3 Desigualdade social permanencia e evolução no Brasil

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    MDULO DIDTICO DE SOCIOLOGIA

    Desigualdade social: permanncia e evoluo no Brasil

    objetivo deste mdulo compreender o que desigualdade social e a sua permanncia e evoluo na sociedade brasileira. Por isso, iniciaremostexto com as conceitualizaes do termo desigualdade social e de conceitos interligados a ela, quais sejam: estratificao e mobilidade social.m seguida, abordaremos esses temas no contexto brasileiro, buscando identificar o quanto h de desigualdade social no pas, a sua evoluo nostimos anos, os tipos de estratificao existentes e o grau de mobilidade social verificado.

    O que desigualdade social?histria da humanidade mostra-nos que, a partir do momento em que a sociedade saiu de uma produo de subsistncia para uma produo de

    xcedentes em grande escala surgiram as desigualdades sociais, as quais perduram at hoje nas sociedades contemporneas, sejam essascidentais, sejam orientais, sejam capitalistas, sejam socialistas. O que diferencia as desigualdades entre uma sociedade e outra o grau (alto,dio ou baixo) e a sua rigidez (maior ou menor probabilidade de mudana entre as classes ou grupos segregados) dentro da sociedade. Essasesigualdades so resultantes dos arranjos socialmente construdos e levam excluso ou incluso de certos grupos na estrutura social (Ribeiro,009, Hasenbalg and Valle Silva, 2003).

    Uma forma de medir a desigualdade atravs do fator econmico, isto , calculando a quantidade de pessoas abaixo das linhas da indigncia e daobreza[1], alm de comparar as diferenas de ganhos entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos. Essa medida permite comparar asesigualdades entre as sociedades. O quadro 1 abaixo mostra-nos algumas das desigualdades no mundo.

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    ale lembrar que as desigualdades no so apenas de cunho econmico, isto , no s o rendimento distribudo de forma desigual dentro das

    ociedades e entre as diferentes sociedades, outros fatores devem ser considerados tambm para a anlise das desigualdades.

    ntretanto, para discutirmos tais questes, precisamos melhor compreender o que vem a ser (des)igualdade. As primeiras tentativas de definio ee compreenso de tal conceito surgiram, como no poderia deixar de ser, com os clssicos da Sociologia, Marx, Weber e Durkheim. Segundoarx, as classes sociais (definidas pelo sistema de produo os que detm os meios de produo e os que no detm tais meios) tm acesso nda (fundiria, lucro ou salrio) desigual, segundo o critrio de propriedade privada: os que so proprietrios da fora de trabalho, os proprietrios

    o capital financeiro e os proprietrios de terras. A vida dos indivduos e suas formas de vinculao em classes seriam definidas a partir da posiocupada pelo indivduo no sistema de produo, de modo que os interesses, valores e vises de mundo compartilhados pelos indivduos de umaesma classe seriam antagnicos aos compartilhados pelos indivduos de outra classe. Um exemplo clssico, de Marx, so as vises de mundo es interesses diferentes entre as classes da burguesia e dos trabalhadores (Engels and Marx, 1990).

    ara Durkheim (1973), os grupos sociais obtm status, isto , prestgio ou honraria, a partir do critrio de posies funcionais scio-profissionaisalorizadas e integradas na sociedade. Nesse sentido, os indivduos esto vinculados por meio da complementaridade das posies que ocupam naviso do trabalho. Eles seriam mais ou menos valorizados de acordo com o prestgio de sua ocupao, que est diretamente relacionado com sua

    ncionalidade (Durkheim, 1973). Um exemplo pode ser a valorizao diferenciada entre as ocupaes de juzes e lixeiros ou mdicos e padeiros. Weber (1999) dizia que as classes, os grupos de status e os partidos alcanam renda, prestgio e poder a partir das qualificaes, habilidades,ritos e interesses de seus membros. A racionalizao e a burocratizao, conforme expressas na tecnologia e na organizao das atividadesumanas, so os princpios de estruturao da ordem social. Weber (1999) estabelece a noo de grupo de interesses, que no surge paraubstituir o conceito de classe, mas pertence a outra rea intelectual que define a ao dos indivduos como a busca para satisfazer seusteresses.

