos um trabalho junto aos órgãos públicos para nos ajudar, lógico que doação não virá mais. Isso nós sabemos que os Governos não vão nos ajudar mais com os recursos do agro, como anteriormente, era feito. Mas, poderíamos reivindicar isso, junto aos órgãos públicos, para a divulgação da amêndoa de castanha no mercado interno. Isso eu acho que era uma fora de sair dessa situação. Era só isso, muito obrigado.

SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu queria complementar. Talvez, Antônio José, se houver interesse, talvez, era fazer uma reunião com a Associação de supermercadistas, como estatística de experiência aqui no Estado, para que ele nos ajudasse nessa divulgação e disponibilizasse material de boa qualidade, a preços inferiores a esses que são praticados, que até fiquei abismado com negócio de 20 reais o quilo. Porque só compramos de pacotinho pequeno, não sabemos o preço de quilo. Então, era essa a sugestão complementar. Com a palavra Crisóstomo. O Crisóstomo é o nosso relator do GIAP, dessa série de palestras. SR. JOÃO CRISÓSTOMO: Bom- dia a todos. Cumprimentando o Dr. Antônio José, pela sua apresentação e o Dr. Hugo também, pelo seu s comentários. Nós, na condição de relator de tudo que está sendo apresentado e discutido aqui, nós estamos anotando e já apontando algumas indicações que deverão sair, desses painéis do AGROPACTO. E uma constatação que verificamos aqui, Dr. Antônio José, juntando a sua apresentação com a do Dr. Carlos Prado e o comentário do Dr. Hugo, nós verificamos o seguinte: A produção de castanha de caju dobrou, nos últimos anos. E o consumo de amêndoa de castanha de caju, não dobrou. Conseqüentemente, isso se reflete no preço e isso nos leva a outra constatação que anotamos. Fica difícil por exemplo, sair daqui uma proposta de um programa de Governo, por exemplo, para traçar uma estratégia de ampliar as ares de cajucultura. Quer dizer, o cenário atual, é difícil programa de ampliar a área. Parece-me que a cada dia fica mais claro, que ele fica bem mais adequado, no sentido de melhorar a qualidade. Então, aqui as perguntas: Aliás, aqui um outro depoimento. Eu tenho um amigo geriatra, que atende a várias empresas, sobre a questão da sanidade, que prestam serviços a turistas que vêem à Fortaleza, no meio do ano e ele tem me perguntado. “Crisóstomo, como você é da Embrapa, eu atendo alguns turistas e grande parte deles, com desarranjos intestinais, pessoas da terceira idade, que vêm gastar dinheiro aqui fazendo turismo e quando eu passo a checagem, todo eles comeram castanha de caju”. Eu fui à praia, comprei castanha depois, rodeei ao mercado. Verifiquei o seguinte: As pessoas enchem os saquinhos ao redor do mercado central, eles despejam castanha no chão ali, próximo o mercado, ensacam e depois vão vender lá na praia. É claro, que siso vai afetar o turista e prejudica esse agronegócio de castanha de caju. E perguntou: “A Embrapa tem alguma atividade com relação a isso?” A minha resposta foi que não, porque nós temos conhecimento disso. Mas, isso é uma atividade de órgãos da área de vigilância sanitária. Mas, a constatação do Dr. Moacir, é que diz: “Rapaz, isso é que tem prejudicado tremendamente, a imagem da castanha brasileira, junto aos turistas que vêm aqui”. Então, isso é desagradável Dr. Antônio José e aos presentes, porque a constatação de um profissional da área médica, que vê isso, junto aos turistas. Agora, as perguntas: Duas perguntas para o Dr. Antônio José e eu queria talvez, a complementação do Dr. Hugo. A primeira é sobre aquela criação da organização mundial para promover a amêndoa da castanha de caju, tem a seguinte alternativa e uma delas, é adotar estratégias para ampliar o mercado. Mas, toda ênfase foi dada para o mercado externo.E dentro do mercado externo, eu tenho uma indagação, Dr.Antônio José. Essa questão da cor da nossa amêndoa, ela não poderá ser um empecilho na ampliação do Mercado Europeu, se isso é um empecilho, que estratégias nós devemos adotar? Cada dia eu vejo mais claro, que tem que ter ações de P&D, pesquisa e desenvolvimento na área de melhoria do rendimento industrial e desse aspecto da castanha de caju. O senhor mostrou muito bem, que a indústria não tem interesse de comprar máquinas, porque são poucos compradores. Então, aí eu vejo claro uma estratégia entre o segmento e o setor Governamental, para