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A Animação de Grupos na Óptica da Dinâmica de Grupos Manual do Formador

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A Animação de Grupos na Ópticada Dinâmica de Grupos

MMaannuuaall ddoo FFoorrmmaaddoorr

2 MANUAL DO FORMADOR

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 5

1. TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO 9

1.1. Role-playing ou Jogo de Papéis 11

1.2. Brainstorming 14

1.3. Phillips 6x6 17

1.4. Encadeamento de Conhecimentos 19

1.5. “GV - GO” - Grupo de Verbalização/Grupo de Observação 21

1.6. Discussão Livre 23

1.7. Leitura Guiada 24

1.8. Entrevista 26

1.9. Cochicho 27

1.10. Painel com Interrogatório 28

1.11. Painel Integrado 30

1.12. Painel Progressivo 32

1.13. Painel Duplo 34

1.14. Seminário 35

1.15. Discussão Circular 37

1.16. Cogitação ou Ruminação 38

1.17. Simpósio 40

1.18. Fórum 42

1.19. Júri Pedagógico 43

1.20. Rumor ou Boato 46

1.21. Bola Ladina 48

1.22. Mesa Redonda 49

1.23. Estudo de Caso ou Método Casuístico 50

1.24. Esconde-Esconde 54

1.25. Estudo Dividido 55

CONCLUSÃO 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61

FICHA TÉCNICA 65

3MANUAL DO FORMADOR

4 MANUAL DO FORMADOR

INTRODUÇÃO

6

INTRODUÇÃO

MANUAL DO FORMADOR

A abordagem das técnicas de dinâmica de grupo implica inevitavelmente que nos situemosdentro duma perspectiva que passa mais por uma pedagogia de atitudes (digamos deformação) do que por uma pedagogia exclusivamente de conteúdos (digamos deinformação). É a crença no valor da actividade que determina a prática de exercícios e dejogos na formação. Jogar é antes de mais, agir. Acção que é investigar, experimentar(-se),tentar, ousar, criar vontade de descobrir e praticar a vida.

Com as técnicas de dinâmica de grupo baseadas nas metodologias activas, segue-se aolongo das sessões de formação um processo de trabalho que contribui de forma activa eeficaz para a preparação da pessoa do formando.

Estas técnicas caracterizam-se pelo facto de todos serem participantes "fazedores",simultaneamente actores e público. Aqui reside grande parte do valor pedagógico dasactividades de dinâmica de grupo.

É um processo de trabalho integrado (cognitivo, afectivo e motor), que contribui para odesenvolvimento harmonioso da pessoa. Jogar ao "faz-de-conta" é experimentar-se, pôr-se à prova na acção, desabrochar para o conhecimento do mundo e para a descoberta desi próprio.

Favorece o processo de aprendizagem graças a uma actividade de carácter lúdico etransforma-o numa experiência vivida e integrada onde o formando descobre um novoponto de vista. É a realidade que começa a depender dele através do modo como ele arepresenta e a traduz. Trata-se de "acção reflectida", sem fronteiras de diferentesdisciplinas e respeita a todas as pessoas que trabalham com pessoas.

Por tudo isto é fundamental a presença de técnicas criativas nas praticas pedagógicas, asquais devem ser entendidas de uma forma pedagogicamente activa e correcta e de umaforma que apoie e estimule o desenvolvimento harmonioso da pessoa, encarada estacomo um ser global, isto é, considerando os aspectos psicomotores, afectivos eintelectuais e não esquecendo os sociais.

7MANUAL DO FORMADOR

INTRODUÇÃO

8 MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

Capítulo 1

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.1 . ROLE PLAYING OU JOGO DE PAPÉIS

CARACTERIZAÇÃO

O Role-playing, também chamado Jogo de Papéis ou Representação, constitui umatécnica centrada nas relações inter-individuais e consiste numa encenação ourepresentação, verbal e accional espontânea, por duas ou mais pessoas - que utiliza aimaginação criadora - de situações e de relações que são objecto de uma aprendizagemsócio-profissional, quando se trata de formação. Chefes directivos e autoritários podemser colocados frente a frente com operários, vendedores com clientes, professores comalunos, etc.

Vendedores ineficazes podem descobrir, por meio desta técnica, onde falha a suaargumentação, pois os papéis são vividos tal como na realidade.

Desenvolve-se com a intervenção de quem "dirige" a cena (o formador), dos protagonistasou actores (formandos voluntários) e do auditório ou observadores (formandos).

Especificar os seus objectivos comportamentais é problemático, porque muitas dasmudanças qualitativas que ocorrem através da simulação são internas e não observáveis.

Contudo, as razões para o uso do Role-playing são variadas.

OBJECTIVOS

a. Adquirir e desenvolver atitudes pessoais.

b. Facilitar a análise e a compreensão do problema, não de forma teórica, mas emcondições próximas das reais.

c. Favorecer a tomada de consciência dos limites de cada participante através daexperimentação.

d. Desenvolver a pessoa como um todo. No centro da aprendizagem, está a pessoa,na sua globalidade, e não apenas o seu sistema cognitivo.

e. Resolver problemas de relacionamento interpessoal.

f. Tornar-se moldura na qual se desenvolvem outras actividades pedagógicas.

11MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

g. Dar oportunidade para que os indivíduos "representem" as suas dificuldadespessoais. Quando as representarem em cena irão reconhecer a sua falta dehabilidade para lidar com os outros, podendo aprender a enfrentar o seu problemaao vê-lo relatado no grupo.

APLICAR QUANDO

a. O comportamento e o controle social do grupo são de molde a garantir um nível decomentário e discussão que não afectem psicologicamente os membros. Tenha emconsideração que um Role-playing pode conduzir a experiências de nível muitoprofundo e assumir "ser alguém diferente" pode ser uma experiência muitodestruturante para participantes que não se sentem confortáveis na sua própriaidentidade.

b. Existir tempo suficiente, espaço adequado e material disponível para o tipo deencenação.

c. Reconhecer a necessidade de aprofundar os verdadeiros motivos, impulsosbásicos, bloqueios e ajustamentos, a fim de aumentar a competência dos membrosdo grupo.

d. Os "actores" se sentirem relativamente seguros a ponto de se quererem "expor" aogrupo, ou seja, revelar os seus sentimentos, as suas atitudes, as suas frustrações,as suas capacidades e as suas aptidões.

e. Se sentir, como formador, bastante seguro da manipulação da técnica e dosobjetivos que pretende atingir.

PROCEDIMENTOS

a. Esclarecer previamente os participantes dos objectivos e em que consiste o "jogo",o qual envolve três momentos distintos:

1º MOMENTO:

É a fase de aquecimento do grupo. Corresponde à discussão livre de grupo doassunto a ser accionado ou estimulado por meio de técnicas específicas comojogos de aquecimento. É uma fase de preparação, focalização, estimulação einiciação.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

2º MOMENTO:

É a fase do desenvolvimento do Jogo de Papéis em si, representação verbalizadae accionada de uma situação, sócio-profissional (no caso de formação) numambiente de confiança e suporte. É uma fase de acção, exploração, transformaçãoe criação.

3º MOMENTO:

É a fase do eco do grupo, expressão dada pelos diversos membros do grupo doque eles sentiram, pensaram, viveram ou reviveram no decurso do jogo. É umafase de reflexão, feedback, integração e individualização.

a. Determinar e apresentar quais os papéis necessários à encenação.

b. Escolher os actores (voluntários) que planearão as linhas gerais do seudesempenho, ou seja, a condição emocional e as atitudes a serem adoptadas, semespecificar o que deverá ser feito na encenação.

c. Definir e comunicar o papel do grupo a ser desempenhado durante e após adramatização, determinando o tipo de debate que se seguirá.

d. Respeitar e fazer respeitar. Qualquer desempenho deve ser no sentido do grupo sesentir seguro, num clima de confidencialidade e cooperação.

e. Levar em consideração que a situação a explorar deve estar relacionada com omeio profissional presente ou futuro dos formandos.

f. Utilizar muita imaginação e muita fantasia na maneira de propor a actividade.

g. Poderão, também, ser usados outros artifícios como, por exemplo, quandopretende "congelar a acção" para proceder à inversão (troca) dos papéis paraverificação de sentimentos e atitudes, possibilitando a um personagem "colocar-sena pele do outro". É um jogo de reversibilidade, de tarefa invertida, com inúmeraspossibilidades de exploração.

h. Fazer com que os protagonistas sejam os primeiros a exprimir aquilo que sentiramantes de voltarem aos seus lugares.

13MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

i. Possuir razoáveis conhecimentos de psicologia para que conheça ascaracterísticas psicológicas e comportamentais dos formandos de maneira aresponder-lhes adequadamente durante e depois do Jogo de Papéis.

j. Pôr a tónica no "aqui e agora". A acção é situada no presente, como se ela sedesenrolasse ali, sob os olhos do grupo.

k. Estabelecer a analogia entre a cena representada e situações do quotidianoprofissional.

1.2. BRAINSTORMING

CARACTERIZAÇÃO

O termo brainstorming (do inglês, brain = cérebro e storming = tempestade) ou"tempestade cerebral" é utilizado para indicar uma sessão de um grupo reduzido departicipantes que dão livre e plena expressão à sua imaginação e criatividade, semquaisquer inibições, com o objectivo de encontrar uma solução original para um problemaconcreto e preciso.

Da autoria de Osborn, é particularmente utilizada em actividades de formação, nas áreasdas relações humanas, publicidade e marketing.

Mais que uma técnica de dinâmica de grupo é uma actividade desenvolvida para explorara potencialidade criativa do indivíduo, colocando-a ao serviço dos seus objectivos.

O princípio no qual se apoia esta técnica é o de solicitar aos participantes que apresentemideias, as mais diversas e até mesmo descabidas, sobre determinado assunto colocadopelo formador.

A técnica desenvolve-se em duas fases:

• Numa primeira fase convidam-se os participantes a darem livre curso à suaimaginação e a dizerem tudo quanto esta lhes ditar. De tudo, se fará a devidaanotação.

• Numa segunda fase proceder-se-á à análise de todo aquele manancial, tentandoestabelecer relações, associações e contrastes entre os diferentes dados - daípoderá surgir uma ideia original e nova.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

A função do formador durante a primeira fase é a de registar as ideias,independentemente de qualquer juízo crítico sobre a sua validade e estimular o rápidoaparecimento de outras mais.

OBJECTIVOS

a. Produção de ideias, causas ou soluções de problemas em grupo.

b. Estimular e desenvolver a criatividade.

c. Libertar bloqueios emocionais ou de personalidade.

d. Ultrapassar a "cegueira intelectual" que nos impede de ver as diversas soluções decada problema.

e. Aperfeiçoar competências de iniciativa e liderança.

f. Desenvolver um clima de optimismo e bem estar no grupo.

APLICAR QUANDO

a. Estiver com dificuldades em encontrar a solução para algum problema.

b. O grupo não ultrapassar os doze/quinze participantes e tenham todos ligação como tema proposto.

c. Estiver com dificuldades em encontrar ideias para novas iniciativas.

d. Necessitar que o grupo fomente a capacidade de produzir soluções.

e. Necessitar de quebrar bloqueios criados na personalidade do grupo ou departicipantes do grupo.

15MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

PROCEDIMENTOS

a. Disponha os membros do grupo, de preferência em círculo ou em U.

b. Desenvolva um clima informal, descontraído e de muita espontaneidade.

c. Proíba críticas, juízos de valor, explicações, risinhos, cochichos, conversasparalelas.

d. Só podem colocar a ideia.

e. Leve-os a abandonar a auto-censura, expondo o que lhes vier à cabeça, sem pré-julgamento. Bem-vindas as ideias "estranhas", "esquisitas".

f. Solicite que emitam ideias em frases breves e concisas.

g. Aceite apenas uma ideia por pessoa, de cada vez.

h. Os participantes devem falar alto, sem ordem pré-determinada, mas um de cadavez.

i. Cada um fala por sua vez: se não tem ideias "passa" e a sessão acaba quandotodos "passarem"; uma produção de cinco ideias por pessoa é uma boa média.

j. Duas regras devem ser rigorosamente respeitadas:

• Dizer tudo quanto vier à mente, absolutamente tudo, sem qualquer inibição;

• Ninguém deve fazer qualquer espécie de comentário ao que for dito.

k. Incentivar os participantes a apresentarem em poucas palavras, a suas ideias e,eventualmente, associá-las a outras até que praticamente se esgote o manancial.

l. Com inúmeras ideias expostas e registadas deve o formador, com auxílio do grupo,ir eliminando umas, aprimorando outras e assim chegar a um resultado prático.

Observação: O diagrama das afinidades pode, por exemplo, ser utilizado para dar umaordem na informação obtida na sessão de brainstorming. Um grupo reduzido departicipantes - silenciosa e rapidamente - vai agrupando as fichas (cada ficha contém umaideia expressa na sessão criativa) cada pessoa olha para duas fichas e, se consideraexistir qualquer relação entre ideias nelas expressas, coloca-as lado a lado. Depois detrocas e trocas restarão seis a dez grupos de fichas e algumas isoladas ("órfãs"). Bastará,então, dar um título a cada grupo de fichas.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.3. PHILLIPS 6X6

CARACTERIZAÇÃO

Também designada por técnica de fraccionamento é especialmente adequada paragrandes grupos, sendo este, depois, dividido em pequenos grupos.

A denominação provém do seu autor (J.D. Phillips) e das suas características: pequenosgrupos formados por 6 pessoas que discutem o assunto durante 6 minutos.

O objectivo é aproveitar ao máximo a eficácia do trabalho de grupo em casos onde não seexige forçosamente a apresentação de uma solução. Divide-se o grupo em subgrupos de6 participantes e concede-se um tempo de discussão limitado a 6 minutos. Entretanto,essa característica não é rígida, podendo o grupo alterar tanto o número como o tempo,de acordo com a conveniência.

A técnica permite a participação de todos os presentes numa atmosfera informal; estimulaa troca de ideias, encoraja a divisão de trabalho e a responsabilidade; ajuda os membrosa libertarem-se de inibições e a participar num debate.

A técnica Phillips 6x6 é particularmente interessante no início de uma sessão ou curso,servindo de meio para participantes anónimos entratem em contacto, provocando umaatitude de procura e descoberta.

Todavia também é útil no fim de uma sessão para avaliar rapidamente a sessão.

OBJECTIVOS

a. Obter num curto espaço de tempo, as ideias de um grupo numeroso sobre umdeterminado tema, caso ou problema.

b. Resumir e sintetizar discussões.

c. Analisar e buscar soluções para problemas.

d. Obter maior participação operativa e efectiva de todos os membros do grupo.

17MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

APLICAR QUANDO

a. For necessário reunir rapidamente as ideias, sugestões ou opiniões de um grupo.

b. Desejar estimular a discussão e o raciocínio.

c. As condições físicas da sala permitirem o deslocamento de cadeiras e respectivaarrumação em círculos.

d. For desejável diluir o formalismo de um grupo e criar um clima de cooperação eenvolvimento pessoal dos membros.

e. For conveniente implementar a participação e a comunicação.

f. Quiser obter ou verificar se existe consenso.

g. A natureza do assunto exigir discussão em grupos pequenos.

h. Desejar enfatizar a troca de experiências.

i. Desejar obter uma visão pluridimensional do assunto.

PROCEDIMENTOS

a. Esclarecer o grupo sobre o funcionamento da técnica, sua finalidade, o papel e asatitudes esperadas de cada membro e o tempo disponível para a discussão.

b. Planear, com antecedência, as perguntas, problemas ou tema para discussão,sobre o qual o grupo se deverá debruçar e chegar a uma conclusão em 6 minutos.

c. Dividir o grupo em subgrupos, aproveitando para colocar juntos, os membros queainda não se conheçam.

d. Nomear um moderador por grupo, com o papel essencial de fazer progredir adiscussão, evitando que o grupo se fixe em discussões estéreis.

e. O moderador não deve tomar posição, mas deve clarificar os pontos deconvergência e de divergência.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

f. Cada grupo deve ser formado por um número de membros igual ao número desubgrupos. Isto possibilitará a rotação dos grupos como indicado em "j".

g. Distribuir, se for caso disso, cópias escritas dos assuntos a serem discutidos.

h. Definir e comunicar qual o tempo disponível. O tempo pode ser prorrogado, seconveniente.

i. Terminado o tempo, cada elemento de cada subgrupo receberá um número.

j. Os subgrupos tornam a reunir-se, mas todos os "1" num grupo, todos os "2" noutroe assim por diante.

k. Cada um apresentará para o subgrupo as conclusões do seu anterior subgrupo.

l. Redigir ou fazer redigir uma síntese estruturada que contenha os pontos comuns eos pontos de divergência.

