27ª Edição - Março / Abril 2013

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ISSN 2179-6653

Ano 3 . N° 25 | Outubro / Novembro 2012

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Editor-ChefeDenner Esteves [email protected]

Diretor AdministrativoDalton Esteves [email protected]

Departamento de Jornalismo- Lidiane Dias - MG 15.898 [email protected]

Departamento Comercial e Logística- Minas Gerais - em contratação(33) [email protected] Bahia - em contrataçã[email protected] Espírito Santo - em contrataçã[email protected]

Colaboradores- Alexandre Sylvio - Eng. Agrônomo- Emater/IMA/ADAB/INCAPER- Humberto Luiz Wernersbach Filho - Zootecnista- Prof. Ruibran dos Reis - Climatempo- SCOT Consultoria- Waldir Francese Filho - Coocafé- Alessandra Alves - Jornalista - MG 14.298 JP- Igor Alves Pereira Mendes - Zootecnia

Distribuição- Minas Gerais: Vales do Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha, do Aço e Zona da Mata- Bahia: Extremo Sul Baiano- Espírito Santo: Norte Capixaba

Tiragem: 5.000 exemplaresImpressão: Rona EditoraDiagramação: Deirdre FreitasFoto Capa: Blog AlinemoraessApoio: Minas Leilões e Eventos www.minasleiloes.com.br

As ideias contidas nos artigos assinados não expressam, neces-sariamente, a opinião da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores.

Administração/Redação - Revista AgroMinasRua São Paulo, 839 - Centro - CEP: 35010-180 Governador Valadares/MG - Tel.: (33) 3271-9738 E-mail: [email protected]

Denner Esteves FariasEditor-Chefe

4 Giro no Campo

6 Entrevista

10 Entidade de Classe

12 Grandes Criatórios

15 Dia de Campo

18 Saúde Animal

20 Caderno Técnico

23 Forragicultura

26 Agrovisão

28 Sustentabilidade

30 Perfil Profissional

31 Meteorologia

32 Mercado

34 Cotações

35 Mão na Massa

36 Emater | IMA

40 Aconteceu

ADAB | Incaper

42 Culinária

A Revista AgroMinas não possui matéria paga em seu conteúdo

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O Brasil esteve no foco internacional no mês de fevereiro, mais especifica-mente no famoso jornal britânico The Financial Times (FT). O jornal abordou a preocupação quanto ao fato do nosso país em ser, atualmente, o maior pro-dutor de alimentos do mundo (retirado do site Agrolink). Diante da perspectiva do aumento mundial da população em 2050 atingir cerca de nove bilhões de pessoas, coloca o Brasil diante da responsabilidade em manter a produção de alimentos, bem como o equilíbrio entre a agropecuária e o meio ambiente. O FT destacou a queda de 80% nos desmatamentos no território nacional no ano passado desde o pico em 2004. No entanto, as exportações de alimentos do Brasil aumentaram e a previsão é de que em 2020 elas cheguem às cifras de US$ 200 bilhões anuais. Portanto, mais uma vez, gostaríamos de deixar ex-presso que o agronegócio pode se desenvolver, frente às demandas internas e externas, sem prejudicar o meio ambiente, permanecendo assim na vanguarda do agronegócio mundial não necessitando ultrapassar as fronteiras ambientais. As tecnologias devem ser utilizadas, mas de forma benéfica para todas as áreas do país.

Nesta 27ª edição da Revista Agrominas, veja como está o mercado de pro-dução de milho em Entrevista. Seguindo a temática, em Dia de Campo, em Dom Cavati (MG) um produtor familiar aposta no grão como alternativa de renda. Você poderá apreciar ainda, no caderno da Emater, técnicas para o cul-tivo do milho verde.

Na seção Grandes Criatórios, a Fazenda Querença, na cidade de Poté (MG), abre as porteiras e nos conta um pouco de sua história. Em Caderno Técnico, leia o artigo técnico-científico sobre os “Processos da cana-de-açúcar: consu-mo, digestibilidade e produção de bovinos”. Para finalizar, a culinária deste mês nos ensina a fazer uma Torta de Bacalhau.

Boa Leitura e bom apetite!

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O café brasileiro participou com 6,7% da balança do agronegócio brasileiro em 2012, ficando no sexto item da pauta das exportações, atrás do complexo soja, carnes, complexo sucroalcooleiro, produtos florestais e cereais, farinha e preparações. As exportações de café somaram, de janeiro a dezembro passado, US$ 6,46 bi-lhões.

Em termos de quantidade ficou em 1.589.705 to-

neladas. O café verde, responsável por 88,5% do valor exportado pelo setor, representou US$ 5,72 bilhões. O volume embarcado no período registrou 1,5 milhão de toneladas. Já o café torrado e moído marcou US$ 18,37 milhões em 2012. As exportações com este produto fo-ram de 2.230 toneladas. Já as exportações de café solú-vel totalizaram US$ 698,4 milhões e 79.968 toneladas do produto. (Fonte: Rural Centro)

A industrialização da safra de cana-de-açúcar tende a ser alcooleira em 2013/2014, avaliam as consultorias Datagro e Job Economia. Com a desvalorização do açúcar no mercado internacional e o aumento da demanda por etanol anidro, usineiros devem dar preferência à produção de álcool na temporada atual. A Datagro estima uma colheita de 643,5 milhões de toneladas de cana no período. Deste volume, 51,5% serão destinados à produção de álcool, e 48,5% à de açúcar, prevê a consultoria. Na última safra, essa relação foi quase inversa (49,9% para etanol, ante 50,1% do açúcar).

“A safra vai começar cedo, dando prioridade ao anidro, e deve se orientar à produção do combustível”, afirmou on-tem, em São Paulo, o presidente da Datagro, Plínio Nastari. “Tendemos a voltar a uma situação estável em combustí-veis no Brasil”. De acordo com ele, a decisão do governo de ampliar para 25% a presença de álcool anidro na gasolina a partir de 1º de maio, e a demanda norte-americana pelo álcool produzido no Brasil “induziram” usineiros à decisão de produzir mais etanol no início da safra de 2013/2014. (Fonte: Bruno Cirillo / DCI)

Um relatório da Organização Internacional do Tra-balho (OIT) lançado no dia 15 de fevereiro afirma que, em países com diferentes níveis de desenvolvimento, a transição para uma economia mais verde e sustentável criou milhões de postos de trabalho. Nos Estados Uni-dos, por exemplo, o emprego em bens e serviços am-bientais foi de 3,1 milhões em 2010. No Brasil, 2,9 mi-lhões de postos de trabalho foram registrados em áreas dedicadas à redução dos danos ambientais, no mesmo período.

Os números em diversos países mostram que o ar-gumento de que a transição para uma economia mais verde impactará negativamente o nível de emprego tem sido geralmente exagerado. “De fato, são os países em desenvolvimento que podem se beneficiar da criação de empregos em áreas de tecnologias limpas e energias renováveis”, afirma o estudo, intitulado “O desafio da promoção de empresas sustentáveis na América Latina e no Caribe: Uma análise regional comparativa”. Paí-ses como México e Brasil estão liderando a adoção de medidas para lidar com as questões ambientais, espe-cialmente em estratégias nacionais de crescimento com baixo carbono, indica o documento. (Fonte: UNIC Rio)

A produção de soja em Minas Gerais, na safra 2012/2013, deve atingir 3,4 milhões de toneladas, in-forma a Conab com base no sexto levantamento da safra de grãos. Segundo avaliação da Secretaria de Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o volume pre-visto para a soja será 11,7% maior que o registrado no período 2011/2012. Para o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez, a estimativa de produção de soja foi beneficiada por plantios que tiveram a influência da elevada demanda internacional.

Além disso, está previsto um aquecimento das ex-portações do grão para este ano, e o consumo interno também deve continuar em ascensão, porque a soja é um componente forte da produção de ração para bovi-nos, suínos e aves. O milho, principal grão das lavouras de Minas, deve alcançar uma produção de 7,3 milhões de toneladas, volume 6,2% superior ao registrado no pe-ríodo anterior.

Já a safra mineira de sorgo, também estimulada pela produção de ração animal, sobretudo como comple-mento do milho, deve alcançar no período atual 457,3 mil toneladas. “Este volume equivale a um crescimento de 3,1%, impulsionado pela produção no Triângulo e Noroeste do Estado, que somaram 343,1 mil toneladas na safra passada. (Fonte: ASCOM SEAPA)

café é sexto item da pauta das exportações do agronegócio

preço do açúcar e demanda por anidro favorecem etanol

economia verde cria milhões de empregos no Brasil e no mundo,

afirma estudo da OIt

produção mineira de soja nesta safra deve aumentar 11,7%

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A terceira semana de março (11 a 17), com cinco dias úteis, tiveram exportações de US$ 4,155 bilhões, com média diária de US$ 831 milhões. Este resultado está 13% abaixo da média de US$ 955,7 milhões, acumulada até a segunda semana do mês. Neste comparativo, houve quedas nas vendas de produtos bási-cos (-18,7%), por conta, principalmente, de petróleo em bruto, soja em grão, carne bovina, suína e de frango; de semimanufatu-rados (-16%), motivado pelo declínio nos embarques de celulose, ferro-ligas, couros e peles, e ferro fundido; e de manufaturados (-2,4%), com recuo nas exportações de óleos combustíveis, par-tes de motores para veículos, motores e geradores, polímeros plásticos, e hidrocarbonetos.

As importações semanais foram de US$ 4,603 bilhões, com desempenho médio diário de US$ 920,6 milhões. Houve cresci-mento de 0,5% sobre em relação à média verificada até a segun-da semana de março deste ano (US$ 916,3 milhões), explicada, principalmente, pelo aumento nos gastos com combustíveis e lubrificantes, químicos orgânicos e inorgânicos, e siderúrgicos. Com esses resultados, a balança comercial semanal registrou dé-ficit de US$ 448 milhões, com média diária negativa de US$ 89,6 milhões, e corrente de comércio de US$ 8,758 bilhões (média de US$ 1,751 bilhão). (Fonte: ASCOM MDIC)

A acelerada diminuição da população rural global coloca a FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, em estado de alerta sobre as consequências desse movimento na produção agrícola. “A população urbana está agora superando a po-pulação rural e essa diferença vai subir quase como uma flecha nos próximos anos, e estamos atentos principalmente ao que se passa na China”, afirmou ontem Boubaker Ben-Belhassen, diretor-adjunto da divisão de comércio a FAO, em seminário em Genebra.

Milhões de chineses continuam a deixar o campo em busca de melhores condições de trabalho e vida nas cidades. Alguns analistas projetam em 600 milhões o numero de asiáticos que incharão as cidades nos próximos anos. A FAO observa que a inversão na ten-dência de crescimento populacional ocorre paralelamente à queda no ritmo de expansão da produção agrícola global - que foi de 2% ao ano entre 2001 e 2010 e deverá cair para 1,7% de 2011 a 2020. O consumo per capita fica estagnado nos países desenvolvidos, mas sobe nas nações em desenvolvimento.

A mudança no padrão do consumo global vai na direção de mais produtos com valor agregado. O maior crescimento do con-sumo será de peixes, de 1,5% ao ano, enquanto o de cereais deverá sofrer contração. Nesse contexto, a fatura alimentar dos países em desenvolvimento dobrou desde 2005, passando de US$ 235 bilhões de importações para US$ 427 bilhões em 2012. (Fonte: Assis Mo-reira / Valor Online)

O Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA) formado por representantes dos ministérios da Agricultura, Meio Ambiente e Saúde, autorizou no final da tarde do dia 18 de março, exclusivamente para a Bahia, o pedido de registro do Benzoato de Emamectina, produto específico para combater a praga Helicoverpa spp., lagarta que está atacando a soja e o algodão no cerrado baiano, causando prejuízos que podem chegar a R$ 1 bilhão. A aprovação do registro aconteceu menos de duas semanas depois que, autori-zado pela presidente Dilma Rousseff, o Ministério da Agricultura, através da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicou a Portaria nº 42, declarando emergência fitossanitária no País devido ao ataque

da praga em lavouras de algodão e soja na safra 2012/2013. O presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da

Bahia (Aiba), Júlio Cesar Busato, comemorou a notícia, e agrade-ceu a participação do governador Jaques Wagner, “que foi sensí-vel à solicitação das associações de produtores e intercedeu junto à presidente Dilma Rousseff para que ela autorizasse a decretação de emergência fitossanitária, condição indispensável para acelerar o re-gistro do produto”. Busato destacou que “os produtores já estavam sem ter o que fazer, vendo a praga devastar a plantação, sem produ-to agroquímico específico e eficiente para o controle desta praga”. (Fonte: Ascom Seagri)

Brasil exporta US$ 4,155 bilhões na terceira semana de março

encolhimento da população rural preo-cupa FAO

liberado para a Bahia produto que pode salvar as lavouras

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A produção de milho no BrasilEstimativa da Usda aponta Uma safra 2012/2013

com prodUção dE 72,5 milhõEs dE tonEladas

As diversas atribuições que per-mitem que a produção de milho seja uma alternativa eficaz de renda e de utilização nas propriedades rurais, é o que impulsiona os plantios do cereal. Seja para a alimentação humana ou animal, o milho tem papel garantido na agricultura brasileira. De acordo com divulgação de Safras & Merca-do, mesmo com uma queda de 2,7% se comparada com o recorde da safra passada, estima-se que o Brasil produ-za 70,7 milhões de toneladas de milho nesta Safra 2012/2013. As projeções do Departamento de Agricultura dos

Estados Unidos (USDA) são mais oti-mistas, com a expectativa de uma safra atual com produção de 72,5 milhões de toneladas. Já a previsão do mercado aponta para 71,3 milhões de toneladas para a Safra 2012/2013. Na temporada 2011/2012, o Brasil colheu um recor-de de aproximadamente 73 milhões de toneladas e exportou 24 milhões de toneladas, o maior volume da história. Um lucro de R$ 34 bilhões. A região Sudeste ficou em terceiro lugar, com 15,6% a mais de produção, um mon-tante de R$ 5,6 bilhões. A área colhida do grão no Brasil deve crescer 6,9% e

a produção 9,0%.Em 2012 as exportações brasilei-

ras de milho, segundo divulgação da Companhia Nacional de Abastecimen-to (Conab), atingiram 22,3 milhões de toneladas. Para este ano, projeta-se que 15 milhões de toneladas de milho sejam comercializadas fora do país. Acredita-se que o país poderá se tor-nar o maior exportador do cereal neste ano. Ainda segundo o órgão, o Brasil ainda não atingiu o volume esperado e essa queda na produção se dá devido à seca que atingiu regiões do país, prin-cipalmente o Nordeste e o Sul. Atra-

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vés da Medida Provisória divulgada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 21 de janeiro, para tentar ajudar os produtores nordestinos, o Governo Federal liberou a compra de 300 mil toneladas de milho para repor os esto-ques públicos e serem utilizadas para vendas em Balcão aos pequenos pro-dutores rurais localizados nas áreas de atuação da Superintendência do De-senvolvimento do Nordeste (Sudene). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) informou que essa é uma medida emergencial por causa do estado crítico que o Nor-deste está passando. Só no ano passa-do, como divulgado pelo MAPA, R$ 2.814.475,51 foram comercializados com produção de milho.

