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Caros professores,

o ano passado anunciamos que em 2011 a Faber-Castell estaria completando 250 anos de existência. Para comemorarmos, o Programa Escolar teve como tema “E se o mundo fosse diferente?”. Escolhemos esse tema na ocasião porque, sem sonhar, a educação não avança, e a empresa não teria chegado aonde chegou, depois de tantos anos.

Agora estamos em 2011, ano da comemoração do 250º aniversário da Faber-Castell! Por isso, no Programa Escolar deste ano, escolhemos o tema “Era uma vez...” para contarmos um pouco mais a história da empresa, utilizando como eixo de trabalho os contos de fadas, mais especificamente a obra dos irmãos Grimm. Você deve estar se perguntando: o que uma empresa tem a ver com os contos de fadas? Tudo! E é sobre isso que vamos tratar neste ano no Programa Escolar e que você vai conhecer ao longo da leitura deste material. Tudo foi preparado com muito carinho para você, que todos os dias está na sala de aula buscando criar algo que encante seus alunos para que eles se comprometam cada vez mais com  a aventura da aprendizagem.

Além de se preocupar com a responsabilidade socioambiental, a Faber-Castell, por meio do seu Programa Escolar, todos os anos produz um material educativo e o distribui gratuitamente para mais de 12 mil escolas públicas e privadas de todo o Brasil. Esse material tem como finalidade central estimular os professores a desenvolver atividades didáticas com seus alunos. Tais atividades têm como essência a criatividade e a capacidade de pensar e agir na escola de forma lúdica, sem perder de vista o compromisso com o conhecimento de seus alunos.

A Faber-Castell reforça seu compromisso com a educação ao longo da vida, baseando-se nos quatro pilares do conhecimento da UNESCO: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver e aprender a ser.

Tem sido assim que a Faber-Castell chegou até aqui: ao mesmo tempo em que valoriza a tradição de seus princípios e a competência de seus produtos, utiliza a inovação e a criatividade como caminhos para chegar a novos investimentos, sem abrir mão da responsabilidade socioambiental. Este é seu segredo que, como os contos de fadas, passa de geração a geração, sempre encantando a todos. Esperamos que este material seja para você também um encantamento.

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ÍndiceEra uma vez... A história da Faber-Castell

Recuando até o começo

Oito gerações

A Faber-Castell hoje

Os contos de fadas dos irmãos Grimm

Os irmãos Grimm

Os 4 pilares da educação

Ideias para inventar atividades

Aprender a conhecer

Aprender a fazer

Aprender a conviver

Aprender a ser

Para seguir aprendendo

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ra uma vez...É assim que começam todos os contos de fadas. É a chamada que faz a gente se preparar para ouvir uma história que vai nos encantar, mesmo sem saber exatamente por quê. Muitas vezes até a conhecemos bem e ainda assim nos envolve, qualquer que seja

nossa idade. Isso se passa também com os alunos. Os pequenos pedem para repetir mil vezes a mesma história para sentir as sensações que ela proporciona. Com os alunos maiores o mesmo encantamento acontece, só que a escola, geralmente, decide que contos de fadas são coisa de gente pequena. E sabemos que não são, porque se fossem não teriam sobrevivido tantos séculos. Os contos de fadas, de um modo geral, passam uma mensagem tranquilizadora, que organiza o desamparo, mostrando que sempre existe uma saída, mesmo que se tenha passado por situações difíceis. E isso é reconfortante para qualquer idade. Temos que reconhecer também que algo de instigante se passa com os contos de fadas, já que sobrevivem há séculos! Sabemos que as chamadas narrativas maravilhosas da tradição oral tinham como função ensinar algo, falar dos perigos do mundo, das mazelas dos seres humanos. Enfim, eles aglutinavam as pessoas para ouvir narração de histórias que vinham de longe e que se adaptavam de acordo com o contexto. Era uma experiência que envolvia adultos e crianças. E que acontecia nas diversas classes sociais. Os camponeses apreciavam, assim como a nobreza.

Nos dias de hoje, os contos de fadas ficaram restritos às crianças pequenas. Um equívoco! Eles falam de vida, de medo, de sonhos, de realizações, de perdas. Enfim, de tudo que vamos conhecendo ou vivendo ao longo da vida. No entanto, mesmo rotulados como sendo coisa de criança, castelos, reis, princesas e bruxas nos encantam até hoje. Basta uma princesa de verdade casar-se na vida real que recebe ampla divulgação midiática, nos lembrando dos nossos sonhos secretos de aventuras e romantismo. Então, por que estão restritos na escola aos alunos menores? Que tal pensar sobre isso?

