2018/2019 Rita Freire O CASO BRANDYMEL PROPOSTA DE De ...
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2018/2019
Rita Freire O CASO BRANDYMEL – PROPOSTA DE
De Campos Luís REBRANDING DA IDENTIDADE VISUAL
2018/2019
Rita Freire O CASO BRANDYMEL – PROPOSTA DE
De Campos Luís REBRANDING DA IDENTIDADE VISUAL
Projeto apresentado ao IADE – Faculdade de Design,
Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia,
para cumprimento dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Design e Cultura
Visual, opção de especialização em Design Visual
realizada sob orientação científica do Doutor
Fernando Oliveira, Professor auxiliar do IADE-EU.
I
Dedico este Trabalho de Projeto de Mestrado a mim e à minha família.
II
III
Agradecimentos: Ao meu orientador Prof. Doutor Fernando Oliveira, pela
disponibilidade em me acompanhar neste Projeto de
Mestrado, desafiando-me a arriscar mais e acreditando
sempre nas minhas capacidades.
À minha família, pela paciência e compreensão da minha
ausência neste período de altos e baixos, que apesar de tudo,
souberam respeitar e apoiar, nunca duvidando do meu
trabalho.
Por último e não menos importantes, aos amigos que me
acompanharam neste processo, pelo apoio incondicional e
motivação, para que conseguisse terminar mais um capítulo
da minha vida.
IV
V
Palavras-Chave: Design Visual, Marca, Branding, Licores Portugueses.
Resumo: Esta investigação teve como principal objetivo, uma melhor
compreensão do fenómeno branding e como este atua no
processo de recuperação e de criação de identidades. Deste
modo, iniciou-se o estudo e análise, focado nas identidades
visuais de marcas portuguesas de licores mais antigas, que ao
longo do tempo perderam a sua visibilidade. Ao serem
identificados casos em que é possível implementar melhorias
nas suas linguagens, surgiu a oportunidade de desenvolver um
projeto exploratório prático, de produção de uma linguagem
visual, em torno da marca do licor DOM CRISTINA.
Procura-se responder à questão de investigação “Qual o
processo de branding para a revitalização de uma marca de
licor?”. Como tal, foi necessário recorrer a diferentes
metodologias, para alcançar o sucesso da investigação. Desde
análises bibliográficas que fundamentam os conceitos sobre a
marca, identidade visual e branding, assim como, estudos de
casos no segmento de bebidas alcoólicas, especificamente
licores portugueses, com o intuito de aprender mais sobre a
componente pragmática e estabelecer paralelismos com a
componente teórica, solidificando este projeto de investigação
nas duas vertentes que o complementam.
VI
VII
Keywords: Visual Design, Brand, Branding, Portuguese Liqueurs.
Abstract: The main objective of this research was a better understanding
of the branding phenomenon and how it acts in the process of
recovery and identity creation. Thus began the study and
analysis, focused on the visual identities of Portuguese brands
of older liqueurs, which over time lost their visibility. By
identifying cases where it is possible to implement
improvements in their languages, the opportunity arose to
develop a practical exploratory project to produce a visual
language around the DOM CRISTINA liquor brand. It seeks to
answer the research question “What is the branding process
for the revitalization of a liquor brand?”. As such, it was
necessary to resort to different methodologies to achieve
successful research. From bibliographic analyzes that underlie
the concepts of brand, visual identity and branding, as well as
case studies in the segment of alcoholic beverages, specifically
Portuguese liqueurs, in order to learn more about the
pragmatic component and to establish parallels with the
theoretical component, solidifying this research project in the
two strands that complement it.
VIII
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
1. Clarificação do tema ........................................................................................................... 1
2. Definição do Objeto de Estudo .......................................................................................... 2
3. Objetivos de investigação ................................................................................................... 3
4. Problemática ........................................................................................................................ 3
5. Metodologias ........................................................................................................................ 5
6. Estrutura do Trabalho de Projeto ..................................................................................... 6
CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA .......................................................... 8
1.1. A Marca ............................................................................................................................ 8
1.1.1. A Marca no Período Contemporâneo ......................................................................... 8
1.1.2. A História da Marca ................................................................................................... 9
1.1.2.1. Primeiro Nascimento ............................................................................................... 9
1.1.2.2. Segundo Nascimento ............................................................................................. 13
1.1.2.3. Terceiro Nascimento ............................................................................................. 16
1.1.2.4. Quarto Nascimento ................................................................................................ 18
1.2. Identidade e Imagem Corporativa ............................................................................... 20
1.2.1. Identidade Corporativa ............................................................................................. 20
1.2.2. Identidade Visual Corporativa .................................................................................. 21
1.2.3. Imagem Corporativa ................................................................................................. 22
1.3. Branding .......................................................................................................................... 23
1.3.1. ADN .............................................................................................................................. 27
1.3.1.1. Missão .................................................................................................................... 28
1.3.1.2. Visão ...................................................................................................................... 28
1.3.1.3. Valor ...................................................................................................................... 29
1.3.1.4. Perceção/Posicionamento ...................................................................................... 29
1.3.2. Brand Language .......................................................................................................... 29
1.3.2.1. Naming .................................................................................................................. 30
1.3.2.2. Símbolo .................................................................................................................. 30
1.3.2.3. Tipografia .............................................................................................................. 31
1.3.2.4. Cor ......................................................................................................................... 31
1.3.2.5. Quinto Elemento .................................................................................................... 32
1.3.2.6. Forma ..................................................................................................................... 32
1.3.2.7. Movimento ............................................................................................................ 33
1.3.2.8. Som ........................................................................................................................ 33
1.3.2.9. Marca Gráfica ........................................................................................................ 34
1.3.2.10. Imagética ............................................................................................................. 34
CAPÍTULO II – ESTUDOS DE CASOS ................................................................... 35
2.1. Licor Beirão .................................................................................................................... 35
2.1.1. História da Marca ..................................................................................................... 35
2.1.2. Reconhecimento ....................................................................................................... 37
2.1.3. Identidade e Linguagem Visual ................................................................................ 37
2.1.4. Comunicação ............................................................................................................ 41
2.2. Licor Nacional ................................................................................................................ 43
2.2.1. História da Marca ..................................................................................................... 43
2.2.2. Reconhecimento ....................................................................................................... 44
2.2.3. Identidade e Linguagem Visual ................................................................................ 45
2.2.4. Comunicação ............................................................................................................ 46
2.3. Erikae .............................................................................................................................. 49
2.3.1. História da Marca ..................................................................................................... 49
2.3.2. Reconhecimento ....................................................................................................... 50
2.3.3. Identidade e Linguagem Visual ................................................................................ 50
2.3.4. Comunicação ............................................................................................................ 51
CAPÍTULO III – ANÁLISE E TRIANGULAÇÃO DE DADOS ............................ 53
CAPÍTULO IV – PROJETO ....................................................................................... 56
4.1. O Caso BRANDYMEL .................................................................................................. 56
4.1.1. História da Marca ..................................................................................................... 56
4.1.2. Reconhecimento ....................................................................................................... 57
4.1.3. ADN. ........................................................................................................................ 57
4.2. Proposta de Revitalização ............................................................................................. 58
4.2.1. Brand Language .......................................................................................................... 59
4.2.1.1. Conceptboard ........................................................................................................ 59
4.2.1.2. Nome ..................................................................................................................... 60
4.2.1.3. Tipografia .............................................................................................................. 61
4.2.1.4. Símbolo .................................................................................................................. 65
4.2.1.5. Marca Gráfica ........................................................................................................ 66
4.2.1.6. Cor ......................................................................................................................... 70
4.2.1.7. Forma ..................................................................................................................... 70
4.2.1.8. Imagética ............................................................................................................... 72
4.2.2. Comunicação ............................................................................................................... 74
CAPÍTULO V – CONCLUSÃO E CONTRIBUTOS PARA INVESTIGAÇÕES
FUTURAS ..................................................................................................................... 79
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 84
WEBGRAFIA ............................................................................................................... 85
FONTE DE FIGURAS ................................................................................................. 87
ANEXOS ....................................................................................................................... 91
1. Estudos da Garrafa ........................................................................................................... 91
2. Estudos da Embalagem .................................................................................................... 92
3. Estudos da Marca Gráfica ............................................................................................... 92
4. Fotografias do processo de construção da garrafa ........................................................ 93
5. Fotografias do protótipo final em Estúdio ...................................................................... 94
6. Template do site e do Facebook da Marca ...................................................................... 95
7. Mensagens do Facebook ................................................................................................... 96
8. Email .................................................................................................................................. 97
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Escrita Cuneiforme em Argila………………………………………………10
Figuras 2 e 3 - Marcas de Canteiros em Pedra…………………………………………10
Figura 4 - Assinatura de Carlos Magno………………………………………………...11
Figura 5 - Marcas de Família dos Poveiros…………………………………………….12
Figura 6 - 1- Pedreiro João do Tojal, Tomar (1498); 2- Tecelão Brás Fernandes, Tomar
(1517); 3- Ferrador Gonçalo Rodrigues, Setúbal (1510); 4- Barbeiro Antão Fernandes,
Tomar (1522)…………………………………………………………………………...13
Figura 7 – Assinatura com o nome do Artista………………………………………….14
Figura 8 – Gutenberg com suporte em papel impresso em caracteres móveis…………15
Figura 9 – Marca Registada…………………………………………………………….16
Figura 10 – Alguns dos cartazes mais emblemáticos da marca Licor Beirão………….17
Figura 11 – Evolução da Marca para Imagem………………………………………….19
Figura 12 – Símbolo……………………………………………………………………24
Figura 13 – Logotipo…………………………………………………………………...24
Figura 14 - Alguns produtos da Marca Apple………………………………………….25
Figura 15 – Interior do El Corte Inglês, Lisboa……………………………………......25
Figura 16 – Publicidade Coca-Cola…………………………………………………….26
Figura 17 – Aspeto da Indumentária e do avião da Emirates Airlines……………......27
Figura 18 - Embalagem para evento festivo do Natal onde é possível visualizar
elementos da cultura portuguesa LICOR BEIRÃO 2014….…………………………...38
Figura 19 - Aspeto antigo da garrafa (à esquerda) e a atual garrafa (à direita) da marca
LICOR BEIRÃO……………...……………………….……………………………….39
Figura 20 – Marca Gráfica do LICOR BEIRÃO…….……………………………...….40
Figura 21 – Beirão D’Honra, edição limitada. Aspeto da embalagem rótulo e
garrafa…………………………………………………………………………………..41
Figuras 22 e 23 – Cartazes mais icónicos da marca LICOR BEIRÃO………………...42
Figura 24 - Primeira Marca Gráfica da Marca, onde são visíveis os sinais de
portugalidade………………………………...……………………………………..…..44
Figura 25 – Evolução da garrafa do LICOR NACIONAL à direita, onde surgem
elementos revivalistas associados à portugalidade…………….……………..……..….46
Figura 26 – Campanha Publicitária do LICOR NACIONAL em 2013, com a atriz Rita
Pereira onde se utilizam códigos populares, associados à sensualidade da mulher,
sobressaindo a qualidade de ser português……………………………………………..47
Figura 27 – Packaging e garrafa da marca LICOR NACIONAL, onde é possível
observar-se a nova identidade visual da mesma…………….………………….………48
Figura 28 – Logotipo da marca ERIKAE………………………………………………49
Figura 29 – Embalagem e garrafa da marca ERIKAE………………………………....51
Figura 30 – Licor ERIKAE, produto Portugal By Beira-Baixa………………………..52
Figura 31 - Edição especial do licor “sem nome”, com um cartão onde se encontra uma
breve explicação da sua história .……………………………………..………………..56
Figura 32 – Garrafa original do Licor BRANDYMEL ……………….……………….59
Figura 33 – Mapa de Influências, com fotografias de inspiração para a revitalização da
marca DOM CRISTINA. As imagens procuram corporizar alguns dos elementos
básicos e complementares da linguagem de uma marca……………………………….60
Figura 34 – Nome da marca DOM CRISTINA……………………………..……..…..61
Figura 35 – Tipo de letra “Hallo Euroboy”, adaptado para o nome da
Marca……………………………………………………………………………….…..61
Figura 36 – Fonte que integra o selo da Marca, pertencente à tipografia “Heading
Pro”……………………………………………………………………………………..62
Figura 37 – Selo da garrafa da Marca DOM CRISTINA………………………………62
Figura 38 – “Helvetiva”, Tipografia Complementar…………………………………...63
Figura 39 – Rótulo pertencente à embalagem da garrafa do licor de mel DOM
CRISTINA, que contém uma síntese da história do nome da marca e ingredientes que
compõe o licor………………………………………………………………………….63
Figura 40 – Rótulo que integra a garrafa de licor DOM CRISTINA, com tipografia
“Helveitca”, que contem os mesmos elementos do rótulo acima mencionado………...64
Figura 41 – Tipografia “Georgia” utilizada para representar o valor alcoólico do
licor……………………………………………………………………………………..64
Figura 42 – Sr. Oliveiros Cristina, criador da fórmula do licor de mel………………...65
Figura 43 – Criação do símbolo através da imagem icónica da cara do Sr. Oliveiros
Cristina…………………………………………………………………………………65
Figura 44 – Possível e melhorada marca gráfica do licor DOM CRISTINA………….66
Figura 45 – Margens de segurança da marca gráfica, símbolo como elemento que define
as proporções….………………………………………………………………………..66
Figura 46 – Dimensões da Marca e Positivo e Negativo da mesma…………………...67
Figura 47 – Comportamento da Marca Gráfica em fundo CMYK (1)…………………68
Figura 48 – Comportamentos da Marca Gráfica em fundo CMYK (2)………………..68
Figura 49 – Comportamento da marca Gráfica em fundo RGB (1)…………………...69
Figura 50 – Comportamento da Marca Gráfica em fundo RBG (2)……………………69
Figura 51 – Desdobramento Cromático do Pantone P 10 – 7 que representa a cor
amarelo e do Pantone Process Black U que representa a cor preta…………………….70
Figura 52 – Visualização do resttyling desenvolvido para a garrafa do licor DOM
CRISTINA (frente e parte posterior)…………………………………………………...71
Figura 53 – Visualização da embalagem desenvolvida para a garrafa do licor DOM
CRISTINA (frente, parte posterior e topo)……………………………………………..71
Figura 54 – Interior da embalagem, onde se observa um padrão de abelhas desenhadas,
que remete para a existência de mel no seu interior……………………………………72
Figura 55 – Imagem trabalhada e cuidada do licor DOM CRISTINA, representando a
imagética da marca……………………………………………………………………..73
Figura 56 – Imagem comemorativa do Dia do Pai, Licor DOM CRISTINA…………74
Figura 57 – Exemplo de uma das imagens publicitárias do licor de mel DOM
CRISTINA…………………………………………………….………………………..75
Figura 58 – Aspeto do Suporte Gráfico de um possível site oficial da Marca…………76
Figura 59 – Aspeto do Suporte Gráfico da melhorada página do facebook……………77
Figura 60 – Aspeto do Suporte Gráfico de uma publicidade ao licor DOM
CRISTINA……………………………………………………………………………...77
Figura 61 – Aspeto do Suporte Gráfico de outra publicidade ao licor DOM
CRISTINA………………………………………………………………………..…….78
Figura 62 – Aspeto do Suporte Gráfico de uma publicidade ao licor DOM CRISTINA
no formato horizontal…………………………………………………………………..78
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1 –Estudos da Garrafa..........................................................................................91
Anexo 2 – Estudos da Embalagem..................................................................................92
Anexo 3 – Estudos da Marca Gráfica..............................................................................92
Anexo 4 – Fotografias do Processo de construção da garrafa.........................................93
Anexo 5 – Fotografias do protótipo final em Estúdio………….....................................94
Anexo 6 – Template do site e do Facebook da Marca………………………………....95
Anexo 7 – Mensagens do Facebook…………………………………………………....96
Anexo 8 – Email………………………………………………………..……………....97
1
INTRODUÇÃO
1. Clarificação do tema
A candidata ingressou no Mestrado de Design e Cultura Visual no ano letivo
2017/2018 com o propósito de melhorar a capacidade de analisar e implementar marcas,
aprofundando conhecimentos, a fim de melhorar as competências como designer em
áreas multidisciplinares e numa temática contemporânea. Neste projeto de investigação,
existe a intenção de compreender o fenómeno de branding e como este atua no processo
de recuperação e de criação de identidades, assim como na sua componente, que dá
consistência ao porquê de uma marca e à sua essência.
Com o interesse em explorar esta área, surge a vontade de melhorar e recuperar a
identidade visual de marcas mais antigas e que, ao longo do tempo, foram perdendo a
sua visibilidade, mas que fazem parte de um imaginário coletivo que caracterizou a
sociedade portuguesa num determinado espaço temporal, revelando-se como objetos
dessa cultura. Ao desenvolver várias pesquisas de marcas que ainda se produzem no
mercado, mas que perderam o seu estatuto no mercado das bebidas alcoólicas, a
candidata deparou-se com a marca de uma bebida portuguesa, DOM CRISTINA que
originalmente se denominava BRANDYMEL. Nesta transição foi identificada uma
oportunidade de estudo que envolve a recuperação do património visual mas também, o
estudo do porquê do processo de transição, assim como um trabalho exploratório prático
de produção de uma linguagem da marca atual.