Mesmo com esses contratempos, o USDA divulgou que o Brasil po-derá ficar em primeiro lugar nas ex-portações da cultura, posto este que é ocupado pelos EUA. Na última safra o Brasil já havia ultrapassado a Argen-tina, que estava em 2º lugar no ranking dos exportadores. O Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontou que em ja-neiro o Brasil exportou 3,36 milhões

de toneladas de milho. Não bateu o recor-de de outubro do ano passado, onde o país exportou 3,66 milhões de toneladas, porém, superou dezembro em 20,6% e janeiro de 2012 em 297,8%. Os principais clientes do Brasil foram o Japão (3,04 milhões de toneladas), Irã (2,96 milhões de toneladas) e Coreia do Sul (2,58 milhões de toneladas). O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou na última semana de fevereiro o aumento de 6% nos portos brasileiros. A causa desse reajuste foi à demanda externa pelo grão, visto que os estoques dos Esta-dos Unidos estavam apertados e a pro-dução na Argentina teve uma redução.

A Safras & Mercado divulgou em março que a produção nacional da se-gunda safra do milho será dois milhões de toneladas maior que a da última temporada. Estima-se que o país colha cerca de 40 milhões de toneladas, com um aumento de 5,9% na área planta-da. Ainda de acordo com a projeção,

Mato Grosso tem o destaque nacional na produção, seguido do Paraná. Já na primeira safra, com relação à área cul-tivada, indicou-se uma queda de 9,7%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projeta um aumen-to de 2% de produtividade maior que no ano passado.

Outro ponto que foi explicitado pela mídia do país foi à questão de logística do grão. Com a redução da produção no nordeste por causa da seca e a falta de grãos nos estoques, não fica viável para as transportadoras se deslocarem até a região só para levar o milho. A logística feita vai do Centro-Oeste para os Portos de Santos e Paranaguá. O que gera transtorno para a escoação do milho até o nordeste e a utilização do cereal para a alimentação do gado.

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No Ceará, por exemplo, em entrevis-ta ao Jornal Nacional, os produtores mostraram as perdas de animais por falta de alimentação. Os produtores contam com somente 20% do volume necessário para atender o estado. Para tentar amenizar esses prejuízos, foi re-alizado pela Conab, no dia 27 de mar-ço, o primeiro leilão para compra de milho para o nordeste. Foram dispo-nibilizadas 50 mil toneladas do cereal e, de acordo com divulgação da As-sessoria de Comunicação do órgão, a operação teve bons resultados em ava-liação feita pela equipe técnica. Trinta e três lotes foram negociados com um desconto de 16,6% nos preços e um gasto de R$ 35,7 milhões. O próximo leilão acontecerá em abril.

problemas e soluçõesNa Bahia, por exemplo, na safra

atual de 2012/2013, onde aproxima-damente 270 mil hectares estão sen-do cultivados, um problema atingiu a agricultura do estado. Estima-se que o prejuízo causado pela Lagarta-das--Espigas do milho, a Helicoverpa Zea, possa causar um prejuízo de R$ 300 milhões aos agricultores.

Mesmo diante de tais estimativas e fatos, investimentos genéticos dos produtores para aumentar a produção e produtividade, podem ser uma saída. Em análise feita pela Associação Bra-sileira de Sementes e Mudas (ABRA-SEM) sobre os impactos causados pelo emprego de biotecnologias na agricultura brasileira, aponta que 50 hectares de milho, resistente a pragas e/ou insetos, teve um retorno adicional de US$ 100,4 mil desde a implemen-tação dessa ferramenta nas lavouras do país. Projeta-se que em dez anos

os produtores tenham uma comple-mentação da renda em US$ 324,1 mil. “Com relação ao milho é importante destacar o potencial de incremento em produtividade, mediante avanços tec-nológicos, como o desenvolvimento de variedades mais produtivas e resis-tentes a intempéries, técnicas de irri-gação, fertilização, etc. Ou seja, po-demos aumentar a produção brasileira de milho sem necessariamente expan-dir a área, porém, mediante melhorias e avanços tecnológicos”, acentua o Zootecnista e Consultor de Mercado na Scot Consultoria, Rafael Ribeiro.

Uma saída encontrada pelos agri-cultores do Mato Grosso do Sul é o consórcio milho-braquiária. Ante-nados com a Sustentabilidade, os produtores estão contribuindo para o desempenho do estado e do próprio país na produção de alimentos, sem a necessidade de acréscimo de área. Eles podem ter outras produções na propriedade, através do cultivo con-sorciado. Nesse caso, eles têm a pos-sibilidade de reformar ou implantar novas pastagens, além de produzirem ao mesmo tempo, alimentos para os animais.

A alta que a última safra teve, de acordo com Ribeiro, ela se explica de-vido ao aumento da área plantada de milho safrinha. Isso resultou da alta do preço do milho, por causa da que-bra da safra dos EUA (2012/2013). O consultor aborda que a Conab proje-tou que a área de milho safrinha cres-ceu 23,1% na última safra, se compa-rada com a safra anterior (2010/2011). “A produção na safrinha 2011/2012, de 38,7 milhões de toneladas, foi à maior da história, inclusive superan-do a produção de milho na primeira

safra ou safra de verão na temporada, de 33,8 milhões de toneladas. Para a safra 2012/13 a expectativa é de uma produção recorde. Além da produção maior na safrinha, estimada em 40,9 milhões de toneladas na temporada (4,6% mais), a previsão é de uma boa produção na safra de verão, apesar da redução da área plantada. A colheita do milho de verão começou no país e os primeiros lotes têm mostrado bom rendimento”, frisa Ribeiro.

No quinto levantamento feito pela Conab, divulgado em fevereiro, espe-ra-se uma produção de 76,01 milhões de toneladas de milho no país, um au-mento de 4,2% que a safra 2011/2012. Sobre um desenvolvimento economi-camente viável, Ribeiro acredita que o mercado interno está em crescimen-to e o Brasil vem se destacando no mercado externo. Para 2013 há uma expectativa de que 15 milhões de to-neladas do cereal sejam exportadas. Quanto à seca que atingiu o nordeste e outras regiões produtoras, o consultor da Scot pondera que esse fator deve refletir nos rendimentos. Ele lembra ainda que no Centro-Oeste, ao con-trário do Nordeste, o que tem atrapa-lhado o milho safrinha é o excesso de chuvas.

Com a produção em crescimento e as demandas interna e externa, o Brasil trabalha com grande estoque de passagem. Ribeiro aponta que os prin-cipais mercados do país são a Ásia, o Oriente e a América do Sul. Além dos que se destacaram em 2012, Japão, Irã e Coreia do Sul, os EUA também ad-quiriram a produção brasileira, devido à quebra de produção que sofreram. “As exportações deram sustentação aos preços do milho no final do ano

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passado e começo deste. Ou seja, para o produtor de milho foi benéfica”, ressalta. Quanto às impor-tações, informa que o volume é irrelevante, pois só em casos em que o valor do milho está alto no mer-cado interno, os produtores do nordeste compram o produto da Argentina, Uruguai ou Paraguai.

De acordo com o Agromensal – CEPEA/ESALQ, este ano será tão desafiador quanto o ano passado. Para 2013 os maiores desafios, considera-dos pelo consultor da Scot, são as incertezas com relação ao clima e oferta. “Para o consumidor, por exemplo, o pecuarista, o acompanhamento rotinei-ro deste mercado é fundamental para tentar apro-veitar algumas oportunidades de preços melhores, por exemplo, agora na boca da safra (colheita). Por fim, as melhorias em infraestrutura e logística são fundamentais, principalmente, no que diz respeito ao transporte e armazenagem de grãos no Brasil”, conclui Ribeiro.

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50 anos dE história E sUportE ao prodUtor rUral

Mais de cinco décadas depois, o trabalho inicial e o pro-pósito de unir os produtores rurais que tinham dificuldades de adquirir produtos, equipamentos, medicamentos, dentre outros, para a manutenção e progresso do campo, hoje é re-compensado pela força que a entidade tem na região. O dia era 19, o mês era agosto, no ano de 1962. A data, que para muitos não passou de mais uma no calendário, para a Coo-perativa Mista Regional dos Aimorés Ltda (Copermista) sig-nificou um começo. Foi nesta data que, situada no município de Nanuque (MG), a entidade foi fundada e a partir daí, a classe rural pôde se unir para minimizar as dificuldades que eles enfrentavam.

Essa foi uma decisão conjunta dos produtores, pois viram que uma cooperativa seria uma base para unificar o setor. A abrangência da cooperativa mista cobre o Nordeste de Minas (Vale do Mucuri), Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo. No início a cooperativa não trabalhava com produção e sim com vendas de produtos agropecuários. Atualmente ela produz 18 tipos de suplemento mineral, com produção anual em torno de 1,5 milhão. Para atender a demanda dos produtores, a co-operativa possui uma fábrica de sal mineral e proteinado pro-duzidos desde 1988, devidamente registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O presidente que deu início aos trabalhos da entidade foi Fidelcino Viana de Araújo Filho, que permaneceu no cargo até 1963. Depois dele, mais 13 gestores já passaram pela Copermista: Joaquim Vilaronga de Pinho (1963-1964 e 1981-1989), Roberto Viana Rodrigues (1964-1965), Antônio Farias (1965-1966), Genebaldo Carneiro de Oliveira (1966-1967), Osvaldo Americano Scofield de Souza (1967-1969 e

1969-1972), Ítalo Natali (1972-1978), Jomar de Figueredo Ruas (1979-1981), Lindemberg Viana Rodrigues (de março a maio de 1981), Armando Rodrigues Gomes (1989-1992), Edvaldo Siqueira Varejão (1993-1995), Paulo de Tarso Ne-ves (1996-1998 e 1999-2001), Darcy Antunes de Olivei-ra (2002-2005 e 2009-2011) e Arlindo da Costa Machado (2006-2008 e 2012-2015).

Além da Diretoria Executiva, composta pelo Diretor Pre-sidente e o Diretor Secretário, Darcy Antunes de Oliveira, a cooperativa é formada por mais 21 funcionários, entre geren-te, vendedores, secretária, contador, etc. A Copermista está localizada no centro de Nanuque, tem uma sede própria e atua como “aglutinadora de produtores rurais, mantendo seu objetivo inicial, e sendo reguladora de preços dos produtos agropecuários na região”, como informa a entidade. Comple-mentam ainda que a princípio era inseguro o armazenamen-to de vacinas para uso pecuário. Por isso, a cooperativa foi a pioneira a construir uma câmara fria, o que possibilitou a compra de vacinas para uso pecuário.

Hoje, a entidade conta com um total de 1982 associados, sendo 500 deles ativos. Diferente do início da trajetória, onde apenas 100 produtores eram cooperados. Dos serviços pres-tados está a disseminação do uso de novos tipos de semente de capim e do uso de suplemento mineral, na aquisição de produtos e proporcionando a utilização dos mesmos. A fonte de renda da entidade, que não cobra mensalidade aos asso-ciados, é através das vendas dos produtos agropecuários em geral. A Copermista apoia eventos agropecuários, tais como feiras e exposições.

Figura 1: Fábrica de Sal Mineral da Copermista - Figura 2: Loja da Entidade de produtos agropecuários

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a presidênciaEm seu segundo mandato, o atual presidente da cooperati-

va, Arlindo da Costa Machado, 68 anos, está à frente da entida-de desde 2012, com término em 2015. Natural de Santa Clara (MG) exerceu também a presidência da cooperativa mista de 2006 a 2008 e atuou também como diretor secretário. Machado acredita que para desempenhar bem essa função é preciso man-ter uma boa equipe e traçar diretrizes. Com um mandato de três anos, o presidente informa que não pretende se reeleger após o término do mandato.

Quanto às dificuldades enfrentadas aponta: “recuperar a credibilidade e o crédito que a cooperativa tinha anteriormen-te. Hoje estamos totalmente recuperados com trabalho ao me-recimento e pontualidade de seus compromissos”. Entretanto, Machado considera que um dos pontos fortes de Nanuque é que os pecuaristas são conscientes da necessidade de se atuali-zarem com melhoramento genético do rebanho, alimentação e vacinações adequadas.

Morador de Nanuque a cerca de 50 anos, é filiado à coope-rativa desde o dia 13 de março de 1972. Casado e com cinco filhos, é pecuarista de corte desde 1970. Sobre o interesse pela gestão da entidade, diz que assumiu “no intuito de ajudar a re-cuperação da Cooperativa que passava por momentos difíceis”.

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Força de vontade, paixão e dedi-cação são algumas características que levam uma atividade ao sucesso. Ter certeza do que se deseja e saber a hora de mudar, podem ser a oportunidade. Foi o que fez Rodrigo Lauar Lignani, 41 anos. Atual proprietário da Fazenda Querença, localizada na MG 217, em Poté, a propriedade foi adquirida em 1971 pelo seu pai e em 1993 foi pas-sada para a administração de Lignani.

Natural de Teófilo Otoni (MG), o criador é formado em Economia, com ênfase em Administração Rural, pela

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Depois da conclusão do curso, Lignani assumiu a administração da propriedade. Na época, a Fazenda Querença tinha como foco o trabalho em lavouras, onde a produção de milho e feijão eram as principais atividades. “Como a minha paixão sempre foi a pecuária leiteira, logo comecei a mudar isso”, confessa o produtor.

Imediatamente fez a aquisição de novilhas zebuínas da raça Gir e a par-tir delas começou a fazer cruzamentos

com Holandês, dando origem aos ani-mais mestiços da raça Girolando. Lig-nani lembra que o resultado foi satis-fatório, então começou a investir mais nessa base zebuína. Porém, a exigência foi aumentando e os critérios de sele-ção também. As matrizes Gir passaram a ser selecionadas de acordo com seus padrões genéticos e morfológicos, para que os produtos resultantes, tivessem melhor qualidade. Os touros holande-ses também começaram a passar por critérios mais rigorosos, onde os mes-mos foram sendo mais aprimorados e

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Boneca: uma das doadoras Gir P.O. da Fazenda Querença.