Era uma vez...A história da Faber-Castell

APRESENTAÇÃO

“Afinal, a vida se faz de histórias – a que vivemos, as que contamos e as que nos contam.”Diana e Mario Corso

(Fadas no Divã, Artmed)Podemos usar os recursos dos contos de fadas para contarmos histórias. A história da Faber-Castell, por exemplo, é também uma história de determinação, aventura e encantamento. Como nos contos de fadas, existe um conde que recebeu o título de seus antepassados, título que passa de pai para filho, e que tem um castelo de verdade, cujo desenho está estampado nas caixas de alguns produtos da empresa.

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utro aspecto interessante é que a história da Faber-Castell começou com o marceneiro Kaspar Faber (1730-1783), que fazia lápis para os comerciantes locais e depois montou seu próprio negócio, na cidade de Stein, Alemanha. Ele era contemporâneo dos irmãos Grimm que, como ele, também eram alemães. Jacob Grimm (1785 – 1863) e Wilhelm Grimm (1786 – 1859) nasceram em Hanau, no estado de Hessen. Como personagens de uma mesma história, todos eles viveram momentos difíceis. Nessa época, a

Alemanha estava dividida em vários principados diferentes. Até sua unificação, sofreram grandes turbulências, inclusive guerras. A Alemanha unificou-se em 1871, quando o Rei Guilherme I da Prússia foi proclamado Imperador, fundando o Império Alemão com 25 estados.

Da mesma forma que o marceneiro Faber e seus herdeiros lutaram para fazer seu negócio pros-perar e também para fortalecer a economia da Alemanha, os irmãos Grimm também lutavam, do seu modo, para valorizar a cultura alemã. A forma que encontraram foi resgatar as raízes culturais, coletando e organizando os contos populares, fortalecendo um sentimento nacional. Eles recolheram esses contos, nas muitas versões que apareciam em diversas regiões de língua alemã, com a ideia de capturar a “voz do povo” e assim preservar a cultura local . Estamos comemorando os 250 anos da Faber-Castell aproveitando para lembrar a feliz coincidência de essa história começar no mesmo país e na mesma época de uma das maiores referências de contos de fadas mundiais, os irmãos Grimm. Escolhemos, assim, a magia dos contos de fadas para criarmos o Programa Escolar 2011, utilizando como base para a indicação das atividades os 4 Pilares da Educação, da UNESCO.

Ufa! Parece muita coisa, ou talvez uma complicação, mas não é. Vamos mostrar como escolhemos trabalhar, utilizando tais referências. Mas o importante mesmo, para você professor, é que veja esse material como um exercício de livre criação, para que sirva de estímulo para suas próprias invenções. Assim, podemos experimentar um jeito diferente de ensinar e aprender. O fundamental é ter intencionalidade, saber claramente o que se quer ensinar e como ensinar, para depois avaliar. Aqui é um exercício de inspiração. E está em suas mãos tornar o currículo escolar algo criativo e instigante. Então vamos começar.

Você sabia?Se os irmãos Grimm escreveram suas histórias com os lápis da Faber-Castell não sabemos. Mas Van Gogh sim. Em junho de 1883, ele escreveu para seu amigo e mentor, o artista holandês Anthon van Rappart: “...Também gostaria de lhe contar sobre um tipo de lápis que encontrei da Faber... Têm um preto profundo e são agradabilíssimos para trabalhar em grandes estudos. Eu os usei para desenhar uma costureira em papel cinza sans fin e eles produziram um efeito que lembra o do giz litográfico. Os corpos dos lápis são de madeira macia, pintados de cor verde-escura e custam 20 centavos a unidade”.

A trajetória da Faber-Castell foi marcada por muitos momentos históricos: épocas boas, como também períodos difíceis em que teve que superar revoluções, guerras e crises econômicas. Vamos ver como tudo começou.

ra uma vez um marceneiro chamado Kaspar Faber que começou a fazer lápis, assim como outros artesãos, no século XVIII, na cidade de Stein, Alemanha. Mas não foi ele que inventou o lápis. A primeira prova documental de produção de lápis data de aproximadamente 1660 na cidade imperial de Nuremberg. Bem, mesmo sem ter inventado, ele decidiu que produziria lápis para ganhar a vida. Primeiro ele trabalhou para comerciantes locais e depois montou seu próprio negócio.

Com sua morte, seu filho Anton Wilhelm (1758-1819) assumiu os negócios que já haviam crescido consideravelmente. O local em que construiu sua primeira fábrica, perto de Stein, existe até hoje e abriga a sede da empresa A. W. Faber-Castell.

Recuando até o começo

 Uma dicaTodos os anos, a Faber-Castell cria novos produtos voltados para o público infantil e juvenil. Neste material vamos indicar vários deles. Assim você terá a oportunidade de conhecê-los, junto a uma proposta de atividade.