VARIANTES

Alterando-se o tempo e o número de pessoas por grupo não se deve, para atingir osobjectivos, ultrapassar as oito pessoas e os quinze minutos.

1.4. ENCADEAMENTO DE CONHECIMENTOS

CARACTERIZAÇÃO

Consiste num debate realizado em grupo sobre um tema já abordado. O grupo deve terentre doze e trinta integrantes. É um estimulante exercício mental e possibilita umarecordação agradável.

OBJECTIVOS

a. Debater um grande número de questões num curto espaço de tempo.

b. Aprofundar o estudo de um assunto.

c. Incentivar o interesse do grupo sobre determinado tema.

19MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

d. Obter elementos sobre o nível de compreensão e informação do assunto.

e. Agilizar o raciocínio.

f. Dinamizar e envolver o grupo numa participação geral.

APLICAR QUANDO

a. O número de participantes for compreendido entre doze e trinta membros.

b. O grupo já conheça o tema e houver interesse na revisão dos conhecimentos.

c. Quiser diagnosticar cada membro do grupo.

d. Pretender estimular e agilizar o raciocínio.

e. Quiser obter a participação de todos os elementos do grupo.

PROCEDIMENTOS

a. Fracionar o grupo em dois subgrupos.

b. Formar duas fileiras de cadeiras, voltadas face a face.

c. A dinâmica inicia-se com o primeiro da fileira direita fazendo uma pergunta aoprimeiro da esquerda, da fileira contrária.

d. Uma vez respondida a questão, o segundo da direita usará a resposta dada paraformular a sua pergunta ao segundo da esquerda, mantendo o encadeamento daideia (conhecimento). E assim sucessivamente.

e. Terminada a primeira fase, volta-se ao início, mas agora invertendo as posições.

f. Tanto as perguntas como as respostas devem ser formuladas e dadas rapidamente,de forma clara e concisa, não havendo intervalo entre pergunta-resposta epergunta-resposta.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.5. “GV - GO” - GRUPO DE VERBALIZAÇÃO / GRUPO DE OBSERVAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO

Trata-se de uma técnica bastante fácil e informal, consistindo na decomposição do grupoalargado em dois subgrupos:

• GV = grupo de verbalização.

• GO = grupo de observação.

Na primeira fase, um primeiro grupo discute o tema, enquanto que o segundo observa eprepara-se para o substituir. Na segunda fase, o primeiro grupo observa e o segundodiscute.

OBJECTIVOS

a. Apreciar o conteúdo de um assunto-problema.

b. Introduzir novos conteúdos.

c. Debater um problema e apreciar a solução.

d. Desenvolver e estimular a perícia de observação e julgamento de todos osparticipantes. Para isso, cada participante do GO deve ter um papel na observação,procurando encontrar aspectos positivos e negativos na objectividade eoperatividade do GV.

e. Treinar e desenvolver habilidades de liderança.

f. Sintetizar ou concluir o estudo de um assunto.

g. Incentivar a participação geral do grupo.

h. Conduzir o grupo a um consenso geral.

21MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

APLICAR QUANDO

a. For imperativo criar um clima de debate.

b. A quantidade de elementos do grupo for relativamente pequena.

c. For desejável diluir o formalismo do grupo.

d. Pretender estimular o raciocínio e a discussão.

e. Existir um bom nível de relacionamento e de comunicação entre os elementos dogrupo.

PROCEDIMENTOS

a. O formador propõe o tema ou problema e explica qual o objectivo que espera.

b. Esclarece como se processará a discussão e define o parâmetro tempo.

c. O grupo é desmembrado em dois.

d. Um grupo formará um círculo interno (GV) e o outro um círculo externo (GO).

e. Somente o GV debate o tema. O GO observa e tira notas.

f. Após o tempo determinado, o formador solicita a inversão, passando o grupoexterno para o interior e o interno para o exterior.

g. Posteriormente aos debates, é desejável que o formador apresente uma síntese doassunto discutido.

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MANUAL DO FORMADOR

1.6. DISCUSSÃO LIVRE

CARACTERIZAÇÃO

A Discussão Livre é uma técnica de animação em que os participantes, constituindo umpequeno grupo informal, expressam, de uma forma livre, as suas ideias, sem qualquerlimitação quanto à sua exequibilidade. Possibilita o máximo de criatividade e estímulo,permitindo o exame de alternativas para solução de problemas dentro de uma atmosferade reflexão, participação e comunicação.

OBJECTIVOS

a. Promover o estudo e análise de um tema.

b. Incentivar a discussão de problemas e análise de soluções.

c. Fomentar a tomada de decisão participativa.

d. Explorar novas possibilidades, assegurando ideias dinâmicas e novas que poderãoser aproveitadas.

APLICAR QUANDO

a. Houver tempo suficiente para se abordar o problema com calma e método.

b. Os participantes do grupo possuírem flexibilidade para criar novas soluções ouapontarem novas directrizes.

c. O grupo não possuir mais de cinco/seis participantes ou seja possível criarsubgrupos de cinco/seis elementos.

d. O grupo tiver objectivos comuns.

e. Houver uma atmosfera de liberdade de expressão.

f. Os membros tiverem um elevado grau de maturidade e quando se conhecerem osuficiente para dialogarem livremente.

23MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

PROCEDIMENTOS

a. Determinar as linhas de discussão e o tempo disponível para a sessão.

b. Estabelecer um ambiente informal que facilite a comunicação e a cooperação entreos participantes.

c. Convidar um dos participantes para fazer as anotações e os registos das ideiasapresentadas.

d. Esclarecer que é regra da técnica “Discussão Livre” que as ideias sejam expressassem qualquer limitação, quanto às possibilidades de execução, e só sejamrejeitadas se não se relacionarem com o assunto em discussão.

1.7. LEITURA GUIADA

CARACTERIZAÇÃO

Consiste na leitura de um texto pelo grupo supervisionada pelo formador.

O formador fornece, antecipadamente, ao grupo, uma ideia do tema a ser lido. A leitura éfeita individualmente pelos elementos do grupo e comentada passo a passo, comsupervisão do formador. Por fim, o formador faz uma súmula, relevando os pontos chavea serem retidos ou trabalhados posteriormente.

OBJECTIVOS

a. Fornecer conhecimentos ao grupo.

b. Interpretar pormenorizadamente textos.

c.Inserir um conteúdo novo na sessão ou no programa.

APLICAR QUANDO

a. Existir interesse do grupo em aprofundar o estudo de determinada matéria ouconteúdo.

b. O assunto poder ser apresentado em suporte de papel, por escrito.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

c. O número de cópias ou exemplares for suficiente para todos os participantes dogrupo.

d. A interajuda, a participação e a troca de experiências não forem os objectivosprincipais.

PROCEDIMENTOS

a. Preparar e fornecer um número de exemplares ou cópias análogo ao número deelementos.

b. Dispor o grupo em círculo para facilitar a comunicação.

c. Numa primeira fase, fazer uma introdução, apresentando ao grupo uma perspectivageral do assunto a ser investigado.

d. Fazer uma leitura geral ao texto e só depois fazer a leitura mais pormenorizada,parágrafo a parágrafo.

e. Relevar os aspectos salientes do tema.

f. Terminada a leitura, realizar uma discussão em grupo.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.8. ENTREVISTA

CARACTERIZAÇÃO

Consiste numa série de questões feitas por um entrevistador, que representa o grupo, aum "expert" em determinado assunto. Este, geralmente, não pertence ao grupo, aocontrário do entrevistador que é membro dele. É mais formal que o diálogo e menos formalque a prelecção.

OBJECTIVOS

a. Obter informações, factos ou opiniões sobre determinado assunto de interessepara o grupo.

b. Instigar o interesse do grupo por um tema.

c. Conseguir maior rendimento de um especialista que seja versátil a falar sozinhoperante um grupo.