resolver esse problema. E eu acho que desse documento deve sair uma proposta desse tipo. Então, essa a pergunta. E com relação ao mercado interno, eu tenho escutado de alguns economistas, colegas da Embrapa e também, da universidade, que dizem o seguinte: Toda atividade de exportação, ela tem que ter também, como norma, um mercado interno, se não bom, mas razoável, porque existe pouco controle sobre o mercado externo. Mas, o mercado interno, é mais fácil você dialogar com ele e ter controle. Existe esses colegas de economia até citam, que existe um inglês que ganhou um prêmio Nobel, demonstrando isso. Que toda atividade de exportação, tem que fortalecer também o seu mercado interno, sob pena de sofrer grandes turbulências, ao longo dessa atividade. A última pergunta, é sobre o círculo vicioso, que o senhor mostrou. Realmente, o círculo vicioso, como o senhor vê que a indústria poderia participar, reduzindo os problemas apontados naquele círculo vicioso? Nós citamos o seguinte: Eu vi um industrial, diretor da Cascaju, no ano passado, dizendo o seguinte: Que 18% da castanha que ele compra naquela Região de Cascavel, Pacajus, são furadas. Aí ele diz: “Olha, por conta disso, nós não temos muito interesse em comprar a castanha dessa região, porque quase 20% são furadas, não serve para nada”. E nós colocamos para ele. Por que essa castanha vem furada? Ela vem, porque é em função de uma praga que começa a acontecer, a partir de maio e junho, exatamente, nesse período, o produtor está altamente descapitalizado, conseqüentemente, Dr. Antônio José, ele deixa a mercê das pragas, elas acontecerem, porque ele não tem recursos para comprar, adquirir inseticida e praticar o controle da broca das pontas e das pragas das castanhas, que acontecem exatamente, no primeiro semestre, que é quando o

produtor está sem dinheiro. Isso eu vejo em outras culturas, o setor de processamento participa de certo modo, com a melhoria desse processo.

Eu gostaria de ouvir, se o senhor tem algum comentário sobre isso, ou se poderíamos fazer uma discussão, de como isso poderia ser minimizado, ou seja, como poderíamos apoiar, para reduzir esse número de castanhas furadas. Têm estratégias, têm tecnologia para isso. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Dr. Vieira, por gentileza. SR. EDMAR VIEIRA FILHO Bom-dia a todos. Edmar Vieira, da Ascaju e curioso no assunto. Quero parabenizar o Carvalho e ao Hugo, pela exposição da palestra e dizer que a cadeia produtiva do caju hoje, é um problema sério. Tanto na área do produtor, quanto à parte industrial e na comercialização. Focando basicamente, no setor industrial, que é uma área que nós temos interesse maior e curiosidade no assunto, eu acredito que temos duas linhas de produção aí. Essa linha das mini-fábricas, que atinge um percentual de inteira de 80%, é considerada uma produção ímpar e o sistema da tonalidade, da cor da amêndoa no corte mecanizado, que praticamente, é em virtude do processo. Esse processo tem 25 anos que vem o corte mecanizado, trabalhando com o mesmo sistema de corte, assim também, como o manual. Eu diria que tem que encontrar soluções, porque aqui estamos atrás de soluções inteligentes, você não ficaria nem no manual, nem no mecanizado, você tem que ter um semi mecanizado, ou seja, a produção do corte, nem toda castanha que você recebe dentro da fábrica, é para o mecanizado. Você processa apenas 50% da castanha que seria a menor, no mecanizado, e a outra parte, vai administrar no outro sistema semi-mecanizado, para ter um percentual de inteira, como bem o Hugo disse, que se você tem uma produção aqui no Ceará, de 10 mil caixas/dia, se você conseguir recuperar 10% de inteira aí, é muita coisa, muito dinheiro, muito recurso, é muito dinheiro, que faz o diferencial, que vai dar 1 mil caixas por dia, que vai para o desperdício. Saída. As saídas que teria, seria montar uma equipe que tivesse uma vivência dentro do setor, pegando de cada empresa, das 8 empresas, um técnico, um especialista, um pesquisador, e fazer um grupo multidisciplinar, para trabalhar, aumentar a produtividade da indústria de castanha de caju. Porque o empresário só, ele não faz e os empresários são muito individualistas. Então, tem que se sair da empresa para fazer uma pesquisa com humildade, para trazer informações de fora, para dentro da indústria