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Georg Leonhard Faber1788-1839

Lothar von Faber1817-1896

Barão Wilhelm von Faber1851-1893

Conde Alexander von Faber-Castell

1866-1958

Conde Roland von Faber-Castell

1905-1978

Anton Wolfgang von Faber-Castell

Nascido em 1941

Anton Wilhelm Faber1758-1819

Kaspar Faber1730-1784

Oito gerações

O tempo passou, e com a morte de Wilhelm, seu filho Georg Leonhard Faber (1788-1839) deu continuidade à atividade. Porém, na época, os lápis ingleses eram líderes de mercado. Ele entendeu que precisaria investir em estudos e buscar experiências no exterior. Foi o que fez, além de passar todo o conhecimento para seus filhos que viajaram para Paris e Londres e puderam desenvolver ideias que elevaram a fábrica a uma categoria internacional nos anos que se seguiram.

Lothar von Faber, filho de Georg, assumiu a fábrica após a morte de seu pai. Desde o início priorizou a qualidade de seus produtos e em muito pouco tempo conseguiu produzir lápis de excelente qualidade. Foi ideia dele também imprimir “fabrique fondée en 1761”, chamando atenção para os muitos anos de tradição familiar. Ampliou os negócios, conquistando seus próprios clientes internacionais (incluindo os EUA) e a partir de 1855 já tinha uma ampla rede de distribuidores, os quais controlava de Paris. Em 1862, Lothar von Faber recebe o título de barão pelo Rei Maximiliano II, da Baviera, por seus excelentes serviços prestados à comunidade.

Wilhelm era o único filho de Lothar e Ottilie von Faber e, para que se preparasse para assumir os negócios da família, seu pai o enviou para a França, Itália e Suíça para obter treinamento profissional. Wilhelm teve dois filhos, frutos de seu casamento com uma prima, mas com a morte prematura deles, ainda crianças, ele não superou a tragédia e faleceu em 1893, aos 42 anos. Deixou três filhas.

Após a morte da viúva de Lothar, em 1903, a filha mais velha do barão Wilhelm von Faber, Ottilie (1877-1944) assume a empresa, junto com seu esposo, o conde Alexander zu Castell-Rudenhausen, da Casa Castell, cujo nome é datado desde 1057. Surge então uma nova linhagem de condes von Faber-Castell.

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Em 1903, exatamente ao lado do antigo castelo, que foi finalizado em1892 para Lothar von Faber, Ottilie e Alexander von Faber-Castell mandaram erguer um novo e imponente prédio, que virou o símbolo da empresa para parte da linha de produtos. O castelo está localizado na cidade de Stein e é aberto, ainda hoje, para visitas públicas, todo terceiro domingo do mês.

Voltando para a história: os negócios prosperavam e, em 1911, a empresa comemorou seus 150 anos de existência. Mas a Primeira Guerra Mundial fez com que perdesse as subsidiárias e as unidades de produção estrangeiras. Pouco antes de sua morte, em 1928, o conde Alexander von Faber-Castell consegue deixar para seu filho Roland uma companhia sólida e bem administrada. Roland assume a direção da empresa no mesmo ano, administrando-a por meio século. Foi um período difícil, entre guerras e a crise financeira mundial que afetou todos os setores. Mesmo assim, conseguiu incorporar empresas, adquiriu outras marcas e, após a Segunda Guerra Mundial, continuou a abrir subsidiárias no exterior e recomprar as que tinham sido confiscadas na Primeira Guerra.

O conde Anton Wolfgang von Faber-Castell, filho de Roland, assumiu a direção da empresa em 1978, onde permanece até hoje. Nas três décadas que se seguiram, o Grupo Faber-Castell continuou a desempenhar seu papel de empresa global com raízes na Alemanha. Abriu novos mercados em todo mundo, principalmente na América do Sul e Ásia. Passou a se preocupar cada vez mais com os aspectos ambientais. Em meados da década de 80, o conde von Faber-Castell deu início a um projeto florestal único no mundo, no sudeste do Brasil. Em 2008, ele foi eleito “Ecogestor do ano” pelo ramo alemão da WWF.

EUA

México

Costa Rica

Colômbia

Peru

Chile

Argentina

Brasil

FrançaItália

AlemanhaRepública Tcheca

SuíçaÁustria

Índia

Malásia

Indonésia

Austrália

Nova Zelândia

Cingapura

Hong Kong

China

Unidades de produção Escritórios de venda

uma das mais antigas indústrias do mundo, dirigida pela oitava geração da família que a fundou. Com o tempo, a Faber-Castell cresceu, expandiu seu mercado e hoje é líder mundial na fabricação de lápis de madeira reflorestada. Mas não fabrica apenas lápis. Produz uma variada gama de produtos para a escrita, desenho e desenvolvimento criativo, bem como produtos cosméticos.