Pretende-se assim, com este projeto de mestrado, mostrar todo o processo
desenvolvido, orientado para uma possível solução na recuperação/redesign de uma
nova identidade visual para a marca. O intuito é o de aumentar a sua presença no
mercado, atribuindo-lhe caraterísticas de iconicidade a um produto local. Neste sentido
é relevante a criação de uma estratégia de marca que envolve a personalidade, o
produto/serviço, a comunicação e os ambientes da marca onde se inserem os elementos
visuais e sensoriais desse sistema, bem como a materialização concreta destes, quando
chegam a uma audiência.
2
2. Definição do Objeto de Estudo
Segundo consta numa notícia do jornal online Público (2014), a marca de licor
que se lançou no mercado com o nome BRANDYMEL, produzida por uma família de
Portimão há mais de meio século, sofreu alteração no seu nome, em consequência de
Oliveiros Cristina ter falecido, há trinta e três anos sem ter conseguido renovar o registo
desta bebida. Quando o filho, David Cristina, o tentou fazer, este já não se encontrava
disponível. Por não ter existido uma renovação no pedido de registo da patente, dezoito
anos depois, a marca tinha sido “agarrada” por outra pessoa que a patenteou em seu
nome. Segundo o tribunal de Lisboa, “a notoriedade e o comprovado uso de marcas de
nada valem se a caducidade do registo já tiver sido declarado” (Revez, 2014) e foi o que
aconteceu com este licor.
Conforme as informações recolhidas através da página oficial de facebook da
marca (2018), o licor de mel que marcou e acompanhou várias gerações de portugueses
e que inclusive chegou a receber medalhas de ouro no International Wine & Spirit
Competition (IWSC), famoso concurso de bebidas espirituosas mais prestigiado da
indústria, atravessou um período difícil. Através de um vídeo publicado nesta mesma
página, o empreendedor e neto do criador da bebida, relata que achou prioritário, lançar
primeiro uma edição especial da marca sem nome, com o propósito da própria garrafa
contar a história e partilhar com todas as pessoas que, apesar de o licor ter perdido o
nome, em tudo o resto se manteve igual.
Na notícia do Público (2014) é ainda referido que a terceira geração da família
Cristina é agora a responsável pela marca. A partir de uma unidade fabril sedeada no
norte de Portugal, mais precisamente em Castelo Branco, dão continuidade à indústria
com o novo nome - DOM CRISTINA, em homenagem ao avô e ao trabalho do pai, à
imagem e semelhança do brandy original.
3
3. Objetivos de investigação
Como estudante de design visual, pretende-se com este projeto, perceber se
realmente o consumidor continua ou não a reconhecer a marca DOM CRISTINA como
sendo o original BRANDYMEL. Se de facto se confirmar que, a recente alteração da
identidade visual da marca se perdeu, tenciona-se apresentar neste projeto, uma possível
solução para uma nova imagem da marca do licor de mel, associando-a à original e
mantendo o máximo possível dos seus valores históricos e culturais, com o objetivo do
consumidor a continuar a reconhecer.
No decorrer deste projeto planeia-se também, dar destaque à importância da
prática do design gráfico e da sua importância no branding na construção e
desenvolvimento de identidades visuais. Compreender a evolução da linguagem do
design gráfico na cultura pós-modernista e também, no património visual português.
Deste modo, os objetivos deste projeto consistem em aumentar o conhecimento
pessoal na área e contribuir para o conhecimento, no âmbito do design gráfico
português, assim como, no âmbito dos estudos de branding. Assim, serão adaptadas
metodologias visuais e estudos de caso relacionados com este projeto de renovação de
identidade visual de marcas.
4. Problemática
Após uma breve descrição sobre a história e o percurso do objeto de estudo,
torna-se importante delinear os problemas nele apresentado. Um desses problemas foi a
perda do nome original (BRANDYMEL), devido à não renovação do registo da patente.
Esta é uma situação que a terceira geraçã da família Cristina combateu estrategicamente
lançando um licor igual ao original, mantendo apenas a garrafa e o rótulo, assim como a
descrição licor de mel, criando associações para que o consumidor possa reconhecer o
produto original.
Do ponto de vista do novo nome, houve uma rutura na mudança deste, quando
comparado com o anterior. Embora esta nova denominação tenha sido criada em honra
do fundador do produto, este perdeu a sua associação verbal ao brandy de mel e
4
consequentemente, existiu uma quebra num dos elos de reconhecimento da marca com
o seu público.
Do ponto de vista estratégico, faz sentido que o design do rótulo da garrafa, hoje
em dia conhecida como DOM CRISTINA, se tenha mantido muito idêntico ao da
primeira garrafa, no sentido de possibilitar ao consumidor o seu reconhecimento. No
entanto, a candidata questiona se o caminho correto será realmente este, ou se esta
estratégia representa uma fragilidade na nova identidade visual da marca.
Considerou-se importante entrar em contacto direto com os responsáveis da
marca, a fim de obter informação concreta e atual sobre a história e cultura da marca. O
contacto foi feito através da rede social facebook (2018) pois, como já foi referido, a
marca está a ser comercializada numa única unidade fabril, não existindo por isso
qualquer outra possibilidade de contacto, nem site oficial. Esta é uma situação estranha
na atualidade, a não ser que exista uma razão estratégica para tal, pois na maioria das
vezes é através das páginas oficiais das marcas que o consumidor encontra credibilidade
e confiança no produto.
Apesar do feedback da página do facebook ter sido positivo, por demostrarem
disponibilidade para qualquer questão, afirmaram não terem nenhum site ativo, o que
revela pouca presença nos meios sociais da marca. Nos dias de hoje, é cada vez mais
importante haver uma boa divulgação dos produtos e das marcas em formato digital.
Esta estratégia permite, de uma forma imediata, aumentar o conhecimento sobre o
produto, a potenciais consumidores, através de uma divulgação disponível 24 horas por
dia.
A análise e investigação, presente neste projeto, têm como principal pressuposto,
dar resposta à seguinte questão:
- Qual o processo de branding para a revitalização de uma marca de licor?
5
5. Metodologias
Com o intuito de alcançar os objetivos propostos e a dar resposta à questão da
investigação, é essencial determinar o tipo de metodologia adequada. Para cada estudo,
são necessárias metodologias diferentes e cabe à candidata selecionar as que mais se
adaptam, para atingir assim o sucesso da investigação.
De acordo com Leedy e Ormrod (2010) o método qualitativo carece de uma
pesquisa em profundidade, na qual são realizadas perguntas gerais, para alcançar novas
perceções sobre um tema em particular, a fim de compreender qual o problema
existente na área de interesse. Deste modo, faz sentido para este projeto, recorrer a este
tipo de metodologia, uma vez que existe uma investigação de cariz pragmático.
Segundo Leedy e Ormrod (2010) para compreendermos melhor determinada
situação ou assunto, um estudo de caso poderá ser benéfico, através dele será possível
aprender mais sobre a questão e entender como mudou ou se com o tempo se
desenvolveu. Assim, é possível concluir que a metodologia qualitativa é também a mais
indicada e apropriada para o projeto, na aplicação dos estudos de caso.
Relativamente à recolha de conteúdo, a pesquisa é não intervencionista
(Almendra, 2010) uma vez que, a candidata na revisão e crítica da literatura, não irá
intervir na realidade estudada. Apenas serão recolhidas as informações cruciais, por
meio de análises bibliográficas. Nomeadamente livros e dissertações, com o intuito de
enriquecer o conhecimento e, consequentemente, as necessidades deste projeto.
O projeto é concluído através de uma metodologia intervencionista (Almendra,
2010), que procura dar resposta pragmática aos objetivos de investigação e à
problemática levantada pela candidata. Assim, esta metodologia será aplicada na
reconstrução da marca DOM CRISTINA e na retificação das fragilidades da mesma,
atribuindo relevância à comunicação visual e verbal da identidade da marca e ao seu
respetivo produto.
6
6. Estrutura do Trabalho de Projeto
A estrutura da presente investigação é constituída por uma Introdução,
Capítulos, Bibliografia, Webgrafia e Anexos. Estes contêm a realização do Projeto de
investigação. Nesse sentido, considerou-se importante iniciar com uma Introdução, que
faz o enquadramento do estudo e a contextualização da investigação. De seguida, todos
os capítulos, subdivididos em alíneas e tópicos, são iniciados com uma breve introdução
que enquadra os temas abordados.
No “Capítulo I – Revisão de Literatura”, foram desenvolvidos quatro tópicos
secundários, importantes para o desenvolvimento e concretização do Projeto.
Considerou-se por isso necessário, abordar a origem das Marcas e de que forma estas se
desenvolveram ao longo das décadas, o que significam os termos Identidade
Corporativa, Identidade Visual Corporativa e Imagem Corporativa e ainda, o que é o
processo de Branding e de que forma este pode contribuir para o sucesso de uma marca
no mercado.
Através do estudo de alguns casos, presentes no “Capítulo II – Estudos de
Caso”, são analisadas três marcas de licores portugueses, diversos nas suas
representações gráficas que, permitem evidenciar quais os pontos fulcrais no processo
de revitalização da marca em causa, DOM CRISTINA.
De seguida, no “Capítulo III – Análise e Triangulação de Dados”, são analisados
os estudos de caso, decorrente de uma pesquisa teórica, de modo a delinear conclusões e
a relacionar a importância da história da marca no processo de branding.
No “Capítulo IV – Projeto”, são colocados em prática os conhecimentos
adquiridos nos capítulos anteriores, de forma a dar resposta ao problema levantado. De
seguida, são expostas as intenções e explicações subjacentes ao processo de
desenvolvimento do produto em causa. Deste modo, dá-se início à proposta de
rebrandig do licor DOM CRISTINA.
No “Capítulo V – Conclusão”, apresentam-se os resultados da investigação, na
abordagem teórica e na sua aplicação prática, através do produto final, acompanhado de
uma reflexão sobre o contributo ao branding e ao património visual português.
7
Por último, é apresentada a Bibliografia, Webgrafia e Referências
Bibliográficas, consultadas para o desenvolvimento desta investigação, conforme a
relevância da informação documentada. Nos Anexos, é possível observar a realização
dos primeiros estudos para a proposta final.
8
CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA
1.1. A Marca
1.1.1. A Marca no Período Contemporâneo
Atualmente, as marcas que eram meramente produtos domésticos e do
quotidiano, que se compravam e mais tarde seriam substituídos, garantindo uma
qualidade, quantidade e preço estandardizados, atingem um estatuto elevado. Passaram
a representar, para além da sua própria imagem, a nossa imagem, permitindo que nos
definamos a nós próprios, perante o mundo que nos rodeia. (Olins, 2003)
“Diesel, Adidas e hotéis W representam um estilo de vida; Hermès, Ralph
Lauren e Ritz, outro. Podemos misturar e combinar para construir, realçar e salientar a
nossa própria autopercepção.” (Olins, 2003, p.16)
De acordo com o autor (2003), os técnicos de marketing começaram a criar as
marcas com o intuito de seduzirem os consumidores e dessa forma venderem produtos
através de conceitos atrativos, de forma clara e repetida. A gestão das marcas, superou
de tal forma as suas origens comerciais, que o impacto a nível social e cultural se tornou
infinito, expandindo-se no âmbito de várias áreas como a educação, desporto, arte,
região, entre outras. No entanto, nem tudo aquilo que uma marca representa a torna
poderosa, se as emoções que a rodeiam forem suficientemente fortes, o consumidor
aceitá-la-á sem duvidar das suas capacidades funcionais, ou seja, são os consumidores
que acabam por decidir se a marca terá sucesso ou não. Se uma marca for bem-
sucedida, conseguirá expandir-se a um ritmo surpreendente, o contrário pode acontecer
quando enfrenta problemas, tornando-se difícil permanecer no topo.
Olins (2003) explica que é normal perguntarmo-nos qual o verdadeiro
significado da palavra marca e o porquê de estas estarem por todo o mundo,
independentemente da religião, grupo social ou económico. Num mundo com uma vasta
oferta comercial, as marcas sentiram a necessidade de representar confiança, estatuto e
pertença, de modo a que o consumidor se defina por meio delas. Assim sendo, as
marcas simbolizam identidade.
9
1.1.2. A História da Marca
Considerou-se fundamental traçar o percurso da marca ao longo da história
humana, para melhor entender a sua evolução até à atualidade. Através do estudo das
suas raízes, é possível percecionar como a marca se desenvolveu, deixando de estar
circunscrita à sua mera funcionalidade (identificação do objeto/produto) para estar
associada a uma imagem que permite ao consumidor definir-se através desta, criando
uma identidade própria.
As marcas registadas existem há pelo menos 5000 anos e eram utilizadas
essencialmente como marcas de remetentes, limitavam-se a identificar. Mais tarde,
surgiu a necessidade e desejo de identificação social individual ou de grupo, como meio
de estabelecer um carácter distintivo, um agricultor poderia marcar o seu gado apenas
para o proteger, assim como, um oleiro poderia marcar a sua peça apenas por prazer.
Historicamente, a relação entre necessidade e desejo poderia estar relacionada com o
comércio, a vida social, a guerra, o desporto, bem como, outras atividades de lazer.
Dessa forma, Per Mollerup (1997) identifica a identidade de três maneiras: identidade
social (quem é), propriedade (de quem é) e origem (quem fez).
Segundo Raposo (2008) de forma a entender a identidade e imagem corporativa
na contemporaneidade, torna-se importante delinear uma passagem ao longo da história
humana, atendendo as suas raízes. A reunião do método do autor Joan Costa (2004), que
considera que existem quatro nascimentos da marca, e a abordagem histórica da marca
que apresenta Per Mollerup (1997), fundamentada pela identidade social, propriedade e
origem, contribuíram para o surgimento da identidade corporativa.
1.1.2.1. Primeiro Nascimento
De acordo com Raposo (2008), a necessidade de comunicar e de se expressar foi
talvez, das primeiras manifestações humanas. O Homem começou a dispor de objetos
de pequena dimensão para divulgar informação, como por exemplo peles de animais,
ossos ou o barro que, terá possibilita a escrita cuneiforme em placas de argila (figura 1)
e mais tarde em pedra. O mesmo autor (2008) refere ainda que a ideia de diferenciar a
10
Figuras 2 e 3 - Marcas de Canteiros em Pedra
Fonte: parquesdesintra.pt, 2014
identidade, a autoria e a propriedade, fundamentará a designação de um signo como
marca.
Relativamente às marcas de identidade, estas surgem em grande quantidade de
signos, nos primeiros edifícios egípcios (originalmente feitos de tijolo) e na Grécia
Micénica (Costa, 2004). Conforme Sousa (1929) escreveu, as marcas eram inscritas
pelos canteiros nas pedras para a construção de templos. Enquanto as construções
exigiam mais complexidade técnica, também a intervenção dos canteiros (trabalhadores
da pedra) ganhava maior relevância (figuras 2 e 3).
Figura 1 - Escrita Cuneiforme em Argila
Fonte: estudopratico.com.br, 2015
11
Segundo Perez (2004), foram encontrados indícios de assinaturas em barro,
provenientes da Idade da Pedra, o que levou a autora a afirmar que estas assinaturas
serviriam para assinalar propriedade do gado e de objetos.
De acordo com Oliveira (1983) o Homem sentiu a necessidade de manifestar o
poder dos objetos e propriedades em bordados (tapetes dos povos nómadas do oriente).
E também para distinguir famílias e gerações, recorreu a brasões que declaram nobreza.
Conforme Frutiger (1981) apresenta, os monogramas associavam-se a nomes de
indivíduos de classe alta e muitas vezes integravam nas moedas e nos selos dos
governantes (figura 4).
“ (…) o significado grego original do termo monograma é «linha única»,
compreendido como algo escrito ou desenhado em contornos. Atualmente, a palavra é
normalmente usada para indicar um sinal (signo desenhado) feito a partir das iniciais
do nome de uma pessoa.” (Mollerup, 1997, p. 24)
Mollerup (1997) menciona que as assinaturas abreviadas, as chamadas rubricas,
eram consideradas de leitura fácil mas de identificação difícil. Por este motivo, o cônsul
romano Symmacus, propôs mais tarde que os monogramas, mais do que legíveis,
deveriam assegurar o reconhecimento. A utilização destes em Portugal, também seria
recorrente entre membros do clero e nobreza, que os aplicavam como um carimbo, ou
selo de autenticidade, em documentos oficiais.
Figura 4 - Assinatura de Carlos Magno
Fonte: wikiwand.com/pt, 2019
12
“ (…) com o desenvolvimento do comércio da Alta Idade Média, sobre as bases do
excedente agrícola, o florescimento do artesanato e o crescimento das cidades, que deu
lugar aos transportes terrestres e marítimos, apareceu também a necessidade de
distinguir tonéis, embalagens e armazéns de mercadoria (…) ” (Aicher & Krampen,
1979, p.34)
No estudo realizado pelo etnólogo António dos Santos Graça (1982), a
comunidade piscatória da Póvoa de Varzim identificava-se com determinadas marcas,
as quais curiosamente, poderiam estar relacionadas com os hieróglifos egípcios ou até
mesmo com a heráldica. A reprodução de marcas por parte dos Poveiros (habitantes da
Póvoa de Varzim) tinham uma grande importância enquanto marcas de propriedade,
conforme se verificava na propagação das aplicações em redes, velas, alfaias piscatórias
e até mesmo em mesas, cadeiras e objetos pessoais.
