2ª série - Ensino Médio · 2018-05-07 · Ainda sobre a charge acima, considerando a...

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2018 Nome completo: Turma: Unidade: Ciências Humanas e suas Tecnologias DIA Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 90 Questões – Duração: 5h Dia: 02/05 – quarta-feira 1º SIMULADO MODELO ENEM 2ª série - Ensino Médio Exame Nacional do Ensino Médio

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2018

Nome completo:

Turma: Unidade:

Ciências Humanas e suas Tecnologias

DIA

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

90 Questões – Duração: 5h

Dia: 02/05 – quarta-feira

1º SIMULADO MODELO ENEM 2ª série - Ensino Médio

Exame Nacional do Ensino Médio

FORMA

ERRADA DEPREENCHIMENTO

FORMA

CORRETA DEPREENCHIMENTO

É PROIBIDO COLOCAR QUALQUER TIPO DE INFORMAÇÃO NESTE LOCAL

PREENCHIMENTO DO CARTÃO RESPOSTA

SOMENTE COM CANETA AZUL

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SIMULADO - 1º TRI

1. A prova terá duração de 5h.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova. 4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova. 5. O preenchimento do gabarito deve ser feito com caneta AZUL. NÃO É PERMITIDO O USO DE

CANETAS COM PONTAS POROSAS. 6. O preenchimento incorreto do gabarito implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito. 7. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis,

caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos.

8. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida,

caso o mesmo venha a ser usado ou tocar. Caso não tenha bolsa, colocá-lo na base do quadro durante a prova.

9. O fiscal deve conferir o preenchimento do gabarito antes de liberar a saída dos alunos.

10. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17 horas da terça-feira, dia 08/05.

11. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova encerra dia 11/05, sexta-feira.

Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com a Pedagoga da Unidade.

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A charge a seguir refere-se às próximas duas questões:

QUESTÃO 1

Sobre a charge acima, podemos afirmar corretamente que a) apesar de apresentar personagens pertencentes à antiguidade, é feita uma alusão à carga tributária mundial. b) por apresentar personagens da antiguidade, sugere que há tempos nossa carga tributária é ínfima. c) como os personagens nos remetem a outra época e lugar, percebemos uma crítica aos enormes tributos. d) mesmo apresentando personagens atípicos à nossa época e lugar, os tributos citados se restringem a Roma. e) a crítica acima nos remete a tempos memoriáveis, enfatizando a ideia de que a história se repete. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Crítica fiel às altas cargas tributárias.

QUESTÃO 2

Ainda sobre a charge acima, considerando a intertextualidade e seus conhecimentos gerais, só podemos afirmar que a) as siglas CPMF, INSS, ISS, IR e IPTU parodiam a realidade dos brasileiros e criticam nossa carga tributária. b) a expressão “o combinado foi 30 moedas!” e a imagem dos personagens referem-se à época vivida

por Cristo. c) a charge, considerada na sua totalidade, ao mesmo tempo que parafraseia a traição de Judas, alude às

cargas cobradas em Roma. d) o centurião refere-se ao poderio do governo nacional e ao mesmo tempo alude à antiga Roma, que

recolhe impostos. e) os personagens históricos são a confirmação de que o Brasil, hoje, mantém uma política similar à europeia. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As siglas apresentadas na charge fazem uma paródia à realidade brasileira.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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QUESTÃO 3

A leitura do infográfico indica que a) o Nordeste é a região com maior índice de violência contra a mulher. b) o medo da violência contra a mulher é maior nos municípios com até 50 mil habitantes. c) quanto maior o nível de escolaridade, menor a tendência de culpar a mulher pelo estupro. d) entre brasileiros do sexo masculino, a percepção da violência contra a mulher é mais acentuada. e) boa parte dos brasileiros do sexo masculino acredita na boa conduta e como meio de se evitar o estupro.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] Incorreto: o Nordeste é a região com maior número de mulheres que temem ser vítimas de violência sexual. [B] Incorreto: a informação constante no infográfico é de que 37% dos moradores de municípios com até 50 mil habitantes acreditam que “a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada”. [C] Correto: de acordo com o infográfico, “a crença de que a culpa pelo estupro é da vítima é maior entre a população mais velha, com baixa escolaridade e em municípios menores”. [D] Incorreto: o que consta no infográfico é que “42% dos brasileiros do sexo masculino acreditam que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas”. Já entre as mulheres, o percentual é menor: 32%. [E] Incorreto: pois essa visão está ultrapassada segundo o sexo masculino.

QUESTÃO 4 TEXTO 1

Professora é cercada por alunos e agredida em Rondônia

A vítima estava saindo de uma escola quando foi abordada pelo grupo. Uma estudante desferiu um soco no rosto dela.

Publicado em 08/07/2016, às 10h45

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Uma professora de 48 anos de uma escola estadual de Rondônia foi cercada por estudantes e agredida por uma aluna na cidade de Ji-Paraná, nessa quarta-feira (6). De acordo com a polícia, a vítima foi abordada pelo grupo depois de ter saído das dependências do colégio. As informações são do G1 RO.

A suspeita de ter desferido um soco no rosto da educadora, que teve um corte no supercílio, é uma aluna do 1º ano do Ensino Médio. A vítima foi levada para um hospital da cidade, e a menor que cometeu a agressão ainda não foi localizada. Ela poderá responder por lesão corporal, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Uma fotografia mostrando a mulher sendo socorrida gerou comoção nas redes sociais. “Que país é este onde o profissional que deveria ser reverenciado é agredido?”, questionou uma usuária. A Secretaria de Educação de Rondônia disse que repudia o ato de violência e acompanhará o processo para que depois possa tomar medidas.

(http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/mundo/brasil/noticia/2016/07/08/professora-e-cercada-por-alunos-e-agredida-em-rondonia-243547.php. Adaptado)

TEXTO 2

Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem. In: Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. O texto literário tem características peculiares que o diferenciam de outros tipos de texto. Aplicando essa ideia aos textos 1 e 2, é correto afirmar que a) o Texto 1 tem como características a atualidade e brevidade dos fatos, simplicidade vocabular,

coloquialismos, clareza e objetividade na sua linguagem; assim, deve ser lido como texto literário. b) o Texto 2 não mantém nenhum tipo de relação com o Texto 1, porque a linguagem literária de Manuel

Bandeira diverge estilisticamente da jornalística. c) o Texto 1 é jornalístico, porque tem conteúdo efêmero, não possui caráter poético e traz marcas típicas como

a referência a uma fotografia e ao portador. d) o traço em comum que há entre os textos 1 e 2 é a “objetivação do lirismo”, ou seja, ambos possuem uma

linguagem amparada nas experiências do mundo. e) o Texto 2 é marcadamente subjetivo, distanciando-se da realidade do cotidiano, sem provocar a imaginação

do leitor por ser narrativo. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto 1 é notadamente uma notícia: é de cunho informativo, veiculado num portal jornalístico, apresenta linguagem clara e formal, é objetivo, apresenta depoimento de testemunha, entre outros aspectos. O texto 2 é literário (um poema), pois, apesar do tema relacionado a uma notícia jornalística, é estruturado em versos, é lírico e subjetivo.

QUESTÃO 5 Trecho de “Os Sertões”, de autoria de Lima Barreto: "(...) esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se." Assinale a frase que, retirada de "Os sertões", sintetiza o trecho citado. a) "é o homem permanentemente fatigado" b) "o sertanejo é, antes de tudo, um forte" c) "a raça forte não destrói a fraca pelas armas, esmaga-a pela civilização" d) "Reflete a preguiça invencível (...) em tudo" e) "a sua religião é como ele - mestiça" GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte", característica forte em obras de Lima Barreto.

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QUESTÃO 6

Em depoimento, Paulo Freire fala da necessidade de uma tarefa educativa: “trabalhar no sentido de ajudar os homens e as mulheres brasileiras a exercer o direito de poder estar de pé no chão, cavando o chão, fazendo com que o chão produza melhor é um direito e um dever nosso. A educação é uma das chaves para abrir essas portas. Eu nunca me esqueço de uma frase linda que eu ouvi de um educador, camponês de um grupo de Sem Terra: pela força do nosso trabalho, pela nossa luta, cortamos o arame farpado do latifúndio e entramos nele, mas quando nele chegamos, vimos que havia outros arames farpados, como o arame da nossa ignorância. Então eu percebi que quanto mais inocentes, tanto melhor somos para os donos do mundo. (…) Eu acho que essa é uma tarefa que não é só política, mas também pedagógica. Não há Reforma Agrária sem isso.”

(Adaptado de Roseli Salete Galdart, Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais que escola. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 172.)

No excerto adaptado que você leu, há menção a outros arames farpados, como “o arame da nossa ignorância”. Trata-se de uma figura de linguagem para a) a conquista do direito às terras e à educação, que são negadas a todos os trabalhadores. b) a obtenção da chave que abre as portas da educação a todos os brasileiros que não têm terras. c) promoção de uma conquista da educação que tenha como base a propriedade fundiária. d) a descoberta de que a luta pela posse da terra pressupõe também a conquista da educação. e) criticar a forma como a educação tem sido pulverizada no século XXI. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A menção ao “arame farpado da nossa ignorância” se refere aos obstáculos de se conquistar efetivamente a educação, sem a qual as outras conquistas perdem o sentido. Portanto, somente a alternativa [D] está correta. Texto para as próximas duas questões:

Fotojornalismo

12Vem perto o dia em que soará para os escritores a hora do irreparável desastre e da derradeira desgraça. Nós, os rabiscadores de artigos e notícias, já sentimos que nos falta o solo debaixo dos pés… Um exército rival vem solapando os alicerces em que até agora assentava a nossa supremacia: é o exército dos desenhistas, dos caricaturistas e dos ilustradores. O lápis destronará a pena: 1ceci tuera cela.

13O público tem pressa. A vida de hoje, vertiginosa e febril, não admite leituras demoradas, nem reflexões profundas. A onda humana galopa, numa espumarada bravia, sem descanso. Quem não se apressar com ela será arrebatado, esmagado, exterminado. 8O século não tem tempo a perder. A eletricidade já suprimiu as distâncias: daqui a pouco, quando um europeu espirrar, ouvirá 2incontinenti o “Deus te ajude” de um americano. 17E ainda a ciência humana há de achar o meio de simplificar e apressar a vida por forma tal que os homens já nascerão com dezoito anos, aptos e armados para todas as batalhas da existência.

9Já ninguém mais lê artigos. Todos os jornais abrem espaço às ilustrações copiosas, que entram pelos olhos da gente com uma insistência assombrosa. As legendas são curtas e incisivas: 18toda a explicação vem da gravura, que conta conflitos e mortes, casos alegres e casos tristes.

É provável que o jornal-modelo do século 20 seja um imenso 3animatógrafo, por cuja tela vasta passem reproduzidos, instantaneamente, todos os incidentes da vida cotidiana. Direis que as ilustrações, sem palavras que as expliquem, não poderão doutrinar as massas nem fazer uma propaganda eficaz desta ou daquela ideia política. Puro engano. Haverá ilustradores para a sátira, ilustradores para a piedade.

(...) Demais, 19nada impede que seja anexado ao animatógrafo um gramofone de voz 4tonitruosa, encarregado de berrar ao céu e à terra o comentário, grave ou picante, das fotografias.

