25 de Março

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25 DE MARÇO ESCOLA DA CIDADE| JUNHO.11 ALUNA | NATHÁLIA LORENA ORIENTADOR | JOSÉ ROLLEMBERG CADERNO DE PESQUISA

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Caderno de Pesquisa

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25 DE MARÇO

ESCOLA DA CIDADE| JUNHO.11

ALUNA | NATHÁLIA LORENA

ORIENTADOR | JOSÉ ROLLEMBERG

CADERNO DE PESQUISA

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introdução

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sumário da colina À várzea

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A 25 de março hoje

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histórico proposta

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bibliografia

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IntroduçãoAPROXIMAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO - ESTADO DE SÃO PAULO, MUNICÍPIO DE SÃO PAULO E CENTRO DA CIDADE

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LADEIRA PORTO GERAL

O local escolhido para a análise foi a região da 25 de Março, um dos pólos comerciais mais conhecidos de São Paulo, que atrai pessoas de todo o país em busca de diversidade de produtos e preços baixos.

A proposta deste trabalho a principio foi produzir um relato do uso dos espaços públicos nesta região de caráter predominantemente comercial e alto fluxo de pessoas.

Ao longo do primeiro semestre, o tema foi revisto e buscou-se compreender as relações que acontecem na região como um todo, dentro e fora dos edifícios, e a partir daí pensar em intervenções que a poten-cializasse e complementasse.

A metodologia de estudo aplicada na análise do lo-cal se dá através de levantamentos e comparações sobre o comércio, questões de infra-estrutura urba-na, fluxos de pessoas, contexto histórico e formação geográfica.

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PLANTA TOPOGRÁFICA E SECÇÃO GEOGRÁFICA DO DO CENTRO DE SPSão Paulo: metrópole em trânsito . Aziz Ab’saber.

Histórico

Para entender como é a 25 de Março hoje foi necessário contextualizá-la na história da ci-dade. Com o estudo de mapas antigos, foi possível entender a evolução do traçado e como as modificações urbanas incentivaram seu caráter comercial.

Um aspecto muito interessante é sua geografia, a área está situada aos pés da colina históri-ca, o planalto onde foi fundada a cidade de São Paulo. Na época, a ladeira Porto Geral de-sembocava nas margens do rio Tamanduateí, onde havia um pequeno porto que dá nome à rua. O canal era a principal porta de entrada de mercadorias na cidade. Os produtos importados chegavam de navio ao porto de Santos, subiam a serra em carroças, e quando alcançavam o leito do rio eram passados para barcas que abasteciam a cidade e pequenas vilas vizinhas.

“Do alto do morro, até onde a vista alcançava, descia o Rio Tamanduateí, que em épocas de cheia ajudava no transporte de víveres e mercadorias vindas do Porto das Naus, em São Vicente.”

Todos os centros da Paulicéia - Levino Ponciano

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PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULORufino José Felizardo e Costa, 1810

Uma das primeiras representações cartográficas que se tem regis-tro é de 1810. Nessa época as construções mais consolidadas ocu-pavam o topo da colina, um grande planalto triangular delimitado pelos Rios Tamanduateí e Anhangabaú. Os poucos braços que se estendiam dessa conformação central tinham ocupação irregular e pouco adensada.

As encostas da colina ainda mantinham a vegetação natural que chegava até a margem do Tamanduateí. O rio era conhecido como Rio das Sete Voltas, pois, como é natural dos rios de planície, ser-penteava formando grandes curvas. Para além do rio havia um ex-tenso campo alagadiço conhecido como a Várzea do Carmo. Era um vazio urbano cruzado em poucos pontos, um deles, de grande im-portância, levava os viajantes à estrada para o Rio de Janeiro.

A várzea atraia lavadeiras e tropeiros que passavam pela cidade, além de ser um espaço de lazer para quem fosse se refrescar ou praticar esportes. No entanto, era também local de despejo do es-goto da cidade e com o tempo seu uso passou a ser evitado.