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passaram a ser utilizados em programas de acasalamento.

“A satisfação e paixão por esse cru-zamento me fez entrar no criatório de animais Gir P.O.”, ressalta. O criador conta que em 2002 comprou as pri-meiras fêmeas registradas. O que foi mais um passo na busca pela qualidade do plantel da Fazenda Querença. “De lá pra cá continuamos adquirindo ani-mais de qualidade e viemos buscando informações e assistências técnicas es-pecializadas para poder aprimorar esse plantel, que continuaria sendo também

a base para o rebanho girolando”, com-plementa.

manejo e tecnologiaDepois de 20 anos criando Girolan-

do e cerca de 10 anos na seleção de Gir P.O. e o foco voltado para a produção de animais melhorados, Lignani utiliza na Fazenda Querença biotecnologias para que os objetivos sejam alcançados. A Fertilização In Vitro (FIV) é feita nas principais doadoras da propriedade, e acasalamentos com os touros criterio-samente selecionados.

Nos 600 hectares da propriedade, 800 animais compõem o plantel. Des-tes, 300 são matrizes melhoradas para a produção do rebanho. Já a estrutura da fazenda tem atualmente piquetes rota-cionados e mangas muito bem forma-das e manejadas. O criador completa ainda que o curral e os galpões ofere-cem as condições necessárias para o trabalho desenvolvido na fazenda, além de poder contar com uma equipe de trabalho bem treinada e dedicada. Dez funcionários fixos trabalham no mane-jo da propriedade e dos animais.

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Figura1: Doçura - Figura 2: Novilhas Girolando.

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Lignani informa que o melhoramen-to genético é aplicado a todo o rebanho, devido ao compromisso com os clien-tes e com o aprimoramento do plantel. Outra preocupação é o manejo sanitá-rio, pois, de acordo com o criador, a saúde do rebanho é uma prioridade na produção de animais de qualidade. A assistência técnica é também conside-rada de fundamental importância para o desenvolvimento do criatório. “Hoje temos técnicos específicos para a área produtiva, reprodutiva e tecnológica. Sem eles nosso trabalho não se desen-volveria na velocidade que consegui-mos alcançar”, confia.

Quanto aos indíces zootécnicos, Lignani diz que é difícil apontá-los, devido ao grande número deles. Mas comenta que os índices são muito bons, principalmente pelo fato de que todos envolvidos no processo, se dedicam ao trabalho desenvolvido na fazenda. “As parcerias e a constante busca de novos conhecimentos e tecnologias também nos ajudam nessa constante procura de estar sempre melhorando e aprimoran-

do”, frisa. É dessa forma que o criador cuida da parte comercial da Fazenda Querença: compartilhando conheci-mentos. Mas se preocupa também em participar de grandes eventos do setor e conhecer criatórios para buscar par-cerias, para uma projeção do cenário nacional de forma conjunta.

Para finalizar, Lignani expõe o mo-tivo que o fez apostar na raça e as van-tagens da mesma: “A raça Gir P.O., a

meu ver, é o zebu que nos proporciona a melhor produção de leite e a melhor base para o cruzamento com o holan-dês, produzindo as Girolandas. Essas Girolandas são animais de grande rus-ticidade e longevidade, perfeitamente adaptadas para nossos sistemas de pro-dução, tanto os intensificados como os de uso apenas do pasto”.

Julita é outra doadora do plantel.

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Como informado no editorial, seguindo a linha temática

abordada nesta edição sobre um grão importante na alimen-

tação dos animais ou para a comercialização na agricultura,

a produção de milho, trazemos um personagem nesta seção

que encontrou no grão uma forma de complementar sua

renda. Natural de Dom Cavati (MG), o proprietário do Sítio

Beira Rio, Sebastião Domingos Monteiro, 46 anos, se dedi-

ca exclusivamente à sua propriedade rural.

Casado com Eliete Faria Monteiro, 42 anos, que tam-

bém trabalha no sítio, o produtor informa que o interesse

pela produção de milho o acompanha desde criança. Mas,

antes de comprar a propriedade há 15 anos, ele plantava

inhame em terras arrendadas e com a renda advinda da ati-

vidade, ele conseguiu comprar a própria área.

O sítio Beira Rio localiza-se na BR 116, Km 485, no

Córrego Aredes, em Dom Cavati. É na propriedade de 2,2

hectares, que Monteiro vê uma forma de diversificar a ren-

da nesse espaço. Com o foco na produção de milho, o pro-

dutor trabalha exclusivamente com a variedade AG 1051.

O AG 1051 é um híbrido, indicado para silagem devido sua

grande quantidade de massa verde de alta digestibilidade.

É também uma das variedades utilizadas para a produção

de milho verde e pamonha. A planta tem um porte alto, o

grão é dentado e seu ciclo é semiprecoce. A variedade se

caracteriza ainda por uma produção que varia de 335 a 550

sacos de 25 kg. O período de colheita é de até quatro dias e

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A produção de milho verde distribuida nos 2,2 hectares da propriedade.

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pós-colheita de três dias. O cereal fica em ponto de ensila-

gem de 110 a 120 dias, com período de corte de oito dias.

a produçãoMesmo não sendo o único produtor de milho de Dom

Cavati, Monteiro aponta que a atividade proporciona uma

melhor renda, devido à possibilidade de três plantios, com

produção o ano inteiro. Quanto à colheita, não utiliza ne-

nhuma tecnologia, fazendo-a de forma natural. No período

de safra a colheita é feita a cada 90 dias. Para desenvolver

a atividade, o produtor conta que tem a assistência técnica

da Emater-MG.

Na propriedade de 2,2 hectares, dois deles são destina-

dos ao plantio durante o verão. Nessa área, 80 mil pés são

produzidos. Já no inverno, apenas 1,5 hectares são utiliza-

dos para a produção de milho e o restante ele aproveita para

o plantio de outras hortaliças. A melhor época de produção

vai de outubro a março. Na época da safra são colhidos 10

centos de milho por dia.

O manejo da atividade segue o processo de aragem da

terra, plantio e adubação. A produção anual gira em torno

de 300 centos. A comercialização do milho é feita para pro-

gramas institucionais como Programa Nacional de Alimen-

tação Escolar (PNAE), Programa de Aquisição de Alimen-

tos (PAA), para o mercado local como a feira de agricultura

familiar e a Central de Abastecimento (Ceasa Minas). Cada

cento de milho é vendido à R$ 25,00.

O produtor considera alto o custo que tem com a produ-

ção por causa do valor da semente, que gira em média de R$

15,00 o quilo, mais os adubos. Outro fator foi à montagem

do conjunto de irrigação que custou R$ 4.550,00. O sistema

é usado no período seco do ano, de maio a setembro, como

alternativa para auxiliar a produção do cereal.

Para favorecer o plantio, que já tem o benefício da re-

gião para a produção, é feito o uso de sementes melhoradas,

o que justifica o alto custo das mesmas. Em relação à adu-

bação, o produtor informa que ela é “orgânica no plantio e

química em cobertura quando a orgânica não supre as ne-

cessidades da cultura”. Para tentar minimizar esse alto cus-

to, o agricultor faz a troca de cana e de milho por esterco,

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Fotos: O agricultor, Sebastião Domingos Monteiro, encon-trou na produção de milho uma forma de renda.

com os produtores de leite. O que ajuda a liberar a área e a

economizar com o adubo orgânico.

Quanto ao controle de pragas e ao uso de agrotóxicos,

Monteiro frisa que não utiliza desses métodos. “Até hoje não

ocorreu dano econômico que justificasse a utilização de con-

trole de pragas, devido à rotação de culturas que é feita na

área. Assim, não utilizo agrotóxicos”, enfatiza o agricultor.

Atualmente, encerrando o ciclo, está sendo feita a colheita

do milho.

o municípioSituada na mesorregião do Vale do Rio Doce, Dom Ca-

vati possui cerca de 5.200 habitantes, de acordo com o Cen-

so Demográfico do IBGE 2010. Com área demográfica de

59,520 Km², a área de estabelecimentos agropecuários é de

4.714 hectares. Sendo que o número de estabelecimentos to-

taliza 142 unidades. O valor de rendimento nominal no mu-

nicípio, para a zona rural, tem a média mensal de R$ 931,24.

Segundo o Safra Agrícola produzido pela Emater-MG,

na safra 2012/2013, iniciada em setembro, 56 hectares são

de área plantada de milho em Dom Cavati. Até a data de

fechamento desta edição, haviam sido colhidos 45 hectares,

com uma produção de 90 toneladas e produtividade de 1.607

kg/ha. Ainda segundo o Censo 2010 do IBGE, 68 estabele-

cimentos agropecuários trabalham com a produção do milho

em grão no município.

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Desde que a produção intensiva de aves teve seu início, ainda na década de sessenta, os empresários e os técnicos de setor têm convivido com a avaliação,

geralmente de leigos, de que estas aves para serem produ-zidas necessitam de adição de hormônios em suas rações. Na realidade, quando se trata de manifestações individu-ais e de pessoas de pouca representatividade pública, as consequências são irrelevantes. Entretanto, muitas con-siderações têm sido feitas por médicos, nutricionistas e representantes de entidades protetoras do bem estar da sociedade e que repercutem mais significativamente.

Esta constatação é absurda e em algumas circunstân-cias tem comprometido o setor que fica obrigado a jus-tificar-se quando na verdade não há qualquer razão para tal, uma vez que a avicultura brasileira não usa deste ex-pediente pra ter o desempenho de suas aves favorecido. Este fantástico progresso no desempenho das aves não está absolutamente sustentado na perspectiva milagrosa de que um determinado produto (hormônio), quando adi-cionado à alimentação daqueles animais, possa promover um rápido crescimento.

Este progresso está baseado fundamentalmente em uma intensa atividade de pesquisa nas áreas de genética, nutrição, sanidade e no entendimento das relações des-tes conhecimentos através do manejo da produção destes animais. As aves são os animais domésticos que têm o maior número de pesquisadores trabalhando para melhor conhecê-las e melhor produzi-las. Inclusive é significati-vo o número de informações que têm sido obtidos destes estudos e que são aplicados na produção de outros ani-mais domésticos e também para melhorar o bem estar dos seres humanos. Já no final da década de setenta os pes-quisadores, a partir dos dados de desempenho observados no passado próximo, podiam prever que os frangos a cada ano precisariam um dia a menos para atingir o mesmo peso obtido no ano anterior. Esta estimativa vem se con-firmando e tudo indica que pelo menos até a virada do século estes valores continuarão sendo observados. Mais uma vez insisto no questionamento de que todo este avan-ço tecnológico não pode estar baseado na maior ou menor quantidade de hormônio que as aves possam receber dia-

riamente. Ou que elas dependem da adição de hormônios para expressar seu potencial genético.

Tentando justificar o absurdo gostaria inicialmente de sustentar minha argumentação pelo lado legal do uso de hormônios ou de substâncias citadas como quimicamente semelhantes aos hormônios. No Brasil, o emprego destas substâncias é proibido. Desta forma, não há a possibilida-de de livre comércio das mesmas em nosso País. Sendo assim, o primeiro impasse que a indústria avícola teria que superar seria o contrabando contínuo e sistemático de produtos que tivessem hormônios em suas composições. Pelo tamanho da indústria avícola brasileira e pelo vo-lume de ração produzido para frangos de corte no Brasil (cerca de 8 milhões de toneladas de ração/ano) este co-mércio seria impossível de ser mantido sem que ocorresse qualquer denúncia clara, objetiva a não simples especula-ções levianas do emprego sistemático dos mesmos.

Claro que alguém mais interessado em levar a discus-são adiante poderia afirmar que nem toda a indústria aví-cola poderia se valer deste expediente. Isto seria outro absurdo, pois a maioria das empresas avícolas brasileiras tem seus resultados de produção avaliados e comparados formal ou informalmente. Como poderia uma determi-nada empresa se satisfazer com piores resultados siste-máticos sem tentar identificar o que as demais estariam fazendo para ter melhores desempenhos de seus frangos? O grau de relacionamento dos técnicos e empresários da avicultura brasileira, através de órgãos de classe e de sociedade científicas é tão intenso que este “segredo de Estado” será impossível de ser mantido pelas empresas conhecedoras desta tecnologia escusa.

Porém, ainda no campo da especulação seria impossí-vel o desconhecimento de qualquer benefício dos hormô-nios, pois a literatura técnica disponível é universal e de livre acesso a qualquer técnico que tenha curiosidade ou interesse em consultá-la. E aqui está o ponto mais impor-tante. A maioria das informações disponível na literatura internacional indica resultados controversos de qualquer hormônio no benefício do desempenho dos frangos de corte. Nos últimos anos têm sido estudadas drogas ditas beta-adrenérgicas, também chamadas substâncias seme-

por que hormônios não são usados na alimentação de frango de corte?

Antônio mário penz Junior eng° Agrônomo, mestre em Zootecnia e phd em Nutrição Animal

professor titular do departamento de Zootecnia da UFrGSretirado no site www.saúdeanimal.com

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lhantes a hormônios, na alimentação dos animais domés-ticos. Estas drogas teoricamente permitem a redução da concentração de gordura e aumentam a concentração de proteína nas carcaças de frangos de corte.

Entretanto, resultados recentes têm demonstrado que em frangos de corte os benefícios são extremamente con-troversos, onde na maioria das vezes estas substâncias não têm promovido qualquer benefício quando usadas da forma recomendada. Insisto em dizer que este tipo de informação não é privada. Encontra-se perfeitamen-te divulgada na literatura científica internacional e, por consequência, disponível a qualquer indivíduo que esteja interessado em ter informação sobre o assunto. Um outro fator complicador dentro deste tema é que além dos re-sultados serem tremendamente contraditórios, os níveis que estes produtos deveriam ser utilizados, para even-tualmente responderem, fariam com que seus custos de aplicação ficassem completamente inviáveis. Mais uma vez, mesmo que a indústria avícola fosse na sua totalidade inescrupulosa e que coletivamente não tivesse qualquer sensibilidade com o bem estar do ser humano, ela também não aproveita esta alternativa pois comprovadamente tem resultados contraditórios e é completamente impraticável sob o ponto de vista econômico.

