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Caracterização do Sítio Experimental
3 Caracterização do Sítio Experimental
3.1 Localização
Os trabalhos de campo foram realizados no município de São Sebastião do
Passé, a nordeste do estado da Bahia, distando cerca de 60km da capital.
Pertencente à região metropolitana de Salvador, São Sebastião do Passé é
delimitado pelos seguintes municípios: Catu, Pojuca, Mata de São João, Dias
d’Ávila, Candeias, São Francisco do Conde, Santa Amaro, Amélia Rodrigues e
Terra Nova. Sua localização geográfica é 12°30’46” S de latitude e 38°29’42” W
de longitude. O acesso à área de estudo é feito pela BR 110, que liga São
Sebastião do Passé a Catu, até a entrada em via local pavimentada pela Petrobras
(Figura 3.1).
Figura 3.1 – Localização do município de São Sebastião do Passé - BA (s/esc.).
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3.2 Vegetação, condições climáticas e hidrografia
O sítio experimental insere-se em meio a pequenas propriedades rurais
caracterizadas por vegetação arbórea, gramínea, predominante nas pastagens, e
por uma estreita faixa de mata ciliar à beira de um córrego, como mostra a Figura
3.2.
Figura 3.2 – Sítio experimental em São Sebastião do Passé (BA).
Como um fator na formação dos solos, as condições climáticas exercem uma influência
significativa sobre uma região e de acordo com a classificação Köppen, o clima na região da
área estudada é tropical chuvoso do tipo Am1, com curta estação seca. Através da localização
no mapa climático do IBGE, São Sebastião do Passé tem características de um clima quente
semi-úmido com 4 a 5 meses secos.
O contraste da vegetação durante o ano difere acentuadamente as estações chuvosa e
seca. A Tabela 3.1 apresenta a precipitação média mensal de alguns municípios limítrofes de
São Sebastião do Passé, dada a dificuldade de se obter valores pluviométricos do próprio
município.
1 Nesta classificação a letra maiúscula representa o clima (A – quente e úmido) e a letra minúscula representa as
variedades climáticas (m – chuvas o ano todo, com seca na primavera).
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Tabela 3.1 – Precipitação média mensal (mm) de alguns municípios da Bahia. Município Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Amélia Rodrigues 75,2 94,2 135,9 157,5 236,1 177,0 138,7 90,6 86,1 122,7 88,7 85,7
Catu 73,1 92,8 141,1 132,1 214,1 170,0 128,5 100,6 51,6 55,9 76,3 66,4
Mata de São João 72,0 105,0 148,4 254,1 294,1 203,4 140,6 108,5 81,9 90,4 71,8 106,4
Santo Amaro 72,6 76,6 139,5 222,3 258,6 173,7 178,4 140,4 76,2 81,7 155,5 109,8
São Francisco do Conde 76,3 84,1 148,8 226,2 325,0 181,4 197,6 119,7 82,8 77,3 143,9 102,0
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (1992) e Agência Nacional de Águas (2010) apud Instituto de Geociências da UFBA, 2010.
A Tabela 3.1 mostra que o período mais chuvoso concentra-se nos meses de
abril e julho, período das estações de outono e inverno. Já a estiagem,
caracterizado por menores índices pluviométricos, concentra-se nos meses de
setembro e janeiro, período de primavera e verão. A Figura 3.3 apresenta o mapa
pluviométrico referente ao ano de 2003, mostrando que São Sebastião do Passé
está entre as isoietas de 1200 e 1600 mm de chuva.
Figura 3.3 – Mapa pluviométrico do estado da Bahia - 2003 (modificado de SEI, 2003).
A Tabela 3.2 apresenta dados de temperatura do ar de municípios próximos
a São Sebastião do Passé, dada a dificuldade de se obter valores da temperatura do
ar do próprio município.
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Tabela 3.2 – Temperatura mensal de alguns municípios da Bahia. Município Temperatura (°C) Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Alagoinhas
Máxima 32,6 31,9 31,8 30,5 29,1 27,6 26,8 27,0 28,2 30,5 31,2 31,6
Média 23,6 24,6 25,7 24,9 23,6 22,7 21,0 21,7 22,6 24,2 24,8 25,4
Mínima 19,7 19,8 20,1 20,1 19,2 17,9 16,8 16,3 17,3 18,4 19,2 19,8
Camaçari
Máxima 31,1 31,1 31,0 29,5 28.7 27,4 26,8 27,1 28,0 29,4 30,0 30,6
Média 25,8 25,9 25,0 25,3 24,4 23,2 22,5 22,4 23,4 24,6 25,3 25,8
Mínima 21,9 22,0 22,2 21,9 21,2 20,2 19,2 19,0 19,7 20,7 21,5 22,0
Feira de Santana
Máxima 33,5 32,7 31,5 30,2 27,8 26,1 25,3 26,0 28,1 30,4 30,7 31,3
Média 26,1 25,8 25,4 24,7 22,9 21,4 20,5 21,0 22,3 24,2 24,8 25,3
Mínima 21,6 21,4 21,4 21,1 19,8 18,7 17,5 17,6 18,4 20,1 20,7 21,0
Salvador
Máxima 29,9 30,0 30,0 28,6 27,7 26,5 26,2 26,4 27,2 28,1 28,9 29,0
Média 26,5 26,6 26,7 25,2 25,2 24,3 23,6 23,7 24,2 25,0 25,5 26,0
Mínima 23,7 23,9 24,1 22,9 23,0 22,1 21,4 21,3 21,8 22,5 22,9 23,2
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (1992) apud Instituto de Geociências da UFBA, 2010.
