2016_FTM_T3 e 4_v2
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FarmacologiaeTerapêuticaMedicamentosa
Módulo I:ConceitosfundamentaisDaorigemdosfármacosàcomercialização de
medicamentos deusohumano
MaraPereiraGuerreiro
AulasTeóricas3e4
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Atenção!
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Consulte o sumário desenvolvido para verificar objetivos de aprendizagem,
bibliografia utilizada para elaboração da aula e sugestões de trabalho
autónomo
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Sumário
1• Da origem dos fármacos à
comercialização de medicamentos de uso humano
2• Uso “off-label” e uso compassivo
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Origemdosfármacosparamedicamentosdeusohumano
• Atualmente os fármacos são fabricados em laboratório:– Síntese química
• Produzidos através de reações químicas (transformação da estrutura de moléculas originais, resultando em novas moléculas)
– Síntese biológica (ou biotecnologia)• Produzidos a partir de
microrganismos vivos, como bactérias ou fungos (ex. tecnologia do DNA recombinante)
• Geralmente moléculas complexas de alto peso molecular
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Extração do ópio a partir da papoila, antes do advento da síntese de fármacos (Luellman et al, 2010)
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1 - Pesquisa e desenvolvimento
do fármaco
2 - Fase pré-clínica
3 - Fase clínica
4 - Aprovação pela entidade
reguladora
5 -Farmacovigilância
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Dodesenvolvimentodenovosfármacosaomedicamento
3 a 6 anos 6 a 7 anos Patente pós-comercialização: 11 anos
Tempo médio
Custo médio de desenvolvimento: USD 800 mil milhões a 1 bilião
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(Lue
llman
et a
l, 20
10)
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1. Síntese (bio)química: inicia-se com o desenho de milhares de moléculas, com base no conhecimento da doença em questão e do alvo do fármaco
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• Primeiramente realizada in vitro e em sistemas in vivo; depois são realizados testes em animais– Legislação europeia requer uso de duas espécies de mamíferos (pelo
menos uma espécie não roedora)• Permitem conhecer as características do fármaco em estudo
e risco de toxicidade– Estudos farmacológicos
• Fornecem indicações sobre o potencial terapêutico do medicamento, mecanismo de ação, entre outros aspetos
– Estudos farmacocinéticos• Fornecem indicações sobre como chega o fármaco ao seu local de ação e
como é eliminado do organismo, entre outras
– Estudos toxicológicos• Fornecem indicação sobre aspetos como toxicidade aguda e crónica,
mutagenicidade, carcinogenicidade, toxicidade sobre a função reprodutora e risco de malformações fetaisMPG 02/2016 7
Fasepré-clínica
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Ensaios clínicos em Portugal (2014)Fase Nº de
ensaiosNº total de doentesenvolvidos
I 14
9759II 62III 253IV 22
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• “a forma farmacêuticade uma substânciaativa ou placebo, testada ou utilizadacomo referência numensaio clínico, (...)”
