238_vapores Orgânicos e Unidade de Recuperação de Vapores Em Um Terminal...

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1 VAPORES ORGÂNICOS E UNIDADE DE RECUPERAÇÃO DE VAPORES EM UM TERMINAL DE CARREGAMENTO DE COMBUSTÍVEIS Elton Gimenez Gimenez Rossini 1 Eduard Joseph Krummenauer 2 José de Souza 3 João Alvarez Peixoto 4 Resumo Os compostos orgânicos voláteis estão entre os poluentes mais nocivos lançados em larga escala na atmosfera, eles são responsáveis pela formação de smog 5 fotoquímico e são nocivos ao meio ambiente. Neste trabalho, buscou-se elaborar uma estimativa de emissões de vapores orgânicos em um terminal de carregamento de gasolina, utilizando a Lei Geral dos Gases Ideais. Comparou-se após com a unidade de recuperação de vapores existente no terminal avaliado, para validar as estimativas. Foram coletadas cerca de 3.800 amostras de compartimentos de caminhões tanque, totalizando um volume carregado de 33 milhões, 161 mil e 838 litros de gasolina durante cerca 282 horas de operação em 21 dias diferente. Os resultados obtidos foram satisfatórios para a estimativa e banco de dados para a execução de futuros projetos de unidades recuperados de vapores. Palavras-chave: Unidade Recuperadora de Vapores, Emissões de Vapores Orgânicos, Terminal de Carregamento de Combustível. Abstract Volatile organic compounds are among the most harmful pollutants released into the atmosphere on a large scale, they are responsible for the formation of photochemical smog and is harmful to the environment. In this study, we sought to develop an estimate of emissions of organic vapors in a gasoline terminal loading, using the Ideal Gas Law. Were 1e 2 UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS – Brasil [email protected], [email protected] 3 e 4 UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS – Brasil [email protected], [email protected] 5 Smog fotoquímico é a poluição do ar, sobretudo em áreas urbanas, por ozônio troposférico e outros compostos originados por reações fotoquímicas, reações químicas causadas pela luz solar.

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    VAPORES ORGNICOS E UNIDADE DE RECUPERAO DE VAPORES EM UM TERMINAL DE CARREGAMENTO DE

    COMBUSTVEIS Elton Gimenez Gimenez Rossini1 Eduard Joseph Krummenauer2

    Jos de Souza3 Joo Alvarez Peixoto4

    Resumo Os compostos orgnicos volteis esto entre os poluentes mais nocivos lanados em larga escala na atmosfera, eles so responsveis pela formao de smog5 fotoqumico e so nocivos ao meio ambiente. Neste trabalho, buscou-se elaborar uma estimativa de emisses de vapores orgnicos em um terminal de carregamento de gasolina, utilizando a Lei Geral dos Gases Ideais. Comparou-se aps com a unidade de recuperao de vapores existente no terminal avaliado, para validar as estimativas. Foram coletadas cerca de 3.800 amostras de compartimentos de caminhes tanque, totalizando um volume carregado de 33 milhes, 161 mil e 838 litros de gasolina durante cerca 282 horas de operao em 21 dias diferente. Os resultados obtidos foram satisfatrios para a estimativa e banco de dados para a execuo de futuros projetos de unidades recuperados de vapores.

    Palavras-chave: Unidade Recuperadora de Vapores, Emisses de Vapores Orgnicos, Terminal de Carregamento de Combustvel.

    Abstract Volatile organic compounds are among the most harmful pollutants released into the atmosphere on a large scale, they are responsible for the formation of photochemical smog and is harmful to the environment. In this study, we sought to develop an estimate of emissions of organic vapors in a gasoline terminal loading, using the Ideal Gas Law. Were

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    UERGS Universidade Estadual do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS Brasil [email protected], [email protected] e 4

    UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS [email protected], [email protected]

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    compared after with vapor recovery unit which there is in the terminal. We collected about 3.800 samples, loaded with a total volume of 33 million, 161 thousands and 838 liters of gasoline for about 282 hours of operation in 21 different days. The results were satisfactory for the estimation and database for the implementation of future projects of vapor recovered units.

