248 O ENEM E OS PROFESSORES DE QUÍMICA: Um estudo ...

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  • Revista EDUCAmaznia - Educao Sociedade e Meio Ambiente

    LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA - ISSN 1983-3423 (Verso impressa) ISSN 2318-8766 (Verso digital)

    248

    Ano 7, Vol XIII, Nmero 2, Jul- Dez, 2014, Pg. 248-277.

    O ENEM E OS PROFESSORES DE QUMICA:

    Um estudo qualitativo sobre as mudanas que o ENEM provocou nos trabalhos

    pedaggicos dos professores do Ensino Mdio

    Julimax de Andrade Holanda*

    Vandreza Souza dos Santos**

    RESUMO: Este artigo consiste em uma investigao sobre as principais mudanas

    realizadas pelos professores de uma Escola Estadual, no municpio de Benjamin

    Constant - AM. As mudanas investigadas foram relativas aos trabalhos pedaggicos e

    currculos desenvolvidos pelos professores, com a finalidade de prepararem os alunos

    concludentes do Ensino Mdio e candidatos ao ENEM. Apresenta uma discusso sobre

    as atitudes adotadas pelos professores em relao a busca pelo conhecimento do ENEM

    como poltica pblica de avalio e analisa as posies tomadas por professores e

    alunos em relao a importncia do ENEM como mtodo avaliativo e forma de ingresso

    ao ensino superior.

    Palavras-chaves: trabalhos pedaggicos, currculos, poltica pblica.

    THE ENEM AND TEACHERS OF CHEMISTRY:

    A qualitative study on the changes that resulted in ENEM pedagogical work of

    high school teachers

    ABSTRACT: This article is an investigation of the major changes made by the State

    School Teachers, in the town of Benjamin Constant - AM. The changes were investigated

    concerning work teaching and curricula developed by teachers in order to prepare finalist

    students and ENEM candidates. It presents a discussion of the attitudes adopted by the

    teachers regarding the search for the knowledge of ENEM as public policy appraisal and

    analyzes the positions taken by teachers and students on the importance of ENEM as

    evaluation method and form of entry to higher education.

    Keywords: Pedagogical works, curriculum, public policy.

    INTRODUO

    Segundo o Ministrio da Educao, o Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem)

    foi criado em 1998 e tem o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da

    escolaridade bsica. Podem participar do exame alunos que esto concluindo ou que j

    concluram o ensino mdio em anos anteriores.

    No decorrer de sua trajetria histrica, o Enem vem se constituindo como uma

    iniciativa do governo brasileiro de remodelar as formas de acesso ao ensino superior.

    Segundo Amauro (2004):

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    [...] notadamente, quando a perspectiva adotada para a formao

    dos estudantes a de que todos os alunos que entram no 1 ano

    do segundo grau sejam, por definio, candidatos ao vestibular,

    que percebemos que os objetivos deste nvel passam a se

    distanciar daquele proposto pelo Ministrio da Educao (MEC)

    que a de orientar os programas, as atividades, os projetos e os

    currculos para a preparao bsica para o trabalho e para o

    exerccio da cidadania.

    E ainda, o Enem utilizado como critrio de seleo para os estudantes que

    pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni).

    Alm disso, cerca de 500 universidades j usam o resultado do exame como critrio de

    seleo para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o

    vestibular.

    Analisando dessa maneira, nota-se, que o Enem tem foco direto na avaliao do

    ensino mdio, e aqueles que j o concluram podem usar essa ferramenta para adentrar

    nas Universidades Pblicas Brasileiras. Assim o Brasil abre as portas das Universidades

    para aqueles que tiveram bom aproveitamento enquanto alunos do Ensino Mdio, e,

    alm disso, tiveram a oportunidade de ter professores comprometidos com a qualidade

    do ensino.

    Pois, todas as disciplinas do Ensino Mdio so de grande utilidade, e devem ser

    bem ministradas pelos seus respectivos professores para que assim os alunos possam

    obter melhores resultado ao responderem a prova do ENEM.

    Nesta pesquisa foi abordada a disciplina de Qumica, que como toda disciplina

    precisa de esforo, empenho e interesse por parte dos alunos em aprender, alm de

    professores comprometidos com o exerccio de ensinar.

    Schnetzler e Santos (2000) defendem que o conhecimento qumico se enquadra

    nas preocupaes com os problemas sociais que afetam o cidado, os quais impem

    posicionamentos quanto s possveis solues.

    Os professores de qumica devem ser preparados, e dessa forma estarem aptos

    sabendo que a profisso e a rea de atuao no so to simples e que o professor de

    qumica precisa renovar e tornar suas aulas mais atraentes, criando novas metodologias

    de modo que os alunos que vo realizar o ENEM possam chegar prova ao menos com

    o conhecimento bsico da disciplina.

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    Por essas e outras razes no mais possvel enxergar o exerccio do

    magistrio como algo essencialmente simples, para o qual basta saber alguns contedos

    e pass-los aos alunos para que estes os devolvam da mesma forma nas provas

    (MALDANER, 2000, p. 75).

    Portanto, esta pesquisa buscou identificar se o ENEM instigou mudanas nos

    trabalhos pedaggicos dos professores de Qumica, se estes esto modificando suas

    metodologias para dar aos alunos o preparo indispensvel para a realizao da prova,

    alm da identificao por parte dos alunos, se eles esto preparados para a realizao do

    exame, em especial, para responderem as questes de Qumica contidas na prova.

    2 O EXAME NACIONAL DO ENSINO MDIO ENEM

    O Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM foi realizado, pela primeira vez,

    no ano de 1998 com o propsito de avaliar os estudantes oriundos desse nvel de

    escolaridade. Surgiu apenas com essa finalidade, ou seja, ser um processo avaliativo,

    um instrumento de verificao da qualidade da educao bsica para o Governo Federal.

    Entre 1998 e 2008, o Enem era constitudo de 63 questes aplicadas em apenas

    um dia de prova e somente algumas Universidades utilizavam a porcentagem da nota

    em alguma das fases do vestibular. Em 2009, um novo modelo de prova para o Enem

    foi lanado, com 180 questes objetivas e uma questo de redao, e com ele surgiu a

    proposta de unificar o vestibular das universidades federais brasileiras.

    O ENEM no obrigatrio, porm a cada ano tem atrado um nmero cada vez

    maior de estudantes. Isto ocorre, pois muitos vestibulares utilizam os resultados do

    ENEM como um dos critrios para selecionar candidatos nos vestibulares. A avaliao

    aplicada no tem como objetivo apenas a verificao do aprendizado de contedos

    bsicos.

    O foco principal da avaliao verificar as competncias e habilidades que o

    aluno domina. O aluno deve demonstrar capacidade para interpretar grficos, textos,

    mapas e informaes em diversas linguagens. O exame tambm verifica se ao aluno

    capaz de argumentar, solucionar problemas cotidianos e prticos, elaborar propostas de

    interveno na realidade e apresentar ideias bem estruturadas. (ENEM, 2013).