Outro aspecto importante e que não pode ser ignorado é que um número significativo de empresas avícolas bra-sileiras exportam frangos de corte para vários países do mundo. A propósito, nosso País está entre os três maiores exportadores. Como a indústria brasileira poderia correr mais este risco de ter seu produto condenado pela pre-sença de alguma substância que viesse a comprometer a qualidade do produto exportador? Aliás, a cautela da indústria brasileira é muito grande e várias substâncias químicas, além de hormônios, não aceitas internacional-mente, não são usadas mesmo nas rações de frangos que serão consumidas no Brasil para evitar qualquer risco de contaminação cruzada.

Então, a pergunta que fica é por que as aves produzi-das pela indústria avícola brasileira são tão precoces e tão diferentes daquelas produzidas de forma extensiva, ou em fundo de quintal (galinhas caipira)? Claro que a primeira razão já foi abordada e está sustentada em uma pesqui-sa extremamente progressista voltada para o aprendizado dos fundamentos básicos do desenvolvimento desta es-pécie e também com a aplicação prática destes conheci-mentos ao nível de granja. Os frangos de corte produzidos pela indústria avícola, embora da mesma espécie daque-les produzidos extensivamente, são oriundos de linhagens comerciais que vem sendo geneticamente desenvolvidas ao longo dos anos exatamente para ser mais precoces e produzir carcaças de melhor qualidade. Uma indagação frequente é aquela do por que das carcaças dos frangos de corte produzidos pela indústria avícola serem muitas

vezes menos amarelas, mais pálidas, e ter uma gordura menos consistente que aquela das aves produzidas no fun-do de quintal. A resposta para isto é muito simples e, mais uma vez nada tem a ver com o emprego de hormônios. A pigmentação dos frangos tem sido menos intensa pelo uso de alimentos alternativos que não dispõem de pigmentos nas suas composições e que terminam sendo absorvidas pelas aves como aqueles que têm no milho, alfafa, etc.

Entretanto, fazer um frango mais pigmentado é muito fácil. Porém, a coloração amarela em nada altera a qua-lidade nutricional da carcaça. Esta característica é pura-mente estética e há países como o México e a Argenti-na que preferem carcaças mais pigmentadas que aquelas produzidas no Brasil e em alguns países europeus. Cabe ressaltar que o Japão, no momento é o mercado importa-dor mais exigente, também requer frangos com carcaças pouco pigmentadas. Porém, para fazer as aves ficar me-lhor pigmentadas e sem qualquer benefício na qualidade da carcaça, custa caro e não está relacionado com o tipo de linhagem usada. Caso as galinhas caipira fossem pro-duzidas sem alimentos ricos nestes pigmentos certamente teriam suas carcaças menos amarelas. È importante que seja dito que a cor da carcaça não deve ser considerada como sinônimo de boa saúde do animal abatido.

A gordura também é um problema bastante discutido e os geneticistas e os nutricionistas têm trabalhado inten-samente para reduzir a concentração na carcaça. Os avan-ços têm sido marcantes. Porém, a diferença da gordura das galinhas caipira e dos frangos de corte de linhagens comerciais está baseada em dois aspectos essenciais. Ini-cialmente as galinhas caipira são abatidas mais velhas e a relação de água:gordura na carcaça é menor. Em ou-tras palavras, aves mais velhas têm, proporcionalmente, menos água na carcaça e mais gordura e os pigmentos fixam-se fundamentalmente no tecido adiposo. Assim, a gordura destas aves é mais amarela e mais firme. Já os frangos de corte de linhagens comerciais são abatidos mais precocemente onde a relação água:gordura é maior e, proporcionalmente, têm mais água na carcaça. Isto dá a gordura da carcaça uma aparência menos firme e, eventu-almente menos amarela se menos pigmentos participaram da composição da ração.

Desta forma, é importante ressaltar que toda e qual-quer acusação individual ou coletiva com relação à qua-lidade da carcaça de frangos de corte deve ser reavaliada, pois tem sido feito de forma leviana e via de regra sem fundamento. Confundir hormônio com nutrientes, vitami-nas, minerais, aminoácidos, etc., tem sido muito comum. Estas ondas podem prejudicar um setor dos mais moder-namente desenvolvidos em nosso País e que tem gerado emprego, alimento e riqueza e que não pode ficar com a imagem de que está produzindo, de forma irresponsável, alimento para os brasileiros e indivíduos de outros países.

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ação

introduçãoA cana-de-açúcar, quando adequadamente utilizada, é

uma excelente alternativa para melhorar a alimentação dos bovinos de corte e leite, principalmente no período seco do ano. A causa disso é por a cana apresentar características como a simplicidade operacional para manutenção e condu-ção da cultura, a alta produção por área, os períodos de ma-turação e colheita coincidirem com o de escassez de pasto, possuir um custo de produção relativamente baixo, manter o valor nutritivo (principalmente energético), por longo perío-do e, ainda, possuir boa palatabilidade.

Na alimentação animal, a cana-de-açúcar apresenta mui-tas opções de utilização, podendo ser fornecida principal-mente in natura ou na forma de silagem. Também pode ser submetida a tratamentos químicos, físicos e microbiológi-cos, com o objetivo de melhorar o seu aproveitamento pelos animais.

Fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) são as medidas de avaliação de fibra recomen-dadas para ruminantes (Van Soest et al., 1991). A baixa de-gradação da fibra no rúmen (FDN) leva a uma limitação da taxa de reciclagem ruminal e, consequentemente, ao baixo consumo (Ravelo et al., 1978).

objetivoAvaliar o efeito do tratamento alcalino e/ou uso de ino-

culantes sobre o consumo, a digestibilidade e a produção de bovinos alimentados com dietas contendo cana-de-açúcar nas formas in natura, hidrolisada e hidrolisada ensilada.

revisão da literatura cana in natura

A cana apresenta limitações nutricionais devido ao des-balanço de nutrientes. A cana-de-açúcar apresenta em mé-dia 2,0% de PB na matéria seca (MS), teor inferior à grande maioria das plantas forrageiras tropicais, com variações de 1,6 a 4,0% (Stacchini, 1998).

Estudos mostraram que canas com maior porcentagem de colmos, ou seja, baixa proporção de palhas e folhas são mais digestíveis. Com isso, pode-se inferir que a despalha genética, ou manual pode elevar a digestibilidade da planta. Este fato aparentemente se explica devido à sacarose de alta digestibilidade estar contida nos colmos, enquanto a parte vegetativa é rica em fibra de baixa digestibilidade. A cana é, talvez, a única forrageira onde colmos têm maior digestibi-lidade que folhas. Fatores ambientais e manejo, tais como, a escolha da variedade de cana utilizada, podem contribuir na melhor digestibilidade (Pereira, 2010).

Vários trabalhos, com diversas cultivares, geraram re-sultados sobre as características da cultivar mais indicada, tendo como destaque, hábito de crescimento ereto, bainha aderida fracamente ao colmo (facilitando a desfolha natu-ral), e uma boa relação entre o teor de fibra e a quantidade de açúcar. Este último aspecto resultou em um aumento de 17% no ganho de peso, utilizando a cultivar IAC 86-2480 em comparação com a variedade industrial RB 72-454 (Ro-drigues et al., 2002).

Santos (2010) relatou que o tamanho das partículas de cana picada também interfere no consumo das FDN e FDA e, consequentemente, na produção de leite, na % de proteína

processamentos da cana-de-açúcar: consumo, digestibilidade e produção de

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mestrando em produção Animal, departamento de Zootecnia; escola de veterinária, UFmG, Brasil

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bruta (PB), no nitrogênio ureico do leite, nos sólidos totais, no tempo de ingestão, no tempo de mastigação por unidade de MS, no tempo de ingestão por unidade de MS e no tempo de ingestão por unidade de FDN. O fornecimento de partí-culas maiores aumenta o índice de seleção, favorecendo a ingestão de ingredientes concentrados, alterando, com isso, a proporção volumoso:concentrado ingerida.

Outras práticas que podem maximizar o consumo de MS e parecem ser mais determinantes na porcentagem de fibra das cultivares do que fatores genéticos aditivos são ter um bom manejo do cocho, conforto e instalações adequadas para alimentação (Pereira, 2010).

Em vários experimentos conduzidos por pesquisadores, dentre eles, Valvasori et al., (1998) e Costa et al., (2005b), a substituição de até 100% do volumoso da dieta, principal-mente silagem de milho e silagem de sorgo, por cana-de--açúcar, resultou em redução no consumo de MS da ordem de 2,30 kg/cab.dia-1, o que representa um consumo 20% menor e redução na produção em até 4 kg de leite/dia.

Costa et al., (2005b) avaliaram três relações volumoso: concentrado em dietas à base de cana-de-açúcar (60:40; 50:50 e 40:60), em relação a uma dieta à base de silagem de milho, utilizada na relação 60:40, para vacas produzindo 20 kg de leite/dia. Em dietas com relação volumoso:concentrado de 60:40, a substituição total da silagem de milho por cana--de-açúcar, reduziu o consumo diário em 4kg de MS/vaca (19,77 x 15,78kg) e a produção diária de leite em 4,17kg/vaca. Foi necessário aumentar a proporção de concentrado na dieta de cana-de-açúcar de 40% para 60% da MS, para que o consumo de MS e a produção de leite se equiparassem aos valores obtidos com a silagem de milho, com variação positiva de peso corporal.

Rodrigues (1999) sugeriu que a cana-de-açúcar em die-tas de vacas em lactação, deve ser utilizada em relações volumoso:concentrado de 40:60 a 45:55, na base de MS, para garantir de 20 a 24 kg de leite/dia, sem que ocorra per-da de peso.

Segundo Corrêa et al. (2003), vacas de alta produção (34 kg leite/dia) alimentadas com cana-de-açúcar em substitui-ção da silagem de milho, tiveram o consumo reduzido em 6,9%, a produção de leite reduzida em 7,3% e a digestibili-dade de FDN reduzida de 41,7% para 23,1% da MS. A ati-vidade mastigatória e o pH ruminal não tiveram diferenças significativas.

Oliveira et al. (2007) sugeriram a utilização de agentes alcalinizantes na cana-de-açúcar com o objetivo de melhorar o valor nutritivo e, pela elevação do pH da cana hidrolisada, inibir o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis, não sendo necessário, então, a colheita diária, permitindo a estocagem.

cana hidrolisada O processo de hidrólise da cana é um tratamento que

promove o rompimento da estrutura da fração fibrosa, para torná-la mais digestível, e, com isso, melhorar sua utilização (Burgi, 1985).

A cana picada pode ser hidrolisada utilizando-se hidró-xido de sódio (NaOH), óxido de cálcio (cal virgem) ou do hidróxido de cálcio (cal hidradata), que são os principais produtos utilizados como agentes alcalinizantes (Nussio et al., 2008). O NaOH é uma das substâncias alcalinas mais utilizadas (Pires et al, 2006), porém, sua aplicação é limita-da por ser considerado nocivo ao homem, aos animais e ao

meio ambiente (Dias et al., 2009). Dias et al. (2009) observaram que a utilização de cal hi-

dratada entre 8 e 16g/ kg de matéria natural (MN) de cana--de-açúcar podem favorecer o desenvolvimento de bactérias celulolíticas e, consequentemente, melhoria na digestibilida-de das frações fibrosas da parede celular, já que obtiveram um pH ruminal médio entre 6,5 e 7,2, como proposto por Vanzant et al.(1990).

Reis et al. (2008), com o objetivo de avaliarem o efeito de diferentes teores de ureia (0,5; 0,7; 0,9; 1,1%) adicionados à cana-de-açúcar (12g/kg de MN) no momento da hidrólise sobre as características relacionadas ao seu valor nutritivo, relataram que houve queda no teor de FDN da cana in natura de 63,15% na MS para 55,31; 54,22; 55,60 e 56,14%, e um aumento da PB na MS da cana in natura de 3,28% para 4,23; 5,39; 6,51 e 9,02%, respectivamente, nos crescentes teores de ureia.

No entanto, Mari (2008) descreveu situações aonde pos-sivelmente o uso de silagem de cana-de-açúcar vem a ser o mais recomendado. Dentre elas, os incêndios acidentais, perda de valor nutritivo durante o verão, necessidade de área disponível e falta de mão de obra.

silagem de cana hidrolisada Segundo Pedroso et al. (2005), a maior limitação na en-

silagem de cana-de-açúcar consiste na elevada produção de etanol. Com isso, há redução da MS, baixos teores de ácido lático e de ácido acético (Mari, 2008) e aumentos dos cons-tituintes da parede celular (Bernardes et al., 2002), havendo perda do valor nutritivo (Preston et al.,1976).

Segundo Schmidt (2006), a escolha do aditivo para si-lagens de cana-de-açúcar deve ser baseada em critérios que considerem aspectos como: quanto de MS é retirada do silo em relação à quantidade de alimento depositada no momen-to da ensilagem (recuperação de MS), estabilidade em am-biente aeróbio e o desempenho de animais que consumam essas silagens. Além disso, a justificativa para a adoção de um aditivo deverá considerar seu custo, em contraste ao be-nefício a ser alcançado.

Em relação às variedades de cana-de-açúcar para ensi-lagem e às técnicas sobre a digestibilidade in vitro de FDN (DIVFDN), a variedade IAC 86-2480 foi mais digestível que a RB 83-5453 (Oliveira et al., 2007).

Além dos aditivos químicos, inoculantes microbianos também têm sido utilizados no intuito de melhorar o padrão de fermentação e a qualidade das silagens. A possibilida-de de se conseguir uma silagem de cana de boa qualidade iniciou-se com trabalhos desenvolvidos na ESALQ/USP. A Propionibacterium acidipropionici é uma bactéria he-terofermentativa que possui a propriedade de produzir os ácidos propiônico e acético, responsáveis pela proteção do material ensilado contra o ataque de fungos após a abertura do silo, além de serem ácidos orgânicos aproveitados nu-tricionalmente pelos ruminantes. Esse produto para silagem de cana possui o diferencial de não conter em sua formu-lação a bactéria homolática Lactobacillus plantarum, mui-to utilizada em outros inoculantes, mas inapropriada para a cana-de-açúcar por promover excessiva produção de etanol e, consequentemente, maiores perdas de MS. Hoje já se con-ta com o Lactobacillus buchneri, o qual é um microrganis-mo heterolático que contribui para diminuir a produção de etanol, melhorar a eficiência do processo de ensilagem da cana, reduzindo as perdas de MS e melhorar a aeróbica da

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silagem, pois mantém o pH constante durante o período de aerobiose, e, com isso, otimiza os desempenhos zootécnicos (Queiroz et al., 2000).