    Keywords: Vapor Recovery Unit, Organic Compounds Emissions, Gasoline Terminal Loading.

    1 Introduo Os pases industrializados comearam a adotar medidas de controle ambiental,

    como controle de efluentes lquidos industriais, emisses fugitivas, padres para a qualidade do ar que respiramos e a gua que utilizamos em nosso dia a dia. Apesar desse controle cada vez mais rigoroso, a maioria das indstrias, em nvel mundial, utiliza uma metodologia reativa a questes ambientais, ou seja, utiliza processos corretivos para adequar-se a legislao.

    Nos pases em desenvolvimento, assim como no Brasil, esse controle ambiental realizado pela legislao do pas muitas vezes primrio e no comporta o tamanho da importncia que se devem dar as emisses e a poluio ambiental. Apesar disso, evolues e discusses so cada vez mais frequentes no s no meio acadmico, como dos gestores de empresas e pases.

    Nas indstrias petroqumicas essa viso de adequao ambiental vem mudando. Nas ltimas dcadas, as empresas esto alterando processos e produtos para que as emisses de produtos nocivos sejam cada vez menores. Um exemplo disso so os novos combustveis comercializados com teor menor de enxofre, reaproveitamento de compostos orgnicos volteis emitidos por processos de armazenamento e produo de refinados de petrleo, produo de polmeros com matria prima renovvel entre outros.

    Porm para que a indstria possa estimar e assim analisar suas perdas econmicas e seus impactos ambientais gerados ela necessita de metodologias fceis e confiveis. Este trabalho de concluso de curso busca realizar essa estimativa quantitativa das emisses atmosfricas de vapores orgnicos, que afetam diretamente as perdas econmicas e impactos ambientais. Para especificar esta anlise, observou-se o carregamento de combustvel de derivados de petrleo e etanol, utilizando a tecnologia

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    botton loading6. Neste processo, estimaram-se as perdas de combustveis por evaporao e a seguir foi realizada uma comparao dos vapores reaproveitados em uma unidade de recuperao de vapores j existente, com o objetivo de validar esta estimativa.

    Esta estimativa terica de perda de massa dos combustveis, tendo como base a temperatura do combustvel no momento do carregamento e sua respectiva presso de vapor. Com isso, comparou-se com todo o combustvel reaproveitado na unidade de recuperao de vapores, comparando assim a eficincia do processo de recuperao j existente.

    2 Referencial Terico 2.1 Definio de Compostos Orgnicos Volteis VOCs

    Conhecidos como VOCs (Volatile Organic Compounds), so classificados como substncias txicas que abrangem desde hidrocarbonetos olefnicos e aromticos a outras substncias que contm em sua estrutura molecular tomos de oxignio, nitrognio, halognios e enxofre (HUNTER e OYAMA, 2000).

    Esses compostos so um srio problema para grandes centros urbanos, onde h uma grande concentrao de indstrias, pois essas so as maiores emissoras de VOCs em diversas formas. Alguns destes VOCs possuem inclusive densidade maior que o ar atmosfrico, concentrando-se em locais baixos e aumentando o risco de exploso.

    O efeito poluidor destes compostos se d pelo grande potencial de participarem de reaes fotoqumicas, quando em contato com o ar atmosfrico, catalisando a formao de oznio, por exemplo, e de outros oxidantes. Podemos considerar tambm a formao do chamado smog fotoqumico que tem efeito prejudicial a animais e vegetais (HUNTER e OYAMA, 2000).

    Sua definio tcnica pode ser definida como substncias que possuem presses de vapor inferiores a 70 Pa (cerca de 6,9 x 10-4 atm) a temperatura ambiente e ponto de ebulio menor que 260 C. Segundo ainda a Environmetal Protection Agency - EPA, compostos orgnicos volteis so quaisquer compostos que participam de reaes fotoqumicas na atmosfera.