APLICAR QUANDO

a. O entrevistador, designado e eleito no seio do grupo, possuir boa capacidade decomunicação e segurança, para poder obter as informações desejadas doespecialista.

b. O grupo for suficientemente numeroso para justificar a presença de umespecialista.

c. Outras técnicas forem desaconselhadas.

PROCEDIMENTOS

a. Convidar um perito no assunto.

b. Designar um entrevistador, previamente eleito, que organizará com o especialistaum questionário e fixará a duração e o estilo de conduzir a entrevista.

c. O entrevistador poderá listar, com o apoio do grupo, os temas principais a serem

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

focados e deverá actuar como intermediário entre o grupo e o perito.

d. As questões e respectivas respostas devem ser mantidas ao nível do entendimentogeral do grupo. O entrevistador, por sua vez, evitará o calão profissional ou aterminologia técnica que não seja facilmente descodificada pelo grupo.

e. A entrevista deverá ser sustentada em tom de conversa e as questões devem serformuladas de forma a evitar respostas do tipo "sim" ou "não".

1.9. COCHICHO

CARACTERIZAÇÃO

Consiste na decomposição do grupo em subgrupos de dois participantes que dialogam,em voz baixa, para debater um tema ou responder a uma pergunta. Posteriormente, é feitaa apresentação dos resultados ao grupo alargado. É um método assaz informal que nãorequer movimento de pessoas, garante a participação total e é de fácil aplicaçãopedagógica.

OBJECTIVOS

a. Interpretar, comentar, apreciar ou aquilatar, num curto espaço de tempo, um temaexposto.

b. Consultar a reação do grupo, saber o que ele quer.

c. Ponderar e avaliar aspectos distintos do assunto em análise.

APLICAR QUANDO

a. O número de participantes for relativamente limitado, até cerca de 30 pessoas.

b. Pretender alcançar maior integração do grupo.

c. For indispensável "quebrar o gelo" dos participantes.

d. Desejar dar ensejo à participação individual.

27MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

PROCEDIMENTOS

a. Decompor o grupo alargado em subgrupos de dois participantes, dispostos umjunto do outro (lado ou frente).

b.Esclarecer que os subgrupos de cochicho dispõem de um número determinado deminutos para discutir o assunto em análise, após o que um dos membrosapresentará o resultado ao plenário, na ordem que for convencionada.

c. Comunicar a pergunta e conduzir as exposições, que serão feitas, após o cochicho,de forma objectiva e sucinta.

1.10. PAINEL COM INTERROGATÓRIO

CARACTERIZAÇÃO

Consiste numa discussão temática desenvolvida por um pequeno grupo de especialistasem determinado assunto, em presença do grupo alargado que participa através domoderador.

Trata-se de uma discussão organizada, em que um grupo de "especialistas" expõe assuas ideias sobre um determinado tema, perante uma audiência. Com efeito, o grupo deespecialistas discute e é interrogado por uma ou mais pessoas, sob a coordenação de ummoderador.

Pode-se organizar um núcleo de três a cinco pessoas, representando cada uma umsubgrupo de participantes, que, apesar de presentes na discussão, só intervêm porintermédio dos seus representantes.

A discussão é informal, mas as questões devem ser objectivas e as respostas devem serdadas com a máxima precisão.

O desenvolvimento do assunto baseia-se na interacção entre o interrogador e o painel.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

OBJECTIVOS

a. Apresentar diferentes aspectos de um assunto complexo.

b. Despertar o interesse do grupo para um tema.

c. Debater um grande número de questões, num curto espaço de tempo.

d. Aproveitar o conhecimento e a experiência de alguns participantes do grupo.

e. Obter pormenores de algum tema ou problema.

APLICAR QUANDO

a. O grupo estiver interessado em aprofundar o assunto.

b. O número de participantes for muito grande.

c. Os moderadores e interrogadores puderem ser seleccionados entre os membros dopróprio grupo.

PROCEDIMENTOS

a. Escolher previamente o moderador, os interrogadores e o painel.

b. O moderador deve reunir-se com os interrogadores para definir a orientação.

c. Na sessão, o moderador apresenta ao grupo os integrantes do painel.

d. De seguida, apresenta resumidamente o assunto e explica a técnica.

e. Os interrogadores devem iniciar o interrogatório, formulando as questões de formaclara e concisa.

f. O êxito das discussões depende, em parte, dos interrogadores, que têm granderesponsabilidade na condução dos debates, tanto ao nível do encadeamento dasideias, como ao nível do detalhe a que se deve chegar.

29MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

g. O moderador intervirá sempre que for necessário aprofundar um aspecto abordado,esclarecer um ponto obscuro, pedir a repetição de uma pergunta ou de umaresposta não compreendida, interpelar algum membro do painel que estiver a serprolixo, a fugir do tema central ou a interpretar mal o seu papel.

h. No final do interrogatório, o moderador apresenta uma síntese ou resumo geral.

1.11. PAINEL INTEGRADO

CARACTERIZAÇÃO

Trata-se duma variação da técnica do painel com interrogatório. O grupo total é fracionadoem subgrupos que são inteiramente reformulados após determinado tempo de debate, detal forma que cada subgrupo é composto por elementos de cada subgrupo anterior.

Deste modo, cada membro leva para o novo subgrupo as conclusões e/ou ideias dosubgrupo antecedente, existindo assim possibilidades de cada subgrupo saber as ideiaslevantadas pelos demais. Esta metodologia permite assim, a integração de conceitos,opiniões e conclusões.

OBJECTIVOS

a. Continuar a discussão sobre um tema anteriormente apresentado sob a forma deprelecção, filmes, discussão livre, projeção de acetatos, role-playing, etc.

b. Unificar e tornar o grupo mais coeso.

c. Introduzir um tema novo.

d. Aprofundar o estudo de um assunto.

e. Explorar conceitos e ideias sobre determinado assunto.

f. Conseguir o envolvimento e a participação de todos.

g. Dar a conhecer determinado assunto aos participantes.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

APLICAR QUANDO

a. Desejar dinamizar grupos de 15 pessoas, no mínimo.

b. Existirem condições logísticas para deslocamento de mesas e cadeiras e da suareorganização em círculos.

c. Pretender quebrar o formalismo do grupo.

d. Pretender proporcionar interação entre os integrantes do grupo.

e. For desejável aumentar a participação, o envolvimento e a comunicação.

f. Pretender obter uma perspectiva do assunto sob vários ângulos.

PROCEDIMENTOS

a. Planifique com antecedência o assunto e a aplicação da técnica em função donúmero de participantes, natureza do tema, tempo disponível, sala, etc.

b. Elucide o grupo do funcionamento da técnica, as atitudes e o papel esperados decada participante e o tempo disponível.

c. Fraccione o grupo em subgrupos. Apresente as perguntas ou o tema para debate.Esclareça que todos devem anotar as ideias e conclusões do subgrupo paratransmiti-las aos demais grupos.

d. Constitua novos grupos integrados por participantes de cada um dos gruposanteriores, elegendo um relator para cada um, com o fim de apresentar asconclusões ao grupo alargado.

e. Faça uma síntese das conclusões dos subgrupos e dê condições para que estassejam debatidas para se chegar ao consenso.

31MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.12. PAINEL PROGRESSIVO

CARACTERIZAÇÃO

Com esta técnica, o trabalho individual progride para o grupo alargado através da junçãosucessiva de subgrupos que se formam pela união de grupos formados na etapaprecedente, que vão aumentando até se fundirem num só - plenário.

Em cada etapa sucessiva os subgrupos devem retomar as conclusões da etapaprecedente a fim de as desenvolver e harmonizar.

OBJECTIVOS

a. Dinamizar e proporcionar a cooperação entre os membros do grupo.

b. Proporcionar a participação de todos os elementos do grupo.

c. Aprofundar o conhecimento de um assunto pelas diferentes perspectivas e formasde o abordar e tratar.

d. Introduzir novos conteúdos pedagógicos.

e. Conseguir com que os participantes compreendam e aprendam o assunto.

f. Dar continuidade ao debate sobre um tema previamente apresentado sob a formade exposição, role-playing, etc.

g. Obter conclusões do grupo acerca de uma questão ou assunto/problema.

