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ANO LECTIVO 2011-2012

O cérebro Psicologia B – 12º A 06/10/11

SNC - O CÉREBRO

“O cérebro é um tear encantado onde milhões de lançadeiras fulgurantes (impulsos nervosos) tecem um padrão disperso, um

padrão sempre cheio de sentido e todavia nunca duradouro; uma harmonia de subpadrões em constante mutação.”

Sir Charles Sherrington

Constituído por cerca de um bilião de células, das quais cem mil milhões são neurónios interligados em rede, o

cérebro trata simultaneamente um número incalculável de informação. Se pensares que cada um dos neurónios

pode ter até 5000 sinapses, compreenderás que alguns psicofisiólogos considerem que o número de interligações

possíveis no cérebro é superior ao número total das partículas atómicas que compõem o Universo (Thompson, R.,

Introdução à Psicofisiologia, 1984).

É no cérebro que reside a memória, a aprendizagem, o pensamento, a linguagem, a criatividade; é no cérebro que

vemos, ouvimos, sentimos e cheiramos; é também no cérebro que o sono e o sonho habitam; é também aí que a

fome, a sede, a temperatura são controladas. Podemos, por isso, dizer que o cérebro contribui de forma decisiva

para o comportamento humano. (Na entrevista da página 107 são referidos alguns meios para estudar o cérebro.)

Estruturas e funções do cérebro

Geralmente divide-se o cérebro ou encéfalo em três estruturas, que se interligam funcionando de forma integrada e

unificada: o metencéfalo ou cérebro posterior, o mesencéfalo ou cérebro médio e o protencéfalo ou cérebro

anterior.

A cada uma destas estruturas correspondem diferentes componentes:

Cérebro posterior

bolbo raquidiano

cerebelo

protuberância

Cérebro médio formação reticular

Cérebro anterior

tálamo

hipotálamo

sistema límbico

cérebro

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O modelo que se segue representa as principais estruturas do sistema nervoso central.

À medida que for identificando as várias estruturas e respetivas funções, localize-as na figura:

Apresentamos em seguida algumas funções destas estruturas, dando particular atenção ao córtex cerebral,

tendo em conta o seu papel no comportamento humano.

Cérebro posterior

O cérebro posterior ou metencéfalo é constituído por bolbo raquidiano, cerebelo e protuberância. Vamos localizar e descrever

as principais funções destas estruturas.

Bolbo raquidiano

Os nervos que ligam a espinal medula ao cérebro passam pelo bolbo raquidiano. Esta estrutura, que, como podes observar na

figura, é um prolongamento da espinal medula, tem um papel importante na receção de informações que provêm da cabeça,

como a visão, a audição, o gosto… Comanda ainda funções vitais como o ritmo cardíaco, a respiração e a pressão arterial,

influenciando também o sono e a tosse.

Cerebelo

O cerebelo é constituído por dois hemisférios, que desempenham um importante papel na manutenção do equilíbrio e na

coordenação da atividade motora. Uma lesão no cerebelo provoca descoordenação motora, desequilíbrio e perda do tónus

muscular. Controlar os movimentos precisos que permitem atividades como jogar ping-pong, tocar violino e até cantar.

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Protuberância

A protuberância, como o nome indica, é uma saliência inclinada acima do bolbo raquidiano. É o local de passagem de fibras

nervosas que unem os diferentes níveis do sistema nervoso central. Desempenha também um papel importante no mecanismo

do sono.

Cérebro médio

O cérebro médio ou mesencéfalo é uma estrutura que liga o cérebro anterior ao cérebro posterior. É aqui que se situa o núcleo

da formação reticular: esta estrutura, formada por um conjunto de núcleos, desempenha um importante papel nas funções da

atenção, memória, sono e estado de alerta.

Investigações recentes vieram demonstrar que a formação reticular desempenha um papel importante na regulação das funções

cardíaca, pulmonar e intestinal, bem como na perceção da dor. Alguns dos seus núcleos têm influência na regulação

homeostática.

Cérebro anterior

O cérebro anterior ou protencéfalo é constituído pelo tálamo, hipotálamo, sistema límbico e córtex cerebral. Analisemos as

funções de cada uma destas estruturas.

Tálamo

O tálamo é constituído por substância cinzenta e está situado perto do centro do cérebro. É ao tálamo que chegam a maior parte

das informações visuais, auditivas e tácteis, retransmitindo-as para as respetivas áreas do córtex cerebral.

É pelo tálamo que passam as respostas do córtex cerebral que são enviadas para o cerebelo e para o bolbo raquidiano.

Sensações como a pressão e a temperatura extremas e a dor são processadas ao nível do tálamo.

Com outras estruturas nervosas, desempenha um papel importante na regulação do sono e do estado de alerta.

Hipotálamo

O hipotálamo1 é constituído por um pequeno grupo de núcleos que se encontram sob o tálamo. Está em ligação com a hipófise

e pesa cerca de quatro gramas. Desempenha um papel fundamental na regulação da temperatura do corpo, do sono, da vigília,

da fome, da sede, do impulso sexual. Controla ainda a circulação sanguínea. É sede de emoções como o medo e a cólera.

Atua sobre a hipófise, organizando os ajustamentos endócrinos que permitem uma resposta adequada a uma situação de

emergência.

Quando estudarmos a motivação aprofundaremos o estudo das funções do hipotálamo.

Sistema límbico

O sistema límbico2 é constituído, entre outras, pelas seguintes estruturas: o hipocampo, a amígdala e o

bolbo olfativo.

1 O hipotálamo aparece muitas vezes como fazendo parte do sistema límbico.

2 O termo “límbico” foi utilizado pela primeira vez por Paul Broca

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Este sistema tem um papel importante na experiência e

expressão da emoção, na motivação e nos

comportamentos agressivos. É, por isso, considerado o

cérebro das emoções. Na agressividade parece que

diferentes estruturas desempenham papéis opostos,

assegurando assim um equilíbrio dinâmico. A ablação da

amígdala desencadeou comportamentos dóceis em

macacos.

Será pela ação conjunta das estruturas do sistema límbico

com o sistema nervoso simpático que o organismo é

capaz de responder a situações de agressão com origem

no meio ambiente.

Analisaremos sucintamente a função de duas estruturas do sistema límbico: a amígdala e o hipocampo.

A amígdala, constituída por duas estruturas simétricas localizadas em cada hemisfério cerebral, tem um

papel importante nas manifestações de agressão e medo.

Investigações desenvolvidas pelo neurologista António Damásio vieram demonstrar a importância da

amígdala na perceção das emoções faciais, concretamente a expressão de medo.

Uma doente que apresentava graves lesões nas duas estruturas da amígdala dos dois hemisférios era

incapaz de reconhecer as emoções quando estas se misturavam numa única expressão facial.

Concretamente, não conseguia reconhecer a expressão do medo.

O hipocampo desempenha um importante papel na memória retendo as informações. É uma das zonas

mais afetadas pela doença de Alzheimer. Esta doença é uma forma de demência manifestada por vários

sintomas como: não reconhecimento das pessoas próximas; esquecimento do próprio nome; incapacidade

progressiva de realizar tarefas simples, etc.

O hipocampo e a amígdala têm funções complementares do ponto de vista emocional. Por exemplo, é o

hipocampo que te permite reconhecer a tua professora do 1.° ciclo, mas é a amígdala que acrescenta se

gostas ou não dela.

Monteiro, M. Santos, S., Psicologia 1.ª parte, 2005, Porto: Porto Editora, pp. 94-97