De acordo com Graça (1982) cada família dispunha da sua marca única (figura
5), ao contrário do que acontece com a heráldica. Nesta situação, o filho mais novo seria
o herdeiro da marca de família, ainda assim, haveria algumas exceções, as quais, a
passagem da marca de família, nem sempre seguia esta regra. As marcas poderiam vir a
ser herdadas por mais de uma via familiar, no acontecimento de um casamento Poveiro.
Aicher e Krampen (1979) concluem que, a partir dos signos poveiros, a marca era
empregue como identificador de pertences no decorrer de atividades laborais, fruto do
empenho individual e salvaguarda de rendimento honesto.
Figura 5 - Marcas de Família dos Poveiros
Fonte: freguesiapovoavarzim.pt, 2012
13
1.1.2.2. Segundo Nascimento
Como explica Raposo (2008), nos tempos remotos, a troca comercial baseava-se
em produtos da cultura agrícola, da pecuária e da pesca, enquanto na Idade Média, a
atividade económica focava-se nas artes laborais como o artesanato, os ofícios e a
indústria manufatureira. Assim como, a aristocracia deixou de ser militar para passar a
ser rural ou agrícola.
Segundo Costa (2004) a industrialização artesanal começou a ter como principal
objetivo a obtenção de lucro, gerando um aumento do direito de propriedade sobre os
bens materiais, caminhando desta forma para o que viria a ser o capitalismo. Porém, o
autor (2004) refere que a sociedade não obedecia a um capitalismo puro. Apesar da
sociedade medieval estar apoiada na propriedade individual, o estado controlava e
restringia a liberdade dos contractos aprovados.
O mesmo autor (2004) refere também que, no séc. XI nasceu a sociedade
mercantil, dedicada à obtenção de lucro através de trocas comerciais, da qual as
corporações deixaram o feudalismo, passando para uma atividade artesanal controlada.
Sendo que já na Idade Média, existia um severo controlo no sistema económico e por
isso, era obrigatória a marca coletiva em todos os objetos trabalhados. Com isto, a
marca ganhou estatuto, como uma garantia de qualidade e autenticidade.
Por conseguinte, como Chaves e Bellucia (2003) escrevem, a utilização de
ícones simples (figura 6), relativos a uma atividade em geral, como por exemplo, o jarro
de cerveja para identificar um bar, uma chave para identificar o serralheiro, entre outros,
serviram de recurso para a identificação mercantil.
Figura 6 - 1- Pedreiro João do Tojal, Tomar (1498); 2- Tecelão Brás Fernandes, Tomar (1517); 3-
Ferrador Gonçalo Rodrigues, Setúbal (1510); 4- Barbeiro Antão Fernandes, Tomar (1522)
Fonte: Raposo, 2019
14
“Este sistema foi utilizado durante a Idade Média, para identificar a loja dos artesãos e
comerciantes com um carácter de puro sinal, típico de um mercado baseado na procura
e em grande parte analfabeto. E sobrevive hoje, em plena atividade, nos pictogramas
dos sistemas de sinalização.” (Chaves e Bellucia, 2003, p.19)
De acordo com Marques (1997), o sistema corporativo não se manifestou em
Portugal, antes de finais da Idade Média, o que levou artistas a criarem associações
pouco desenvolvidas. Apenas no séc. XIV, foi delineada uma corporação em Lisboa que
só no século seguinte terá sido consolidada.
Hauser (1955) refere que os trabalhadores, primeiramente os artistas e mais tarde
os pedreiros, começaram a criar guildas, associações de comerciantes ou artesãos que
supervisionavam a prática do seu comércio, protegendo-se deste modo, da concorrência.
Entretanto, no séc. XVIII, o regulamento das guildas passou a preservar os interesses
corporativos e dos consumidores. Como tal, para garantir o cumprimento das normas,
os produtos deveriam ser diferenciados com a marca da guilda.
Segundo Mollerup (1997), na França e na Dinamarca, após a extinção das
guildas e dos privilégios destas, as assinaturas, com o nome do produtor, tornaram-se
obrigatórias por lei em todos os ofícios (figura 7). Ainda assim, refere o autor (1997)
que alguns dos objetos daquela época continuavam sem assinatura do artista,
possivelmente, pelo facto de este não pertencer à corporação ou não garantir a qualidade
exigida, o que resultou no aumento do controlo por parte do estado.
Figura 7 - Assinatura com o nome do Artista
Fonte: Raposo, 2019
15
Com o passar do tempo as gerações compreenderam que o registo de informação
seria crucial. Com isso, sentiram a necessidade de criar formas de preservação e
explicação da perceção. Como resultado, surgiu a imprensa e o suporte de papel (figura
8), comprovando o esforço pelo perfeccionismo e permitindo a globalização do
conhecimento (Raposos, 2008).
“Quase imediatamente após Johan Gutenberg ter inventado a arte de imprimir com
caracteres móveis, em meados do século XV, os impressores começaram a marcar os
seus produtos. As marcas de impressores dos séculos XV e XVI, demonstravam
variedade na conceção e qualidade artística variável na execução” (Mollerup, 1997,
p.36)
O mesmo autor (2008) afirma que as primeiras marcas de impressão foram
criadas através de moldes em madeira ou metal sobre o suporte em papel e apareceriam
por norma na página do título ou no final deste, a cor preta ou vermelha. Com o
aparecimento de novas técnicas de impressão, surge a tipografia.
De acordo com Mcmurttrie (1997), terão sido impressores alemães a introduzir a
tipografia em Portugal, apoiados no desenvolvimento da comunidade judaica. No
entanto, como estes tinham interesses corporativos, procuravam não ceder
conhecimentos, o que inicialmente terá dificultado a aprendizagem dos portugueses na
arte de impressão.
Figura 8 - Gutenberg com suporte em papel impresso em caracteres móveis
Fonte: historiadomundo.com.br, 2019
16
1.1.2.3. Terceiro Nascimento
Conforme Raposo (2008) explica, no séc. XVII, com a liberdade de comércio e
livre concorrência, tanto a marca como as assinaturas, signos característicos da Idade
Média, foram excluídos. Por conseguinte, surgiram identidades individuais de carácter
arbitrário e sem qualquer regulamentação, permitindo que cada comerciante pudesse
vender o seu produto, fosse este de alta ou baixa qualidade. Mais tarde, devido ao
impacto da revolução industrial, o sistema de produção diminuiu, dando lugar à
propagação da produção em série que originou uma excessiva quantidade de bens
materiais, levando os comerciantes a venderem os seus produtos nas proximidades, a
procurarem novos mercados ou até mesmo, a recorrer a intermediários. Com o aumento
da necessidade de vender cada vez mais longe, a marca passou a ser o único meio de o
fabricante manter contacto com o cliente.
Acrescenta o autor (2008) que uma das formas utilizadas para solidificar a marca
de um produto, foi o surgimento das patentes. Estas aparecem em Inglaterra, no
decorrer da revolução industrial, entre 1740 e 1830, onde o produtor, ou a quem ele
permitisse, seria responsável e teria o controlo da produção. Eventualmente foram
consideradas, necessárias, medidas de controlo de cópia, falsificação ou imitação de
produtos de qualidade e por essa razão, consideraram obrigatório o uso do símbolo de
marca registada (figura 9), até mesmo a nível internacional.
Figura 9 – Símbolo de Marca Registada
Fonte: dicionariodesimbolos.com.br, 2019
17
O mesmo autor (2008) menciona ainda, a iniciativa por parte dos comerciantes
do ramo alimentar, no início do séc. XIX, em apresentar os produtos embalados com
uma marca impressa na embalagem, garantindo que estes eram pesados e conseguidos
em boas condições higiénicas.
De acordo com Estrela (2004), foi no séc. XV, após a descoberta da tipografia,
que nasceu o cartaz. Refere ainda que, em Portugal, a primeira publicidade manifestou-
se principalmente nos jornais, posteriormente, a imprensa começou a desenvolver-se
após a extinção da censura religiosa e política.
Raposo (2008) explica que ao contrário da atividade presente naquela época,
William Hesketh Lever, terá sido um dos pioneiros na promoção das marcas e não dos
produtos, lançando no mercado a marca registada “Sabão Sunlight”, por meio de uma
forte campanha publicitária. Apesar de existir quem desacreditasse deste sucesso, em
pouco tempo as vendas aumentaram e a marca passou a ser conhecida em toda em
Inglaterra. Escreve o mesmo autor, que as marcas do séc. XIX começaram a surgir
numa combinação entre texto e ilustração, assim que uma embalagem ou um rótulo
obtinha sucesso, facilmente se transformavam na marca da empresa. Gradualmente, as
marcas foram ficando mais simples, passando a ter novas obrigações. Relativamente à
promoção de uma marca através da publicidade, um caso português semelhante à marca
Lever que se destacou também naquela época, foi a marca Licor Beirão.
Figura 10 – Alguns dos cartazes mais emblemáticos da marca Licor Beirão
Fonte: Daniel Raposo, 2019
18
Segundo um artigo do Jornal de Economia1, foi a partir de 1940 que se observou
o crescimento e a expansão dos mercados da Europa e do Ultramar. Na mesma altura
José Carranca Redondo comprou a destilaria e mais tarde, em 1946, teve a iniciativa de
promover o licor que produzia através de cartazes publicitários (figura 10), afixando-os
em locais estratégicos e com fortes slogans, como por exemplo “O beirão de quem
todos gostam”, “Que Licor, Senhor Doutor”, entre outros. (Raposo, 2008)
Como Frutiger (2002) cita, no período da Segunda Guerra Mundial, a Europa
perdeu o seu rumo criativo, no entanto, a Suíça mantinha-se encarregue de progredir.
Nas escolas de Arte, em Basileia e Zurique, o design continuava a ser desenvolvido e
artistas como Steiner e Hoffmann, terão sido pioneiros no campo do design gráfico, que
abandonaram as ilustrações figurativas a favor da simplificação, onde predominava era
o contraste entre a cor branca e preta ou entre a forma e o fundo. Deste modo, a ideia do
abstrato e geométrico, passou a dominar o grafismo.
1.1.2.4. Quarto Nascimento
“Os ciclos económicos e os progressos tecnológicos afetam profundamente o
manuseamento das marcas” (Costa, 2004, p.105)
Segundo Raposo (2008), no decorrer desta abordagem histórica, foi percetível a
forma como a revolução tecnológica, possibilitou a chegada dos novos meios de
comunicação. E mais tarde, a globalização como Murphy e Rowe (1989) defendem,
com o aparecimento da televisão, no decorrer dos anos 30, aumentando o número de
marcas a nível mundial.
Costa (2004) menciona que na Antiguidade, a marca começou meramente por
ser um signo, tendo como principal objetivo a compra de produtos essenciais no
quotidiano. No decorrer da Idade Média, esta fazia parte de uma economia industrial e
atualmente, deixou de ser algo estático e apenas associado ao produto, para passar a ser
um sistema vivo e complexo, apelando à emoção e à razão do consumidor, que vê no
produto um sentimento de prazer. O potencial comprador, face a uma nova marca,
1 (José Carranca Redondo: 70 anos a fazer licor. Jornal de Economia, 22 de Setembro de 1998.)
19
Marca como Função
Bens Essenciais
Medicamentos
Marca como Razão
Segurança
Estudos
Marca como Emoção
Aventura
Luxos
SIGNO SÍMBOLO
Figura 11 - Evolução da Marca para a Imagem
Fonte: Adaptado de Raposo, 2008, p. 84
concebe a sua opinião e consequente representação mental, que resulta da experiência
concreta com o produto/serviço e irá possibilitar futuras compras.
Para Costa (2004) a atual manifestação da marca, estabelece uma ligação entre o
signo e o símbolo, alusivo à pirâmide de Maslow (Maslow, 2001), em que as
necessidades se verificam face à satisfação das anteriores (figura 11). No caso da
relação entre a marca e o consumidor, este passa por um processo de decisão racional,
contudo, a compra é motivada pelo desejo e emoção.
Fonseca (2000) considera que a evolução da tecnologia, nomeadamente, a
Internet, revolucionou as indústrias e a maneira como as empresas comunicam os
valores da identidade e a venda de produtos. O facto da informação relativa ao produto
e a venda deste estarem disponíveis 24 horas por dia, aumenta o número de negócios e a
comercialização do produto. Este impacto teve repercussões transversais nos vários
sectores (produção, bancário, publicidade, educação, etc.), desencadeando novas
pressões no mercado para responder ao crescimento das exigências dos clientes
(conveniência, flexibilidade, custos, serviços, etc.) e ao aumento da competição
(globalização dos mercados, ciclos de vida dos produtos mais curtos, aumento dos
riscos, etc.) originado uma redefinição das estratégias, dos produtos e dos processos nas
e-Empresas.
Davis e Dum (2002) esclarecem, como a descoberta da Internet na atual
sociedade, conseguiu salientar de uma maneira inteligente, que as empresas devem ter
20
sempre um site à disposição do consumidor, direcionado à criação de novas
experiências e oportunidades de negócio.
O autor Travis (2000) afirma que, a marca não depende somente do seu nome e
do logotipo apresentados à sociedade, mas sim, do significado simbólico que a marca
desperta nos consumidores. Isto é, a marca necessita de apresentar valores sentimentais
que consigam criar ligações entre empresa-cliente.
“…uma marca não é uma fábrica, maquinaria, inventário, tecnologia, uma patente, um
fundador, copyright, um logo ou um slogan. No entanto o teu produto é a tua marca
(como referi anteriormente, um produto é feito na fábrica e uma marca na tua
cabeça)...” (Travis, 2000, p.15)
Acrescenta ainda este autor (2000), que a marca funciona como um sujeito, tem
a sua própria identidade, manifestando-se de várias formas, por via direta ou indireta e
influenciando deste modo as decisões de compra.
1.2. Identidade e Imagem Corporativa
1.2.1. Identidade Corporativa
Raposo (2008) na sua obra “Design de Identidade e Imagem Corporativa” cita
dois autores com visões diferentes, segundo Zimmermann (1993) a identidade
corporativa interliga três âmbitos de uma organização conferindo-lhe uma identidade
própria: a comunicação; a envolvente e as atuações. No entanto, Davies, G., Chun, R.,
Silva, R. (2001) consideram que a identidade corporativa representa a perceção que os
funcionários têm da sua empresa. O mesmo autor (2008) apresenta a semiótica
corporativa, que permite interligar conceitos, de modo a entender como estes se cruzam
e funcionam individualmente, assim, identifica-se com o pensamento de Chaves (1988)
que nomeia quatro elementos distintos para integrar o fenómeno corporativo, realidade;
identidade; comunicação e imagem corporativa.
21
1.2.2. Identidade Visual Corporativa
“Frequentemente pensa-se que a identidade corporativa se limita a símbolos, logotipos,
cores, tipografia e mesmo de produtos, edifícios, móveis, aparência visual, o que
segundo Wally Olins (1990) é verdadeiro…Porém, a identidade corporativa também se
relaciona com o imaginário coletivo dos públicos da empresa, (…), quais as suas
divisões, áreas de negócio ou a que se dedica.” (Raposo, 2008, p.90)
Segundo Raposo (2008) a identidade corporativa apresenta-se ao público de
diferentes maneiras consoante a empresa que representa, de forma a evidenciar as
particularidades da mesma (tipo e estrutura), criando um sistema de identidade visual
corporativa (corporate branding) ou arquitetura de marca (branding).
De acordo com Olins (1990) a identidade visual corporativa de uma organização
pode apresentar-se de três formas distintas: Monolítica (um único nome e estilo visual),
Endossada (grupo de empresas ou atividades que dependem de nome e identidade do
grupo) e de Marca (grupo de marcas relacionadas entre si ou não e com o grupo).
Mollerup (1997) considera a existência de uma proposta mais elaborada face à de
Olins, assim, a empresa poderá estar organizada por meio de uma Identidade
Corporativa ou Identidade de Marca. Para este autor, a Identidade Corporativa consiste
numa organização que se forma num ou mais departamentos, empresas ou áreas de
negócio, enquanto a Identidade de Marca se apresenta como uma única identidade de
um ou mais produtos. Assim, a identidade de uma organização pode ser Monística
(apenas uma), Endossada (uma suporta a outra) ou Pluralista (várias que operam lado a
lado).
De seguida, Raposo (2008) refere que as marcas dependem de valores e para tal
os intervenientes devem acreditar neles de modo a que estes sejam transmitidos de
forma clara e coerente, no caso de isso não acontecer, perdem-se os princípios que
permitem o reconhecimento. Tanto a publicidade como a qualidade do produto/serviço
têm o dever de explicar o posicionamento da marca, atribuindo-lhes significados ou
valores. Após a definição do objetivo e missão de uma marca, será possível definir a
personalidade desta. Nesta sequência, refere também Olins (2008) que o pensamento
central de uma marca, deve refletir de uma forma claro aquilo que é, o que representa,
no que acredita e quais as suas intenções.
