3- CARACTERIZAÇÃO E REALIDADE DO MUNICÍPIOse que noventa e três por cento dos eleitores que...
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PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO
RURAL PROATER 2011 - 2013
JOÃO NEIVA
http://www.joaoneiva.es.gov.br/default.asp
PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO DE AÇÕES - (2011)
Equipe Responsável pela elaboraçãoEscritório Local de Desenvolvimento Rural de João Neiva
Danilo Sanson
Maria Cristina Zumak Induzzi Borges
Contribuições na elaboração do diagnóstico e planejamento Prefeitura Municipal de João Neiva
Sindicato Rural de Ibiraçu com extensão de base em João Neiva
Associação de Produtores Rurais de João Neiva
Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente – SEMAG
Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável – CMDRS
Associação de Produtores Rurais de Leite e Derivados de Acioli - APRULDA
Equipe de apoio na elaboraçãoAntônio Carlos Benassi (CRDR Nordeste)
Sérgio Marins Có (MDR Litoral Nordeste)
Geraldo Mendes da Silva (Assessor Técnico)
Célia Jaqueline Sanz Rodriguez (Área de Operações Ater)
Gardênia Marsalha de Araújo (Área de Operações Ater)
Ludmila Nascimento Nonato (Área de Operações Ater)
Thyerri Santos Silva (CPD)
APRESENTAÇÃO
O Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Proater é um instrumento
norteador das ações de Assistência Técnica e Extensão Rural - Ater que serão
desenvolvidas junto aos agricultores familiares. A programação está respaldada em
diagnósticos e planejamento participativos, com a qual agricultores, lideranças, gestores
públicos e técnicos contribuíram ativamente na sua concepção.
Mais do que um instrumento de gestão, o Proater tem como grande desafio contribuir
com o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar. As ações de assistência
técnica e extensão rural ora planejadas são vistas como um processo educativo não
formal, emancipatório e contínuo. Assim, a melhoria da qualidade de vida das famílias
rurais é o grande mote e direcionamento dos esforços dos agentes de Ater envolvidos no
processo.
Este documento está dividido em duas partes: a primeira, o diagnóstico, apresenta
informações acerca da realidade do município (aspectos demográficos,
naturais/ambientais, sociais e econômicos), os principais desafios e as potencialidades. A
segunda, o planejamento, encerra a programação de ações para o ano de 2011.
1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
1.1 Localização do município
Situado na Microrregião Litoral Nordeste, do Espírito Santo, João Neiva, com área de
272.8 Km quadrados, a 81 Km da Capital, geograficamente o município está a uma
latitude de 19º 45’ 24’’ e longitude oeste de 40º 23’ 10’’. Agrega-se ao território Juparanã,
limita-se com os seguintes municípios: Colatina ao norte, Ibiraçu ao sul, Linhares e
Aracruz a leste e Colatina, São Roque do Canaã e Santa Tereza a oeste.
1.2 Aspectos históricos, populacional e fundiários
1.2.1 - Histórico da colonização, etnia, costumes e tradições
A colonização no município iniciou-se no ano de 1877, com a chegada das primeiras
famílias vindas da Itália, iludidos com a notícia de que no Brasil o ouro era encontrado a
flor da terra, os italianos, pessoas simples e corajosas, deixaram sua pátria em busca de
uma vida melhor. A região do atual município foi colonizada em sua grande totalidade a
partir de 1888 e surgiram os povoados de Acioli e Demétrio Ribeiro.
Os primeiros serviços de medição de lotes e estabelecimentos de imigrantes na região
nessa época estavam a cargo da comissão de terras e colonização da ex. Colônia de
Santa Leopoldina, com sede em Porto de Cachoeiro, que tinha como chefe o engenheiro
Jacintho Adolpho de Aguiar Pantoja e como ajudante o Dr. Antonio Francisco de Athayde.
Os imigrantes destinados a esses núcleos coloniais desembarcaram em Vitória,
procedentes do Porto de Gênova, seguindo depois em vapores menores, até Santa Cruz.