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1. Vista da Colina Histórica 2. Entrada da cidade pela estrada do Rio de Janeiro

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MERCADO DOS CAIPIRAS1867

INUNDAÇÃO DA VÁRZEA DO CARMO, BENEDITO CALIXTO.Acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo. (MAPA Pg.11)

Em 1848, a primeira retificação do rio cedeu espaço da várzea para a construção do Mercado dos Caipiras que recebia mercadorias vindas de Santos e das chácaras vizinhas. A via de acesso que ladeava o rio foi chamada de Rua de Baixo até 1865, quando em homenagem à data da primeira Constituição do Brasil foi nomeada Rua 25 de Março.

A cidade crescia, o número de construções que coroam a colina se intensificava e a encosta começou a ser loteada entre o trecho que ia do Mercado dos Caipiras até a atual Senador Queiroz. Somente ao fim da rua surgiam loteamentos á margem do rio. (Mapa pg.17)

O rio e a várzea, como um todo, eram vistos como uma barreira para a expansão da cidade. Por volta de 1880, com o intuito de garantir boas condições de saneamento e áreas de lazer para a população, João Teodoro, presidente da Província, criou a Ilha dos Amores aproveitando o desenho de uma curva suave do rio. A ilha, que ficava em frente ao Mercado, era uma tentativa de dar à várzea o uso de parque urbano. Porém não durou muito tempo por falta de interesse da população.

ILHA DOS AMORES E CASA DE BANHOS1876

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Com o crescimento da cidade, os aluguéis começaram a subir e os imi-grantes que chegavam se instalavam na parte baixa, onde os preços eram mais acessíveis. Pela primeira vez, a cidade estabelecia uma divisão de classes sociais separadas entre a cidade alta e a cidade baixa.

No final do século XIX o rio foi retificado e a área da Várzea do Carmo foi drenada cedendo espaço para a região comercial da 25 de Março, o Mercado Municipal, além de bairros residenciais como o Pari, Mooca e Glicério.

No início, o comércio, comandado pelos primeiros imigrantes árabes, concentrava-se na parte de cima, mais precisamente onde hoje, está a Rua Florêncio de Abreu.

Por volta de 1880 houve um grande fluxo de imigração sirio-libaneses para o Brasil e muitos deles se instalaram na 25 de Março. A vocação para o comércio originou os primeiros armarinhos e armazéns da região. Com o passar dos anos a atividade econômica se intensificou atraindo também muitos imigrantes chineses e coreanos.

PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULOComapnhia Cantareira e Esgotos, 1881

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1. Rua Senador Queiroz, 2. Ilha dos Amores, 3. Mercado dos Caipiras

legenda:

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Ainda na década de 80, por volta de 1886, pouco antes da abolição oficial da escravidão, a população da cidade era de 47mil habitantes. Em 1893 a cidade já abrigava uma população de mais de 120mil habitantes. A explosão demográfica está relacionada com a abolição e o boom do café, que atraiu muitos imigrantes.

Nessa época a colina era marcado pelo comércio e a presença de escravos que vendiam hortaliças e frutas das chácaras ao seu redor. Essas chácaras muitas vezes também produziam materiais de construção como pedras, telhas e tijolos.

“Ao amanhecer, os escravos se juntavam nos chafarizes, buscando a água a ser utilizada nas casas. Em plena luz do dia, as ruas eram invadidas pelos vendedores de frutas, legumes, cestas, objetos de folhas de flandres – negros forros ou escravos, muitos deles de ganho. As negras com seus tabuleiros ocupavam as ruas de maior movimento e os largos e praças da cidade, à espera dos homens brancos e seus encontros de negócios. Nas ruas juntavam-se aos ferreiros, ourives, barbeiros e amoladores de facas, que ofereciam seus serviços em plena calçada ou à porta dos armazéns e lojas dos sobrados.” Acidade e a Lei - Raquel Rolnik

Até 1929, a maior parte dos negociantes possuía lojas no andar térreo e moravam com suas famílias no piso superior. A partir dos anos 40 e 50, eles passam a residir em bairros mais afastados como Vila Mariana e Paraíso, com isso, os demais pavimentos se tornavam depósito das lojas que cresciam.

