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    Por uma outra globalizaodo pensamento nico

    conscincia universalMilton Santos

    Seminrio da Disciplina Os perigos da bomba informtica CPGD/UFSC - Professor Aires Jos RoverDoutorando: Rafael Santos de Oliveira

    Florianpolis, SC, 20 de novembro de 2006

    O autor Milton Santos

    Formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA(Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhus eSalvador.

    autor de diversos livros, dentre eles:"O Povoamento daBahia" (48), "O Futuro da Geografia" (53), "Zona do Cacau"(55), "Por Uma Outra Globalizao" e "Territrio eSociedade no Sculo XXI", entre muitos outros.

    Em 1958, aps concluir o doutorado em Geografia naUniversidade de Estrasburgo, voltou ao Brasil ondetrabalhou no jornal "A Tarde" e na CPE (Comisso dePlanejamento Econmico-BA), precursora da Sudene.

    Foi preso em 1964 e exilado.Passou o perodo entre 1964 a1977 ensinando na Frana, Estados Unidos, Canad, Peru,Venezuela, Tnzania.Foi o nico brasileiro e receber um"prmio Nobel", o Vautrin Lud, que como um Nobel deGeografia.

    Milton Santos, morreu em So Paulo-SP, no dia 24 deJunho de 2001, aos 75 anos, vtima de cncer.

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    Estrutura da obra

    I Introduo geral

    II A produo da globalizao

    III Uma globalizao perversa

    IV O territrio do dinheiro e da

    fragmentao

    V Limites globalizaoperversa

    VI A transio em marcha

    I Introduo geral

    O mundo confuso e confusamente entendido.

    A realidade mediocremente construda resumindo vrioscontextos em uma nica abordagem, refm dosdetentores do dinheiro, poder e da informao.

    Para escapar dessa viso equivocada de mundo necessrio admitir que estamos imersos em trs mundos:

    1) Mundo fabricado e imposto, vendido como real:globalizaglobalizao como fo como fbulabula

    2) Mundo real, em confabulaes e expectativas:globalizaglobalizao como perversidadeo como perversidade

    3) Mundo que pode vir a surgir: uma outra globalizauma outra globalizaoo

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    I Introduo geral

    A FA FBULA:BULA: No intuito de legitimar as construes imaginrias que configuram e

    perpetuam o sistema, os chamados formadores de opinio fazemuso da mais elementar e eficaz arma: a repetirepetioo, que, ao contrriodo que a aparente obviedade ilude, no extingue possveisideologias, mas as concretizam (mito da aldeia global).

    A PERVERSIDADEA PERVERSIDADE Nada melhor que a simples realidade para desmascarar a pauta

    cnica que publicada. A mesma globalizao que cria a ututpicapicacidadania universalcidadania universal para uns (poucos) faz alastrar-se males moraise sociais na esquecida maioria.

    A OUTRA GLOBALIZAA OUTRA GLOBALIZAOO Apesar da farsa que encobre (ou tenta maquiar) o sistema rudo

    existem possibilidades e at indindcios de mudancios de mudanaa, no sentido nos de revelar a mentira utilizando os mesmo recursos tcnicos dosmandatrios como amenizar a verdade.

    II A produo da globalizao

    A globalizao o fruto de vrias medidas que criaram eperpetuam o mito de marcado global, sustentadoconvenientemente pela e para a conjuntura poltico-econmica.

    Entre as caractersticas contribuintes para explicar a atualconfigurao da globalizao, o autor elenca: a unicidade tcnica,a convergncia dos momentos,a cognoscibilidade do planeta e aexistncia de um motor nico na histria.

    Um mercado global utilizando esse sistema de tUm mercado global utilizando esse sistema de tcnicascnicas

    avanavanadas resulta nessa globalizaadas resulta nessa globalizao perversa. Issoo perversa. Issopoderia ser diferente se seu uso polpoderia ser diferente se seu uso poltico fosse outro. Essetico fosse outro. Esse o debate central, oo debate central, o nico que nos permite ter a esperannico que nos permite ter a esperanaade utilizar o sistema tde utilizar o sistema tcnico contemporneo a partir decnico contemporneo a partir deoutras formas de aoutras formas de aoo (p. 24)(p. 24)

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    III Uma globalizao perversa

    - surgimento de uma dupla tirania: a do dinheiro e dainformao (intimamente relacionadas)

    - violncia da informao: o que transmitido maioria da humanidade uma informao manipuladaque, em lugar de esclarecer, confunde.

    Estamos diante de um novo encantamento do mundo, noqual o discurso e a retrica so o princpio e o fim. Esseimperativo e essa onipresena da informao so

    insidiosos, j que a informao atual tem dois rostos, umpelo qual ela busca instruir, e um outro, pelo qual elabusca convencer. Esse o trabalho da publicidade (p.39)

    III Uma globalizao perversa

    CONSUMO E O SEU DESPOTISMOCONSUMO E O SEU DESPOTISMOO autor refere que antigamente as empresas para

    alcanar uma autonomia em sua produomanipulava a opinio do consumidor pela via dapublicidade.