Em seguida, subiram em canoas o Rio Piraqueaçu até o Córrego Fundo e, dali a pé, até
as sedes desses núcleos.
No início do século, um Deputado Federal baiano e engenheiro Dr. João Augusto Neiva,
muito lutou na Câmara Federal para a instalação da estrada de ferro Diamantina,
pertencente a Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas. Pedro Nolasco que foi o
idealizador da construção da Estrada de Ferro para homenagear o Deputado Baiano Dr.
João Augusto Neiva deu a Estação o nome de Estação João Neiva, inaugurada em 20
de dezembro de 1905.
É em torno da Estação que surge o povoado João Neiva. Em 30 de dezembro de 1921,
João Neiva através de Lei nº 1305 é relevada a Distrito. Depois de várias tentativas para
a emancipação finalmente no dia 30 de março de 1988, a Assembleia Legislativa em
sessão extraordinária aprovou a realização do Plebiscito onde a população ia decidir
sobre a emancipação. No dia 08 de março de 1988, foi realizado o plebiscito, contando-
se que noventa e três por cento dos eleitores que compareceram às urnas votaram “Sim”.
No dia 11 de março de 1988, o Vice Governador do Estado Carlos Alberto Batista da
Cunha, exercendo interinamente o cargo de Governador, assinou a Lei nº 4079,
publicada no Diário Oficial em 12 de maio de 1988, criando o município de JOÃO NEIVA.
A população de João Neiva apresentou, até meados do século atual, características
culturais bem marcantes de sua colonização italiana, porém, o desenvolvimento industrial
e o fluxo imigratório de outras regiões tornaram a cultura local bastante diversificada. A
Feira do Verde e a Exposição de Orquídeas são outros eventos marcantes, ocorrendo
geralmente no mês de novembro. No município encontramos a Banda Marcial de João
Neiva, que tem como finalidade promover a integração social e cultural do educando.
Na comunidade de Barra do Triunfo encontra-se a Banda de Música “Guilherme
Baptista”, composta por elementos da própria comunidade que se apresentam
gratuitamente em festas religiosas e comemorações diversas. João Neiva conta também
com o Grupo de Escoteiros e Lobinhos, que tem por finalidade a complementação da
educação do lar e da escola, levando ao jovem uma vida sadia e em contato constante
com a natureza.
1.2.2 - Distritos e principais comunidades
Na região noroeste do município situa-se o Distrito de Acioli e as comunidades de Barra
do Triunfo, Córrego Cachoeirinha e Pasto Novo, próximo à sede encontramos as
comunidades de Demétrio Ribeiro, Cavalinhos, Santo Afonso, Ribeirão de Cima, Cristal,
Juá, Piraqueaçu, Mundo Novo.
Figura 1 – Mapa do município/distritos
1.2.3 – Aspectos populacionais
Em pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
divulgada no Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, João Neiva ocupa, em relação
ao Espírito Santo, o 14º lugar (0,765), no ranking do I.D.H. - Índice de Desenvolvimento
Humano (PNUD/2000). Os índices avaliados foram: longevidade, mortalidade, educação,
renda e sua distribuição.
Tabela 1 – Aspectos demográficos
Situação do Domicílio/Sexo 2010
Urbana 12752Homens 6235
Mulheres 6517
Rural 3057Homens 1576
Mulheres 1481Fonte: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=608&z=cd&o=3&i=P, em 12 de maio de 2011.
1.2.4 – Aspectos fundiários
Os aspectos fundiários de um município refletem, a grosso modo, a forma como a terra
está sendo distribuída entre as pessoas e os grupos. Existem muitas formas de observar
e conceituar a partir desses números.
Optamos por utilizar dados do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) onde a quantidade de módulos fiscais define a propriedade em minifúndio,
pequena (entre 1 a 4 módulos fiscais), média (acima de 4 até 15 módulos fiscais) e
grande propriedade (superior a 15 módulos fiscais).