Dietas contendo relação volumoso:concentrado com 50% de silagem de cana-de-açúcar apresentam melhores co-eficientes de digestibilidade aparente de FDN, FDA e hemi-celulose (Mendes, 2008).

considerações finais Processamentos da cana relacionados ao manejo, tal

como, tamanho de partículas, são imprescindíveis para o su-cesso da otimização do uso da cana como alimento animal.

A cana hidrolisada, seja ela com soda cáustica ou cal (vir-gem ou hidratada), possui seus benefícios permitindo além de melhorar a ingestão da cana, controlar a acidose potencial dos ruminantes. Porém, fatores como excesso de produção ou disponibilidade de mão de obra e máquinas, além de ne-cessidade de estocagem por maior período, podem favorecer uma decisão pela ensilagem da cana. Entretanto, é preciso ter bom manejo, já que, somados aos fatores que afetam a composição química da cana-de-açúcar fresca e picada na alimentação animal, o tempo de ensilagem, o uso de aditi-vos, inoculantes e outros fatores associados à ensilagem afe-tam a composição e valor nutritivo da silagem de cana, além do custo de produção.

rEfErÊncias BiBlioGrÁficas BERNARDES, T. F.; SILVEIRA, R. N.; COAN, R. M.; et al. Ca-

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Em todos os nossos artigos, conversamos sobre a im-portância de termos pastagens vigorosas e de alta quali-dade nas fazendas. Podemos observar que, nessas con-dições, as respostas produtivas à utilização das diversas tecnologias são melhores, um bom exemplo é o impacto do volume e qualidade de pasto na resposta à suplemen-tação múltipla. Portanto, o sistema de produção baseado em boas pastagens aliadas a práticas de gestão, tornar-se-á competitivo e rentável. Nesse sentido a maioria dos pro-dutores e técnicos está ciente sobre a necessidade de tra-tarmos o pasto como cultura. Porém, por que poucos, de fato, realizam esse processo? A primeira coisa que vem a mente é que adubo quebra o pecuarista, mas será que essa informação é verdadeira? É o que iremos abordar nesse texto.

Para começarmos a elucidar essa questão, tentei fazer um paralelo sobre o que usamos como principais insumos

na pecuária, comparados com a utilização de fertilizantes para pastagens. Na tabela 1, constam essas informações.

Tabela 1 – Valor investido (R$/cab.ano) com suple-mentos (minerais, protéicos e energéticos), produtos des-tinados à saúde animal e fertilizantes para pastagens no Brasil.

Fonte:1- Adaptado de SINDAN (2011)/SINDIRAÇÕES (2012)/ANDA (2012). 2-IBGE (2011).

O investimento em fer tilizantes para pastagens é alto?

Humberto luiz Wernersbach FilhoZootecnista mSc / Supervisor de pesquisa

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Pode-se observar que investimos em fertilizantes para pastagens uma quantia abaixo do que é utilizado para me-dicamentos, onde via de regra, é um dos insumos com menor valor absoluto utilizado na pecuária. Mas qual im-pacto dessa informação? O maior impacto de não inves-tirmos na qualidade dos pastos é o grau de degradação das áreas utilizadas para pecuária e a baixa produtividade das mesmas. Estima-se que mais de 50% das áreas estão degradadas e a produtividade pecuária gira em torno de 4 @/ha.ano. O que pode inviabilizar o sistema de produção, haja vista, o aumento de custos e preço de terra.

Embora a preocupação com elevação dos custos te-nha sempre grande importância, quais seriam os impactos numa propriedade de gado de corte se fizéssemos um in-vestimento em fertilizantes semelhante aos valores inves-tidos em nutrição e sanidade? É o que mostra a tabela 2.

Tabela 2 – Comparativo de custos e retorno econômi-co do investimento em manutenção das pastagens de duas fazendas hipotéticas.

Notas:1 - Fazendas Hipotéticas2 - Considerando uma lotação na pastagem sem aduba-

ção de 0,8 UA/ha.ano e na área adubada uma lotação de 1,3UA/ha.ano, onde em média, 1 cab = 0,75 UA.

3 - Área com baixos níveis de fósforo e potássio, com a necessidade de correção de 1,5t/ha de calcário, diluídas em três anos, e adubação de cobertura com 300 Kg/ha do formulado 20.10.15 pagos já no primeiro ano.

4 - Considerando um valor de R$ 90,00/@.5 - Ganho em peso na área sem adubação de 5 @/cab.

ano e na área adubada de 6 @/cab.ano.6 - Faturamento estimado considerando o valor da ar-

roba em torno de R$ 90,00.

Ao analisarmos a tabela 2 pode-se observar que com um pequeno investimento em fertilizantes, podem-se con-seguir incrementos na ordem de 8% na produção, isso já quitados os custos com corretivos e fertilizantes. Nesse sentido, o pecuarista conseguiria, de forma econômica e equilibrada, realizar uma adubação em 10% nas áreas de pastagens. Isso significa que a cada 10 anos, todos os pas-tos da fazenda receberiam uma manutenção. Essa prática melhoraria as condições das pastagens, permitiriam futu-ras intensificações e sobretudo, trariam mais receitas para a atividade pecuária. Além disso, poderia se diversificar a produção com outras atividades sem reduzir o rebanho.

O investimento em fertilizantes para pastagens tem importância, por isso, deverá ser feito sempre de acordo com os critérios técnicos, porém vimos que esse montante pode se assemelhar a valores já utilizados com outros in-sumos na propriedade e, em muitos casos, gerando maior retorno econômico.

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pal/2011/tabelas_pdf/tab01.pdf

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Alexandre Sylvio vieira da costaeng. Agrônomo – professor titular Solos e meio Ambiente

Universidade vale do rio doceFupac – teófilo Otoni

[email protected]://agriculturaecologiaesaude.zip.net

Os pensadores visionáriosAG

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Muitas pessoas ao longo da história foram visionárias e conseguiam enxergar muito além de seu tempo. Nos séculos passados, muitos deles eram considerados loucos, pois o que diziam ou escreviam estava muito além da compreensão dos demais mortais. Dentre estas ilustres pessoas temos o conhe-cido Thomas Robert Malthus, figura conhecida dos livros de geografia das escolas brasileiras. Malthus nasceu em 1766, no século XVIII e era fã de economia, política e demografia, esta última, a ciência que estuda as populações.

Naquela época a população mundial não passava de 800 milhões de pessoas com taxas de crescimento extremamen-te reduzidas, segundo informações históricas, mas este pen-

sador já se preocupava com o futuro distante, com o avan-ço tecnológico e com a sustentabilidade deste crescimento populacional. Segundo o princípio básico de sua teoria, o crescimento populacional ocorreria de forma mais acelerada quando comparada a produção de alimentos atingindo a falta de sustentabilidade, gerando tensões entre as nações, confli-tos por territórios, água, fome e doenças. E não é que o Mal-thus estava certo!

Em relação aos alimentos, apesar de um bilhão de pesso-as no mundo ainda passarem fome, a produção total de ali-mentos do planeta alimentaria tranquilamente os nossos sete bilhões de habitantes. Isto acontece porque as tecnologias de

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Apesar de um bilhão de pessoas no mundo ainda passarem fome, a produção total de alimentos do plane-ta alimentaria tranquilamente os nossos sete bilhões de habitantes.

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produção agropecuária avançam rapidamente aumentando significativamente a produtividade sem aumentos de grandes áreas de cultivo.

E a população? Segundo Malthus a taxa de crescimento populacional seria elevada de forma significativa, fato que realmente ocorreu a partir do século XIX (dezenove) onde em 200 anos, a população saltou de um bilhão no ano de 1800 para seis bilhões no ano de 2000 com expectativa para mais de nove bilhões em 2050. Até quando a nossa tecnologia de produção de alimentos e as novas que surgirão irão sustentar este crescimento populacional? Neste setor a teoria Malthu-siana ainda não se concretizou, mas no aspecto sustentabili-dade ela já é uma realidade. Os recursos naturais do planeta estão comprometidos por conta do consumismo e do padrão de vida do homem. Consumimos cada vez mais petróleo, mi-

nérios, água, poluímos cada vez mais nossos recursos hídri-cos, a atmosfera, o solo, destruímos as florestas, extinguimos os animais...

Não tomamos mais banho de rio porque as águas estão poluídas, não podemos mais respirar fundo por conta da po-luição do ar, vamos a praias e não passamos mais proteto-res solares, mas bloqueadores porque estamos destruindo a camada de ozônio e cada vez mais os raios ultravioleta que causam o câncer de pele atingem a superfície do planeta, não jogamos mais bola nos campinhos de pelada porque foram eliminados para construção de casas e fábricas sobrando para os nossos jovens a TV a cabo, o videogame e o Facebook. Malthus estava certo e a confirmação de sua teoria é questão de tempo se continuarmos com o mesmo comportamento co-letivo autodestrutivo.

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Volta às aulas significa, para muitos veteranos das universidades, o tão famoso Trote aos calouros. Infeliz-mente, muitas destas brincadeiras acabam prejudicando os novatos pela violência e o mau gosto nas escolhas. Casos de morte também são registrados nesses rituais. Em 1831 data-se a primeira morte de um universitário no Brasil. Um calouro do curso de direito foi morto a facadas no Recife.

Entretanto, universidades no país vêm adotando es-tratégias para diminuir os abusos excessivos nas recep-ções aos calouros: denúncias na Prefeitura do Campus, trotes solidários como doação de sangue e alimentos, gincanas, dentre outras ações e atividades. Algumas universidades até proibiram o Trote aos calouros com o intuito de coibir essas práticas violentas.

Vendo essa triste realidade, dois jovens do Nordes-te do país resolveram lançar, no início deste ano, uma ideia: o Trote Ecológico Juventude Sustentável, que foi criado no ano passado numa rede social. Rondinele San-tana de Lima, 26 anos, Administrador de empresas, de Campina Grande (PB) e Mona Laura Moraes, 25 anos, Enfermeira, de Juazeiro do Norte (CE), lideram o pro-jeto. Sem finalidade lucrativa, o Juventude Sustentável tem por objetivo o reflorestamento das cidades através do plantio de árvores nativas da região, incentivando os estudantes do país a substituírem os trotes violentos e, regrados a bebidas alcoólicas, a uma ação responsável e consciente. “Por meio da interação dos veteranos e calouros das universidades participantes, a importância que visualizamos nesse projeto é deixar um legado ver-

de para a comunidade em torno das universidades e até atingindo toda cidade”, informa o grupo.

O Juventude Sustentável é uma página do Facebook que atualmente conta com cerca de 275 mil pessoas cur-tindo a página, 130 mil visualizações no projeto, além de uma média de 3 mil pessoas compartilhando as ideias do grupo. Se colocarmos na balança os amigos dessas pessoas que curtem a página, a mesma é vista por 50 milhões de pessoas, de acordo com as projeções que a rede social aponta. A idade média dos seguidores é entre 18 e 30 anos, pertencentes a Universidades brasileiras e de outras partes do mundo. Segundo os criadores da pá-gina, a mesma recebe cerca de 2500 seguidores por dia.

outros projetosEm 2012 quando a página foi criada, segundo os jo-

vens, os resultados foram bastante positivos. Além do Trote Sustentável, dois outros projetos foram bem acei-tos pelos seguidores da página: o projeto Fotógrafo Sus-tentável, onde o público envia fotos de belezas naturais do país, objetivando que a população brasileira conheça o país e deixe os recursos naturais no Brasil, além de incentivar a ida dessas pessoas a esses lugares; outro projeto é o Brasil Sustentável, onde artesãos de todo o país são reunidos para produzirem trabalhos através de materiais reciclados.

Fomentar o meio ambiente e estimular à sustentabi-lidade, dá um gás a mais para que o grupo se fortaleça cada vez mais. Mesmo não podendo contabilizar o nú-mero de árvores plantadas depois da iniciativa, Lima e

Juventude Sustentável: as redes sociais a favor da causa ambiental

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Figura 1: O trote de forma pacífica para acabar com essa realidade violenta. Figura 2: Mona Laura Moraes e Rondinele Santana

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Moraes contam que todos os dias recebem notícias de novos plantios. “Estamos desenvolvendo intercâmbio com o Instituto Chico Mendes com o objetivo de tro-car informações sobre o manejo de árvores nativas e também está em nossos planos realizar uma palestra no Instituto sobre ‘A importância das redes sociais como ferramenta de educação ambiental’. Estamos só em bus-ca de parceiros, até porque nossa página é formada por duas pessoas e não temos nenhum apoio financeiro. É apenas amor pelo o verde”. O grupo permanece, por enquanto, somente nas redes sociais. Porém, estão em busca de parcerias financeiras para que o projeto possa alcançar todo o país.

Mas a criatividade não para por ai. Outra iniciativa ainda em implantação, visto que o Brasil irá sediar a Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016), é o projeto Campeonato Sustentá-vel. A ideia é atuar junto com os clubes de futebol e as torcidas, para banir a violência nos estádios. A rivalida-de das torcidas será usada para a distribuição de mudas

nas saídas dos estádios. A regra a ser seguida é mesma usada para a pontuação nos campeonatos: quem vencer no número de mudas leva três pontos, quem empatar leva um (01) e quem perder, não leva nada.

Enfim, é através de projetos e iniciativas como es-sas da Juventude Sustentável é que fazemos nossa parte. Incentivar o plantio de mudas nativas é apenas uma das ferramentas para minimizar o impacto ambiental recor-rente no mundo inteiro. Há uma parábola que diz que um pequeno pássaro ao ver a floresta em chamas, resol-ve ajudar pegando água com o bico para tentar apagar o fogo. Muitos riram dele sabendo que tal atitude em nada resultaria. Entretanto, o pequeno, mas sábio pássa-ro, disse: “Estou fazendo a minha parte”. Que tal você ajudar também? Divulgue essa ideia.

O projeto Juventude Sustentável pode ser acompa-nhado no Facebook pelo link www.facebook.com/ju-ventudesustentavel.oficial. Para mais informações o email de contato é [email protected].