Medicamentoexperimental
Fonte: InfarmedAlínea mm), nº1, artigo 3º, Estatuto do Medicamento
Faseclínica
Todos os ensaios clínicos conduzidos em Portugal têm que obedecer ao enquadramento legal em vigor, nomeadamente aprovação ética e registo no INFARMED
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• Habitualmente conduzidos em voluntários saudáveis (geralmente < 100 indivíduos)– No caso de medicamentos antineoplásicos,
podem ser utilizados doentes oncológicos para os quais não existem outras opções de tratamento
– A fase I pode ser estudada em conjunto com a fase II (ex. medicamentos antineoplásicos ou antiretrovirais)
• Duração média de 1 ano • Realizada em centros especializados, com
internamento dos doentes num período inicial e posterior acompanhamento em ambulatório
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Ensaiosclínicos(FaseI)
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• Estudos “first in man”– Doses baixas e únicas num pequeno número de voluntários
• Estudos de escalada de dose– Administração de doses crescentes do fármaco, para determinar
um intervalo de doses que pode ser posteriormente testado– Determinação da relação dose-efeito– Determinação de propriedades farmacocinéticas
• Estudos de segurança– Identificação de efeitos secundários no homem e estudo de
suspeitas de efeitos adversos com base em testes farmacológicos e toxicológicos prévios
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ExemplodeestudosclínicosdefaseI
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Os ensaios de fase I emvoluntários saudáveissão criticados porexporem osparticipantes a danosgraves sempossibilidade de benefício clínico
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RiscodeparticipaçãoemensaiosdefaseI
Diário de Notícias, 16/01/2016
Ensaio de fase I do medicamento experimental BIA10 2474
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• Revisão de processos clínicos de 11 028 participantes saudáveisem 394 ensaios de fase I não oncológicos, nos três centros fase I da Pfizer (Bélgica, Singapura e EUA), entre 2004 e 2011– Correspondente a 4620 indivíduos
• 7028 (63.7%) sofreram 24 643 eventos adversos– 84.6% (n=20 840) ligeiros e 1.0% (n=255) graves – Cerca de um quarto dos eventos adversos não estavam relacionados
com o medicamento experimental (ex. ocorreram no grupo que recebeu placebo ou deveram-se a procedimentos)
– Sem registo de fatalidades– Os eventos adversos mais comuns foram cefaleias, tonturas e diarreia– Na maioria dos casos (98.7%) não foi necessária qualquer ação para
gerir o evento adverso. Descontinuação permanente do medicamento experimental e instituição de tratamento só ocorreu em 67 de 24 643 casos
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OquesabemossobreoriscodeparticipaçãoemensaiosdefaseInãooncológicos?
(Emanuel et al, 2015)
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• Efectuada em voluntários doentes (geralmente 100 a 500 indivíduos) – O desenho do estudo pode contemplar aumento gradual da
dose– Os doentes podem ser integrados de forma sequencial
• Duração média de 2 anos• Pretendem verificar pela primeira vez a eficácia do
medicamento (exploração do valor terapêutico)• Determinação da dose ótima, da eficácia absoluta, efeitos
adversos, entre outros
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Ensaiosclínicos(FaseII)
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• Duração média superior às fases anteriores• Pretende-se avaliar novamente a eficácia e a segurança
do medicamento numa população maior (confirmação do valor terapêutico)
• Realiza-se em voluntários doentes (geralmente 1000 a 5000 indivíduos), selecionados de acordo com critérios rigorosos– Normalmente efetuados em vários países em simultâneo
(multicêntrico)
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Ensaiosclínicos(FaseIII)
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Desenhosdosensaiosclínicos:aspetoschave
• Ocultação – Ensaio aberto (open-label), ocultação simples (doente) ou dupla
(doente + investigador)– Os ensaios de fase I são geralmente abertos
• Controlo – Contra placebo ou comparador– Uso de placebo é eticamente inaceitável se já existirem tratamentos
com eficácia demonstrada ou no caso de doenças graves – Pode ser utilizado em ensaios de fase I, II ou III
• Aleatorização– Destina-se a evitar erros que enviesam os resultados do ensaio– A maioria dos ensaios de fase III e alguns ensaios de fase II são
aleatorizados
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Atividade
1. O risco de eventos adversos para os voluntários em ensaios clínicosé maior em ensaios de fase:A. IB. IIC. IIID. É semelhante nas várias fases.