Os módulos fiscais variam de município para município, levando em consideração,
principalmente, o tipo de exploração predominante no município, a renda obtida com a
exploração predominante e o conceito de propriedade familiar (entre outros aspectos,
para ser considerada familiar, a propriedade não pode ter mais que 4 módulos fiscais)1.
Em João Neiva o módulo fiscal equivale a 24 hectares.
1 Legislação: Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 e Instrução Normativa Nº 11, de 04 de abril de 2003).
A estrutura fundiária de João Neiva retrata o predomínio das pequenas propriedades, de
base familiar, onde os trabalhos produtivos são feitos pela própria família ou no regime de
parcerias agrícolas.
No município não existem assentamentos rurais e a estrutura fundiária encontra-se assim
distribuída:
Tabela 2 – Aspectos da Estratificação Fundiária
Município Minifúndio Pequena Média Grande Total
João Neiva 393 382 38 1 814Fonte: INCRA, dados de Janeiro de 2011.
1.3 Aspectos Edafoclimáticos e ambientais
1.3.1 Caracterização edafoclimática
O município possui um relevo modelado com rochas cristalinas, classificando-se como
ondulado a fortemente ondulado, com cotas variando de 100 a 600 metros, possuindo
boa parte de sua área com declividade acima de 30%.
O solo, tipo predominante é o Latossolo Vermelho Distrófico, cuja fertilidade varia de
média a baixa. Também são encontradas pequenas proporções de solos Litóficos
Eutróficos e Distróficos com afloramento de rochas nas regiões de maiores altitudes.
O clima deste município é tropical megatérmico, quase mesotérmico e subúmido.
Os totais anuais de chuva são pouco superiores a 1.200 mm. Geralmente a estação
chuvosa inicia-se em outubro terminando em abril, ultrapassando um pequeno período
seco.
O verão não é suficientemente chuvoso para assegurar grandes excedentes de água
para escoamento superficial, exceto em dezembro a janeiro, quando há moderados
excedentes de água no solo.
O inverno por sua vez não é suficientemente seco para os solos deficientes de umidade.
O município possui um balanço hídrico razoavelmente equilibrado, com pequeno e
moderado excedente de água no verão e quase nenhum déficit nas demais estações.
Quanto a temperatura média anual, há predominância de valores mais altos de novembro
a abril, quando as máximas diárias oscilam em torno de 29º C. As médias anuais no
inverno oscilam em torno de 20º C, mas, são comuns mínimas diárias próximas de 16º C
Figura 2 – Zonas naturais do município de João Neiva
Legenda
Zona 1
Terras quentes, acidentadas e secas.
Zona 2
Terras quentes, acidentadas e transição chuvosa/seca.
Zona 3
Terras quentes, acidentadas e chuvosas.
Zona 4
Terras de temperaturas amenas, acidentadas e chuvosas/secas.
Algumas características das zonas naturais1 do município de João Neiva
1 Fonte: Mapa de Unidades Naturais(EMCAPA/NEPUT, 1999);2 Cada 2 meses parcialmente secos são contados como um mês seco;3 U – chuvoso; S – seco; P- parcialmente seco.
Temperatura Relevo Água
Meses secos, chuvosos/secos e secos3ZONASmédia min.mês maisfrio (oC)
média máx.mês mais
quente (oC)
Declividade No mesessecos2
J F M A M J J A S O N DZona 3: Terras de Temperaturas Amenas,
Acidentadas e TransiçãoChuvosa/Seca
9,4 - 11,8 27,8 - 30,7 > 8% 4,5 U U U U P S S S S U U U
Zona 4: Terras Quentes, Acidentadas eChuvosas
11,8 - 18,0 30,7 - 34,0 > 8% 2,5 U P U U U P P P P U U U
4,5 U P P P P P P S P U U UZona 5: Terras Quentes, Acidentadas eTransição Chuvosa/Seca
11,8 - 18,0 30,7 - 34,0 > 8%5 P P P P P P P S P U U U
6 P P P P P P P S S P U U
6,5 U P P P S S P S S P U UZona 6: Terras Quentes, Acidentadas e Secas 11,8 - 18,0 30,7 - 34,0 > 8%
7 U P P P S S S S S P U U
1.3.2 Aspectos Ambientais
Quando citamos os aspectos ambientais, destaca-se o morro do Monte Negro, localizado
entre as comunidades de Córrego Seco e Mundo Novo, limitando-se com o município de
Ibiraçu. Nele encontramos espécies representativas da fauna e flora local, sendo
basicamente visitados por grupos que desenvolvem programas de educação ambiental.