Atualmente a Faber-Castell fabrica produtos em 10 países do mundo, comercializa-os através de mais de 20 organizações de

venda e é representada em mais de 120 países. Possui a maior fábrica de lápis de grafite e de cor do mundo, que está localizada em São Carlos (SP), sudeste do Brasil, produzindo mais de 2 bilhões de lápis por ano. Como será que conseguiu sobreviver a tantas guerras, crises financeiras mundiais, melhorando cada vez mais seus produtos? Trabalhando muito, investindo em tecnologia e inovação sem abrir mão da tradição. Assim, fez com que todos nós tivéssemos passado pela experiência de ter ou ver uma caixa tão sonhada de lápis de cor da Faber-Castell.

A Faber-Castell hoje

Você sabia?A Faber-Castell possui dez mil hectares de uma floresta de pinheiros, plantados e remanejados, por iniciativa própria da empresa na unidade de Prata, Minas Gerais. Levou 20 anos desde o planejamento até que as primeiras árvores pudessem ser cortadas e é uma valiosa fonte de matéria-prima para a produção de EcoLápis. O projeto inovador atende às exigências do Conselho de Manejo Florestal - FSC (Forest Stewardship Council), cuja certificação é representada por um selo de garantia de origem da madeira.

Unidades de produção Escritórios de venda

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Os contos de fadasdos irmãos Grimm

uem não gosta de ler ou ouvir um conto de fadas? Todos nós gostamos. Não importa a idade. As histórias que hoje conhecemos vieram de longe, de séculos atrás, e também receberam diferentes versões. Surgiram para transmitir a tradição de um povo e também para ensinar algo. Aglutinavam grupos de pessoas, adultos e crianças, em torno de fogueiras para ouvir alguém que tinha uma memória privilegiada. Isso na Europa do século XVIII, embora haja registros bem anteriores, ocorridos no Oriente. É esse acervo

maravilhoso, construído ao longo dos séculos, que permite que a humanidade reconheça a si mesma.

O que era para todas as idades, ao longo do tempo, passou a ficar restrito ao universo infantil. Mais especificamente com a Revolução Industrial, as crianças foram excluídas do mundo do trabalho, na medida em que se criaram espaços separados de produção e do ambiente familiar. Isso também gerou uma infantilização das narrativas tradicionais. Foi aí que as atividades das crianças e dos adultos se diferenciaram e distanciaram. Os adultos pararam de brincar, pois não tinham mais tempo para ouvir histórias. E assim chegamos ao que somos hoje. Uma pena, não? Ainda bem que tem gente que não parou de sonhar e ainda gosta de ouvir histórias!

Os irmãos Grimm

Embora de caráter universal, ao longo do tempo os contos de fadas passaram por transformações na medida em que eram recontados, influenciados pelos seus contextos históricos, culturais e artísticos. Isso faz com que tenhamos diferentes versões de uma mesma história, como por exemplo, a história de Chapeuzinho Vermelho (que para Perrault termina com o lobo comendo a Chapeuzinho Vermelho e a sua avó). Na história dos irmãos Grimm, tem um caçador que abre a barriga do lobo e salva as duas. Foi com o francês Charles Perrault (1628 – 1703, França), que os contos de fadas deixaram de ser apenas narrativas orais e se tornaram literatura. Além dele, os irmãos Grimm e Hans Christian Andersen (1805 – 1875, Dinamarca) foram os maiores escritores de contos de fadas de todos os tempos.

Foram várias as histórias que os irmãos Jacob e Wilhelm escreveram. Muitas ti-veram outras versões, contadas em países diferentes. Em tudo que produziram, mostram o compromisso que tinham com o fortalecimento da identidade nacional. Eles entrevistavam pessoas simples, para buscar elementos folclóricos, populares. Eram apaixonados pela língua e pela cultura. Na época em que pesquisaram e contaram suas histórias, no inicio do século XIX, a Alemanha não estava totalmente unificada e eles participavam de um movimento para unificar a cultura. Suas histórias retratam hábitos populares como um resgate da essência de um povo.

É no contexto de busca das raízes culturais que os irmãos Grimm coletaram e organizaram seus contos, fortalecendo um sentimento nacional, numa época de ocupação napoleônica (período em que o imperador francês Jerôme Bonaparte - irmão de Napoleão - havia invadido a cidade de Kassel, onde os irmãos viviam).