APLICAR QUANDO

a. Desejar dinamizar grupos de 15 pessoas, no mínimo.

b. Os recursos materiais possibilitarem o deslocamento de cadeiras e suareorganização em círculo.

c. Quiser incentivar a participação, possibilitando assim a contribuição de todos.

d. Desejar incrementar a contribuição pessoal de cada elemento do grupo e a trocade experiências.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

e. Quiser diluir o formalismo do grupo.

f. For conveniente obter o consenso grupal acerca do assunto que esteja a serestudado.

PROCEDIMENTOS

a. Planifique previamente a sessão em que aplicará a técnica, em função: do tema, donúmero de participantes, do tempo, espaço, etc.

b. O número de etapas e o tempo de duração de cada uma é limitado pelo número departicipantes e pelo tema a ser discutido.

c. Após a apresentação do problema a todos os membros, ou distribuição das cópiasdo assunto a ser debatido, clarifique o funcionamento da técnica nas suas váriasetapas:

1. Leitura individual do texto ou resposta por escrito a uma pergunta formulada.

2. Agrupamento de dois ou mais participantes que avaliam, debatem eelaboram uma conclusão com base nas contribuições individuais.

3. Agrupamento cujo número de membros seja múltiplo do número deintegrantes dos grupos anteriores, trabalhando as conclusões anteriores,listando-as e aglutinando-as.

4. Conclusões gerais do grupo alargado.

33MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.13. PAINEL DUPLO

CARACTERIZAÇÃO

Permite evidenciar aspectos sobre um tema que não foram trabalhados. A técnica épassível de ser usada mesmo após uma prelecção, role-playing, visionamento de filme,etc.

OBJECTIVOS

a. Agilizar a capacidade de pensar e raciocinar logicamente.

b. Procurar perceber o ponto de vista de outra pessoa.

c. Forçar participantes muito seguros do seu ponto de vista a considerarem, de umaforma lógica, a sua posição e a posição contrária.

d. Estimular e desenvolver a capacidade de argumentação lógica.

e. Persuadir determinado tipo de pessoas de que a sua posição é mais sólidaemocionalmente do que racionalmente.

APLICAR QUANDO

a. Os conteúdos não forem aceites uniformemente pelos membros do grupo.

PROCEDIMENTOS

a. Eleger um moderador que deve gerir as intervenções durante todo o tempo.

b. Solicitar a colaboração de oito participantes que formam dois mini-grupos, umdefendendo uma tese e o outro contestando-a ou defendendo o contrário.

c. Procede-se à inversão dos papéis. O mini-grupo de ataque passa à defesa e o dadefesa passa ao ataque.

d. Os membros do grupo alargado podem manifestar-se, apoiando as teses queacharem mais correctas.

34

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.14. SEMINÁRIO

CARACTERIZAÇÃO

Consiste na existência de grupos de estudantes ou grupos profissionais reduzidos que sereúnem e centram o seu trabalho num tema de investigação, numa ou mais sessõesplanificadas, recorrendo a diversas fontes originais de informação.

É uma forma de debater, em grupo, formas de desenvolvimento ou renovação de ideias,ou valores comuns aos participantes.

Os participantes não recebem informações já elaboradas, mas pesquisam com os seuspróprios meios num clima de colaboração recíproca.

Os seminários podem durar apenas um fim-de-semana ou uma semana e ter por objectivoformar os seus participantes numa técnica especial.

Os resultados ou conclusões são imputáveis a todo o grupo e o seminário conclui-se comuma sessão de resumo e avaliação.

O seminário é semelhante ao congresso, porém tem uma organização mais simples e umnúmero mais limitado de participantes.

OBJECTIVOS

a. Debater em grupo, formas de desenvolvimento ou renovação de ideias ou valorescomuns.

b. Levantar problemas.

c. Formar os participantes numa técnica especial.

d. Estimular o debate em torno de determinado tema.

e. Conduzir a conclusões pessoais, não levando necessariamente a conclusõesgerais e recomendações.

f. Investigar em grupo, ideias opiniões e sugestões de interesse especial para osparticipantes.

g. Proporcionar a troca de conhecimentos e experiências entre grupos com ummesmo interesse ou formação.

35MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

APLICAR QUANDO

a. Houver interesses e objectivos comuns por parte dos participantes do grupo.

b. O grupo for reduzido e apresentar certa homogeneidade.

c.O formador tiver bastante agilidade para conduzir o debate.

d. Desejar relevar os conteúdos a serem discutidos e a troca de experiências entre osparticipantes.

e. Quiser atingir um consenso geral sobre determinados assuntos ou problemas.

f. Não houver acentuadas diferenças de conhecimento entre os participantes dogrupo.

PROCEDIMENTOS

a. Planear o desenvolvimento dos assuntos, fixando os objectivos do debate antes deiniciá-lo.

b. Não são concedidas aos participantes informações já elaboradas.

c. Podem ser efectuadas várias sessões para a análise do assunto ou problema.

d. Terminar e concluir com uma sessão de resumo e avaliação.

36

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.15. DISCUSSÃO CIRCULAR

CARACTERIZAÇÃO

Consiste num processo de encadeamento de aspectos ou pontos de vista, dentro de umamesma ideia ou assunto.

Permite pôr em prática o raciocínio célere e comprovar o entendimento do assunto.

OBJECTIVOS

a. Rever conteúdos.

b. Estimular e agilizar o raciocínio individual.

c. Diagnosticar o entendimento e os pontos falhados; dar feedback.

d. Dar a oportunidade a todos de expressarem o seu entendimento ou dúvidas.

APLICAR QUANDO

a. Quiser rever um assunto.

b. O estudo de um tema estiver completo.

c. Desejar estimular o raciocínio encadeado.

d. Pretender relevar o conteúdo de um tema.

e. For importante anotar as falhas sobre um assunto.

PROCEDIMENTOS

a. Apresente uma questão de forma clara e sintética.

b. Confirme se todos compreenderam a questão apresentada.

c. Sublinhe que cada um deve apresentar um aspecto novo sobre a questãoformulada, ou seja, não é permitido repetir assuntos já abordados.

37MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

d. Cada participante tem um minuto, no máximo, para se expressar.

e. Depois de apresentar a questão e fazer os esclarecimentos que se tornaremindispensáveis, pedir um voluntário para iniciar o processo.

f. Após ele, o do seu lado deve continuar, não devendo ser permitido "saltar" paraoutro.

g. Não permitir interrupções ou respostas a críticas enquanto não chegar a sua vez.

h. A "Discussão Circular" continua até que todos entendam que nada mais há aacrescentar ou até esgotar o tempo predeterminado.

i. Depois da primeira volta, em que todos devem participar, pode ser pedida adispensa da palavra com um "passo".

1.16. COGITAÇÃO OU RUMINAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO

Consiste na leitura cuidada, minuciosa e profunda de um texto, de forma individual,possibilitando fundir o esforço individual com o do grupo, no entendimento do texto.

OBJECTIVOS

a. Exercitar a leitura de um texto com o máximo de atenção e concentração.

b. Treinar a entender os detalhes de um texto.

c. Habituar a perceber os aspectos gerais de um texto.

APLICAR QUANDO

a. Desconhecer as capacidades do grupo em apreender um texto.

b. Desejar exercitar a leitura e a interpretação de textos.

c. O tema exigir maior nível de análise.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

PROCEDIMENTOS

a. Distribuir o texto aos integrantes do grupo, sugerindo-lhes que o mesmo seja lidototalmente e de uma só vez, pelo que o referido texto não deve ser nem muitoextenso nem muito sintético.

b. Depois desta primeira leitura, os membros do grupo são convidados a umasegunda leitura, devendo ser assinaladas as partes não entendidas, bem comoaquelas entendidas e consideradas relevantes ou fundamentais do texto.

c. Após esta segunda leitura, será levado a efeito um trabalho de esclarecimentoquanto às partes não entendidas, com a colaboração de todo o grupo e doanimador. Cada membro expõe as suas dúvidas, que o grupo procurará explicar,sendo que, quando o mesmo não conseguir, o animador o fará.

d. Terminados os esclarecimentos, será feita uma terceira leitura em que cadamembro fará uma checklist a respeito do texto, indicando:

1. dúvidas que o texto tenha suscitado;

2. dúvidas paralelas que a leitura tenha levantado;

3. interpretação geral do texto e suas finalidades;

4. questões outras que o texto possa suscitar.

e. Os participantes, a seguir, reunir-se-ão em subgrupos de três a cinco participantese discutirão as suas dúvidas, reduzindo-as.

f. A seguir, cada grupo apresentará as suas dúvidas ou questões que serão debatidaspor todos.

g. Finalmente, o animador fará uma apreciação do trabalho desenvolvido,completando-o se necessário.

39MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.17. SIMPÓSIO

CARACTERIZAÇÃO

Consiste na exposição sucessiva sobre diferentes aspectos de um só assunto ouproblema, feita por um grupo reduzido de pessoas especializadas (três a cinco) quefazem, perante uma audiência, sob a direcção de um moderador, uma exposição sobre umtema específico.

Cada expositor não deve ultrapassar os vinte minutos na sua prelecção e o simpósio nãodeve ultrapassar hora e meia de duração. No final do simpósio, o auditório poderáparticipar através de perguntas directas.

É similar à técnica do congresso, mas de maior exigência no que respeita à especificidadedos participantes e ao seu objectivo.

OBJECTIVOS

a. Trocar experiências.

b. Debater as investigações feitas.

c. Descobrir perspectivas de actuação para o futuro.

d. Obter informações especializadas sobre os diferentes aspectos de um tema.

e. Divulgar factos, informações ou opiniões sobre um mesmo tema.

f. Analisar problemas complexos que devam ser desenvolvidos de forma a facilitar acompreensão geral do assunto.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

APLICAR QUANDO

a. Não for imperiosa a interação entre os participantes.

b. Os padrões de comportamento do grupo e a identidade entre os seus elementosforem favoráveis à aceitação de uma técnica de exposição formal.

c. A formalidade das exposições não prejudicar a compreensão e apreensão doconteúdo do tema.

d. Se desejar colocar diferentes pontos de vista sobre um tema.

PROCEDIMENTOS

a. A eficácia da aplicação desta técnica depende da qualidade da sua preparação.

b. Nesta técnica, os especialistas não interagem entre si.

c. São necessários 5/10 minutos para a apresentação pelo moderador; 5/20 para osespecialistas; 20/30 para permitir aos participantes porem questões às quais osespecialistas responderão e 5/10 minutos para a conclusão ser feita pelomoderador.

d. Recomenda-se um encontro prévio com os oradores para garantir o acordo sobreo fracionamento lógico do assunto, identificar as áreas principais e estabelecerhorários.

e. Numa primeira fase, o moderador deve apresentar os integrantes do simpósio,enunciar os objectivos em função das necessidades e das características dosparticipantes, expôr a situação geral do tema e quais as partes que serãoenfatizadas por cada especialista e criar atmosfera receptiva.

f. Os membros do Simpósio devem fazer apresentações concisas e bem organizadasdentro do tempo pré-estabelecido.

g. O moderador poderá, quando oportuno, conceder a cada integrante do Simpósio,um certo tempo para esclarecimentos e permitir que um participante possa formularuma ou duas perguntas a outro especialista.

h. Após as apresentações, gerir as intervenções dos participantes, se elas foremprevistas, não esquecendo de as agrupar.

41MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.18. FÓRUM

CARACTERIZAÇÃO

Consiste num debate protagonizado por um reduzido número de integrantes. Todavia, atécnica garante a participação de grande número de pessoas, sobre temas contraditórios,embora alguns participem como observadores do debate.

OBJECTIVOS

a. Estimular e desenvolver a logicidade.

b. Energizar o grupo.

c. Estimular e desenvolver a capacidade de raciocínio.

d. Treinar a capacidade de aceitar pontos de vista contrários.

e. Desenvolver a imparcialidade de julgamento.

f. Ensinar a saber ganhar e a saber perder.

APLICAR QUANDO

a. Desejar treinar o grupo a não se implicar emocionalmente na questão,desenvolvendo a racionalidade.

b. Pretender despertar a participação do auditório através de depoimentos.

c. Quiser discutir temas controversos.

PROCEDIMENTOS

a.Nomei três participantes: um defende o tema, o outro contesta-o e o terceirocoordena.

b. O auditório deve participar, optando por ficar de um lado ou de outro.

c. No final, o moderador apresenta uma conclusão.

Observação: Se for desejável aumentar a participação pode-se constituir um corpo deauxiliares da defesa, outro da acusação e um júri.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.19. JÚRI PEDAGÓGICO

CARACTERIZAÇÃO

A presente técnica permite o treino de respostas a questões propostas, levando o grupo ater atenção quanto à confirmação ou rejeição das respostas oferecidas.

OBJECTIVOS

a. Disciplinar o pensamento.

b. Treinar interrogações a questões.

c. Exercitar a capacidade de resposta a perguntas.

d. Desenvolver a técnica do "endosso" (anuência) e do "protesto" a questõescolocadas.

e. Agilizar a capacidade de argumentação.

f. Treinar a capacidade de síntese e de ordenação do pensamento.

APLICAR QUANDO

a. Estiver a desenvolver um trabalho com objectivos pré-definidos.

b. For possível elaborar questões com soluções que abranjam poucas operações,propiciando o indispensável reforço pela satisfação do acerto.

c. Puder ter uma determinada recompensa para cada resposta.

PROCEDIMENTOS

a.Os formandos são distribuídos em dois tipos de grupos: grupo A versus grupo B ouHomens versus Mulheres ou ímpares versus pares, etc. A disposição doscandidatos ou grupos, nas mesas, será determinada pelo juiz.

b. Cada formando deverá estar munido com o material de estudo e bem informadosobre a actividade.

43MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

c. Nomear um advogado de cada equipa e um juiz (geralmente um bom formando).

d. O formador enuncia um exercício para ser resolvido e determina o tempo deresolução.

e. Terminado o tempo, o juiz indica um participante da equipa A para responder.

f. Assim que for dada a resposta, o seu advogado (da equipa A), diz: endosso (isto é,concordo com a resposta).

g. O advogado opositor (equipa B), se concordar com a resposta, diz: confirmo. Senão concordar, diz: protesto.

h. Se o endosso (anuência) for certo, a equipa A ganha um ponto. Se o endosso forerrado, o juiz coloca a questão ao plenário, que terá a oportunidade de areconsiderar. O primeiro formando que se manifestar e corrigir o erro, seja daequipa A ou da B, ganha cinco pontos e o grupo, um ponto.

i. Se o advogado opositor protestar o erro, ele deverá indicar um participante do seugrupo para responder. Se a resposta for certa, o grupo ganha um ponto e ganha avez a colocação da próxima questão.

j. Na gestão do grupo, o juiz deverá mencionar o formando que deve responder, porexemplo: formando 3, na mesa 2, responda. Se a resposta não for dada deimediato, o formando não terá direito de recorrer ao seu advogado, perdendo umponto e a vez.

k. Se o advogado protestar o certo (ou o errado), dar-se-á o debate entre osadvogados, e o que vencer, mostrando o certo, ganhará para si cinco pontos ecinco para o grupo.

l. Poderá haver continuação do processo noutras sessões, se o conteúdo o permitir.

m.Deverá haver rotatividade de advogados e juiz.

n. É desejável, caso haja avaliação, converter os pontos obtidos em notas deaproveitamento ou noutra qualquer recompensa.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

ESQUEMA DE ORGANIZAÇÃO DA SALA:

45MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

Juiz

Advogado Advogado

Mesa 1 Mesa 2 Mesa 3 Mesa 4 Mesa 5

1.20. RUMOR OU BOATO

CARACTERIZAÇÃO

Foi desenvolvida na Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de fazer face aosinúmeros boatos gerados em consequência desse fenómeno.

OBJECTIVOS

Educar a percepção da comunicação livre dos obstáculos, ruídos e filtragens que põembarreiras não só ao relacionamento dos participantes, como também à evolução eprodutividade do grupo.