E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas e noticiaristas, houvermos desaparecido da cena – nem por isso se subverterá a ordem social. 14As palavras são traidoras, e a fotografia é fiel. A pena nem sempre é ajudada pela inteligência; ao passo que 20a máquina fotográfica funciona sempre sob a 5égide da soberana Verdade, a coberto das inumeráveis ciladas da Mentira, do Equívoco e da Miopia intelectual. 21Vereis que não hão de ser tão frequentes as controvérsias…

(...) Não insistamos sobre os benefícios da grande revolução que a fotogravura vem fazer no jornalismo. Frisemos apenas este ponto: o jornal-animatógrafo terá a utilidade de evitar que nossas opiniões fiquem, como atualmente ficam, fixadas e conservadas eternamente, para 6gáudio dos inimigos… Qual de vós, irmãos, não escreve todos os dias quatro ou cinco tolices que desejariam ver apagadas ou extintas? Mas, ai! de todos nós! 15Não há morte para as nossas tolices! 16Nas bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...) catalogadas.

(...) No jornalismo do Rio de Janeiro, já se iniciou a revolução, que vai ser a nossa morte e a 7opulência dos que sabem desenhar. Preparemo-nos para morrer, irmãos, sem lamentações ridículas, 10aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, e consolando-nos uns aos outros com a cortesia de que, ao menos, 11não mais seremos obrigados a escrever barbaridades…

Saudemos a nova era da imprensa! A revolução tira-nos o pão da boca, mas deixa-nos aliviada a consciência.

Olavo Bilac Gazeta de Notícias, 13/01/1901.

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1cecituera cela − isto vai matar aquilo 2 incontinenti − sem demora 3 animatógrafo − aparelho que passa imagens sequenciais 4tonitruosa − com o volume alto

5 égide − proteção 6 gáudio − alegria extremada 7 opulência − riqueza, grandeza

QUESTÃO 7

Vereis que não hão de ser tão frequentes as controvérsias… (ref. 21) A previsão de Bilac sobre a diminuição das controvérsias ou polêmicas, por causa da vitória da imagem sobre a palavra, baseia-se em uma pressuposição acerca da maneira de representar a realidade. Essa pressuposição está enunciada em: a) O desenho critica o real, e as palavras expressam consciência b) A fotografia reproduz o real e as palavras provocam distorções c) A imagem interpreta o real e as palavras precisam de inteligência d) A fotogravura subverte o real e as palavras tendem ao conservadorismo e) O desenho critica a ficção e as palavras denotam a realidade GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A obra de Bilac revela o receio do autor em acreditar na supremacia da imagem sobre a linguagem verbal.

QUESTÃO 8 Já em 1901, o escritor Olavo Bilac temia que a imagem substituísse a escrita. No entanto, ele reconhecia aspectos positivos dessa possível substituição. Um desses aspectos é observado no seguinte trecho: a) O século não tem tempo a perder. (ref8) b) Já ninguém mais lê artigos. (ref.9) c) aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, (ref. 10) d) não mais seremos obrigados a escrever barbaridades... (ref. 11) e) a hora do irreparável desastre e da derradeira desgraça….(ref. 12) GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Não mais seremos obrigados a escrever barbaridades... demonstrando o ponto negativo da linguagem verbal (ref. 11)

QUESTÃO 9 Farinha

(Djavan)

A farinha é feita de uma planta da família das euforbiáceas de nome Manihot utilissima, Que um tio meu Apelidou de macaxeira E foi aí que todo mundo achou melhor!...

A farinha tá No sangue do nordestino eu já sei desde menino o que ela pode dar E tem da grossa, tem da fina Se não tem da quebradinha Vou na vizinha pegar;

Pra fazer pirão ou mingau; Farinha com feijão É animal!

O cabra que não tem eira nem beira Lá no fundo do quintal Tem um pé de macaxeira.

A macaxeira é popular, É macaxeira pr’ali, macaxeira pra cá E em tudo que é farinhada A macaxeira tá.

Você não sabe o que é farinha boa Farinha é a que a mãe me manda lá de Alagoas!

De acordo com o texto, a) macaxeira e Manihot utilíssima são duas coisas distintas. b) a macaxeira é um alimento de ricos. c) macaxeira e Manihot utilissima são a mesma coisa. d) só existe farinha em Alagoas. e) toda farinha é boa.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Logo na primeira estrofe é apresentada a planta da qual a farinha é feita, cujo nome científico é “Manihot utilissima”. Em seguida, o eu lírico comenta que seu tio apelidou essa mesma planta de macaxeira. Assim, macaxeira e Manihot utilissima são a mesma coisa.

QUESTÃO 10 Examine este cartaz, cuja finalidade é divulgar uma exposição de obras de Pablo Picasso:

Nas expressões “Mão erudita” e “Olho selvagem”, que compõem o texto do anúncio, os adjetivos “erudita” e “selvagem” sugerem que as obras do referido artista conjugam, respectivamente, a) civilização e barbárie. b) requinte e despojamento. c) modernidade e primitivismo. d) liberdade e autoritarismo. e) tradição e transgressão. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os termos “mão” e ”olho” sugerem, respectivamente, a técnica e o estilo pictórico de Picasso, sobretudo na fase em que adere aos movimentos de vanguarda europeus e explora a vertente do Cubismo. Assim, na opção [E], os adjetivos “erudita” e “selvagem” associam, simultaneamente, a técnica tradicional e a ruptura com a forma de representar a realidade que caracterizam a obra do pintor.

QUESTÃO 11 O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. É o que diz o narrador no segundo capítulo do romance Dom Casmurro. Afinal, não teria ele alcançado o seu intento a) pelas dificuldades inerentes à estrutura do romance, na recuperação de outros tempos. b) pelo receio de confessar suas fraquezas e a traição sofrida. c) porque era impossível recuperar o sentido daquele período, pois ele já não era a mesma pessoa. d) pela falta de bom senso e de clareza na apreensão das lembranças. e) porque o tempo, impiedoso, apaga todos os acontecimentos e transforma as pessoas. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O trecho trata da mudança passada pela personagem Bento Santiago, que é também o narrador da obra.

QUESTÃO 12 O trecho abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis: O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

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Invocando aqui a memória e o testemunho do leitor de sua história, o narrador arremata a narrativa a) lembrando que os ciúmes de Bentinho por Capitu poderiam perfeitamente ser injustificáveis. b) concluindo que a única explicação para a traição de Capitu é a força caprichosa de circunstâncias acidentais. c) citando uma passagem da Bíblia, à luz da qual acaba admitindo a possibilidade da inocência de Capitu. d) pretendendo que a personalidade de Capitu tenha se desenvolvido de modo a cumprir uma

natural inclinação. e) se mostra reticente quanto à convicção de que fora traído, sugerindo que continuará ponderando os fatos. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto aborda os múltiplos focos narrativos presentes em Dom Casmurro, aludindo, no trecho, na construção da personalidade de Capitu, sempre sob a ótica de Bentinho.

QUESTÃO 13

À propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar que a) a narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica, o narrador

pretende configurar a culpa de Capitu. b) o artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do narrador à

medida que elas acontecem, mantendo-se, assim, a tensão. c) elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com

personagens idealizadas entregues à paixão amorosa. d) o espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando demonstrar que

as mazelas sociais não são prerrogativa da Corte. e) Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir culpado

quando o ex-amigo morreu afogado. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Pelo fato do texto ser escrito em 1ª pessoa, tem-se uma descrição unilateral da narrativa, de modo que todas as impressões depreendidas do romance são aquelas do próprio Bento Santiago, narrador-personagem.

QUESTÃO 14

A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade. b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador. c) perturbada pela interferência de Capitu, que acaba por guiar o narrador. d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade. e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Não há outra perspectiva na obra senão a do narrador.

QUESTÃO 15

Sobre o Realismo, podemos afirmar que tem como característica a) preocupação em justificar, à luz da razão, as reações das personagens, seus procedimentos e os problemas

sentimentais e metafísicos apresentados. b) a apresentação do homem como um ser dominado pelos instintos, taras, pela carga hereditária, em

detrimento da razão. c) a preocupação em retratar a realidade como ela é, sem transformá-la. O autor, ao relatar, deverá estar

baseado na documentação e observação da realidade. d) o amor visto unicamente sob o aspecto da sexualidade e apresentado como uma mera satisfação de

instintos animais. e) aspectos descritivos e minuciosos, sempre que possível, baseados na observação da realidade e do

subjetivismo e sentimentalismo do autor. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Realismo se distingue do Romantismo justamente pela forma de retratar a realidade – daí o nome da escola literária –, uma vez que a preocupação do escritor está na verossimilhança da obra, enquanto uma forma de criticar o que está posto.

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QUESTÃO 16

O romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, a) filia-se à corrente naturalista, uma vez que o autor, entusiasmado pelas teses cientificistas da época, elegeu o

meio e a hereditariedade como as forças básicas de construção do seu universo ficcional. b) é considerado um representante tardio do romance social urbano, na linha inaugurada por José de Alencar,

pelo tratamento ousado e direto dado ao tema do adultério. c) representa um dos pontos altos do Realismo brasileiro, pois ultrapassa os limites de um banal caso de

adultério e tem, na condição humana, captada pelo viés da ironia, a matéria de sua narrativa. d) deve ser encarado como uma produção independente em relação à nossa tradição literária, visto que

inaugura a chamada prosa poética de cunho introspectivo, precursora do romance intimista dos anos 30. e) está comprometido com os postulados da estética pré-modernista, não só pela escolha corajosa do tema,

mas também pela linguagem agressiva, de denúncia, que investe contra os valores burgueses. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na obra em questão, Machado de Assis apresenta o adultério não sob uma perspectiva romântica, em que a situação seria vista de modo idealizado e vitimista, mas, sim, a partir de um olhar relativista, rompendo não só com a construção da temática, mas também estrutura narratológica.

QUESTÃO 17

O realismo, como escola literária, é caracterizado a) pelo exagero da imaginação. b) pelo culto da forma. c) pela preocupação com o fundo.

d) pelo subjetivismo. e) pelo objetivismo.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O realismo opera com uma linguagem objetiva, que busca aproximação com o real.

QUESTÃO 18

Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo que a) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de renovação. b) pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens rústicos nas comunidades primitivas. c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a realidade social. d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa. e) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a conduta

das personagens. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Exemplos perfeitos de obras naturalistas são “O Cortiço” e o “Bom Crioulo”, em que os indivíduos são retratados como resultados dos meios sociobiológicos em que vivem. Tal visão é fruto da corrente determinista, comum ao contexto histórico da escola literária em questão.

QUESTÃO 19

"Desnudam-se as mazelas da vida pública e os contrastes da vida íntima; e buscam-se para ambas causas naturais (raça, clima, temperamento) ou culturais (meio e educação), que lhes reduzem de muito a área de liberdade. O escritor tomará a sério as suas personagens e se sentirá no dever de descobrir-lhes a verdade, no sentido positivista de dissecar os móveis do seu comportamento."

(Alfredo Bosi)

O texto refere-se ao a) Romantismo b) Realismo. c) Simbolismo. d) Parnasianismo. e) Modernismo. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O trecho retrata alguns dos traços que caracterizam o Realismo (e em grande parte o Naturalismo) no Brasil, sobretudo no tocante a retratar os indivíduos como fruto do meio em que vivem e interagem.

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QUESTÃO 20

O texto a seguir é um fragmento do artigo do sociólogo e crítico literário Antônio Cândido, de 1988: Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações. Vista deste modo, a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há homem que possa viver sem ela (...) ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. O sonho assegura durante o sono a presença indispensável deste universo, independentemente da nossa vontade. (...) Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.

CÂNDIDO, Antônio. “O direito à Literatura”. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. ______. O discurso e a cidade. 3. ed. São Paulo: Duas Cidades, 2004.