    egundo Bobbio (2001), trs questes devem ser respondidas para compreendermos o que vem a ser (des)igualdade, quais sejam: (des)igualdadentre quem: entre todos, quase todos, grande parte ou pequena parte? Quais os bens e/ou nus que devem ser distribudos - riqueza, prestgio,oder, informao (educao)? E com base em quais critrios - raciais, de gnero, de partido, de classe social, meritocrticos?

    partir dessas questes e as anlises dos clssicos da Sociologia, podemos verificar as seguintes respostas (Ver quadro 2) para as perguntasxpostas por Bobbio (2001).

    uadro 2: os trs fatores de compreenso das desigualdades sociais nas sociedades, baseados nos estudos dos clssicos daociologia

    erifica-se que, alm dos aspectos mencionados no quadro acima, outros so considerados, tais como o racismo, a etnicidade, o gnero e, atesmo, a religio para compreender a diviso dos bens (renda, educao, acesso sade, privilgios, honrarias e poder) entre gruposferenciados como, por exemplo, entre brancos ou no-brancos; homens ou mulheres; classe alta, mdia ou baixa; nativos ou imigrantes e seusescendentes. Alm disto, a literatura sociolgica apresenta anlises empricas sobre as desigualdades, partindo de dois outros conceitos que

    (Des)igualdade

    Os clssicos Entre quem? Quais bens? Quais critrios?

    Marx Classes sociais Renda Propriedade privada

    Durkheim Grupos profissionais Prestgios, honrarias e renda Funcionalidade e valorizao de ocupaes

    Weber Classes, estamentos e partidos Renda, statuse poder Habilidade, qualificaes e interesses

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    eremos a seguir, quais sejam: estratificao e mobilidade social.

    stratificao social e mobilidade social

    anlise da desigualdade social baseia-se em estudos sobre estratificao e mobilidade social dos indivduos na hierarquia socioeconmica eoltica na sociedade. Por estratificao social entende-se um sistema de organizao dos indivduos na sociedade em grupos (estratos)elativamente homogneos quanto a estilo de vida, a interesses ou valores comuns, segundo suas participaes desiguais no processo destribuio de recompensas socialmente valorizadas, tais como riqueza, poder e prestgio.

    so significa que indivduos e grupos tm acesso diferenciado s recompensas valorizadas na sociedade, de acordo com sua posio na hierarquiaocioeconmica e poltica do sistema de estratificao. Na histria da humanidade, identificamos quatro tipos bsicos de sistemas de estratificao:

    scravido, casta, estamento e classe. A escravido uma forma de profunda desigualdade social, uma vez que um grande nmero de indivduosve na absoluta submisso como propriedade de algumas poucas pessoas. Por sua vez, a casta um exemplo clssico do subcontinente indiano,ndamentada na crena hindu do renascimento. Os sistemas de castas estruturam o tipo de contato que pode ocorrer entre membros de diferentes

    tatus sociais (Giddens, 2008 p, 234). Nela, h um grupo dos intocveis para quem so designadas as piores e mais sujas atividades deabalho. Os estamentos so tpicos de sociedades tradicionais e agrrias. Um exemplo clssico so as sociedades feudais europias e o Brasilgrrio, em que grupos, tais como a aristocracia, a pequena nobreza, o clero e os camponeses possuam direitos e obrigaes diferentes entre si.or fim, os sistemas de classes predominam nas sociedades ocidentais modernas. Segundo Giddens (2008), classes so agrupamentos de pessoasue compartilham recursos econmicos em comum, os quais afetam os seus estilos de vida. As diferenas de classes decorrem fundamentalmentea posse de riqueza juntamente com a profisso dos indivduos. Segundo Giddens (2008, p. 234), as classes sociais so diferentes em diversosentidos das outras formas de estratificao. Isso ocorre porque:

    1- Ao contrrio de outros tipos de estratos, as classes no so estabelecidas [necessariamente] por providncias legais ou

    religiosas; a condio de membro no se baseia em uma posio herdada especificada legalmente ou por costume. Os sistemas

    de classes so normalmente mais mutveis do que os outros tipos de estratificao e as fronteiras entre as classes nunca so [to]

    claras. No existe nenhuma restrio formal quanto ao casamento entre pessoas de diferentes classes.

    2- A classe de um indivduo [pode ser], pelo menos de alguma forma, conquistada e no simplesmente determinada no

    nascimento, como comum em outros tipos de sistema de estratificao (...).

