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    Oll.; t j_z, Renat OJt9. Fennande.s, ,FloJtu.tan, coond , P..i.e.JlAe BoUll.cLi. l t- S o c i o l o g i a . s a o P a u l o : x t i c a ,

    1 9 8 3 .

    4. 0 CAMPOCIENTIFlCO

    A sociologia da ciencia repousa no postulado de que a verdade doproduto - mesmo em se tratando desse produto particular que 6 averdade cientifica - reside numa esp6cie particular de condi~s sociaisde produ~o; isto e , mais 'precisamente, num est ado determinado daestrutura e do funcionamento do campo cientffico. 0 universo "puro"da mais "pura" ciencia f t um campo social como outro qualquer, comsuas rela~ de for~ e monopol ies , suas Iutas e estrat6gias, seu Inte-resses e lueros, mas onde todas essas Invariantes revestem forma. ape-cHicas.

    A'luta pelo monop6lio cia eompet~Del.eieDtffieao campo cientffico, enquanto sistema de rela~6es objetivas entreposi~6es adquiridas (em lutas anteriores), 6 0 lugar, 0 espa~ de jogode uma luta concorrenclal. 0 que est' em jogo especificamente nessa luta6 0 mODo~lio da Qutor ldade c ien tl /i ca def in ida , de maneir i. inseparAve l,como capacidade t6cnica e poder social; ou . se q uiserm os, 0 mono-p6lio da c ompe tln cia c ie nlt/k a, compreendida enquanto capacidade de

    R eproduzido de BotJIDIIU. P. Le champ acientif ique . Acttl d, la R,ch"ch~",Sci f l lCU SocW~, D e 2/3, J U D . 1976. p. II UM. Tradu~o de Pau la Montero.

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    falar e de agir legitimamente (isto e , de maneira autorizada e com auto-ridade j , que e socialmente outorgada a u rn agente determinado 1.Dizer que 0 campo e urn lugar de lu tas nio e simplesmentc romper

    com a im agem irenista da "com unidade cientffica" tal como a haigiografiacientffica 8 descreve - e, muitas vezes, depois deja, a propria sociologiada ciencia. Nao e simplesmente romper com a id6ia de uma espCcie de"reino dos fins" que nio conheceria senao as leis da coDcorrencia purae perfeita das ideias, infalivelmente recortada pel. fo~ mtrinseca daid6ia verdadeira. . E tambem recordar que 0 proprio funcionamento docampo cientifico produz e supije uma forma esped/iaz de interuse (aspraticas cientificas nao aparecendo como "desinteressadas' senio quan-do referidas a interesses diferentes, produzidos e exigidos par outroscampos).Falando de interesse cientifico e de autoridade (ou de competencia)cientifica, pretendemos afastar, desde logo, as distin~ que habitam,implicitamente, as discussOes sobre a ciencia, Assim, tentar dissoc:iar 0que, na competencia cientifica, seria pura representa~o social, podersimb6lico, marcado por todo um "aparelho" (no sentido de Pascal) deemblemas e de signos, e 0 que seria pura capac:idade ~ca, 6 airoa armadilha constitutiva de toda competencia, , a z a o I O C i a I que seJegitima apresentando-se como rwo puramente t~cnica (conforme vemos,por exemplo, nos usos tecnocraticos da n~io de competencia) 2. Na1Dua. obaerva~6es ripid.. para" evitar poastveis mal-entendidOl. Primeiramente,oio Ie pode reduzir .. rela~ objetivlI que do c:oDItitutivu do campo aoCOIIjUDto du Int~,af&.r, DO leotido do interlcicmiuno, iato ~ ao conjunto due1IIGII,Uu que, nB realidade, ele detennina. Par outTo Jado, , DeCalbio precisaro que _pilica ser socialmeDte reconhecido. VerClDOl que 0 arupo que coaferecae recoahecimento tende, cada vez mail, a reciuzir-IC ao coajunlO dol cientiltal(011 COIICOJleDleI) medida que crescem 01 rccUl"lOl cientlficol acumuladpe e.corrclativlDIeate, a autonomia do campo. ,J0 C O D . f I i t o relatado par Sapol,ty calle 01 pa.rtidUiol d. lluo~ isto f. 01deleDtora da autoriciade oficial (A.'lla ollieill/I), que .. eltimam 01 t1nicol c o m -pcCeDlCIC Iq mat'ria de sa6de plibUe&. e 01 advenUiOi ~ iDo~ coliC 01quaia coatam inl1merot cientUtu que, 101 olhol oficiaiI. ultra-pl am 01 MJimiIeide leU pr6prio cam po de com pet'o cia", permico pen:cbcr claram enle v erdadeI O C i a I c i a c omp et'n cia c omo paJav ra au co riz a cla 0 de autor idade qu e -" em joaoaa IUla 'enll'e 01 a r u p o a (ct. 5.uoI.aY, H. M. Sc:ieoce, v o c e n aad the fluoridadoaCOGtroveny . Sc/~nce, v . 162, 2' out. 1968, p. 421-33). Hunca 0problema dacompet6ncia Ie colocou com lanla acu idade e cJareza como au rel~ COlD 01" pro fa no a" . (Ver DUNES, S . B . On th e receptio n o f scientific beliefs. In: -.,or,. Soc/oloO 01 $citnct: Lond re a. P copin , 1972. p. 26''1; BoLTAMBJ, L eM.wxoIEl , P. Carriire aeientifique. morale lC ienlifaq ue el v ulprisaC ioo. I , , / o r -I r U J l Io I I I " , la ,Scltnct$ S o e l l l l e . l . 3 (9). 1910,p. ".U8.)

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    realidade, 0 "augusto apa.relho" que envoJv e IqueJes a quem cham4-vamos de "capacidades" no 1ku10 paaado e de dcompet~cial" hoje- becas ru bras e arm inh o, lO tIinas e capelO i dos magis t radOl e dou -tores em ou tros tem pos, tftulOl esco larea e distin~ cientffical dos pes-qu isadores de hoje - eua "ostentl~o tid autentica", eomo diz ia P ascal,toda essa r~lo social que nlda tem de so cialm en te fjctlclo , mod ifieaa perce~o social da capaddade propriamento t6cnica. Assim, 01 julga-mentes sobre a capacidade cienUfica de um estudante ou de um pes-quisadar atio snnp,e C01it t Iml1uIdoI, DO transcuno de lUa carreira, peloconhecimento da posi~o que ele ocupa Das hierarquias in stitu fda s (a sG randes E scolas, oa Fran~ ou as univenidad~ por exemplo, DOSEstados Unidos).