    Contudo, os ajustes nas correes e o aumento da segurana em torno do

    concurso, revelam a tendncia de que, no futuro, ele ir substituir totalmente os

    vestibulares da maioria das instituies de ensino (UNINASSAU, 2013).

    http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/dicas_vestibular.htmhttp://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/vestibular

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    Mediante a esse contexto, podemos afirmar que o ENEM alm de ser um

    mecanismo de avaliao do Ensino Mdio, hoje uma ferramenta muito importante

    para os alunos concludentes que almejam ingressar na Universidade. O ENEM ganha

    importncia tanto para os alunos do Ensino Mdio como para aqueles que j o

    concluram, no sentido de ser uma maneira de oportunizar aos alunos um novo meio de

    acesso ao ensino superior.

    A necessidade dos alunos estarem preparados para o Exame Nacional do Ensino

    Mdio um fato incontestvel. Contudo, cumpre dizer que toda preparao demanda

    tempo, orientao. necessrio ressaltar a importncia da presena de um orientador,

    papel exercido pelo professor, para que o educando possa sentir-se acompanhado nesse

    processo, e assim, possa obter bons resultados com a realizao do exame.

    nessa perspectiva que o INEP vem realizando o ENEM, para o universo de

    alunos concluintes e de egressos deste nvel de ensino. Esse exame difere de outras

    avaliaes j propostas pelo Ministrio da Educao. Centra-se na avaliao de

    desempenho por competncias e vincula-se a um conceito mais abrangente e estrutural

    da inteligncia humana. O exame constitudo de uma prova nica e abrange as vrias

    reas de conhecimento em que se organizam as atividades pedaggicas da escolaridade

    bsica no Brasil.

    Para estruturar o exame, concebeu-se uma matriz com a indicao de

    competncias e habilidades associadas aos contedos do ensino fundamental e mdio

    que so prprias ao sujeito na fase de desenvolvimento cognitivo, correspondente ao

    trmino da escolaridade bsica. Tem como referncia a LDB, os Parmetros

    Curriculares Nacionais (PCN), a Reforma do Ensino Mdio, bem como os textos que

    sustentam sua organizao curricular em reas de Conhecimento, e, ainda, as Matrizes

    Curriculares de Referncia para o SAEB.

    A realizao anual do ENEM junto aos alunos que completaram ou esto

    completando a escolaridade bsica poder fornecer uma imagem realista e sempre

    atualizada da educao no Brasil (INEP, 2013).

    2.1 O ENSINO DE QUMICA NO ENSINO MDIO

    O Ensino de Qumica no Ensino Mdio deveria ter como foco as explicaes

    qumicas necessrias vida do aluno/cidado (Holman e Hunt, 2002;

    MEC/SEMTEC,1999), pois elas tm significado prtico na vida dos indivduos,

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    permitem que as pessoas entendam muitas das notcias veiculadas na mdia, nas quais

    questes de dimenso cientfica esto envolvidas e podem mudar a maneira como o

    aluno/cidado percebe o mundo, despertando novos interesses.

    perceptvel a preocupao que tm os autores sobre o ensino de Qumica

    realizado por muitos professores que ministram a disciplina. certo que h um conceito

    tomado de que os professores de qumica, para serem considerados competentes, devem

    possuir suficiente formao terica, metodolgica e epistemolgica, alm de estarem

    preparados para a utilizao das novas metodologias.

    Nesse sentido, Mendes Sobrinho (2006, p. 89) pontua que:

    No exerccio da prtica docente percebemos que um desafio

    presente e constante contextualizar com eficincia os

    conhecimentos tericos, metodolgicos e pedaggicos, capazes

    de transformar o ato de ensinar e aprender entre professor e

    aluno.

    Os professores de qumica tm papel fundamental e quando aderirem as novas

    metodologias conseguiro preparar de forma mais objetiva os alunos que participaro

    dos mais diversos exames, vestibulares e outras formas de ingressos nas faculdades

    pblicas.

    Santos e Schnetzler (2003, p.131), ressaltam que:

    [...] necessrio que no tenhamos a resistncia de transformar a

    qumica da sala de aula em um instrumento de conscientizao,

    com o qual trabalharemos no s os conceitos qumicos

    fundamentais para a nossa existncia, mas tambm os aspectos

    ticos, morais, sociais, econmicos e ambientais a eles

    relacionados.

    Quem j teve a oportunidade de assumir uma sala de aula e teve que ministrar a

    disciplina de qumica sabe realmente o que diz o autor, que mostra a dificuldade em

    contextualizar os pontos tericos e prticos da disciplina, e quando isso no acontece, a

    aula terica, mesmo sendo repleta de informaes, passa a ser um momento de grande

    estresse para o aluno, ficando evidente uma relao improdutiva entre alunos e

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    professores, deixando assim de existir o momento prazeroso, amistoso, de parceria e

    confiana que certamente existiria se houvesse a contextualizao.

    Uma disciplina como a Qumica deveria sempre ter a frente um profissional

    preparado, que aceitasse os novos desafios, dentre eles, podemos aqui citar o Enem

    como um grande desafio para os professores de Qumica.

    De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio, o

    aprendizado de Qumica, no Ensino Mdio:

    [...] deve possibilitar ao aluno a compreenso tanto dos

    processos qumicos em si, quanto da construo de um

    conhecimento cientfico em estreita relao com as aplicaes

    tecnolgicas e suas implicaes ambientais, sociais, polticas e

    econmicas (BRASIL, MEC/SEMTEC, 2000, p. 31).

    Para que essas metas educacionais possam ser alcanadas, necessria a

    presena de um profissional que esteja determinado a atuar nessa perspectiva. O

    profissional destinado ao processo do ensino de Qumica deve estar embasado no

    apenas de teorias, mas tambm de fundamentos prticos e dinmicos para que as aulas

    possam ser proveitosas.

    2.2 POSSVEIS INFLUNCIAS DO NOVO ENEM NOS CURRCULOS

    EDUCACIONAIS DE QUMICA

    urgente se reavaliar, repensar o currculo escolar pontuando as mudanas

    paradigmticas vigentes de modo a contemplar as diferentes exigncias dessas

    mudanas sociais que influenciam diretamente as relaes escolares. Na disciplina de

    Qumica, necessrio um olhar mais aguado, e para isso, modificaes urgentes so

    necessrias. No podemos mais permanecer apenas com metodologias ultrapassadas, e

    sim realizarmos a renovao, para que o processo de ensino e aprendizagem seja

    executado de forma a obter bons resultados.

    Nota-se, que a inteno do governo federal de interferir no Ensino Mdio, indica

    que o Enem ser o critrio de avaliao do desempenho acadmico das escolas e seus

    estudantes, o que fica mais exposto exame, que declara como principais objetivos:

    democratizar as oportunidades de acesso s vagas federais de ensino superior,

    possibilitar a mobilidade acadmica e induzir a reestruturao dos currculos do ensino

    mdio (BRASIL, 2011).

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    Maceno et al. (2011) apontam que a nova matriz do exame preconiza a

    integrao das disciplinas, a articulao do conhecimento cientfico com a tecnologia e

    a mobilizao de informaes diante de situaes do cotidiano, considerando dimenses

    amplas e indo alm da aprendizagem por memorizao.

    Todas essas influencias existentes a partir do novo ENEM, devem ser pensadas e

    articuladas com a inteno de melhorar e qualificar o processo de aprendizagem o que

    h de mais importante no ambiente escolar.