    3- As classes dependem de diferenas econmicas entre agrupamentos de indivduos desigualdades na posse e no controle

    de recursos materiais. Nos outros tipos de sistema de estratificao, os fatores no-econmicos (como a influncia da religio no

    sistema indiano de casta) so geralmente os mais importantes.

    4- Nos demais tipos de sistemas de estratificao, as desigualdades so expressas primeiramente nas relaes pessoais de

    dever ou de obrigao entre o servo e o senhor, o escravo e o amo, ou entre os indivduos de castas mais baixas e os de castas

    mais altas. Os sistemas de classes, em contraste, funcionam principalmente por meio de conexes de larga escala com carter

    impessoal. Por exemplo, o ingrediente principal das diferenas de classe encontra-se nas desigualdades de condies de

    pagamento e de trabalho; estas afetam todas as pessoas em categorias ocupacionais especficas, como resultado de

    circunstncias econmicas que prevalecem em toda a economia (Giddens, 2008, p. 234)

    mbora classe seja o fator preponderante de estratificao nas sociedades modernas ocidentais, ela no o nico fator de segregao. Conformei exposto, h outros fatores de divises nas sociedades, tais como raa e gnero.

    conceito de mobilidade social interage com o de estratificao, uma vez que ela se refere ao deslocamento de indivduos ou grupos de indivduose um estrato para outro da hierarquia social. Entretanto, mobilidade social s existe em sociedades tidas como abertas, isto , aquelas em que hm mnimo de abertura e de flexibilidade na movimentao de pessoas entre as diversas localizaes na hierarquia. H sociedades mais abertas,omo, por exemplo, as sociedades de classes e outras mais fechadas, como, por exemplo, a de castas na ndia (Giddens, 2008).

    mobilidade vertical refere-se ao movimento de subida (ascendente) ou de descida (descendente) dentro da estrutura de estratificaoocioeconmica. Isto , aqueles que so beneficiados com propriedade, renda, poder oustatusso os que apresentam uma mobilidade ascendente,nquanto os outros que, pelo contrrio, perdem tais benefcios, tm uma mobilidade descendente. Para mensurao disto, estudam-se asobilidades intergeracional e intrageracional. A primeira refere-se comparao entre as ocupaes dos filhos e de seus pais, verificando se

    queles ingressam em posies piores, melhores ou similares do que esses. A segunda significa a observao das prprias carreiras dos indivduoso longo de suas vidas, verificando se eles deslocaram-se para cima, para baixo ou mantiveram-se no mesmo local na escala socioeconmicaGiddens, 2008).

    os estudos de estratificao e de mobilidade, podemos dizer, resumidamente, que h duas abordagens divergentes que buscam analisar asesigualdades sociais. Entretanto, ambas tratam as desigualdades sociais como um fenmeno inerente vida coletiva. A primeira, identificada comoe tendncia funcionalista , sustenta sua posio na idia de que, com a modernidade e com a perda do poder das tradies sobre os interessesdividuais, temos uma sociedade mais meritocrtica, isto , que busca privilegiar o mrito individual, e mais democrtica. Para essa vertente, oitrio de divises dos bens nas sociedades est ligado diretamente ao mrito do indivduo, sua qualificao adquirida atravs da educaormal. A formao educacional assim torna-se um fator preponderante para definir a posio dos indivduos na sociedade. Para os pensadores

    essa abordagem (sendo Parsons e Davis e Moore os principais), a desigualdade social cumpre um papel importante nas sociedades modernas eais democrticas, na medida em que estimula a competio e impulsiona os indivduos para a busca de melhores condies de vida. Dessa forma,desigualdade social considerada a pedra fundamental de motivao para que as pessoas estudem, qualifiquem-se cada vez mais, paracanarem as posies mais valorizadas na sociedade e, portanto, so mais bem pagas, contam com maiorstatuse so as posies de mando, isto

    de poder (Vilela and Collares, 2010).outra abordagem, fundamentada em diversas teorias, entre elas as do conflito, do capital cultural e do capital social, critica essa viso otimista de

    ma sociedade baseada no mrito. Segundo essa outra corrente, no apenas educao que afeta a localizao e a mobilidade dos indivduosara as posies mais valorizadas na sociedade. H diversos outros fatores que esto envolvidos nesse processo. Alm da educao adquirida pelodivduo, h outros aspectos importantes que lhe so atribudos e que influenciam a sua posio destatus(econmico, poltico e socioocupacional)a sociedade, quais sejam: a cor/raa, o gnero e a origem socioeconmica (classe social da famlia). H tambm fatores adquiridos ou herdadoselos indivduos, tais como experincia no mercado de trabalho, migrao, cuidado com a sade, religio e redes sociais que influenciam suasosies sociais. De acordo com os estudiosos dessas teorias (entre eles esto Bowles e Gintis, Bourdieu, Tumin ), so muitos os fatores que