Eles nasceram numa família de classe média mas, após a morte do pai, passaram por dificuldades. Estudaram Direito, com a ajuda de amigos no financiamento de seus estudos e, posteriormente, abandonaram a advocacia para dedicarem-se à literatura. Eram grandes estudiosos da língua alemã, além de historiadores e narradores excepcionais.A primeira obra comum dos dois irmãos, sobre o Hildebrandslied e o Wessobruner Gebet, foi publicada em 1812 e foi seguida, em dezembro do mesmo ano, da primeira coletânea Contos da Criança e do Lar (Kinder und Hausmärchen), com tiragem de 900 exemplares.

Ilustração de Gustave Doré: Chapéuzinho Vermelho (1862).

Wilhelm (esquerda) e Jacob Grimm (direita), pintura de 1855 por Elisabeth Jerichau-Baumann..

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O primeiro manuscrito da compilação de histórias data de 1810 e apresentava 51 narrativas.Em 1815, os irmãos Grimm produzem o segundo volume dos Contos da Criança e do Lar, reimpresso em forma aumentada em 1819. Em 1825, uma nova publicação que condensava os outros três volumes em um único, contribuiu grandemente para a popularidade dos contos. A quinquagésima edição, última com os autores vivos, já totalizava 181 narrativas. Algumas dessas histórias são de fundo europeu comum, tendo sido também recolhidas por Charles Perrault, no século XVII, na França.Nos contos escritos pelos irmãos Grimm sempre há uma mensagem positiva, e fortalecendo a concepção de que quem faz o bem recebe o bem, e quem o faz mal, leva o mal. As bruxas, monstros, lobos e dragões usados nas histórias serviam como um alerta para as crianças dos perigos da vida. Nas suas histórias há sempre uma mensagem de esperança e confiança. Os personagens lutam pelos seus ideais. Há uma preocupação fundamental com a sobrevivência e as necessidades básicas do indivíduo. Algumas de suas obras mais populares são:

• Chapeuzinho Vermelho

• Joãozinho e Maria

• A Branca de Neve e os Sete Anões

• A Bela Adormecida

• Rapunzel

• O Rei Sapo ou Henrique Ferro

• Rumpelstilskin

• O Ganso de Ouro

• Os Músicos de Bremen

• A Gata Borralheira

• O Pequeno Polegar

Ilustração de Gustave Doré: O Pequeno Polegar

gora que já conhecemos a história da Faber-Castell e identificamos os contos de fadas dos irmãos Grimm, vamos apresentar algumas atividades que podem ser feitas em sala de aula, com seus alunos. Será necessário apenas adequar para a faixa etária da turma. Os pilares indicados no relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação do século XXI, conhecido como Relatório Jacques Delors, não se apoiam, exclusivamente, numa fase da vida ou num único contexto. Referem-se à educação ao

longo de toda a vida. Este foi o conceito-chave para os desafios do século XXI. Não se prende à educação escolar, mas abrange todo tipo de educação, valorizando outro conceito: o da “sociedade educativa”, na qual tudo pode ser uma oportunidade para aprender e desenvolver talentos, dentro e fora da escola. Os pilares indicativos da UNESCO têm servido como eixo orientador de muitos currículos escolares, desde o âmbito de uma escola, até em políticas públicas mais abrangentes, em nível internacional. Eles valorizam a redução de assuntos para se aprender, para estudar em profundidade aquilo que faz sentido para a pessoa ou o grupo.

Os 4 pilares da educação

Compreender o mundo através do prazer de conhecer e descobrir.

Conhecer os outros, valorizando aquilo que é comum a todos.

Cada um se conhecer melhor e, assim, compreender melhor o outro.

Colocar em prática os conhecimentos, por meio de situações desafiadoras.

Você sabia?Os irmãos Grimm não trabalharam somente com os contos de fadas. Também deram grandes contribuições à língua alemã. Escreveram O Grande Dicionário Alemão - Deutsches Wörterbuch e fizeram inúmeros estudos de linguística e folclore.

 Uma dicaJá que o assunto é contos de fadas, que tal propor a seus alunos a criação de um livro de contos de fadas da turma, contendo as histórias preferidas? Se forem crianças pequenas, um reconto registrado pela professora, com ilustrações feitas pelas crianças. Caso seus alunos sejam maiores, podem se organizar em grupos para produção coletiva. A Faber-Castell pode ajudar o livro a ficar mais bonito com os EcoLápis de cor Grip ou o Ecogiz Bicolor.

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Ideias para inventaratividades

que apresentamos a seguir são sugestões de atividades, que explicitam sua intencionalidade, tendo como eixo os 4 Pilares e utilizando como mote os contos de fadas. Cabe a você professor ou professora desenvolver tais ideias de acordo com a sua turma. Elas são inspirações que podem ser transformadas, ampliadas ou reproduzidas, conforme sua necessidade. Se tiver receio de seus alunos maiores acharem muito infantil, não se preocupe. Mostre para eles que existem versões modernas dos contos de fadas que se inspiraram nos contos tradicionais, como O Senhor dos Anéis,

Harry Potter ou Shrek. O importante não é apenas a adequação da proposta, mas a capacidade de brincar, sonhar, imaginar e se divertir. Quem disse que a escola tem que ser séria o tempo todo?