Da leitura do texto, pode-se depreender que a) a leitura e os estudos literários na formação do ser humano são considerados pelo crítico uma escolha

individual, pois a cada um é permitida a decisão de elementos que lhe tragam prazer. b) a literatura constitui-se como um direito aos seres humanos à medida em que é uma das formas de cultura

mais utilizada em todos os tempos, sendo, portanto, portadora do passado, presente e futuro. c) uma vez que a literatura tem como matéria principal a ficção, o que a aproxima do sonho, da mesma forma

como o ser humano não resiste à ausência deste, negar-lhe a literatura é, portanto, privá-lo de um direito fundamental.

d) o fato de sonhar ser uma característica humana assegura, segundo o crítico, a importância da literatura como uma forma de concretização das informações do inconsciente, manifestas pelo autor na produção literária.

e) a literatura se assemelha ao sonho e, da mesma forma como são complexas as interpretações oníricas, também a análise de textos literários requer do leitor certo grau de erudição.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O fragmento do artigo Direito à literatura, de Antônio Cândido, põe-nos diante da necessidade que os seres humanos têm em relação à literatura, constituída como direito, a ele inalienável. O argumento utilizado nesse trecho é o da semelhança entre a necessidade de sonhar e a necessidade do contato com o texto literário (visto de modo amplo), visto como “todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações”.

QUESTÃO 21

Na tirinha, As falas de Jon e Garfield correspondem a) à linguagem coloquial informal e à linguagem de padrão culto, respectivamente. b) à gíria e à língua literária, respectivamente. c) a duas formas da linguagem de padrão culto. d) a duas formas da gíria brasileira. e) à língua portuguesa do Brasil e à de Portugal, respectivamente. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Resolução: o erro da fala de Jon é frequente na linguagem coloquial brasileira; a construção conforme o padrão culto da língua se encontra na frase de Garfield. Nesse caso, o verbo “arrepender”, transitivo indireto, exige a preposição “de”, a qual aparece somente na fala de Garfield: “das quais você se arrepende”.

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QUESTÃO 22

O aluno tem à sua disposição muitas opções tecnológicas de estudo e pesquisa. Por que, então, ele estuda e pesquisa cada vez menos? A geração passada tinha pouca tecnologia e muita vontade de estudar. As enciclopédias eram vendidas a preço de ouro. Líamos, procurávamos livros em bibliotecas até encontrar as informações de que precisávamos. Redigíamos nossos textos algumas vezes, até passarmos a versão final – manuscrita – para a folha de papel almaço, talvez desconhecida de muitos, hoje em dia. Hoje os alunos não precisam mais correr fisicamente atrás das informações. É só dar uma “googada”, como dizem, sem sair da cadeira. Porém, o imediatismo dessas informações não facilitou a vida do estudante – e do professor –, no sentido de fornecer mais fontes e otimizar o tempo de pesquisa. O dispositivo acaba sendo empregado como forma de minimizar o trabalho.

(Liliana Angrisani. “Criança versus tecnologia”. In: Linha Direta. Ano 17, edição 186, setembro de 2013, p. 54.) De acordo com o texto acima, a utilização da tecnologia no ambiente escolar tem provocado a) aumento na quantidade de conteúdo acessado, facilitando o processo de ensino e aprendizagem. b) facilidade de acesso ao conhecimento proporcional às deficiências geradas nas habilidades de

leitura e redação. c) imediatismo e facilidade no acesso à informação com consequente prejuízo para a

formação de conhecimento. d) diminuição do esforço de acesso ao conhecimento, causando otimização do processo de ensino

e aprendizagem. e) prejuízo no processo de ensino e aprendizagem provocado pelo desprezo à linguagem escrita. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Liliana Angrisani aborda em seu texto o fato de as novas tecnologias aumentarem o acesso a uma enorme quantidade de conhecimento. Em contrapartida, essa facilidade provocou uma falta de esforço, já que simplesmente se usa o processo de “copiar e colar”, sem que haja a intervenção de um espírito crítico na seleção dos dados. A consequência é o prejuízo no processo de ensino e aprendizagem, já que os estudantes, de acordo com a autora, estudam e pesquisam cada vez menos. Texto para as questões 23 e 24:

Um dos traços marcantes do atual período histórico é [...] o papel verdadeiramente despótico da informação. [...] As novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle. O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.

(Milton Santos, Por uma Outra Globalização)

QUESTÃO 23 Deduz-se corretamente do texto que a) é da natureza do progresso que, a cada avanço tecnológico, corresponda um retrocesso político. b) a humanidade, por mais que avance tecnologicamente, não será capaz de superar o egoísmo. c) o alcance universal do progresso técnico está em oposição à sua utilização para fins particulares. d) o crescente avanço da técnica terminará por superar o atraso das relações políticas. e) é próprio da informação atualizada que ela seja acessível somente às minorias mais ricas. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Conforme o texto, os progressos do conhecimento e da tecnologia não atingem a periferia do sistema capitalista, porque Estados e empresas que dominam o sistema os utilizam apenas em favor de seus próprios interesses.

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QUESTÃO 24 Em “porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção”, o verbo em destaque se classifica, quanto à transitividade, como o verbo destacado em: a) Não vimos ninguém. b) Desmaiou de medo. c) As crianças chegaram de viagem ontem. d) Houve um pequeno problema no escritório. e) Todos acreditam na sua capacidade. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O verbo dispor (de) é transitivo indireto, assim como acreditam (em), na alternativa e.

Entrevista com Marcos Bagno

Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.

No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.

Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa!

Informativo Parábola Editorial, s/d.

QUESTÃO 25

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso

da norma padrão. b) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser

verificado na materialidade do texto. c) propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a

norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados. d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu

cotidiano a gramática normativa do português europeu. e) defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com

a hegemonia do antigo colonizador. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão na entrevista, porque o contexto solicita esse procedimento. Significa que ele adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, conforme afirma a opção A. O gênero entrevista requer o uso da norma padrão.

QUESTÃO 26

Uma das imagens fortes contra os regimes totalitários na América Latina é a da queima de livros comunistas, retratada como algo sacrílego. Queimar os livros, nessas novas inquisições, era uma metonímia para o assassinato de pessoas, e se revestia, portanto, de uma simbologia demoníaca. Geralmente, dava-se em clima de euforia pública, para servir de exemplo aos demais revolucionários.

(...) Estes atos sempre estiveram identificados coma barbárie, e por isso tendemos a ser tolerantes com tudo que vem encadernado. Mas a queima de livro tem um outro sentido: é um reconhecimento de seu poder, nem que seja um poder corruptor — como entendem os moralistas de todos os credos.

(SANCHES NETO, Miguel. Herdando uma Biblioteca. Rio de Janeiro, Record, 2004).

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Em “como entendem os moralistas de todos os credos”, encontramos o mesmo tipo de sujeito de a) “Faço carreteadas daqui pro Rio e de lá pra cá.” (Érico Veríssimo) b) “A Rua Barão de Itapetininga é um depósito sarapintado de automóveis gritadores.” (Antônio de

Alcântara Machado) c) “Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura.” (Graciliano Ramos) d) “Mas parece que hoje chove.” (Machado de Assis) e) “Lá não pode haver mais bichos do que no meu sertão.” (Coelho Neto) GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O sujeito da oração é simples (“os moralistas de todos os credos”), como o da alternativa b (“a rua barão de Itapetininga”).

Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse alguma misteriosa medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, como a braça, a légua, etc. Outro mistério era o triz. Qual a exata definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As coisas deixam de acontecer por um triz, por uma fração de segundo ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez correspondesse a meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz.

Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo das microcoisas. Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, que tudo pode ser dividido e subdividido. Assim

como existe o infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria o infinito para dentro. A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura.

Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, se tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo, minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é a última coisa que nos ocorre. Está no Aurelião. Tintim, vocábulo onomatopaico que evoca o tinido das moedas.

Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. Isso no tempo em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje, quando são feitas de papelão e se chocam sem ruído. Numa investigação feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo sem parar e chegaríamos a uma nova concepção de infinito.

Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela vida quindim por quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando nosso salário tin por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins).

Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de tempo nem de espaço nem de matéria, resta o triz. O Aurelião não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que pouco? Queremos algarismos, vírgulas, zeros, definições para "triz". Substantivo feminino. Popular.

"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar todas as nossas teorias sobre o Universo ou teremos que mudar de assunto. Acho melhor mudar de assunto.

O Universo já tem problemas demais. (VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)

QUESTÃO 27

Considerando o texto “Tintim”, de Luis Fernando Veríssimo, é possível inferir que a) em “Assim como existe o infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria

o infinito para dentro”, a expressão grifada tem a função de indicar uma conclusão. b) em “A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por

dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura”, a expressão destacada indica que a regra formulada é válida, apenas, para alguns casos.

c) em “O Aurelião não nos ajuda.”, o pronome em destaque atua sintaticamente como objeto indireto. d) em “Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo?”, o termo grifado

tem a função de substituir o termo antecedente, embora tal retomada tenha comprometido a clareza da frase. e) em “O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando nosso salário tin

por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins)”, a expressão grifada é uma onomatopeia e indica um som característico de um canal de televisão.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A expressão “isto é” indica uma conclusão, e em “e assim por diante”, percebe-se que a regra formulada é válida para outros casos. O pronome “nos”, no trecho, exerce função sintática de objeto direto e o pronome “aquilo” garante a coesão textual, evitando a repetição.

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Texto para próxima questão:

Você não entende nada Caetano Veloso

Quando eu chego em casa nada me consola Você está sempre aflita Lágrimas nos olhos, de cortar cebola Você é tão bonita Você traz a coca-cola eu tomo Você bota a mesa, eu como, eu como Eu como, eu como, eu como Você não está entendendo Quase nada do que eu digo Eu quero ir-me embora Eu quero é dar o fora E quero que você venha comigo E quero que você venha comigo Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento Você está tão curtida Eu quero tocar fogo neste apartamento Você não acredita Traz meu café com suita eu tomo Bota a sobremesa eu como, eu como Eu como, eu como, eu como Você tem que saber que eu quero correr mundo Correr perigo Eu quero é ir-me embora Eu quero dar o fora E quero que você venha comigo E quero que você venha comigo E quero que você venha comigo E quero que você venha comigo E quero que você venha comigo

Disponível em: <http://letras.mus.br/caetano-veloso/44792/>. Acesso em: 12 mar. 2014.

QUESTÃO 28

Os verbos de ligação nos versos “Você é tão bonita” e “Você está tão curtida” indicam, respectivamente, a) a falta de paciência da mulher pode levá-la a perder a beleza / o companheiro faz gozação da situação vivida

pela mulher. b) a mulher se torna bonita com os afazeres domésticos / o poeta relembra os momentos felizes junto à mulher. c) o locutor mente ao dizer que a mulher é bonita / a vida doméstica pode ser uma forma de lazer. d) a beleza da mulher existe incondicionalmente, apesar do trabalho doméstico / o estado de conformismo da

mulher é momentâneo. e) o companheiro é seduzido pela falta de vaidade da mulher / as atitudes da mulher em nada mudam com

o tempo. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Após descrever atitudes corriqueiras, em que a personagem mulher é retratada sob o viés da espontaneidade, depreende-se que a beleza está associada à falta de vaidade.

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QUESTÃO 29

A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?

CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado. In: Cadernos de Letras da UFF, n. 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica. b) os estudos clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua. c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma. d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos. e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A opção E revela o ponto de vista da autora ao afirmar que os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística, ou seja, segundo ela, defender a pureza da linguagem de maneira limitada só revela um conhecimento deficiente da língua.

