2014 - Sobre Noi, Matemática, EAD e Roteiro Audiovisual

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    Revista Tecnologias na Educao Ano 6 - nmero 10 Julho 201-

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    Mais um caso resolvido, baby! Sobre Noir, Matemtica, EAD e RoteiroAudiovisual

    Mrcio Henrique Melo de Andrade1

    Renata Kelly Souza de Arajo2

    ResumoEste trabalho traz um relato de experincia em que se analisam as estratgias de autoriana criao de roteiros de materiais didticos audiovisuais (MDAs) para EducaoOnLine por um roteirista-pesquisador. Para isso, faz-se uma discusso terica acerca docenrio educativo online, enfatizando o estado da arte da produo de MDAs nestamodalidade, as principais estratgias de criao narrativa pelos roteiristas audiovisuais ecomo elas podem se relacionar produo de MDAs. Como metodologia, faz-se uma

    breve anlise de trs materiais produzidos por um dos pesquisadores: uma histria emquadrinhos, um programa radiofnico e uma animao, todos envolvendo temas fsicose matemticos. A partir da anlise destes materiais, apresentam-se trs aspectosessenciais para o desenvolvimento do roteiro: a criao de estrutura narrativaenvolvendo personagens, o uso de repertrio cultural do roteirista e do pblico-alvo e oemprego de linguagem coloquial. Conclui-se que roteirizar um MDA que contempleestes trs aspectos podem ampliar as possibilidades didticas no ensino online.Material Didtico Audiovisual; Roteiro Audiovisual; Prtica Docente.

    Introduo

    Com a difuso massiva das tecnologias digitais de informao e comunicao

    (TDICs), o processo de ensinar e aprender foi ressignificado em suas noes de tempo e

    espao, assim como a prtica docente. Alm de conta das mltiplas possibilidades de

    produo, publicao e comunicao que emergem com os Ambientes Virtuais de

    Aprendizagem (AVAs), o docente precisa criar formas de trabalho mais criativas e

    interativas para atrair os discentes (BELLONI, 2001; IMBERNON, 2000). A partir

    disso, pode-se afirmar que a produo de materiais didticos audiovisuais (MDAs) pode

    complementar estratgias que envolvem outras plataformas ou ferramentas, como

    fruns de discusso, chats, material didtico impresso ou eletrnico etc., produtos como

    vdeos, animaes, histrias em quadrinhos, programas radiofnicos, jogos eletrnicos e

    outros com videoconferncia, produo hipermdia, videoaula, dentre outras.

    1 Mestre em Educao Matemtica e Tecnolgica Programa de Ps-Graduao em Educao

    Matemtica e Tecnolgica Universidade Federal de Pernambuco -(PPGEDUMATEC UFPE)2

    Mestra em Educao Matemtica e Tecnolgica -Programa de Ps-Graduao em EducaoMatemtica e Tecnolgica Universidade Federal de Pernambuco

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    De tal forma, este trabalho visa mostrar algumas destas possibilidades, focando

    na prtica de roteirismo a partir da seguinte indagao: na produo de MDAs, que

    atribuies precisa ter o roteirista/docente para triangular a relao contedo-aluno? A

    motivao deste estudo reside na prtica do primeiro autor deste trabalho que, como

    roteirista de MDAs diversos (vdeos, udios, histrias em quadrinhos e animaes),

    pensou em contribuir na criao narrativa audiovisual como prtica docente. Alm

    disso, as pesquisas e prticas de tutora e professora executora da segunda autora

    permitiram um olhar mais contextualizado do uso deste tipo de material.

    1. Embasamento Terico

    1.1.Audiovisual para Educao Online - Tendncias, Especificidades e

    Experincias

    A EAD, com a criao do ciberespao e dos Ambientes Virtuais de

    Aprendizagem (AVAs), vem alcanando mais possibilidades de desenvolver a

    interatividade neste contexto, conceituada por Silva (2011) como sendo a nfase

    consciente nos processos comunicacionais de modo expressivamente complexo,favorecendo a interao e a construo colaborativa de conhecimento. Nesta nova

    configurao, o docente torna-se catalisador das inteligncias coletivas (LVY, 1999),

    auxiliando o aluno no processo de aprendizagem. Os desafios para a concretizao da

    educao online demanda dos docentes a compreenso do conceito de interatividade e

    dos novos papis que emergem neste cenrio (SANTOS, 2010), como, por exemplo,

    designer didtico do AVA, professor conteudista e executor e produtor de MDAs.