    Maceno e colaboradores (2011, p. 154-157) encontram na atual matriz

    referencial do exame o enfoque na interdisciplinaridade, nas relaes entre cincia e

    tecnologia, na contextualizao e na valorizao da linguagem como meio de

    construo do conhecimento.

    nesse sentido que a ateno dos professores deve estar direcionada. A escola

    tambm deve nortear seu quadro docente para que os currculos de Qumica sigam um

    caminho onde o objetivo seja a contextualizao e a relao interna da cincia e da

    tecnologia, para que os alunos possam tambm demonstrar interesse pelas aulas e pela

    disciplina.

    Percebemos nas ltimas dcadas, um declnio no interesse e no aproveitamento

    das aulas de Qumica no ensino mdio em escolas brasileiras. Com dados de 2007,

    aproximadamente 25% dos alunos matriculados no ensino mdio no cursam a srie

    seguinte, seja por evaso ou repetncia (CORTI; FREITAS, 2010).

    Alguns motivos podem ser elencados para explicar esse fenmeno. A grande

    frequncia de aulas expositivas realizadas pelos professores parece ser um dos

    principais fatores.

    Nessas aulas, importantes conceitos so reduzidos a comprovaes tericas e

    repeties de modelos desvinculados dos fenmenos que os aliceram. (LAMBACH,

    2008; LIMA e GRILLO, 2008).

    Isso mostra a necessidade urgente do currculo de qumica passar por mudanas,

    j que esses currculos muitas vezes so utilizados h anos e no acompanharam as

    modificaes que aconteceram ao longo dos anos.

    A escolha de um currculo adequado para a escola no apenas deciso pessoal

    e pedaggica do professor, mas tambm uma deciso poltica, devendo ser coletiva.

    Lopes (1999) afirma que:

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    [...] a poltica curricular trata de um processo de seleo e de

    produo de saberes, de vises de mundo, de habilidades, de

    valores, de smbolos e significados, portanto, de culturas

    capazes de instituir formas de organizar o que selecionado,

    tornando apto a ser ensinado.

    Portanto, cabe a todo conjunto, aos professores, aos alunos, a gesto e ao corpo

    escolar, sejam docentes ou discentes, a escolha correta e a realizao de mudanas no

    currculo de qumica, de forma a acompanhar as inseres advindas do Enem ou de

    outros mecanismos de avaliao.

    Pois, o Enem realizado anualmente nas escolas que oferecem Ensino Mdio, e

    os professores de Qumica devem estar atentos para realizarem possveis modificaes

    em seus currculos educacionais para que possam proporcionar suporte aos alunos que

    participaro, trabalhando com atividades que se aproximam da realidade que os

    estudantes encontraro no Exame.

    Sabe-se que os primeiros currculos se pautavam em objetos e procedimentos

    para alcanar determinados resultados. Esse modelo segundo (HORNBURG, SILVA,

    2007, p. 62) foi chamado de tradicional, e pode, ento, ser resumido em: contedos,

    objetivos e ensino destes contedos de forma eficaz para ter a eficincia nos resultados

    de forma neutra.

    Porm, atualmente necessria a utilizao de uma linguagem mais clara para

    facilitar a comunicao entre o professor e o aluno, alm de propor meios para

    conseguir estabelecer uma ligao entre os objetivos, as atividades e a avaliao.

    Os objetivos educacionais so definidos como a descrio das maneiras pelas

    quais os alunos sero modificados por meio do processo educativo (BLOOM, 1956,

    p.26), ou seja, como eles sero mudados em seu pensar, agir e sentir.

    2.3 PRTICAS PEDAGGICAS DOS PROFESSORES DE QUMICA

    No exerccio da prtica docente percebemos que um grande desafio presente e

    constante contextualizar com eficincia os conhecimentos tericos, metodolgicos e

    pedaggicos, capazes de transformar o ato de ensinar e aprender entre professor e aluno,

    numa relao prazerosa, amistosa, de parceria e confiana em que possa se discutir com

    franqueza e lealdade s questes educacionais, tanto na educao bsica, como na

    Universidade.

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    Portanto, compreendemos que ser professor de Qumica requer alm de

    conhecimentos cientficos especficos, habilidades para fazer o aluno decodificar que ao

    aquecer gua ou congel-la, ele est aplicando as leis da termodinmica, fazendo-os

    sentir que [...] a cozinha o ancestral dos modernos laboratrios (CHASSOT, 2006c,

    p. 222).

    O autor contextualiza uma realidade vivida em grande parte das escolas. Muitas

    vezes essa compreenso ainda no assimilada pelos professores. Na atual realidade os

    professores devem entender a necessidade que existe em fazer com que os alunos

    possam mesmo compreender algumas leis e alguns conceitos referentes a disciplina de

    Qumica.

    Alm disso, preciso que os professores enfatizem as suas Prticas Pedaggicas

    no trabalho profissional, de forma que a aumentar a sua contribuio para a construo

    de uma educao libertadora como ferramenta para a vida profissional e pessoal do

    cidado.

    De acordo com Zanchet (2003), os dados produzidos a partir do ENEM

    poderiam contribuir para que os professores possam refletir sobre a prtica

    desenvolvida, sobre a participao no desenvolvimento dos sujeitos e uma prtica

    avaliativa que levasse em conta tais aspectos.

    Como este exame se prope a focar em questes contextualizadas, poderia

    apontar para os professores formas alternativas e contribuir para a superao da

    racionalidade tcnica.

    Os professores de Qumica no precisam deixar de trabalhar suas prticas

    pedaggicas, alm de no terem que pensar que se esto modificando suas formas de

    lecionar, esto ao mesmo tempo ultrapassados. Ao contrrio, professores que realizam

    adaptaes em suas metodologias e modificam suas prticas, esto na verdade

    acompanhando os avanos educacionais e permitindo que seus alunos possam obter

    melhores resultados.

    2.4 A IMPORTNCIA DO PREPARO DOS ALUNOS PARA A REALIZAO DO

    ENEM

    O preparo dos alunos, futuros ingressos na universidade pblica, um fator de

    alta importncia, pois com o aumento contnuo da concorrncia necessrio mais tempo

    de estudo para se ingressar num curso superior de qualidade. Muitas escolas tm seus

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    cursos de ensino mdio voltados para a preparao para o ENEM e Vestibular,

    principalmente as particulares. Porm, o aluno de escola pblica, independente do turno

    que estuda e da qualidade do ensino em sua escola de leva desvantagem em relao aos

    correntes das escolas privadas, pois esse aluno alm de estudar, geralmente tem outras

    atividades, dentre elas, trabalhar para ajudar no sustento da famlia.

    A princpio o ENEM era um mero instrumento do Governo Federal para analisar

    a qualidade do ensino mdio no Brasil. Poucos eram aqueles que se dispunham a

    realizar o exame e dedicar-se para atingir uma boa pontuao. Hoje tudo mudou. O

    Enem passou a ser o instrumento do ProUni (Programa Universidade para Todos), que

    oferece bolsas de estudo em universidades particulares para alunos comprovadamente

    carentes. (Brasil Escola, 2013).

    Analisando dessa forma, valido dizer que os alunos precisam de preparos reais

    para que possam ter chances de conquistar uma vaga em um curso superior, mediante a

    alta concorrncia que existe na atualidade. Hoje o ENEM no apenas uma prova para

    mensurar a qualidade do ensino, mas tambm uma grande possibilidade de conquistar

    uma vaga e optar por inmeros cursos superiores.

