22 e 23 Set 2012

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Ano II Número 141 Data 22 e 23/2012

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Clipping CAOMA Eletrônico

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SUPER NOTÍCIA - BH - MG - P.4 - 22.09.2012

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HOJE EM DIA - MG - P.29 - 22.09.2012

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O TEMPO - MG - P.21 - 22.09.2012

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ESTADO DE MINAS - MINAS - P. 02 - 23.09.2012

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Autor(es): Michael Becker Superintendente de Conserva-

ção do WWF-BrasilPrincipal fronteira por onde

avança a agropecuária desde os anos 1960, o cerrado tem poucas chances de seguir existindo nas próximas décadas sem ações emer-genciais que ampliem sua área pro-tegida e que levem à adoção, em larga escala, de práticas produtivas menos danosas ao meio ambiente.

Consolidar as áreas já protegi-das é fundamental, inclusive por-que menos de 3% do cerrado estão hoje efetivamente resguardados pelo poder público. A última uni-dade de conservação federal criada na região foi a Reserva Extrativis-ta da Chapada Limpa (MA), em 2007. Novas metas internacionais chanceladas pelo Brasil recomen-dam a conservação de pelo menos 17% de cada bioma, até 2020.

Enquanto isso, projeções mos-tram que a área plantada com soja pode saltar de 21 para 30 milhões de hectares na próxima década, sempre com foco nas “terras ba-ratas” do cerrado. E o alvo pode ser justamente os maiores rema-nescentes da savana brasileira, no Maranhão, no Piauí e em Tocan-tins. Além disso, a demanda inter-na e global por carnes cresce com as necessárias melhorias socioeco-nômicas.

Como soja e pecuária são os principais motores da destruição do cerrado, respeitar a legislação e melhorar a eficiência da produ-ção são atitudes indispensáveis. A integração de lavouras, pecuária e

CORREIO BRAzIlIENSE - ON lINE - 23/09/2012

Um futuro para o cerradoflorestas plantadas, por exemplo, ajudaria a evitar a abertura de no-vas áreas e seria um sinal de que o país realmente quer fornecer itens produzidos com mais sustentabili-dade aos mercados globalizados de commodities.

Afinal, se antecipar a possíveis barreiras comerciais é sempre es-tratégico. Inclusive porque mais de 40% dos grãos, metade do farelo e um terço do óleo de soja produzi-dos no Brasil são exportados. Sete em cada 10 países já compraram esses itens na última década.

Estimativas oficiais indicam que até 140 milhões de hectares estão degradados no país, princi-palmente no cerrado e na transição deste para a Amazônia. A área é duas vezes maior que a da França. Na maioria dos casos, são terras que foram desmatadas para lavou-ras e acabaram abandonadas pela baixa produtividade. Em seguida, viraram pastos para rebanhos até o solo se tornar imprestável eco-nomicamente pela falta de manejo adequado.

Tornar essa imensidão de ter-ras novamente produtivas ajudaria no combate ao aquecimento do planeta, aliviaria a pressão para o desmatamento de florestas nativas e serviria à produção de commodi-ties e alimentos.

Outra preocupação recai sobre as mudanças na legislação florestal brasileira. A destruição do cerrado já pesa tanto quanto a da Amazônia nas emissões nacionais de gases de efeito estufa. E o bioma pode ser um dos mais prejudicados com as mudanças que setores atrasados do

ruralismo tentam impor ao Código Florestal, como admitiu o Ministé-rio do Meio Ambiente.

Se a margem para desma-tamento for ampliada, a caixa d”água do país ficará seriamente comprometida. No cerrado nascem águas que abastecem aquíferos subterrâneos e as bacias hidrográ-ficas Amazônica, do Tocantins, do Atlântico Norte/Nordeste, do São Francisco, do Atlântico Leste e do Paraná/Paraguai. Dessa última depende a sobrevivência do Panta-nal, a maior planície inundável do planeta.

Além de insumo econômico, a água que escorre por rios, córre-gos e veredas de beleza incomum alimenta culturas regionais muitas vezes fundadas no extrativismo sustentável, uma atividade que perpetua e valoriza a vegetação e outros recursos nativos pelas mãos de valorosos e inúmeros povos tra-dicionais do cerrado.

Os índices atuais de degrada-ção e planos desenvolvimentistas carentes de sustentabilidade am-biental projetam um futuro nada animador para um bioma que já perdeu metade da vegetação nati-va, ainda não é reconhecido como patrimônio nacional pela Consti-tuição e que sofre desnecessaria-mente com incêndios e queimadas cada vez mais intensos.

Mas com majestosa resistên-cia, o cerrado ainda segue encan-tando quem se atreve a conhecer esse abrigo de vida e de paisagens únicas no mundo. Manter esse pa-trimônio inigualável é o desafio que se impõe ao Brasil.