UMA DAS PRIMEIRAS LOJAS DA REGIÃOAberta na década de 80

ESCRAVOS DE GANHO, 1877http://fabiopestanaramos.blogspot.com

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RECORTE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULOSara Brasil, 1930

A tradição dos preços baixos veio do início da década de 60. Os comer-ciantes sofriam com as fortes enchentes e por não estarem preparados acabavam perdendo muitas mercadorias. Para recomeçar eles vendiam os produtos que salvavam a preços mais acessíveis. As lojas atraiam muitos consumidores que esgotavam os estoques.

Como os preços atraiam os consumidores, os lojistas começaram a bus-car mercadorias mais baratas, estabelecendo valores muito baixos e ini-ciando as vendas em atacado.

O comércio varejista surgiu diante da concorrência do comércio de rua. Os ambulantes compravam as peças no atacado nas próprias lojas da Rua 25 de Março, e revendiam por unidade com preços mais altos. Por esse motivo as lojas passaram a diversificar as formas de vendas.

Em 1914, quando o rio foi completamente canalizado desde a ligação com o Rio Tietê, o projeto do parque elaborado pelo arquiteto francês Bouvard em 1911 foi colocado em prática pelo arquiteto e paisagista E.F. Cochet. O projeto aprovado possuía o traçado de jardim inglês, linhas curvas e extensos gramados pontuados com pavilhões, muitos deles não chegaram a ser construídos.

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MOSTEIRO SÃO BENTO RUA 25 DE MARÇO MERCADO MUNICIPAL PARQUE DOM PEDRO II

FOTO PANORÂMICA DA REGIÃOVista do Banespa

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Voltando o olhar para a Várzea, se percebe que o desenho da área que um dia viria ser o Parque Dom Pedro II é um grande exemplo da transformação que a cidade sofreu desde o século XIX. Ao longo dos anos foram pensados vários projetos para a melhoria do lugar, para torná-lo utilizável. O desenho da Planta do Sara Brasil incluia a 25 de Março a medida que o parque buscava uma ligação do centro ao Brás e se abria para as últimas quadras da Rua Genaral Carneiro.

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Rio Tiete

Rio Tamanduateí

ÁREA DE ESTUDO

Parque D. Pedro II

Mercado Municipal

Jardim da Luz

Mosteiro S. Bento

Praça da Sé

Pátio do Pari ÁREA DE INTERVENÇÃO

Base Prefeitura de SP - 2010

Pouco tempo depois, em 1938, na gestão de Prestes Maia, o sistema viário ganha grande importância com o Plano de Avenidas. Neste processo o Parque Dom Pedro II tem sua paisagem alterada. Sendo subdividido e isolado do resto da cidade pelos viadutos que o atravessavam e pelas vias de alto fluxo que o limitavam. Novamente surgia uma barreira.

O mapa abaixo é uma sobreposição do registro mais antigo do traçado do Rio Tamanduateí e seu desenho atual, evidenciando a área de várzea que foi aderida ao traçado urbano da cidade.

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Rua 25 de Março

8 Rua Florêncio de Abreu

Av. do Estado

Av. S

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Av. R

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tana

Vd. Diário Popular

1. Pátio do Colégio 2. Praça Fernando Costa 3. Terminal Parque Dom Pedro II 4. Parque Dom Pedro II 5. Rio Tamanduateí 6. Mercado Municipal 7. Mercado Kinji Yamato 8. Estação de metrô São Bento

ANÁLISE DE CHEIOS E VAZIOS

Rua

Paul

a So

uza

Rua da Cantareira

Rua Barão de Duprat

Rua Gal. Carneiro

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Av. do Estado

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O estudo da região foi feito a partir de visitas onde se buscou contemplar as atividades que acontecem ao longo do dia e em dife-rentes dias da semana. Nas primeiras visitas foi percorrida a Rua 25 de Março do início na Rua Paula Sousa, até o termino em baixo do viaduto formado pela Avenida Rangel Pestana, onde a rua muda de nome.

Nesse percurso foi possível perceber dife-rentes situações ao longo da rua, marca-das pelo cruzamento de estruturas urba-nas como o viaduto citado e a Av. Senador Queiroz, e também pela mudança do tra-çado das ruas.