APLICAR QUANDO

a. Quiser demonstrar o efeito das distorções na comunicação.

b. No início de um curso, de um módulo ou de uma reunião de grupo ou como temaintrodutório de relações interpessoais.

c. Em reuniões onde as comunicações estão desfasadas, é pertinente utilizar noinício das discussões.

d. Precisar evidenciar as filtragens de comunicação em termos de circulares,portarias, etc.

PROCEDIMENTOS

a. O trabalho poderá ser efectuado através da estimulação verbal e gráfica.

b. Como estimulação gráfica:

1. O formador deverá ter uma prancha de tamanho grande que represente umahistória na qual figurem pelo menos vinte detalhes relevantes. Deveráprover-se também de um aparelho gravador para gravar todas as sucessivascomunicações. É desejável usar pranchas em que os objectos ou situaçõessão desenhadas com certa ambiguidade, a fim de poder analisar acapacidade de percepção dos participantes na experiência. Utilizam-se duaspranchas.

46

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

2. O formador selecciona seis ou sete pessoas para actuarem comoprotagonistas numa experiência aliciante. Pede a estas pessoas que seausentem do local por um momento, dizendo-lhes que quando foremchamadas, uma de cada vez, deverão escutar com muita atenção o que selhes diz e repetir o mais exactamente possível. Não se deve informar oprotagonista do objectivo da prova.

3. Coloca-se diante do grupo a prancha grande, mas de tal forma que sejainvisível para as pessoas que vão entrando.

4. O formador chama um dos participantes que saiu e solicita a um espectadorpreviamente designado que descreva a prancha em voz alta, enquanto oprimeiro sujeito da experiência toma atenção à descrição, sem ver aprancha.

5. Antes de iniciar a descrição da prancha põe-se a funcionar o gravador, oqual registará o processo até ao final da experiência.

6. Através desta primeira narração directa da prancha o grupo poderá reflectirsobre quão pobre de detalhes e imperfeita pode ser uma percepção mesmoquando descrita por um indivíduo que, nesse momento, esteja a observardirectamente a cena.

7. Concluída a descrição da prancha pelo primeiro participante, chama-se àsala um segundo sujeito, o qual se coloca junto ao primeiro, sem quenenhum dos dois visualize a prancha. O primeiro indivíduo descreve entãoao segundo o que acaba de ouvir, fazendo-o com a maior fidelidadepossível. Então o primeiro pode sentar-se entre os espectadores, pois a suatarefa está finalizada.

8. Faz-se entrar o terceiro indivíduo e procede-se da mesma forma que nasituação anterior. O segundo descreve ao terceiro o que acaba de ouvir.Assim, consecutivamente com todos os participantes que tenham saído dasala, até que o último deles repita o que o penúltimo descreveu.

9. Escutam-se os registos das gravações e debate-se o assunto, em termos dedistorções e barreiras da comunicação.

c. Como forma de estimulação verbal pode-se utilizar um texto, com mais ou menosvinte detalhes significativos, respeitando alguns dos passos acima referidos.

47MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.21. BOLA LADINA

CARACTERIZAÇÃO

Consiste numa técnica psico-motora útil na aprendizagem, diagnóstico e avaliação dosconhecimentos dum grupo.

OBJECTIVOS

a. Diagnosticar as possibilidades de um grupo.

b. Obter feedback do nível de aquisição de conhecimentos dos participantes.

c. Diagnosticar competências individuais.

d. Pôr em comum conhecimentos e vivências.

e.Motivar e "revitalizar" o grupo através da quebra de monotonia.

f. Aumentar o nível de atenção e concentração dos formandos.

APLICAR QUANDO

a. Tiver condições logísticas para dispor os participantes em círculo.

b. O grupo não ultrapassar os quinze elementos.

c. Tempo suficiente para todos os formandos responderem.

d. For desejável diversificar as metodologias.

PROCEDIMENTOS

a. Improvisar uma bola de papel ou usar uma outra.

b. Fazer perguntas em tiras de papel, relativas ao tema da sessão.

c. Desenvolver o conteúdo da sessão.

48

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

d. Fazer um círculo na sala.

e. Distribuir as tiras de papel pelos participantes.

f. Jogar a bola para um deles. Quem recebe a bola deverá responder à questão queestá no seu papel.

g. Caso ele não saiba a resposta, joga a bola para outro que a deverá responder.Assim por diante até que alguém responda.

h. A bola volta para o formando que a lança para outro formando, começando tudooutra vez.

1.22. MESA REDONDA

CARACTERIZAÇÃO

Consiste num debate protagonizado por um reduzido número de participantes dispondo detempo para discutir um assunto, em igualdade de condições.

OBJECTIVOS

a. Conseguir a participação de todos (num grupo pequeno).

b Debater ou reflectir sobre um assunto ou situação/problema.

c. Induzir os participantes a assumirem responsabilidades.

d. Alcançar uma decisão democrática, participativa e, quando possível, unânime. Aparticipação na decisão é, geralmente, garantia de colaboração.

49MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

APLICAR QUANDO

a.Tiver determinado claramente o assunto ou problema e o objectivo a que querchegar.

b.Existir igualdade entre os oradores.

c.Pretender sinceridade o diálogo.

d.Existir um universo comum de comunicação.

PROCEDIMENTOS

a. Reduzido número de oradores, sentados em círculo, em igualdade de condições.

b. Discussão livre entre si sobre o tema em análise.

c. Coordenação livre.

1.23. ESTUDO DE CASOS OU MÉTODO CASUÍSTICO

CARACTERIZAÇÃO

O Método Casuístico foi desenvolvido pela Harvard Business School, nos EUA ao qual setem dado ênfase não só nas empresas, mas também na formação. O chamado "caso" énormalmente uma descrição escrita e pormenorizada duma situação problemática levadaa discussão, a fim de que as opiniões e as informações favoreçam o seu melhorentendimento.

Porém, são indispensáveis as seguintes características para se considerar um "caso":

a. Pedagógico - relacionado com os objectivos pedagógicos.

b. Polivalente - possa apresentar mais do que uma solução.

c. Ser real - Verosímil ou retirado da vida real.

d. Ser problemático - coloque uma situação/problema.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

e. Desencadeador - sirva de base de discussão e reflexão.

f. Envolvente - estimulante e motivante para os formandos.

g. Adaptado - adequado aos participantes.

Através desta técnica e após a resposta a um questionário, a situação é levada a debate,a fim de que as opiniões e as informações favoreçam o seu melhor entendimento.

OBJECTIVOS

a. Analisar situações.

b. Definir e seleccionar várias hipóteses de solução.

c. Promover uma dinâmica motivadora e envolvendo situações reais.

d. Descobrir novas perspectivas na apreciação dos problemas e na tomada dedecisão.

e. Diagnosticar problemas.

f. Desenvolver a capacidade analítica.

g. Facilitar a tomada de decisão.

h. Interiorizar novos conceitos.

i. Provocar o contacto com o real e a consciencialização exacta e ajustada de umasituação.

APLICAR QUANDO

a. Desejar consolidar conhecimentos e aplicá-los de uma forma prática, levando oformando a transferi-los para o seu meio profissional.

b. Pretender diagnosticar comportamentos nas diferentes áreas do saber.

c. O caso for pedagógico e adaptado aos objectivos.

51MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

PROCEDIMENTOS

a. Facultar aos participantes, em cópias, um caso apresentado em forma de teste,onde são apresentados os dados do problema.

b. Conceder dez a quinze minutos para que cada participante leia o caso e respondaindividualmente ao questionário.

c. Enquanto os sujeitos estão a completar o caso, escrever os números de perguntasformuladas no quadro, com as colunas "certo-errado". Quando todos acabarem,reunir os participantes em subgrupos de dois, três ou quatro a fim de que o assuntoseja debatido.

d. Partindo da primeira afirmação, perguntar a cada grupo (ou a um porta-vozpreviamente designado) os motivos que levaram os membros a responder "certo"ou "errado". Os debates deverão concentrar-se, preferencialmente, nas perguntasem que haja grande diferença de opiniões. Nesta etapa, o formador deveráconduzir a sessão a fim de evitar dispersões inúteis e sem resultado.

e. Após a discussão e sem relação com respostas em que houve consenso, pedir aogrupo que responda de novo às questões à luz do que corresponde o ensinado nasessão/módulo/curso.

f. Ler as respostas consideradas correctas para que todos os participantesverifiquem, em grupo, como fizeram o teste.

g. Na fase das respostas às perguntas - por quê -, o coordenador poderá contrapor oraciocínio dos mais exactos (ou completos) ao daqueles menos exactos,apresentar os seus próprios argumentos ou comparar o caso com princípiosdoutrinários.

h. Dever-se-á ter em conta certas precauções ao levar um caso a debate:

• Deve-se evitar que os casos sejam longos ou complexos a fim de evitardiscordâncias as quais, por vezes, podem ser de difícil solução.