22
No caso de o projeto se tratar de uma renovação, atualização ou definição da
identidade visual, será necessário percorrer várias fases. Primeiramente devem ser
definidos os conceitos da marca, desde a função da missão e do posicionamento, ao tipo
de arquitetura e objetivos, de seguida, os elementos base da Identidade Visual
Corporativa como o nome, marca gráfica e cores, partindo para os secundários que se
caracterizam por estilo tipográfico e de imagens, layouts publicitários, entre outros e por
fim, as aplicações da marca gráfica. Acrescenta o autor, que os mood boards ou mapas
de ideias permitem delinear graficamente uma marca, ajudando na organização de
ideias criativas e também no diálogo com os clientes. Assim como, é importante existir
um manual de normas, de maneira a compreender o conceito de identidade e
importância de uma marca, incluindo os aspetos fundamentais para a compressão dos
valores corporativos, explicando cada objeto de comunicação, desde estacionários
(cartões de visita, assinatura de email, etc.) a layouts e restantes aplicações. (Raposo,
2008).
1.2.3. Imagem Corporativa
Conforme Raposo (2008) para entendermos o termo Imagem Corporativa, é
necessário compreender a dupla dimensão da marca, sendo que a imagem se caracteriza
não só pela sua forma visual, como mental. Isto é, a Imagem Corporativa não se refere
ao design ou a imagens gráficas, resulta da primeira ideia que se tem de uma empresa,
fruto da representação mental do que se observa, ao contrário da Identidade
Corporativa, que revela a essência da empresa.
“A imagem corporativa abarca tudo aquilo que, voluntariamente ou não, vai formando
a posição da empresa na sua relação com o público; vai desde a forma como os seus
funcionários lidam ou se apresentam aos clientes, até às estratégias de marketing
assumidas, às campanhas publicitárias, à arquitetura, à decoração, etc. (…)” (Péon,
2003, p.13)
Kunsch (2003) defende que a imagem é uma visão subjetiva da realidade
objetiva, as pessoas tendem a produzir uma reflexão da imagem através das
experiências já vividas, cirando assim uma imagem formada à realidade de cada um,
sendo ela única e individual. Isto é, segundo a autora, a imagem consiste num conjunto
23
de significados, através dos quais nos identificamos e relacionamos com um objeto. No
entanto, a imagem que criamos por nós próprios acaba por ser o resultado da interação,
associada às nossas crenças, ideias, sentimentos e impressões, com objeto.
De acordo com Rijo (2015), são consideráveis as diferenças existentes entre
Identidade Corporativa e Imagem Corporativa, sendo que a Identidade Corporativa de
uma empresa corresponde à sua essência e a Imagem Corporativa é a primeira
impressão que o público retêm e entende ao observá-la, fundamentando uma opinião
única.
Assim, a identidade corporativa representa a visão interna da organização
enquanto a imagem corporativa diz respeito às várias formas como o público apreende e
constrói uma representação da mesma. (Raposo, 2008)
1.3. Branding
Olins (2008) afirma que todas as organizações apresentam uma marca ou imagem
corporativa, quer a coordenem ou não, estando conscientes disso ou não. O branding
correlaciona-se com a área do marketing, do design, da comunicação e dos recursos
humanos, é através dele que as organizações se apresentam a elas mesmas e ao mundo
exterior. Segundo o autor, o pensamento central de uma marca deve consistir na ideia
clara do que esta é, daquilo que representa, naquilo em que acredita e quais são os seus
objetivos, desde os produtos/serviços que produz/vende, ao ambiente envolvente, à
comunicação e ao comportamento da entidade. Cabe ao branding apresentar a marca de
forma simples, direta e consistente, só assim a marca irá causar impacto no observador e
obterá sucesso.
Continuamente, Olins (2008) apresenta os elementos visuais que constituem uma
marca – cor, tipografia, slogan, som - no entanto, considera o símbolo, sinal gráfico não
tipográfico que representa uma marca e que pode ser figurativo ou abstrato (figura 12),
ou o logotipo, forma como o nome de determinada marca é representado graficamente
(figura 13), os principais elementos identificadores de praticamente todas as marcas,
que têm como objetivo, apresentar a ideia da entidade de forma concisa e imediata.
24
“ (…) para ser realmente eficaz, é necessário sentir a marca. Podemos até ser capazes
de tocá-la e senti-la, para que a ideia central se manifeste.” (Olins, 2008, p. 31)2
Olins (2008) refere que a ideia central e os elementos visuais são cruciais numa
marca, no entanto para se tornar completa, torna-se necessário compreender os quatro
sentidos pelos quais esta se manifesta: Produto, Ambiente, Comunicação e
Comportamento. O significado de cada um destes sentidos varia de acordo com o tipo
de mercado em que uma entidade atua, por vezes, apenas um ou dois caracterizam a
personalidade geral de uma marca. O Produto consiste naquilo que a organização
produz/vende, é a base a partir da qual a marca se define, a Apple é apontada como um
clássico exemplo de Marca Liderada pelo Produto (figura 14), ou seja, os produtos da
Apple são criados para serem bonitos e funcionais e é através deles que entendemos o
conceito da marca.
2 Tradução livre de autor (Olins, 2008, p.31)
Figura 13 – Logotipo
Fonte: ibm.com, 2019
Figura 12 - Símbolo
Fonte: dicionariodesimbolos.com.br, 2008
25
O Ambiente representa o espaço físico da marca, no branding este fator
ambiental é cada vez mais associado a “brand experiences” (Olins, 2008, p.39), o El
Corte Inglês (que vende uma larga variedade de produtos de grande consumo) (figura
15) é um dos exemplos onde isto acontece, considerado um centro comercial com um
conceito diferente - o consumidor sente-se bem ao circular no ambiente sem se sentir
apressado, os produtos apresentam-se expostos em conjunto. É por isso considerada
uma Marca Liderada pelo Ambiente. (Olins, 2008)
Figura 14 – Alguns produtos da Marca Apple
Fonte: businessinsider.com, 2016
Figura 15 – Interior do El Corte Inglês, Lisboa
Fonte: elcorteingles.es, 2016
26
A Comunicação resulta da maneira como a marca se define e apresenta os seus
produtos/serviços, a Coca-Cola, (figura 16) assim como muitas outras marcas de
consumo que se movem rapidamente, é um exemplo de Marca Liderada pela
Comunicação, devido à sua distribuição e promoção consistentes, desta forma consegue
criar a sua identidade. (Olins, 2008)
O Comportamento é quase sempre o elemento principal numa marca de serviço,
define-se pela forma como a marca funciona internamente e lida com o mundo exterior,
existe uma preocupação em orientar e investir nos seus funcionários, um bom exemplo
de Marcas Lideradas pelo Serviço, são as companhias aéreas (figura 17). (Olins, 2008)
“ Nas marcas lideradas pelo serviço, as pessoas que trabalham para a organização, são
quem as representa. Elas sentem-se diferentes em diversos momentos do dia. (…) E é
por esse motivo, que as marcas lideradas pelo serviço, se tornam mais difíceis de
admistrar, comparativamente, às marcas lideradas pelo produto. Porque numa marca
liderar pelo serviço, é necessário gerir as pessoas.” (Olins, 2008, p.42)3
3 Tradução livre de autor a partir do original (Olins, 2008, p.42)
Figura 16 - Publicidade Coca-Cola
Fonte: businessinsider.com, 2016
27
Segundo Oliveira (2015) o conceito de branding determinada o significado de
uma marca e a diferença que esta terá no mercado, communicating visually. É um
processo de criação que envolve estratégia, gestão, design e todos os elementos que
constituem uma marca, com a finalidade de se afirmar e diferenciar no mercado.
De acordo com Wheeler (2009) existe no mercado uma forte competição e nesse
sentido, as empresas sentem a necessidade de criar ligações mais emotivas com os seus
consumidores, de modo a provocar sensações de prazer e desejo com determinada
marca. No entanto, esta ligação terá de oferecer ao cliente uma fonte de segurança
maior do que as outras marcas poderão oferecer. Como a imagem é a principal forma de
identificação de uma marca, a sua mensagem deverá ser clara e explícita. A mesma
autora (2009) refere que a identidade de uma marca deve depender muito do seu aspeto
físico, da impressão que causa no consumidor, da mensagem que transmite, dos seus
valores e princípios, permitindo que se torne única e diferente de todas as outras.
1.3.1. ADN
Segundo Raposo (2008), para se estabelecer uma estratégia corporativa correta,
é fundamental interiorizar e definir a personalidade de uma marca, de modo a
compreender como determinada marca comunica no mercado e interage com os seus
consumidores.
Figura 17 – Aspecto da Indumentária e do avião da Emirates Airlines
Fonte: revistaembarque.com, 2016
28
De acordo com Oliveira (2015) esta terminologia consiste na personalidade de
cada marca e hoje em dia, é utilizada para denominar a essência de uma marca, como se
de uma pessoa se tratasse. As marcas são muito mais do que aquilo que aparentam, elas
são criadas por um conjunto de características particulares e únicas como: a Missão, a
Visão, o Valor, o Posicionamento e a Brand Language, que têm origem na sua essência,
tornando as marcas tão diferentes umas das outras. O ADN é por isso considerado
fundamental para o posicionamento da marca no mercado, devendo ser identificado e
utilizado de forma estratégica, tornando a marca única e diferenciada.
1.3.1.1. Missão
A missão pode ser definida conforme duas perspetivas, uma mais prática e outra
mais subjetiva. Respetivamente, o autor Kenny (2014) encara a missão como, um
elemento que deverá compreender o que determinada organização faz atualmente e o
que objetiva fazer no futuro, já Scorsolini-Comin (2012) considera a missão, o motivo
para o qual a empresa existe.
Para Grusenmeyer (2009), a missão é um elemento realmente importante, no
sentido em que consegue esclarecer o público-alvo relativamente às intenções da marca,
lidando com questões como, “Qual a função da empresa?”, “Porque estamos aqui?”,
“Como?”, entre outras.
1.3.1.2. Visão
Segundo Wheeler (2013) a visão requer ousadia, as grandes ideias resultam da
capacidade inerente a cada organização, de ambicionar um futuro melhor para a sua
empresa e imaginar o que os outros não vêm, acreditando que é possível. Por trás de
todas as marcas de sucesso, existem líderes apaixonados que motivam os outros a ver o
futuro da organização além do horizonte. De acordo com Grusenmeyer (2009), as
marcas necessitam de ter uma visão para atingirem o seu sucesso, sem ela não existem
objetivos nem planos para o futuro. A visão é o que faz a marca ser proactiva e
transmitir para o mercado as suas mudanças e ambições, quanto mais clara ela for, mais
fácil será a comunicação entre a organização e os seus consumidores.
29
1.3.1.3. Valor
De acordo com Wheeler (2013) o objetivo da maioria das empresas é criar valor,
isto é, ser socialmente responsável, ambientalmente consciente e lucrativo, passou a ser
o novo modelo de negócio para todas as marcas. Aaker (1991) explica que devem ser
desenvolvidas abordagens para atribuir valores às marcas, primeiramente, uma vez que
as marcas são compradas e vendidas, um valor deverá ser estimado quer por
compradores quer por vendedores, assim como, também o investimento nas próprias
marcas, irá aumentar o valor das mesmas.
1.3.1.4. Perceção/Posicionamento
Consoante Healey (2009), para conseguirmos compreender melhor o
posicionamento, é fundamental definirmos qual a concorrência e qual o público-alvo de
respetiva marca. O autor (2009) afirma que, antes de tudo, o posicionamento é um
agente de diferenciação da concorrência, significa isto, clarificar na mente do cliente o
que representa determinada marca e de que forma se compara com as concorrentes.
Raposo (2008) conclui que, o posicionamento compreende onde e como, a marca, se
dispõe relativamente aos seus concorrentes, desde a perspetiva dos seus consumidores.
1.3.2. Brand Language
De acordo com Lupton (2011) a Brand Language é muito mais do que a marca
gráfica, ela é um conjunto de elementos concretos, como a tipografia, cor, forma, etc.. A
brand language faz parte da identidade verbal de uma marca, segundo a autora (2011),
é através dela que comunicamos e definimos o propósito de determinada organização,
permitindo desta forma que, o público-alvo compreenda os seus elementos.
Conforme Oliveira (2015) explica, a Brand Language resulta do Diagrama, que
possibilita a visualização de toda a informação, integrando os elementos básicos, os
elementos complementares e o quinto elemento, de modo a explicar ideias complexas
das temáticas da marca ou mesmo das identidades visuais.
30
1.3.2.1. Naming
Rodrigues (2013) alude para o facto de o nome, apresentar em parte a origem da
marca, desde o início da sua construção à identidade definida. Por essa razão, o
processo de Naming pode contribuir para o posicionamento da marca no mercado,
facilitando a comunicação com o seu público-alvo. Um nome, quando criado de forma
bem estruturada e pensada, pode auxiliar na identificação da empresa ou do produto,
criando no observador uma série de associações positivas face à marca, expressando o
seu conceito de forma clara e sucinta.
Wheeler (2012) caracteriza o processo de Naming como sendo algo complexo e
criativo, que requer experiência em áreas como marketing, linguística e design. Não se
pode escolher um nome, apenas porque nos apaixonarmos por ele. Atualmente
encontrar um nome que seja novo e impactante é um desafio, especialmente quando as
escolhas parecem limitadas, por isso, vários especialistas recorrem a técnicas de
brainstorming para gerar milhares de opções.
1.3.2.2. Símbolo
Para Gibson (2009), maioritariamente, são as palavras os principais
transportadores de informação de orientação, colocadas nos sinais, para identificar um
destino ou descrever um caminho até um local. No entanto, considera que os símbolos
podem ser ferramentas gráficas chave, que suportam o trabalho feito por essas palavras.
Estes, ao comunicarem visualmente, são facilmente compreendidos, por exemplo, para
quem não souber falar a língua nativa de determinado lugar, facultando uma
representação abreviada de um local, serviço ou ação.
Objetos, comportamentos, textos, ideias ou pessoas, podem tornar-se símbolos.
As culturas utilizam símbolos cujo entendimento, depende do conhecimento que vai
sendo apreendido pelos indivíduos ao longo da sua vida, de forma implícita ou explícita.
Em diferentes culturas, encontram-se diferentes símbolos. (Raposo, 2008)
Para a autora Leeds-Hurwitz (1993) um símbolo só tem valor quando representa
um significado partilhado, resultante da interação social. “Os símbolos da identidade”
31
(Leeds-Hurwitz, 1993, p.34) de um grupo em particular, significam outras
características, tais como o status.
1.3.2.3. Tipografia
De acordo com Gibson (2009), o desenho cuidado da letra e a tipografia
expressiva, são capazes de fazer toda a diferença quando apresentada uma solução
medíocre ou excelente. No caso do design gráfico ambiental, é de notar que a grande
tipografia domina muitos projetos de sucesso, como por exemplo o icónico signo
monumental do Talleyrand Office Park, pelo seu elemento tipográfico simples e
ousado. Hoje em dia, cidades, empresas, eventos públicos ou transportes, sentem cada
vez mais, a necessidade de expressar uma imagem de marca que os torne distintos da
concorrência e as opções tipográficas, para além de serem ilimitadas, oferecem grandes
oportunidades criativas.
Segundo Wheeler (2013) a tipografia é o núcleo de um projeto de identidade,
como tal, deve comunicar o design de forma clara, distinta e legível, permitindo um
reconhecimento imediato da marca. A escolha correta de uma fonte carece de um
conhecimento básico da variedade de opções já existentes, uma vez que, milhares de
fontes já foram criadas e novos tipos de letra continuam a ser criados a cada dia.
1.3.2.4. Cor
Segundo Gibson (2009) a cor é um elemento fundamental no nosso dia-a-dia, é
praticamente impossível imaginar a perceção visual sem este elemento. Os designers
exploram as cores de formas poderosas e evocativas, devido ao facto de as pessoas se
identificarem tanto com elas, a cor pode ajudá-las a identificarem-se ou até mesmo
conectarem-se emocionalmente com um lugar ou produto. O autor (2009) realça a
importância das cores terem significados diferentes para diferentes pessoas, dependendo
das circunstâncias ou da cultura.
Para VanAunken (2003), a primeira perceção do observador face a uma marca,
vai justamente ao encontro deste elemento, criando uma série de associações positivas
ou negativas. Aponta para a escolha da cor como uma questão relevante, não só porque
irá representar a organização, como também irá influenciar as preferências pessoais do
32
consumidor. Neste sentido, considera a cor, um dos elementos principais da Brand
Language.