Observa-se da Tabela 3.2 que a temperatura na região ultrapassa pouco mais
de 30°C nos meses de novembro a março, período de estiagem. As menores
temperaturas, em torno dos 18°C, referem-se aos meses de junho e agosto,
período de altos índices pluviométricos.
O município é banhado por três rios, como mostrado a Figura 3.1, sendo o
Rio Pojuca mais ao norte, próximo ao limite com os municípios de Terra Nova,
Catu e Pojuca; o Rio Jacuípe ocupando uma faixa central do próprio município e o
Rio Joanes que localiza-se mais ao sul na fronteira com os municípios de São
Francisco do Conde e Candeias.
3.3 Geologia do Recôncavo Baiano
Neste item será descrita sumariamente a geologia do Recôncavo Baiano
dada sua importância para o estudo que fundamenta esta dissertação, a Formação
Barreiras, e onde está localizado o sítio experimental.
A Bacia do Recôncavo constitui uma província geológica situada no estado
da Bahia, região nordeste do Brasil e ocupa uma porção de aproximadamente
11.500km2. O aporte técnico geológico desta bacia advém de mais de meio século
de exploração petrolífera empreendida pela Petrobras em cerca de 5.700 poços e
57.000km de linhas sísmicas (MILHOMEM ET AL., 2003). Segundo Campos
(1971) quando constatado, em 1935, petróleo em Lobato (BA), o Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) realizou reconhecimento geológico
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seguido do levantamento geofísico no Recôncavo; após quatro anos, descobriu-se
uma pequena acumulação de óleo, tornando-se o marco inicial da produção de
petróleo no Brasil.
Preenchida por sedimentos, que pode chegar a 7000m de espessura no
depocentro da bacia, a Bacia do Recôncavo tem como limites, segundo Olívio
Silva et al. (2007), ao norte e noroeste o Alto do Aporá, ao sul o sistema de Falha
da Barra, ao oeste o sistema de Falha de Maragogipe e ao leste a Falha de
Salvador. A Figura 3.4 mostra estes limites.
Figura 3.4 – Limites da Bacia do Recôncavo Baiano (modificado de SANTOS, 1998 apud MILHOMEM ET AL., 2003).
Durante o processo de estiramento e rompimento que resultou na
fragmentação do paleocontinente Gondwana e abertura do Oceano Atlântico
foram originados os vários tipos de bacias marginais brasileiras, divididos em dois
grupos distintos, mas relacionados, conforme descrevem Asmus e Porto (1972):
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- grabens, rifts-valleys ou tafrogeossinclíneos intracratônicos, representado
pela Bacia do Recôncavo Baiano;
- geossinclíneos de margem continental, representado por todas as bacias da
margem continental.
A Bacia do Recôncavo constitui um rifte valley (“uma verdadeira fossa
tectônica”, segundo BRITO, 1979, p.63) de idade eocretácica que se desenvolveu
na depressão afro-brasileira do neojurássico (NEGREIROS, 1990). A sua
estratigrafia inclui estratos com idades do paleozóico até o cenozóico.
O depósito paleozóico no Recôncavo Baiano é representado pela Formação
Afligidos considerada até 1990 como parte do Grupo Brotas. Esta Formação
constitui-se de arenitos sobrepostos por folhelhos vermelhos (MAGNAVITA;
SILVA; SANCHES, 2005).
No período mesozóico, a evolução geológica da bacia do recôncavo pode
ser divida em três fases tectônicas: pré-rifte, sin-rifte e pós-rifte (MAGNAVITA;
SILVA; SANCHES, 2005). Nesta período ocorreu a maioria dos depósitos das
formações que compõem a geologia do Recôncavo.
No cenozóico, os arenitos continentais da Formação Barreiras, com menos
de 100m de espessura preservados, se destacam cobrindo boa parte do sul do rifte
e uma larga porção da costa brasileira (MAGNAVITA; SILVA; SANCHES,
2005).
A Figura 3.5 ilustra a coluna estratigrafia da Bacia do Recôncavo segundo
Olívio Silva et al. (2007). Vale observar a Formação Barreiras nesta coluna
estratigráfica, caracterizada por uma sedimentação continental, com espessura
máxima de 60m, depositada num ambiente fluvial de idade entre o mioceno e
plioceno.
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Figura 3.5 – Coluna estratigráfica da Bacia do Recôncavo (SILVA, O. et al., 2007).