Ações como caminhadas ecológicas e trilhas são as mais indicadas e frequentes.
1.4 Organização socialConstam no Município duas Associações de Produtores Rurais: Associação de
Produtores Rurais de João Neiva com 340 associados (sendo que deste total apenas 88
associados são agricultores e os demais são usuários do plano de saúde) e a Associação
de Produtores Rurais de Leite e Derivados de Acioli – APRULDA com 25 associados.
Conta ainda com um Sindicato Patronal dos Produtores Rurais com 180 associados
regulares e o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável. Não se
encontra Sindicato dos trabalhadores rurais no município, sendo que estes usam os
serviços prestados pelo município vizinho de Ibiraçu.
Observa-se, portanto, que a maior parte das comunidades não se encontra mobilizada, o
que não favorece uma maior integração localizada.
Tabela 3 – Associações de agricultores familiares existentes no município
nº Nome da Organização Local da Sede
Nº de Sócios
Principais Atividades Coletivas Desenvolvidas
1 Sindicato Patronal rural Sede 180 -Capacitação
2 Associação de produtores de João Neiva Sede 88 -Compra conjunta
(calcário)
3Associação de prod. rurais de leite e derivados de acioli - aprulda
Acioli 25- Venda conjunta (leite) - projeto (aquisição de resfriador de leite)
4Associação de moradores e produtores rurais de Demétrio Ribeiro
Demétrio Ribeiro 25 -Alimentação escolar,
projeto (secador de café)
5 Grupo informal núcleo Costa Pereira
Núcleo Costa Pereira 12
-Venda conjunta (café) projetos (secador e pila de café)
6 Grupo informal de Ribeirão de Cima
Ribeirão de Cima 11
-Alimentação escolar, compra conjunta (calcário) e Projetos (secador e pila de café)
7 Grupo informal de Córrego Cachoeirinha
Barra do Triunfo 16
-Compra conjunta (adubos), projetos (secador e pila de café
8 Grupo informal de Alto Boa Vista Alto Boa Vista 13 -Projetos (secador e pila de
café)FONTE: INCAPER/ELDR João Neiva 2010.
Tabela 4 – Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável - CMDRS
Nº ENTIDADE REPRESENTANTE
1 SECRETARIA DE AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE
EFETIVO:CELSO FEU CORREA
SUPLENTE:CLÓVES SPINASSÉ
2 SEMTHADESEFETIVO:BERNADETE CAMPAGNARO
SUPLENTE: GILDO NASCIMENTO FLORES
3 SECRETARIA DE OBRAS E SERVIÇOS URBANOS
EFETIVO:JOÃO BATISTA RIZZO
SUPLENTE:SAMIRA P. CARRARA DE ANGELI
4 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDEEFETIVO:LUCIMAR FRAGA LOIOLA
SUPLENTE:ROSA MARIA BOZZI
5 SECRETARIA DE EDUCAÇÃOEFETIVO:ELIANE MARY MODENESI
SUPLENTE:ELZA MARIA VANCINI
6 SECRETARIA DE CULTURA, TURISMO E JUVENTUDE
EFETIVO:GLECY HELENA COUTINHO DA SILVA
SUPLENTE:RUDGE IONE GONÇALVES
7 INCAPEREFETIVO:DANILO SANSON
SUPLENTE:Mª CRISTINA ZUMAK INDUZZI BORGES
8 CAMARA MUNICIPALEFETIVO:LUIZ MAZOLINI
SUPLENTE:VALDEMAR JOSÉ DE BARROS
9 ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS DE JOÃO NEIVA
EFETIVO:AGOSTINI CUZINI
SUPLENTE:JOSÉ GERALDO BARCELOS
10 SINDICATO RURAL PATRONALEFETIVO:JOSÉ ALONSO COMETTI
SUPLENTE:ANTONIO EDVALDO CASTIGLIONE
11 SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS