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    eterminam a estratificao e a mobilidade dos indivduos na sociedade e no um nico (Vilela and Collares, 2010).

    m suma, esses pesquisadores estabelecem trs principais dimenses de bens a serem distribudos e dez critrios centrais de determinao dastribuio. Os bens a serem distribudos so: a) os poderes econmico e de prestgio, medidos por empregabilidade (ou probabilidade de sada doesemprego), rendimento, localizao nas ocupaes ou pelo ndice destatussocioeconmico ocupacional; b) poder informacional, mensurado pelocance educacional dos indivduos; e c) poder poltico. Esse ltimo o bem de mais difcil mensurao e, por isso, o menos utilizado pelosstudiosos.

    uanto aos critrios, esses so divididos em determinantes individuais ou estruturais. Os individuais so, basicamente, raa/cor, gnero, idade eapital humano (isto , meios de investimentos na qualificao do indivduos, tais como educao, experincia no mercado de trabalho, migrao,uidados com a sade). Os estruturais so os capitais cultural (educao e ocupao dos pais, principalmente) e social (recursos obtidos atravsas redes de relacionamento dos indivduos); as posies de classe; as dimenses estruturais das ocupaes (como, por exemplo, ruralversusrbana; manual versus no manual; ocupaes gerenciais versus operacionais; autnomos versus no-autnomos; empregadores versus

    mpregados; setor formal versus setor informal); e s transformaes econmicas e polticas, como, por exemplo, as transformaes dos vriosetores da economia, a reestruturao produtiva, o volume de emprego e o surgimento de novas ocupaes, bem como polticas de distribuio denda e de emprego, tanto passivas quanto ativas[2] (Pastore, 1979, Neves, 2002, Vieira, 2008).

    idia principal a de que quanto maior os capitais humano, social e cultural, mantendo constante a raa/cor, a idade, a classe de origem e onero, maiores so as chances de mobilidade vertical ascendente dentro do sistema de estratificao social. Entretanto, o peso desseseterminantes varia de acordo com o estgio e o ritmo de desenvolvimento da sociedade, ou seja, depende dos fatores estruturais. Essesferem-se, principalmente, reestruturao produtiva que afeta a quantidade e a qualidade dos empregos/ocupaes. A partir disto, pode-se dizer

    ue o surgimento das oportunidades tem mais a ver com as caractersticas da economia. O aproveitamento dessas oportunidades tem mais a verom as qualidades, as decises e as possibilidades dos indivduos (Pastore, 1979, p. 20).

    em dvida, em relao a esse ltimo aspecto, a educao cumpre um papel fundamental, mas ao mesmo tempo, no Brasil, muitos estudos tememonstrado, a partir de pesquisas empricas, que educao sozinha no explica as desigualdades no mercado de trabalho e que, alm disto, orprio alcance educacional est relacionado com as caractersticas atribudas aos indivduos, principalmente as de gnero, de cor e de classe

    ocial (essa ltima medida, muitas vezes, por educao e/ou ocupao dos pais). Eles identificam que so esses diversos critrios que definemomo sero distribudos os rendimentos, a informao (educao), os privilgios e o poder na sociedade, entre os grupos[3]. A seguir, verificaremosomo algumas dessas divises ocorrem no Brasil e como a desigualdade vem evoluindo ao longo do tempo no pas.