O espaço público se supõe um espaço aberto, que ag-regue, que permita o uso livre de qualquer pessoa e, portanto, está propenso ao caos e surpresa”

Fonte: El Espacio Público como Escenário

a 25 de março hoje17

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A Avenida Senador Queiroz, que faz parte do anel viário da contra-rótula, separa a primeira quadra da Rua 25 das demais devido ao seu tráfego intenso, o que torna a freqüência deste trecho menor.

Atravessando-a, a rua apresenta maior fluxo de pedes-tres. À beira do meio-fio existe uma linha reservada para barracas de comércio legalizadas pela prefeitura. Essas barracas possuem estrutura com rodas que per-mite sua locomoção e seu armazenamento em um lo-cal fechado durante a noite. Na calha da rua, além de carros e pessoas passam muitos carrinhos de fruta, que são abastecidos no Mercado Kinjo Yamato, ou no Mercado Municipal e se espalham pelo centro da ci-dade.

Deste ponto até o cruzamento da Rua General Carnei-ro a Rua 25 de Março possui um caráter homogêneo com relação aos seus usos e intensidade. Predomina o caráter comercial, mais de 90% dos térreos dos lotes são lojas de acessórios, brinquedos, eletrônicos e ar-marinhos, os 10% restante são locais de alimentação, além de duas agências bancárias.

Quando se chega a Rua General Carneiro o desenho das quadras muda, pois a rua corta resquí-cios do antigo traçado que ligava o centro ao Parque Dom Pedro II. O conjunto de praças que aparece na Planta do Sara Brasil (1930) se tornou fragmentado e sem sentido quando cortado pela mesma lógica viária que modificou o desenho do Parque.

Neste segmento da rua, algumas praças foram cercadas para evitar o processo de deterioração e abandono por falta de investimentos urbanos. Outras, no mesmo processo receberam pro-gramas que visam sua recuperação por meio de políticas públicas, caso da Praça Fernando Costa que abriga um camelódromo fixo, além de pontos de ônibus e sanitários públicos.

A RUA

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Do outro lado da rua foi implantado o Terminal Parque Dom Pedro II que rompe definitivamente a ligação do centro com o parque. Apesar de trazer denso fluxo de compradores e trabalhadores, poucos seguem em direção ao Viaduto da Rangel Pes-tana, estas últimas quadras possuem escasso comércio e muitos edifícios abandonados.

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No sentido longitudinal, essas rupturas causadas pelo desenho viário ajudam a delimitar uma área de estudo. No entanto, no sentido transversal, a área se expande para além da Rua 25 de Março. À oeste sobe as ladeiras que apresentam o mesmo tipo de comércio. À leste, as primeiras quadras que fazem frente à rua são lotes pequenos que em muitas vezes se abrem para a rua detrás possibilitando a travessia dos pedestres.

Essa permeabilidade também acontece na quadra entre as ruas Comendador Afonso Kherlakian e Car-los Sousa Nazareth. Esta, mais extensa e adensada é inusitadamente cortada por uma viela de entrada estreita, que desemboca em um largo criado pela junção de vazios no meio da quadra para onde se abrem cerca de 20 endereços comerciais.

PASSAGNES

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Sua saída igualmente estreita chega à Rua Ba-sílio Jaffet, bem em frente ao mercado Kinjo Yamato, uma construção antiga destinadas à venda de hortaliças, frutas e animais de produ-tores japoneses. Aos pilares de ferro e telhas de barro foi anexada uma estrutura envoltória em concreto cujo térreo se abre para o mercado. O pavimento superior antes abrigava lojas de produtos semelhantes aos vendidos nas ruas, porém a baixa freqüência de compradores os fez preferir as ruas deixando o espaço aos depósitos da feira.

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Este mercado é passagem para a Rua Cantar-eira onde fica o Mercado Municipal. Seu térreo também permite passagem livre de pedestres, porém, para além do Mercadão existe apenas o rio canalizado e o Viaduto Diário Popular, que impede o acesso ao Parque. O comércio desta “rua de fundo” também é voltado para o consumo alimentício. Algumas das lojas são estoques das barracas do Mercadão, as demais vendem produtos em grande quantidade como milho, alho e cebola.