    Pode-se dizer que sobre a produo de materiais didticos recai a maioria das pressesdo sucesso de um curso de EAD, necessitando representar "o dilogo entre o professor e

    alunos, tornando os textos, as atividades e as relaes entre os contedos dinmicos e

    criativos(RODRIGUES; PADILHA, 2008, p. 4).

    Por conta destas demandas, os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs)

    comearam a ser empregados com mais frequncia e ser complementados com recursos

    como fruns de discusso online, chats e produtos como vdeos, animaes, histrias

    em quadrinhos, programas radiofnicos, jogos eletrnicos e outros: a) Vdeo ou

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    teleconferncia - Transmisso audiovisual em tempo real (CRUZ, 2007); b) Produo

    Multimdia ou Hipermdia - abrange apresentaes em Power Point, softwares

    educativos e realidades virtuais; c) Teleaula ou Videoaula Transmisso audiovisual

    que no permitir a interao sncrona (TIMM, 2003); d) Srie Ficcional Didtica- Usa

    a dramatizao e a estrutura em episdios (CARNEIRO, 2003); e)Audiovisual ou Vdeo

    Didtico - Combina recursos de cinema, televiso, rdio, histria em quadrinhos etc.

    Contudo, por mais diversificada que seja a produo de MDAs, esta ainda pode ser

    considerada tmida no contexto das faculdades e universidades brasileiras, visto que,

    diante das demandas dos professores em sala de aula, aprofundar-se em uma produo

    deste gnero requer motivao e conhecimentos tcnicos.

    1.2.Narrativa e Audiovisual

    Para a criao de MDAs motivadores, dinmicos e contextualizados, os docentes

    ou empreendedores responsveis por sua produo precisam compreender que no basta

    transpor a lgica de sala de aula para o material didtico: preciso adaptar o contedo

    lgica miditica, calcada na narratividade caracterstica deste meio. A criao narrativa

    perpassa as relaes humanas desde seu incio, nascendo na tradio do contador dehistrias que, segundo Domingos (2009) e Campbell (1990), contava narrativas reais,

    lendas, mitos, histrias de heris e faanhas de antepassados.

    A partir da complexificao das artes da narrativa, outros tipos de contadores de

    histria surgem (dramaturgos, escritores e roteiristas), criando produtos narrativos em

    diversos formatos msicas, filmes, seriados, contos, depoimentos, etc. As narrativas

    multiplicam as possibilidades de o sujeito tomar conscincia de sua prpria condio,

    pois, como afirma Moran (2000), ressignificamos o mundo contando histrias,relatando situaes que se interconectam, ampliam-se, que nos levam a novos

    significados importantes (p.19). Dada a importncia da narrativa na existncia do

    homem, pode-se relacion-la ao roteirista audiovisual, que assume o papel de contador

    de histrias ao criar, como afirma Martin (2003), uma realidade resultante de uma

    percepo subjetiva. Segundo Rodrigues (2007), Field (2009) e Comparato (2000), a

    criao do roteiro ocorre em etapas: o primeiro est no plot, ou seja, num resumo

    mnimo da histria; o segundo, no argumento, ou seja, uma descrio detalhada; e o

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    terceiro, no roteiro, que contm cenas, dilogos e aes. E como este ofcio se

    desenvolve quando se precisa incluir um componente didtico?

    2. Metodologia do Trabalho

    No trabalho em uma instituio pblica de ensino superior em Pernambuco, o

    primeiro autor pesquisador deste artigo roteirizou MDAs em diversos formatos e

    temticas histrias em quadrinhos, programas radiofnicos, vdeos e animaes para

    Graduaes em Fsica, Matemtica, Cincias da Computao e Sistemas de Informao.O objeto de estudo deste artigo foi um roteiro concebido para uma animao do gnero

    noir de uma srie chamada Detetive Paiva , tratando de Funes do 1 Grau

    (Matemtica). A partir de experincias acumuladas em outros materiais que haviam sido

    criados anteriormente, as etapas de criao de roteiro (RODRIGUES; 2007; FIELD,

    2009; COMPARATO, 2000) foram seguidas a fim de transmitir e problematizar os

    contedos de maneira eficaz, empregando o ato dramtico a fim de permitir ao

    espectador identificar-se com as situaes vivenciadas por personagens que precisariamtomar decises e resolver conflitos (SARAIVA; CANNITO, 2004), experimentando os

    pontos de vista destes "sujeitos".Com esta experincia, puderam-se delinear trs

    aspectos a ser considerados na adaptao do contedo para torn-lo narrativamente

    didtico e agradvel de ser consumido: Repertrio Cultural, Estrutura Narrativa e

    Linguagem, destrinchados a seguir.