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Autor(es): Cleide Carvalho De 23 novas hidrelétricas plane-

jadas na Amazônia, 7 serão erguidas em áreas intocadas

ENERGIA POLÊMICASÃO PAULO O governo planeja

instalar na Amazônia pelo menos 23 novas hidrelétricas, além das seis já em construção na região. Segundo le-vantamento do GLOBO, ao todo, es-sas 29 hidrelétricas vão gerar 38.292 MW, quase metade dos 78.909 MW produzidos pelas 201 usinas hidrelé-tricas em operação hoje no país. Sete delas, como as das bacias do Tapajós e do Jamanxim, serão feitas no cora-ção da Amazônia, em áreas de flores-ta contínua praticamente intocadas. Outras estão em áreas remanescentes importantes de floresta amazônica, como o conjunto de sete hidrelétricas planejadas nos rios Aripuanã e Roo-sevelt, no Mosaico de Apuí, com im-pacto direto em 12 unidades de con-servação de proteção integral e terras indígenas. A região, ao Sul do Ama-zonas, foi considerada de prioridade extremamente alta para conservação pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2006.

Somados, os 29 projetos alcan-çam 31% da capacidade potencial de geração de energia das duas principais bacias hidrográficas da região, as dos rios Amazonas e Tocantins, e 14 deles usam R$ 78 bilhões em recursos do Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC). Verbas do PAC foram destinadas até para usinas que sequer receberam aval ambiental: São Luiz do Tapajós (R$ 18,1 bilhões), Jatobá (R$ 5,1 bilhões) e Marabá (R$ 2,27 bilhões). Os planos vão além: está em andamento o estudo para aproveitar a Bacia do Rio Negro.

- A Amazônia é a bola da vez, e

O GlOBO - ON lINE - 23/09/2012

Usina no coração da florestaé necessário se antecipar aos proble-mas, não pedir desculpas pelo já fei-to. É preciso ter princípios adequados à lógica da região. Na Amazônia, a questão ambiental se sobrepõe a todos os fatores. Não dá para fazer uma usi-na atrás da outra - diz João Gilberto Lotufo, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), que acaba de fina-lizar o Plano Estratégico de Recursos Hídricos dos Afluentes da margem di-reita do Rio Amazonas.

Última fronteira a ser desbrava-da, a Amazônia pode gerar 121.246 MW, equivalentes a 48,72% do poten-cial do país. Além das hidrelétricas, outras 11 pequenas centrais hidrelétri-cas (PCHs) estão em rios amazônicos - cinco em obras e seis já outorgadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

- Estamos planejando com o maior cuidado e procurando reduzir ao mínimo o impacto - afirma Altino Ventura, secretário de Desenvolvi-mento Energético do Ministério de Minas e Energia.

Se forem acrescentadas à lista as usinas de Estreito e Santo Antônio, que entraram em operação em 2011, as novas usinas vão gerar 42.529 MW, o que significa aumento de 53,9% na capacidade instalada do país.

- Metade da energia prevista para entrar no sistema até 2020 está na Amazônia. Podemos abrir mão? - in-daga Ventura.

O entusiasmo com a construção de hidrelétricas contrasta com as pre-ocupações ambientais. O Amazonas deve receber quatro delas. O governo do estado é contra.

- Não somos contra o crescimen-to econômico, mas ele não precisa ser predatório. O governo precisa olhar outras soluções - diz Anderson Bittencourt, coordenador de Energia da Secretaria de Meio Ambiente do

Amazonas, que projeta uma usina so-lar em Manaus.

ALAGAMENTO: 8 VEZES a ÁREA DO RIO de Janeiro

Bittencourt diz que a primeira consulta pública sobre as usinas foi em Manaus, a mais de mil quilôme-tros das comunidades afetadas, onde vivem 112 mil pessoas.

As novas hidrelétricas na Amazô-nia - incluindo as recém-inauguradas Santo Antônio e Estreito - alagarão uma área de ao menos 9.375,55 quilô-metros quadrados, quase oito vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. A área inundada diminuiu em relação a obras do passado. Em média, serão 0,22 km²/MW contra uma média na-cional de 0,49 km²/MW.

As duas maiores usinas, São Luiz do Tapajós e Jatobá, ambas no Tapajós alagarão 1.368,85 quilôme-tros quadrados, quase o tamanho da cidade de São Paulo. A São Luiz do Tapajós deve gerar 6.133 MW; será a quarta maior do país, atrás de Belo Monte, Tucuruí e Itaipu.

A terceira maior usina desta lista é a de Marabá, com operação plane-jada para 2018 e capacidade de 2.160 MW. Possui o maior reservatório en-tre as novas, de 1.115 quilômetros quadrados, e poderá deslocar 40 mil pessoas que vivem às margens do To-cantins em nove municípios de Pará, Tocantins e Maranhão. Na região, está a reserva indígena Mãe Maria e o Par-que Estadual do Encontro das Águas.

Para o biólogo Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Brasil deve bus-car novos caminhos:

- É preciso repensar a lógica para, no futuro, não se arrepender de ter acabado com os rios da Amazônia. É mais barato fazer um plano de re-dução do consumo. No Brasil, 5% do gasto são de chuveiro elétrico - diz o biólogo.