Wheeler (2013) afirma que a cor é utilizada para expressar personalidade, evocar
emoções, estimular associações e criar diferenciações. A seleção de uma cor para uma
nova identidade, requer a compreensão primária da teoria das cores, ter uma perspetiva
clara de como a marca necessita de ser entendida e diferenciada e também, ter a
capacidade de dominar a consistência e o significado em uma ampla gama de mídias. A
autora (2013) afirma que, por norma, a cor primária da marca é atribuída ao símbolo e a
cor secundária, ao logotipo ou ao slogan, embora algumas cores sejam utilizadas para
unir uma identidade, outras poderão ser utilizadas para clarificar a arquitetura da marca,
através da diferenciação de produtos ou linhas de negócios.
1.3.2.5. Quinto Elemento
Mollerup (1997) explica que, a maioria das marcas registadas procura ser
identificada de forma rápida, por noma essa identificação imediata é proporcionada
através de um quinto elemento. Esse quinto elemento poderá ser a representação de
qualquer elemento visual da marca desde que, comparativamente aos quatro elementos
básicos: nome de marca, imagem de marca, tipografia e cor, seja o mais adequado para
uma rápida identificação. O autor (1997) refere que este elemento não tem de estar,
necessariamente, presente em todas as marcas, é algo que se vai consolidando com o
decorrer do tempo, podendo ser parte da marca gráfica, assumindo a forma de um
produto da marca ou de uma parte deste. Na marca Adidas, o quinto elemento é
representado pelas três riscas, no caso da marca Absolut Vodka, a própria garrafa é
utiliza como um poderoso quinto elemento.
1.3.2.6. Forma
A maneira como o ser humano perceciona a forma, depende da complexidade de
detalhe que esta contém. O olho humano tende a simplificar o que vê, para minimizar o
gasto de energia bioquímica e o tempo de fixação. Ao observar um sinal gráfico, a
identificação da informação pertinente, condiciona o movimento ocular, fixando a sua
atenção. (Forgus e Melamed, 1999)
33
Wolfe and Horowitz (2004) reforçam esta ideia, afirmando que a
disposição/composição gráfica da forma permite que esta seja observada e reconhecida
de acordo com a sua natureza semântica. Assim, uma forma simples é facilmente
identificada, exigindo o mínimo de atenção do recetor.
1.3.2.7. Movimento
Segundo Wheeler (2013), hoje em dia, não existe uma só direção para a
criatividade e comunicação, mas sim várias. O movimento é um elemento visual
referente à versão animada que uma identidade gráfica pode comportar, este resulta de
uma conexão entre as marcas contemporâneas e as novas tecnologias. Não são muitos
os profissionais criativos, que se servem das novas ferramentas e habilidades para dar
movimento às marcas, comunicando uma diferença na sua identidade. No entanto, este
elemento, quando bem utilizado, poderá ser uma mais-valia para a marca, apoiando a
essência e o significado da mesma.
1.3.2.8. Som
Wheeler (2013) refere que o som, rapidamente se tornou parte da identidade de
marca. Hoje em dia somos presenciados com este elemento, quer seja através de
eletrodomésticos e dispositivos que interagem connosco, em lojas e centros comerciais
que nos fazem entrar no clima do ambiente, ou até mesmo ao ouvir um sotaque
estrangeiro que acrescenta prestígio a quase qualquer marca.
Segundo o artigo “Designing sound identity: providing new communication
tools for building brand: corporate sound”, o consumidor vivencia não só o ambiente
sonoro de um ponto de venda como também, o som emitido por um produto de
determinada marca, desta forma a audição passa a estar presente na perceção da marca.
Neste artigo, é apresentado um exemplo de sucesso relativamente a um produto, o
vinho. Comprovou-se que os consumidores gastam mais dinheiro neste produto, se no
ambiente onde ele se encontrar, estiver a tocar em segundo plano música clássica em
lugar de música pop/rock, assim torna-se possível concluir que, o som é um elemento
que causa impacto na mente do consumidor, uma vez que consegue transmitir
informações e provocar emoções, tornando a ligação entre o cliente e a marca mais
propícia. (Carron, Dubois, Misdariis, Talotte & Susini, 2014)
34
1.3.2.9. Marca Gráfica
De acordo com Oliveira (2018) a marca gráfica resulta da combinação dos
elementos do sistema de identidade visual, já mencionados acima. Por norma, a marca
gráfica é gerada por elementos primários ou parte deles mas, no contexto
contemporâneo, a marca poderá ser criada através da combinação de diversos elementos
pertencentes ao conjunto básico e complementar, devendo representar e sintetizar
visualmente, a ideia central da identidade.
Raposo (2008) define o termo marca gráfica como um signo visual, criado por
um símbolo, um sinal, um ícone ou um logotipo, podendo ser formado individualmente
ou por dois desses elementos. Sendo que, este elemento deverá ser utilizado de forma
coerente, de maneira a que os valores que representa não percam a sua lógica.
1.3.2.10. Imagética
Segundo Vilas Boas (2010) a imagética engloba muito mais do que a simples
visualização de algo, ela incorpora a necessidade de significados, revelando-se uma
componente que transmite a personalidade e ADN de determinada marca, na sua
comunicação. De acordo com o autor (2010) a interpretação de uma imagem diverge de
pessoa para pessoa, conforme o grau de conhecimento da mesma. Ou seja, a cultura
visual não consiste somente naquilo que vemos mas também, naquilo que sabemos,
influenciando a nossa forma de descrever o que observamos, inserindo-o num
determinado contexto. Vilas Boas (2010)
Lupton (2011) quando fala na brand language menciona a componente da
imagem, definindo-a como parte do sistema de identidade visual. Oliveira (2015) define
o termo imagética como um todo, no que diz respeito à imagem ou seja, esta
componente projeta o tipo de fotografia que carateriza a marca e complementa o sistema
de identidade visual, atribuindo-lhe diversidade e relação direta com o produto/serviço.
Através da imagética, torna-se possível retirar os conceitos e caraterísticas visuais que
definem e pertencem a uma determinada marca.
35
CAPÍTULO II – ESTUDOS DE CASOS
No decorrer deste projeto de investigação, foi introduzido o método de estudos
de caso, devido ao carácter pragmático que envolve este trabalho. Assim, foram
escolhidos casos de marcas de licores portugueses uma vez que, o objetivo deste projeto
se concentra no rebranding da marca DOM CRISTINA, também ela um licor
português. Deste modo, o contexto de trabalho envolve o mesmo produto, estando ao
mesmo tempo, a contribuir para juntar objetos visuais que fazem parte do património
visual português. Os casos que aqui apresentamos foram aqueles a que, tivemos acesso
a maior quantidade de informação e que, de alguma maneira, são representativos de um
espectro que toca uma das marcas com maior notoriedade nesta área de negócio, o
LICOR BEIRÃO e, outras duas mais contemporâneas. Uma delas aborda a linguagem
de uma forma revivalista, recuperando códigos e grafismos do passado – LICOR
NACIONAL, e a outra, com um registo visual mais minimalista – LICOR ERIKAE.
Assim, ao analisar cada caso, segundo o ADN e a Brand Language, será possível ter
uma noção das tendências de comunicação nesta tipologia de produto, procurando
padrões e diferenças que podem ser uma mais-valia para construção da linguagem da
marca do licor DOM CRISTINA.
2.1. Licor Beirão
O primeiro caso a ser estudado, foi a marca LICOR BEIRÃO. As razões desta
escolha já foram referidas no parâmetro da notoriedade mas, pensamos ser pertinente
mencionar que, esta é a maior marca portuguesa de licores a nível internacional, devido
a ter sido pioneira na publicidade e no marketing (Raposos, 2008). Tendo-se destacado
ao longo dos anos pela sua impactante comunicação, adaptando-se ao crescimento e
constante mudança do mercado, com a preocupação de manter uma imagem da marca,
atualizada.
2.1.1. História da Marca
Segundo o site da marca LICOR BEIRÃO (2014), este licor teve origem, há
mais de um século, numa farmácia situada na Vila da Lousã, onde já se fabricava a
fórmula daquele que hoje em dia é conhecido por LICOR BEIRÃO. Naquela altura, os
36
licores eram criados nas farmácias e tinham o propósito de dar qualidade de vida às
pessoas e ajudar em questões digestivas. A história deste licor, tem origem nos finais do
séc. XIX, quando um caixeiro-viajante de vinhos do Porto, de passagem pela Lousã, se
apaixonou e casou com a filha de um farmacêutico. Mais tarde, em 1910, com a entrada
em vigor de uma lei, foi proibida a atribuição de propriedades medicinais às bebidas
alcoólicas e é nessa altura que os licores passam a ser produzidos numa pequena fábrica.
Entretanto, em 1929, realizou-se um Congresso Beirão em Castelo Branco, no qual o
licor se batizou com o nome – LICOR BEIRÃO, em homenagem ao encontro.
Ainda de acordo com o site da marca (2014), as dificuldades trazidas pela II
Guerra Mundial, em 1940, o dono desta pequena fábrica vê-se obrigado a vender a
mesma a um jovem natural da Lousã, José Carranca Redondo, que nela trabalhou
durante algum tempo. José Carranca Redondo decide assim, investir as suas poupanças
e comprar a pequena fábrica, juntamente com o segredo. Começou então, a arriscada
tarefa de vender licor numa altura em que nem dinheiro para comer havia. Em 1950
começa a dar nas vistas pelo seu talento publicitário e é através dele que aproveita para
divulgar também o seu licor, permitindo que este, com o sucesso das suas campanhas
publicitárias, se espalhasse cada vez mais. Desde então, as vendas não pararam de
aumentar e uma simples bebida artesanal, tornou-se uma das marcas com maior
notoriedade do país. José Carranca Redondo, homem empreendedor, criativo e muito à
frente do seu tempo, arriscou e investiu na publicidade numa época de guerras e
privações, tornando-se pioneiro da publicidade e do marketing no nosso país, quando o
conceito ainda era desconhecido.
Atualmente, segundo o site (2014), o LICOR BEIRÃO continua a ser fabricado
na Quinta do Meiral, na Lousã, e o negócio pertence aos seus descendentes, filho e
netos, que continuam a apostar na criatividade e inovação da imagem do licor. É nesta
quinta, com mais de 12 hectares, que são produzidas parte das plantas e sementes
aromáticas, utilizadas no fabrico do licor, garantindo desta forma, um maior controlo
sob a qualidade do produto. Os restantes ingredientes são importados de locais como a
Índia, Turquia, Sri Lanka, entre outros.
37
2.1.2. Reconhecimento
Em 1929, a marca foi premiada medalha de ouro na “Exposição Regional das
Beiras” em Castelo Branco, no mesmo ano em que o licor foi nomeado LICOR
BEIRÃO. Desde então, é reconhecida pelo seu historial publicitário, onde a eficácia das
campanhas era sempre o elemento principal.
Em 2005, o LICOR BEIRÃO foi distinguido com o “Prémio Excelência”, pela
Associação Portuguesa de Anunciantes, na primeira edição dos “Prémios Eficácia”.
Neste mesmo ano e também em 2008, a marca recebeu o “Prémio Marca de
Excelência”, adquirindo o selo Superbrands (entidade internacional independente que
se dedica à identificação e promoção de marcas de excelência em 89 países). Em 2012,
foi nomeada “Marca do Ano” nos Prémios Meios & Publicidade e “World Best
Integrated Campaign” nos prémios ICOM. Em 2013, distinguida na Categoria Regional
EMEA, a campanha publicitária do LICOR BEIRÃO, conquista o “The Heights
Awards”, prémios concebidos para celebrar a excelência criativa nos anúncios
publicados nas revistas de bordo dos aeroportos.
2.1.3. Identidade e Linguagem Visual
José Carranca Redondo tornou-se um verdadeiro visionário, na altura em que
começou a afixar cartazes à beira das estradas, acreditando sempre que podia ter o
melhor produto do mundo, mas se não o soubesse publicitar, não o venderia. Até hoje, a
marca continua a brindar os portugueses com o seu humor e ousadia, nas publicidades
que cria, conforme explicou o filho, José Redondo, numa entrevista realizada no
Grandes Negócios, em Junho de 2015.
Ainda nesta entrevista (2015), José Redondo afirma que, por volta da década de
60, quando os outdoors (painéis de divulgação publicitária colocados em locais de
grande visibilidade, como é o caso da via pública), tinham afixada a palavra “Licor
Beirão”, surgiu a ideia de associar o slogan “O Licor de Portugal” à marca, como
iniciativa de publicitar e promover o produto com o orgulho de este ser português.
Naquela altura era arriscado associar a uma empresa o nome de Portugal, devido à
mentalidade de que, o que era português não se vendia, apenas o que vinha de fora.
Atualmente, todas as grandes empresas têm um orgulho enorme em utilizar o nome de
Portugal.
38
Segundo informação presente no site4 da marca LICOR BEIRÃO (2014), Daniel
Redondo, atual diretor geral da empresa, empenhado em preservar o legado deixado
pelo seu avô, procura que a criatividade e a inovação se mantenham sempre presentes,
como fortes pilares na estratégia e gestão da marca LICOR BEIRÃO. É de notar, a
presença destes elementos, nas suas campanhas publicitárias e embalagens
personalizadas. Em 2014, a marca decide investir numa nova imagem, alterando a
garrafa, o rótulo e a fita, mantendo apenas o essencial: a fórmula – processo de fabrico
que envolve a maceração das plantas, a dupla destilação e o controlo da qualidade dos
ingredientes cultivados na Quinta do Meiral. Esta mudança ocorre, devido à
necessidade de constante renovação, para o exigente mercado nacional, bem como a
crescente internacionalização.
A embalagem (figura 18) tem a difícil tarefa de comunicar em primeira mão, a
qualidade do licor e os valores que a marca representa, permitindo que o LICOR
BEIRÃO e Portugal cheguem ainda mais longe. Deste modo, uma das estratégias da
marca passa pela incorporação de simbologia, ligada à tradição e iconografia nacionais,
na imagem corporativa da marca. O coração, que remete para os bordados dos lenços
dos namorados, típico da região do norte do país, é um símbolo muito presente na
comunicação da marca, ligando o LICOR BEIRÃO às suas raízes tradicionais, de forma
mais contextualizada. (Licor Beirão, 2014).
4 (www.licorbeirao.com)
Figura 18 - Embalagem para evento festivo do Natal onde é possível visualizar elementos da cultura
portuguesa. LICOR BEIRÃO 2014.
Fonte: imagensdemarca.sapo.pt, 2014
39
Relativamente à garrafa (figura 19) segundo informações retiradas do site
(2014), esta apresenta-se agora mais alta, estreita e acentuada nas curvas, o que a torna
mais elegante e visualmente atrativa. Quanto ao rótulo, aparece mais simplificado, de
cor menos amarelada, o que o torna mais atual. Passa também, a fazer parte do rótulo, a
árvore dos corações, simbolizando a árvore genealógica e conceitos de continuidade.
Imediatamente abaixo do rótulo é introduzido um compromisso de honra, como garantia
de qualidade. Aparece novamente a fita, mas agora em cetim, mostrando um material
mais nobre e elegante, num movimento revival que procura resgatar princípios e
tradições, acompanhado das tendências atuais. O selo heráldico (Raposo, 2008)
mantem-se, demostrando continuidade e notoriedade.
A marca gráfica (figura 20) apresenta-se também revitalizada, reflexo do seu
valor e qualidade, a palavra “Beirão”, que reflete diretamente para a zona das beiras,
ganha destaque face à mudança da tipografia da palavra licor, que por sua vez diminuiu
tamanho e perdeu a serifa. É possível observar também, este destaque à palavra
“Beirão”, na cápsula da garrafa que outrora realçava as inicias “L” e “B”.
Figura 19 – Aspecto antigo da garrafa (à esquerda) e a actual garrafa (à direita) da marca
LICOR BEIRÃO.
Fonte: fernandoswinehouse.pt e loja.licorbeirao.com, 2014
40
A marca tem um hábito de utilizar nas suas campanhas e divulgações
publicitárias, as cores amarelo e vermelho. De acordo com a simbologia da cor, o
amarelo, surge como uma cor otimista, com a preocupação de estimular e captar a
atenção do consumidor, no caso da cor vermelha, esta tem uma energia capaz de
prender o olhar do observador, realçando o que pretende comunicar. (Wheeler, 2013).
Em suma, a união das cores amarelo e vermelho, juntamente com o verde da garrafa,
mais uma vez reforçam a portugalidade presente na história da marca.
De acordo com uma notícia do Correio da Manhã, em Abril de 2017,
considerada líder nacional do mercado de bebidas espirituosas, com uma história antiga
e singular, feita de perseverança, irreverência e inovação, lançaram em 2017 o Beirão
D’Honra (figura 21), receita desenvolvida durante meses pela terceira geração da
família Redondo, concebida com as mesmas especiarias e plantas aromáticas, mas
enriquecida com aguardente vínica envelhecida. Esta nova fórmula, de edição limitada e
distribuição seletiva, pretende homenagear a vida e personalidade de José Carranca
Redondo (1916 – 2005) e aumentar o culto da marca.