    Todavia, atualmente, as empresas hegemnicas

    produzem o consumidor antes mesmo deproduzir os produtos [...] Na cadeia causal, achamada autonomia da produo cede lugar aodespotismo do consumo(p. 48).

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    III Uma globalizao perversa

    CONSUMO E O SEU DESPOTISMOCONSUMO E O SEU DESPOTISMOconsumismo e competitividade levam ao

    emagrecimento moral e intelectual dapessoa, reduo da personalidade e daviso do mundo, convidando, tambm, aesquecer a oposio fundamental entre a

    figura do consumidor e a figura docidado.

    III Uma globalizao perversa

    TECNOCINCIA E GLOBALIZATECNOCINCIA E GLOBALIZAO: HISTO: HISTRIA SEMRIA SEMSENTIDOSENTIDO

    irnico recordar que o progresso tcnico aparecia, desdeos sculos anteriores, como uma condio para realizaressa sonhada globalizao com a mais completahumanizao da vida no planeta. Finalmente, quando esseprogresso tcnico alcana um nvel superior, a globalizaose realiza, mas no a servio da humanidade.

    A globalizao mata a noo de solidariedade, devolve ohomem condio primitiva do cada um por si, e como sevoltssemos a ser animais da selva, reduz as noes demoralidade pblica e particular a um quase nada (p. 65-5)

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    IV O territrio do dinheiro e dafragmentao

    no mundo da globalizao, o espaogeogrfico ganha novos contornos, novascaractersticas, novas definies. E,tambm, uma nova importncia, porque aeficcia das aes est estreitamenterelacionada com a sua localizao. Osatores mais poderosos se reservam osmelhores pedaos do territrio e deixam oresto para os outros (p. 79)

    IV O territrio do dinheiro e da

    fragmentao[...] cada vez mais coisas tendem a tornar-se

    objeto de intercmbio, valorizado cada vez maispela troca do que pelo uso e, desse modo,reclamando uma medida homognea epermanente. Assim, o dinheiro aumenta suaindispensabilidade e invade mais numerososaspectos da vida econmica e social. [...]

    Com a globalizao, o uso das tcnicasdisponveis permite a instalao de um dinheirofluido, relativamente invisvel, praticamenteabstrato (p. 98-100)

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    V Limites globalizao perversa

    a situao contempornea revela, entre outras coisas,trs tendncias: 1. uma produo acelerada e artificial denecessidades; 2. uma incorporao limitada de modos devida ditos racionais; 3. uma produo ilimitada decarncia e escassez.

    Nessa situao, as tcnicas, a velocidade, a potncia criamdesigualdades e, paralelamente, necessidades, porque no hsatisfao para todos. No que a produo necessria sejaglobalmente impossvel. Mas o que produzido necessria oudesnecessariamente desigualmente distribudo. (p. 129)

    Possuidores x no possuidoresPossuidores x no possuidores

    quanto aos no possuidores sua convivncia com a escassez conflituosa e at pode ser guerreira. Para eles, viver na esfera doconsumo como querer subir uma escada rolante no sentido dadescida (p. 130)

    VI A transio em marcha

    para a maior parte da humanidade, o processo de globalizaoacaba tendo, direta ou indiretamente, influncia sobre todos osaspectos da existncia: a vida econmica, a vida cultural, asrelaes interpessoais e a prpria subjetividade. Ele no severifica de modo homogneo, tanto em extenso quanto emprofundidade, e o prprio fato de que seja criador de escassez um dos motivos da impossibilidade da homogeneizao. Osindivduos no so igualmente atingidos por esse fenmeno,cuja difuso encontra obstculos na diversidade das pessoas ena diversidade dos lugares. Na realidade, a globalizao agrava

    a heterogeneidade, dando-lhe mesmo um carter ainda maisestrutural (p. 142-3)

    uma outra globalizao supe uma mudana radical das condiesatuais, de modo que a centralidade de todas as aes seja localizadano homem [...] e no mais no dinheiro (p. 146)

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    VI A transio em marcha

    A idia da irreversibilidade da globalizao atual aparentemente reforada cada vez que constatamos a inter-relao atual entre cada pas e o que chamamos de mundo(p.149)

    A globalizao atual no irreversvel. Agora que estamosdescobrindo o sentido de nossa presena no planeta, pode-se dizer que uma histria universal verdadeiramente humanaest, finalmente, comeando.

    A mesma materialidade, atualmente utilizada para construirum mundo confuso e perverso, pode vir a ser uma condio

    da construo de um mundo mais humano. Basta que secompletem as duas grandes mutaes ora em gestao: amutao tecnolgica [emergncia das tcnicas dainformao) e a mutao filosfica da espcie humana[capaz de atribuir um novo sentido existncia de cadapessoa e tambm do planeta) (p. 174)