    Pelo fato de que tod8s 81pdtical alio orientadas para a aqui-si~o de autoridade cientrtica (preitlgio, reconhecimento. ceJebridadeetc.), 0 que chamamos comumente de "interesse" po r uma atividadecientffica (uma disciplina. um setor deaa discipline, um m6todo ete.)tem sempre UlD8. dupla face. 0 mesmo acontece com as estrat6giasque tendem a assegurar a .. tfsfa~ desse interesse.,.f!1. Um. lD4IiIe que tentaae IIoIar uma cUm.'1o puramente "polfdca" DO.amfJitos pel. domiD~ do campo cientUico aeria tlo faJsa quanto 0 partlpri .r inveno, mail freqilente, de IOmente conaldew u determiD.~ "puru"e puramente intelectuais dO l cOnrutOi cientffiCOl. Por exemplo, luta pel.obt~o de crfditOl e de inltrumentoa de paqufaa que hoje o p a e 01 especla-liatu nlo Ie reduz jam.. a uma IImpl. luta pelo poder propriamente"pol&ioo".Aqueles que .do llreote du p'IIlda burocraci cieDtHicu s6poderio impor IUa vit6ri. como IeDdo um. vit6ria c ia dead. Ie foremcapazes de impor uma defin~1o de ci61cia que aupoaha que boa lIlaaeirade faur dhci. impUca utilizl910 d...... de um. p'IIlde burocraciacieadfica, provida de c : r i c U t O I . de eiquiPlJDeDtOi t6 :raiCOl pod.... d. umam lo-de-obra abu adante. A Iafm , ela C OD Ititu em em meroctoloaia u niv enal e.~ etema a pdtic:a de 1OIId.... com amplu aJIIOItI'apIII, oper.~ de.{ .ttL. aD.u.e estat&tica dOl.sadOi e form.JiZl~1o dOl raultadol. ialtaUl'Uldo. como~ medid. de toct. pddca cillltffica , 0 padrlo m ail f.v criv el U lu a capacldades

    o f intelectu ais e institu do nail. R eciprO came:o te, 01 C O D f U t o I epfatemol6afCOl ,10., semp~ insepanvelmente. C O D f I i t o i polfticoa; -im. uma paqufaa l OMe 0' i . pocJer DO campo c ientf f" aco poderla perle ftamen te 16 eomportar q ueat3el apa-! reotemeate epiatemol6aica.~ De uma derlDi~o rigorosa do campo cientffico enq uanto espa~oobjetivo de um jogo onde com prom iasoa cieotflicos esllo engajadosresu lta que 6 in6ti1 diltiD gu ir entre .a determ in.~1 prcpriamenteclentH icas e as determinl~ propriamente s o c i a i s dl. pr4tical elsen-

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    cialmente . robred~ennJnat IJu . a precise citar a descri~o de Fred Reifq ue m ostra, q uase inv olu Dtariam ente, 0 qu anta ~ artificial e m esmoim pou {v el a distin~o entre interesse intrfnseco e interesse ex trfnseeo,entre 0 qu e 6 importa nte para a pesquisador detenninado e 0 q u e ~imponante para os ou tros pesq uisadores.

    "Um cientista procura fazer 81 pesquisu que ele considera importaDtea.Mu saluf~ao Intrlrutca t0 ;"tn'~jj~nao 100811M un;c t I I moti"IIfOn.lito traDlparece quando observamos 0 que acontece quando urn pesqui-sador deacobre um. publica~lo com os resultados a que ele estava quasechegando: fica quase sempre transtomado, ainda que (Iintot.ut lntpfn-seco de aeu trabalho 010 teah. lido '.fdado. lato porque teU trabalhon a o d~t ser Inte,.ullUlte lo,"~nte par elt. nuu d"e ser tGll'lblm Impor.tant para.OI Olltl"O$" '.

    o que 6 per ce bido como im portante e interessante 6 0 que tem ch au cesde ser reconhecldo como importante e interessante pelos outros; por-tmto, aquilo que tem a possibilidade de fazer apareeer aquele queo produz como import8Dte e in teressan te 8 0s olbas dOl oulrVs.Para nio coJl~r 0 risco de voltar l fllosofia i de al is t&, quecoo fae1 dena. 0 poder 4e Ie desenv olv er segu ndo sua 16sica imaaeate 4.6 preciso supor que os iDvestimentos se organizam com referenda um a antecip~o - conscieote ou inconsdente - das ch ances m6Jiasde Iuao em fun~o do capital acumulado. A ssim , tend&nc:ia dospesquisadores a se conceu trar DOS problemas C O DsideradO i com o osmail importantes se exptia pelo fato de qu e um a CODtn1rui~o ondeacoberta concernente essu q uestaes traz um lucro sim l6lico m a aimportante. A intensa competi~o assim desencadeada tem todas as chan-ces de determ inar um a baix a au tull m6dias de lucro material e/ousim b6lico e. conseqaentem ente, um a m i~o de pesq u iadores em di-~o DOWS objetos menOi paestigiados, mas em torno do. quais competi~o , meDOi forte.

    A d1st~ que MertoD estabelec:e (., referir-se is diad. lOdais)entre conflitOi -aodais" e ecmf I i tO i Mintelectuais" coastitui ama estra"Jia. R Io t, F. 11ae competit ive world of th e pure lC ieod l t . Scldce, ., des. lMl,134 (3494). p. 1'57-62.4Como fa KuIm. quaado ..... que II 'Wfol~ cieatIfiea" a6 apareceal ...o eqotameoto dol puadipaaa. Deve-te. cxnnpreender, a partir cia lIIeIIIIa l c S P c a . u traasferhciM de capilli deUIb campo determiudo ..... UDl campo l O C i a 1 m e a t e iDfior, GlIde 1IIDa compe~~ iateala Plomete Jucro maio r 10 detealor de am determ iD aclo capitaldeatffico.

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    80 rnesmo tempo 8()ciaJ e inteJectu aJ, que tende a impor uma delimita~Aodo campo dos objetos Jegftimos de di8cusslo t. Com efeito, reconhece-senessa dis~io urn. das estrat~gias pel. qual a lOCiologia americana oficialtende a garantir sua respeitabiJidade acad8miea e a impor uma delimita~iodo cientffico e do nio-cientffico que lhe permits coiblr toda pergunta que,considerada como cientificamente inconveniente, pooh. em questio os funda-mentoi de sua respeitabilidade".

    Uma autentica ci~nciada ci~ncia s6 pode eonstituir-se com 8 con-dj~o de recusar radicalmente a oposi~io abstrata (que se encontratam~m na hist6ria da arte, por exemplo) entre uma an8lise imanenteau interna, que caberia mail propriamente 1 epiatemologia e que resti-tuiria a J6gica segundo a qual a ciencia engendra seus proprios pro-blemas e, uma an4lise enema, que relacionaria esses problemas 1scondi~s socials de seu aparecimento. a 0 campo cientffico, enquan to]ugar de luta politic. pela' domiDa~io cientffica, que design. a cadapesquisador, em fun~io da posi~o que ele ocupa, seus problemas,indissociaveImente polfticoa e cientfficos, e seus m6todos, estrat6giascientfficas que, pelo fato de se defmirem expressa ou objetivamente pelareferencia ao sistema de posi~ polfticss e denUfical constitutivasdo campo cientifico, alo ao mesmo tempo estrat~gias politicas. Nioh4 "eseolha" cientffica - do campo da pesquisa, dOl m~todos em-pregados, do lugarde publica~o; ou, ainda, escolha entre uma publi-ca~o imediata de resultados parcialmente verificados e uma publ i-ca~o tardia de resultados plenamente controlados !- que nao seja