Figura 20 - Marca Gráfica do LICOR BEIRÃO
Fonte: shiftappens.com, 2017
41
2.1.4. Comunicação
De acordo com informação recolhida do site LICOR BEIRÃO (2014), José
Carranca Redondo, na altura em que comprou a fábrica, iniciou o projeto da marca, com
uma visão comercial excecional, chegando a estar presente na origem da moderna
empresa, hoje encarregue da produção do licor. Uns meses após comprar a fábrica, não
perdeu tempo a afixar cartazes pelas estradas, estratégia inovadora naquela época,
acreditando sempre que se divulgasse o licor, mais cedo ou mais tarde, haveria de ter
sucesso. Assim, os lugares de Portugal, rapidamente, deram a conhecer o LICOR
BEIRÃO a quem por ali passava, captando a atenção do povo, pelo facto dos cartazes
serem tão diferentes. O sucesso das suas campanhas publicitárias deu origem a que
outras empresas o contratassem para fazer publicidade, desta forma, aproveitou as
viagens para publicitar o licor, permitindo que este se espalhasse cada vez mais. De
entre muitas campanhas publicitárias, do ano 1951, destaca-se o icónico cartaz (figura
22) da placa de madeira com um pássaro nela pousada e ao fundo a serra da Lousã, e o
cartaz da pin up americana (figura 23), assinalado como polémico pela escassez de
roupa, entre outros.
Figura 21 – Beirão D’Honra, edição limitada. Aspecto da embalagem, rótulo e garrafa.
Fonte: loja.licorbeirao.com, 2019
42
A principal estratégia da marca consiste na vontade de atrair novos públicos e
fazer chegar mais longe o licor de Portugal. Com isto, foram criadas novas formas de
consumo, diferentes da tradicional, uma vez que, o licor estava associado a uma faixa
etária mais velha. Antigamente, o licor era consumido ao natural, depois passou a ser
possível consumi-lo com gelo e mais tarde, com a entrada dos netos no negócio, foram
criados os primeiros cocktails. Primeiro nasceu o caipirão e de seguida o morangão,
cocktails aconselhados a serem consumidos em momentos de lazer e prazer com
amigos. Deste modo, o licor passou a conquistar os jovens e a presença deste em
festivais, tornou-se uma mais-valia para a marca. Cada vez mais, apostam na exportação
do produto pois, uma nação, hoje em dia, não consegue depender apenas do consumo
interno. (Licor Beirão, 2014)
Parece ser uma marca que utiliza e beneficia dos seus canais de comunicação.
Possui um site oficial apelativo, dinâmico e interativo, envolvendo toda a comunidade,
o que leva o utilizador a criar laços de fidelização à marca. Disponibilizam informação
sobre a história da marca, contactos, merchandising e receitas com licor beirão. Nas
redes sociais, demostram assiduidade nas publicações que partilham, revelando retorno
dos seus públicos que, são a base de uma marca de culto. De acordo com um estudo
internacional de benchmark digital, desenvolvido pela DBB – Digital Brand Builders
Figuras 22 e 23 – Cartazes mais icónicos da marca LICOR BEIRÃO.
Fonte: cmjornal.pt, 2017
43
em 2013, a marca LICOR BEIRÃO, tem uma presença muito forte no Facebook, tendo
alcançado o 5º lugar, num top de 10, dominado por marcas internacionais. Este estudo
centrou-se nos websites e estratégias nas redes sociais de 1.221 empresas provenientes
de 35 países.
2.2. Licor Nacional
O segundo estudo de caso, refere-se ao LICOR NACIONAL, uma submarca da
CAVES DA MONTANHA, que partilha de uma arquitetura endossada visual e verbal
(Ollins, 1990). Este licor, criado com o intuito de partilhar a qualidade do produto
português e glorificar os atletas, destaca-se pela sua nova e melhorada imagem de
marca, na qual apresenta elementos que exaltam a portugalidade (Notícias de Coimbra,
Junho de 2016).
2.2.1. História da Marca
De acordo com Notícias de Coimbra em Julho de 2016, a empresa familiar
vitivinícola CAVES DA MONTANHA, fundada em 1943 por Adriano Henriques e
situada em Anadia é líder na produção de espumantes de qualidade, produzindo cerca
de três milhões de garrafas anuais, devido à capacidade dos seus longos túneis
subterrâneos que mantêm uma amplitude térmica de 2-3 ºC. A empresa dedica-se
também à produção de vinhos de várias regiões do país, aguardentes, licores e bebidas
espirituosas e desde então, tem sido gerida pela mesma família, estando atualmente na
quarta geração. Refere ainda esta notícia, que a empresa aposta desde sempre na
qualidade dos seus produtos, sendo prova disso, o reconhecimento através de muitos
prémios de qualidade, que têm vindo a receber ao longo destes anos.
Em 2012, precisamente na altura em que Portugal atravessava um período de
crise, a empresa CAVES DA MONTANHA, apostou no lançamento do LICOR
NACIONAL (figura 24). São visíveis vários sinais de portugalidade, o nome da marca,
o símbolo do galo de Barcelos, a palavra “Portugal”, assim como, uma imagem
tradicional apoiada em formas vernaculares, que desta forma exaltam nacionalidade, no
44
intuito de se impor no mercado português de bebidas destiladas. Uma bebida e marca,
associada ao “Portugal Sou Eu”5. (Notícias de Coimbra, Junho de 2016).
2.2.2. Reconhecimento
Em 2013 o LICOR NACIONAL recebeu a distinção de “Sabor do Ano 2013” e
o certificado “Portugal Sou Eu”. No ano 2014 foi nomeado “Double Gold Best Value”
no âmbito dos prémios “China Wine & Spirits Awards Best Value 2014”, destacando-se
numa prova cega realizada por 100 jurados que avaliaram 4350 produtos de 35 países.
Em 2016, foi premiado com uma medalha de bronze no prestigiado concurso
“International Wine & Sipirit Competition 2016”, que decorre atualmente na Inglaterra.
5 (selo de produtos portugueses que visa a dinamização e valorização da oferta nacional, criada
para celebrar e homenagear Portugal, terra de gente simpática, rica em cultura e bonitas
tradições, com o intuito de estimular o consumo do produto nacional, Portugal Sou Eu, 2011).
Figura 24 - Primeira Marca Gráfica da Marca, onde são visíveis os sinais de portugalidade.
Fonte:fefoodemotions.blogspot.com, 2012
45
2.2.3. Identidade e Linguagem Visual
No site Shopping Spirit News (2016), explicam que o LICOR NACIONAL, se
apresenta como um produto dedicado a todos aqueles que, com bravura e solidariedade
não desistiram perante as adversidades dos vários tempos, à luz da história do povo
português. Produzido com base no sabor de ervas colhidas em Portugal, este licor leva a
cada um dos consumidores um pouco dos sabores da nossa terra, proporcionando
momentos de prazer. A marca preocupa-se em produzir os seus produtos com o máximo
de empenho, dedicação, paixão e profissionalismo, ligados ao conhecimento e às
técnicas mais modernas, valorizando questões de carácter ambiental e qualitativo, não
esquecendo o respeito pela tradição, história, família, inovação, ambição e experiência.
Ainda neste site (2016) evidenciam que a nova identidade da marca, apresenta-se mais
moderna e adaptável ao gosto do consumidor, podendo ser consumida simples (com ou
sem gelo); com gelo picado, lima e açúcar; em sangria, entre outras.
Segundo um artigo no site Alivetaste (2016), estão presentes na garrafa (figura
25), a referência a “Licor de Portugal” e elementos revivalistas como, o Galo de
Barcelos e a Cruz de Portugal, símbolos associados à glorificação da portugalidade e
audácia dos vitoriosos. O rótulo sofreu alteração na cor de fundo, passando de dourado
para preto, o que realçou o contraste entre as cores vermelho e dourado associadas
respetivamente, às cruzadas travadas e às conquistas alcançadas. Observa-se uma
evolução no gargalo da garrafa, através da introdução do ouro trabalhado em filigrana,
arte tradicional portuguesa. Quanto à tipografia, esta surge em caixa alta e alinhada ao
centro, criando maior impacto ao olhar. O destaque da palavra “Nacional” manteve-se,
mas agora através de um tamanho de letra superior à palavra “Licor”. O símbolo do
galo de Barcelos transformou-se num selo, passou a ocupar o centro da garrafa e
destacou-se pelo seu tamanho, dando continuidade e notoriedade à marca.
Relativamente à forma da garrafa, esta apresenta-se significativamente diferente, perdeu
a curva em baixo e a sua silhueta está mais estreita, o que a torna mais elegante. A
marca gráfica perdeu a forma oval de fundo vermelho, agora integra o rótulo na sua
totalidade e através da união deste com a garrafa, podendo-se adivinhar a guitarra
portuguesa.
46
2.2.4. Comunicação
De acordo com uma notícia no site Flagra em Novembro de 2013, a marca
lançou uma campanha publicitária para dar a conhecer ao público a qualidade do
produto português (figura 26). Um licor criado para brindar o país num momento de
crise, demonstrando que Portugal é um país de conquistas e que pode ultrapassar as
adversidades. A atriz portuguesa Rita Pereira foi escolhida para cara da campanha,
representando a mulher latina de sucesso, provavelmente por ser uma figura pública
popular com capacidade de atrair público para a marca. A campanha pretende prender a
atenção do espectador, através da imagem de uma mulher de atributos sensuais, que
utiliza vários elementos sedutores, como o vestido preto rendilhado, os lábios e unhas
vermelhas e a própria pose. A imagem fotográfica surge alinhada num eixo axial
centrado e em seu complemento emerge a frase “Portugal ainda tem coisas boas”, que
afirma a portugalidade e que tem uma associação imediata com a representação sensual
da atriz referida, o que torna óbvio, todo o discurso. O slogan “É Daqui” é uma
expressão popular que faz também uma ligação direta com a atriz mencionada, através
do movimento sugerido pela mão na orelha. Além disso, parece fazer parte da estratégia
da marca, nesta campanha, o intuito de reforçar a qualidade do que é português.
Figura 25 – Evolução da garrafa do LICOR NACIONAL à direita, onde surgem elementos
revivalistas associados à portugalidade.
Fonte: fefoodemotions.blogspot.com, 2012 e cavesdamontanha.pt, 2016
47
.
Segundo a página do Facebook da marca e um artigo escrito no blogue Food &
Emotions, em Junho de 2012, a marca comunica muito através de eventos de verão,
onde o licor celebra a amizade nas noites quentes de verão, na praia, a ver o por do sol,
juntamente com uma forte imagem da figura feminina, aliada à alegria da juventude.
De acordo com uma notícia no site Shopping Spirit News em Julho de 2016, ano
da vitória da seleção nacional no campeonato europeu de futebol e de excelentes
prestações de atletas portugueses em outras modalidades, a empresa CAVES DA
MONTANHA decide adaptar uma linguagem visual modificada, ao seu produto (figura
27). O produto, criado à base de chá de ervas portuguesas, com aroma floral, sabor
doce, macio e cítrico mantem-se, no entanto, a garrafa, a embalagem e a imagem da
marca, apresentam-se mais históricas e modernas. Pretendem com esta nova identidade,
Figura 26 - Campanha Publicitária do LICOR NACIONAL em 2013, com a actriz Rita
Pereira onde se utilizam códigos populares, associados à sensualidade da mulher,
sobressaindo a qualidade de ser português.
Fonte: flagra.pt, 2013
48
dar continuidade à exaltação da portugalidade do produto e bravura dos campeões
europeus, através da menção a “Licor de Portugal” e da Cruz de Portugal, que remete
para as conquistas dos portugueses, mantendo a presença do galo de Barcelos,
apresentando um licor que facilmente se adapta ao gosto do consumidor, podendo ser
consumido de forma versátil.
No site da Flagra (2013), explicam que o foco da marca está na qualidade dos
seus produtos, a tradição e a satisfação do cliente, com o objetivo de fazer chegar o
LICOR NACIONAL, ao topo da lista dos produtos nacionais. Apostam também na
expansão internacional, a fim de promover o crescimento do produto além fonteiras.
Relativamente à comunicação da marca, preocupam-se em reforçar que o
produto português também tem qualidade. O LICOR NACIONAL não possui um site
oficial próprio, no entanto, integra o site oficial da marca mãe/endossada (Olins, 1990)
CAVES DA MONTANHA, juntamente com as restantes submarcas. Nesse site, é
possível conhecer um pouco da história da marca CAVES DA MONTANHA,
juntamente com a sua visão e valores, bem como todos os seus produtos, contactos e
algumas campanhas e notícias. Porém, o LICOR NACIONAL possui uma página
própria, na rede social Facebook, onde consegue ter uma visibilidade própria, podendo
Figura 27 – Packaging e garrafa da Marca LICOR NACIONAL, onde é
possível observar-se a nova identidade visual da mesma.
Fonte: bomdia.eu, 2016
49
expor de forma, mais detalhada, informação sobre a marca e comunicar diretamente
com o seu público e comunidade. No entanto, ultimamente, não demostra um papel
muito ativo nestas redes sociais.
2.3. Erikae
Por último, foi analisada a ERIKAE, marca que investe na agricultura biológica
e promove a produção de produtos naturais. A particularidade desta marca resulta, do
aproveitamento da fruta para comercialização de licores, evitando o desperdício.
2.3.1. História da Marca
De acordo com uma entrevista realizada na RTP1 em Abril de 2019, Rolando
Martins nasceu em Angola, mas com 4 anos de idade, veio para Portugal. Esteve sempre
ligado à engenharia florestal e mais tarde dedicou-se à agricultura biológica, possuindo
hoje em dia, não só um pomar de medronheiros, como também, uma plantação de
mirtilos, frutos da família das ericáceas. Desta forma, começou a comercializar os seus
produtos sob a marca ERIKAE (figura 28), fundado em 2011 a empresa Rolando
Martins Unipessoal Lda. Que atualmente produz doces, compotas, aguardentes e
licores.
De acordo com um artigo no site da Sic Notícias, em 2018, o produtor carece de
duas colheitas diferentes como prevenção, uma para a época de verão e outra para o
inverno, localizadas em Idanha-a-Nova e no Fundão. A marca apostou na produção de
licores, devido à percentagem de fruta que não se apresentava tão fresca, deste modo foi
Figura 28 – Logotipo da Marca ERIKAE.
Fonte: erikae.pt, 2019
50
possível rentabilizar as colheitas e transformar um fruto efémero, num produto sem
validade.
2.3.2. Reconhecimento
A marca foi finalista da categoria Produção Primária da 5ª edição “Intermarché
Produção Nacional”, prémio que promove os produtos portugueses e estimula a
agricultura, no ano 2018.
2.3.3. Identidade e Linguagem Visual
A comercialização do fruto é o principal foco da marca, no entanto, apostam no
aproveitamento e transformação deste, quando já não se encontra tão fresco, para a
conceção de licores. Desta forma, procuram uma abordagem diferenciadora, devido à
forma particular de produção e venda. A ERIKAE, ao promover a produção de produtos
naturais e seus derivados, consegue ter a capacidade de estimular a atividade económica
das zonas interiores de Portugal, tais como a região da beira baixa. O pomar de
medronheiros, por ser uma espécie com grande resistência aos fogos, consegue criar
uma barreira natural, de quebra à propagação de incêndios florestais, tendo também por
isso, um objetivo ambiental e social. (Sic Notícias, Setembro de 2018)
A marca gráfica (figura 29) é somente constituída, pelo nome da marca, numa
tipografia minimalista, que transmite harmonia e simplicidade. A letra “K” é a única
letra que aparece estilizada, terminando como uma folha, símbolo da planta do
mirtilo/medronho. O nome da marca tem origem na palavra ericaceae6, série de plantas
de onde provêm o mirtilo e o medronho, principais produtos da marca. Tanto na garrafa
como na embalagem (figura 30), é possível observar o desenho simplificado e
minimalista das folhas destas plantas, acompanhado do slogan “Sabores com
Elegância”. A marca apresenta-se ao público, com as cores branco e cinzento,
associando-se à pureza dos produtos, criados com dedicação, aliados a uma sensação de
natureza e contemporaneidade.
6 (knoow.net/ciencterravida/biologia/ericaceae-familia/, 2019)
51
2.3.4. Comunicação
Na mesma entrevista à RTP1 em Abril de 2019, Rolando Martins explica que a
ERIKAE é uma marca que promove, o que de melhor têm, as plantas do mirtilo e do
medronho. Estas destacam-se das mais de 3000 espécies da família botânica das
ericáceas, devido aos frutos comestíveis e propriedades naturais. Rolando Martins
acredita, que o efeito do sol no nosso território, comparativamente a outro ponto da
Europa ou outra parte do Mundo, proporciona à fruta sabor, cor e textura. A
participação no programa, “Portugal Sou Eu”, foi benéfica para promover a marca, não
só a nível nacional como também a nível internacional, consciencializando as pessoas
que o investimento em produtos e empresas portuguesas promove a qualidade destes.
Classificado como um produto saudável, criado com tradição e especial cuidado,
proveniente de território biológico, ecológico e sustentável que promove a saúde, a
marca ERIKAE integra na umbrela “Portugal By Beira-Baixa” (figura 30) – promove
produtos de excelência da linha agroalimentar, produzidos na região da beira-baixa. A
marca comunica visualmente através da rede social Facebook e da presença em eventos
de promoção a produtos portugueses.