    Pode-se citar como compostos orgnicos volteis: Propano, Butano, Octano, Eteno, Butadieno, Acetileno, Benzeno, Tolueno, Metanol, Etanol, cido Frmico, Dimetil Sulfeto, Trimetilamina, entre outros. Grande parte dos compostos com menos de 12 !"#$%

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    tomos de carbono em sua formao considerada VOC, se comparado aos compostos descritos como HAP Harzadous Air Pollution, a maioria est inclusa (HUNTER e OYAMA, 2000).

    As emisses destes poluentes variam com a atividade, podendo citar caldeiras, fornos, turbinas e motores como fontes emissoras de produo, emisses evaporativas, emisses fugitivas, tratamento de efluentes como fontes emissoras de estocagem e como fonte emissora de manuseio podemos citar aberturas de vlvulas, paradas de emergncia, entre outras (API, 1997).

    2.2 Efeitos dos VOCs Os efeitos dos VOCs so variveis pela quantidade de substncias presentes no

    ar e como uma grande gama de compostos, foram divididos pelo CETESB em: poluentes primrios e secundrios.

    O oznio, maior poluente encontrado em grandes centros, um composto formado a partir da reao fotoqumica entre xidos de nitrognio (NOx) e compostos orgnicos volteis VOCs. A radiao solar o agente que inicia e mantm o ciclo fotoqumico, a formao de oznio aumentada em sistemas de alta presso, forte insolao solar e relao VOC / NOx altas (PERRY e GREEN, 2007). Mas a presena de oznio benfica para a Terra quando localizado na estratosfera, pois protege a superfcie da incidncia em excesso de radiao ultravioleta, porem quando o oznio encontrado perto da superfcie considerado um srio poluente (MANUAL GLOBAL DE ECOLOGIA, 2002).

    2.2.1 Danos a Vegetao A vegetao sofre geralmente dados mais significativos quando exposta a

    poluentes, mesmo se considerado concentraes mais baixas que o limite de exposio ocupacional. As reaes sobre a vegetao so desde alteraes no funcionamento, passando por clorose, necrose total da planta e queda foliar (LIMA, 2002).

    2.2.2 Sade Ocupacional A exposio humana a compostos orgnicos volteis de conhecimento que gera

    problemas para a sade quando h exposies altas. Quando a exposio baixa, de curta durao e no frequente h pouca probabilidade de efeitos sade. Em situaes adversas, como acidentes e derrames, a exposio aos vapores orgnicos deve ser dada

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    uma ateno especial aos efeitos txicos dos hidrocarbonetos e seus componentes. Vrios componentes so carcinognicos e mutagnicos, como o benzeno, no havendo sequer concentrao totalmente segura para exposio.

    2.3 A Gasolina A gasolina um produto de alto grau de complexidade, este grau de

    complexidade est diretamente relacionado ao seu processo de fabricao, sua matria prima (Grau API do Petrleo que a gerou) e suas especificaes de desempenho. Seu desempenho como combustvel determinado atravs da sua volatilidade, qualidade na combusto e estabilidade.

    A gasolina composta por uma grande faixa de componentes, dependentes diretamente do processo de produo em si. No refino do petrleo, utilizam-se processos como a destilao direta do petrleo, craqueamento cataltico e/ou trmico, alquilao, hidrocraqueamento e reforma cataltica para a produo da gasolina. No Brasil, a gasolina comercial automotiva composta basicamente de parafinas, olefinas, aromticos e naftnicos (PETROBRAS, 1996).

    Os Oxigenados e Aditivos so adicionados gasolina com diferentes objetivos. Primordialmente os oxigenados tem o objetivo de aumentar a octanagem melhorando assim o rendimento do combustvel. J os aditivos so corantes, antidetonantes, antioxidantes, inibidores de corroso, detergentes e desativadores metlicos que fornecem muitas vezes segurana, diferenciao de visual para facilitar o manuseio e aumento da vida til dos motores, tendo uma concentrao baixssima em volume, podendo chegar a 0,1% de volume (CRUZ, 2003).