    A evoluo da pobreza e desigualdade no Brasil

    istoricamente, o Brasil apresentou uma desigualdade social constante. Inicialmente, ela estava baseada na distribuio diferenciada da riquezagada principalmente propriedade de terra) e, depois, fundamentada na diviso desigual de bens, tanto econmicos quanto sociais. Entretanto,nda que em nveis insatisfatrios, essa desigualdade tem decrescido ao longo dos ltimos anos. Isso pode ser visto no grfico 1 abaixo. Umarma de se medir essa desigualdade atravs do ndice de Gini. Ele uma medida que vai de 0 a 1 onde 0 significa que todos tm os mesmosndimentos (uma igualdade completa) e 1 refere-se apenas uma pessoa adquirindo toda a renda (uma desigualdade completa). Isso quer dizer

    ue a sociedade que apresenta um ndice de Gini mais prximo de zero tem menos desigualdade do que outra que apresenta um valor mais prximo

    e um.

    m uma viso histrica, podemos dizer que o pas saiu de uma sociedade escravocrata para uma de estamento e depois de classes. Os primeirosocilogos brasileiros, otimistas, acreditavam que com o desenvolvimento econmico e a hiptese de uma igualdade ou democracia racial no pas, aesigualdade social seria reduzida (cf., por exemplo, Fernandes, 1965). Entretanto, pesquisadores recentes criticam essa viso (Hasenbalg andalle Silva, 2003, Hasenbalg et al., 1999, Hasenbalg, 1979). Para eles, maior desenvolvimento econmico no acarreta diretamente menoresigualdade social. Um exemplo disso o Brasil que, durante a dcada de 70, teve um grande desenvolvimento econmico, mas tambm umescimento impressionante das desigualdades sociais. Alm disto, as pesquisas demonstraram que no h essa democracia racial no Brasil. Vriosstudiosos apresentam evidncias de que as desigualdades raciais, de classe e de gnero persistem at hoje, mesmo aps mais de um sculo debolio da escravatura e de grandes avanos alcanados pelos movimentos feministas no pas.

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    os anos 90, Telles (1994) mostrou que, com o desenvolvimento industrial no Brasil, a desigualdade perdura, com maior expressividade no aspectoassista do que racial. Entretanto, o predomnio da desigualdade de classe apenas em trabalhos no-especializados. Quanto aos empregos deveis superiores, a desigualdade racial no afetada ou at aumenta com a industrializao.

    asenbalg e Silva (2003, 1988) no descartam que polticas econmicas possam ser efetivas no combate pobreza, mas enfatizam o papel dasolticas redistributivas[4] para a reduo das desigualdades. De fato, segundo eles, o combate pobreza pode no levar, diretamente, a umecrscimo nas desigualdades. Isso porque, como j exposto, para combater a desigualdade social necessrio trabalhar em vrias frentes deombate discriminao, sendo as principais, de gnero, raa e classe social de origem. Alm disso, socilogos e economistas demonstraram queesmo que no Brasil se estabeleam polticas pblicas de igualdade de oportunidades educacionais e de sade, por exemplo, ainda assim podecorrer discriminao negativa dos no-brancos (tambm denominados negros, incluindo pretos e pardos) e das mulheres (Soares, 2000, Vallelva, 1981). Tal situao ainda encontrada entre mulheres que alcanaram um nvel educacional mais alto do que os homens, mas ainda obtmais baixos rendimentos do que eles, ocupando as mesmas posies no mercado de trabalho. A reportagem abaixo introduz uma discusso sobre o

    ssunto.

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    uma estimativa de que, caso os no brancos venham a alcanar nveis educacionais e de classes sociais semelhantes aos dos brancos, elesontinuaro a sofrer discriminao uma vez que eles so discriminados no s porque tm nveis educacionais mais baixos ou por pertencerem aasses sociais na base da pirmide social, mas simplesmente por no serem brancos. Isto alerta no apenas para uma necessidade destabelecimento de oportunidades iguais, isto , universalizao e democratizao da escola e do acesso sade, mas tambm para umaonscientizao sobre a importncia do respeito, da igualdade e de direitos entre esses grupos sociais. Ou seja, um combate ao etnocentrismo[5].

    utro ponto a considerar a heterogeneidade regional no Brasil, uma vez que h evidncias de que a discriminao racial mais forte em umagio (por exemplo, Sudeste) do que em outra (por exemplo, Nordeste). o que mostra o estudo de Campante, Crespo e Leite (2004).

    seguir, apresentaremos um retrato das desigualdades sociais no Brasil, focando gnero e raa e a distribuio de alguns bens sociais (renda,ducao, empregabilidade e acesso sade) e, logo aps, abordaremos o tema de mobilidade social.