Figura 29 – Embalagem e garrafa da marca ERIKAE.
Fonte: erikae.pt, 2019
52
A marca apresenta os seus licores, em garrafas elegantes, de decoração simples,
que apelam a um design mais moderno e minimalista. Possuem um site oficial, onde
apresentam de forma sucinta, o que é a marca e o que esta tem para oferecer, assim
como, contactos da empresa e produtos que vedem. Em contrapartida, na rede social
Facebook, parecem estar mais presentes e interativos com a comunidade, pelas
publicações que partilham, que possibilitam informação mais detalhada.
Figura 30 - Licor ERIKAE, produto Portugal By Beira-Baixa
Fonte: portugalbybeirabaixa.pt, 2018
53
CAPÍTULO III – ANÁLISE E TRIANGULAÇÃO DE DADOS
Da análise da revisão de literatura, é importante destacar alguns aspetos
relevantes, quando observamos a implementação de marcas no mercado atual,
nomeadamente, marcas de licores portugueses.
Segundo Olins (2003) as marcas, quando implementadas no mercado,
desenvolveram-se com o objetivo de seduzir os consumidores e, dessa forma, venderem
produtos através de conceitos atrativos, de forma clara e repetida. Ainda assim, nem
tudo aquilo que uma marca representa a torna poderosa. Se as emoções que a rodeiam
forem suficientemente fortes, o consumidor aceitá-la-á sem duvidar das suas
capacidades funcionais. Num mundo com uma vasta oferta comercial, as marcas
sentiram a necessidade de representar confiança, estatuto e pertença, de modo a que o
consumidor se defina por meio delas, mantendo a sua identidade própria.
Raposo (2008) alude para o facto de as marcas dependerem de valores e como
tal, estes devem ser transmitidos de forma coerente, de modo a não perderem os
princípios que permitem o seu reconhecimento. Para que se estabeleça uma estratégia
corporativa correta, é então fundamental, interiorizar e definir a personalidade de uma
marca, de modo a compreender como esta comunica no mercado e interage com os seus
consumidores. Olins (2008) reforça que a ideia central de uma marca, deve refletir de
uma forma clara aquilo que é, o que representa, no que acredita e quais as suas
intenções. Esta linha de pensamento representa o ADN de cada marca. Terminologia
que corresponde à personalidade de determinada marca, hoje em dia utilizada para
denominar a sua essência, como se de uma pessoa se tratasse. Estas representam muito
mais do que aquilo que aparentam, são criadas por um conjunto de características
particulares e únicas como: a Missão, a Visão, o Valor, o Posicionamento e a Brand
Language, que as diferencia umas das outras. (Oliveira, 2015).
Segundo Olins (2008) o branding surge ligado à área do marketing, do design,
da comunicação e dos recursos humanos, é através dele, que as organizações se
apresentam a elas mesmas e ao mundo exterior, de uma forma simples, direta e
consistente, criando impacto no observador. Este autor (2008) considera que, o símbolo
ou o logotipo são elementos identificadores de praticamente todas as marcas,
54
apresentando a ideia de cada entidade de forma imediata e concisa. A brand language,
conforme explica Lupton (2011) é representada por um conjunto de elementos
concretos como o Nome, a Tipografia, a Marca Gráfica, a Cor, a Forma, etc.,
pertencentes à identidade de cada marca. Através destes elementos, torna-se possível
comunicar e definir o propósito de determinada organização, de forma simples.
Ao analisar casos específicos de marcas, particularmente licores portugueses,
segundo o seu ADN e a sua Brand Language, torna-se possível compreender o papel
destes segundo determinada tipologia de produto e quais são as tendências de
comunicação de cada caso, permitindo mapear parte do mercado nessa unidade de
negócio e contribuindo para uma melhor compreensão deste..
A marca LICOR BEIRÃO apresenta-se ao público de forma criativa e inovadora
na sua gestão e estratégia, preservando o legado deixado pelo criador da fórmula. Ao
manter o processo de fabrico, apostam nas campanhas publicitárias e na apresentação do
produto, através de embalagens personalizadas que comunicam em primeira mão a
qualidade do licor e os valores que a marca representa. A estratégia desta marca passa
pela incorporação de simbologia, ligada à tradição e iconografia nacionais, na imagem
corporativa da marca. Deste modo, mantêm a ligação às suas raízes tradicionais, através
de elementos específicos da sua origem. O selo heráldico (Raposo, 2008) mantem-se
presente na garrafa, demonstrando continuidade e notoriedade. Também as cores,
utilizadas nas suas campanhas publicitárias, reforçam a portugalidade presente na
história da marca.
No caso do LICOR NACIONAL, verificou-se que a marca mantém como
principal preocupação, uma produção onde o empenho, a dedicação, a paixão e o
profissionalismo, se interligam com o conhecimento e as técnicas atuais. Valorizam
questões de carácter ambiental e qualitativo, sem esquecer o respeito pela tradição
histórica, inovação, ambição e experiência. Apostaram numa campanha publicitária
com a atriz Rita Pereira, onde utilizaram códigos populares, associados à sensualidade
da mulher, evidenciando a qualidade do produto ser português. No que diz respeito à
linguagem da marca, apresentam-se com elementos revivalistas e símbolos, associados
à glorificação da portugalidade e audácia dos vitoriosos, introduzem também a filigrana,
elemento da arte tradicional portuguesa. Transformaram o símbolo num selo, com o
55
propósito de atribuir continuidade e notoriedade à marca. Através do contraste das cores
que utilizam, pretendem aludir às cruzadas travadas e conquistas alcançadas.
Relativamente à marca do licor ERIKAE, esta procura uma abordagem
diferenciadora, na forma particular de promoção e venda dos seus produtos. Apostam na
produção nacional de produtos naturais e seus derivados, conseguindo deste modo,
estimular a atividade económica das zonas interiores de Portugal, como a região da
beira baixa. Apresentam-se com uma vertente ambiental e social, pela especificidade do
tipo de árvores existentes nos seus pomares, que criam uma barreira natural de quebra à
propagação de incêndios florestais. Quanto à linguagem da marca, surge com uma
imagem minimalista que apela à harmonia e simplicidade. As cores com que se
apresenta ao público são representativas da pureza dos seus produtos, criados com
dedicação numa forte aliança à natureza.
Concluída esta análise, os dados foram recolhidos e triangulados de modo a dar
resposta ao processo de branding, na revitalização da marca do licor DOM CRISTINA.
De acordo com Raposo (2008), quando um projeto envolve uma renovação, atualização
ou definição da identidade visual, existe um conjunto de fases a ter em conta. Numa
primeira intervenção, devem ser definidos os conceitos da marca, desde a missão, visão,
valores e posicionamento, e em seguida, os elementos da identidade visual corporativa,
como o nome, a tipografia, a marca gráfica, o símbolo, a cor, a imagética, a forma, o
movimento, o som e o quinto elemento. O autor (2008) acrescenta que os mapas de
ideias, permitem delinear graficamente uma marca, apoiando na organização de ideias
criativas e no diálogo com os clientes. Deste modo, é possível referir que a teoria mais
relevante para um rebranding e posicionamento da marca no mercado parte muito de
um bom ADN e de uma boa Brand Language. Primeiramente deverão ser definidos os
conceitos da marca e os elementos que constituem a identidade visual corporativa.
Assim, ao preservar os valores históricos e culturais da marca DOM CRISTINA, mas
com o objetivo de a revitalizar, foi desenvolvido um rebranding mais contemporâneo,
de modo a que esta se destaque no panorama nacional ao lado de outros licores
concorrentes.
56
CAPÍTULO IV – PROJETO
4.1. O Caso BRANDYMEL
4.1.1. História da Marca
Segundo uma notícia no jornal online Público (2014), a marca do licor de mel do
Algarve, criada pelo comerciante algravio Oliveiros Cristina, foi registada em 1952,
com o nome BRANDYMEL. Durante alguns anos, a marca permaneceu no mercado
sem registo da patente, até outra pessoa registar o mesmo nome, para outro negócio.
Nesta sequência, a família Cristina levou o caso a tribunal mas, devido à caducidade do
registo ter sido declarada, perdeu este processo.
Com a intenção de manter vivo o negócio da família, o neto (David Cristina),
agarrou essa oportunidade para reinventar a marca, homenageando o seu avó e pai pela
atribuição de um novo nome à marca, apoiado no nome da própria família e mantendo a
receita original do licor. Deste modo, foi lançada primeiramente, uma edição especial
do licor “sem nome” (figura 31), antes de este ser denominado oficialmente DOM
CRISTINA. A garrafa tinha no gargalo um cartão, onde era explicado aos
consumidores, que apesar de terem perdido o nome, tudo o resto se mantinha igual
(Facebook da Marca Dom Cristina, 2015).
Figura 31 - Edição especial do licor “sem nome”, com um cartão onde se encontra
uma breve explicação da sua história.
Fonte: planetalgarve.com, 2014
57
Atualmente, a terceira geração da família, dá continuidade à marca DOM
CRISTINA, numa unidade fabril sedeada em Castelo Branco, perspetivando que a
produção possa regressar ao Algarve, assim que as condições o permitam. (Público,
2014)
4.1.2. Reconhecimento
A marca foi reconhecida ao longo dos anos, chegando a alcançar vários prémios
conceituados e segundo uma notícia na revista Evasões em 2019, a família Cristina
afirmou que as recentes distinções reforçam o estatuto do DOM CRISTINA como o
licor mais premiado a nível internacional. Conquistou em 2005, a medalha de ouro em
São Francisco, no World Spirits Competition. Em 2007, recebeu outra medalha de ouro
na Áustria, no World Spirits Competition. No ano 2008, conquistou duas medalhas de
ouro, uma em Londres no International Wine and Spirits Competition, concurso de
bebidas espirituosas mais prestigiado da indústria e a outra, mais uma vez em São
Francisco, no World Spirits Competiton. Venceu em 2011, mais uma medalha de ouro
no The Spirits Business – Liquers Masters e em 2015, novamente outra medalha de
ouro em Londres, no International Wine and Spirits Competiton. Em 2017, recebeu a
medalha de bronze no International Spirits Challenge. Recentemente fez parte, como
ingrediente, do melhor cocktail da Dinamarca, que irá representar esse mesmo país, na
final mundial do concurso que se realiza na China. (Facebook da Marca Dom Cristina,
2019)
4.1.3. ADN
Como explicado anteriormente no Capítulo I, o ADN representa a personalidade
e a essência de uma marca (Raposo 2008), como tal é fundamental para o
posicionamento da mesma no mercado, no intuito de se destacar como única e
diferenciada. Esta terminologia subdivide-se na Missão, na Visão, nos Valores e no
Posicionamento de cada organização (Oliveira, 2015).
A marca DOM CRISTINA preocupa-se em manter o negócio da família, com a
Missão de homenagear tanto o pai como o avô, na atribuição de um novo nome para a
marca, continuando a vender o licor com a mesma dedicação e qualidade, à semelhança
do original. A Visão tem o propósito de tornar a marca proactiva e clara, na
comunicação com o público-alvo (Grusenmeyer, 2009). Deste modo, a marca DOM
58
CRISTINA ambiciona um futuro melhor para a empresa, acreditando na possibilidade
de regresso à produção no Algarve, região natural do licor. Como explica Aaker (1991),
devem ser desenvolvidas abordagens para atribuir Valores às marcas. No caso deste
licor de mel, a terceira geração da família Cristina investiu numa renovada linguagem
visual da marca, mantendo os seus valores históricos e culturais. O licor continua a ser
comercializado e consumido de igual modo, na sua versão pura ou simples, com gelo e
limão ou em cocktails. A marca encontra-se Posicionada no mercado de bebidas
alcoólicas, designadamente licores, ao lado de concorrentes de topo. Nesse sentido, é
importante acreditar na marca como um agente de diferenciação da concorrência
(Healey, 2009).
4.2. Proposta de Revitalização
Como referido na “Introdução”, pretende-se com esta investigação, criar uma
linguagem visual renovada, para a marca de licor de mel do Algarve, DOM CRISTINA,
antigamente denominada de BRANDYMEL (figura 32). Elementos como, a forma da
garrafa e o nome do licor, mantiveram-se nesta proposta de revitalização uma vez que,
fazem parte da história e cultura da marca. O selo foi também um dos elementos que se
manteve presente, no entanto este sofreu alterações. Foi introduzida uma imagem
icónica do criador da fórmula, o Sr. Oliveiros Cristina, permitindo reforçar os valores da
marca e a homenagem que esta apresenta, ao mesmo tempo que lhe atribui notoriedade.
O rebranding foi também desenvolvido, com o objetivo da marca DOM CRISTINA se
destacar no panorama nacional, ao lado de outras marcas concorrentes conceituadas.
59
4.2.1. Brand Language
Como refere Oliveira (2015), as marcas são pensadas e criadas com base num
conjunto de características particulares e únicas, que se refletem no ADN e na Brand
Language. A brand language representa a tradução da identidade da marca numa
linguagem capaz de estabelecer pontes entre a marca e os seus públicos.
4.2.1.1. Conceptboard
O ponto de partida deste projeto foi a criação de um Mapa de Influências (figura
33), onde são exploradas visualmente um conjunto de imagens de inspiração,
relacionadas com o tema de investigação e que procuram dar resposta aos elementos
básicos e complementares da linguagem de marca, tais como Tipografia, Símbolo, Cor,
Imagética, Forma, entre outros (Oliveira, 2015).
Figura 32- Garrafa original do Licor BRANDYMEL.
Fonte: publico.pt, 2014
60
4.2.1.2. Nome
Conforme Rodrigues (2013), o nome da marca deve representar, em parte, a
origem da mesma. No caso da marca DOM CRISTINA, considerou-se que o nome
(figura 34) fazia sentido por responder às suas origens. O criador da fórmula do licor,
foi o Sr. Oliveiros Cristina e como tal, este nome para além ser uma homenagem, reflete
a tradição e, de algum modo, a notoriedade da marca.
Figura 33 - Mapa de Influências, com fotografias de inspiração para a revitalização
da marca DOM CRISTINA. As imagens procuram corporizar alguns dos
elementos básicos e complementares da linguagem de uma marca.
61
4.2.1.3. Tipografia
Como refere Wheeler (2013), a tipografia deve ser capaz de comunicar o design,
de forma clara e legível, possibilitando um reconhecimento direto da marca.
O tipo de letra “Hallo Euroboy", extrabold condensada, criado por Henrik
Avecunk (figura35), foi inspirado na tipografia “Alternate Gothic”, projetada pelo
designer de fontes americano Morris Fuller Benton7. A “Alternate Gothic” é uma
versão mais condensada e ousada do tipo de letra “Franklin Gothic”8. O propósito da
letra “Hallo Euroboy” é ser atrativa e impactante, nesse sentido, foi escolhida para o
registo visual na marca gráfica do licor DOM CRISTINA, permitindo que esta se
destaque ao lado de marcas concorrentes, na tentativa de um reconhecimento e leitura
imediata na captação da atenção do consumidor.
7 (http://tipografos.net/designers/benton-lynn.html, 2019)
8 (https://www.fonts.com/font/adobe/franklin-gothic/story, 2019)
Figura 35 - Tipo de letra “Hallo Euroboy”,
adoptado para o nome da Marca.
Figura 34 - nome da marca DOM
CRISTINA.
62
De seguida, o tipo de letra “Heading Pro” foi projetado por Francesco
Canovaro e mais tarde, ampliado e desenvolvido pela equipa zetafonts, num sistema de
146 variantes, construído em torno de 8 larguras diferentes (desde ultra compactas a
ultra amplas) e 9 espessuras (desde finas a pretas)9. Este tipo de letra é considerado
ideal para títulos e subtítulos, entre outros, com o objetivo de captar a atenção do
espectador. Deste modo, a “Heading Smallcase Pro Trial Extra Bold” (figura 36), fonte
pertencente à família tipográfica da “Heading Pro”, foi explorada como tipografia
auxiliar, de maneira a integrar e comunicar a proveniência “especialidade do algarve”,
no selo (figura 37) da marca DOM CRISTINA.
9 (zetafonts.com/heading-pro, 2019)
Figura 36 - Fonte que integra o selo da Marca,
pertencente à tipografia “Heading Pro”.
Figura 37 - Selo da garrafa da
Marca
DOM CRISTINA.
63
Criada pelos designers Max Miedinger e Edward Hoffmann em 1957, a
tipografia “Helvetica”10
(figura 38), fonte não serifada, tornou-se uma das mais
populares no mundo. Caracterizada como neutra e clara, considerou-se ideal para dar
corpo de texto ao rótulo da garrafa (figura 39) e da embalagem (figura 40). Atualmente
é identificada como um tipo de letra associado ao modernismo no design gráfico.
.
10 (https://imagine-express.com/the-history-of-helvetica/, 2019)
Figura 38- “Helvetica”, Tipografia Complementar.
Figura 39 - Rótulo pertencente à embalagem da garrafa do licor de mel DOM
CRISTINA, que contém uma síntese da história do nome da marca e
ingredientes que compõe o licor.