    Como esse trabalho tem como foco a evaporao de combustveis, os oxigenados tem grande importncia nos resultados, visto que no Brasil a adio de etanol a gasolina prtica antiga e comum em todo o territrio nacional.

    .A propriedade da volatilidade caracteriza a tendncia do composto em mudar do estado lquido ao estado gasoso, tendo influncia direta nas emisses fugitivas e perdas de massa no carregamento de combustveis.

    2.4 Presso de Vapor Verdadeira - PVV Presso de vapor, segundo API (1997), pode ser definida como a presso em que

    h equilbrio entre a fase lquida e a fase vapor de uma substncia qualquer. Segundo o

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    mesmo autor, a temperatura e a composio so os termos de maior influncia na presso de vapor.

    A especificao de presso de vapor 100F (37,8C) chamada de presso de vapor Reid PVR, essa nomenclatura utilizada em todo o mundo para padronizar a qualidade do combustvel fornecido, uma vez que a presso de vapor afeta diretamente o desempenho de motores a combusto (CRUZ, 2003). No Brasil, o valor da presso de vapor Reid normatizada pela NBR 14149, e fixa o valor mximo para a presso em 69 kPa.

    2.5 Legislao As regulamentaes brasileiras sobre o controle da poluio atmosfricas foram

    definidas recentemente. A mais importante foi o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar PRONAR atravs da Resoluo CONAMA 05/89, de 15 de junho de 1989.

    Na dcada de 70, os Estados Unidos criaram sua Agncia de Proteo Ambiental EPA com a finalidade de regulamentar a poluio atmosfrica. Deste ento foi estabelecido o National Ambiental Air Quality Standards NAAQS para as substncias nocivas a populao.

    No continente europeu, a Comunidade Europeia criou a Diretiva 94/63/EC com o objetivo de controlar as emisses da gasolina utilizada em motores automotivos desde sua fabricao e/ou importao at os postos de abastecimento, passando por toda a cadeira de supply-chain7.

    2.6 Tecnologias Utilizadas para recuperao de vapores As tcnicas existentes hoje na indstria para a recuperao de vapores orgnicos

    emitidos em terminais de carregamento de combustveis esto bem desenvolvidas. Podem-se considerar quatro tcnicas de uso em grande escala: adsoro e dessoro; absoro; separao por membranas; condensao.

    No processo de adsoro, as molculas aderem superfcie do slido adsorvente por meio de foras intermoleculares graas o alto teor de porosidade. Para vapores orgnicos, o adsorvente recomendado o carvo ativado, que possui grande rea de contato, aumentando a eficincia do processo. Esta tecnologia tem eficincia prxima de

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    99%, porem o carvo ativado tem capacidade de adsoro limita, necessitando de regenerao ou dessorso (CONCAWE, 2002).

    No processo caracterizado como absoro, a corrente do gs a ser absorvido introduzida em uma cmara onde misturada com um lquido absorvedor. O vapor passa ento para a fase lquida e a quantidade no absorvida obedece a Lei de Henry, que pode ser definida como sendo a frao dissolvida de um gs/vapor em um lquido absorvedor proporcional presso do gs acima do lquido (CONCAWE, 1999).

    A separao por membranas envolve a utilizao de membranas semipermeveis para separar os VOCs da corrente do processo. A tecnologia largamente usada na dessalinizao de gua e foi reformulada para o uso com gases e vapores.

    Este processo baseia-se na difuso preferencial de VOCs atravs de finas camadas de polmeros que envolvem um tubo. A fora motriz a presso diferencial entre as pores internas e externas do tubo (HUNTER, 2000).

    O conceito de condensao a liquefao de vapores/gases utilizando baixas temperaturas. Estes vapores so resfriados a temperaturas em que sua presso de vapor esteja inferior a sua presso parcial na corrente do fluido para que sejam transformados em lquidos (HUNTER, 2000).