QUESTÃO 30

E se a água potável acabar? O que aconteceria se a água potável do mundo acabasse? As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém

mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados, não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas, não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãos da América Latina em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no país, a agricultura e a agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos.

Disponível em: http://super.abrilcom.br. Acesso em: 30 jul. 2012. A língua portuguesa dispõe de vários recursos para indicar a atitude do falante em relação ao conteúdo de seu enunciado. No início do texto, o verbo “dever” contribui para expressar a) uma constatação sobre como as pessoas administram os recursos hídricos. b) a habilidade das comunidades em lidar com problemas ambientais contemporâneos. c) a capacidade humana de substituir recursos naturais renováveis. d) uma previsão trágica a respeito das fontes de água potável. e) uma situação ficcional com base na realidade ambiental brasileira. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Atrela-se ao verbo “DEVER” na língua portuguesa a marca de modalizador, recorrente em construções perifrásticas. No texto, a palavra reforça o tom indicativo, levando a uma previsão trágica acerca do recurso natural.

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QUESTÃO 31

O título da chamada alude a um dos termos essenciais da oração: o sujeito. No entanto, para que o sujeito seja classificado como oculto, é necessário que haja certas marcas linguísticas, que podem ser identificadas em: a) Foram criados novos aplicativos que prometem anonimato dos usuários. b) No mercado há diversos aplicativos que prometem anonimato dos usuários. c) Surgiram vários aplicativos que prometem anonimato dos usuários. d) Desenvolvemos novos aplicativos que prometem anonimato dos usuários. e) Cresce a oferta de aplicativos que prometem anonimato dos usuários. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A forma verbal “desenvolvemos” está na primeira pessoa do plural, mas o sujeito “nós” está elíptico, isto é, não aparece explicitamente na oração. Por isso, é classificado como oculto (ou implícito na desinência verbal).

QUESTÃO 32

Quando o homem não trata bem a natureza, a natureza não trata bem o homem. Essa afirmativa reitera a necessária interação das diferentes espécies, representadas na imagem a seguir:

Depreende-se dessa imagem a a) atuação do homem na clonagem de animais pré-históricos. b) exclusão do homem na ameaça efetiva à sobrevivência do planeta. c) ingerência do homem na reprodução de espécies em cativeiro. d) mutação das espécies pela ação predatória do homem. e) responsabilidade do homem na manutenção da biodiversidade.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O quadro retrata um rosto humano feito de figuras de animais. Essa composição sugere a responsabilidade do homem para com a natureza.

QUESTÃO 33 A foto a seguir, da americana Margaret Bourke-White (1904-71), apresenta desempregados na fila de alimentos durante a Grande Depressão, que se iniciou em 1929.

Além da preocupação com a perfeita composição, a artista, nessa foto, revela a) a capacidade de organização do operariado. b) a esperança de um futuro melhor para negros. c) a possibilidade de ascensão social universal. d) as contradições da sociedade capitalista. e) o consumismo de determinadas classes sociais. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ao passo que mostra uma fila de pessoas para comprar alimentos em meio a uma grave crise econômica, o outdoor ao fundo da imagem retrata o chamado “American Way of Life”, criando uma contradição entre os signos, historicamente construídos.

QUESTÃO 34

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O texto introduz uma reportagem a respeito do futuro da televisão, destacando que as tecnologias a ela incorporadas serão responsáveis por a) estimular a substituição dos antigos aparelhos de TV. b) contemplar os desejos individuais com recursos de ponta. c) transformar a televisão no principal meio de acesso às redes sociais. d) renovar técnicas de apresentação de programas e de captação de imagens. e) minimizar a importância dessa ferramenta como meio de comunicação de massa. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A informação pode ser extraída do texto, presente no anúncio, em que as individualidades do receptor tornam-se o centro da mensagem.

QUESTÃO 35

O slogan desse anúncio publicitário constrói o humor a partir da relação intertextual estabelecida com uma conhecida frase de alerta aos motoristas. A comparação da estrutura sintática da frase original e da parodiada permite afirmar que, a) diferentemente do que ocorre no slogan, a frase original não explicita quem são os complementos dos verbos

“beber” e “dirigir”. b) em ambos os enunciados, todos os sujeitos das orações presentes nos períodos são elípticos e induzem a

uma relação de reciprocidade entre “beber” e “dirigir”. c) no slogan, o termo que é sujeito da primeira oração repete-se implicitamente como objeto direto da

segunda oração. d) apenas na frase original, é possível classificar os verbos “beber” e “dirigir” como intransitivos, isto é, que não

exigem complementos. e) tanto na frase original quanto no slogan, os sujeitos remetem-se diretamente aos interlocutores, por meio do

vocativo implícito “você”. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com o slogan “Se o carro beber, não dirija”, recomenda-se não comprar um veículo que tenha um baixo aproveitamento do combustível (popularmente, um carro que “bebe”). Para construir tal sentido, não houve necessidade de explicitar a expressão “o carro” como objeto direto na segunda oração (“não dirija”), uma vez que o termo já está explicitado como sujeito na primeira (“Se o carro beber”).

Se o carro beber, não dirija.

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QUESTÃO 36 O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estratégias persuasivas para influenciar o comportamento de seu leitor. Dentre os recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à campanha, destaca-se a) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que suaviza a seriedade do pedido feito. b) as peças de roupas doadas pelo possível interlocutor, que promovem a sensibilização da campanha. c) a doação de um órgão, neste caso, as córneas, é tão simples como doar uma peça de roupa. d) o jogo de palavras nas frases “doe” e “ salve” relativiza a ação do leitor em relação àqueles que precisam da

doação de órgãos. e) a doação de roupas traz um caráter populista para o anúncio, que procura promover a interação entre público

leitor e intenção. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão, por meio da linguagem não-verbal, relaciona o ato de “doar órgãos” ao de “doar roupas”. Essa interpretação se intensifica ao se tomar o primeiro enunciado verbal do texto (“Você sempre doou o que não lhe servia mais”) com o segundo (“Faça o mesmo com os seus órgãos”), recebendo um realce com a imagem central, que forma um “olho” constituído de peças de roupas. O texto abaixo refere-se às próximas duas questões:

QUESTÃO 37 Essa propaganda evidencia a importância da mudança de atitude para a construção de uma vida mais saudável e com mais qualidade de vida. O provérbio que mais se aproxima dessa mensagem é: a) “O que vale na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada.” b) “Os bens e o prestígio desaparecem como num piscar de olhos; criam asas e voam pelos céus como águia.” c) “Devagar com o andor que o santo é de barro.” d) “Quem ama o feio, bonito lhe parece.” e) “Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier.” GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O provérbio “O que vale na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada” elenca, assim como no anúncio, a importância dessa mudança de hábito – praticar atividades físicas, de maneira controlada.

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QUESTÃO 38 “Dear Mr. Fritz: This is to inform you that your certificate of deposit, account number 92-734-123, will mature on August 14. The current value of your account is $10.191,63, with an interest rate of 2.5 percent until maturity.

Unless you instruct us otherwise, we will automatically renew your certificate of deposit for another year at the then prevailing interest rate. […]”

(Source: LOUGHEED, Lin. Longman preparation series for the new TOEIC test. Advanced Course. 4th ed. White Plains, NY: Pearson Education, 2007, p.200.)

Baseado no texto acima, é possível afirmar que a carta é endereçada a(à) a) um cliente do banco ou investidor. b) uma madrinha de casamento. c) uma garçonete de um restaurante. d) um amigo próximo. e) sogra do gerente do banco. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No texto, são mencionados valores em dinheiro. Na frase “we will automatically renew your certificate of deposit for another year at the then prevailing interest rate” é claro de que se trata de um funcionário do banco informando seu cliente sobre suas aplicações.

QUESTÃO 39

Tennesse Mountain Properties Description: Own a renovated house for less than $290 per month!!!!!!!! New windows, siding, flooring (laminate throughout and tile in entry way and bathroom), kitchen cabinets, counter top, back door, fresh paint and laundry on main floor. Heat bills are very low due to a good solid house and an energy efficient furnace.

Disponível em: http://www.freerealestaeads.net. Acesso em: 30 nov. 2011 (adaptado). Em jornais, há diversos anúncios que servem aos leitores. O conteúdo do anúncio veiculado por esse texto interessará a alguém que esteja procurando a) emprego no setor imobiliário. b) imóvel residencial para compra. c) curso de decorador de interiores. d) serviço de reparos em domicílio. e) pessoa para trabalho doméstico. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na primeira frase do texto, é mencionado o valor da prestação para a compra do imóvel.

QUESTÃO 40

Reader Stories: My First Love

He was 13 and I was 12. We met on Facebook. He asked me out and I said yes but I wasn't really up to it. I grew to love him though, and everything felt plain perfect. I knew I never wanted to lose him. We broke up and got back together a lot... but it never felt like he didn't want me. I fell for his friend. He found out and got mad but he said he still loved me. I got over his friend soon enough but I found out he was cheating on me. I cried for days and days, but I was too much in love to break up with him. He texted me telling me he wanted to talk, I got scared. He said he was cheating on me and broke up with me. We don't talk anymore... but I still love him... I recently found out he likes my ex friend Daniela... I just can't deal with the pain of that... I wish I could be with him again. Lessons learned: * don't fall in love too fast. * be careful about when u do fali in love... it could be hard on u if they don't like u back or like someone else... * love can feel like a dream but that may make it feel fake.

© 2013 Holly Ashworth (http://teenadvice.about.com/). Used with permission of About Inc., which can be found online at www.about.com. AlI rights reserved. Acesso em 25 mar. 2013.

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O relato da experiência amorosa da adolescente evidencia a) um ciúme injustificado e exagerado que motivou a separação do casal. b) a impossibilidade de encontros reais, quando o começo é via Facebook. c) uma crise gerada pelo comportamento inadequado de um dos parceiros. d) uma dificuldade em aceitar o término do relacionamento pelo outro parceiro. e) uma necessidade de vingança após conhecimento de uma relação anterior. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na última frase do texto é mencionado que a garota “gostaria de estar com ele novamente”.

QUESTÃO 41

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.

(CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento

romântico das artes plásticas. b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é

apenas fantasioso. c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam

processo colonizador. d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da

catequização jesuítica. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Conforme o que diz a alternativa C, ambos os textos verbal e não-verbal – a pintura de Eckhout e o texto de Pero Vaz de Caminha – tratam do índio, povo nativo encontrado na América, o qual seria colonizado e explorado pelos povos europeus. A pintura parece ilustrar exatamente o que diz Caminha, apresentando o índio completamente despido, em posição de extrema naturalidade, com seus instrumentos típicos.

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QUESTÃO 42 Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar. Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os artistas criaram obras em que predominam o equilíbrio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado pela imagem da respeitabilidade, da sobriedade, do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente, retratando os personagens da nobreza e da burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor.

(RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.)

Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges, grafismo e até de ilustrações de livros para compor obras em que se misturam personagens de diferentes épocas, como na seguinte imagem: a)

b)

c)

d)

e)

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Entre as opções apresentadas, a única em que o retrato mistura personagens de diferentes épocas é a opção C. Nele, temos uma paródia de “Mona Lisa”, famoso quadro de Leonardo da Vinci. Sobre a imagem, aplicou-se uma foto do personagem “Mr.Bean”, além disso, a paródia coloca nas mãos da “Mona Lisa” um ursinho de pelúcia, objeto característico de “Mr.Bean”. O título da obra reúne duas referências: “Mona Lisa” + “Mr.Bean” = “Monabean".