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    (CcmfJito social: di.tribui~o de rec1Il'IOI ifttelectuail entre 01diferentes tipos detra""ho lOCiol6aico. CoafIito iotelec:tual: opoti~o de id~i.. lOCiol6pcaa risorosa-meate formuradu. (N. do T.)] Ver MI!IlTOM. R. K. rh. MlClolon oj 4Clenc~oChiCiIO e Londrea, The Univenity of Chlcaao Prell. 1973. p. 55.fEntre a. inumeru expraa&!l deue credo neutralista, etta , partieulan:nente.rpica: ttEaquanto profiaioaail - unlvenitriOi ou t6cnicOi - os soci61ol0l aec:oaIideram eaencialmftte capua de I e P a r a r . em nome do eentidO de responl8bifidade lOCial. aua ideoloai. P-oal de leU papel profiaional ftU IU.. rel.~com leU pares e c:lientes. Est' claro que ate 6 0 resultado mall acabado da.pJica~o do conc:eito de prora.ionaliz a_ o llO C ioloaia, particu Jannente no perfododo atiY ism o univenidrio que com . em 196'. A partir da or .. ni1a~o da lOCio-lo ai. como d isc lp litta, mu itO i 1OC i 610101tiv enm ideo lo li .. peuoail muito Intensa.q ue 01 lev .Yam tentar colocar leal coahecimentol .~ da tran.form.~losocial, q uando, enq uanlo univ enit6riO l, eles dev eriam afroD tar 0 problem a diSnormu que se implem 10 profeaor e ao pesquilador". ( JAMOWtTZ , M. Th~Amn[c"n Iou,",,' 01 Socio /o l1 , 1 ' . (I), jul. 1972, p. 105-3'.) .8HAosnOM, W . D . Th~ l'Ci,,,tl/lc comml l" ' I1 . N ov a Y ork , Basic Books,. 1965.p. 100.

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    urns estrategia polftica de investimento objetivarnente orientada para aniaximjZ8~ao do lucro propriarnente cient if i co, isto e , a obten~ao doreconhecimento des pares-concorrentes.A 8C11mo Ja~o do capital clenfffico

    A luta pels autoridade cientffica, espeeie particular de capital sodalque assegura urn poder sabre os mecanismos constitutivos do campo eque pode ser reconvertido em outras especies de capital, deve 0 essen-cial de suas caracterfsticas ao fato de que os produtores tendem, quantomaior for 8 autonomia do campo, a 56 ter como posslveis clientes seusproprios concorrentes, Isto significa que,' Dum campo cientifico forte-temente aut6oomo, um produtor particular 56 p od e es pera r 0 reconbe-cimento do valor de seus produtos C'reputa~ao", "prestlgio", "antori-dade", "competencia" ete.) dos outros produtores que, sendo t amNmseus coneorrentes, sio os menos inclinados a reconhd-Io sem discussioou exame, De fato, somente os cientistas eogajados DO mesmo jogodet&n os meios de se apropriar simboJicamente da obra cieotffica e deavaliar seus mmtos . E tambmt de direito: aqueJe que faz apelo a umaautoridade exterior 80 campo 56 pode atrair sabre si 0 deserfdito.Muito semeJhante, sob -este aspecto, a um campo artfstico fortemen1eautenomo, 0 campo cientffico deve, entre outras eoisas, 'sua especi f i -cidade 80 fato de que os concorrentes oao podem contentar-se emse di . r t inguir de seus predecessores ja reconhecidos. Eles s a o obrigados.sob pena de se tomarem ultrapasados e "desqualificados", a integrarsuas aqujsi~ na constru~o distinta e distintiva que os supera ..Na luta em que cada um dos agentes deve eugajar-se para imporo valor de' seus produtos e de sua propria autoridade de produtor 1e.,-t Fred Reif lembra que _quel. que, preocupadOlem Vel leU! trabalbol pubJicadoIo inail rapidamente possfvel. rec:orrem 1 imprensa coddiana, .lraan a . ep!o~de IeUl par ea -conco lT 'eD te s. em nome cia di.ti~o enlre , . .blictI#ID e " "b 'ic I4 _~ ..Importanta deecobertu em asica, par exemplo, fonm, _m. anuncilMla DONewYork Tlm~l.A mesma disti~o orienta u atihlda com reJ~ a cettu forlDlSde YUlpriza~o, lempre IUspeital de aio eerem mail do que forma eufemlsdcud e .u to div u lp ~o . BUIa. citar 01 com ent6rio1 do editor do . i o n i a . oriNl doltr.icoa am ericanO l: "P or cor1eIi. para com 01 col.. , 01 au tora tim 0 bibito deimpedir toda divulp~ publica de IeUI artip, antes de temn apanJC ido _rev i lt a c iendfica . At' descobertu cientffic:as aio do matmu de ~ ,.,..01 jomail e todO i 01 meios de com unica~o de Massa dcvem ler l imultaneamenteaceuo l informa~lo. De llOra em dia nte, rejeita rem o s tOOos 01 ani... c:ujo COD-relido i'reuba lido pubJicado aa impreasa c:otidiana" (REIF, P. Op. dL).

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    128tirno, esta sempre em jogo 0 poder de impor uma definicao da ciencia(isto e , a de lirnitacao do campo dos problemas, dos metodos e dasteorias que pod em serconsiderados cientificos) que mais esteja de acordocom seus interesses especfficos, A definicao mais apropriada sera a que1he permita ocupar legitimamente a posicao dominante e a que asse-gure, aos talentos cientfficos de que ele e detentor a titulo pessoal auinstitucional, a mais alta posicao na hierarquia dos valores cientificos(por exemplo, enquanto detentor de uma especie determinada de capitalcultural, como ex-aluno de uma instituicao de ensino particular ou entaocomo membro de uma instituicao cientifica determinada etc.). Existeassim, a cada momento, uma hierarquia social dos campos cientificos -as disciplinas - que orienta fortemente as praticas e, particulannente,as "escolhas' de "vocacao", No interior de cada urn deles ha umahierarquia social dos objetos e dos metodos de tratamento 10.

    As discussoes sobre a prioridade das descobertas opoem, em mais de urncaso, aquele que descobriu 0 fenorntmo desconhecido sob a forma de umasimples anomaIia, de uma falba nas teorias existentes, e aquele que faz dofato desconhecido urn fato cientifico novo, inserindo-o numa constru~ao cien-tlflca irredutivel ao simples dado bruto. Essas discussoes politicas sobre o'direito e a propriedade cientifica, que sao ao mesmo tempo debates sobre 0sentido do que foi descoberto e debates episternologicos sobre a natureza dadescoberta cientifica, opoem na realidade, mediante protagonistas particulares,dois principios de hierarquizacao das praticas cientfficas: urn que confereprimazia it observacao e a experirnentacao e, portanto, as inclina~oes e capa-cidades correspondentes, outro que privilegia a teoria e os "interesses" cien-tfficos correlatives. Debate este que nunca cessou de ocupar 0 centro dareflexio epistemol6gica. .

    Assim, a definicao do que esta em jogo na luta cientffica faz partedo jogo da luta cientffica: os dominantes sao aqueles que conseguemimpor uma definicao da ciencia segundo a q ual a realiz a~io mais per-feita consiste em ter, ser e fazer aquilo que eles tem , sao e fazem. Dlga-sede passagem que a communis doctorum opinio, como dizia a escolastica,nio e mais que uma jicfao oiidal que nada tem de fictfcia, pais aeficacia simb6lica que sua Iegitimidade the confere permite que eiapreencha uma fun~ao semelhante ao papel que a DoC io de opiniao p u -blica preenche para a ideologia liberal. A ciencia oficial nao e 0 que,freq tientem ente, dela faz a sociologia da ciencia: 0 sistema de normas10 A respeito desse ponto, ver BOUlU>IEU, P. Methode scientifique et hierarchicsociale des objets. Actes d e fa Recherche en S c ie n ce s S o cia le s, 1, 1975, p. 4-6.