FUNDOS

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Este é um dos pontos mais decadentes da região, poucas pessoas circulam por lá, o trânsito maior é dos carros que vem da Av. do Estado e entram no início da R. General Carneiro e dos que saem da 25 de Março. Destas ruas, a primeira e mais próxima ao mercado, trabalha ain-da com alimentos, a rua seguinte possui uma série de estacionamentos no andar térreo de edificações que não têm mais de dois andares. O uso dos demais lotes é difícil de identificar, muitos estão abandonados, e os restantes servem de depósito. A última rua é a única trans-versal que apresenta a mesma intensidade de comércio da Rua 25 de Março. Há várias lojas, além de um correio e casa lotérica.

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EDIFÍCIOS

As três ruas citadas dão acesso às quadras centrais. Estas têm uma característica dife-rente das que dão fazem frente à barreira do viaduto, são mais verticalizadas com pré-dios chegando a 10 ou 12 andares, estes são ocupados por comércios e depósitos, e há muitos sem uso. Essa verticalização aparece na Rua 25 de Março em vários momentos, mantendo esse gabarito e continua colina a cima formando um paredão de janelas e fachadas cegas.

Percebe-se que muitos prédios da região se encontram descaracterizados. Por causa do uso comercial, muitas fachadas foram transformadas em vitrines e no interior, tanto dos prédios como dos sobrados, as mudanças foram ainda maiores. Uma curiosidade é que apesar de haver muitos prédios vazios ou que usam apenas os primeiros dois andares como galeria comercial e o restante como depósito, há também edifícios com lojas até o último pavimento.

24Edifícios de estoque, comércial e sem uso.

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ESTARAs ruas, no geral, são estritamente de passagem e comércio, não possuem infra-estrutura que com-plemente a atividade comercial e valorize o espa-ço urbano. A região é carente em espaços de estar e lazer, são escassas as situações que se consegue sentar para descansar ou observar o que acontece.

Uma condição inusitada é a do restaurante árabe no primeiro andar de um edifício de esquina, pois este possui uma longa varanda que se estende por duas de suas fachadas onde as pessoas podem passar, sentar e observar.

25Praças cercadas e passagem voltada para o comércio.

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O comércio formal e informal que acontece nas ruas é uma ocupação efêmera que transforma o espaço público ao longo do dia. Durante o dia, a divisão da rua entre pedestres, comércio e carros. À noite, ruas desertas.

"Uma das meias cidades é fixa, a outra é pro-visória e quando termina a sua temporada, é desparafusada, desmontada e levada embora, transferida para os terrenos baldios de outra meia cidade.”As Cidades Invisíveis , Ítalo Calvino

NOITE

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Esta situação remete a outro pólo comercial da cidade, o Brás, que fica do outro lado do Parque Dom Pedro II. O bairro especializado na venda de roupas e acessórios tem movimento semelhante ao da 25 de Março, porém nas madrugadas suas ruas têm a mesma vivacidade do dia. O que atrai milhares de pessoas todas as noites é a “Feirinha da Madrugada” que vende produtos a preços mais acessíveis.

A maioria das lojas abre e nas ruas são montadas barracas legalizadas pela prefeitura. Muitos desses comerciantes são bolivianos que se juntam em uma rua específica.

Até 2003 a “Feirinha da Madrugada” acontecia na 25 de Março, ela foi suspensa por ordem judicial por causa da venda de produtos sem nota fiscal.

27Feirinha da Madrugada no Brás

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Da Colina à Várzea

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A relação entre a cidade alta e a baixa é muito interessante, pois possi-bilita várias formas de transposição. Como é o caso da Rua General Car-neiro que desce o morro suavemente. Começando em um largo ainda no topo, vai se distanciando aos poucos até que a via do nível superior a cruza como viaduto.

Situação semelhante acontece já no final da colina, próximo ao “Y” que se formava no encontro dos rios antes da retificação. Elevada há menos de seis metros do chão passa a Rua Florêncio de Abreu, neste caso, os pedestres fazem a transposição por uma escadaria.

As ladeiras são situações diferentes, não possuem um distanciamento que abrande a descida como a Rua Gal. Carneiro; são íngremes. Em especial a Ladeira da Conceição onde a quadra é mais estreita.