sua. Porque muitas vezes, você está numa indústria sua e não sabe o que está acontecendo. O outro setor, é a disciplina da classificação da castanha. Todo o processo da industrialização, como o Carvalho disse, não se faz milagre dentro da indústria e não se faz mesmo não. Se você recebe a matéria prima boa, você ganha resultado bom. Então, se você compra uma carrada de castanha do tipo SLW, castanha grande, você vai gerar castanha SLW. Se você compra castanha tudo misturado... a gestão desse trabalho é como fazer, porque não tem forma. Isso aí tem que ser uma equipe de 5, no máximo 6 pessoas, pegando de cada empresa uma pessoa e pessoas que tenham vivência dentro do setor, para dar boas informações. Eram essas as informações, porque o gargalo do agronegócio da cajucultura da cadeia produtiva do caju, está no percentual de inteira. Isso passa por recursos humanos, isso passa da entrada da fábrica até o final. Se você não trabalhar para atingir o percentual da castanha inteira, você não terá eficiência na empresa. A empresa joga muito desperdício fora e quem sempre pagou essa conta não foi ninguém não, foi o produtor e o produtor pagando esse percentual muito alto, só tem duas atividades para o produtor, ou ele muda de ramo, ou muda de atividade. Muito obrigado. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu queria antes de passar a palavra aos palestrantes, fazer um apelo aqui ao Dr. Paes, que representa o segmento da castanha na SDA já que a Adagri é a quem está submetida o problema da sanidade e a responsabilidade dos produtor ofertados ao consumidor, que esse problema da praia e do mercado central, houvesse uma fiscalização da Adagri, em função dos vários depoimentos e a importância que isso representa para o segmento tão significativo para a nossa economia. Era um apelo que eu faria ao prezado amigo, para que isso fosse feito. Passaria a palavra agora, ao Dr. Antônio José. SR. ANTÔNIO JOSÉ GOMES TEIXEIRA DE CARVALHO: Quero parabenizar ao Dr. Crisóstomo, pelas perguntas pertinentes que ele colocou aqui. Co relação a vigilância sanitária, nós já tínhamos falado, que realmente, aí é um problema que tem que ser acionado o Governo Municipal, para que se tome as providências e que isso não volte a ocorrer, essa venda de castanha estragada aí, tanto no mercado, quanto na Beira-mar. A criação da associação mundial da castanha, ela visa basicamente, o mercado externo, ela é uma associação internacional. O trabalho interno tem que ser feito por cada associação em seus Países, realmente, é uma atribuição nossa. É um trabalho que vamos começar a fazer, conforme eu já havia colocado antes. O mercado brasileiro estava muito

estagnado, até pouco tempo. E com essa possibilidade de se ter um crescimento um pouco maior do que no ano passado, nós temos que começar também a trabalhar, para ampliar esse consumo aqui no Brasil, também, é muito importante e realmente, é importante que as empresas tenham as suas vendas focadas nos dois mercados, conforme foi colocado. Sobre o círculo vicioso, o que a indústria pode fazer e estamos tentando, falando nisso há alguns anos e não conseguimos fazer, é fazer o pagamento da castanha, pela qualidade que ela oferece. Em algumas reuniões eu já coloquei, antes de trabalhar com castanha, eu trabalhava em usina de álcool de açúcar. E muitos anos atrás, o pagamento já era pelo teor de sacarose. Se paga cana pelo teor de sacarose, tem que se pagar a castanha pelo que ela via oferecer também, pelo que ela vai render para a indústria. Então, o que acontece é que há um achatamento injusto aí nos preços, quem tem uma qualidade melhor está sendo prejudicado, quem tem uma qualidade baixa, está estragando o mercado. Então, o que a indústria pode fazer nesse sentido, é colaborar com algum trabalho, para que se venha pagar a castanha realmente, pela qualidade que ela merece. E aí se estabelece os parâmetros de análise da castanha e os percentuais de ágio ou deságio que eles venham a oferecer, depois da análise. Se tem o preço base e desse preço base, os percentuais pela boa qualidade é que iriam acrescentar os preços, ou os percentuais pela baixa qualidade, que iriam ser deduzidos os preços fornecidos. Então, acho que a contribuição da indústria, tem que ser nesse sentido. A grande dificuldade que temos, é que sabemos que a comercialização das