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    e valores que a "cornunidade cientffica", grupo indiferenciado, imporiae inculcaria a todos os seus memb.os , a anomia revolucionaria so po-dendo, assim, ser imputada aos que fracassaram na socializacao cienti-fica 11. Essa visao "durkheimiana" do campo cientlfico poderia nao sermais que a transfiguracao da representacao do universe cientifico queos detentores da ordern cientffica tern interesse em impor, sobretudoaos seus concorrentes.

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    Nao acabariarnos nunca de recensear os exemplos desse "funcionalismo",mesmo num autor que, como Kuhn, dB. lugar ~o conflito na sua teoria davolucao cientifica:"uma comunidade de especialistas (das ciencias) fara 0 possivel paraassegurar a progressao da acumulacao dos dados que eia pode utilizarcom precisao e detalhadamente" 12.

    isto que a "funcao", no sentido do "funcionalismo" da escola americana,rnais e que 0 interesse dos dominantes (de urn campo deter minado, oua classe dominante no campo da luta de classes) em perpetuar u~ sistemaue esteja em conformidade com seus interesses (ou a f unQ.o que to sistemareenche para essa classe particular de agentes), basta silenciar sobre os inte-esses (as funcoes diferenciais), fazendo da comunidade cientffica 0 sujeitoas praticas, para cair no funcionalismo.Por que a definicao do que esta em jogo na luta faz parte da luta(mesmo nas ciencias como a matematica, onde 0 consenso aparenteobre 0 que esta em jogo e muito ~alto), esbarramos, sem cessar, com

    s antinomias da legitimidade. 0 interesse apaixonado que os pesquisa-ores em ciencias socials tern pelas ciencias da natureza nao poderia serompreendido de outro modo: e a defini~ao dos prinefpios de avallacaoe sua pr6pria pratica que esta em jogo na pretensao de impor, emome da epistemologia ou da sociologia da ciencia, a defi~i~ao legitimaComo a filosofia social de inspira~ao durkheimiana, que descreve 0 conflitoocial na linguagem da marginalidade, do desvio ou da anomia, essa filosofiaa ciencia tende a reduzir as relacoes de eompeti~o entre dominantes e dominndoss rela~oes entre "centro" e "periferia", reencontrando 'a metafora imanentistaara a Haibwachs da distlneia aos "nucleos" dos valores centrals, (Ver, por exemplo,J. The scientist's role ill society. Englewood' Cliffs (N. J.), Prenticeall Inc., 1971 e SHILS, E. Center and periphery. In: The logic 0/ personalowlegde, essays presented to Michael Polanyi on his seventieth birthday. Londres,outledge and Kegan Paul,' 1961. p. 117-30.)KUHN, T. S. The structure 0/ scientific revolutions. Chicago, The Universityf Chicago Press, 1962. p. 168.

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    da fonna mais JegftiDJa de ci~cia - a ciancia da natureza. Tanto nocampo clentIfico quanto no campo das rela~ de classe nlo existemin stA ncia s q u e Jeg itiD J am as instAncias de Jegitimidade; as reivindic8~sde Jegitimidade tiram sua Jegitim idade da fo~ relativ a des gruposcu jos interesses eJa ex prim em : 1 m edida qu e a propria defini~io doscritmos de julgamento e dOl prindpiOi de hierarquiza~io estlo em jogona luta, ningum 6 bom juiz porque nlo b' juiz que Dao seja, 80 mesmotempo, juiz e parte mtemlada.. VemoI, aaim.. iqenuidade d_ tknfca dOl "ju fzeI" que recorre eomu-mente a tr8di~ deatffica para defiDir u bierarquiu caracterfaticas de umcampo detenninado: bierarquia dOl apntea ou du inatitui~ - as univer-lidades do. EUA; bierarquia dOl problemas, domfniOi ou ~todOl; hierarquiados pr6priOl Campos etc. a a mesm a fiJO IO fia iD g etlu a da objetividade que

    inspira 0 recuno a "eapecialiltaJ iDtemaciODaii"~ Como Ie a poli~lo deoblervadora eatraqeiMI pudeae coJ0c41oI _ 0 abri., dOl partl pm e dutomadas de pos~ DUID momento em que a ecoaomia dal trocaa ideo16gicasconhece taDtu lOCiedad. mult iDaciouaU. E, aiDda, como Ie IU" anilises"clentfficai" do atado d. cianci. pudeaem ler outra coil. que DIo jUltifi-~Io. c ie otif ic amente muc a ra da , do atado particu lar da cl&ncla ou du mlti-tu~ clentfficu com 0 qual compactuam.

    Veremoe adJante que. lOCiologi. d. dbcf. raramente eacapa deasaestra~gia de perlda enquanto b.npoe i~ de legitimidade que prepara urnaconquiata de Mercado. Pcm trU das probJem'ticu dos especlaHlItaa lobre 0valor relativo dOl regime. UDiveni tUiOi Ie escoade, inevitavelmente, a ques-do .du c o n t J . l r i J u 6tl1'IfIU para 0 deaenvolv imento da c: i&1cla e, CODIeqUente-mente, do melbor regime poirtico - 01 IOCi6logOi americanOl teDdem a fuerda "democraci. Uberal" de .tilo americauo c:oadi~o da democraci. cien-.tUica" I'. .

    I;~I

    A autoridade eleD tlfica '. poil, uma espkie particular de capitalque pode ser acumulado, transmitido e at' melillO, em c:ertu condi~,recon~do em ootra esp6cies. PodemOl retomar a descri~o de FredReif soble 0 PlocalO de Jcumulaelo de capital cientffico ~ 81 forma deSUI reconmdo. lito DOClIO pa rtic ula r do c ampo da filic e eontempo -r A D e l , onde I p o s s e de capital cientffico tende a fav orecer I aq u ili~ oII Ver, por aemplo, MalON, R.K. Scleace ad tecbIlolOlJ fa democratic order ./olmllli 01Utll' .1 IIl 1 0 1 I tko l,.1 o I0 1 1 , I, 1'42. Reeditado e m MD1VN, R . K .Soc/III ' ' ' W I I I I I I l . . , "'BIII,. (eeL m.l NewaYork, Fr. "_, 1"7. p"0-1, sob 0 tltuTo "Sciac e IDd democra tic I O C I a I ttructure". Ver tamWm BAUD.B. Scl t f tCI ad ,,,.IOdtI I o t t l . , . Gleocoe, The P ree ,,_ of G liD coe, 1 '''2 . p73 e 83

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    II

    de capital suplementar e onde a carreira cientffica "bem-sueedida" tor ..na-se u rn processo continuo de acumul8~o no quaJ 0 capital initial.representado pelo titulo escolar, tern urn papel determinante:

    "D esde a high school, 0 futuro homern da c :ie nc ia rem c:ooscieocia dopapel da competi~io e do presdgio no seu futuro exito. Deve e5f~ar-seem obter as melhores notas par. ser admitido no col/tgt e, mais tarde,no grtUiUQlt school. Percebe que a passagem por urn colltg't reputado ide uma impoJ1lncia declsiva para ele ( ... ) Enfirn, eledeve ganhar aestima de seus professores para larantir-se cartes de r~comend~ queo ajudarJ.:) a entrar no colltgt e a obter as balsas e os premios ( . )Quando ele estiver procurando emprelO, estad em melber ~o sevier de urn. inltitui~ conhecida e. se tiver tTabalbado com aJpmpesquisador renomado. Em todo easo, para ele ~ asencial que. DOmundo dos bomens de primeira elasse, se aceite fazer comentarios favo-r'veis sobre 0 leu trabalho ( ... ) 0 aeesso a nrveis universitirios mailelevados est4 submetido aos mesmos crit~rios. A univmidade ex.i,e denovo cartes de rec:omenda~io escritu por cieotist81 do Exterior e pode,aJgumu vezes, suacitar a formapo de urn comite de eume, antes detomar a declslo de promover .Igu~m a um cargo de professor titular".

    E sse proeesso continu a com 0 lcesso lO S carg~ administratmJs, iscom issO es gov em am ~ntajs etc . 0 pesq uisador depende tambml de su areputa~ao junto aos colegas para ob ter fu ndo s para pesq u isa, para atrairestudantes de qualidade, para conseguir subven~s e bolsas, cenvites,consultas, distin~s (como" Premia Nobel, National Academy of Scien-ce etc.),o reconhecimento, marcado e garantido socialmente par todo umconjunto de sinais especffic:os de conS8gra~io que os pares-coneon enteseeneedem I cada um de seu s m em bros, 6 fun~o do WIIo r disti"dWl deseu s produ tos e da orlgIMlldade (no sentido da teoria d. inform.~o)q u e se reconheee cole tiv amente , contn"ui~io q ue ere traz lOS recunoscleo tfficos j4 acu mu lados. 0 fato de q ue 0 capital de a u to rid ad e plOpor-c lo na do p ela d eseo berta sejl mono paJiz ado pelo prim eiro a faze-I. ou ,pelo m enos, por aqueJe q ue a toma conh ecid l e rec on hed da , expIiea im portlncia e a freqUencia das ques toes d~prloriMd~. S e acontece q uev 'riO i nomes estejam lipdo s lprimeira .descoberta, 0 presdgio atn1nJfdo cad. um deles diminui na PIOPO~O inveJ'S a. A queJe que chep DIDIdescoberta algumas semanu ou meses depois do ou tro despendea seasesfor~a em pu ra perda, seu s trabalhOl se reduzindo ao es ta tu to de du -plica~io s e m interesse de um trabalho j4 conhecido. Isto expJica Ipre-cipita~ io q u e certos autores dem onstram em publicar seu s ttabathos,

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    a lim de evitar que sejam ultrapaaadOi J4. 0 coneeito de visibility qu eos au tores americanos empregam freqilentemente (trata-se, como sempre,de uma n~io de U80 eorrente DO meio univ enitirio) exprim e bem 0valor d;ferencial~dinlntivo, deua espkie particular de capital social:acum ular capital' fu er \lID "nome", um nome proprio, um nome conhe-cido e reconheeido, malC l que di,tingue imediatamente seu portador,amncando-o como forma v i a r v e l do fundo indiferenciado, despercebido,obscu re, no qual se perde 0 homem comum . Vem daf, seta duvida, aimportlncia da, metMo ras percep tiv u , de que a oposi~o entre brilhante obscu ro 6 0 paradijm a f t . dlaioria d*8 ta x io rtomia s e scola ree 11. A16g ic a d a distiD~O funciona plenam ente no ease das assinatu ras m ulti-plas, que reduzem, enqlianto tal, 0 valor distintivo atribufdo a cadaum dos signatUios. Podemos compreender, assim, 0 conjunto de obser-va~ de Harriet A. Zuclcerman 18 sobre os "modelos da ordem em queos autores de amgos clentfficos alo nomeados", como 0 produ to dasestrat6g ia s q u e v isam mlnimiw II perdt l d~ valor distintlvo impo sta pelasneces sidades da f lova div isio de nabatho cient(fico. AIS im , para explicar14Aaim _ expJic:am .. difereates atrat'"" que 01 pelqUl.. dores utiUzam ~adifuslo dol preprllll6 e reprillts. Seria f'dl demOllltrar que tocl.. udiferea~1oblervadu eelQllClo a dilCipliDa, 1 idade dOl pesquiudora QU inatitui"o 1qual eles perteucem. podem lei' compreendiclaa a partir du diferentes funes quea... ~uu forma de combnica~o ' dentlflea preenchem. A primeira consiste emdivuJpr 01 pl'OdutOlrapid.meate ... pando aOi pruot du pubJica~ cientfficu(vaDtaaem importante DOl .-e to ...,. a Jtamen te compeddvoe). ju nto a um D4meroratrito de le{ton. que 110, muU. veza. tamWm 01 coaCornntea maia compe-tenta. A -lUnda coMflte em diwlpr maia amplamente. junto 10 conjunto dOlcoleps au d. demaDCIa , prOduto. m arcadO i e aocia lmcnte impu tadO l a um nomeproprio. (Ver I fAos 'nloN, W. D. PICtOn nlltecl to the Ule of dlffereaC mod. ofpublilhiD, reeeareb in fou r lCieDiific .fielc:ll.In: N IIL IOH ,C . E . Pou.ccc, D . X .,orp. Commllll/CGIIDtI GlftOll6 1C""tUtS G 1 U l en,III'''s. Lexlnacoa (M ... ), HealthLeminatoD Boob. D. C o Heath IDC ICo., 1970.)18Da f u dlfieuJdada qU e eDcontramOi au peaqulw IObre iateJectuail, eientistalou arti-w, tanto au ea~1tu quaato 111publfCl~o dOl ra uJta dO l: propor 0tJllolII,,",1o I IIc'" que eItIo CliCupadu em far.er um DOme , IUprimir I motiVl~Opr inc ipa l cia pardcipa~o Duma eDtreviIta: DIG Ib e prop , proibir... de fazerperlUn!u IlindilCl'etu", ilto" objetivuatel e redutora . . A publi~o doe resultadosc olo ca p roblemu equ lva .eatea. MID que leja pelo fato de que 0 IDOD im ato tem ,como ereito, tOl'Dlr 0 dilCUl'lOinlatelia(veI GOtralllPlfellte aepmdo 0 .... u deinfonn.~o do. lei.. (e lato mail aiDda el CUOI, \'Iato 4 1Ie m u lw poIl~16 eontam com am eJemeato: um DOme pr6prio ). Z u ck .aMAN , H . A. Patteraa of nameorder l q &mon. lu thon of ed.ndric papen:I lrudy of I O C l . 1 I)'mboUIftl IIId ita ambflUity. A"" rlc ." Jo u ,,,,,1 0 1 $ o cID lo l1 , 14(3). nov. 1968, p. 276-91.