    Por mais que a interpretao e o raciocnio estejam evidentemente priorizados na

    prova, necessria ainda uma grande base terica para a resoluo das questes. O

    contedo clssico do Ensino Mdio ainda cobrado e os conceitos precisam estar

    solidificados na cabea do aluno para que ele possa resolver as questes. (ENEM,

    2013).

    A base terica mencionada acima conquistada pelos alunos que buscam com

    mais intensidade o preparo para a realizao da prova. Esse preparo possvel quando

    os alunos no medem esforos e seguem atrs de novos conhecimentos, e no esperam

    apenas os conhecimentos que podem ser obtidos em salas de aulas. Porem, todo o

    preparo dos alunos do Ensino Mdio deve comear ainda nas salas de aulas, pois o

    compromisso e o papel do professor no pode ser cancelado nem minimizado.

    3 METODOLOGIA

    A pesquisa foi realizada em uma Escola Estadual, localizada na Rua Monsenhor

    Tomaz, no municpio de Benjamin Constant AM.

    O pblico submetido pesquisa foram os professores da disciplina de qumica,

    alm dos alunos de duas turmas do 3 ano do Ensino Mdio do turno vespertino.

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    Fizeram parte da pesquisa 06 professores da disciplina de Qumica, e 50 alunos

    que foram aleatoriamente selecionados, sendo 25 alunos de cada turma.

    3.1 CLASSIFICAO DA PESQUISA

    Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um carter pragmtico, e um processo

    formal e sistemtico de desenvolvimento do mtodo cientfico. O objetivo fundamental

    da pesquisa descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos

    cientficos.

    Na presente pesquisa, fez-se uso da pesquisa-ao, pois, uma metodologia

    muito utilizada em projetos de pesquisa educacional.

    Define Thiollent (1988):

    A pesquisa ao um tipo de investigao social com base

    emprica que concebida e realizada em estreita associao com

    uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo no qual

    os pesquisadores e os participantes representativos da situao

    ou do problema esto envolvidos de modo cooperativo ou

    participativo.

    Nessa pesquisa portanto a investigao social foi realizada exatamente como diz

    o autor, tendo em vista que os alunos e os professores foram os principais participantes.

    Com a aplicao da pesquisa ao, foi possvel perceber quais os principais problemas e

    benefcios que o ENEM trouxe para o processo de ensino e aprendizagem na disciplina

    de Qumica no Ensino Mdio.

    Diante do estudo proposto e da necessidade da coleta dos dados, com base nos

    objetivos, tambm foi necessrio desenvolver uma pesquisa exploratria de perfil

    qualitativa e a quantitativa, pois os dados coletados foram colocados em grficos.

    Para Gil (2007) a pesquisa exploratria:

    [...] tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o

    problema, com vistas a torn-lo mais explcito ou a construir

    hipteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a)

    levantamento bibliogrfico; (b) entrevistas com pessoas que

    tiveram experincias prticas com o problema pesquisado; e (c)

    anlise de exemplos que estimulem a compreenso.

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    De acordo com o autor, essa pesquisa realmente proporcionou uma relao mais

    prxima, alm de um contato direto com o pblico alvo. As entrevistas, onde foram

    realizados os questionrios foram de grande utilidade, alm de permitir que fossem

    levantadas algumas informaes atravs de conversar informais, o que aconteceu em

    contato com os professores e alunos.

    A pesquisa qualitativa no se preocupa com representatividade

    numrica, mas, sim, com o aprofundamento da compreenso de

    um grupo social, de uma organizao, etc. Os pesquisadores que

    adotam a abordagem qualitativa opem-se ao pressuposto que

    defende um modelo nico de pesquisa para todas as cincias, j

    que as cincias sociais tm sua especificidade, o que pressupe

    uma metodologia prpria. Assim, os pesquisadores qualitativos

    recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social,

    uma vez que o pesquisador no pode fazer julgamentos nem

    permitir que seus preconceitos e crenas contaminem a pesquisa

    (GOLDENBERG, 1997, p. 34).

    Na pesquisa qualitativa, o cientista ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de

    suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa imprevisvel. O conhecimento do

    pesquisador parcial e limitado. O objetivo da amostra de produzir informaes

    aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa que ela seja

    capaz de produzir novas informaes (DESLAURIERS, 1991, p. 58).

    Conforme diz o autor, no importa quo grande o tamanho das informaes,

    mas sim o que elas so capazes de nos dizer. Nessa pesquisa, as informaes foram de

    grande importncia, pois retrataram uma realidade convivida por inmeros alunos. A

    produo das novas informaes sero capazes de nos permitir, pensar sobre como os

    alunos esto buscando o preparo imprescindvel para a realizao do exame, e o que os

    professores esto fazendo para que os alunos possam conseguir resultados positivos.

    Quanto a Pesquisa Quantitativa, esclarece Fonseca (2002, p. 20):

    Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da

    pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as

    amostras geralmente so grandes e consideradas representativas

    da populao, os resultados so tomados como se constitussem

    um retrato real de toda a populao alvo da pesquisa. A pesquisa

    quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo

    positivismo, considera que a realidade s pode ser compreendida

    com base na anlise de dados brutos, recolhidos com o auxlio

    de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa

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    260

    recorre linguagem matemtica para descrever as causas de um

    fenmeno, as relaes entre variveis, etc. A utilizao conjunta

    da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais

    informaes do que se poderia conseguir isoladamente.

    Seguindo a linha do pensamento do autor, nessa pesquisa buscou-se pesquisar

    atravs da utilizao no somente da pesquisa quantitativa, como tambm da pesquisa

    qualitativa. Assim, os dados coletados foram importantes e permitiram visualizar

    informaes que no estariam presentes apenas em perguntas do mesmo tipo de

    classificao.

    3.2 MTODOS E TIPO DE PESQUISA

    O mtodo dedutivo, como lembra Santos (2008) tem bases nos pensadores

    racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, tendo como pressuposto que apenas a razo

    pode conduzir ao conhecimento verdadeiro.

    Ele parte de princpios tidos como verdadeiros e inquestionveis (premissa

    maior), para assim o pesquisador estabelecer relaes com uma proposio particular

    (premissa menor) e, a partir do raciocnio lgico, chegar verdade daquilo que prope

    (concluso). Ou, utilizando as palavras de Galliano (1979, p. 39) a deduo consiste

    em tirar uma verdade particular de uma verdade geral na qual ela est implcita.

    Dessa forma, foi possvel, atravs da aplicao do mtodo de pesquisa dedutivo,

    apontar as mudanas nos trabalhos pedaggicos realizados pelos professores de

    Qumica em virtude da realizao do Enem, alm de averiguar se os professores

    sentiam-se estimulados a contribuir para o bom desempenho dos seus alunos, ao

    realizarem a prova do Enem e de que forma os professores repassavam aos seus alunos

    o estmulo para que participem do exame.

    3.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA E ANLISE DE DADOS

    Nessa pesquisa os dados foram coletados atravs de questionrio, levando em

    conta que sua aplicao foi de grande importncia, e permitiu recolher os resultados

    necessrios. O questionrio utilizado foi o Questionrio Misto, pois, continha

    caractersticas do questionrio aberto e tambm do questionrio fechado.