EFETIVO:ERALDO FRANCISCO POLEZE
SUPLENTE:CLARICE PEZENTE GARDIMAM
12 ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES RURAIS DE LEITE E DERIVADOS DE ACIOLI
EFETIVO:EDILSON FAVARATO
SUPLENTE:DANIEL FAVARATO
13 COMUNIDADE DE ACIOLIEFETIVO:RENATO MARIM
SUPLENTE:ANDERSOM MARIM
14 COMUNIDADE DE BARRA DO TRIUNFOEFETIVO:RONALDO BATISTA
SUPLENTE:JOSÉ CARLOS CASSOTTI
15 COMUNIDADE DE DEMÉTRIO RIBEIROEFETIVO:JAIR ANTONIO GUZZO
SUPLENTE:AMADEU ANTONIO CORRREA
16 COMUNIDADE DE CAVALINHOS EFETIVO:ARISTEU LAZARINI
Nº ENTIDADE REPRESENTANTE
SUPLENTE:NÃO TEM SUPLENTEFONTE: INCAPER/ELDR João Neiva, 2010.
1.5 Aspectos econômicos
Entre as diversas atividades, tem predominância na economia municipal as culturas
agrícolas, a pecuária e o comércio.
Indústrias
Podemos destacar vários segmentos industriais, os principais são:
- C.B.F. Industrial de Gusa S/A, com produção de 20.000 toneladas mês. Sendo 98%
exportado e 2 % para o mercado interno.
- Indústria de Mármore e Granito Monte Negro
- 5 (cinco) alambiques com produção de 350.000 l/ano.
- Aproximadamente 30 (trinta) queijeiras com produção total de 230 toneladas anuais de
queijo e requeijão.
Agricultura
No município de João Neiva destacam-se duas atividades, cafeicultura e cacauicultura.
Cafeicultura
É a principal atividade agrícola no município e também a maior geradora de empregos e
renda no meio rural, estando presente em cerca de 84% dos estabelecimentos rurais. A
variedade Conilon é predominante com cerca de 98% da área total, apresentando
produtividade média de 35 sacas por hectare.
As lavouras estão implantadas predominantemente em áreas declivosas. O manejo
inadequado, a não adoção de técnicas de cultivo, de práticas conservacionistas e o uso
excessivo de agrotóxicos causam um processo intenso de erosão do solo e
contaminação dos mananciais, além de colocar em risco a própria saúde e agravar o
desequilíbrio ecológico.
A área rural do município é caracterizada por um grande número de nascentes e cursos
d’água, que se apresentam bastantes assoreados. A existência de pequenas represas é
comum nas propriedades, sendo utilizadas principalmente no processo de irrigação da
cultura do café. Entre as doenças e pragas do cafezal no município destacam-se a
Ferrugem, Cochonilha e a Broca, chegando a causar perda de até 20% da produção
anual.
O controle é feito quase que exclusivamente por produtos químicos sistêmicos, sendo
que 98 % dos trabalhadores não utilizam EPI. Embora entendam que esses produtos são
tóxicos, se dizem impotentes de adotar novas tecnologias, pois as atuais são muito
práticas e as outras alternativas são de difícil manuseio. O modismo do uso de um
produto químico é muito comum no município, dificultando assim a introdução de novas
ações mais sustentáveis.
Na fase de pós-colheita, parte dos produtores encontra dificuldade para secar e
beneficiar a produção, o que determina perda da qualidade final do produto e
consequentemente menores lucros, principalmente na região de altitude mais elevada do
município, próximo à comunidade de Rio Lampê, onde concentra-se o plantio de café
arábica.