• Deve haver, no exercício-caso, respostas certas e erradas. Quando nãoexistem respostas certas os participantes acham difícil encontrar umasolução objectiva para as suas discordâncias.

52

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

• Quando o caso tiver problemas de factos, opiniões, sentimentos,suposições, atitudes, convém não valorizar os "incidentes críticos", a fim defacilitar a solução.

• Poder-se-á acrescentar o comentário de vários especialistas comoorientação para o debate do caso.

• Os grupos, se possível, poderão ser divididos de acordo com a actividade decada elemento: grupo de supervisão, grupo de operadores, etc.

• Persistir na circunstância de que, quando se examinam esses casos, osgrupos devem concentrar-se no que acontece e porquê e nas relaçõesinterpessoais que o caso envolve.

• Convém certificar-se de que a análise do caso remete o grupo para adecisão e a acção. A análise deverá ser feita exaustivamente, levando emconta todos os elementos antes da decisão. As conclusões precipitadas,baseadas apenas em experiências pessoais levam, frequentemente, adistorções dos factos.

• Em relação à decisão e ao consenso, convém perceber que, do ponto devista da pessoa que considera o caso, raramente haverá concordância comos outros, na etapa de discussão. Várias soluções ou decisões alternativasvão surgir. Poder-se-á convidar alguns membros para debater os seuspontos de vista, para tanto, ser-lhes-ão dados cinco minutos de defesa acada um.

• Tratando-se de problemas humanos, onde são inúmeros os factoresimprevistos e imprevisíveis, raramente podemos dizer que há uma soluçãoperfeita sobre a qual todos concordem. Todavia, mediante o treino doprocesso de avaliação e da interpretação das diversas suposições,gradativamente, chega-se à solução de consenso.

• O objectivo desse trabalho de grupo não é a solução do caso, mas odesenvolvimento de uma proveitosa abordagem da questão.

53MANUAL DO FORMADOR

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

1.24. ESCONDE-ESCONDE

CARACTERIZAÇÃO

Trata-se duma técnica de dinâmica de grupo, muito simples, que envolve psicomotricidadee é particularmente útil para revigorar a energia dum grupo.

OBJECTIVOS

a. Fornecer conhecimentos ao grupo.

b. Descomprimir e revitalizar a energia do grupo aumentando a sua capacidade deatenção e concentração.

c .Estimular a participação geral do grupo.

d. Favorecer os contactos interpessoais.

APLICAR QUANDO

a. Verificar uma quebra notória na capacidade de retenção da informação.

b. Após a utilização duma metodologia expositiva, com conteúdos cognitivos.

c. O grupo aderir bem a metodologias activas.

PROCEDIMENTOS

a. Esconder algo: uma gravura, objecto, folha com uma afirmação polémica, etc -alusivo ao tema a leccionar - numa cadeira, mesa ou qualquer outro espaço dasala.

b. Pedir aos formandos que procurem alguma coisa escondida na sala de formação.

c. A partir da descoberta, desenvolver o conteúdo da sessão, pedindo ao grupo ou aoparticipante que fez o achado, que comente ou interprete o conteúdo do achado.

54

TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

1.25. ESTUDO DIVIDIDO

CARACTERIZAÇÃO

Consiste no aprofundamento do estudo de um assunto já tratado, através dumametodologia participativa.

OBJECTIVOS

a. Fornecer conhecimentos ao grupo.

b. Criar dinâmica e sinergia no grupo.

c. Desenvolver o espírito de trabalho em equipa.

d. Descobrir conhecimento através da cooperação e da polivalência.

e. Desenvolver a interdependência.

APLICAR QUANDO

a. O grupo seja relativamente homogéneo em termos de competências.

b. O grupo não ultrapassar os quinze participantes.

c. Pretender aumentar o nível de comunicação e interajuda nos membros.

PROCEDIMENTOS

a. Decompor o grupo em três ou quatro subgrupos.

b. Dividir o tema em partes iguais ao número de subgrupos.

c. Facultar a cada subgrupo parte do tema para examinarem durante 5-10 minutos.

d. Pedir que comentem por escrito o que entenderam e as dúvidas quepermaneceram.

e. Trocar as partes e os comentários entre os grupos, solicitando que analisem ecompletem o trabalho.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

f. Continuar até que o trabalho volte ao grupo original, que deve rever e dar unidadeao seu tema.

g. Pedir a um participante de cada subgrupo para ler o resultado.

h. O formador faz a conclusão.

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TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO

MANUAL DO FORMADOR

CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO

MANUAL DO FORMADOR

As técnicas de dinâmica de grupo descritas permitem a participação alargada dosformandos e favorecem a troca, a implicação, a cooperação, o envolvimento, a expressãoe o diálogo - indispensáveis nas comunicações entre os membros do grupo.

Em determinadas actividades é desejável possibilitar que os formandos exerçam o poder,tomem iniciativas, tenham acesso à condução das actividades.

A relação pedagógica não deve, assim, ser uma relação vertical, comparável àquela queexiste na escola ou na universidade. Pelo contrário, o formador/animador está ao mesmonível daqueles que vai formar, discute na mesma mesa, e pode inserir-se nas mesmasactividades como participante.

As reflexões precedentes e todos os resultados da prática em animação de grupos,pressupõem um estilo de animação intensa e autenticamente inspirada por um profundorespeito pelos formandos, pela pessoa humana e pela integridade dos grupos.

O formador/animador não deve ser um coleccionador de receitas infalíveis, mas sim, umapessoa lúcida, que conheça os seus limites, a fim de não induzir comportamentos ereações que não consegue controlar.

A finalidade da animação consiste, sem dúvida, em restituir às pessoas e aos gruposautonomia e independência e lhes fazer descobrir os meios de construir, com outraspessoas e outros grupos, relações favoráveis ao seu desenvolvimento e à compreensãomútua. Nesta perspectiva, o formador/animador trabalha a mudança.

59MANUAL DO FORMADOR

CONCLUSÃO

60 MANUAL DO FORMADOR

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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• FRITZEN, S. J., Exercícios Práticos de Dinâmica de Grupo, Vozes, 15ª Ed. I vol.,Petrópolis, 1991

• JENNINGS, S., Creative Drama - I, Groupwork WP, 1ª Ed, Oxon, 1986

• LIMBOS, E., Animação Sócio-Cultural - Prática e Instrumentos, Livros Horizonte,Lisboa, 1974

• LIMBOS, E., L'animation des groupes de culture et de loisirs, Entreprise ModerneEdition, Paris, 1977

• LIMBOS, E., Les problemes humains dans les groupes, Entreprise ModerneEdition, Paris, 1980

• MINICUCCI, A, Dinâmica de Grupo. Teorias e Sistemas, Editora Atlas, 3ª Ed., SãoPaulo, 1991

• MACCIO, C., Animação de Grupos, Editores Moraes, 4ª Ed., Lisboa, 1977

• MUCCHIELLI, R., Les methodes actives dans la pedagogie des adultes, EntrepriseModerne Edition, Paris, 1972

• MUCCHIELLI, R., La dynamique des groupes, Entreprise Moderne Edition, Paris,1973

• ROGERS, C. R., Grupos de Encontro, Editores Moraes, 6ª Ed., Lisboa, 1986

• SOEIRO, C., Psicodrama e Psicoterapia., Escher, Lisboa, 1991

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Título: A Animação de Grupos na Óptica da Dinâmica de Grupos

Autoria: Carlos Barata

Edição: CECOA

Coordenação: Cristina Dimas

Design e Composição: Altura Data Publishing

Produção apoiada pelo Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS), co-

financiado pelo Estado Português e pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu.

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FICHA TÉCNICA

União EuropeiaFundo Social Europeu

Ministério do Trabalho eda Solidariedade Social