    Os dados obtidos foram de carter qualitativo, representando assim

    caractersticas acerca do tema em questo, mas, dados de cunho quantitativos tambm

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    261

    foram evidenciados. Nessa perspectiva os dados foram agrupados em grficos e tabelas,

    possibilitando uma melhor visualizao dos resultados.

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 ANLISE SOBRE AS MUDANAS REALIZADAS PELO ENEM NOS

    CURRCULOS E TRABALHOS PEDAGGICOS DOS PROFESSORES.

    Primeiramente, buscou-se a identificao da formao do professor, e o interesse

    em saber o tempo de docncia de cada um. O Quadro 01 sistematiza as respostas dadas

    pelos professores sobre as questes.

    Quadro 01. Formao do professor e tempo de atuao como docente.

    Professor Formao: Graduao Tempo de atuao

    1 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos

    2 Biologia 9 anos

    3 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos

    4 Matemtica 10 anos

    5 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos

    6 Cincias: Biologia e Qumica 2 anos

    Percebeu-se que, entre os professores participantes dessa pesquisa, a maioria dos

    profissionais so recm-formados.

    GARCIA (1999, p.27) diz que no se pode exigir que a formao inicial oferea

    produtos acabados, mas sim, que ela possibilite a compreenso de que a formao

    inicial uma primeira fase de um longo e diferenciado processo de desenvolvimento

    profissional.

    Assim, o pouco tempo de atuao docente dos professores no pode ser encarado

    como ponto negativo, e sim, como o incio do percurso de uma fase onde o professor

    entrar em contato com as diversidades e dificuldades enfrentadas diariamente e que,

    necessitar de empenho e dedicao constante.

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    A questes 3 e 4 permitiram a identificao por parte dos professores, quanto o

    acompanhamento e o preparo das aulas, de acordo com o contedo programtico do

    ENEM.

    Os dados obtidos a partir dessas perguntas nos mostrou que dos professores

    entrevistados, 4 deles afirmaram que preparam e acompanham os contedos

    programticos do ENEM, por acreditarem ser esta uma forma de possibilitar aos alunos,

    mais informaes, alm de prepar-los para a realizao do exame, levando em

    considerao a complexidade das questes contidas nele.

    A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, pode-se constatar de fato, que os

    professores acreditam realmente na importncia do ENEM, e que so atores importantes

    no processo de preparao dos alunos para a realizao do mesmo.

    Apenas dois professores disseram no acompanhar, nem preparar suas aulas de

    acordo com o que preconiza o ENEM. Em resposta a essa questo, o professor 4

    respondeu que no acompanha e prepara suas aulas conforme o contedo programtico

    do ENEM para a disciplina de Qumica, porque no formado na rea, e tem

    dificuldades de entender alguns contedos e conceitos.

    Ainda afirmou que est ministrando aulas de Qumica devido falta de

    professores formados, mas, que pretende voltar a lecionar aulas de matemtica, onde

    poder trabalhar com mais propriedade, mas, reconheceu a importncia de se trabalhar

    conforme a proposta do ENEM, e disse que no se considerava habilitado para trabalhar

    prticas em laboratrios, como experincias, porque no estava apto a manusear os

    reagentes, e atribuiu isso a falta de conhecimento na rea de ensino que estava atuando,

    porm, que no era sua formao.

    Segundo os professores 1 e 3, mesmo com algumas dificuldades enfrentadas no

    cotidiano, como falta de materiais, o pouco tempo de aula, a falta de interesse de alguns

    alunos e a falta de apoio da escola para realizarem algumas atividades, ainda assim

    consideram o ENEM um importante mtodo avaliativo para os alunos e para eles

    prprios, pois alm de diagnosticar se os alunos esto aprendendo, eles tambm avaliam

    a si prprios e percebem as modificaes que devem ser realizadas em suas

    metodologias para que os alunos consigam resultados mais positivos, alm da

    preparao para realizao do Exame.

    Alm disso, todos os professores acham necessrio que as aulas estejam de

    acordo com os contedos programticos do ENEM. Segundo eles, se as aulas estiverem

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    de acordo com o que ele preconiza, cotidianamente os alunos estaro sendo preparados

    para a realizao do exame, e as questes sero compreendidas com mais facilidade.

    Os professores tambm afirmaram que a escola prioriza o ENEM. Isso se

    confirmou com o fato da direo e a coordenao pedaggica da escola solicitar a todos

    os professores, que elaborem seus planos anuais destacando e dando relevncias as

    habilidades e competncias preconizadas de acordo com o ENEM.

    Alm dos planos anuais realizados pelos professores, a escola, juntamente com a

    coordenao pedaggica, solicita aos professores de todas as disciplinas que utilizem

    com mais nfase as novas metodologias. Alm disso, o currculo escolar, segundo os

    professores, tambm sofreu modificaes para adequar-se a proposta do ENEM.

    Os professores entrevistados disseram que os contedos selecionados so

    baseados na proposta curricular do Ensino Mdio, elaborada em consonncia com a

    Secretaria de Educao do Estado do Amazonas, e que as escolas fazem essa solicitao

    aos professores de todas as disciplinas, inclusive, para a disciplina de Qumica.

    Grfico 01: Modificao por parte dos professores em suas metodologias de ensino

    baseados nas propostas e contedos que o ENEM estabelece e credibilidade de que os

    alunos esto preparados para responderem as questes de Qumica contidas no Exame.

    Na pesquisa de Zanchet (2003),

    O ENEM estaria gerando mudanas nas prticas pedaggicas e

    alterando o trabalho de professores, pois mesmo que eles

    estivessem centrados na racionalidade tcnica, teriam

    demonstrado certa preocupao em mudar suas prticas

    pedaggicas frente s questes deste exame, levando-os a

    pensarem em formas alternativas para desenvolver os contedos

    das disciplinas.

    6783

    3317

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    MODIFICARAM SUAS METODOLOGIAS ACREDITAM NO PREPARO DOS ALUNOS

    SIM NAO

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    Os resultados analisados no Grfico 01, foram concordantes com os obtidos pelo

    autor acima, no qual os professores modificaram as suas formas de lecionar,

    intencionados na realizao das novas metodologias, e alm disso, mudanas nas

    prticas pedaggicas, e portanto, o desenvolvimento dos contedos da disciplina de

    Qumica com mais clareza.

    Mediante a essas modificaes pedaggicas realizadas, a maioria dos

    professores afirmaram que acreditam no preparo dos alunos, para responderem as

    questes de Qumica contidas no ENEM.

    O professor 3 justificou em sua resposta dizendo que os alunos esto preparados

    para responderem as questes de Qumica respectivas aos contedos trabalhados em

    sala de aula, pois, alm das mudanas pedaggicas, a escola realizou simulados do

    Exame.

    Em concordncia com o professor 3, a realizao do simulado permite aos

    alunos um mapeamento dos contedos mais requisitados no exame. Alm disso,

    qualquer simulado realizado nas mesmas caractersticas de uma avaliao que ser

    realizada posteriormente, aumentam as chances do candidato.

    O professor 6 afirmou tambm, que acredita na capacidade dos alunos de

    responderem as questes da disciplina de Qumica contidas no exame, e que ao

    responderem a avaliao conseguiro ndices satisfatrios. Alm disso, o professor

    relatou ainda que os alunos preparam-se mais para a realizao do certame, devido o

    interesse em conquistar suas vagas nas universidades pblicas que aceitam as notas do

    ENEM.