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QUESTÃO 43

BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989. (Foto: Reprodução/Enem).

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As esculturas barrocas no Brasil têm forte influência do rococó europeu. As obras sacras de Aleijadinho distinguem-se das demais por apresentar características particulares das esculturas inspiradas nas pessoas do povo.

QUESTÃO 44

Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo pelas ruas. Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por

a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando o atrito

(não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida. b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e manutenção

de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos socialmente. c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabólica, função

imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento. d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcionamento do

organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais. e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (carboidratos, gorduras

ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.

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GABARITO: E COMENTÁRIO: A ingestão de suplementos e de dietas que ajudam no desenvolvimento da modelação e da massa muscular, bem como exercícios elaborados advindos dessa modernidade.

QUESTÃO 45

No voleibol, é uma estrutura ou sistema utilizado para neutralizar o saque do adversário, enviando a bola para o levantador nas melhores condições possíveis para a execução do levantamento, possibilitando a realização de uma finalização mais precisa e eficiente: a) Infiltração. b) Finta. c) Posição de Expectativa. d) Manchete. e) Recepção. GABARITO: E COMENTÁRIO: No voleibol, a importância de uma boa recepção de saque encontra-se na construção de um ataque bem-sucedido, uma vez que, se a recepção for mal feita, a bola não vai chegar ao levantador nas condições certas para organizar um ataque efetivo.

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QUESTÃO 46

O trecho abaixo é da Declaração de Independência dos Estados Unidos. “Nós, os representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso plenário, tomando o Juiz supremo do mundo como testemunha da retidão de nossas intenções em nome e por delegação do bom povo destas Colônias, afirmamos e declaramos solenemente:

Que estas Colônias Unidas são, e devem ser de direito, Estados Independentes, que elas estão dispensadas de fidelidade à Coroa Britânica, e que todo o vínculo político entre elas e o Estado da Grã-Bretanha está, e deve ser, inteiramente desfeito.”

Declaração Unânime dos Treze Estados Unidos da América. in: APTHEKER, Herbert. Uma nova história dos Estados Unidos: A Revolução Americana. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

Essa Declaração Unânime representou a independência das colônias em relação à Coroa britânica e foi redigida a) durante a Festa do Chá de Boston, em 1773. b) durante o Segundo Congresso Continental de Filadélfia, em 1776. c) durante o Primeiro Congresso Continental de Filadélfia, em 1774. d) após o Tratado de Versalhes, que pôs fim à guerra de Independência, em 1783. e) em meio ao Massacre de Boston, em 1773. GABARITO: B COMENTÁRIO: O Segundo Congresso Continental da Filadélfia foi considerado o momento da independência dos EUA, confirmando ainda que George Washington seria o comandante das tropas que iriam enfrentar o exército britânico.

QUESTÃO 47 Odeio-a porque impede a nossa República de influenciar o mundo pelo exemplo da liberdade; oferece possibilidade aos inimigos das instituições livres de taxar-nos, com razão, de hipocrisia e faz com que os verdadeiros amigos da liberdade nos olhem com desconfiança. Mas, sobretudo, porque obriga tantos entre nós, realmente bons, a uma guerra aberta contra os princípios da liberdade civil.

(Discurso de Abraham Lincoln, em 1859) Nesse trecho de discurso, Abraham Lincoln, que seria eleito Presidente dos Estados Unidos no ano seguinte, faz referência à a) política de segregação racial existente nos estados do sul dos Estados Unidos, que gerou a formação de

organismos voltados ao extermínio dos negros. b) posição dos estados do sul de defesa intransigente de tarifas protecionistas, o que levava os Estados Unidos

a comprometer a crença na liberdade de mercado. c) questão da escravidão, que levou a uma guerra civil, nos Estados Unidos, entre o Norte, industrializado, e o

Sul, que lutava para preservar a mão de obra escrava. d) defesa, pelos imigrantes, do extermínio dos índios nas terras conquistadas a oeste, especialmente após a

edição do "Homestead Act”. e) questão envolvendo o que fazer com as terras conquistadas no oeste, onde o sul buscava implantar o modelo

escravagista. GABARITO: C COMENTÁRIO: O aluno deve entender a questão da abolição como uma das principais causas da Guerra Civil Americana, questão que dividia o sul escravagista e o norte industrializado, percebendo a vitória eleitoral de Abraham Lincoln como o estopim do conflito.

QUESTÃO 48

No caso da história americana, um dos eventos mais retratados pela memória social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o Oeste. Mesmo antes do surgimento do cinema, esses temas já faziam parte das imagens da história americana. A fronteira foi um tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das caravanas de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos cowboys, das estradas de ferro cruzando os desertos, dos ataques dos índios marcam a arte, a fotografia e também a cinematografia americana.

(CARVALHO, Mariza Soares de. In: http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02-2.pdf, acessado em 29.08.2009)

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o Oeste, está a) a possibilidade de as famílias de colonos tornarem-se proprietárias, o que também atraiu

imigrantes europeus. b) o desejo de fugir da região litorânea afundada em guerras com tribos indígenas fixadas ali desde o período

da colonização. c) a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores e fotógrafos para aquela região. d) o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste o lugar perfeito para a realização de

seus filmes. e) a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o Oeste, de agricultores que buscavam ampliar

suas plantações de algodão. GABARITO: A COMENTÁRIO: O modelo nortista da pequena propriedade passou a vigorar para as terras ocupadas no Oeste dos Estados Unidos a partir da Lei de Terras, de 1862, atraindo um número muito grande de colonos, tanto dos EUA quanto da Europa.

QUESTÃO 49

A guerra caracterizou e deu visibilidade ao processo de independência na América. Não há como duvidar dessa premissa. Primeiro, a elite criolla descobriu a possibilidade de utilizar a guerra como um elemento de união interna e, segundo, percebeu que poderia usar sua experiência como um meio capaz de encaminhar a América rumo ao Ocidente. Ambos os processos ocorreram numa sequência com objetivo de garantir a ordem frente aos conflitos étnicos e políticos, bem como de estabelecer uma imagem da América que fosse confiável e promissora, tanto interna quanto externamente. Nem mesmo no fim da vida, Simón Bolívar desistiu de encarar a força – e, portanto, a guerra que lhe dava expressão – como meio importante para a produção de acontecimentos políticos favoráveis.

(FREDRIGO, Fabiana de Souza. “As guerras de independência, as práticas sociais e o código de elite na América do século XIX: leituras da correspondência bolivariana”. Varia hist., Belo Horizonte, v. 23, n. 38, Dec. 2007. p. 311).

De acordo como o texto, Simón Bolivar estava preocupado em construir uma imagem da América liberta que fosse bem vista aos olhos europeus e aos olhos dos próprios americanos. Essa preocupação refletia a) uma estratégia política orientada pela própria coroa espanhola. b) a adequação ao projeto moderno de nações politicamente emancipadas e aptas ao progresso. c) um projeto de articulação política com os Estados Unidos da América, que se simpatizavam com as ideias

de Bolívar. d) um projeto articulado junto com o Brasil, já que Bolívar também exercia forte influência entre os

políticos brasileiros. e) uma estratégia política inspirada no “Destino Manifesto”, mas com o objetivo inverso. GABARITO: B COMENTÁRIO: Bolívar possuía consciência da importância que a América hispânica teria no futuro da história das nações prósperas e geradoras de riqueza e que poderia integrar o rol de nações que haviam atingido grandes níveis de desenvolvimento e de progresso.

QUESTÃO 50

No ano de 1808, a Corte portuguesa instalou-se no Brasil. A partir desse momento, um processo de desenvolvimento científico-cultural ocorreu, com a fundação de instituições, como Biblioteca Pública e Imprensa Régia. Também foram criados, com o passar do tempo, diferentes cursos, como o da Academia Real Militar e da Faculdade de Medicina. O principal objetivo do governo ao instituir o desenvolvimento desses cursos foi a) fortalecer o sistema público da educação brasileira, existente desde a fundação das primeiras vilas. b) fortificar a colônia contra os ataques das esquadras inglesas, formando quadros para o exército. c) desenvolver novas tecnologias para a crescente indústria portuguesa. d) controlar a imprensa local através da censura. e) formar recursos humanos para atender às necessidades da Corte. GABARITO: E COMENTÁRIO: Com a presença da Corte portuguesa no Brasil, a colônia precisava passar por mudanças estruturais e humanas. Daí a criação de vários órgãos e institutos.

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QUESTÃO 51

A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808.

(NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997). Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terem a) incentivado o clamor popular por liberdade. b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana. c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial. d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português. e) provocado os movimentos separatistas das províncias. GABARITO: B COMENTÁRIO: A transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 1808 e a posterior "Abertura dos Portos às Nações Amigas", significou na prática o fim do Pacto Colonial, pois o comércio português perde o monopólio sobre as transações econômicas com sua colônia americana.

QUESTÃO 52

Neste ano, em que comemoramos as relações Brasil-França, verificamos que as interfaces que ligam as duas nações são marcantes ao longo de toda a nossa história. A presença da família real portuguesa no Brasil, em 1808, motivou, entre outros eventos, a vinda da Missão Artística Francesa, em 1816, porque a) o estilo neoclássico trazido pelos artistas franceses traduzia o modelo ideal de civilização, de acordo com os

padrões da classe dominante europeia, sendo essa a imagem que o governo português desejava transmitir, nesse momento, do Brasil.

b) a arte acadêmica, fruto da Missão Francesa chefiada por Joaquim Lebreton, tinha, como objetivo, alterar o gosto e a cultura nacional, ainda marcadamente influenciada pela opulência do Barroco e pela tradição indígena.

c) a arte acadêmica, afastando-se dos motivos religiosos e exaltando o poder civil, as datas e os personagens históricos, agradava mais às classes populares nacionais, ansiosas por imitarem os padrões europeus.

d) somente artistas franceses poderiam retratar, com exatidão e competência, a paisagem e os costumes brasileiros, modificados com a vinda da família real para a colônia.

e) era necessário criar, na colônia, uma Academia Real de Belas Artes, a fim de cultivar e estimular, nos trópicos, a admiração pelos padrões intelectuais e estéticos portugueses, reconhecidamente superiores.

GABARITO: A COMENTÁRIO: A missão artística de Debret no Brasil teve como propósito não só o de registrar a colônia, mas trazer uma imagem característica de civilização europeia para o Brasil.

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QUESTÃO 53

"Não corram tanto ou pensarão que estamos fugindo!" ("REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL". Rio de Janeiro, ano 1, n. 1, jul. 2005, p. 24.)

"Preferindo abandonar a Europa, D. João procedeu com exato conhecimento de si mesmo. Sabendo-se incapaz de heroísmo, escolheu a solução pacífica de encabeçar o êxodo e procurar no morno torpor dos trópicos a tranquilidade ou o ócio para que nasceu".

(MONTEIRO, Tobias. "História do Império: a elaboração da Independência". Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1981. p. 55. [Adaptado].