    3 Metodologia 3.1 O Processo de Carregamento de Combustveis

    O processo de carregamento utilizado no Terminal da Razen, na cidade de Esteio-RS, caracterizado como botton loading, ou seja, carregamento por baixo. Neste mtodo, o tubo est instalado no fundo do tanque de carga e a turbulncia PE minimizada reduzindo a formao de vapores se comparado a outras tcnicas de carregamento, como a top loading8.

    A Figura 1 apresenta o esquema do carregamento:

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    Figura 1: Carregamento Botton Loading (Adaptado de EPA, 1995).

    3.2 O Processo de recuperao da empresa Razen O estudo de caso presente neste trabalho foi realizado no Terminal de

    Carregamento de Combustveis da empresa Razen Combustveis S.A. A Razen uma empresa brasileira, formada atravs de uma joint venture9 entre a anglo-holandesa Shell e a brasileira Cosan. responsvel pela produo de mais de 2,2 bilhes de litros de etanol, proveniente do processamento da cana de acar, 4 milhes de toneladas de acar e 900 MW de capacidade instalada de produo de energia eltrica, alm de distribuir combustveis considerados fsseis, como a gasolina, leo diesel, leo combustvel, gasolina de aviao, formando assim um market share10 de 23,2% do comercio de combustveis gerais no pas (dados de 2011). Possui ainda cerca de 4.500 postos de servio para distribuio de combustveis espalhados em todo o Brasil, 53 terminais de distribuio e est presente em 54 aeroportos nacionais com a distribuio de combustveis de aviao, se tornando assim a maior empresa de bioenergia do mundo.

    A Unidade de Recuperao de Vapores - VRU da Razen tem como funo primordial reduzir a nveis aceitveis a emisso de hidrocarbonetos provenientes da manipulao e transporte de combustveis e baseia-se em processo de Adsoro por Balano de Presso.

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    Para que a recuperao dos vapores gerados no processo de carregamento seja eficiente, o processo de capitao dos vapores primordial, ou seja, a eficincia da recuperao dos vapores gerados no carregamento diretamente proporcional eficincia da captao dos vapores.

    Em terminais de carregamento de caminhes tanque, como neste estudo, o sistema de capitao de vapores normalmente composto de tampas para selagem dos bocais dos caminhes e o duto de capitao que responsvel pelo transporte da mistura gasosa de ar e hidrocarbonetos at a entrada da unidade.

    Este duto de capitao de vapores, chamado de coletor de vapor, coleta todos os vapores gerados durante o carregamento e os vapores provenientes da ltima descarga, como mostra a Figura 2, que esse coletor instalado na parte superior do caminho.

    Figura 2: Caminho-Tanque e suas partes do processo (Adaptado de EPA, 1995)

    Chegando na VRU, a mistura gasosa atravessa o filtro de carvo ativado (vaso de adsoro). no filtro de carvo ativado que os hidrocarbonetos ficam retidos ou adsorvidos, portanto, a mistura gasosa empobrecida de hidrocarbonetos ao deixar o filtro de carvo ativado. Depois de atravessar o filtro de carvo ativado, a mistura gasosa empobrecida conduzida at a sada da unidade, vent11, completando assim o ciclo do fluxo da mistura gasosa que se inicia saturada de hidrocarbonetos dentro do caminho tanque e acaba na atmosfera em nveis de concentrao aceitveis e pr-ajustados na unidade.

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    Para realizar sua funo primordial que a reduo das emisses de hidrocarbonetos de forma tcnica e economicamente vivel a Unidade de Recuperao de Vapores conta principalmente com dois vasos de carvo ativado, duas bombas de vcuo, uma torre de lavagem Absoro e instrumentos de medio anlise e controle.

    No processo de absoro, uma vez que o filtro de carvo ativado adsorve os hidrocarbonetos da mistura de fluxo ininterrupto, o filtro tende a ficar saturado de hidrocarbonetos ao longo do tempo e tem sua eficincia diminuda. Tendo sua eficincia diminuda, o filtro de carvo permite que a concentrao dos hidrocarbonetos na sada da unidade tenda a atingir nveis pr-ajustados para comutar de vaso.