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    _.__ 133que os laureadoe com 0 Premio Nobel nso sejam nomesdos em primeiroJu gar com mais freq ii~ncia do qu e os ou tros, como era de se esperar,tendo em vista que os autores sao normalmente citados na ordem dovalor relative de suas contribui~, nao ~ necessaria invocar. UDJamoral aristOClitica tipo n ob le sse o blige ; basta, com efeito, sopor q ue avisibilidade de um nom e num a sme ~ fun~ao, em prim eiro lugar, de su av ls ib ilid od e re la tiv a, definida pelo grau que ele ocupa na ~rie e, emsegundo lugar, de su a visibi l idade i nmnseca ; qu e results do fato de q ue,j' conheeido, ele e ma is fa dlmente reconhecido e retido (u m dOl meca-nismos q ue fazem com qu e, tambem aqui , 0 capital leve 80 capital). Porcompreender q ue a tendencia a deixar para" os ou tros 0 primeiro Iogarcresca lmedida que eresceo capital -po ssu ido e, portanto, 0 J u c:r o s iD J .b6lico automaticamente assegurado, mdependentemente do grao em queos autores sio nomeados n." 0 mercado dos bens cientfficos tem sualeis, qu e nada tern I ver com a moral. A rriscamo-nos a introduzir naci~ncia das ciencias, sob diversos nomes "crudites", 0 que os agenteschamam isv ezes de "v al ores" ou C C t r a d i 9 l e s" da "comunidade cientffica",se oio soubennos reeonhecer enquanto tais as estrat~gias que, DOS wi-versos onde se tern in teresse n o d esinteresse, tendem a dissimular asestrat6gias. Essas estrat6gias de segunda ordem, attava das quais noscolocamos dentro 'diu ,~grQS, penuitem somar As satisfa~ do interessebem -com preendido os lucros mais ou jnenos universalmente prometidosa s a~s que nio t&D outra determjna~ao aparente scolo a do respeitopuro e desinteressado da regra.

    .:

    Capi fB : ! cimUfico e propensio iD~estirA estrutura do c ampo c ie ntffic o se defme, 8 cad. momento, peloestado das rela~ de for~a entre os protagonist8s em Iota. agentes GOinstjtuj~, isto ~, pels" estrutura da distribui~o do capital c spec ff ico .resultado dIS l~tas anteriores q ue se encontra objetivado DIS iDsti~e nas disposi~ e que comanda as estrat6gias e as cbances objeti,udos diferentes egentes .00 institui~. Basta pereeb er; aqui como emq u alq u er o u tro lugar, a' rela~io dial6tica que se estabelece entre I.es-

    1 T 0 modelo aqui Propolto explica perfeitam ente - scm apelar para aenhamadeterm inante m oral - 0 tato de que 01 la u re ados c edem 0 lu.... de destaque maisfreqUentemeDte depoit cia ~ do )dm io e de que sua C ODbi~ pna pelq u i. coroada de hito f mail Yisiwlmeate IIIUQIIte que c:oatn~ queelel tiv eram em ou tru paquisu coleti....

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    truturas e as estrat6pl. - par meio du d iBpO !i~ - para fazer desa-pareeer a antinomia entre a sincronia e a diacronia, entre a estrutura ea Historia, A estrutura da diJtn1nti~o do capital cientffico est! DS basedas transformaes do campo cientaioo e se manifests par intermediodas estrIt6giu de eonaerv.~o au de lU~enlo da estrutura que eJamesma produz, Por um Jado, posi~o que cada apnte singu lar ocupanum dado momento n_ estrutura do campo clentffjco 6 a resultante,objetivada nu institui~ e incorporada an disPOlies, do eonjuntode estrat6gial anterio rea delle _gente e de IeUI eo neo rrentes (elas pro-prias dependeotes da estrutura do campo, poil resuItam das propriedadesestruturais d. posi9io . partir da qual alo engendradas). P ar ou tro lado,as transforma~ da ' estrutura do campo 1100 produto de estrategiasde conserva~o oude subveralo que t e m sea principio de orieDta~io eefi~cia nu prapdedades di posi~o que ocupam aqueles que as pro-duzem no interior da estrutur. do campo.Isso signif ies que , Dum determ iD ado eatado do cam po, os inv esti-mentos dos peaquiaadotel dependem tanto n8 lUa importlncia (medida,por exemplo, em tempo dedicado 1 pesquila) quanto na sua natureza(e, pat1icularmente, DO grau do risCo _sumido) da importlncla de seucapital atual e potencial de reconhecimento e de lua poai~lo atual e p0-tencial no campo. Segundo uma 16gicamuitll vezes observada, as aspi-ra~ - 0 que chamamos moitls vezes de "ambi~ cientfficas" -sao tanto mais alta quanto 0 capital de recenheelmento ~ elevado: aposse do ca pital q u e 0 sis tema eacolar confere, sob forma de um tituloraro, desde 0 com~ da carreira cientffica, implica e IUpOe - atrav6sde medfa9l* eotnplexas - a bUsca de objetivos elevados, soclalmentedesejadOi e prantidos. par esse tttulo. ASl im, tentar. medir a rela~oestaU ltica q u e' Ie estabelec:e entre 0 presdgio de um pesquisador e 0presUgio de &eUI tftulOi. escolares de origem (Grande escola ou facul-dade francesa, univenidadG q u e collferiu 0 doutoramento nos EUA) ,uma l'f!% COfIlrolotltn 01 e/dtfJI tk 8UII prodl l t l v idl l t l e 1', 6 usumir impli-cit_m ente h fp6tese de qu e a prod~ lo e 0 prestfg io atual 110 indepen -dentes (entre elea) e iDdependetltes dO l tltulOI de ori~.' De lata, lm edida qu e 0 tf tulo, eDqulDte) capital escolar teCO n vertfv el em capitalu niv en it6 rio e cieiltm c o, en cem uma ttajet6 ria p ro v 4v e l, ele c :omand a,por.meio du 8 Ipira95es raz04veia" que ele autoriza, lO de a rela~o coma carnira cientffica - acolha doIlllUDtoI mail ou meDOI ambiciOlOs".

    .i.!. ~l:,

    II Ver, plOt eXemplo. H A I c a M a , L L IhomtoM, W . D . S polleored and coatedlIIobiUty of a m e r I c :a a acadtmlc l C l e a d 1 t 1 . Socltllon 0 1 &lIICGllotl, tiD (1)f favemo1961, p. 24-31.