    Porm, o professor 2 no acredita no preparo dos alunos para responderem as

    questes de Qumica contidas no ENEM, e justificou sua resposta afirmando que a

    aprendizagem um assunto pessoal, onde o aluno decide se aprende ou apenas conclui a

    srie que est cursando, e ainda comentou, em conversa informal, que os alunos no

    estudam em casa, e portanto, ficam restritos ao que ensinado apenas em sala de aula.

    O Documento Bsico do ENEM apresenta as definies dadas pelo Ministrio

    da Educao e Cultura - MEC, que de fato preparam os alunos para suas avaliaes: As

    competncias e as habilidades.

    Nos explica Gama (2006) que:

    As competncias so estruturas mentais que, em princpio,

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    265

    podem ser desenvolvidas por meio de mtodos de ensino

    apropriados. Nas situaes tpicas de sala de aula no temos,

    todavia, quaisquer instrumentos e meios para medir/avaliar se

    dado aluno mais ou menos competente.

    O que podemos medir ou avaliar sempre ser referente s

    habilidades que um aluno pode demonstrar, e isto depende da

    qualidade do estgio e da abrangncia das suas estruturas

    mentais. Quanto mais elas so boas, no sentido de serem

    capazes de recorrer a diversos conhecimentos, estabelecer

    tantas relaes quantas sejam possveis entre eles, e, ainda,

    sinergicamente, coordenar tudo isto para resolver questes no

    mundo real, tanto mais se poder afirmar sobre suas

    habilidades.

    Para que os alunos estejam realmente preparados, h a necessidade de que os

    professores trabalhem em seus alunos essas definies, com a finalidade de torn-los

    mais suscetveis a obterem bons resultados com a realizao do certame. De acordo

    com o autor, preciso haver consonncia entre as competncias e as habilidades dos

    alunos, e estas devem ser trabalhadas pelos professores, de acordo com os contedos

    abordados.

    4.2 ANLISE DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS SOBRE O ENEM E SUAS

    PERCEPES SOBRE AS MUDANAS REALIZADAS NOS TRABALHOS

    PEDAGGICOS E CURRCULOS DE SEUS PROFESSORES

    Grfico 02: Concordncia de que o ENEM seja uma forma de acesso dos alunos a

    Universidade e se o consideram um importante mtodo avaliador do Ensino Mdio.

    Como pode ser analisado no Grfico 02, a maioria dos alunos concordou com o

    acesso direto s Universidades, utilizando as notas obtidas com a realizao da prova do

    ENEM. Em conversa informal, alguns alunos afirmaram que o acesso as Universidades

    utilizando as notas adquiridas favorvel para aqueles que realmente esto preparados,

    6740

    3360

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Concordam que o ENEM seja uma formadireta de acesso.

    Consideram o ENEM um importantemtodo avaliador.

    SIM NAO

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    e que esse preparo no pode ser obtido apenas na sala de aula, mas tambm, estudando e

    se preparando em casa nas horas livres.

    Os alunos que disseram no concordar com o acesso direto nas universidades,

    utilizando as notas adquiridas com a realizao do ENEM, justificaram as respostas

    dizendo que o vestibular seria a melhor forma de ingressar nas Universidades e que o

    ENEM complicado, possui linguagens tcnicas e questes complexas, alm de serem

    de difcil compreenso.

    Na realidade, o ENEM tem premissas que j constam na Lei de Diretrizes e

    Bases da Educao(Lei9.394/96), que tambm incitam outras profundas melhorias e

    transformaes de nosso Ensino Mdio, como, por exemplo, outros mecanismos de

    acesso ao ensino superior.

    Diante das finalidades almejadas pelo novo projeto de educao, as

    metodologias, o currculo e as diversas maneiras de avaliao sero desenvolvidos de

    modo que o aluno, no final do Ensino Mdio, demonstre:

    I-domnio dos princpios cientficos e tecnolgicos que presidem

    a produo moderna;

    II- conhecimento das formas contemporneas de linguagem;

    III-domnio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia

    necessrios ao exerccio da cidadania. (DCNEM, 1999, P. 69).

    Com essas atribuies, pode-se esperar que os alunos obtenham possibilidades

    reais de conclurem o Ensino Mdio e seguirem para o ensino superior realizando

    apenas o ENEM. As determinaes implicadas pela LDB aos educandos concludentes

    do Ensino Mdio, so satisfatrias para que eles possam dar prosseguimentos no ensino

    superior. O importante saber se os alunos esto conseguindo alcanar esses

    conhecimentos e domnios a partir das modificaes metodolgicas realizadas pelos

    professores.

    De acordo com o Grfico 02, mesmo concordando que o ENEM seja uma forma

    direta de acesso as universidades, a maioria dos alunos entrevistados no considera o

    Exame, um mtodo avaliativo to importante. A maior parte deles justificaram suas

    respostas que trata-se apenas de mais uma prova inserida pelo governo federal, mas que

    na verdade no avalia da forma correta.

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    Em conversa informal, alguns alunos disseram que os professores enfatizam os

    contedos pertinentes a suas disciplinas, semanas antes da realizao do exame, e que

    aps passar os dias de prova, as aulas voltam a ser ministradas sem a devida

    preocupao por parte dos professores, em continuarem trabalhando os contedos

    programticos do ENEM. Alm disso, alguns alunos afirmaram que no conseguem

    compreender as questes contidas no Exame, por serem de difcil interpretao.

    Mallmann (2008) chama ateno para:

    O que ocorre quando a Avaliao torna-se padronizada

    nacionalmente e com carter controlador a desconsiderao

    das especificidades enquanto aspectos: geogrficos, sociais,

    econmicos, estruturais e de formao dos profissionais da

    educao. Fatores que interferem no processo pedaggico e

    necessitam ser analisados e considerados no processo de

    avaliao das escolas de educao bsica.

    H de se concordar com a ateno chamada pelo autor, pois o ENEM um tipo

    de avalio realmente padronizada. Nesse formato, no so levadas em considerao as

    contextualizaes e singularidades de cada regio.

    A afirmao dos alunos em relao a complexa e difcil linguagem utilizadas nas

    elaboraes das provas do ENEM, podem estar indo de encontro justamente com essa

    padronizao.

    Em concordncia com o autor, seria interessante, estabelecer um mecanismo

    para regionalizao das questes, de modo que os alunos fossem avaliados sem a

    desconsiderao de suas peculiaridades, assim seria realmente possvel afirmar que o

    ENEM seria de certa forma, um bom mtodo avaliativo dos alunos do Ensino Mdio.

    Alguns dos alunos que responderam que o ENEM um importante mtodo

    avaliativo do Ensino Mdio, afirmaram que, realizando o exame possvel obter o

    diagnstico do nvel de conhecimento dos alunos, alm, da identificao dos possveis

    problemas que estejam dificultando o processo de ensino e aprendizagem.

    De acordo com a maioria dos alunos entrevistados, a escola tambm acredita na

    importncia do ENEM como mtodo avaliativo, e incentiva no somente os alunos

    concludentes, como tambm os alunos do 1 e 2 ano do Ensino Mdio.