    3.

    Resultados Obtidos

    Repertrio Cultural

    De acordo com Rabiger (2007) e Rey (2003) afirmam que, para o roteirista criar

    suas histrias, necessrio entrar em contato com ele mesmo, lembrar as histrias que

    j ouviu e que gostaria de contar, com suas referncias (livros, filmes, programas

    televisivos e radiofnicos, experincias de vida etc.), pois, quanto mais referncias ele

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    possui, mais rico ser seu roteiro. Na criao do MDA em anlise, escolheu-se como

    repertrio um gnero cinematogrfico que fosse divertido e auxiliassem na

    contextualizao do contedo didtico.

    Quanto animao Detetive Paiva, escolheu-se o ar investigativo do gnero

    noir (dentro do qual se encontra o chamado filme de detetive) para tratar de

    especulaes sobre o uso cotidiano das funes de 1 grau. A expresso gnero noir

    (negro, em francs) foi concebida pelos franceses aps a Segunda Guerra Mundial para

    nomear alguns filmes criminais americanos produzidos a partir dos anos 40, que

    exibiam especificidades temticas e visuais distintas daquelas surgidas no cinema pr-

    guerra (MATTOS, 2001), considerando temticas relacionadas ao conflito entre a lei e

    o arbtrio, a inocncia e a corrupo, entre as regras da convivncia civil (civilizao) eo universo dos sem lei ou fora-da-lei, um mundo selvagem e primitivo (COSTA, 1987,

    p. 100).

    Quanto aos personagens, criou-se o Detetive Paiva, remetendo figura do

    investigador particular representado como um ser honesto, no conformista, sedutor e

    solitrio (COSTA, 1987, 100) que rene doses de atrevimento, sensualidade,

    inteligncia e romantismo. Alm disso, concebeu-se uma secretria chamada Slvia,

    que, ao contrrio dasfemmes fatalesque controlam sua prpria sexualidade, que fogemdos papis tradicionais do sistema patriarcal (MATTOS, 2001, p. 38), atende ao papel

    de auxiliadora do heri, j que lhe apoia durante sua jornada.

    Estrutura Narrativa

    Mesmo em suportes distintos, a estrutura narrativa que o roteirista emprega na

    criao de produtos audiovisuais se concebe a partir da mesma base, sintetizada porMcLeish (2001) da seguinte forma:

    1. Explicar a situao2. Introduzir um conflito ou ponto de virada3. Desenvolver a ao4. Resolver o conflito (p. 180)

    Como tinha-se a inteno de contar diversas histrias dos personagens criados

    para o Detetive Paiva, para tornar os personagens cada vez mais familiares e

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    aprofundar contedos didticos dentro do universo narrativo criado, selecionou-se o

    formato de narrativa seriada - caracterizado pela diviso em episdios - para a estrutura

    do programa, optando-se por uma serialidade em que cada emisso uma histria

    completa e autnoma [...] e o que se repete no episdio seguinte so apenas os mesmos

    personagens principais e uma mesma situao narrativa (MACHADO, 1999, p. 152).

    Esta estrutura narrativa, a partir do que McLeish (2001) traz, no MDA em anlise, foi

    delineada da seguinte forma nos roteiros produzidos:

    Detetive Paiva Funes do 1 Grau

    1.

    Detetive Paiva e Slvia mantm um escritrio de investigao particular numacidade.

    2. Detetive Paiva recebe um telefonema que lhe contrata para desvendar um caso:

    como se usa as funes do 1 Grau no cotidiano?

    3. Detetive Paiva investiga o caso e, de volta ao escritrio, explica a Slvia que

    resolveu o caso em uma loja de mveis.

    4. A partir das informaes da investigao, eles descobrem um uso da funo do 1

    Grau no cotidiano e resolvem o caso.