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Fotos: Alcance e visão geral da página Juventude Sustentável no Facebook

ATENÇÃO UNIVERSITÁRIOS!Precisamos de sua participação nesse evento sem fins lucrativos. Convide sua universida-de e amigos para participar.JUSTIFICATIVA DO EVENTO:Sensibilização e conscientização dos alunos e sociedade sobre a importância das árvores em nosso planeta.OBJETIVOSA partir da RESOLUÇÃO N° 422, DE 23 DE MARÇO DE 2010 do Conselho Nacio-nal do Meio Ambiente (CONAMA), que tra-ta sobre campanhas e projetos de Educação Ambiental, o Projeto Trote Ecológico Juven-tude Sustentável tem como objetivos:- Interação entre calouros e veteranos sem violência;- Conscientizar e alertar a população sobre a causa ambiental;- Promover a comunicação e educação am-biental de forma clara e objetiva;- Destacar os impactos socioambientais cau-sados pelo déficit de árvores na cidade;- Mostrar a força das redes sociais como fer-ramenta de educação ambiental.É muito importante a PARTICIPAÇÃO da SUA UNIVERSIDADE nesse projeto, não existe prêmio financeiro, mas o resultado desse trabalho é uma cidade mais VERDE! Amigos, é de extrema importância o compa-recimento e ajuda de vocês no evento, assim podemos alertar as autoridades sobre a IM-PORTÂNCIA DAS ÁRVORES.Fonte: Juventude Sustentável

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A vida nos leva a caminhos que antes a gente nem imaginava. Viver o presente, planejando o futuro, é o objetivo de muitas pessoas. Construir uma carreira, trabalhar com o que se gosta e estar feliz nas escolhas feitas. Entretanto, surpresas que nem imaginávamos, podem até assustar a princípio, mas, com o passar do

tempo, ela pode se tornar uma grata surpresa, dando início a mudanças bem vindas.

Foi nessas idas e vindas, que a mudança de estilo de vida da nossa personagem desta edição, dá a ela o mérito desse Perfil Profissional. Dia 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher e, portanto, não poderíamos deixar a data passar em branco. Muitas mulheres nascem e vivem no campo a vida inteira. Outras se especializam no agrone-gócio e fazem do setor, o palco de suas atuações. Porém, uma mulher nos impressionou por ter deixado um pouco de lado sua carreira de Arquiteta e decoradora, para se dedicar à Fazenda da família. Maria de Lourdes Rezende, 59 anos, tomou uma decisão há cinco anos, e hoje não se arrepende da escolha.

Formada em Arquitetura de Interiores pela Universida-de Estadual de Minas Gerais (UEMG), pós-graduada em Artes Plásticas pela UEMG e em Arte Contemporânea pela Escola Guignard, morava em Belo Horizonte onde tinha um escritório de Arquitetura e Decoração, onde atuou por 25 anos. Porém, seu pai, Pedro Soares Rezende, 91 anos, pe-cuarista de Governador Valadares, precisava de sua ajuda por questões de saúde e, como ela mesma gosta de dizer, a fazenda vinha no pacote.

A princípio, Maria de Lourdes voltou para a terra natal, para ajudar seu pai, sem interesse ou conhecimento sobre a propriedade. Mas, como a fazenda precisava de alguém para tocá-la, ela teve que fazer uma escolha. Mudou-se para Valadares e tomou as rédeas da Fazenda Ilha Grande. Sem conhecimento de como gerir a propriedade, Maria de Lour-des procurou-se capacitar e a seus funcionários. Levou para a propriedade todos os cursos que o Sindicato Rural/Senar GV disponibilizaram: vaqueiro, inseminação, tratorista, ro-çadeira, Gerenciamento com Qualidade no Campo, dentre outros, para aprender uma pouco da dinâmica do campo e o manejo de uma propriedade rural. Ela passou a ter dedica-ção exclusiva aos negócios.

Hoje, lidar com os 355 hectares da fazenda ainda tem suas dificuldades. Só que esses desafios são menores. “No começo tudo foi difícil. Mas o mais difícil foi entender os tempos do campo, o ano agrícola: você preparar agora para plantar depois. Algumas vezes tive que refazer o trabalho porque não fiz na hora certa. Eu não pude plantar porque eu não preparei a terra a tempo. Tudo foi difícil e foi um apren-dizado novo. Embora eu tivesse conhecimento dos termos e

o vocabulário rural não fosse estranho para mim, a ativida-de rural era desconhecida”, lembra Maria de Lourdes.

Na propriedade voltada para pecuária de leite, com as mudanças atuais de gestão, o foco atual é na infraestrutura, investindo no rebanho e na pastagem, para depois investi-rem em produção. O plantel atualmente tem 250 animais, entre vacas, novilhas e bezerros de leite. Não fazem a re-cria de machos, pois, depois do desmame, os mesmos são vendidos. Três touros compõem o rebanho, para o perío-do de monta natural. Maria de Lourdes informa que estão trabalhando na base da fazenda, as primeiras 40 novilhas feitas na propriedade estão emprenhando agora e, para os próximos anos, as perspectivas são de um volume maior de leite. Hoje, a propriedade tem a média anual de 250 litros/dia, com uma ordenha diária.

Nossa personagem que no início dependia dos emprega-dos e da ajuda de amigos sobre a rotina de uma fazenda e as necessidades do negócio, hoje acredita que está no caminho certo. “Eu tenho fé que se fizer direito dá certo. Fazenda hoje tem que ser encarada como uma empresa de agrone-gócio. Você tem que estar atenta a tudo, desde saber com-prar, vender, usar e fazer produzir. Eu tenho que saber lidar muito bem com essas variáveis dentro da fazenda. Porque se você não souber trabalhar o tempo da fazenda e não tiver atenta ao custo de produção, é difícil ter lucro e sair do ver-melho”, frisa. Maria de Lourdes aponta que não se sente em condições de se colocar como uma boa profissional e acha que ainda tem quilômetros para andar. Entretanto, nesses cinco anos de conhecimento na atividade, ela aconselha: “da minha experiência o que eu posso dizer é o seguinte: não fazer nada sem assistência técnica, estar sempre pro-curando quem sabe mais para te orientar, estar aberto às novas tecnologias e acompanhar o serviço de perto porque eu acho que faz grande diferença quando você está envolvi-do no processo. Ressalto ainda que o setor precisa ser mais unido: juntos teríamos um maior poder de negociação, po-deríamos obter mais vantagens para o setor. O agronegócio é uma das maiores forças econômicas do país e me parece que nós produtores não temos consciência disto”.

Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, ela manda uma mensagem àquelas que estão envolvidas com o campo, seja por escolha ou por obra do destino. “Com aquelas que estão começando ou vão começar, eu digo para não terem medo porque a gente é capaz. Mesmo que o mun-do rural seja completamente desconhecido, que você se sin-ta fora da casinha, não há nada que com metas, persistência e coragem você não alcance. Com as que estão no mercado há muito tempo, eu quero aprender. Eu gostaria que elas me ensinassem. Eu tenho muito a aprender com muitas delas”, finaliza.

parabéns as mulheres que fazem do campo o seu

espaço e contribuem para o agronegócio

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31 MAR / ABR 13

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chuvas no mês de marçoruibran dos reis

professor da pUc minasdiretor regional da climatempo – minas Gerais

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Historicamente as chuvas no mês de março sempre fi-cam em torno da média. Dificilmente se observa nos dados históricos de chuvas do mês de março um que apresente valor baixo. No ano passado houve um forte veranico, se-quência de dias sem chuvas, entre os meses de janeiro e fevereiro, e as chuvas ocorridas no mês de março ficaram abaixo do valor previsto.

Neste ano, ainda devido a atuação do fenômeno El Niño, as chuvas do mês de março não ocorreram durante uma se-quência de dias seguidos, os temporais de final de tarde marcaram a segunda quinzena do mês.

O fenômeno El Niño começa a dar sinais de enfraqueci-mento nos últimos dois meses, o que significa que as tem-peraturas nas regiões nordeste e leste do estado de Minas Gerais deverão ficar em torno da média. Como a porcen-tagem de água disponível no solo está baixa para a época do ano, e dificilmente deverá chegar num valor normal, há uma probabilidade maior de ocorrência de focos começar mais cedo neste ano.

Devido ao aquecimento global, a estação chuvosa nos últimos anos não tem sido bem definida, as chuvas estão normamalmente concentrada em poucos meses.

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32MAR / ABR 13

Fato comum entre as pessoas não habituadas às definições utilizadas na pecuária é o questionamento sobre a pesagem do boi: por que o uso da arroba e não do quilograma? Se temos um sistema métrico padrão,

o mais utilizado no mundo, por que recorrer à outros padrões? A questão é basicamente histórica e cultural.

Na idade média os livros eram escritos à mão, por pro-fissionais chamados copistas. Esses profissionais costu-mavam simplificar o trabalho, pois na época, tinta e papel eram artigos de luxo, não podiam ser usados a esmo.

Símbolos de entrelaçamento entre duas letras eram co-muns. Não para poupar esforços ou tempo, mas para econo-mia de recursos. Veio então à arroba, junção das letras do termo em latim “ad”. Dessa forma surgiram algumas acen-tuações, abreviações e até os símbolos. Foram os copistas, veio à imprensa, papel e tinta viraram coisa banal e os sím-bolos e acentuações continuaram corriqueiros.

Em livros contábeis, registros de mercadorias eram feitos e a arroba ficava entre eles. Aparecia, por exemplo, entre unidades de mercadoria e preços. Para os ingleses, 10@£3 significava “10 unidades ao preço de 3 libras cada uma”. Outras nações desconheciam o sentido da terminolo-gia, mas imitavam práticas comerciais alheias.

Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis com a definição que se conhece hoje. Arroba veio do ára-be ar-ruba, que significa “a quarta parte”. Uma arroba, 14,68kg, correspondia a um quarto de outra medida de ori-gem árabe, o quintar, cuja medida equivale a 58,75kg.

Assim os hábitos tornaram-se constantes e o uso de ter-mos, símbolos e gramática iam sendo passados adiante,

chegando ao conhecimento contemporâneo. Seu uso trivial fez com que a arroba fosse incluída na máquina de escre-ver, sobrevivendo nos teclados de computadores. A medida árabe foi arredondada e hoje utilizamos a arroba corriquei-ramente como medida padrão quando se fala em pesagem de bovinos. No Brasil a arroba corresponde a 15kg.

Surge o sistema métrico, dando padrões oficiais de uni-dades de peso e de medida, que são atualmente utilizados em larga escala. O sistema fez com que outras unidades de medida perdessem parte da função, porém, não deixaram de existir. Mais confusão é gerada quando se diz que a arroba, na verdade, é utilizada quando se considera a carcaça do animal, utilizando o quilograma para peso vivo, apenas.

Na pecuária consideramos o peso da carcaça e não do animal inteiro. A carcaça corresponde apenas à carne e osso, descartando, assim, outras partes como vísceras, couro e sebo. O rendimento de carcaça depende da taxa de gordura, sexo e raça, mas para facilitar, consideremos um rendimento médio 50%.

Então, um boi vivo de 540 kg equivale a 18 arrobas, e não a 36, pois 50% de seu peso já foi automaticamente descartado e está sendo considerada apenas a carcaça. Essas definições são utilizadas em praticamente todo o Brasil há muito tempo, o que fez com que seu uso fosse consagrado, de maneira que qualquer esforço para mudar uma questão cultural se torna inútil nesse caso. Resta-nos acatar o uso e nos familiarizarmos com os termos.

*Colaborou Maísa Vicentin, graduanda em Engenharia Agronômica e trainee da Scot Consultoria

por que o uso da arroba na pecuária?m

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por Gustavo AguiarZootecnista

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33 MAR / ABR 13

O pico de produção de leite nesta temporada foi registrado em dezembro de 2012. De lá para cá, a oferta está diminuindo nas prin-cipais bacias leiteiras. Segundo o Índice Scot de Captação de Lei-te, considerando a média nacional, em janeiro, a produção diminuiu 2,4%, frente a dezembro do ano passado.

Em fevereiro, os dados parciais apontam para recuo de 3,3% em relação a janeiro. A concorrência entre os laticínios deu sustentação ao mercado. No pagamento de fevereiro, referente ao leite entregue em janeiro, o preço ao produtor subiu. Considerando a média nacio-nal, o produtor recebeu R$ 0,841/l, uma alta de 1,4% em relação ao pagamento anterior. Veja a Figura 1.

Figura 1. Preço do leite ao produtor, média nacional - em R$/litro.

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

O preço subiu também no mercado spot e no mercado atacadis-

ta de lácteos. Além da queda na captação, o fim das férias marca a retomada da demanda por lácteos e dá sustentação às cotações. Para o pagamento de março, 56,0% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria acreditam em manutenção dos preços e 26,0% acreditam em alta.

O cenário é altista em curto e médio prazos. Outros fatores devem contribuir para o desenho desse quadro, como por exemplo, as recen-tes altas dos preços dos lácteos no mercado internacional.

No leilão da Fonterra, realizado em 5 de março, o preço médio, considerando todos os produtos lácteos negociados, subiu 10,4%, fe-chando em US$4.216,00 por tonelada. Foi à sexta alta consecutiva. O preço do leite em pó integral foi o que mais subiu. Uma alta de 18,0% em relação ao leilão anterior. O preço médio ficou em US$4.298,00 por tonelada.

As altas estão fundamentadas na seca que aflige a Nova Zelândia, cuja consequência foi à queda da produção de leite e derivados do país. A Nova Zelândia é a maior exportadora mundial. Em algumas regiões da Nova Zelândia, a produção caiu entre 15,0% e 20,0% em fevereiro, segundo informações do governo neozelandês.

considEraçõEs finaisA perspectiva é que com a captação de leite em queda o mercado

ganhe força. A alta de preços dos lácteos no mercado internacional deve impactar negativamente nas importações de lácteos feitas pelo Brasil, o que é favorável para o mercado interno. Do lado das expor-tações brasileiras, não são esperadas mudanças significativas em cur-to e médio prazos. Apesar da recuperação dos preços lá fora, questões como o câmbio e mercado restrito inibem os embarques brasileiros. Caso a situação na Oceania se agrave e se estenda, o Brasil poderá exportar mais, como foi em 2007 e 2008.

rafael ribeiro de lima Filho - Zootecnistapaola Jurca Grígolli - engenheira Agrônoma

Scot consultoria

panorama no primeiro trimestre de 2013 e perspectivas

O clima tem sido favorável ao bom desenvolvimento da cafeicultura nas regiões das Matas de Minas e Montanhas do Espírito Santo. Neste momen-to, com mercado em baixa e poucas sinalizações de recuperação nos preços, preocupam os agricultores para o início das atividades de colheita.