64
A tipografia “Georgia”, tipo de letra concebido em 1993, por ser um tipo de letra
de serifa elegante e legível, que pode ser impressa em formato pequeno ou em telas de
baixa resolução11
, (figura 41) foi utilizada para apresentar o valor alcoólico do licor de
mel, na garrafa e na embalagem.
11 (wikipedia.org/wiki/Georgia_(typeface), 2019)
Figura 40 - Rótulo que integra a garrafa de licor DOM CRISTINA, com
tipografia “Helvetica”, que contém os mesmos elementos do rótulo acima
mencionado.
Figura 41 - Tipografia “Georgia” utilizada para representar,
o valor alcoólico do licor.
65
4.2.1.4. Símbolo
Os símbolos, permitem uma comunicação visual imediata. Assim, funcionam
como ferramentas gráficas chave, que suportam o trabalho feito por determinadas
palavras (Gibson, 2009). Deste modo, através da página do facebook DOM CRISTINA,
foi possível obter uma fotografia (figura 42) do Sr. Oliveiros Cristina. Através dessa
imagem, foi criada uma imagem icónica da cara (figura 43), com o objetivo desta
integrar o selo e a marca gráfica, atribuindo maior valor, qualidade e notoriedade, numa
clara homenagem ao criador do produto.
Figura 42 - Sr.Oliveiros Cristina, criador da
fórmula do licor de mel.
Fonte: facebook.com/odomcristina, 2019
Figura 43 - Criação do símbolo através da
imagem icónica da cara do Sr. Oliveiros
Cristina.
66
4.2.1.5. Marca Gráfica
A marca gráfica pode ser criada através da combinação de diversos elementos,
pertencentes ao conjunto básico e complementar (Oliveira, 2015). Assim, ao unir o
nome e o símbolo, criou-se uma possível e melhorada marca gráfica (figura 44), que
pretende respeitar os valores culturais e históricos de uma forma coerente. Para que esta
identidade mantenha sempre a sua legibilidade, foram criadas margens de segurança em
seu redor (figura 45), de modo a protege-la de outros elementos. Foi utilizado o símbolo
desta, como elemento que define as proporções das margens de segurança.
Figura 44 - Possível e melhorada marca gráfica do licor
DOM CRISTINA.
Figura 45 - Margens de segurança da marca gráfica,
símbolo como elemento que define as proporções.
67
Para que haja uma boa legibilidade da marca, foram definidas
dimensões mínimas para formatos em Print e Digital (figura 46), neste
sentido, a marca gráfica nunca deverá ser inferior a 15mm em Print, nem
inferior a 50px em Digital.
Comportamentos da Marca Gráfica em fundos cromáticos: CMYK
A identidade deverá ser aplicada em fundos brancos ou pretos, cores
institucionais, na eventualidade de não ser possível, a marca gráfica terá de
assumir como prioridade a legibilidade. Foram realizados alguns exemplos
(figura 47 e 48), onde a marca gráfica assume o seu comportamento a duas
cores, positivo sobre fundos claros e negativo sobre fundos médios ou
escuros.
Figura 46 - Dimensões da Marca e Positivo e
Negativo da mesma
68
Figura 47 - Comportamento da Marca Gráfica em fundo CMYK (1)
Figura 48 - Comportamentos da Marca Gráfica em fundo CMYK (2)
69
Comportamentos da Marca Gráfica em fundos cromáticos: RGB
No caso de fundos cromáticos não institucionais deve ser respeitada uma
lógica constante. Em cores de fundo claras com valores superiores a 40%, a
marca gráfica deve ser utilizada a negativo (figura 49). No caso de fundos
mais escuros, esta deverá assumir sempre o seu valor negativo (figura 50).
Figura 49 - Comportamento da Marca Gráfica em fundo RGB (1)
Figura 50 - Comportamento da Marca Gráfica em fundo RGB (2)
70
4.2.1.6. Cor
Segundo Wheeler (2013), através do elemento cor, torna-se possível evocar
emoções, estimular associações e criar diferenciações. Como tal, para esta proposta de
revitalização, optou-se pelo contraste das cores amarelo e preto (figura 51), com o
objetivo de proporcionar uma associação direta ao licor em si, tornando-o um produto
diferenciado no mercado das bebidas alcoólicas. A cor amarela, por ser uma cor
impactante e vistosa (Wheeler, 2013), pretende prender a atenção do espectador ao
mesmo tempo que, em conjunto com a cor preta, remete para as cores das abelhas. O
conceito subjacente a estas duas cores, partiu de um brainstorming à volta da palavra
“mel”.
4.2.1.7. Forma
Relativamente à forma da garrafa, esta apresenta-se igual à original mas com
uma linguagem visual diferente e mais contemporânea. O que permite que se destaque
no mercado, pela sua imagem irreverente e inovadora. As duas riscas pretas no gargalo
em contraste com o amarelo da garrafa (figura 52) permitem uma associação direta à
imagem de uma abelha (que traduz a própria origem do produto). Quanto à embalagem,
a linguagem mantêm-se de acordo com a garrafa, mas foi idealizada num formato
geométrico (figura 53), de modo a retratar os favos de mel. Ao abrir a embalagem, é
possível observar-se no seu interior, um padrão de abelhas (figura 54) que sugerem a
ideia de uma colmeia cheia mel, associação direta ao licor de mel. A tampa deste
Figura 51 - Desdobramento Cromático do Pantone P 10 – 7 U que representa a
cor amarela e do Pantone Process Black U que representa a cor preta.
71
packaging, também ela representa um “favo de mel”, mas de cor preta, permitindo que
se destaque o selo da marca.
Figura 52 – Visualização do restyling desenvolvido para a
garrafa do licor DOM CRISTINA (frente e parte posterior).
Figura 53 – Visualização da embalagem desenvolvida para a garrafa do
licor DOM CRISTINA (frente, parte posterior e topo).
72
4.2.1.8. Imagética
Oliveira (2015) explica que a imagética permite atribuir uma identidade visual
ao produto, proporcionando-lhe diversidade visual, assim como, uma relação direta
entre o produto/serviço e o observador. A imagética da marca DOM CRISTINA, por
norma apresenta nas suas imagens as cores cromáticas da marca, o amarelo e a cor
laranja, em tons fortes. As imagens utilizadas têm, maioritariamente, a garrafa a ocupar
o centro de toda a imagem. Por vezes, a garrafa surge acompanhada de grafismos de
abelhas desenhadas, que criam dinâmica a associação ao sabor do licor. A candidata
criou uma nova imagética, mais clean e cuidada. A escolha da cor para a garrafa e o
contraste desta, num fundo branco, pretende dar destaque ao produto, permitindo uma
associação célere entre o produto e a sua composição (figura 55). Manteve-se a
preocupação em criar imagens com a garrafa ao centro da composição, optando-se por
um formato vertical. A qualidade do produto é emergente nas suas imagens, através dos
Figura 54 - Interior da embalagem, onde se observa um padrão de abelhas
desenhadas, que remete para a existência de mel no seu interior.
73
novos slogans e imagem cuidada, assumindo uma relação direta com o ADN da marca,
na sua imagética.
Figura 55- Imagem trabalhada e cuidada do licor DOM CRISTINA,
representando a imagética da marca.
74
4.2.2. Comunicação
Considerou-se necessário, entrar em contacto com a marca DOM CRISTINA,
com o objetivo de recolher mais informações sobre a mesma, nomeadamente, de que
forma comunicam com o público, no mercado atual de bebidas alcoólicas. Não
existindo outro meio de contacto, a intervenção foi feita através da página do facebook
DOM CRISTINA (anexo 6), onde se constatou que a marca ainda não possui um site
oficial ativo, somente a página na rede social facebook. A candidata, apesar de ter
conseguido entrar em contacto com o responsável dessa mesma página, não obteve
sucesso nas questões colocadas. Dessa forma, iniciou-se uma pesquisa e análise sobre a
comunicação da marca, através das publicações, imagens e vídeos, nessa rede social.
Segundo informação recolhida e analisada da página do facebook DOM
CRISTINA (2014), a marca comunica o seu produto criando ligações e associações a
eventos do calendário português, como por exemplo o dia do pai (figura 56), o início de
determinada estação do ano, o natal, os santos populares, entre outros. Celebra ainda, os
eventos futebolísticos da seleção portuguesa. Apostam na criação de novas variedades
do licor, como “DOM CRISTINA Citric & Fresh” e a mais recente novidade, “DOM
CRISTINA Hot & Spicy”, que promete ser lançada em 2020 sob edição limitada.
Figura 56 - Imagem comemorativa do Dia do Pai,
Licor DOM CRISTINA
Fonte: facebook.com/odomcristina/, 2019
75
Recentemente, criaram eventos de Masterclass, de norte a sul do país, com
conceituados bartenders, onde promoveram um ambiente de conhecimento e troca de
impressões entre todos, acompanhado da degustação de vários cocktails, nomeadamente
o cocktail vencedor da Dinamarca, criado com o licor de mel DOM CRISTINA. Nestas
Masrteclass, expressam a importância do foco nas origens, para atingirem o sucesso,
realçando o valor em apoiar a produção de produtos nacionais. (Facebook DOM
CRISTINA, 2014).
De acordo com a análise ao facebook DOM CRISTINA (2014), as cores
presentes nas imagens que utilizam para comunicar o produto, são essencialmente o
amarelo, que transmite otimismo e capta a atenção do consumidor pela sua cor vibrante
e a cor laranja, que se associa à ambição, confiança e alegria. Estas cores permitem uma
associação à palavra mel, ingrediente presente no licor. Para além das cores, utilizam
desenhos de abelhas (figura 57) e formas geométricas hexagonais, que remetem para os
favos de mel. Quanto à tipografia, pode ser considerada um tipo de letra divertida, que
transmite sensação de movimento.
Com o propósito de melhorar a comunicação da marca, a candidata criou uma
possível imagem gráfica (figura 58) do site oficial DOM CRISTINA e aplicou a mesma
linguagem visual para a página do facebook (figura 59), que vai de encontro à imagética
da nova e melhorada imagem da marca. Desta forma, o site iria permitir ao consumidor
Figura 57 - Exemplo de uma das imagens
publicitárias do licor de mel DOM CRISTINA
Fonte: facebook.com/odomcristina/, 2019
76
saber mais sobre a história da marca, ter à disposição contactos da empresa e ainda uma
loja online, possibilitando o aumento de compra.
Foram criados também, alguns suportes gráficos de possíveis campanhas
publicitárias (figuras 60, 61 e 62), onde se observa a melhorada linguagem visual da
marca DOM CRISTINA. Nestas campanhas manteve-se o conceito à volta da palavra
“mel”, jogando com o elemento da abelha e slogans a acompanhar.
Figura 58 – Aspeto do Suporte Gráfico de u
possível site oficial da Marca.
77
Figura 59 – Aspeto do Suporte Gráfico
da melhorada página do facebook.
Figura 60 – Aspeto do Suporte Gráfico de uma
publicidade ao licor DOM CRISTINA.
78
Figura 61 – Aspeto do Suporte Gráfico de outra
publicidade ao licor DOM CRISTINA.
Figura 62 – Aspeto do Suporte Gráfico de uma
publicidade ao licor DOM CRISTINA no formato horizontal.
79
CAPÍTULO V – CONCLUSÃO E CONTRIBUTOS PARA
INVESTIGAÇÕES FUTURAS
Esta investigação teve como principal objetivo, uma melhor compreensão do
fenómeno branding e como este atua no processo de recuperação e de criação de
identidades. Deste modo, iniciou-se o estudo e análise, focado na recuperação de
identidades visuais de marcas nacionais, bem como na sua visibilidade. Com isto,
surgiu a oportunidade de um projeto exploratório prático, de produção de uma
linguagem visual, em torno da marca do licor DOM CRISTINA.
Com o intuito de responder à questão de investigação “Qual o processo de
branding para a revitalização de uma marca de licor?”, foi necessário recorrer a
diferentes metodologias, para alcançar o sucesso da investigação. A recolha de
informação crucial para o avanço deste projeto foi feita por meio de análises
bibliográficas e de estudo de casos (marcas de licores portugueses), de modo a
enriquecer o conhecimento e necessidades do projeto.
Após o enquadramento teórico e o estudo de casos, foi concluído que as marcas,
sentiram a necessidade de representar confiança e estatuto, de modo a que o consumidor
se defina por meio delas, simbolizando uma identidade própria. É possível referir que a
teoria mais relevante para um rebranding e posicionamento de uma marca no mercado
parte muito de um bom ADN, uma vez que este representa a essência de uma marca.
Uma boa linguagem visual, onde estão presentes os elementos básicos e
complementares, é também importante, para que seja possível responder às
necessidades da marca, comunicando e definindo o seu propósito, de forma percetível,
para o consumidor.
Através desta recolha de informação, concluiu-se que fazia sentido, manter o
nome do licor, dado que este representa em parte a origem da marca, desde a perda da
patente. A empresa lançou uma primeira garrafa “sem nome”, de modo a auxiliar o
consumidor na identificação do produto, antes de lançar a atual, com o novo nome –
DOM CRISTINA. Neste sentido, o projeto debruçou-se sobre a mudança da imagem da
marca, mantendo alguns elementos da sua linguagem, como a forma da garrafa e o
nome, e readaptando outros, como o selo.
80
Através dessa possível e melhorada imagem da marca, mantendo a associação ao
licor original através de alguns elementos da sua linguagem anterior, que retratam
valores históricos e culturais da marca, pretendeu-se com este projeto de mestrado
destacar a importância da prática do design gráfico e a relevância deste no branding,
para a construção de identidades visuais. Todo o processo permitiu descodificar alguns
tópicos essências e identificar a relevância do design como estratégia na construção de
linguagens de marca, revelando-se como um enriquecimento pessoal da candidata e
como um contributo para a produção académica da universidade em que este mestrado
decorreu.
Contudo, existiram algumas limitações, quanto à recolha de informação
referente a alguns dos estudos de caso e à própria marca em estudo, a DOM CRISTINA.
Apesar do primeiro contacto com a marca do licor do algarve ter sido positiva (anexo
7), ao enviar por email (anexo 8), questões pertinentes para o trabalho de investigação,
não foi possível obter qualquer tipo de feedback.
Após a conclusão deste projeto de investigação poderia ser interessante avaliar
se a nova imagem da marca DOM CRISTINA, identifica a essência do produto. Neste
sentido, ao apresentar a garrafa ao público, seria possível captar as interpretações que
este cria, ao percecionar a nova linguagem visual. Uma outra proposta de estudo poderia
focar-se na forma como esta nova linguagem visual se comportaria no mercado
português, compreendendo se esta apresenta uma imagem forte e impactante, ao lado de
outros licores portugueses.
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Figura 26 - “ Campanha Publicitária do LICOR NACIONAL em 2013, com a atriz Rita Pereira onde se
utilizam códigos populares, associados à sensualidade da mulher, sobressaindo a qualidade de ser
português” (2013). Consultado através do endereço http://flagra.pt/noticias/nacional/licor-nacional-lanca-
nova-campanha-com-rita-pereira-10030, acedido em Julho de 2019.
Figura 27 - “Packaging e garrafa da marca LICOR NACIONAL, onde é possível observar-se a nova
identidade visual da mesma” (2016). Consultado através do endereço https://bomdia.eu/licor-beirao-
perde-razao-no-processo-contra-licor-nacional/, acedido em Julho de 2019.
Figura 28 - “ Logotipo da Marca ERIKAE” (2019). Consultado através do endereço
http://www.erikae.pt/, acedido em Julho de 2019.
Figura 29 - “ Embalagem e garrafa da marca ERIKAE” (2019). Consultado através do endereço
http://www.erikae.pt/, acedido em Julho de 2019.
Figura 30 - “ Licor ERIKAE, produto Portugal By Beira-Baixa” (2018). Consultado através do endereço
http://portugalbybeirabaixa.pt/?produto=licores-erikae, acedido em Julho de 2019.
Figura 31 - “Edição especial do licor “sem nome”, com um cartão onde se encontra uma breve explicação
da sua história” (2014). Consultado através do endereço https://planetalgarve.com/2014/10/16/dom-
cristina-o-licor-que-perdeu-o-nome/.
Figura 32 - “Garrafa original do Licor BRANDYMEL” (2014). Consultado através do endereço
https://www.publico.pt/1674733.
Figura 56 – “Imagem comemorativa do Dia do Pai, Licor DOM CRISTINA” (2018). Consultado através
do endereço
90
https://www.facebook.com/odomcristina/photos/a.723122941095262/2496023730471832/?type=3&theat
er, acedido em Outubro de 2019.
Figura 57 – “Exemplo de uma das imagens publicitárias do licor de mel DOM CRISTINA. Consultado
através do endereço
https://www.facebook.com/odomcristina/photos/a.719173578156865/1870993999641478/?type=3&theat
er, acedido em Outubro de 2019.
91
ANEXOS
1. Estudos da Garrafa
92
2. Estudos da Embalagem
3. Estudos da Marca Gráfica
93
4. Fotografias do processo de construção da garrafa
94
5. Fotografias do protótipo final em Estúdio
95
6. Template do site e do Facebook da Marca
96
7. Mensagens do Facebook
97
8. Email