O embarque da família real para o Brasil, em 1807, deu origem a contraditórias narrativas. A frase acima, atribuída à rainha D. Maria I, tornou-se popular, passando a constituir uma versão narrativa ainda vigorosa. Nos anos de 1920, os estudos sobre a Independência refizeram o percurso do embarque, assegurando uma interpretação republicana sobre esse acontecimento, tal como exemplificado no trecho do jornalista e historiador Tobias Monteiro. Sobre essa versão narrativa em torno do embarque, pode-se dizer que pretendia a) conquistar a simpatia da Inglaterra, ressaltando a importância do apoio inglês no translado da corte

portuguesa para o Brasil. b) associar a figura do rei ao pragmatismo político, demonstrando que o deslocamento da corte era um ato de

enfrentamento a Napoleão. c) ridicularizar o ato do embarque, agregando à interpretação desse acontecimento os elementos de tragédia,

comicidade e ironia. d) culpabilizar a rainha pela decisão do embarque, afirmando-lhe o estado de demência lamentado por

seus súditos. e) explicar o financiamento do ócio real por parte da colônia, comprovando que o embarque fora uma estratégia

articulada pelo rei. GABARITO: C COMENTÁRIO: A proposta do historiador Tobias Monteiro foi de ridicularizar a forma como a família real portuguesa fugiu das guerras napoleônicas para o Brasil.

QUESTÃO 54

Neste texto, Ruy Castro se transporta no tempo e se vê como um jornalista a noticiar a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, ocorrida há 200 anos.

É hoje!

Rio de Janeiro. O príncipe regente dom João desembarca hoje no Rio com sua família e um enorme séquito de nobres, funcionários, aderentes e criados. Precisou que Napoleão botasse suas tropas nos calcanhares da Corte para que esta fizesse o que há cem anos lhe vinha sendo sugerido: transferir-se para o Brasil.

Não se sabe o que, a médio prazo, isso representará para a metrópole. Mas, para a desde já ex-colônia, será supimpa. Porque, a partir de agora, ela será a metrópole. E, para estar à altura de suas novas funções, terá de passar por uma reforma em regra - não apenas cosmética, para receber o corpo diplomático, o comércio internacional e os grã-finos de toda parte. Mas, principalmente, estrutural. Afinal, é um completo arcabouço administrativo que se está mudando.

Para cá virão os ministérios, as secretarias, as intendências, as representações e a burocracia em geral. Papéis sem conta serão despachados entre esses serviços, o que exigirá uma superfrota de estafetas [mensageiros]. A produção de lacre para documentos terá de decuplicar. O Brasil importará papel, tinta e mata-borrões em quantidade, mas as penas talvez possam ser fabricadas aqui, colhidas dos traseiros das aves locais.

Estima-se que, do Reino, chegarão 15 mil pessoas nos próximos meses. Será um tremendo impacto numa cidade de 60 mil habitantes. Provocará mudanças na moradia, na alimentação, nos transportes, no vestuário, nas finanças, na medicina, no ensino, na língua. Com a criação da Imprensa Régia, virão os jornais. O regente mandará trazer sua biblioteca. Da escrita e da leitura, brotarão as ideias.

Até hoje, na história do mundo, nunca a sede de um império colonial se transferiu para sua própria colônia. É um feito inédito - digno de Portugal. E que pode não se repetir nunca mais.

(Ruy Castro. "Folha de S. Paulo", 08/03/2008)

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O texto de Ruy Castro apresenta algumas mudanças ocorridas na Colônia após a chegada da Família Real portuguesa ao Rio de Janeiro, as quais foram fundamentais para o processo da Independência. São uma medida adotada e sua importância para a emancipação política do Brasil: a) A transferência do corpo diplomático, do comércio internacional e dos grã-finos, pois garantiu a formação de

uma elite nacional interessada na autonomia. b) Um sensível crescimento da leitura e da escrita, com a criação da Imprensa Régia, os jornais, a biblioteca e o

ensino, o que abriu espaço à formação e difusão de novas ideias. c) A vinda de ministérios, secretarias e intendências, pois sem essa burocracia seria impossível a formação de

uma nação. d) A importação de papel, tinta e mata-borrões, sem os quais as aves não seriam utilizadas para o

desenvolvimento de uma produção local. e) As mudanças na moradia, na alimentação, nos transportes e no vestuário, pois favoreceram a formação de

uma classe média crítica e transformadora. GABARITO: B COMENTÁRIO: Com a criação da Imprensa Régia, jornais e ampliação do ensino, surgem novas ideias em relação à política, inclusive a de independência.

QUESTÃO 55

Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como celeiros e armazéns não diferentes do que chamamos na Inglaterra de armazéns italianos, de secos e molhados, mas, em geral, os ingleses aqui vendem suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. (...) As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil.

Maria Graham. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo, Edusp, 1990, p. 230 (publicado originalmente em 1824). Adaptado. Esse trecho do diário da inglesa Maria Graham refere-se à sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em 21 de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram alguns efeitos a) do Ato de Navegação, de 1651, que retirou da Inglaterra o controle militar e comercial dos mares do norte,

mas permitiu sua interferência nas colônias ultramarinas do sul. b) do Tratado de Methuen, de 1703, que estabeleceu a troca regular de produtos portugueses por mercadorias

de outros países europeus, que seriam também distribuídas nas colônias. c) da abertura dos portos do Brasil às nações amigas, decretada por D. João em 1808, após a chegada da

família real portuguesa à América. d) do Tratado de Comércio e Navegação, de 1810, que deu início à exportação de produtos do Brasil para a

Inglaterra e eliminou a concorrência hispano-americana. e) da ação expansionista inglesa sobre a América do Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico, após sua

vitória sobre as tropas napoleônicas, em 1815. GABARITO: C COMENTÁRIO: Os tratados de 1810 (Aliança e Amizade e Comércio e Navegação) abrem os portos brasileiros para o comércio inglês, pois existia o bloqueio continental na Europa imposto por Napoleão Bonaparte.

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QUESTÃO 56

Esse mapa foi feito a partir da suposição de que, se a Família Real Portuguesa não tivesse vindo para o Brasil em 1808, o processo de independência brasileira teria sido diferente. O mapa permite a conclusão de que a) a divisão política da América Latina independe do rumo da história. b) ao capitalismo industrial em expansão pouco importava a organização política dos Estados latino-

americanos. c) a Corte portuguesa no Brasil foi capaz de manter a unidade territorial da colônia, submetendo-a ao

regime monárquico. d) a consciência nacional se forja exclusivamente a partir da unidade linguística. e) as guerras napoleônicas difundiram o ideal monárquico-liberal entre as colônias luso-espanholas da América. GABARITO: C COMENTÁRIO: A colônia Brasil não tinha uma unidade ou nacionalidade. Cada região tinha uma determinada relação com a metrópole. Daí, com a presença do rei, toda a colônia fica ao seu redor.

QUESTÃO 57

Quem desconhece ser mais interessante para as províncias do Norte do Cabo de São Roque obedecer antes a Portugal que ao Rio de Janeiro? [...] Haverá, porventura, alguém tão louco que troque o certo, pelo duvidoso? Acaso não temos nós já os nossos direitos declarados, a nossa propriedade garantida, e o que é mais apreciável, os nossos nomes de homens livres inscritos, nas bases da constituição que abraçamos e juramos?

Fonte: JORNAL O CONCILIADOR. [s.n.], n. 88, 15 mai. 1822. Publicadas em um jornal de grande circulação na cidade de São Luís-MA, essas palavras expressam o repúdio de algumas províncias do Norte da América portuguesa à possibilidade de a) emancipação política do Brasil. b) juramento da Constituição portuguesa. c) retorno do rei D. João VI para Portugal. d) transferência da capital do Império luso. e) queda do príncipe regente, à época no Rio de Janeiro. GABARITO: A COMENTÁRIO: É importante perceber aspectos extratextuais do trecho citado, como o nome do jornal Conciliador, e a data da edição, 1822, ou seja, ano da independência do Brasil. Sendo assim, podemos perceber que o trecho se refere claramente à discussão sobre o processo de independência – ou emancipação – do Brasil.

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QUESTÃO 58

A independência política do Brasil não foi um movimento idílico, como mostram alguns livros didáticos. Na verdade, ela decorre de um processo que se iniciou nos chamados movimentos nativistas e se estendeu para além do 7 de setembro de 1822. Sobre esse processo, é correto afirmar que a) a instalação do Governo Português na Colônia, em 1808, é um dos fatores fundamentais para se entender a

independência do Brasil. Entre as medidas adotadas de imediato por D. João, a diminuição de impostos gerou euforia e apoio ao novo governo, em diversos setores da sociedade.

b) a Revolução do Porto e as medidas que se seguiram a esse acontecimento, em Portugal, evidenciavam interesses em recolonizar o Brasil. Essa possibilidade fermentou, sobretudo entre os grandes proprietários que viriam a se articular no Partido Brasileiro, o movimento pela autonomia política.

c) o imperador, D. Pedro I, mesmo enfrentando resistência à proclamação da independência em algumas regiões do país, não aceitou que mercenários, ou qualquer pessoa que não fizesse parte do exército regular, participassem da luta para assegurar a autonomia política.

d) algumas províncias que tinham maioria portuguesa em suas Juntas Governativas, após a proclamação da Independência, resistiram à separação entre Brasil e Portugal. Entre essas províncias, destacam-se Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba.

e) o projeto inicial de independência, encabeçado pelas lideranças advindas do clero, da magistratura e da burocracia, previa o rompimento com toda a estrutura colonial e a possibilidade do país se livrar, ao mesmo tempo, de duas dominações: a portuguesa e a inglesa.

GABARITO: B COMENTÁRIO: Apesar de a independência ter sido instituída por um monarca português que se coroou imperador logo a seguir, pode-se dizer que o ato foi uma farsa superficial para garantir a influência lusitana sobre o Brasil. Isso é demonstrado, inclusive, pela Revolução do Porto e pelas insistentes tentativas portuguesas de reaver a colônia.

QUESTÃO 59

As independências políticas na maior parte da América Hispânica e no Brasil aconteceram nas três primeiras décadas do século XIX. Sobre elas, pode-se afirmar que a) as independências na América Hispânica foram bastante influenciadas pela Revolução do Haiti, daí o caráter

popular e antiescravista que assumiram, enquanto a do Brasil não provocou qualquer mudança social. b) a independência do Brasil envolveu disputas políticas e combates militares de caráter localista, o chamado

caudilhismo, à semelhança do que aconteceu na América Hispânica. c) as independências na América Hispânica, à semelhança do que aconteceu no Brasil, contaram com apoio

militar e financeiro dos Estados Unidos, interessados em ampliar o mercado para seus produtos industriais. d) a independência do Brasil manteve a unidade política oriunda do período da colonização, daí o temor que

provocou nos vizinhos hispano-americanos, receosos de que o Império brasileiro tivesse intenções expansionistas.

e) as independências na América Hispânica mantiveram no poder a elite criolla, composta por descendentes de brancos nascidos na América, enquanto a do Brasil acarretou o banimento dos portugueses.

GABARITO: D COMENTÁRIO: A preservação da unidade territorial do Brasil (excetuada a perda da Província Cisplatina) e sua forma de governo monárquica produziram desconfiança e temor nas repúblicas hispano-americanas, sobretudo naquelas que confinavam com as fronteiras brasileiras no Centro-Oeste e no Sul.