Além destes quatro pontos, são poucos os momentos em que se per-cebe o relevo, o mais evidente é a área preservada do pátio do colégio. Mesmo nestes casos, apesar da inclinação e das travessias em pontes, parece não se ter a noção da encosta como um todo e tão pouco a atenção de quem passa no comércio esta voltada para isso.

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1. Ladeira General Carneiro 2. Ladeira Porto Geral

3. Ladeira da Constituição

4. Rua Carlos de Sousa Nazaré

Rua Florêncio de Abreu Rua 25 de Março Rio Tamanduateí

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PropostaMapa de fluxos e possiveis ligações entre níveis.

Algumas das questões levantadas ao longo do semestre são coloca-das a seguir como intenções de projeto:

- Repensar o desenho dos espaços públicos e sua infra-estrutura.

- Evidenciar o relevo e as passagens que ficam desconexas no cenário atual e qualificá-las.

- Pensar outros usos associados ao comércio considerando questões como o abandono durante a noite e finais de semana e edifícios sem uso.

Um ponto observado é que há tendência dos vendedores irem para onde tenha maior fluxo de pedestres, ou seja, os espaços públicos. Seria interessante unir essa tendência a idéia do desenho que evi-dencia o relevo e as passagens.

Em uma aproximação do projeto foram estudadas três situações diferentes de transposição da colina à várzea considerando, na ter-ceira delas, sua extensão pelas passagens existentes até a chegada ao Mercado Municipal.

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Esse estudo aparece no croqui abaixo onde também são pensados os fluxos de pe-destres e carros que chegam à região. Nas páginas seguintes os lotes são mostrados com maior precisão, o que permite entender um pouco melhor seus usos, conser-vação, tipologia e entorno.

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Possibilidade de transposição

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1. Conexão do Largo São Bento à Ladeira Porto Geral

Ligação que busca o fluxo de pessoas do Largo São Bento e traspõe o relevo por dentro de um edifício que hoje possui no térreo uma lanchonete voltada para o Largo e um estacionamento quatro andares abaixo voltado para uma travessa da Ladeira Porto Geral. A travessa é pouco movimentada e possui edifícios sem uso.

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Rua Florêncio de AbreuTravessa Ladeira Porto Geral

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2. Requalificação da Ladeira da Conceição

Possibilidade de ampliação e requalificação da descida da Ladeira de Conceição, a mais íngreme situa-ção de descida da colina, usando edifícios que se abrem para a ladeira e uma conexão paralela que cruza a quadra por dentro.

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Rua Florêncio de Abreu Rua 25 de Março Ladeira da Conceição

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3. da colina ao mercado

Ligação entre a Florêncio de Abreu e Rua 25 de Março que passa por sobrados antigos chegando a um conjunto de edificações mais recentes e sem valor histórico. O restante do percurso se dá por passagens existentes que podem ser requalificadas e ampliadas.

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Rua Florêncio de Abreu Rua 25 de Março

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354. Conjunto Habitacional _Spangen Roterdã 5. Praça das Artes_Brasil Arquitetura

1.2. Croquis de estudo

Como o croqui(1) ao lado mostra, a ligação dos níveis traz possibilidades além da transposição, como a ativação de áreas de comércio, criação de espaços de estar e lazer e encorporação de programas voltados para as necessidades dos freqüentadores e trabalhadores da região.

Discutidas intervenções que qualificassem o espaço público e edifícios, pen-sou-se em conexões dos edifícios existentes formando andares ou ligações independentes que fossem públicos(2). Algumas referências dessa idéia são o projeto do Paulo Mendes da Rocha para o Campus da FGV(3), onde é proposta uma calçada elevada que liga blocos com diferentes programas e, um con-junto habitacional em Roterdã(4), que utiliza o conceito de passagens públicas elevadas, porém em escala menor.

Outra referência de projeto foi a Praça das Artes(5), que cria uma passagem em um tecido consolidado utilizando alguns edifícios existentes conectados por novos blocos e demolindo prédios sem valor histórico para dar lugar a espaços públicos.