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• Apreciação do dossiê de Autorização de Introdução no Mercado, com recurso a peritos internos e externos – Nível nacional: INFARMED IP– Nível Europeu: agências de outros estados membros ou agência
europeia do medicamento – EMA
• O proponente deverá fornecer dados sobre a qualidade do medicamento, a sua eficácia e segurança
• A informação sobre medicamentos aprovados está disponível em dois documentos oficiais: – RCM (Resumo das Características do Medicamento): para os
profissionais de saúde– Folheto Informativo: para o doente
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Aprovaçãopelaentidadereguladora
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AcessoaosRCMdemedicamentosaprovadosemPortugal
Para medicamentos aprovados por processo centralizado (EMA) a Infomedremete para o sítio eletrónico da EMA
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1. Nome do medicamento
2. Composição qualitativa e quantitativa
3. Forma farmacêutica
4. Informações clínicas•4.1 Indicações terapêuticas4.2 Posologia e modo de administração4.3 Contraindicações
•4.4. Advertências e precauções especiais de utilização4.5 Interações medicamentosas e outras formas de interação
•4.6 Fertilidade, gravidez e aleitamento•4.7 Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizarmáquinas
•4.8 Efeitos indesejáveis4.9 Sobredosagem
5. Propriedades farmacológicas•5.1 Propriedades farmacodinâmicas5.2 Propriedades farmacocinéticas
•5.3 Dados de segurança pré-clínica
6. Informações farmacêuticas
7. Titular de AIM
8. Nºs AIM
9. Data da 1ª AIM/renovação
10. Data da revisão do textoMPG 02/2016 20
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Circuitodomedicamentodeusohumano
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• Decorrem após a comercialização do medicamento• Permitem avaliar a segurança em grupos de maiores
dimensões e em doentes que não foram elegíveis em ensaios anteriores (ex. idosos, polimedicados)
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Ensaiosclínicos(FaseIV)
Exemplo: EnsaioAPPROVe(Adenomatous Polyp Prevention on Vioxx) e a retirada voluntária do mercado do rofecoxibpela Merck (2004)
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Sumário
1• Da origem dos fármacos à
comercialização de medicamentos de uso humano
2• Uso “off-label” e uso compassivo
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• Consiste na utilização de medicamentos fora das indicaçõesaprovadas, ou efetuada em populações não estudadas (ex. pediátricas) ou em vias de administração e doses não aprovadas– Ex. orlistato para emagrecimento em indivíduos com IMC < 28 kg/m2 e
sem fatores de risco associados, topiramato (antiepilético) para tratamento da dor neuropática
• Permite acesso a medicamentos quando não existe um tratamento eficaz aprovado (ex. pediatria, doenças raras) ou quando se esgotaram as opções aprovadas
• Acarreta geralmente aumento do risco (perfil de segurança fora das condições aprovadas pode ser desconhecido)
• Deve ser fundamentado por evidência científica de boa qualidade e precedido de consentimento informado do doente
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Utilização de medicamentos “off-label”
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• Acesso a um medicamento sem AIM por doentes com patologias crónicas ou debilitantes ou que coloquem a vida em risco, quando não podem ser tratados satisfatoriamente com medicamentos aprovados e não é exequível aguardar até que o medicamento esteja disponível no mercado– O medicamento deve estar em processo de requerimento de AIM ou
em ensaios clínicos• Só são elegíveis para o uso compassivo doentes que não
participem em ensaios clínicos– Após conclusão dos ensaios clínicos é garantido o uso compassivo
gratuito desde que o investigador considere indispensável a continuação da utilização do medicamento e não existam alternativas de eficácia e seguranca̧ equiparáveis
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Uso compassivo de medicamentos
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Atividade
1. Qual das seguintes opções constitui uso off-label:A. Acesso precoce a um medicamento sem AIM.B. Uso de medicamentos experimentais na população
pediátrica. C. Utilização de sildenafil (Viagra) para potenciar o
desempenho sexual em indivíduos sem disfunção erétil.D. Fornecimento gratuito de um medicamento experimental
no pós-ensaio clínico.
2. Resumir mensagens chave da aula
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Atividades relacionadas com trabalho autónomo
1. Dúvidas?
2. Considere o fármaco aripiprazol. Com base no sufixo –prazol qual seria a sua natureza?