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QUESTÃO 60

Por volta de 1811, o Império napoleônico atingiu o seu apogeu. Direta ou indiretamente, Napoleão dominou mais da metade do continente europeu. Tal conjuntura, no entanto, reforçou os sentimentos nacionalistas da população dessas regiões. A ideia de nação, inspirada nas próprias concepções francesas, passou a ser uma arma desses nacionalistas contra Napoleão. A afirmação adequada, relativa à conjuntura acima delineada, é: a) Após o bloqueio continental, em todos os Estados submetidos à dominação napoleônica, os operários e os

camponeses, beneficiados pela prosperidade econômica, atuaram na defesa de Napoleão contra o nacionalismo das elites locais.

b) A Inglaterra, procurando manter-se longe dos problemas do continente, isolou-se e não interveio nos conflitos desencadeados pelos anseios de Napoleão de construir um Império.

c) A Espanha, vinculada à França pela dinastia dos Bourbon desde o século XVIII, não reagiu à dominação francesa. Em nome do respeito às suas tradições e ao seu nacionalismo, a Espanha aceitou a soberania estrangeira imposta por Napoleão.

d) Em 1812, Napoleão estabeleceu sólida aliança com o Papa, provocando a adesão generalizada dos católicos. Temporariamente, os surtos nacionalistas foram controlados, o que o levou a garantir suas progressivas vitórias na Rússia.

e) Herdeira da Filosofia das Luzes, a ideia de nação, tal como difundida na França, fundou-se sobre uma concepção universalista do homem e de seus direitos naturais. Essa concepção, porém, pressupunha o princípio do direito dos povos de dispor sobre si mesmos.

GABARITO: E COMENTÁRIO: O nacionalismo que se desenvolveu no século XIX, que culminou em acontecimentos como a Unificação Italiana, a Unificação Alemã, a Guerra Franco-Prussiana e o Neocolonialismo, teve como modelo fundador a França napoleônica. Napoleão, além de administrar o ideário iluminista que permeou a Revolução Francesa, também compôs o primeiro exército de cidadãos livres e burgueses, isto é, o exército nacional francês. Antes da Revolução Francesa, os exércitos das nações modernas eram compostos pela aristocracia guerreira, e não por um corpo de cidadãos. Somadas, essas ações fundaram o ideal de nação, que se tornou não apenas modelo político para todo o mundo, mas também objeto de interesse das artes da época, sobretudo da literatura.

QUESTÃO 61

Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada, onde geralmente há ocupação urbana. Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é a) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus leitos. b) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica. c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento superficial pluvial na encosta. d) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que é maior o efeito do

escoamento sobre a infiltração. e) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em decorrência do escoamento

de água poluída do topo das encostas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com a erosão pluvial das encostas devida, principalmente, ao processo de desmatamento, as áreas rebaixadas ao entorno sofrem as consequências. Quando há chuvas intensas, os sedimentos erodidos das encostas são levados para os rios nas partes mais baixas do relevo, assoreando esses rios, que acabam não comportando o volume de água adequado em seu leito.

QUESTÃO 62

As áreas do planalto do cerrado – como a chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã e a serra dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam de 400 m a 800 m – são importantes para a planície pantaneira mato-grossense (com altitude média inferior a 200 m), no que se refere à manutenção do nível de água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a inundação ocorre em função da alta pluviosidade nas cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos e da baixa declividade do relevo, entre outros fatores. Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras.

Cabeceiras ameaçadas. Ciência Hoje. Rio de Janeiro: SBPC.Vol. 42, jun. 2008 (adaptado)

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A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a organização de movimentos sociais que exijam a) a criação de parques ecológicos na área do pantanal mato-grossense. b) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam a biodiversidade. c) o aumento das pastagens na área da planície, para que a cobertura vegetal, composta de gramíneas, evite a

erosão do solo. d) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo nível das

águas durante o período de cheias. e) a construção de barragens, para que o nível das águas dos rios seja mantido, sobretudo na estiagem, sem

prejudicar os ecossistemas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Pantanal é um bioma marcado por áreas alagadiças e pantanosas na época das cheia, cujas nascentes são originadas no planalto do Cerrado. Com a ocorrência de desmatamentos das várzeas e consequentemente a erosão das margens dos rios, haverá assoreamento das partes alagadas. Sendo assim, há necessidade de conscientizar as populações dos riscos ambientais decorrentes das ações antrópicas nesse bioma.

QUESTÃO 63

As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a São Francisco.

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.

As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês). b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro. c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país. d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural. e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os escudos cristalinos são estruturas geológicas muito antigas da litosfera, com formação no Arqueano/Proterozoico – cerca de três bilhões de anos atrás. Essas áreas são caracterizadas pela formação de minerais metálicos, constituindo áreas importantes para a extração de minérios de ferro, ouro e manganês.

QUESTÃO 64

[...] causado pela água das chuvas, tem abrangência em quase toda a superfície terrestre, em especial nas áreas com clima tropical, cujos totais pluviométricos são bem mais elevados do que em outras regiões do planeta. O processo tende a se acelerar à medida que mais terras são desmatadas [...] uma vez que os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e, consequentemente, as chuvas incidem direto sobre a superfície dos terrenos.

GUERRA, A. J. T. Geomorfologia urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. O texto descreve um processo que pode ser acelerado com a) a manutenção da vegetação. b) a construção de curvas de nível. c) o planejamento urbano e ambiental. d) o aumento da matéria orgânica do solo. e) a construção nas encostas de morros. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As construções nas encostas vulnerabilizam ainda mais essas porções do relevo, que normalmente já apresentam instabilidade devido à sua inclinação e disposição às precipitações.

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QUESTÃO 65

Disponível em: http://www.botanic.com.br. Acesso em: 08/12/2013

A imagem mostra um dos maiores problemas da atualidade, a perda de solo devido à ocupação irregular ou o mau aproveitamento da terra. O processo de destruição do solo mostrado na figura, uma vez iniciado, não tem retorno. Há medidas para conter seu avanço, mas não há garantias de recuperação da fertilidade perdida. Esses buracos são chamados de a) deslizamento. b) voçoroca. c) afundamento. d) assoreamento. e) lixiviação. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Voçorocas são grandes erosões provocadas pelo avanço da erosão pluvial em áreas que foram desmatadas para práticas econômicas.

QUESTÃO 66

A leitura dos dados revela que as áreas com maior cobertura vegetal têm o potencial de intensificar o processo de a) erosão laminar. b) intemperismo físico. c) enchente nas cidades. d) compactação do solo. e) recarga dos aquíferos. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em áreas com maior cobertura vegetal, o processo de infiltração de água nos solos é mais eficiente, pois os galhos, folhas e raízes promovem a captura mais lenta de água.

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QUESTÃO 67

Nas imagens, constam informações sobre a formação de brisas em áreas litorâneas. Esse processo é resultado de a) uniformidade do gradiente de pressão atmosférica. b) aquecimento diferencial da superfície. c) quedas acentuadas de médias térmicas. d) mudanças na umidade relativa do ar. e) variações altimétricas acentuadas. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A reação à radiação solar é diferente entre as massas oceânicas e as massas continentais, por isso, ocorre o desencadeamento das brisas.

QUESTÃO 68

No dia em que foram colhidos os dados meteorológicos apresentados, qual fator climático foi determinante para explicar os índices de umidade relativa do ar nas regiões Nordeste e Sul? a) Altitude, que forma barreiras naturais. b) Vegetação, que afeta a incidência solar. c) Massas de ar, que provocam precipitações. d) Correntes marítimas, que atuam na troca de calor. e) Continentalidade, que influencia na amplitude da temperatura. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A chegada da massa polar atlântica no Brasil pode provocar queda de temperatura e chuva frontal. Em alguns anos, quando tal massa chega com maior intensidade, é possível perceber queda nas médias térmicas também no norte do país.

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QUESTÃO 69

No mapa, estão representados os biomas brasileiros que, em função de suas características físicas e do modo de ocupação do território, apresentam problemas ambientais distintos. Nesse sentido, o problema ambiental destacado no mapa indica a) desertificação das áreas afetadas. b) poluição dos rios temporários. c) queimadas dos remanescentes vegetais. d) desmatamento das matas ciliares. e) contaminação das águas subterrâneas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A região do semiárido nordestino vem passando pelo processo de desertificação, decorrente das atividades de pecuária e agricultura irregular.

QUESTÃO 70

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FONTES, M. P. F. Intemperismo de rochas e minerais. In: KER, J. C. et al. (Org.). Pedologia: fundamentos. Viçosa (MG): SBCS, 2012 (adaptado).

De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau muito fraco é característica de qual tipo climático? a) Tropical. b) Litorâneo. c) Equatorial. d) Semiárido. e) Subtropical. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A porção de menor umidade do território apresenta menor intensidade intempérica em relação às outras porções de maior umidade. Assim, a área em destaque é o semiárido nordestino.

QUESTÃO 71

Os movimentos de massa constituem-se no deslocamento de material (solo e rocha) vertente abaixo pela influência da gravidade. As condições que favorecem os movimentos de massa dependem principalmente da estrutura geológica, da declividade da vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação e da atividade antrópica.

BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC, 2003 (adaptado). Em relação ao processo descrito, sua ocorrência é minimizada em locais onde há a) exposição do solo. b) drenagem eficiente. c) rocha matriz resistente. d) agricultura mecanizada. e) média pluviométrica elevada. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Onde há uma drenagem eficiente, os processos erosivos são menos intensos.

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QUESTÃO 72

A convecção na Região Amazônica é um importante mecanismo da atmosfera tropical, e sua variação, em termos de intensidade e posição, tem um papel importante na determinação do tempo e do clima dessa região. A nebulosidade e o regime de precipitação determinam o clima amazônico.

FISCH, G.; MARENGO, J. A., NOBRE, C. A. Uma revisão geral sobre o clima da Amazônia. Acta Amazônica, v. 28, n. 2, 1998 (adaptado). O mecanismo climático regional descrito está associado à característica do espaço físico de a) resfriamento da umidade da superfície. b) variação da amplitude de temperatura. c) dispersão dos ventos contra-alísios. d) existência de barreiras de relevo. e) convergência de fluxos de ar. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A região amazônica, por estar situada na área equatorial, é considerada uma porção de baixa pressão atmosférica e, por isso, recebe constantemente os ventos alísios, que convergem para essa região.

QUESTÃO 73

A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto pressupõe a) impedir a perfuração de poços. b) coibir o uso pelo setor residencial. c) substituir as leis ambientais vigentes. d) reduzir o contingente populacional na área. e) introduzir a gestão participativa entre os municípios. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O aquífero Alter do chão abrange três estados e várias cidades, por isso, a gestão participativa precisa ser levada em conta, visto que a falta de cuidado de alguns municípios pode afetar a qualidade da água de toda a extensão do aquífero.

QUESTÃO 74

A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades funcionam em uma relação harmônica com seu clima. O homem e suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual a sociedade é suscetível de sofrer por causas climáticas.

AYOADE, J. O. Introdução a climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010 (adaptado). Considerando o tipo de relação entre ser humano e a condição climática apresentada no texto, uma sociedade torna-se mais vulnerável quando a) concentra suas atividades no setor primário. b) apresenta estoques elevados de alimentos. c) possui um sistema de transporte articulado. d) diversifica a matriz de geração de energia. e) introduz tecnologias à produção agrícola.

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GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Quando uma sociedade concentra suas atividades na agropecuária e extrativismo, a dependência das condições climáticas é maior, pois tais atividades dependem do regime de chuva, são vulneráveis à geada e à neve, e a falta de chuvas pode comprometer a eficiência e a qualidade dessas atividades.

QUESTÃO 75

A economia moderna depende da disponibilidade de muita energia em diferentes formas, para funcionar e crescer. No Brasil, o consumo total de energia pelas indústrias cresceu mais de quatro vezes no período entre 1970 e 2005. Enquanto os investimentos em energias limpas e renováveis, como solar e eólica, ainda são incipientes, ao se avaliar a possibilidade de instalação de usinas geradoras de energia elétrica, diversos fatores devem ser levados em consideração, tais como os impactos causados ao ambiente e às populações locais.