castanhas não é feita diretamente pelos produtores às indústrias. Isso dificulta muito que esse trabalho seja feito e tenha êxito. Então, esse é o grande problema hoje, é que o produtor não tem acesso direto à indústria e quem tem acesso à indústria, normalmente, tem castanha de várias origens, nem vê a castanha e manda para a indústria. Então, também, não interesse que esse trabalho seja implantado, prefere trabalhada da forma que é trabalhado hoje. Mas, nós temos muito interesse em implantar um sistema de pagamento pela qualidade da castanha, com certeza. Vieira, eu não entendi se foi feito algum questionamento, mas queria comentar, que na realidade, o percentual de inteira é um gargalo, é um dorso. A qualidade da castanha, da matéria-prima, é outro gargalo, inclusive, a cor tem muito a ver com a qualidade da matéria prima, também, não é só o processo. Se a castanha chega escura na fábrica, não tem processo que vá fazer ela ficar clara. Então, é esse mesmo círculo vicioso que prejudica. Então, solução para isso, eu só vejo, através de transferência de tecnologia pra o campo, de pagamento pela qualidade, para que possamos ter algum ganho na qualidade da matéria prima e conseqüentemente, no produto de trabalho. Com relação a cor, isso tem influência, as não vai deixar o Brasil fora do Mercado Europeu, de jeito nenhum. Como já falei, o mercado já está procurando mais a castanha brasileira. E nós temos castanhas inteiras, para oferecer à Europa também, não é só pedaço. Hoje o Brasil exporta mais granulado para a Europa, mas exporta inteira também, graúda, alva. Quer dizer, é um mercado que compra todos os tipos e tem procurado mais as castanhas inteiras ultimamente. Antes procurava mais os granulados, hoje tem procurado também, castanhas inteiras. Então, isso aí, está de certa forma, mudando. Eu não acredito numa solução para a Índia e o Vietnam, que não venha a ser o processo que é utilizado no Brasil hoje. Eu gostaria de complementar aqui a minha exposição, que não coloquei isso. Índia e Vietnam, vocês não tenham dúvidas. Daqui a pouco tempo, vão estar procurando aprender o nosso processo, para colocar lá, porque não vão ter condições de sustentar, da forma como eles estão trabalhando, hoje. Nós estamos estudando através do Sindicaju, com apoio da Apex, a criação da marca Brasil, para a castanha de caju, também, a exemplo do café, a exemplo da cachaça, a exemplo de outros produtos que tiveram sucesso. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Nós estamos hoje muito democratas. Vamos permitir a última pergunta assim direta, ao interlocutor João Batista, pelo muito que ele produz. SR. LUCAS LEITE: Com relação a variabilidade genética para a cor, é uma contribuição realmente muito pequena, mas o grande referencial realmente, é a qualidade da matéria prima, quer dizer, a influência de umidade que a castanha recebe, porque a coloração está mais relacionada com a tinta da película que sai para a amêndoa. Então a questão do manejo, tanto da matéria-prima, quanto do manejo industrial, é que são os fatores determinantes, para o escurecimento da castanha. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Com a palavra Dr. Hugo. SR. HUGO SANTANA DE FIGUEIREDO JÚNIOR: Eu gostaria de fazer um complemento, com relação ao círculo vicioso que o Lucas coloca na qualidade da matéria prima.. eu acredito que uma das possibilidades mais fortes de se enfrentar esse problema, é através da rastreabilidade. A partir do momento em que você consegue implantar um sistema

de rastreabilidade, mesmo que parcial, remodelando o papel do atravessador nesse sistema. Porque atravessador, ele sempre vai existir, devido a grande quantidade de pequenos produtores espalhados aí pelo território. Então, a partir do momento em eu o atravessador passa a ser um prestador de serviço ao invés de simplesmente, um intermediário de capital de giro, você consegue implantar um sistema de rastreamento, que possa permitir que a indústria consiga pagar mais pela matéria-prima de qualidade, mesmo que não comprando diretamente, do produtor. Eu acho que isso a Embrapa tem amplas condições de desenvolver o sistema, montar um piloto, uma grande indústria, um atravessador que tenha um pensamento mais avançado, testar uma coisa nova, enfim, com isso, desenvolver um sistema de ganha, ganha, ali nesse processo da