Caso experimente alguma dessas atividades ou crie outras, seria importante relatar no site www.faber-castell.com.br. Assim, concretizaremos o sentido da palavra “conversar”, que significa trocar versos. Vamos tentar?

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Aprender aTrata da essência do aprender a aprender. Não se limita apenas a aprender conceitos, mas visa a desenvolver uma formação contínua ao longo da vida. O aprender a conhecer é uma oportunidade de aprender com o diferente e com o igual; com o que está perto ou distante, sempre com motivação para aprender.

“Que eu me lembre, foi assim...”1) Proposta de atividades: Assim como apresentamos a história da Faber-Castell e dos irmãos Grimm, todo mundo tem o que os alemães chamaram de “consciência histórica”. Vai desde as histórias de família até a constituição de uma identidade nacional. É o “estar no mundo”. Pensar sobre isso, aproveitando para contar histórias é também uma forma de fazer vínculos. Mas toda história exige memória e é com ela que vamos trabalhar.

2) Objetivo de aprendizagemDesenvolver a capacidade de situar-se no mundo, por meio das narrativas, de forma cidadã, combatendo a informação que serve apenas para consumo.

3) DesenvolvimentoO foco da proposta é a diversidade das narrativas. Para os pequenos, conhecer a história da sua família e depois contar no grupo de alunos, como se fosse um conto de fadas, é um caminho que ajuda a entender o mundo a partir da sua própria experiência. Por outro lado, escutar histórias diferentes e fazer comparações entre as histórias que todos trouxeram, contribui para a constituição de um olhar diversificado e multicultural, a partir da escuta que podemos ter do outro, e também para aprender com aquilo que não conhecemos.

Para alunos menoresPara os pequenos as narrativas são de ordem pessoal, porque ainda estão se descobrindo, construindo ou inventando suas histórias. É também uma oportunidade de conhecer as histórias dos amigos.

Para os alunos maioresPara os maiores, dá para avançar mais e ter um recorte social como, por exemplo, a história da escola, da região, da cultura local ou até mesmo de algum personagem real.Pesquisar sobre o assunto exige organização e coloca o aluno como produtor de conteúdo. Basta apenas decidir o foco, como a turma vai se organizar para pesquisar e como vai apresentar os resultados, que pode ser em forma de livro, um sarau e até mesmo a criação de um blog.

O importante é reconhecer que ouvir histórias e produzir narrativas nos coloca como protagonistas na vida, sujeitos da cultura e não apenas espectadores.

Uma dicaQualquer que seja o formato escolhido de registro, a apresentação é fundamental! Portanto, desenhar, colorir, destacar trechos dos textos, torna o material mais rico e criativo. Então mergulhe nas cores! Se a opção for trabalho impresso, a Faber-Castell tem uma linha especial que valoriza todo tipo de produção como: EcoLápis Grip; as Canetinhas Jumbo; Ecogiz Bicolor e muito mais. Todos os produtos têm formatos ergonômicos e alta resistência.

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Não basta conhecer. É preciso atuar, intervir, a partir daquilo que se conhece. Seja no campo do trabalho ou da vida. É o ato de fazer que nos fortalece para enfrentar numerosas situações de forma que sejamos cada vez mais capazes de resolver os problemas práticos da vida. O aprender a fazer é indissociável de aprender a conhecer. Combina a capacidade de iniciativa e o gosto pelo desafio.

“O lugar de sonhar”1) Proposta de atividades:Era uma vez num reino distante... Os contos de fadas sempre dispensam coordenadas geográficas reais. Está sempre fora do tempo e em lugar nenhum. É um espaço indefinido, o que permite que o leitor ou ouvinte viaje para o lugar que quiser inventar. Basta imaginar. E é isso que vamos fazer: inventar reinos distantes, do jeito que a imaginação possa voar.

2) Objetivo de aprendizagemPossibilitar ao aluno interpretar e desenvolver estratégias de representações do espaço, produzidas por ele ou por um grupo, reforçando a experiência a partir da imaginação.

3) DesenvolvimentoUsar a imaginação é a base para nos tornarmos adultos criativos no futuro. E como vivemos em um mundo “da falta de tempo”, tudo é dado pronto para os mais jovens. Não se tem tempo para imaginar e viver essa experiência. Mas podemos mudar o rumo dessa história!