RICARDO, B.; CAMPANILI, M. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007 (adaptado). Em uma situação hipotética, optou-se por construir uma usina hidrelétrica em região que abrange diversas quedas d’água em rios cercados por mata, alegando-se que causaria impacto ambiental muito menor que uma usina termelétrica. Entre os possíveis impactos da instalação de uma usina hidrelétrica nessa região, inclui-se a) a poluição da água por metais da usina. b) a destruição do habitat de animais terrestres. c) o aumento expressivo na liberação de CO2 para a atmosfera. d) o consumo não renovável de toda água que passa pelas turbinas. e) o aprofundamento no leito do rio, com a menor deposição de resíduos no trecho de rio anterior à represa. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O alagamento da promovido pelo represamento do rio provocará a destruição do habitat de animais que vivem nas várzeas e adjacências do rio.

QUESTÃO 76

Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.

SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984. O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante relação entre a) fé e misticismo. b) ciência e arte. c) cultura e comércio. d) política e economia. e) astronomia e religião. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No Renascimento, houve uma alteração na sensibilidade artística e uma valorização do racionalismo, do humanismo, da cultura clássica e, sobretudo, da ciência. Em suas obras, os artistas passaram a produzir suas pinturas e esculturas baseadas na observação do mundo visível se valendo de técnicas, princípios matemáticos e racionais como proporção, equilíbrio, harmonia e perspectiva, além da utilização de novos temas como a natureza e o corpo humano.

QUESTÃO 77

Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia.

Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em 28 ago. 2010 (adaptado).

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No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é: a) "Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo." Jean Paul Sartre b) "Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser." Santo Agostinho c) "Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte." Arthur Schopenhauer d) "Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo." Michel Foucault e) "O homem, em seu orgulho, criou Deus à sua imagem e semelhança." Friedrich Nietzsche GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A única alternativa possível é a B, pois somente ela expressa, por meio da citação de Santo Agostinho, a tese do determinismo, isto é, que a vida humana está fadada a ser governada por forças superiores, restando ao homem pouca liberdade para alterar seu destino, pois, mesmo que ele tente mudar o rumo das coisas, não conseguirá mudar seu futuro, sendo exatamente essa a mensagem que o mito Édipo Rei tenta transmitir.

QUESTÃO 78

A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados; como na inscrição existente em Delfos, ― das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos. Todos esses atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e, entre essas, a melhor nós identificamos como a felicidade.

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. Das Letras, 2010 Ao reconhecermos na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) plenitude espiritual e ascese pessoa. c) finalidade das ações e condutas humanas. d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. e) expressão do sucesso individual e reconhecimento político. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A concepção aristotélica de felicidade estava ligada à ética, ou seja, às boas ações humanas baseadas em regras que nortearão a vida em sociedade. Para Aristóteles, a felicidade não provém de um entretenimento, mas de uma ação, do trabalho e do esforço. A felicidade é assim uma busca e um progresso. Dessa maneira, a felicidade deveria estar ligada à finalidade das ações e condutas humanas.

QUESTÃO 79

Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.

ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002. Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à a) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. e) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Depois de Platão e Aristóteles, devemos compreender que a simples aceitação de uma crença qualquer é uma escolha, é um procedimento arbitrário e não mais uma posição mística agraciada por deus ou deuses misteriosos. A respeito do surgimento da filosofia e seu relacionamento com o discurso mítico, podemos dizer que existe sempre uma tensão tanto estabelecida pela oposição quanto pelo confronto – pensando a oposição como estabelecimento de métodos e temas absolutamente distintos.

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QUESTÃO 80

Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto, e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade, que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988. COMPARTILHE O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por a) desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade. b) atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz. c) defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza. d) aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente. e) agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O ceticismo é uma corrente de conhecimento que defende que o homem não é capaz de alcançar nenhuma certeza sobre a verdade, o que causa uma dúvida constante e uma incapacidade de conhecer qualquer tema.

QUESTÃO 81

O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.

(MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.) No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas. d) neutralidade diante da condenação dos servos. e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O ‘príncipe’ deveria ter, em um primeiro princípio, a dureza de um tirano para atuar contra os opressores e evitar o ódio da maioria da população, como também deveria ser possuidor de virtudes práticas que possibilitem ser amado por aqueles fortes e pelos fracos em momentos de crises políticas e limitações econômicas.

QUESTÃO 82

Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.

DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da a) investigação de natureza empírica. b) retomada da tradição intelectual. c) imposição de valores ortodoxos. d) autonomia do sujeito pensante. e) liberdade do agente moral. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O filósofo Descartes foi considerado “pai” do racionalismo moderno por alterar a objetividade racional utilizada na Antiguidade. Para tal, o filósofo buscava uma metodologia específica, na qual utilizava-se de uma dúvida hiperbólica em que chegava a um conhecimento inabalável. Sua teoria do cogito (“Penso logo existo’), demonstra a autonomia do homem enquanto ser racional.

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QUESTÃO 83

Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.

AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: São Tomás de Aquino foi um filósofo medieval que teve por base de seus pensamentos as teorias aristotélicas. Dentro dos pensamentos que defendia, um deles era a busca por um bem comum que seria alcançado através da monarquia.

QUESTÃO 84

O conceito de função social da cidade incorpora a organização do espaço físico como fruto da regulação social, isto é, a cidade deve contemplar todos os seus moradores e não somente aqueles que estão no mercado formal da produção capitalista da cidade. A tradição dos códigos de edificação, uso e ocupação do solo no Brasil sempre partiram do pressuposto de que a cidade não tem divisões entre os incluídos e os excluídos socialmente.

QUINTO JR., L. P. Nova legislação urbana e os velhos fantasmas. Estudos Avançados (USP), n. 47, 2003 (adaptado). Uma política governamental que contribui para viabilizar a função da cidade, nos moldes indicados no texto, é a a) qualificação de serviços públicos em bairros periféricos. b) implantação de centros comerciais em eixos rodoviários. c) proibição de construções residenciais em regiões íngremes. d) disseminação de equipamentos culturais em locais turísticos. e) desregulamentação do setor imobiliário em áreas favelizadas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para que a cidade cumpra sua função social, ou seja, possa absorver todos moradores com formas de vida e ocupação dignas, é necessário oferecer serviços públicos de qualidade e como transporte público, coleta de lixo, saneamento, atendimento médico , entre outros, ou seja, a importância de se qualificar (melhorar a qualidade do serviço público). Alternativa [A]. Implantar centros comerciais nas rodovias não torna a cidade mais acessível. Construções em regiões íngremes têm uma série de regulamentações, mas apesar do problema das favelas e ocupações em regiões de morros, a melhor solução são programas de habitação. Equipamentos culturais em locais turísticos, sem dúvida, melhoram a prestação de serviço turístico, mas não torna a cidade mais acessível. O setor imobiliário nas favelas não é regulamentado, na verdade são áreas que constituem as chamadas cidades “ilegais”, pois não há documentos de posse dos lotes.

QUESTÃO 85

A favela é vista como um lugar sem ordem, capaz de ameaçar os que nela não se incluem. Atribuir-lhe a ideia de perigo é o mesmo que reafirmar os valores e estruturas da sociedade que busca viver diferentemente do que se considera viver na favela. Alguns oficiantes do direito, ao defenderem ou acusarem réus moradores de favelas, usam em seus discursos representações previamente formuladas pela sociedade e incorporadas nesse campo profissional. Suas falas se fundamentam nas representações inventadas a respeito da favela e que acabam por marcar a identidade dos indivíduos que nela residem.

RINALDI, A. Marginais, delinquentes e vítimas: um estudo sobre a representação da categoria favelado no tribunal do júri da cidade do Rio de Janeiro. In: ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.). Um século de favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

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O estigma apontado no texto tem como consequência o(a) a) aumento da impunidade criminal. b) enfraquecimento dos direitos civis. c) distorção na representação política. d) crescimento dos índices de criminalidade. e) ineficiência das medidas socioeducativas. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O conceito de estigma faz referência a uma desaprovação de características ou posições pessoais, que vão contra normas culturais e levam frequentemente à marginalização. As representações do imaginário coletivo relacionam os moradores da favela com criminalidade e violência, produzindo um efeito de não reconhecimento do direito de cidadania política, o que gera uma perda dos direitos civis.

QUESTÃO 86

O Império Inca, que corresponde principalmente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses, escravos e soldados. A religião contava com vários deuses, e a base da economia era a agricultura, principalmente o cultivo da batata e do milho. A principal característica da sociedade inca era a a) ditadura teocrática, que igualava a todos. b) existência da igualdade social e da coletivização da terra. c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens. d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito. e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a existência de uma aristocracia hereditária. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A sociedade incaica era estamental, o que fazia do nascimento o elemento definidor da posição social. Nessa estrutura fortemente hierarquizada, as funções administrativas e guerreiras eram monopolizadas por uma aristocracia hereditária, que sustentava o poder teocrático do Sapa Inca (imperador, considerado “Filho do Sol”).

QUESTÃO 87

Para o autor, a consolidação da cidadania nas comunidades carentes está condicionada à a) efetivação de direitos sociais. b) continuidade da ação ofensiva. c) superação dos conflitos de classe. d) interferência de entidades religiosas. e) integração das forças de segurança. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Entende-se que, para o sucesso de uma política pública, é necessário implantar medidas que permitam ao cidadão ter diversas oportunidades e condições de superar sua realidade de exclusão. Por esse motivo, a atuação do Estado deve ser estratégica, atuando em diversos seguimentos e setores ao mesmo tempo.

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QUESTÃO 88

Existe uma cultura política que domina o sistema e é fundamental para entender o conservadorismo brasileiro. Há um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira é conservadora. Isso legitimou o conservadorismo do sistema político: existiriam limites para transformar o país, porque a sociedade é conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter vagaroso da redemocratização e da redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o sistema político. Ele se mantém porque consegue convencer a sociedade de que é a expressão dela, de seu conservadorismo.

NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado). A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da a) dispersão regional do poder econômico. b) polarização acentuada da disputa partidária. c) orientação radical dos movimentos populares. d) condução eficiente das ações administrativas. e) sustentação ideológica das desigualdades existentes. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão interpreta o conservadorismo da sociedade brasileira sob um viés ideológico, ao afirmar que “a sociedade [brasileira] é muito mais avançada que o sistema político”. Face ao exposto, a explicação que resta para esse paradoxo é a de que as aspirações populares acabam sendo manipuladas por uma ideologia conservadora que influencia o processo político.

QUESTÃO 89

A discussão levantada na charge, publicada logo após a promulgação da Constituição de 1988, faz referência ao conjunto de direitos a) civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão e à propriedade. b) sociais, como direito à educação, ao trabalho e à proteção à maternidade e à infância. c) difusos, como direito à paz, ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente saudável. d) coletivos, como direito à organização sindical, à participação partidária e à expressão religiosa. e) políticos, como o direito de votar e ser votado, à soberania popular e à participação democrática. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os direitos sociais do brasileiro foram expressamente escritos na Constituição de 1988, chamada também de “Constituição cidadã” devido ao seu caráter democrático em um ambiente ainda sombreado pelos anos da ditadura militar. Os direitos sociais englobam uma série de outros pontos, apresentados justamente na letra B, pois as demais alternativas variam de organização políticas até objetivos econômicos.

2018 – SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE – 1º TRIMESTRE

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QUESTÃO 90

Os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações: no poder tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe.

BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado). O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados em momentos históricos distintos. Identifique o período em que a obediência esteve associada predominantemente ao poder carismático: a) República Federalista Norte-Americana. b) República Fascista Italiana no século XX. c) Monarquia Teocrática do Egito Antigo. d) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII. e) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:

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