    Desigualdades econmicas no Brasil

    ma das principais variveis de medida de desigualdade econmica a diferena de renda no trabalho. A tabela 1, abaixo, mostra que hesigualdades quanto raa e ao gnero no rendimento da ocupao principal, ao longo dos anos de 1996 e 2007. A tabela demonstra tambm ques diferenas entre os grupos perduraram, mas apresentando uma pequena reduo.

    erifica-se que grande a distncia do rendimento dos brancos aos dos demais grupos. Em 1996, os homens brancos recebiam 1,76 vezes mais doue as mulheres brancas, 2,21 vezes mais do que os homens negros e 3,70 vezes mais do que as mulheres negras. Em 2007, observa-se umageira reduo nessa distncia. Naquele ano, os homens brancos receberam 1,6 vezes mais do que as mulheres brancas, 1,97 vezes mais do ques homens negros e 2,92 vezes mais do que as mulheres negras.

    autores que chamam a ateno para a hiptese da dupla desvantagem que as mulheres negras sofrem. Entretanto, Santos (2009) diz que essaptese no foi totalmente confirmada. Segundo o autor, h estudos nos Estados Unidos e no Brasil que mostram evidncias desse fato e outrosue no as encontram. Alm disto, ele diz que essa hiptese deve ser questionada, a partir do momento que voc analisa o fator gnero dentro dastrutura de raa. Isto , se verificarmos a situao das mulheres, separadamente por grupos raciais, identificaremos que as mulheres brancas estom desvantagem, uma vez que as mesmas tem uma distncia a percorrer maior para alcanar as posies de maior statusdo que as mulheres

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    egras.

    Desigualdades educacionais

    s grficos 2, 3 e 4 apresentam um crescimento mdio de anos de estudo para a populao em geral, no perodo de 1992 a 2008. Entretanto, oferencial entre brancos e no-brancos reduziu muito pouco no mesmo perodo. Quando as diferenas de gnero so analisadas, verifica-se, aindaue pequena, uma vantagem educacional para as mulheres. Essa vantagem maior para as brancas. As mulheres no-brancas s se encontramm um nvel educacional melhor do que os homens negros. Esses fazem parte do grupo de mais baixo nvel educacional. O grfico 3 tambm mostraue a desigualdade entre mulheres e homens tem aumentado nos ltimos anos.

    s dados mostram-nos tambm que h diferenas educacinais quando se analisa a situao de residncia. Isto , os indivduos que moram na rearal tm nveis educacionais inferiores do que os que residem no urbano no-metropolitano e esses tm nveis menores do que os que se localizam

    a rea urbana metropolitana (cf. grfico 4).

    Diferenas no mercado de trabalho

    studos tem mostrado que h uma maior desvantagem de negros e mulheres tambm no mercado de trabalho (Soares, 2000, Pinheiro et al., 2006,ampante et al., 2004). As mulheres negras encontram-se nos piores postos de trabalho, tem maiores percentuais de pessoas no servio domstico.m disto, como podemos ver, nos grficos 5, 6 e 7 abaixo, so as mulheres e os negros que sofrem com a perda do emprego ou, melhor dizendo,

    om a permanncia no desemprego.

    s dados apontam uma maior participao dos homens de 10 anos ou mais de idade no mercado de trabalho. As taxas de participao dasulheres so bem inferiores, sendo 50% para elas e 73% para eles. O que ajuda explicar essa diferena pode ser a ainda persistente diviso sexual

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    os trabalhos; a insuficincia de creches e pr-escolas para onde as mulheres possam levar seus filhos para trabalharem; e a no considerao dasonas de casa como contribuintes da economia brasileira (Pinheiro et al., 2006).

    em disto, existem diferenas raciais quanto ao momento de entrada e sada dos indivduos na atividade econmica. No grfico 5, identificamos ques negros tendem a entrar mais cedo, bem como a sair mais tarde do mercado de trabalho. Esse fato leva evaso e abandono na escola, ou nonimo a uma pior qualificao para os negros, comparados aos brancos. No grfico 6, verificamos que negros e mulheres esto mais propensos ancontrarem-se na situao de desempregados do que brancos e homens. Ressaltamos que, entre 1996 e 2003, as taxas de desempregoevaram-se mais entre negros e mulheres entre do que entre homens e brancos. Quando analisamos conjuntamente os fatores gnero e raa paraano de 2007, novamente, so os homens brancos que se inserem nas melhores situaes e as mulheres negras nas piores. Isto , os homens

    rancos tm as menores taxas de desempregos e as mulheres negras as maiores taxas. A diferena chega em 7,9%.