O município carece de mão de obra temporária para realizar os tratos culturais nas
lavouras, principalmente de café e os produtores são obrigados a irem buscar
trabalhadores na sede do município. Mais recentemente em municípios vizinhos ou de
outros Estados, principalmente Minas Gerais. A situação se agrava bastante na época da
colheita, onde a demanda por mão de obra é elevada.
Cacauicultura
O cultivo do cacau está disseminado por todo o município, do tipo cabruca (mata
raleada), com uma maior concentração do plantio na região de Demétrio Ribeiro, no Vale
do Rio Clotário, onde foi inclusive o berço da referida cultura na década de 70. Cerca de
90% das nossas lavouras são bastante antigas, com média de idade de 19 anos e o
potencial produtivo é considerado baixo: 10 sacas/ha, visto que seus tratos culturais não
são tecnicamente conduzidos, ou seja, são empíricos e moldados em décadas passadas
o que resulta em podas inadequadas (muitas vezes são cortados apenas alguns galhos
durante a época da colheita), falta de irrigação, adubação irregular, sombreamento
deficiente, entre outros.
O porte das plantas é de um modo geral bastante elevado, atingindo até 8,0 metros de
altura, o que dificulta o manejo da cultura. Apenas 6% das propriedades rurais
apresentam algumas plantas enxertadas com clones produtivos e resistentes a Vassoura-
de-bruxa (PH 16, TSH 1188 e CCN 10). As demais plantas são todas da variedade
Parazinho, que por sua vez são susceptíveis a doenças e pouco produtivas.
Atualmente a principal praga encontrada nas lavouras do município é o Tripes que
provoca a “Ferrugem” nos frutos, que acoberta o estado de maturação e induz a colheita
de frutos verdoengos , que resulta na presença de amêndoas violetas no cacau
comercial, além de dispensar um tempo maior para a prática desta atividade. Fazendo
referências a doenças, a grande ameaça ao município é a Vassoura-de-bruxa, já
presente em duas lavouras na região do Rio Clotário, desde setembro de 2005, onde o
seu avanço pode determinar grande prejuízo na produtividade para os próximos anos,
visto que será muito difícil impedir sua dispersão.
Pecuária
É caracterizada por ter aptidão mista, porém um pouco mais voltada para a pecuária
leiteira. Exerce papel importante por custear, viabilizando as pequenas propriedades
rurais. Aproximadamente 20% do leite é comercializado na forma “in natura”, porém
grande maioria da produção é utilizada de forma artesanal na fabricação de queijos,
principalmente o minas e requeijão. O regime é pastoreio e extensivo, com manejo
inadequado em áreas de declividade acentuada, o que agrava o processo de erosão do
solo e a degradação das pastagens, que apresentam baixa capacidade de suporte (1,0
UA).
A preocupação em se criar reservas alimentares para o período seco é muito pequena,
apesar das longas estiagens serem constantes e previsíveis. Ocorre então uma grande
variação no desempenho animal durante o ano. Vale ressaltar que nos dois últimos anos
o regime de chuvas foi bem mais satisfatório, distribuindo por todos os meses uma
quantidade adequada de água.
Em função dos períodos secos, a variação da vazão nos cursos d’água é intensa, e
dificulta o uso de irrigação nas áreas de produção de forragem. O armazenamento de
água se faz necessário e a topografia da região favorece a construção de pequenas
barragens. Apesar do município apresentar um núcleo de inseminação artificial instalado,
o potencial genético do rebanho é baixo. Faltam inseminadores qualificados para que os
serviços se estendam a um maior número de beneficiários.
