Faculdades Integradas Barros Melo

Disciplina: Teoria da Comunicao

Prof.: Marcos Arajo

Resumo de aula

A INDSTRIA CULTURAL

Traos especficos da indstria cultural no Brasil*

Um desses traos relativo homogeneizao da cultura atravs da indstria cultural. No Brasil, porm, esse fenmeno discutvel. Alguns consideram que, em nosso pas, a cultura formada pela indstria cultural est longe de ser homognea. As desigualdades gritantes na diviso da renda nacional impediriam que se falasse na existncia de uma sociedade de consumo. No entanto, as duas ltimas dcadas de estabilidade econmica tm propiciado uma certa mobilidade e ascenso de camadas sociais de renda mais baixa o que, de fato, tem significado aumento da massa consumidora. Outro dado importante que 80% da populao brasileira vivem nos grandes centros urbanos, o que tambm facilita o acesso aos bens de consumo. Mas, mesmo que a indstria cultural tenda a veicular uma s cultura para toda a sua audincia no pode deixar de apresentar vertentes diversas. A indstria cultural apresenta, assim, fatias mais populares, ou popularescas, e fatias mais eruditas, ou erudicizantes. De um lado, na TV aberta, so programas como os de Gugu Liberato, Eliana, Domingo do Fausto, Pnico na TV, Raul Gil; e de outro, so as mini-sries da Rede Globo (Hoje Dia de Maria, A Pedra do Reino, Maysa), e os raros programas de entrevistas ou debates (Canal Livre, Rede Bandeirantes), alm dos sempre citados programas da TV pblica (Roda Viva, da TV Cultura).

A heterogeneidade da indstria cultural brasileira explica outro trao especfico seu que a permanncia do grotesco. Diz-se que uma consequncia da indstria cultural o fato de ela tender para a eliminao do grotesco das manifestaes culturais na medida em que aspira s formas ditas superiores. No Brasil isso um pouco diferente. Aqui a indstria cultural instalou-se no propriamente eliminando a cultura popular, mas sobrepondo-se a ela, permeando-a e a cultura popular, entre ns (mas no somente aqui) frequentemente tecida sobre o grotesco, o chulo, o cafajstico. Outro trao da indstria cultural brasileira a ser destacado o relativo permeao da cultura dela resultante por elementos de diferentes culturas e o consequente fato de essa cultura da indstria cultural no tratar, como se afirma, de temas do cotidiano. Da dizer-se que a indstria cultural brasileira , basicamente, a indstria do divertimento, da distrao, e no da reflexo sobre o que acontece na vida diria. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------* Texto original disponvel em: http://www.indcultural.hpg.ig.com.br/oqueeindustriacultural.htm Acesso em: 12.01.2009.

No entanto, necessrio reconhecer que os programas que atraem grandes parcelas da populao (os que tem nvel de escolaridade superior, inclusive) como as novelas da TV (mas no s elas: programas populares como o Cardinot, aqui na Clube, sobre a violncia urbana e a ocorrncia de homicdios, veiculado pela TV Clube, do Recife, e outros de gneros diversos) trazem sim os elementos da vida comum. Pode faz-lo de modo alienado e alienante e isto que cabe resolver. Mas o que importa notar que mesmo uma indstria cultural colonizada, como se diz, acaba por vincular-se realidade cultural do pas. E isto no por idealismo, mas porque ela precisa vender seus produtos e, para tanto, precisa usar como chamariz algo que chegue mais perto das pessoas. E o grau de alimentao com que o faz bastante varivel. Nem sempre um grau elevado e nem sempre to forte. Perspectivas diante da indstria cultural

Para a maioria dos estudiosos da indstria cultural, pouco ou nada se pode esperar dela no sentido da libertao do homem. Nem de seus veculos isoladamente tomados, como a TV. Para esses, nenhuma modificao resulta positiva (como a reforma da programao da indstria cultural) se no for precedida de ampla reforma ou revoluo estrutural da sociedade. O fundamental no problema da comunicao e da indstria cultural no est nem na questo quantitativa, nem na questo da natureza ou contedo das mensagens divulgadas, mas na estrutura mental e psquica dos indivduos receptores dessas informaes.

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MELO, Jos Marques de. Teoria da Comunicao: paradigmas latino-americanos. Petrpolis: Vozes, 1998. 412p.

WOLF, Mauro. Teorias da Comunicao. 5. Ed. Lisboa: Presena, 1999. 272p.