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    Desigualdade quanto aos servios de sade

    s diferenas podem ser notadas tambm quanto ao acesso aos servios de sade. Como podemos visualizar no grfico 8, mais de 50% dasulheres negras, com 40 anos ou mais de idade, nunca realizaram o exame clnico de mama, contra um percentual de 40,4% para as brancas

    Pinheiro et al., 2006). Esse fator pode ser explicado, em parte, pelo fato delas terem mais baixos nveis educacionais e menores taxas de inseroo mercado do trabalho, acarretando em menor acesso a informao, alm de residirem em locais com menor nmero de servio pblico disponvelara realizao de tal exame. H diferenas tambm entre mulheres brancas e negras, quanto ao exame de colo de tero. O percentual daquelasue nunca fizeram o exame maior entre as negras.

    ambm no que diz respeito sade, as desigualdades regionais so grandes. Nas reas urbanas, o percentual de mulheres que nunca fez oxame clnico de mama de 32% e, na rea rural, o percentual sobe para 62% (Cf. figura 1). A diferena de praticamente o dobro.

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    Mobilidade social

    egundo Ribeiro (2009), o cerne do debate atual sobre mobilidade social refere-se s questes: o que diferencia o acesso s oportunidades? Raau classe social? Ou seja, identificar se preconceito de condio de classe ou de raa que diferencia o acesso s oportunidades. Os primeirosstudos no Brasil sobre o tema foram realizados nas dcadas de 40,50 e 60. Alguns estudiosos afirmavam que no havia preconceito racial, masm de classe (Pierson, 1952, citado por Ribeiro, 2009) . Essa tese foi apropriada tambem por Freyre (1973), que defendia a a idia de umaemocracia racial no pas. Outros autores, entre eles Costa Pinto (1952, citado por Ribeiro, 2009), argumentam que com a modernizao daociedade e a relevncia da estratificao por classe social acarretaria uma ameaa ordem vigente, suscitando assim o acirramento dascriminao racial.

    egundo Fernandes (1965), a discriminao racial coisa do passado de escravido e est fadada ao fracasso. Entretanto, estudos posterioresHasenbalg, 1979, Hasenbalg et al., 1999, Ribeiro, 2009), com dados empricos, mostraram que o preconceito racial permanece mesmo com axpanso da sociedade de classes. De acordo com essas pesquisas, a desigualdade nas chances de mobilidade social existe entre brancos eegros independente da classe de origem. Alm disto, Ribeiro (2009) e Fernandes (2005) demonstraram que a discriminao racial mais intensaas posies do topo da estrutura hierrquica ocupacional ou educacional.

    que os dados indicam que no h discriminao racial quando o que est em jogo so as piores ocupaes ou os nveis educacionais maisaixos. Porm, quando a posio a ser obtida a do topo, seja no mbito do mercado de trabalho, seja no educacional, o preconceito racial aparecese intensifica para cada grau maior a ser conquistado.

    s grficos abaixo demonstram esses ltimos achados. O grfico 9 no apresenta diferena racial, independente dos anos de escolaridade: homensrancos e negros tm as mesmas chances de deixarem de ser trabalhadores rurais e tornarem-se trabalhadores manuais. J o grfico 10 deixa claroue h uma diferena entre homens brancos e negros a partir de nveis educacionais mais altos, quanto s chances deles deixarem de serabalhadores rurais e tornarem-se profissionais ou administradores.

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    m de raa, gnero outro fator que determina mobilidade social. Ribeiro (2009) mostra evidncias de que mulheres tm uma mobilidadescendente bem menor do que os homens, nas anlises intergeracionais. Alm disso, elas tm um percentual alto de entrada na situao deesemprego ou na inatividade. O grfico 11 demonstra esse quadro.

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    partir desses resultados empricos, verifica-se que h grupos com maiores dificuldades de conquistar ascendncia social e econmica naociedade brasileira, quando comparados com outros grupos. Ou seja, as oportunidades de mobilidade social no so semelhantes entre asessoas de diferentes gneros ou cores.

    ropomos, a seguir, alguns exerccios para melhor compreenso e reflexo sobre o tema da desigualdade social no pas.

    xerccios:

    - Considerando a primeira reportagem intitulada pobres da Noruega ganham mais que ricos em 57 pases, responda s seguintes questes:oc consegue imaginar quais tipos de estruturas sociais tm o Brasil, a Nambia e a Noruega? Como voc descreveria essas estruturas? H outrasedidas de desigualdade social? Justifique sua ltima resposta. Recorra aos seus professores de histria e geografia para obter ajuda.