Tabela 5 – Principais atividades econômicas
Atividades % no PIB Municipal/2008
Agropecuária 12,35
Indústria 33,47
Comércio e Serviços 54,19http://www.ijsn.es.gov.br/index.phpoption=com_content&view=category&layout=blog&id=281&Itemid=258
Tabela 6 – Principais atividades agrícolas (Área, Produção, Produtividade e valor total das principais atividades agropecuárias do município)
Produto Área Total (ha)
Área a ser Colhida (ha)
Quantidade Produzida (T)
Rendimento Médio (Kg/ha)
Produção Estimada (t)
Banana 120 110 605 5500 605
Borracha 4 2 2 1000 2
Cacau 198 165 33 200 33
Café 4300 3900 7086 17939 69962
Feijão – Safra 1 225 225 15750 70000 15750
Cana 15 15 10 606 10
Laranja 5 5 60 12000 60
Mandioca 30 30 540 18000 540
Milho – Safra 1 80 80 200 2500 200
Palmito 6 4 3 750 3
TOTAL 4983 4536 24289 128555 87165
Fonte: IBGE/LSPA do Estado do Espirito Santo (Agosto/2010).
Tabela 7 – Atividade Pecuária
Município Tipo de Rebanho 2008 2009
Bovino 11.645 13.975
Suíno 1.177 1.198
Caprino 7 7
João Neiva Ovino 52 53
Galos, Frangas, Frangos, Pintos 3.298 3.347
Galinha 2.630 2.656
Codorna 144 151
Variável: Valor da Produção (Mil reais)
Município Tipo de Produto 2008 2009
Leite 943 946
João Neiva Ovos de Galinha 20 37
Ovos de Codorna 2 3
Mel de Abelha 135 152
Fonte:http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/ppm/default.asp e http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp
t=1&z=t&o=23&u1=1&u2=1&u3=1&u4=1&u5=1&u6=1&u7=1, em 2011.
Tabela 8 – Principais Atividades rurais não agrícolas
Nº ATIVIDADES NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS
1 Agroindústria 15
2 Artesanato -
3 Agroturismo 1FONTE: INCAPER/ELDR João Neiva, 2010.
A produção artesanal, principalmente de queijos, encontra dificuldades de
comercialização por falta de local apropriado, sendo esta uma grande reivindicação dos
produtores. A comercialização, portanto, ocorre de maneira bastante informal, não
gerando arrecadação de impostos diretos para o município.
1.6 Aspectos Turísticos
A existência de um grande Jequitibá Rosa no município vem despertando a curiosidade
do público local e visitantes diversos, inclusive estudantes universitários. O exemplar da
espécie florestal está incluído na lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçada de
extinção.
Esta árvore milenar localiza-se a 24 Km da sede de João Neiva, entre Alto Bérgamo e
Barra do Triunfo na coordenada geográfica com WGS84 344165 / 7815388, com altitude
de 557 metros. Dimensões: CAP de 10, 70 metros, altura de 28 metros até a inserção do
primeiro galho e volume real de 177,80 metros quadrados. Considerada por um grupo de
engenheiros florestais que é a maior árvore do Espírito Santo.
2. METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO E DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO
2.1 Metodologia de elaboração do Proater
A metodologia utilizada para a realização deste programa está baseada nos princípios de
uma práxis extensionista dialógica, participativa e emancipadora. Desta forma,
agricultores participaram ativamente de todos os processos, discutindo e refletindo sobre
sua realidade de vida, os anseios e as possibilidades de mudança.
A adoção de metodologias participativas de Ater para a condução dos trabalhos deste
programa buscam, além de um diagnóstico que realmente reflita a realidade vivida pelas
famílias, aprimorar a construção da cidadania e a democratização da gestão da política
pública.
A prática utilizada nos diversos encontros com os agricultores familiares estão baseadas
em técnicas e métodos de Diagnóstico Rural Participativo – DRP, nos quais o diálogo e o
respeito são pontos fundamentais para o entendimento coletivo de determinadas
percepções.
A tabela 9 indica o cronograma de encontros realizados no município.