Para alunos menoresViajar na imaginação eles sabem fazer bem e conhecer castelos sempre encanta. Se forem construir seus próprios castelos com sucatas, melhor ainda! De preferência com caixas grandes de papelão para poder entrar, pintar e brincar. Assim serão príncipes, princesas, vivendo histórias fantásticas.

Para os alunos maioresCom grupos de alunos maiores, é uma oportunidade de inventar uma cidade ou um castelo do século XVIII ou mesmo uma moradia futurista.

Aprender aFarão representações espaciais que requer acessar vários conhecimentos. Se fizerem em grupos, melhor ainda, porque necessitarão exercitar a escuta e a tomada de decisão. Para esse desafio os alunos, quaisquer que sejam suas idades, terão que pensar em soluções espaciais, trabalhar com limites e escalas. Os alunos mais familiarizados com os recursos das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) poderão criar jogos digitais interativos que estejam voltados para atividades de sustentabilidade no tipo de vida dos castelos.

Uma dicaRecortar para montar construções exige uma boa tesoura para qualquer

idade. A Faber-Castell tem uma tesoura muito especial. Com desenho exclusivo e ergonômico, é ideal para mãozinhas pequenas, além de

ser supersegura e durável.

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Este é considerado, por muitos estudiosos, o mais importante dos pilares para os dias atuais. Significa aprender a viver coletivamente, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências dos seres humanos, no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.

“Miscelânea de personagens”1) Proposta de atividades:São muitos os personagens que povoam os contos de fadas. Das histórias mais famosas, basta dizer uma só palavra para sabermos a qual se refere. Por exemplo, quando pensamos em maçã, a quem nos remetemos? Se pensou em Branca de Neve acertou. E lobo? Esta é fácil, mas tanto pode ser o Lobo Mau do Chapeuzinho Vermelho, como o lobo dos Três Porquinhos e assim vai. Mas e se misturássemos os personagens de histórias diferentes, o que aconteceria? Como conviveriam na mesma história? Aqui está uma atividade que dá para todos, independente da idade, se divertirem muito.

2) Objetivo de aprendizagemDesenvolver a capacidade de reconhecer a diversidade de pontos de vista e situações, saber se colocar no lugar do outro para encarar novos desafios com flexibilidade e imaginação.

3) DesenvolvimentoQualquer que seja a idade é sempre difícil se colocar no lugar do outro. Mas é a partir da visão do outro que conseguimos compreender o mundo, na medida em que aprendemos a construir um olhar diferenciado e também sensível. É a noção do outro que ressalta as diferenças e ajuda a compreender o mundo social. É o que chamamos de alteridade.

Para alunos menoresSe seus alunos forem pequenos, discuta com eles que personagens poderiam entrar na história preferida do grupo. Já imaginou se João e Maria encontrassem os 7 anões que ajudaram a Branca de Neve? Será que ficariam amigos? E se a Bela Adormecida se apaixonasse pelo mesmo príncipe da Rapunzel, como resolveriam a questão? Seria interessante a construção de uma história coletiva, em que os personagens de histórias diferentes fossem entrando e para a qual o grupo teria que encontrar soluções. Tudo, claro, devidamente registrado, para depois compor um painel para a sala de aula.

Para os alunos maioresJá para os alunos maiores, eles poderiam relatar o que inventaram por meio de outros gêneros textuais como, por exemplo, a produção de um jornal com diversas notícias, desde página policial até entrevistas, ou mesmo uma receita de beleza. Como a Bela Adormecida conseguiu dormir 200 anos e ainda acordar linda? Deve haver uma receita rejuvenescedora. Depois das ideias montadas, não se esqueça de registrar tudo por imagens e textos escritos, que pode ser um jornal impresso ou digital.

Aprender a

Uma dicaPara fazer um bom jornal é preciso andar com um caderninho e ir anotando

tudo para depois ser editado e/ou digitado. A Faber-Castell tem a caneta Esferográfica Trilux com a escrita macia, sem falhas ou borrões,

o que ajuda muito. Tem ainda o Marca Texto, com cores superfluorescentes e formato ergonômico para destacar

aquilo que é fundamental.

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Se não formos capazes de desfrutar de nós mesmos e da vida, não conseguiremos atingir os demais pilares. Serve para desenvolver, o melhor possível, a personalidade. Precisamos aceitar como somos, mas procurando melhorar sempre. Não negligenciar nenhuma das potencialidades que possuímos.

“A beleza de cada um”1) Proposta de atividades: Os contos de fadas estão cheios de personagens típicos de cada papel. Uma princesa é sempre magra, linda e loira. A bruxa só usa a cor preta nas suas roupas, é velha, feia e tem cabelos escuros. Já os príncipes são sempre fortes, jovens e bonitos. Mas e se fosse diferente? Se mudássemos este padrão?