    Segundo eles, durante alguns dias a escola divulga sites e disponibiliza uma

    pessoa para auxiliar os alunos a realizarem suas inscries.

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    76

    4

    24

    96

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Realizaram ou pretendem realizar oexame

    Preparados para responderem asquestes de Qumica

    SIM NAO

    De acordo com os alunos, na prpria escola, possvel a obteno de acesso

    internet, para efetuarem a inscrio e ainda a impresso do comprovante. Para muitos

    alunos essa contrapartida da escola uma ajuda significativa, tendo em vista que muitos

    deles no possuem internet em suas residncias, nem condies para acessarem em

    locais particulares, tornando ainda mais difcil a inscrio e a participao no exame.

    Grfico 03: Alunos que j realizaram ou tem vontade de realizar o ENEM e se esto

    preparados ou no para responderem as questes de Qumica contidas no exame.

    As informaes analisadas no Grfico 03, mostram que a maioria dos alunos j

    realizou ou almeja realizar a avaliao do ENEM. Alguns alunos, ao justificarem suas

    respostas disseram que o Exame um bom momento para testar os conhecimentos

    adquiridos em sala de aula.

    Porm, os dados do Grfico 03 mostram tambm que dentre eles, h um nmero

    nfimo que se consideram preparados para a realizao do exame, mesmo assim esto

    decididos a realizarem a prova para testarem e mensurarem seus conhecimentos. Alguns

    alunos afirmaram, que no iro realizar o ENEM, porque no esto confiantes, e no

    possuem conhecimentos suficientes para realizao do mesmo.

    A necessidade de que os alunos sintam-se preparados para o ENEM um fato

    incontestvel. Para que o aluno possa ter o preparo indispensvel para obter bons

    resultados ao realizar o exame, precisa ter boas orientaes, e cabe a escola, e

    principalmente aos professores, realizarem essas orientaes, no apenas os

    conhecimentos que os alunos precisam, mas, tambm preparar os alunos

    emocionalmente para a prova.

    importante que o aluno concludente do Ensino Mdio realize o ENEM, alm

    de ser importante para o aluno, tambm para a escola, para o municpio e para o

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    20%

    64%

    16%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    Principais sugestes dos estudantes

    Uso do laboratorio Simulados do ENEM Aulas dinamicas em sala de aula

    estado, por ser um dos indicadores de qualidade de ensino da escola. Alm disso, os

    interessados em prestar o ProUni (Programa Universidade para Todos) s podero faz-

    lo mediante a realizao do ENEM.

    Grfico 04: Sugestes dos estudantes para que as aulas de Qumica sejam mais

    proveitosas e proporcionem a realizao de uma boa prova do ENEM.

    Em relao s atividades sugeridas, para potencializar o preparo dos estudantes

    para realizarem o certame, podemos analisar no grfico 04, que grande parte dos alunos

    sentem a necessidade da realizao dos simulados do ENEM para familiarizarem-se

    com os tipos de questes contidas na avaliao.

    Com a realizao dos simulados seria mais fcil para os alunos sanar as dvidas

    pertinentes, e acostumarem-se com o contexto que o exame apresenta.

    O simulado importante porque ele ajuda no trip do vestibular, ou seja, ajuda

    na questo do conhecimento, da calma e da confiana. No que se refere ao

    conhecimento, ele ajuda porque os simulados do um feedback do seu desempenho em

    cada matria.

    No que se refere calma e a confiana, os benefcios do simulado so por via

    indireta, mas no menos importantes. Ao realizar um simulado, voc ir experimentar

    em algum grau a mesma sensao que quando estiver fazendo o exame. (A importncia

    dos Simulados, 2013).

    http://oguiadosvestibulandos.blogspot.com/2010/09/o-tripe-do-vestibular.html

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    As aulas dinmicas e contextualizadas, tambm foram sugeridas pelos

    estudantes, com o intuito de tornar o ambiente escolar mais agradvel, tornando as aulas

    de Qumica, momentos de interao entre alunos e professores, facilitando a

    compreenso dos contedos ministrados.

    Pois sabe-se que, contextualizar a Qumica no promover uma ligao artificial

    entre o conhecimento e o cotidiano do aluno. No citar exemplos como ilustrao ao

    final de algum contedo, mas que contextualizar propor situaes problemticas reais

    e buscar o conhecimento necessrio para entend-las e procurar solucion-las. (PCN+,

    p.93).

    Alguns estudantes tambm sugeriram aos professores que utilizassem com mais

    frequncia o laboratrio de cincias da escola, pois, segundo eles, as aulas em

    laboratrio so mais produtivas e permitiriam que analisassem os fenmenos qumicos

    por um ngulo diferente, de forma participativa, alm de poderem compreender com

    mais facilidade as explicaes do professor.

    Para Moreira e Levandowski (1983), a atividade de laboratrio um importante

    elemento para o ensino de Qumica e esse tipo de atividade pode ser direcionado para

    que atinja diferentes objetivos, tais como facilitao de aprendizagem, habilidades

    motoras, hbitos, tcnicas e manuseio de aparelhos, aprendizagem de conceitos e suas

    relaes, leis e princpios.

    O uso de experimentos nas escolas foi influenciado, h mais de cem anos, pelo

    trabalho experimental que estava sendo desenvolvido nas universidades. Estas aulas

    experimentais tinham por objetivo melhorar a aprendizagem do contedo cientfico,

    pois os educandos aprendiam os contedos, mas no sabiam aplic-los. Passado todo

    esse tempo, o problema continua presente no ensino de Qumica (Izquierdo, Sanmart e

    Espinet, 1999).

    Para resolver de vez alguns problemas que at hoje ainda interferem no ensino

    de Qumica, precisamos colocar em prtica o que aprendemos ainda na graduao. Os

    alunos do ensino mdio so, em sua totalidade, indivduos que naturalmente necessitam

    de aes renovadores, sendo assim seria muito interessante se os professores de

    Qumica fossem mais atentos para as solicitaes dos alunos.

    No h o que discutir, as aulas dinmicas e experimentais so indispensveis,

    porm, as maiorias dos professores no as utilizam com intensidade, e assim deixam

    uma lacuna importante no processo de ensino, a lacuna chamada experimentao.

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    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Acreditam no preparo dosestudantes

    Estudantes que acreditam estarpreparados

    SIM NAO

    A experimentao se justifica por motivos ligados estrutura da cincia,

    Psicopedagogia, Didtica especfica, reformulao conceitual entre outros, sendo

    considerada ferramenta para o ensino e aprendizagem de Qumica. Embora atividades

    experimentais aconteam pouco, tanto em espaos destinados para este fim ou mesmo

    nas salas de aula, a maioria dos educadores acredita que esta pode ser a soluo a ser

    colocada em prtica, que auxiliaria na to esperada melhoria do ensino de Qumica

    (SCHWAHN, 2009).

    Para Hodson (1988), o aluno deve perceber que todo experimento para ser

    realizado deve estar sustentado pela teoria (matriz terica), por convenes, mtodos ou

    protocolos de como realiz-lo (matriz procedimental) e de diversas teorias que

    envolvem a instrumentao (matriz instrumental).

    Em outras palavras, para este autor, no existe experimentao sem a teoria,

    devendo ser utilizada como um recurso de complementao dos contedos vistos em

    sala de aula, o que realmente coloca em evidncia estas duas estratgias de ensino.