As lavouras de nossa região tiveram um bom desenvolvimento vegetati-vo e produtivo nesta atual safra, o que pode levar a uma excelente produção para este ano. As chuvas não foram em excesso, porém permitiram a realiza-ção dos tratos culturais no momento certo que geralmente é um grande desa-fio para as regiões de montanhas. As duas últimas safras, neste momento, a expectativa de preços das commodities eram mais favoráveis que os preços atuais o que levavam a um maior otimismo para iniciarmos o período de colheita. Este ano o cenário é inverso, os preços estáveis em patamares bem abaixo dos últimos anos e a preços que possam remunerar os investimentos realizados no setor. Os altos preços praticados nos últimos anos no café Ará-bica pela expectativa de falta, a crise nos grandes mercados consumidores

que são EUA e Europa, o avanço da tecnologia dos Robustas, contribuíram para uma maior participação do Conilon nos blends pela indústria torrefado-ra ao longo do mundo. Os preços praticados pelos dois cafés estão bastante próximos no mercado o que levam a cenários opostos neste momento de pré-colheita.

O mercado mostra que apenas parte da última safra foi comercializada, mas sempre é prudente saber o quanto custa o seu café e quando o mercado mostrar sinais de alta realizar um pouco de comercialização para compor um valor médio de receita mais elevado.

Arábica e robusta realidades diferentes no pré-colheitaWaldir Francese Filho

Superintendente comercial coocafé

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Cotação Março/13Arábica - Duro tipo 6 – R$ 290,00

Cereja Descascado Fino – R$ 315,00Rio tipo 7 – R$ 275,00

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34MAR / ABR 13

Boi Gordo (r$/@)

Fonte: Beefpoint

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r$ 99,19

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r$ 99,51Fonte: Beefpoint

vEncimEnto ajUstE (r$/@) var. (r$)

Abr/13

mai/13

Jun/13

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(r$/l)cotaçõEs do lEitE crUprEços paGos ao prodUtor

prEços do lEitE

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Fonte: cepea - esalq/USp

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0,19

0,25

mErcado fUtUro (Bm&fBovEspa)

Fev/13 0,8925 0,8254 0,9103 0,8839 0,9050 0,8274 0,8639

mar/12 0,8640 0,8427 0,8742 0,8304 0,8880 0,7624 0,8206

Abr/12 0,8828 0,8502 0,8874 0,8338 0,9122 0,7760 0,8218

mai/12 0,8916 0,8519 0,8956 0,8347 0,9169 0,8475 0,8191

Jun/12 0,8679 0,8333 0,8738 0,8247 0,8723 0,8573 0,8028

Jul/12 0,8606 0,8190 0,8702 0,8331 0,8570 0,8627 0,7917

Ago/12 0,8719 0,8099 0,8884 0,8373 0,8628 0,8596 0,8137

Set/12 0,8896 0,8147 0,9047 0,8450 0,8947 0,8586 0,8297

Nov/12 0,9089 0,8312 0,9238 0,8745 0,9451 0,8809 0,8602

Out/12 0,8960 0,8210 0,9138 0,8618 0,9244 0,8719 0,8430

dez/12 0,8992 0,8275 0,9261 0,8929 0,9282 0,8426 0,8725

Jan/13 0,9050 0,8364 0,9035 0,8972 0,9223 0,8918 0,8772

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35 MAR / ABR 13

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Aprenda a cuidar de canteiros de arbustos e flores

Uma ótima saída para pessoas que querem ter em casa um jardim com flores, mas não têm muito espaço e tempo, é fazer um canteiro de flores e arbustos. Ao

contrário do que se imagina, os canteiros de flores e, em especial, os canteiros de arbustos são muito fáceis de man-ter. Tomados alguns cuidados, como a escolha certa das plantas para determinada localização, a prática de plantar e cultivar é muito simples, além de prazerosa. Aqui seguem algumas dicas dadas pela Gardena, empresa alemã especia-lizada em jardinagem e paisagismo.

o que fazer para que as flores floresçam ain-da melhor no verão?

O mais importante para que as flores tenham uma vida mais longa é o fornecimento de água adequado para elas. Sempre remova as plantas mortas do canteiro. Plante os espaços abertos com ervas aromáticas altas, relva e arbus-tos, por exemplo, para transitar de uma atmosfera de fim de verão para um ambiente outonal. É preciso remover regu-larmente os rebentos secos, especialmente quando se trata de rosas de canteiro e arbustos de rosas. Os rebentos secos devem ser cortados juntamente com as duas folhas que se encontram abaixo deles.

como tornar a rega mais fácil?Os arbustos crescem em ambientes naturais úmidos ou

muito secos. No jardim, isto significa que se forem escolhi-dos os arbustos certos para o canteiro, eles poderão crescer quase sem rega, exceto durante situações climáticas excep-cionais, momento em que as plantas precisarão de alguma atenção.

Para reduzir o esforço de rega, cubra os canteiros de plantas com compostos de casca ou cascalho. “Além dis-so, um sistema de irrigação automático poderá ser a forma adequada de reduzir o esforço envolvido”, explica Graziela Lourensoni, gerente de Marketing e Produtos da Gardena.

O melhor período para regar é no início da manhã, ou

no início da noite. Mas não regue muito tarde da noite, pois é indicado que as plantas não iniciem a noite completa-mente molhadas, o que poderá promover o aparecimento de fungos. Uma regra geral na irrigação é a importância de não molhar completamente as folhas e, especialmente, as flores por essa mesma razão. Durante o dia, as plantas só deverão ser regadas em casos de emergência e deverá ser utilizada água morna.

Quantidades de água: Mais água com menos frequên-cia é melhor do que menos água com mais frequência. Re-gue bem e de um modo direcionado, mais especificamente, utilize cerca de dez litros de água por metro quadrado.

É necessário cortar os arbustos?Não há necessidade de aparar arbustos só pelo simples

prazer de aparar um jardim. Para evitar a formação de se-mentes e a semeadura espontânea, retire as flores cortan-do-as. Você pode intensificar o crescimento de delfínios, acónitos, salva, erva-dos-gatos e margaridas retirando os ramos floridos na fase inicial, para que assim eles possam regenerar-se e florir novamente.

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retirado do site ciclo vivo – plantando Notícias

http://www.ciclovivo.com.br

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36MAR / ABR 13

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O milho é uma das fontes de carboidratos mais con-sumidas em todo o mundo, sendo a cultura que passou pelo mais longo processo de melhoramento genético, e também o cultivo mais estudado em toda a história da humanidade. O milho verde possui uma série de

peculiaridades que devem ser levadas em conta para a sua produção, e que detalharemos melhor ao longo deste artigo.

O milho verde é o milho consumido “in natura”, sen-do também utilizado pela indústria de milho em conserva e para a produção de pamonha, curau, suco, sorvete, etc. Quando comparado ao milho grão, o milho verde possui um maior teor de açúcares e menor teor de amido, por ser colhido mais cedo.

No Brasil a produção de milho verde é feita principal-mente em pequenas propriedades, pois os bons preços de mercado e a necessidade do fornecimento constante ao mer-cado consumidor favorecem a sobrevivência dos pequenos e médios produtores. Lavouras irrigadas possibilitam o su-primento do mercado mesmo nos meses mais secos.

O ciclo do milho varia de acordo com a temperatura, nos meses mais frios, o tempo entre o plantio e a colheita gira em torno dos 140 dias, enquanto nos meses mais quen-tes a colheita é mais precoce, ocorrendo em torno dos 90 dias após o plantio. Já para o milho grão, o ciclo é maior até a colheita, pois se colhe somente quando o grão atinge a maturidade fisiológica.

Podemos plantar o milho verde em várias épocas do ano (escalonamento da produção), pois o abastecimento do mercado deve ser constante devido à impossibilidade da estocagem do produto. O milho verde costuma atingir melhores preços de mercado, se comparado ao milho grão, principalmente de junho a setembro, tornando-se alternati-va viável para pequenos e médios agricultores, pois, além de possibilitar maior retorno de capital, este se dá em me-nor período de tempo. O rendimento financeiro de 01 hec-tare de milho verde é em torno de R$ 11.000,00 enquanto o de milho grão é de R$ 8.400,00.

formas de plantioO plantio do milho pode ser feito em sistema conven-

cional ou em plantio direto, de forma mecanizada, manual ou com matraca, semeando-se de 3 a 5 cm de profundidade. A densidade de plantio, ou seja, o número de plantas por hectare é um fator importantíssimo a ser considerado na

produção do milho verde. Plantios mal dimensionados po-dem gerar baixa produtividade ou espigas pequenas demais, sendo que as densidades geralmente variam entre 30.000 a 70.000 plantas por hectare, com espaçamento variando de 1 a 0,8m entre linhas de plantio.

adubaçãoAs recomendações de adubação para a produção de mi-

lho verde são geralmente as mesmas que para a de milho grão. Antes de tudo, devemos realizar a amostragem do solo, enviando-as para análise em laboratório especializa-do. Se for constatada a necessidade de corrigirmos a acidez do solo, fazemos a calagem do solo, com a aplicação de calcário. Além da correção da acidez, devemos também re-alizar a adubação, que geralmente é feita em 2 etapas: no plantio e cerca de 30 dias após a emergência das plantas (adubação de cobertura). Os principais nutrientes a serem aplicados são os macronutrientes: nitrogênio, fósforo e po-tássio.

colheitaDevemos colher o milho verde quando ele se encontra

no estágio de maturação chamado de “grãos leitosos”, pois apresentam aspecto leitoso quando espremidos. Nesta fase, os grãos possuem de 70 a 80% de umidade, ou seja, ocorre antes do ponto ideal para a ensilagem (63 a 67% de umi-dade) destinada à alimentação animal. O ponto de milho verde dura de 4 a 5 dias, sendo que após esse período, o milho já será considerado “passado”. A colheita pode ser realizada de forma manual ou mecanizada.

cultivo do milho verdeKelyene Sued leite rabelo

engª Agrª - extensionista Agropecuáriaesloc Frei Inocêncio - emater-mG

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37 MAR / ABR 13

ImA

marcelo de Aquino Brito limaFiscal estadual Agropecuário – ImA

coordenadoria regional de Gov. valadares

O nematóide Meloidogyne ssp. É uma das principais pragas do cafeeiro. Também é conhecido como nematóide das galhas. Os meios de disseminação são mudas infecta-das, água de irrigação, enxurradas, animais, homem e im-plementos agrícolas infestados.

As fêmeas colocam os ovos externamente às raízes pa-rasitadas, de onde saem às larvas que penetram as raízes de mudas e plantas sadias. Causa perda de vigor da planta e produtividade. As principais plantas hospedeiras do nema-tóide são café, hortaliças, daninhas e ornamentais.

sintomasNas raízes da planta parasitada são observadas galhas,

rachaduras e redução do sistema radicular. Na parte aérea do cafeeiro infectado observa-se amarelecimento, seca e queda de folhas, o que pode levar a planta à morte.

controleComo medida de controle deve-se evitar a introdução da

praga nas áreas de plantio através do uso de mudas livres do nematóide;

Implementar a Certificação Fitossanitária de Origem (CFO/CFOC);

Ao adquirir mudas de café, sempre exigir a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV). Também é obrigatório um lau-do laboratorial no qual conste que as mudas estão isentas de nematóides do gênero Meloidogyne spp.

O nematóide das Galhas pode causar perdas de até 20% na produção e ataca cafeeiros de qualquer idade.

Em Minas Gerais, as mudas de café devem transitar com a Permissão de Transito Vegetal (PTV) e são fiscalizadas pelo Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA de acordo com as legislações federal e estadual.

Nematóide das Galhas do cafeeiro

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38MAR / ABR 13

AdAB

introduçãoO tabaco é atualmente a mais importante cultura agrí-

cola não alimentícia do mundo. O Brasil, é o 20º maior produtor mundial de tabaco. Em média 85% do tabaco produzido no Brasil são destinados à exportação. A Bahia é o 1º produtor de tabaco para charuto e o 2º parque fumí-cola do nordeste, empregando aproximadamente 12.500 trabalhadores no estado, entre funcionários diretos e pro-dutores da agricultura familiar. Estima-se que, para cada produtor, mais 3 pessoas da família sejam beneficiadas com o plantio de tabaco.

Dentre as pragas que atacam a cultura, destaca-se o mofo azul (Peronospora tabacina) (Fig. 01), que além dos danos diretos ocasionados, com perdas de até 100% na produção, constitue-se em uma praga de exportação, limi-tando em alguns casos a exportação do tabaco para alguns países a exemplo da China.

Figura 01: Sintomas e sinais de Peronospora tabacina

objetivosCriado em 2009, o Projeto Fitossanitário do Mofo

azul do Tabaco, surgiu para atender demandas crescen-tes de mercados, que cada vez mais exigem qualidade dos produtos, associados a sustentabilidade do agronegócio, tendo como objetivo principal comprovar a ausência de Peronospora tabacina nas áreas de produção de tabaco, subsidiando assim a Caracterização do Estado da Bahia como área livre da praga MOFO AZUL DO TABACO – Peronospora tabacina.

material e métodosO presente trabalho foi realizado nos anos de 2009 e

2010 e dividido em três etapas: 1.Treinamento de técnicos para identificação do Mofo Azul, 2. Inspeções em campo e 3. Coleta e envio de amostras. No ano de 2009 foram avaliadas 260 áreas de produção de tabaco e em 2010 avaliadas 126 áreas, perfazendo um total de 386 áreas inspecionadas; também foram coletadas 44 amostras para

análise nos dois períodos.A escolha das propriedades para a realização das Ins-

peções fitossanitárias, seguiram os seguintes parâmetros: histórico de cada região produtora; quantitativo de produ-tores; área cultivada com tabaco e distribuição espacial dos produtores. Foram aplicados Inquéritos Fitossani-tários, em 10% do quantitativo de propriedades existen-tes, em áreas previamente selecionadas, e realizado o georreferenciamento. As inspeções ocorreram em todas as linhas do plantio das áreas selecionadas e em caso de suspeita de sintomas de P. tabacina, procedeu-se a coleta de amostras, encaminhadas a laboratório credenciado pelo MAPA.

resultados e discussãoNas inspeções realizadas não foram verificados sinto-

mas de P. tabacina em campo e todas as amostras coleta-das e analisadas deram resultados negativos para P. taba-cina. Estes resultados credenciaram o Estado da Bahia a receber em 2010 o certificado de área livre de Mofo Azul do Tabaco, do Ministério da Agricultura, através da Ins-trução normativa IN 031 de 18/11/2010. A caracterização do Estado da Bahia como Área Livre da Praga (ALP) P. tabacina, consolida a qualidade do tabaco produzido no estado, agrega importante valor fitossanitário e consis-te em condição fundamental para exportação do tabaco, principalmente para a China e também para outros mer-cados.

conclusões

• Não foram encontrados sintomas ou estruturas de Pe-ronospora tabacina nos plantios de Tabaco do Estado da Bahia, comprovando assim a ausência da referida praga;

• A Bahia é o único Estado da Federação a possuir o Status de Área Livre da Praga (ALP) Peronospora taba-cina, agregando com isso, importante Valor Fitossanitário ao Tabaco Baiano;

• A ADAB garante a qualidade Fitossanitária do taba-co produzido no Estado da Bahia, e credencia o produto para competir e ingressar nos mercados nacionais e inter-nacionais mais exigentes.

tÔrreS, c. N.¹; vIdAl, c. A²; melO JUNIOr, A. S³.1.2.3. AdAB – Agência estadual de defesa Agropecuária da Bahia.

e-mail: [email protected]

caracterização do estado da Bahia como área livre do mofo Azul (peronospora tabacina)

do tabaco (Nicotiana tabaco)

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Page 39: 27ª Edição - Março / Abril 2013

39 MAR / ABR 13

a doençaO maracujazeiro (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Dene-

ger) é uma planta de expressiva importância econômica para o Estado do Espírito Santo, que é um grande produtor da fruta no Brasil. A cadeia do agronegócio maracujá é um importante instrumento de promoção do desenvolvimento regional e da sus-tentabilidade da produção agrícola no Estado.