Propõe-se tomar partido de como as pessoas utilizam o espaço hoje tentan-do conciliar o direito ao espaço público ao trabalho. Assim, se busca enxergar o comércio como potencial renovador da região, uma atividade que agrega outras (como alimentação, confecções, hospedagem, habitação e espaços de lazer e estar), gerando movimento.

3. FGV_Paulo Mendes da Rocha

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Bibliografia

_KLIASS, Rosa Grena. Parques urbanos de São Paulo. São Paulo: PINI, 1983. 211 p., il., 28 cm. ISBN 85-7266-024-0

_D‘ANGELO, H. Camelô, trabalho informal e sobrevivência: levantamento,caracterização e análise no centro de São Paulo. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2000.

_FRÚGOLI JR., H. A questão dos camelôs no contexto da revitalização do centro da metrópole de São Paulo. In: SOUZA, M.A.A. (Org.). Metrópole e Globalização. São Paulo: Cedesp, 1999.

_ROLNIK, R. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territóriosna cidade de São Paulo. São Paulo: Fapesp/Studio Nobel, 1997.

_NAKANO, K.; CAMPOS, C. M.; ROLNIK, R. “Dinâmicas dos sub-espaços da área central de São Paulo”.Estratégias de desenvolvimento para a área central do município de São Paulo. São Paulo: Emurb/Cebrap/ CEM, 2003. Versão reduzida publicada neste livro.

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_CAMPOS, Cândido Malta (Org.). São Paulo: metrópole em trânsito. Colaboração de Vladimir SACCHETTA, Lúcia Helena GAMA. São Paulo: Senac, 2004. 262 p., il., 30 cm. ISBN 85-7359-368-7.

_ALTERNATIVAS de organização do mundo das calçadas. In: YÁZIGI, Eduardo. O mundo das calçadas: por uma política democrática de espaços públicos. São Paulo: Humanitas : EDUSP, 2000. 546 p., 23 cm. ISBN 85-86087-99-8. p.353.

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_RECONVERSÃO urbana do Largo do Batata. In: NOBRE, Ana Luiza; MILHEIRO, Ana Vaz; WISNIK, Guilherme. Coletivo: arquitetura paulista contemporânea. São Paulo: Cosac & Naify, 2006. 263 p., il., 21 cm. ISBN 85-7503-460-X. p.104.

_VINTE e Cinco de Março. In: MOURA, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora: evocações da metrópole. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1980. 306 p., il., 23 cm. p.174.

_SÃO Paulo Post It: agenciamentos da cidade contemporânea: Post It Cities y otras formas de temporalidad. São Paulo: AEAUsp. Escola da Cidade. Núcleo de Pesquisa, 2008. il., 22 cm.

_OLIVEIRA, Lineu Francisco de. Mascates e Sacoleiros - empreendedores que construíram uma região/ Rua 25 de Março desde 1865 fazendo história. São Paulo: Grupo Editorial Scortecci.

_BONDUKI, Nabil. Habitar São Paulo: Reflexões sobre a gestão urbana; São Paulo: Editora Liberdade, 2000.

_CARONE, Luan; TONETTI, Ana Carolina (Orient.). Vazio suspenso: plataforma de práticas urbanas. São Paulo: [s.n.], 2008. 62 p., il., 21 cm.

_VALIENGO, Julia; Viegas, Fernando (Orient.).Encontro com a cidade: na várzea dos rios Anhangabaú e Tamanduateí. São Paulo: [ s.n.], 2010. 102p, il.

_DI PRIOLO, Bianca. Arquitetura de abastecimento na cidade de São Paulo: os mercados públicos. São Paulo: [s.n.], 2007. 105 p., il., 30 cm.

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_Projeto FGV (pg.35)http://www.mmbb.com.br

_Projeto Spangen Roterdãhttp://www.mimoa.eu

_Referência do projeto Praça das Artes: (pg.35)http://www.brasilarquitetura.com/index2.php

Fotos:_Mercado dos Caipiras (pg.10)http://www.designergh.com.br

_ Noturna:http://www.flickr.com/photos/luizcasimiro/2605313346/in/photostream/lightbox (pg.27)

_As fotos da proposta foram retiradas do Google Maps

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