    Com a estrutura narrativa definida, o passo seguinte consiste em caracterizar os

    personagens a partir de dilogos e aes dos personagens, construdos de maneira

    positiva para gerar identificao dos alunos com a narrativa e o contedo didtico.

    Linguagem

    Quando se trata dos veculos de comunicao audiovisual, a linguagem mostra-

    se essencial para que uma mensagem seja compreendida pelo pblico, sendo necessrio,

    segundo Paternostro (2006) e Prado (2006), que o contedo utilize uma linguagem

    simples, coloquial, direta. No caso do Detetive Paiva, alm desta coloquialidade, esta

    precisa remeter ao universo figurativo (COSTA, 1987, p. 94) dos personagens com

    termos como "caso", "evidncias", "baby", "pistas", "detetive" etc..

    Nestas primeiras experincias, ainda se encontra certo formalismo instrucional,

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    mas que, com pesquisa e prtica, pode evoluir para uma produo mais contextualizada

    e criativa no emprego de estratgias que envolvam o espectador na narrativa. Este

    equilbrio entre o uso da imagem e do som na narrativa pode ser percebido no roteiro a

    seguir, dividido em duas colunas esquerda, descries de imagem; direito, de som:

    IMAGEM UDIOTela preta com o letreiro Funes LOC 1: FunesImagem da porta do escritrio do detetivePaiva, com o letreiro (Detetive Paiva Investigador Particular). As conversas sedesenrolam em off, com a cmera seaproximando da porta e entrando nafechadura.

    Porta Fechando

    PAIVA: O que voc tem hoje pra mim, Slvia?SLVIA: Ora, um caso muito importante,senhor Paiva.PAIVA: Do que se trata agora, Slvia?

    Vemos a imagem de papis em cima da mesa,com letreiro Funes no dia-a-dia o restantedas letras no conseguimos ler, porque estomuito pequenas.

    SLVIA: Se trata de descobrir onde podemosusar as funes no dia-a-dia.

    PAIVA: Esse um caso difcil, hein? Quais asevidncias?

    Corta pras mos da secretria Slviaescrevendo num bloquinho.

    SLVIA: Bom, ainda no temos nenhuma...Temos de correr um pouco mais.

    Corta para os ps de Paiva andando pela salaem direo porta e ela fechando.

    PAIVA: No se preocupe, nenm. Ns vamosconseguir essas evidncias.

    Imagem de um relgio, com as horaspassando. No fim, marca 8h. A imagem semantm.

    Tempo Passando + Porta Fechando +Passos

    V-se o chapu de Paiva passando em frenteao relgio.

    SLVIA: E a, chefe? Conseguiu algumacoisa?

    Aparece a imagem de uma loja de mveis,como num flashback, com as bordasesfumaadas.

    PAIVA: Claro que consegui, nenm! Vocest falando com o melhor detetive da cidade.Fui a uma loja de mveis e descobri algomuito interessante!

    SLVIA: E o que foi, chefe?Aparece imagem de vrios armriosmisturados com imagens de cifres.

    PAIVA: Eu vi que vrios fatores influenciamno preo de um armrio.SLVIA: Mas que fatores so esses, Paiva?PAIVA: Como disse, eles so muitos, e umdeles o tamanho do armrio...

    Aparece o letreiro Tamanho e um dosarmrios estica e encolhe.Aparece o letreiro Funo. Vai sumindo apoucos.

    SLVIA: Ou seja, se os preos variam emfuno do tamanho, eles so funo da reaque ocupam, no isso?

    PAIVA: Isso mesmo, Slvia!SLVIA: Qual vai ser o prximo passo, honey?

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    Vai-se, ao poucos, desenhando uma tabela. PAIVA: Podemos fazer uma tabelinha pra vercomo construir essa funo, ok?SLVIA: Vamos, chefe!

    Os dados vo aparecendo de acordo com a fala

    das personagens.Volume 5m3 7m3 9m3

    Preo 200,00 400,00 600,00

    PAIVA: Observe: o primeiro armrio tinha o

    volume de 5 metros cbicos e custavaduzentos reais.

    SLVIA: Sei, anotado.

    PAIVA: O segundo, 7 metros cbicos ecustava quatrocentos.SLVIA: Sim?

    PAIVA: E o terceiro, 9 metros cbicos ecustava seiscentos.SLVIA: Pronto, e agora?