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    135um a maior OU menor produ tiv idade etc. D e m aneira q u e-,o efeito do -prestig io du institui~ nA o se exerce som ente de m aneira dim a, "coo-taminando" 0 ju lgamento du c apac idades c ie ntif ic as maoifestada naqu antidade e na qu alidade doe trabalh os, ou de m aneira indiret~ pormeio de contatos com os m esh es m ais prestigiados que a elev ad. origemescolar garante (freq ilentem ente assoeiada a u ma elev ada origem social),m as ainda pela media~o d a "ca usalid ad e do prov4vel", isto ~ pelsv irtu dc das aspira~ que au torizam e que favorecem as ch ances objo-tiv as (poderlam os fazer observ a~ an'logas a resp eito dO l efeitO i daorigem social para tftu los eseolares de origem sem cIh antes). Assim , oposi~o, por ex em plo, entre os inv estim entos".~guros cia pesq uisa in-tensiva e especializ ada e os inv estim entos aniscados da j ,esquisa exreu-siva que pode conduzir a v a sta s s in tes es te6ricas (revoluaonana ou at6eeleticas) tende 8 produ zir a oposj~o entre trajet6riu elevadas e tn-jet6ria l inferiores no cam po eseolar e c ic ntf fic o J . . Do m esm o m odo,para compreender I.t ransform8~ das lridcsi cientfficas que acom-panham .0 avan~ DS carreira ~ preeiso relacionar .. difereatel am-t~gi81 clentfficas (por exemplo, os inv estim entos m~ e extensiYosunicamente em pesquis8I ou iDvestimentos moderados e intensivos empesq u isas associ ados a investimentos na adm ini~o c:ientffica), Dlocom os grupos de idade, posto q u e cada campo defm e lUas propria leisde envelhecimento social 20, mas com a impo rtin cia d o c ap ita l p os su fd o,q u e, defm indo a cada memento as c h a n c e s objetivas de lu cro , define- asestrat~gias urazo'veis" de inv estim cnto ou desinv estim ento . N ada ~ m aisartificia l q ue d escrev er as prop}iedades gent!ricas das diferentes fases de"carreira clentffica" ~1. Ainda que se trate da "carreira m~fi." ow n

    -1.Ver BotJaDIBU, P., BoLT.ursa, L e MALoroIEll, P. La dffease du corpI. I"/or-mlliioll 811' lei Scle1lC~.SDcllI/~s, 10 (.. ), p. 4'86.10A lDiU. atatfttic:a 1IIOItra. pol' CMlDplo, que, ..... 0 coajaDlO .. ... ...puadu, idado de produdvfdade deatrraca mUima Ie Iftua ean 26 30 ...para 01 4 U & n i c : o l l , entre 30 e 34 para 01 alkol e C JI malelddcol, catn " "para 01 baderioloai'w, 01 p6lop e 01 fitioloJiafu (La!Jowf. R. C. A~ 1IIf II 'tlChin,m,,,', Princet~, Priaeeton Uniwnity ,,_, .953)." - .ftVer Rmr , P. e Sruo., A. TIle impKt of rapid dilCOV., apoII d I I e Idea......career. SodId P,ob/~"". iaYel 'DO, 196', p. 291-311. A ~ ..... dc: Idate a r t ia o - . , . , . . e. qua . 0 f il ico coIaborou (COllI 0 I O C i6 J o a o - COllI 0 ..acrevia 0 fI.ico alPDI UOI Ill. fOl"Daria ellliDallleafOiacepcioeIiI 0ftmcionamtato do . , . . . . . . . . e o eoeiol6Poo rkuo. B_ ....e e i _ ~ (iIco" a t racIa;Io de eoaceilOl 0atJlo cia d IIc Ip Iia a) -.--contrapudda, 0 claaparedlDlalOtaCII .. nferlacia 110campo DO _ O W I I * I t oc , em . pa rtic ula r, ao IiIrema de 1I'Ijet6ria (00 de QUi ... ) .. coat.., adacarreira glUlar, lUI. propriedlMla malt importaDteI.

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    campo particular H C om efeito, toda carreira se define fundamental-mente peJs posi~o que ela ocupa DI estrutura do sistema de carreirasposstveis JI. Bxistem tant08 tipos de trajet6riu quanta! maneiras de entrar,de se manter e de -aai t c i a pesqu isa. TOOa descri~o que se lim ita A scaracterfsticu gerais de uml carreira qualquer faz desaparecer 0 essen-claI, iato '. u dl/~tII. 0 deCr6lcimo da quantidade e da q u alid ad e dotrabalho eientff'lCO eom .'ldlde, q ue podemOi oblerv ar DOe810 diS car-reiras ttm6diaa" e C lue aparentemente Ie eompteende Ie admitimos queo c re sc imento d o capital de eoDiagra~lo teDde a reduz ir u~ncia daalta produtivid~ que foi necellUia p a r a obtel0, s6 se torna eomple-tamen te in teu pv el ie comparariDOi . s ca rreira a m& iia s C O , m as ca rrelra smais eJevadu, que do IiWlicas a conferir at~ 0 fim 01lueros simb6licosnecessmos 1leatf"~d cont(tl1ia da ptopen810 I investir, retardando,assim, continuameJlte 0,desinveatUnento.A om_ (eleaCffleI) .. beIee1..

    ""!\ A forma que revnte luta iDieparavebnente cientffica e poUtiea pelaJegitimidade depende'da estrutura do camPo, ilto 6, da estrutura da di$lri-bui~lo do capital'espec(fico de reconhecimento cientffico entre os parti-cipantes oa luta. Esta estiutUrl pode teoricamente variar entre dois Ii-mites te6ricos, de f a t . o jamais a1ean~os: de um Iado, a situa~io demon0p6lio de capital eapecffico de eutoridade cientffica, de outro 8situa~o de concorrenc{a perleita aupondo a distri'bui~lo eqUitativa dessecapital entre todOi 01 CODcorrentes. 0 campo ciendfico 6 sempre 0lugar de uma ' " t t l , II'IIIU ou meno, dulgual, entre, apntes desigualmentedotados de capital especlflco e. portaDto, desipa]mente capazel de seapropriarein do produfo, do trabalho ciendfico que 0 corijunto dOl con-cO rrentes produ z pt;la su a colabo~6(J ObJltlv1l 80 colocarem em . ~ oo conjunto dOl m e i ~ , ~ ~ptodu~o cienUfica dispomveis. Em , todo campose pOem , cOm forpu"".,; OU ,1MM$ dui,.u segundo a estrutur. dadi.tribui~o do capital , D O 'campo

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    capital cientffico, e os dominados, isto ~. os novatos, que possuem um ca-pita) cientffico tanto mais importante quanto major a importlncia dosrecursos cientfficos acumulados no campo.

    Tudo pareee indicar que, A medida que crescem os reeersos eien ...tfficos acumulados, e que, em conseqii~ncia da e)eva~ao correJativa dodireito de entrada, eleva-se 0 grau de homogeneidade entre os eoeeor-rentes, a co nc orrencia cientffica tende a distingu ir-se em soa forma eintensidade daq ueJa q ue se observava' em estados anteriores desses mes-mos campos ou em outros campos onde os reeursos lcumulados siomenos import antes e 0 grau de' beterogeneidade mais elevado. &que-cendo de Ievar e m conta essae proprfedades estruturais e morfol6gicas, dos diferentes cam pos (0 que mais au m enos eles sem pre faz em ), 01soci610gos da clet1cia se expoem a universalizar um caso particular. assim que a oposi~io entre as estr8t~gias de conserva~io e as estrat~giude subverslo - que se1i analisada a seguir - tende I se enfraquecerna medida em que a homogeneidade do campo cresce e que deereseecorrelativamente a probabilidade das ".andu nvo/~ per i6dJC4J emprovdto das inUtMrt lS pequeTUU rnolu~s pnmanmtu.