    Considerando os grficos 1 e 2, responda: O que rendaper capita? Como se deu a evoluo da desigualdade da renda familiar per capitanorasil?

    At que ponto o desenvolvimento econmico ajuda a reduo da desigualdade? Como se d essa relao?

    - Considerando o texto acima, diga se voc concorda ou no com a seguinte afirmativa e justifique sua resposta: com a universalizao,emocratizao e melhor qualificao educacional para todos, brancos e no brancos, a desigualdade racial ser reduzida a patamares quaseulos.

    Crie um jogo de Torre de Hani com cinco discos representando cinco classes sociais (indigentes, pobres, classe mdia, classe mdia alta,ta). Esse jogo consiste em uma base contendo trs pinos. Em um deles voc coloca os cinco discos uns sobre os outros, de tamanhos diferentes,m ordem crescente de dimetro, de cima para baixo. A soluo consiste em passar todos os discos de um pino para outro, usando um dos pinosomo auxiliar, de maneira que um disco maior nunca fique em cima de outro menor em nenhuma situao. Voc s pode mover uma pea de cadaez. Todas as peas devem ser movidas. Aps o jogo, responda as seguintes questes: Quais foram as peas que menos se movimentaram? Quala pea que mais se movimenta no jogo? Faa uma analogia desse jogo com a pirmide da sociedade brasileira e faa uma reflexo sobre essa

    strutura e sobre a mobilidade das pessoas envolvidas nas classes sociais.

    Referncias bibliogrficas

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    ] A pobreza foi definida como pessoas vivendo em famlias com renda per capita inferior linhada pobreza. A l inha da pobreza o dobro danha de indigncia, que definida pelos custosde uma cesta bsica alimentar que contemple as necessidades de consumo calrico mnimodem indivduo. A linha da pobreza foi estimada, em setembro de 2005, em 163 reais (Cf. SORJ, B., FONTES, A. & MACHADO, D. 2007. Polticas erticas de conciliao entre famlia e trabalho no Brasil.Cadernos de pesquisa, 37, 573-594. Para maiores informaes sobre a essas e outras

    edidas verificar ROCHA, S. 2006. Pobreza no Brasil: afinal, de que se trata? 3 ed., Rio de Janerio, FGV.

    ] As principais polticas passivas de emprego so o seguro desemprego, a aposentadoria antecipada e o incentivo permanncia de jovens nostema escolar. (...) As [polticas] ativas buscam alterar tanto o perfil da oferta de trabalho, atravs de formao profissional e da circulao de

    formaes, quanto mudana da dinmica da demanda de trabalho, atravs do estmulo criao de novos postos de trabalho, como, por

    xemplo, oferta de crdito s microempresas, oferta de subsdios a contrataes no setor privado e criao de novos postos de trabalho no setor

    blico (Vieira, 2008, p. 10-11).

    ] Alm de raa, gnero, classe de origem e educao (capital humano), outros fatores importantes a serem considerados so capital culturalelacionado classe social e medido muitas vezes pela educao dos pais) e capital social (as redes de relaes mantidas pelos indivduos quees proporcionam bens materiais ou de outra natureza que so produzidas e reproduzidas cotidianamente por meio do conhecimento econhecimento mtuo de pertencimento as redes podem ser de laos fracos e/ou laos fracos)

    ] Polticas redistributivas podem ser compensatrias (tais com distribuio de bolsas, de bens e servios para os mais pobres ou miserveis), ou

    struturais (tais como as reformas agrria e a tributria, ou poltica agressiva de democratizao do acesso ao crdito e educao de qualidadem todos os nveis.

    ] Etnocentrismo refere-se valorizao dos hbitos, os costumes, e os comportamentos de seu grupo cultural em detrimento dos de outro(s)rupo(s).

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    dulo Didtico: Desigualdade social: permanncia e evoluo no Brasilurrculo Bsico Comum - Sociologia do Ensino Mdioutor(a): Elaine Meire Vilelaentro de Referncia Virtual do Professor - SEE-MG / setembro 2010