Tabela 9 – Cronograma de encontros para elaboração do Proater
Nº COMUNIDADE/LOCAL PÚBLICO DATA Nº PARTICIPANTES
1 CAVALINHO A F 08/10/10 50
2 DEMÉTRIO RIBEIRO AF 10/10/10 49
3 ACIOLI AF 13/10/10 13
4 CRISTAL AF 13/10/10 50
5 PIRAQUAÇU AF 14/10/10 65
6 RIBEIRÃO DE CIMA AF 17/10/10 26
7 BARRA DO TRIUNFO AF 18/10/10 11
8 SANTO AFONSO AF 18/10/10 47
9 SEDE AF 07/10/10 28
10 SEDE AF 18/10/10 14
11 SEDE AF 26/10/10 25FONTE: INCAPER/ELDR João Neiva 2010.
Fotos de Oficina para realização de Diagnóstico Rápido Participativo por meio da
metodologia FOFA no CEET de João Neiva
3. PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE ATER DO ELDR
As ações planejadas pelo ELDR foram formatadas com a efetiva participação dos
agricultores, suas instituições de representação, técnicos e gestores públicos. Estes
sujeitos participaram não só do diagnóstico como do planejamento em si, apontando as
prioridades e as ações que identificaram como fundamentais.
Além da prospecção das demandas levantadas com os agricultores, o Proater também
está alicerçado nos programas do Governo do Estado, coordenados pelo Incaper e pela
Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca.
A tabela a seguir é um quadro resumo das principais ações/atividades a serem
desenvolvidas pelo ELDR no ano de 2011.
PROGRAMAÇÃO ANUAL DAS ATIVIDADES DE ATER – 2011João Neiva
Público Assistido Crédito Rural Nº
Agricultores Familiares 260 Projeto Elaborado 30
Assentados Projeto Contratado 30
Quilombolas Mercado e Comercialização Nº
Indígenas Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) 3
Pescadores Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) 3
Outros Agricultores 30 Inclusão/Apoio a feiras 2
Outros Públicos 12 Inclusão/Apoio outros mercados 2
Somatório 302 Organização e gestão da comercialização 2
TABELA – Resumo da programação por atividadeINDICADORES
ATIVIDADES
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Café Arábica 18 10 9 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Café Conilon 190 90 80 6 6 1 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0
Fruticultura 50 28 21 - 1 - - - - - - 1 - - - - - - -
Olericultura - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Culturas Alimentares 35 30 10 - - - - - - - - 1 - - - - - - -
Pecuária 47 32 25 2 - - - - - - - - - - - - - - 1
Pesca e Aquicultura - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Silvicultura 26 18 8 2 - - - - - - - - - - - - - - -
Floricultura - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Recursos Hídricos e Meio Ambiente 21 21 9 1 - - - - - - - - - - - - - - -
Atividades Rurais Não Agrícolas 13 13 7 1 - - - - - - - - - - - - - - -
Agroecologia - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Organização Social 36 - 28 - - - - - 3 - - - - - - - 3 -
Somatório 400 278 169 41 9 1 0 0 0 4 0 4 0 0 0 0 0 3 1
Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
Nº Pessoas Assistidas
Nº
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os
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMATER (João Neiva, ES). Programa Municipal de Desenvolvimento Rural. João
Neiva, ES. 1997.
I.B.G.E. – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IJSN – Instituto Jones Santos Neves
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
PREFEITURA MUNICIPAL DE JOÃO NEIVA. Plano Municipal de Educação João
Neiva, ES, 2003. 61p.
RIBEIRO, LUCÍLIO DA ROCHA. João Neiva: Origem e desenvolvimento Contribuição da EFVM. Vitória, ES, Companhia Vale do Rio Doce, 1992. 178p.
SOCIEDADE ESPÍRITOSSANTENSE DE ENGENHEIROS AGRÔNOMOS
-ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS FLORESTAIS DO ESPÍRITO SANTO. Cenários do Rural Capixaba: “Coletânea de artigos”. Vitória, ES, SEEA/AEFES, 2002.169p.
WERTHEIN, JORGE; BORDENAVE, JUAN DIAZ. Educação rural no Terceiro Mundo:Experiências e novas alternativas. São Paulo, SP, Paz Terra S/A, 1985.369p.
VERDEJO, MIGUEL EXPÓSITO. Diagnóstico Rural Participativo: guia prático DRP. Vitória: MDA/ Secretaria da Agricultura