2) Objetivo de aprendizagemEstimular a capacidade de autoconhecimento, valorização e respeito pelas diferenças, rompendo com estereótipos e fortalecendo as potencialidades de cada um para poder agir com autonomia, como um ato de cidadania.

3) DesenvolvimentoOs padrões de beleza são determinados pela estética de cada época. Por exemplo, a Cinderela criada por Perrault no século XVII, na França, sob a influência da sofisticação da corte de Luis XIV, usava trajes luxuosos e sapatos de cristal, de tamanha delicadeza. Já a Cinderela dos irmãos Grimm não tem traços tão nobres. Ao contrário, em função do ambiente rural em que viviam, os autores alemães (que também passavam pela ocupação napoleônica do século XIX) retratam uma indiscutível violência, quando as irmãs da Cinderela cortam os dedos e calcanhares para provarem o sapatinho, que não era de cristal. Hoje vivemos o tempo do culto à juventude, da valorização da magreza dos corpos e do excesso de consumo. Mesmo sabendo que retratam um contexto histórico, não podemos deixar de interferir, como educadores que somos, pois a imposição desses modelos gera problemas graves de autoestima em crianças e jovens. E como também vivemos o tempo de revalorização dos contos de fadas e seus personagens, é uma boa ocasião para refletir com seus alunos sobre tais padrões. Já reparou que as princesas estão no auge? Parte desse sucesso se deve ao trabalho dos Estúdios Disney, EUA, que desde a primeira metade do século XX colocou os contos de fadas em forma de desenho. O sucesso foi tanto que nunca mais pararam. Nesses desenhos, o perfil dos principais

Aprender a

personagens foi reforçado, como princesas magras, lindas, etc. e isso, de alguma forma, determina o sonho de consumo de muitas crianças. Mas podemos e devemos não incentivar tais estereótipos para ensinar as crianças e jovens a se aceitarem como são.

Para todos os alunosUm caminho a ser seguido pode ser criar histórias cujos personagens tradicionais sejam exatamente o oposto do que tem sido determinado pelos diferentes veículos de comunicação. As crianças podem imaginar, desenhar e escrever histórias, cujos personagens centrais sejam surpreendentes. A princesa pode ser gorda, gostar de usar preto e nunca querer casar. Um príncipe fraco e medroso, que não consegue salvar ninguém e talvez uma bruxa que seja também fada. Pode ser ainda uma princesa pobre, sem castelo. Um reino que exista no fundo do mar, ou no espaço. A vassoura da bruxa pode ser um foguete ou uma prancha de surfe. Enfim, a proposta é criar o diferente, quebrando modelos impostos, sem perder a magia dos contos de fadas. Depois de muitas invencionices, vale montar uma exposição na escola para mostrar que os contos de fadas nunca morrem e que podem ser reinventados sempre!

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Assim chegamos ao final do que preparamos para você. No entanto, ensinar e aprender são ações dinâmicas e nunca param de acontecer se estivermos abertos para isso. Encerramos aqui, mas seguimos estudando, sempre. Porque trabalhar com educação significa formar gente. Educar significa tornar o “filhote” de homem em ser humano, sujeito de uma história pessoal. Para desempenhar tal responsabilidade precisamos seguir acreditando que podemos sempre melhorar aquilo que fazemos de melhor, que é garantir aos alunos o direito de aprender, mas com muita criatividade e imaginação. E sempre nos lembrando que tudo tem história! E é bom conhecê-las para aprender com a experiência.

BibliografiaCHARLOT, Bernard. Relação com o Saber, Formação dos Professores e Globalização. Porto Alegre. Artmed Editora, 2005.

CORSO, Mário e Diana. Fadas no Divã. Porto Alegre. Artmed Editora, 2006.____________________. Psicanálise na Terra do Nunca. Porto Alegre. Penso, 2011.

FREIRE, Madalena. Educador. São Paulo. Editora Paz e Terra, 2008.

PERRENOUD, Phillipe. Escola e Cidadania. Artmed Editora, 2005.

TATAR, Maria. Contos de Fadas. Rio de Janeiro. Zahar Editor, 2004.

UNESCO. Educação um tesouro a descobrir. Impressão com o patrocínio da Faber-Castell. Brasil, 2010.

Para seguir aprendendo Era uma vez...a história da Faber-CastellPublicação do Programa Escolar 2011, da empresa A.W. Faber-Castell Concepção e elaboração: Lourdes AtiéProjeto gráfico: Studio 11 ArtesImpressão: LeoGrafwww.faber-castell.com.br Nota: A parte histórica do encarte é uma adaptação da publicação“Faber-Castell 250, 1761-2011”, editada pela Faber-Castell AG.

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