cadeia. Uma complementação que o Antônio José colocou aqui, de que eventualmente, Índia e Vietnam vão buscar se mecanizar também. Eu acredito que, se você pensar no longo prazo, é uma atividade mecânica, esse corte manual é muito desgastante para o ser humano. Então, em algum momento, isso vai acontecer. A mão-de-obra encarece. Agora se pensarmos, onde que isso vai acontecer primeiro? Já aconteceu aqui no Brasil e vai melhorar para ter um rendimento maior, posteriormente, na Índia, que estás e desenvolvendo, depois no Vietnam e por último, na África. Você está vendo aqui, que a África está com castanha sobrando. Eles vão colocar mini fábricas lá à vontade, com certeza. Vão começar a cortar castanha e exportar direto, é o primeiro passo. Daqui a pouco, vocês vão ver a África também, exportando, com essa castanha que está sobrando e o mercado vai se comportando dessa forma. Então, no longo prazo, vai se automaticamente, mas enquanto isso, ainda têm algumas etapas a serem concluídas. SR. COORDENADOR TORRES DE MELO: Eu queria fazer dois comentários e Dr, Hugo que e permita, Eu tenho muito receio e acho que não deveríamos cair na armadilha da rastreabilidade, porque a rastreabilidade para os outros produtos, principalmente, da área da pecuária, foi um Brasil que disse que podia fazer. Os europeus acharam excelente. Só que, para cumprir as exigências que foram crescentes, hoje nós estamos em grandes dificuldades. Então, numa produção muito capilarizada, como é o caso da castanha de caju, se nós formos enveredar por esse caminho, é tudo o que os nossos concorrentes querem, que é exigir que façamos rastreabilidade, porque para eles, isso não será exigido, porque nós é que somos os concorrentes maiores do setor primário. Então, eu tenho muito receio que nós embarquemos. E agora mesmo, o próprio Ministério da Agricultura está estimulando que a rastreabilidade passe aa ser feita pelo setor privado. Houve inclusive, houve um estremecimento entre a BCZ e a CNA, ambos desejando fazer essa rastreabilidade, assumir a responsabilidade, porque o Ministério acha que não tem a flexibilidade suficiente, para cumprir as exigências que estão acontecendo , principalmente, no mercado europeu. Uma outra coisa, que lamentavelmente, o Governo Brasileiro tem estimulado e colocando em todos os nossos aeroportos um cidadão acorrentado, falando em trabalho escravo no Brasil e isso é utilizado como um dos embargos, restrições não tarifárias para os produtos brasileiros, porque utilizam mão-de-obra, que é explorada, mão-de-obra infantil. Quer dizer, nada disso é exigido e a OIT é que patrocina isso, com o apoio do Governo Brasileiro enquanto não é feito nada disso. Quem já viu isso com relação nos aeroportos de qualquer País asiático? Ai a China, exporta o que quer, lá a lei de se fazer toda essa exploração demão-de-obra nas outras áreas, dado o tamanho da população, a mesma coisa na Índia. E nós estamos criando os nossos próprios empecilhos comerciais. Esses são problemas que estamos vivendo e acompanhando nacionalmente e com reclamações. Agora por exemplo, uma grande indústria no Pará, com todo aparato que tinha, foi visitada e foram 1.200 empregados demitidos, por um chamado desses grupos módulos do Ministério do Trabalho. Então, esse problema com o cidadão, vai lá, diz que você tem trabalho escravo. Trabalho escravo, que o sujeito pode andar para todo lugar que quer, tem alojamento e tudo e é considerado escravo. E isso nós entramos numa lista suja. O fiscal vai lá, fiscaliza, multa, julga e execra a pessoa com uma acusação, antes dele ter qualquer direito ao contraditório, que é um dos princípios basilares da Justiça brasileira. Então, são armadilhas para o setor rural, que nós temos que enfrentar. Obviamente, nós não estamos aqui preconizando trabalho desumano, estamos preconizando é bom senso e não ideologia, naquilo que está sendo feito. Essa uma observação que faço de peito aberto, sabendo daquilo que pode advir, com essa observação que estou falando. Eu gostaria de agradecer aos palestrantes. Não vamos discutir, cada um vai pensar naquilo que ele disse, que falou e se responsabilizou pelo que disse e que falou. Eu queria dizer que este é um dos objetivos do AGROPACTO. Felicitar e agradecer aos palestrantes e ficar muito feliz, pelos resultados que estamos alcançando. Está encerrada a reunião.