    O sistema de monitorao continua de emisses, permite que o VRU aumente o tempo de inatividade e consequentemente diminua o consumo de energia eltrica. Esse desempenho alcanado devido alterao do modo de Operao para 100% somente quando o vaso de carvo no qual esta processando os vapores chegar a um nvel de concentrao acima de um valor pr-ajustado. Nesse ponto o sistema ir para o modo de Operao em 100% durante o tempo de recuperao, entrando em estado inativo no fim do processo.

    A Figura 3 a seguir exemplifica a lgica de comutao dos vasos a partir da deteco de nveis de emisso prajustados e detectados pela unidade, esses nveis so ajustados pela empresa que elaborou o projeto da VRU, e no esto acessveis para maiores descries.

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    Figura 3: Processo de recuperao de vapores da empresa Razen.

    No processo de regenerao dos vasos de carvo ativado, a comutao dos filtros de carvo implica na necessidade da limpeza (regenerao) do filtro que est saturado, desta maneira um dos dois filtros de carvo ativado sempre estar disponvel para filtrar a mistura gasosa vinda do terminal.

    O carvo ativado escolhido entre os fornecedores disponveis baseado em vrios fatores. Estes fatores incluem a gasolina utilizada no carregamento, capacidade, densidade aparente, abraso, presso de vapor, retentividade e temperatura de autoignio.

    Em relao ao processo de absoro, ainda durante o processo de regenerao, todos os hidrocarbonetos retirados do filtro de carvo ativado pelas bombas de vcuo so conduzidos at a torre de absoro.

    A torre de absoro conta com um fluxo de gasolina que usada como agente absorvente na torre, a gasolina admitida enriquecida e devolvida ao tanque de armazenagem atravs da bomba de retorno, onde misturado com a gasolina j existente no tanque causa mudanas mnimas nas caractersticas do produto.

    Os componentes utilizados para o processo de absoro so compostos por:

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    Duas Bombas de Vcuo; Bomba de Suprimento e Retorno; Torre de Absoro; Vlvula de Suprimento e Retorno de Gasolina; Transmissor de Nvel da Torre de Absoro.

    3.3 Estimativa de gerao de vapores A estimativa de emisses de VOCs deste trabalho baseou-se na Lei dos Gases

    Ideais. importante resaltar que mesmo a composio do vapor no sendo um gs ideal, optou-se pela utilizao da mesma pela facilidade de aplicao e visto que as presses e temperaturas utilizadas esto em total conformidade com os valores ambientes. O valor mximo de temperatura encontrado na avaliao foi de 30,2 C, como exemplo. A equao 1 descreve a equao para Gases Ideais e suas variveis.

    (1)

    Onde: P: Presso de vapor verdadeira, em atmosferas atm; V: Volume Vapor (equivalente ao volume lquido injetado no tanque),

    em litros l; m: Massa de gasolina na fase vapor, em gramas g; M: Massa molecular mdia dos vapores, em g/mol; R = 0,0082 (l.atm/K.mol); T: Temperatura absoluta da gasolina, em Kelvins.

    3.4 Acompanhamento das Variveis de Processo A metodologia para acompanhar o volume total carregado no terminal foi

    utilizao dos relatrios gerados pelo sistema de automao de carregamento do terminal. Uma vez que todo o carregamento programado e executado pelo programa TMS Top Tech.

    Este programa tem como objetivo a locao dos pedidos de clientes nos caminhes tanque e autoriza cada caminho desde a entrada no terminal at a impresso de notas fiscais eletrnicas. Ele gera todos os produtos injetados nos compartimentos dos

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    caminhes, desde o combustvel, passando pelos aditivos e marcadores individuais de cada produto. Um exemplo a adio de biodiesel na proporo correta em cada compartimento.