    PAIVA: Bom, o nosso prximo passo conseguir evidncias para aprender a construirum grfico com os dados que encontramos.Vou em busca de novas pistas, baby!

    Aparece uns desenhos de grficos de diversostipos entrando e saindo em fade.

    SLVIA: Ok chefinho, ficarei aqui, a postos!

    Fade out

    Em uma anlise breve deste roteiro, percebe-se que, depois de alguns dilogos

    que ambientam o universo noir, faz-se a adaptao das linguagens formais dos livrospara o desenvolvimento do enredo, usa-se exemplos concretos do contedo e se encerra

    o segundo ato do programa, retomando o equilbrio anterior ao conflito. Quanto

    caracterizao dos personagens, na personalidade de Paiva, inseriu-se a figura do

    professor que pesquisa para obter respostas, e, na de Slvia, o interesse nas

    investigaes, procurando superar a viso machista da gnese do gnero noir. A partir

    desta anlise, percebe-se como roteiros ficcionais que usem uma estrutura narrativa,

    desenvolvam o ato dramtico entre personagens e empreguem o repertrio cultural dos

    sujeitos com uma linguagem coloquial, em que o contedo didtico emerjam de modo

    dinmico e contextualizado, podem contribuir no ensino e aprendizagem para expandir

    os limites na criao de roteiros para os MDAs concebidos para Educao Online.

    4. Concluses

    O enfoque que o som e a imagem tm assumido na era digital mostra-se

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    pertinente para abordar a relevncia dos MDAs para este contexto educativo,

    salientando a compreenso deste recurso pelo docente, a fim de favorecer a coerncia

    entre contedo e didtica de forma motivadora. Implementar o uso de MDAs na

    Educao Online demanda que os atores envolvidos na produo, na criao de enredos

    e de personagens, cativem os alunos a partir de uma esttica visual e sonora adequada

    ao universo traado pelo roteirista, o que pode contribuir em uma motivao maior dos

    estudantes no processo de ensino e aprendizagem e na concretizao de uma

    aprendizagem significativa, uma vez que os contedos so associados a situaes reais.

    Ao trabalhar com um repertrio comum aos produtores e receptores dos MDAs, pode-se

    criar uma relao mais horizontal e interativa entre os atores envolvidos neste processo,

    favorecendo a comunicao a partir destas estratgias narrativas. Para estudos futuros,considera-se analisar estratgias de que os MDAs se utilizam para transmitir o contedo

    escolar por meio da linguagem audiovisual, relacionando-as s prticas docentes,

    entrevistando professores e alunos que tenham contato com este tipo de produo.

    Referncias Bibliogrficas

    BELLONI, Maria Luiza. O Que Mdia-Educao.Campinas; Autores Associados,

    2001.

    CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. So Paulo: Palas Athena, 1990.

    CARNEIRO, Vnia Lcia. Televiso, vdeo e interatividade em educao a distncia:aproximao com o receptor-aprendiz. In: FIORENTINI, Leda; MORAES; Raquel(orgs)Linguagens e interatividade na educao a distncia. Rio de Janeiro: DP & A,2003.

    COMPARATO, Doc.Da Criao ao Roteiro: Teoria e Prtica. Rio de Janeiro: Rocco,2000.

    COSTA, Antonio. Compreender o Cinema. Rio de Janeiro: Globo, 1987. 93p.

    CRUZ, Dulce Maria. A produo audiovisual na virtualizao do ensino superior:subsdios para a formao docente.Educao e Temtica Digital. Santa Catarina, v. 8,n 2, p. 23 44, jun. 2007.

    DOMINGOS, Adenil. Storytelling: Evoluo, Novas Tcnologias e Mdia. In:XXXIICongresso Brasileiro de Cincias da Comunicao, 2009, Curitiba.

    FIELD, Syd.Roteiro: Os fundamentos do roteirismo. Curitiba: Arte & Letra, 2009.

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    UERJ- Universidade do Estado do Rio de Janeiro: Faculdade de Educao, 06 a 09 dejunho de 2011.

    TIMM, Maria Isabel et al. Tecnologia Educacional: mdia e suas linguagens.Novas

    Tecnologias de Educao, Rio Grande do Sul, v. 1, n 1, fevereiro, 2003.

    Recebido em abril 2014

    Aprovado em junho 2014