    Vale ressaltar que os professores que participaram dessa pesquisa responderam

    que j realizam essas atividades, mas, que a aplicao dessas atividades pedaggicas so

    planejadas de acordo com o contedo a ser trabalhado. Ainda afirmaram que os

    simulados, que por sua vez, corresponderam s maiores sugestes dos alunos, so

    realizados durante o ano letivo, e essa atitude uma forma adotada pela escola para que

    os alunos possam ter resultados positivos.

    4.3 PROFESSORES X ESTUDANTES: O PREPARO EM RELAO AS

    QUESTES QUE QUMICA CONTIDAS NO ENEM

    Grfico 05: Comparao entre as respostas dos professores e estudantes quanto ao

    preparo dos mesmos para responderem as questes de Qumica contidas no ENEM.

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    Como mostra o Grfico 05, h uma grande controvrsia entre alunos e

    professores. Por um lado, a maioria dos professores afirmou que os alunos concludentes

    do Ensino Mdio esto preparados para realizarem o exame, visto que modificaram seus

    trabalhos pedaggicos e acreditam que seus alunos podem obter resultados positivos ao

    realizarem o ENEM.

    Em contrapartida, os alunos responderam que no se consideram aptos a

    realizarem a avaliao. Alguns alunos disseram que querem fazer o exame, mas, sabem

    que os resultados no sero positivos.

    Muitos professores utilizam os horrios de aula apenas para ministrar os

    contedos, quer sejam aulas tericas ou prticas. Mas para que os alunos e os

    professores possam desfrutas de as aulas mais proveitosas, preciso que acontea em

    sala de aula, momentos de trocas de ideias entre os professores e os alunos. Os alunos

    muitas vezes no esto tendo bons resultados nas explicaes que esto recebendo, nem

    mesmo nos tipos de aulas que so ofertadas.

    Ainda segundo os alunos, a falta de preparo para alcanarem bons resultados no

    certame, atribudo ao fato dos professores no organizarem suas aulas, e seus

    trabalhos pedaggicos serem sempre repetitivos.

    Quando os professores no modificam seus trabalhos pedaggicos, acabam por

    prejudicar o resultado dos alunos na avaliao, fazendo com que os mesmos no se

    sintam preparados para realizar o exame, e se realizarem, podem no obter bons

    resultados.

    Segundo Zabala (1998, p.162) o aprendizado se d quando o aluno consegue

    utilizar o conhecimento adquirido em uma exemplificao ou em situaes que ele

    consegue pr em prtica, com aes ou palavras, os conceitos por ele formulados.

    O fato de o educador utilizar novas metodologias pedaggicas para promover

    junto ao educando condies de aprendizado no o exime de utilizar prticas ditas

    tradicionais como listas de exerccios, avaliaes escritas, aulas expositivas para avaliar

    a participao efetiva do educando nas aulas e garantir-lhe possibilidades de

    aprendizagem como cita Schatzman (apud Medeiros e Bezerra Filho, 2000, p.108):

    A cincia no pode ser ensinada como um dogma

    inquestionvel. Um ensino da cincia que no ensine a pensar, a

    refletir, a criticar, que substitua a busca de explicaes

    convincentes pela f na palavra do mestre, pode ser tudo menos

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    um verdadeiro ensino da cincia. antes de mais nada um

    ensino de obedincia cega incorporado numa cultura repressiva.

    nessa ideia que podemos afirmar o quanto preciso que os professores de

    Qumica sejam atores responsveis de irem alm do ato de ensinar. Para que os alunos

    realmente possam ser considerados seres capazes de resolver problemas de

    complexidades como os encontrados no certame do ENEM, preciso que a preparao

    acontea ainda em sala de aula e, alm disso, importante que os alunos tenham a

    possibilidade de lidar com questes que exijam a utilizao do pensamento, da reflexo

    e da crtica, e que essas atribuies possam ser mais que meramente um entendimento

    de explicaes de antigas teorias.

    Um dos alunos ainda afirmou em resposta ao seu questionrio que o professor de

    Qumica trabalha com simulados do ENEM apenas uma semana antes da realizao da

    prova, o que para ele no supre a necessidade dos alunos, sendo que simulados do

    ENEM, deveriam ser realizados durante todo ano, j que um mtodo que avalia no

    somente os alunos, mas avalia a escola e seus professores.

    CONCLUSO

    Diante dos resultados e dos objetivos alcanados neste trabalho, pode-se

    detectar que o ENEM tem implicaes diretas nas escolas. Essas implicaes

    precisam ser conhecidas. vlido afirmar que as mudanas realizadas nos trabalhos

    pedaggicos executadas pelos professores devem ser perceptveis aos alunos para

    que viabilizem resultados positivos.

    Caso contrrio, se as mudanas acerca dos trabalhos pedaggicos e dos

    currculos no forem identificadas pelos estudantes, os resultados negativos sero

    evidenciados.

    importante que os professores e os alunos estejam preparados quando o

    assunto for realizao do ENEM e o que a antecede. Os resultados da pesquisa

    mostraram que os professores e alunos reconhecem a importncia do ENEM, sabem

    o que preciso e como devem fazer para alcanarem bons resultados, mas,

    preciso colocar em prtica esses novos procedimentos, bem como as mudanas que

    surgiram, com a finalidade de preparar os alunos para o exame.

    Com isso, o ENEM tem sido pouco produtivo tanto para a escola onde essa

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    pesquisa foi realizada, quanto para os entrevistados. De acordo com os estudantes, o

    ENEM causou tantas mudanas como foram ditas pelos professores, tambm no

    instigou os alunos a buscarem meios de prepararem-se para realizarem a avaliao

    com segurana.

    Portanto, preciso que as escolas e seus prprios professores de Qumica

    sintam-se incentivados a realizarem mudanas no sentido pedaggico, de forma que

    haja definitivamente, modificaes e melhorias no processo de ensino e

    aprendizagem.

    importante tambm, que os estudantes assumam a responsabilidade de

    obteno do preparo necessrio para responderem as questes de Qumica contidas no

    Exame, e no deixem essa atribuio apenas para o professor, pois, a educao, o

    ensino, o bom desempenho e os resultados de uma educao de qualidade devem ser

    responsabilidade de todos.

    Portanto, diante dos resultados obtidos em relao ao Exame Nacional do Ensino

    Mdio, analisados pelo ponto de vista de professores e estudantes da rede pblica de

    ensino no Municpio de Benjamin Constant - AM pode-se compreender que o ENEM

    permitiu aos professores a identificao de um motivo a mais para que haja

    modificaes de algumas metodologias, e assim permitir aos alunos que esto

    concluindo o Ensino Mdio a possibilidade de chances reais de conquistarem suas vagas

    nos mais diversos cursos de graduao, em inmeras instituies de ensino, que aceitem

    parcial ou totalmente as notas obtidas com a realizao do exame.

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    Recebido em 05/8/2013. Aceito em 15/11/2013.

    Sobre autores e contato: *Graduando em Cincias: Biologia e Qumica, e-mail: [email protected]

    **Licenciada em Cincias: Biologia e Qumica UFAM e Especialista em Metodologia

    de Ensino da Qumica - FGF, e-mail: [email protected]