    3.5 Resultados Obtidos Este captulo apresenta os resultados obtidos atravs da Lei Geral dos Gases

    Ideais. Foram utilizadas 3.795 coletas de dados de diferentes compartimentos, totalizando um total de 33.161.838 litros carregados de gasolina em um total de 281 horas e 51 minutos de acompanhamento em 21 dias diferentes.

    O objetivo geral da utilizao de um nmero elevado de coletas foi equiparao com a Lei Geral dos Gases Ideais, visto que a temperatura mdia de operao foi de 25,76 C, amortizando assim falhas possveis quando analisados cada amostra individualmente.

    3.5.1 Produto Reaproveitado Como descrito na metodologia, para a obteno do volume de produto

    condensado na unidade recuperadora de vapor foi utilizado os dados do PLC. A Figura 3 demonstra o layout do supervisrio da VRU.

    Figura 3: Supervisrio Unidade Recuperadora de Vapores

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    No crculo vermelho assinalado na Figura 3 observamos os dados de reaproveitamento dirio de gasolina, queso contabilizados a partir das 00:00 horas e so mostrados no supervisrio. Como verificado , foram totalizado uma recuperao de 46.970 litros nos 21 dias de anlise.

    4 Anlise dos resultados e concluses As emisses de VOCs ainda so pouco estudadas no pas, apesar de ocorrerem

    grandes perdas de produtos, as empresas e os rgos ambientais no do a devida ateno ao assunto.

    Neste trabalho, optou-se pela realizao de um estudo introdutrio e em grande parte exploratrio, com o objetivo de quantificar os produtos evaporados e muitas vezes emitidos para a atmosfera. A Razen Combustveis S.A teve a ateno necessria ao tema e implantou a unidade de recuperao de vapores com o objetivo de minimizar perdas operacionais e evitar a emisso de componentes nocivos ao meio ambiente.

    Com os resultados obtidos, tanto nos clculos de estimativas de emisses, como no caso do reaproveitamento real dos vapores, podem-se observar valores significativos de recuperao energtica, visto que, em uma operao de 21 dias (3 semanas operacionais) houve o reaproveitamento de cerca de 47.000 litros de combustvel comercializvel.

    Os clculos de estimativas ficaram em torno de 55.000 litros de combustvel evaporados. Este valor ficou subestimado talvez por interferncia na utilizao da Lei dos Gases Ideias ou ainda pela adio de 20% de etanol na mistura da gasolina tipo C.

    Se considerar o valor da estimativa como correto, a eficincia da Unidade de Recuperao de Vapores ser da ordem de 85%, o que razovel.

    5 Referncias Bibliogrficas API - AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE. Technical Data Book. 1997. CONCAWE. Gasolines. Report 92/103. Brussels, 1992. Disponvel em: . CONCAWE. Best available techniques to reduce emissions from refineries. Report 99/01. Brussels, 1999. Disponvel em:

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    CONCAWE. VOC emissions from loading gasoline onto sea-going tankers in EU-15: control technology and cost-effectiveness. Report No. 6/02. Brussels, 2002. Disponvel em: < http://www.concawe.be > CRUZ, M. J. F.; CARVALHO, F. R.; STRAGEVITCH, L. Efeito de aditivos oxigenados na presso de vapor de gasolinas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D EM PETRLEO E GS, 2., 2003, Rio de Janeiro. Anais ... Rio de Janeiro: UFRJ, 2003. HUNTER, P., OYAMA; S.T. The Problem of Volatile Organic Compounds - Control of Volatile Organic Compound Emissions. New York: Jonh Wiley & Sons, 2000. LIMA, J.S., Bioindicao, Biomonitoramento: Aspectos Bioqumicos e Morfolgicos. Techoje. Disponvel em: . MANUAL GLOBAL DE ECOLOGIA. Ar, Atmosfera e Clima. So Paulo: Augustus, 2002. PERRY, R. H., GREEN, D. Chemical Engineers Handbook. 8th Ed. New York: McGraw-Hill, 2007. PETROBRAS. Gasolina Automotiva. Betim: ASCOM, 1996. 90p.