Em outubro de 2006, a virose do endurecimento dos frutos do maracujazeiro foi diagnosticada nas lavouras no município de Sooretama. Hoje, a doença está instalada em todo Estado do Espírito Santo, principalmente nos municípios da região norte capixaba (Aracruz, Linhares, Sooretama, Jaguaré, São Mateus, Conceição da Barra, Pinheiros, Boa Esperança e Pedro Canário).

A doença é causada pelos vírus Passionfruit woodiness virus (PWV) e Cowpea aphid-borne virus (CABMV), que reduzem drasticamente a produtividade da lavoura, causando perdas de até 60% na produção, dependendo da época em que as plantas são infectadas. Os principais danos são a redução do volume de polpa, e principalmente da qualidade visual da fruta, que inter-fere negativamente na comercialização, inviabilizando-a para o mercado de mesa e indústria.

sintomas da doençaOs sintomas da doença aparecem principalmente nas folhas

e nos frutos, mas as plantas infectadas pelos vírus também apre-sentam o crescimento reduzido.

nas folhasO sintoma inicial da doença é um mosaico nas folhas novas,

observando-se as tonalidades de coloração verde-clara alternada com verde escuro, podendo ainda ocorrer o encarquilhamento, a bolhosidade, o enrolamento e o clareamento de nervuras.

nos frutosA doença em frutos, no início do seu desenvolvimento, com-

promete o crescimento desses, causando redução do tamanho com consequente redução do volume da polpa.

O sintoma visual de mosaico em frutos provenientes de plan-tas com a virose é caracterizado por tonalidades de coloração verde-clara alternada com verde-escura, como também pela pre-sença de rugosidade na casca. O engrossamento do mesocarpo, região esbranquiçada abaixo da casca, pode ser observado com frequência em frutos doentes.

como a doença é disseminadaA principal forma de disseminação da doença se dá por meio

de afídeos (pulgões) que, durante a picada de prova de alimen-tação, transmitem o vírus. Outra forma de disseminação, tão importante quanto o vetor, é por meio de mudas contaminadas, principalmente mudas assintomáticas (sem apresentar sintomas visíveis). A transmissão do vírus por meio de ferramentas utili-

zadas nos tratos culturais (desbrota de ramos) também é possí-vel.

A trapoeraba, planta daninha presente na região produtora de maracujá, serve de abrigo e local de multiplicação do vetor, enquanto o maracujazeiro é hospedeiro do vírus.

manejo da doença

Durante a produção de mudas: no viveiro• Registrar os viveiros no Ministério da Agricultura, Abaste-

cimento e Pecuária.• Instalar o viveiro distante das áreas de produção e protegê-

-lo com tela antiafídica, para evitar a entrada dos afídeos (pul-gões).

• A área telada do viveiro deve, preferencialmente, ser pro-tegida com cerca viva.

• Monitorar constantemente o viveiro e eliminar imediata-mente as plantas com sintomas da doença.

• Eliminar, ao redor do viveiro, as plantas que possam ser hospedeiras dos pulgões e dos vírus.

• Realizar a indexação das mudas, através de análise fitopa-tológica, para comprovar a sanidade das plantas.

nas áreas de plantio• Não permitir áreas de plantio de maracujá abandonadas na

região produtora, procedendo-se à erradicação dos plantios ve-lhos e improdutivos.

• Só realizar o plantio com mudas comprovadamente sadias e certificadas (exigir o Certificado Fitossanitário de Origem - CFO).

• Fazer o monitoramento semanal da lavoura.• Eliminar plantas com sintomas iniciais da virose (roguing).• Eliminar trapoeraba e outras plantas hospedeiras dos pul-

gões.• Desinfetar, com água sanitária as ferramentas que serão

utilizadas nos tratos culturais.• Não consorciar o maracujazeiro com culturas que hospede

o pulgão.

manejo culturalNas regiões produtoras de maracujá onde a doença ocorre

com alta incidência e severidade, recomenda-se uniformizar a época de plantio das lavouras, sendo o mês de julho o mais in-dicado para o Estado do Espírito Santo, bem como conduzir as plantas com os tratos culturais adequados (redução de espaça-mento, adubação, irrigação, polinização contínua) com redução do ciclo da cultura para um sistema anual de cultivo.

Em caso de dúvida, procure um técnico do Incaper ou do IDAF do seu município

INcA

per enilton Nascimento Santana¹; marlon vagner valentim

martins²;Hélcio costa¹; José Aires ventura¹; Adelaide de Fátima Santana da costa¹; Inorbert de melo lima²

¹ engº Agrº - d.Sc. Fitopatologia - pesquisador Incaper; ² eng Agrº - d.Sc. produção vegetal - pesquisador do Incaper

reprodução autorizada pelo Instituto capixaba de pesquisa, Assistência técnica e extensão rural (Incaper)

vírus do endurecimento dos frutos do maracujazeiro no estado do espírito Santo

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UO secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

de Minas Gerais, Elmiro Nascimento, empossou no dia 28 de fevereiro, o novo presidente da Empresa Técnica e de Ex-tensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), José Ricardo Ramos Roseno. A solenidade, realizada na sede do órgão, contou com a presença de diversas autoridades, entre parlamentares, secretários de Estado, prefeitos de várias regi-ões de Minas, vereadores, representantes de órgãos públicos e entidades de classe, além de gerentes das unidades regionais da Emater-MG e funcionários da empresa.

Em seu discurso de posse, o novo presidente ressaltou que a sua gestão será baseada na qualidade dos serviços de exten-são rural e na geração de resultados concretos para a socie-dade, em especial para os agricultores familiares. “Também estaremos focados no fortalecimento das principais cadeias produtivas agropecuárias de Minas”, acrescentou. José Ricar-do Roseno é engenheiro agrônomo, graduado pela Universida-

de Federal Rural do Rio de Janei-ro. Possui pós--graduação pela Fundação Getúlio Vargas e cursou Gerenciamento Integrado de Re-cursos Hídricos no Instituto das Águas da Unes-co. Funcionário da Emater-MG desde 1995, atuou como gerente de unidades regionais, coordenador de programas estaduais voltados para a preservação ambiental e desempenhou o cargo de diretor Técnico da Empresa entre 2007 e 2011. (Fonte: ASCOM SEAPA)

Mais de 400 pessoas, sendo 202 cooperados ativos em condição de votar, participaram no dia 4 de fevereiro da Assembleia Geral Ordinária da Cooperativa. No evento foram apresentadas as Demonstrações Financeiras dos exercícios findos em 31 de dezembro de 2012 e 2011, após as contas serem aprovadas houve também a apro-vação da proposta de distribuição das sobras e eleição do conselho fiscal.

A cooperativa contabilizou um faturamento anu-al de R$ 94.736.124,00. As sobras distribuídas foram de R$ 3.937.915.00 sendo que R$ 1.828.956,00 foram distribuídos em forma de bônus fidelidade e ração e R$ 2.108.959,00 em pagamento e incorporação ao capital. Assim, a Cooperativa fechou o ano com um patrimônio líquido de R$ 46.822.433,00.

No dia 25 de maio a Cooperativa vai realizar o 14º Lei-lão de Vacas e Novilhas Leiteiras, evento tradicional e que movimenta o agronegócio da região, atraindo mais de mil pessoas ao Tattersal de Leilões do Parque de Exposições José Tavares Pereira, a partir das 15h.

Os animais que participam do leilão são sempre de ex-celência na produção leiteira. “Temos um empenho muito grande na realização do nosso Leilão, os produtores de lei-te da região já esperam por ele e isso exige muito profissio-nalismo na qualidade do gado que disponibilizamos para o mercado”, explica Pedro Francisco Repossi Júnior, gerente do Departamento de Campo da Cooperativa. (Fonte: Julia-na Rangel / Óbvio Comunicação Integrada)

Secretário de Agricultura empossa novo presidente da emater

Assembleia Geral da cooperativa aprovou resultados de 2012

em busca de mais resultados

Pres. da Emater José Ricardo Roseno

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No encerramento das comemorações do aniversário de 50 anos da cidade de Marilac (MG) e da Paróquia Santa Luiza de Marilac, aconteceu no domingo, dia 17 de março, a 10ª Cavalgada em honra à padroeira do município. A caval-gada, que começou às 10h30, proporcionou aos participantes o tra-dicional café da ma-nhã; na parada em uma propriedade a 12 km do centro da cidade, os ca-valeiros puderam des-frutar de um churrasco e caldos. Para finalizar, ao final da tarde, os participantes da festa se deliciaram com três bois e dois porcos no rolete.

De acordo com a Comissão Organizadora da Cavalgada, mais de 1200 pessoas participaram da festa comprando as ca-

misas, sendo que des-tas, cerca 700 eram de cavaleiros e amazonas. “A cavalgada deste ano superou a do ano passado. O encontro com os amigos, a fes-ta da igreja, conhecer pessoas novas e rever os companheiros de cavalgada, são os nos-sos objetivos. Para o

ano que vem, queremos melhorar 100% e, quem

sabe, trazermos o dobro de participantes deste ano”, enfatiza a comissão.

Antônio Andrade é natural de Patos de Minas, no centro--oeste mineiro. Ele já foi deputado estadual e estava no se-gundo mandato como deputado federal pelo PMDB. Forma-do em engenharia civil, o novo ministro também é produtor de leite. No discurso da posse, Dilma Rousseff agradeceu a dedicação de Mendes Ribeiro, que deixou o cargo no dia 15 de março. Logo depois da posse, o novo ministro falou sobre os problemas com o escoamento da safra e o abastecimento de milho para os criadores do Nordeste.

“Nós enfrentamos algumas dificuldades. Não tenho dú-vida de que o setor produtivo, a região mais produtora deste país, o Mato Grosso, está distanciado dos grandes centros de consumo, o que provoca uma dificuldade imensa no esco-amento da produção. O armazenamento é precário, há dis-tâncias do centro de consumo e também dos portos. É uma situação que devemos enfrentar”. (Fonte: Globo Rural)

No dia 13 de março, durante o 14° Simpósio Nacional do Agronegócio Café – Agrocafé 2013 -, João Bosco Ra-malho, diretor de Agricultura da Empresa Baiana de De-senvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri), presidiu a mesa de trabalho do evento, no Centro de Convenções do Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador, onde foi discutida a Assistência Técnica e Exten-são Rural (Ater), como um serviço gratuito direcionado aos agricultores familiares, para melhoria de sua produtividade e qualidade na produção.

O Agrocafé 2013 reuniu em torno de mil participantes de todos os segmentos da cadeia produtiva do agronegócio café, além de pesquisadores e estudantes. “É importante en-fatizarmos a participação da EBDA, com sua assistência téc-nica em todo o estado, principalmente na Cadeia Produtiva do Café, de grande importância para a economia nacional”, enfatizou o diretor. (Fonte: EBDA/Assimp)

Antônio Andrade, do pmdB, assume o ministério da Agricultura

Agrocafé 2013 reúne produtores e assistência técnica rural em Salvador

10ª cavalgada de Santa luiza de marilac

Figura 1: Visitantes e funciários da Cooperariva Agropecuária Figura 2: Comissão Organizadora

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Ator ta de bacalhau

ingredientes• 300 g de biscoitos cream cracker tri-turados• 150 g de margarina• 4 colheres (sopa) de azeite• 1 cebola média picada• 1 dente de alho picado• 1 pimentão vermelho cortado em cubi-nhos• 1 pimentão amarelo cortado em cubi-nhos• 1/4 de xícara (chá) de azeitonas pretas picadas• 350 g de bacalhau dessalgado, afer-ventado e desfiado• 1/2 xícara (chá) de salsinha picada• Pimenta dedo-de-moça picadinha a gosto

• 1 xícara (chá) de leite• 2 colheres (sopa) de farinha de trigo• 50 g de queijo parmesão ralado

modo de preparoPara a massa, misture os biscoitos e

a margarina até formar uma farofa úmi-da. Forre, com a massa, o fundo e as laterais de uma forma de fundo removí-vel, pressionando bem com uma colher. Leve a forma ao forno, preaquecido a 180 ºC. Deixe assar durante 5 minutos e reserve.

Para o recheio, numa panela, aqueça o azeite e doure a cebola e o alho. De-pois, acrescente os pimentões, a azei-tona, o bacalhau desfiado, a salsinha, a pimenta e refogue durante 2 minutos, envolvendo bem todos os ingredientes.

Dissolva a farinha de trigo no leite, junte ao refogado e mexa levemente até engrossar. Deixe esfriar e recheie a torta. Polvilhe o queijo ralado e leve ao forno preaquecido durante 15 minutos. Sirva quente ou fria.

Dica: mesmo no dia seguinte, esta torta fica uma delícia. Experimente.

Tipo de prato: Prato principalPreparo: Médio (de 30 a 45 minutos)Rendimento: 10 porçõesDificuldade: FácilCategoria: Torta salgada e quicheCalorias: 446 por porção

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conteúdo Anamariaretirado do site mdemulher

Envie a sua receita para a Revista [email protected]

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