    Na luta que os opi5 em . os dominantes e os pretendentes - os no-vatos, como dizeni os economistas - recorrem a estrat6gias aIltag60icasprofundamente opostas em sua J6gica e no seu principio. Os interesses(no duple sentido da paJavra ) que os motivam e os meios que elespodem colocar em a~io para satisfaze..tos dependem esbeitameute desua posi~o no campo. isto 6, de seu capital dentffico e do poder queele thea confere sobre 0 campo da produ~o e circula~o deotfficas esabre os Jueros que ele produz. Os dominantes coasapm-se a s DIN-, tltias de conservQfao, visando assegurar a perpetua~io da ordem dentl-fica estabelecida com a qual compactuam. Essa ordem nio se reduz,confonne comumente se pensa, a cilnda oJ /da l , conjunto de recursosc ien tf fi cos herdados do passado que existem DO e s tiJ d o o b /e tlv ad o sobforma de instrumentos, obras, institui~ etc., e no uttldo i l ' lCOf1l(Jtr lf lsob form a de h 4bitos dentfficos, sistemas de eSquema. pradOl de per-ce~Ot de ap~ia~io e de a~o, que sio 0 produto de uma forma ape-dfica de a~o pedag6gica e que tornam posstvel a escolh. dos objetOl,a solu ~io do$ ' problem as e I Iv.Ii.~odas s o I 1 J 9 5 e s . Elsa onfem _ ...tlD1~m0 conjunto dis in stitu ies encarregadas de assegarar produ ~oe a circu la~io dos bens cientffico s80mesma tempo qu e I reprodu ~o e IcircuJa~io dos produ tores (ou reprodu tores) e conl lll ll idores de llel

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    ._ _ _--138bens, isto ~, essencialmente 0 sistema de emino, W U O O capaz de assegurar8 ci&lcia oficia) a peiman!ncia e a COD.. ~o, incuIcando sistematica-mente habit'" cientificos 80 conjunto dOl destinat4riOi legftimos da a~opedag6gica, em particu lar todos 01 DovatOtl do campo da produ~opropriamente dito. AIm das instAncias espeeifieamente encarregadas daCODS8gra~O (aeademias, premiOl etc.). ele eompreende ainda as revistascientfficas que, pel. se~o q u e operam em fu n~o de crit6ri08 dom i -nantes, consagram produ~ c o n f c n : m ea 101 pr indp iO l da denda ofiosl,oferecendo, prim, continuamente, 0 exemplo do que mereee 0 Dom e dedenals, e exerceodo uma censu ra de fato sobre IS produ~ her6tieas,seja rejeitando-u ex pressam en te au deseuc:orajando limplesmente a in-ten~o de publicar pela defini~lo do pubUc4vel que elas propOem'4.

    ~ 0 campo que design. a cada agente SU81 estrat6gias, sinda q u ese trate da que consiste em derrubar a ordem dentffica estabelecida."Segundo a posi~o que elea ocupam na estrutura do campo (e, semd6vida, tamb6m sepndo 88 vari4veis secund4riu tais como 8 trajet6riasocial, que comanda a avaIia~o das oportunidades), os "novatos" po-dem orientar-se para u coloca~ segura du estratlglatl de sucu860,proprias par. Ihea 8ssegurar, 80 t6rmino de uma carreira previs(vel, osIucros prometidOi 80s que real izam 0 ideal oficial da excelencia eien-tffiea pelo p~ de inova~s circun~t81 80s limites autorizados; oupara as utratlgku de iubv~liIo, iDvestimentOi infinitamente mais eus-tosos e arriscadOl que s6 podem alleprar 01 lucros prometidoa 80Sdetentotel do mcm0p6lio da Jegitlmidade clentfflca em troca de umaredermi~o compJeta dOl prindpi~ de leaitima~o da domina~o. Os. Dovatos que recusam as carreira tra~du a6 poderlo vencer os do-minates em sea pr6prio jogo" Ie empenharem UJD suplemento de inves-timentos propriamente cienttficos .em poder esperar lUCfOl importantcs,pelo menos a curto prazo, posto que eles tem contra Ii toda 8 16gicado lis tem .'.. Sobre .~ de "fiItrqem- dOl eomide de ~o du revIItu cllDUficu(em cih ciu lO C Iaia),w r C a A N B , D . Th e lI.keepen of IClence: 10m, fac:toraaffectlq th e .teed. of a r t I e l . for I C I e D t I f l e joum A_rica SocID1D,uI ,II, 1967, p. 1'1-201. Tudo penniM peDIIr 4Ut. em de procJ~o cleatfficaeomo em .... e li procIg;Io Utedria, 01 utonl IIIecIoauD, OOII Id Ia te oalnc oa Ic ieD tem lD te, 0 1 lu,.. publica;lo .. f U D G l o cia leis. que ,lei tem deIOU -normu" .Tudo DOl leva a pm .. r que a .ut04IImlaa~. evideatemeateft1eIIOi pen :ept(Vel, ao IDIDOI tIo lmportaale qUlDto a e1 im lo .~ apraaa (Ie.faJar do et.'to que prod. Impoef~o d. 111ft. a o n i . a do public6vel).

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    Por urn lado, a inven~o segundo urns arte de inventar j' inventada,que, resolvendo os problemas suseeptfveis de serem colocados nos limitesda problem6tica estabeleeida pela apliC8~io de metodos garantidos (outrabalhando para saIvaguaroar os prindpios contra 8S contesta~ her6-ticas), tende 8 fazer esqueeer que ela 56 resolve os problemas que podecolocar ou s6 coloca os problem as que pode resolv er. Por ootro Iado,a inven~io heretics que, colocando e m questio os pr6prios prindpiosda antiga ordem ci~tfficat instaU ta u ma altem ativ a nitida, sem eom pro-misso poss(vel, entre dais sistema mutuamente exc1usj~os. Os fonda .. .dores de uma ordem cientmca berftica rompem 0 contrato de troca qu eos candidatos l su~ssio aceitam 80 menos tacitamente: nio r econbe .. .cendo senio 0 peincfpio da legitima~io 'que pretendem impor , eles nioaceitam entrar no ciclo das tTOCtU de reconhecimmto que usegura atransmisslo regularizada da autoridade dentffica entre os detentores eos pretendentes (quer dizer, muito freqUentemente, entre membros degera~ diferentes, 0 que leva mu itos observ ado res a redu 2irem 05 con-f1itosde l~gitimidade a confJitos de gera~io).Recusando tadas as cau;6ese garantias que a antiga ordem oferece, recusando a participa~io (pro-gressiva) 80 capital coletivamente prantido que se realiza scpndo pro-eedimentos regulados de 11m dos contratos de de1ega~lo, eta realizama acumu18~o iniaa) atrav6s de um JOlpe de fo~a, por \JIll. rupturedesviando em proveito pr6priq 0 cr6Jito de que se beneficlavam osantigos dominantes, sem conceder-)hes 8 contrapartida do reconhecimentoque Ihes oferecem aqueles que .~itam se Inserir na continuidade de ~.Jinhagem II.

    Tudo leva erer que a propeusio is estrat~gias de c:onserva~Q' ouAsestr.t~gial de subversio ~ tanto mail dependente das disposi~ emrela~o iordem .es tabelec ida quanta m aior for a depend!J1cia da ordemcientffica com rela~o lordem social dentro da qual ela e s t ' inserida.Tern, portanto , fu ndam ento sopor q ue a re18~loq ue Lew is Feu er esta-. belece entre as jncJina~ univenidria e politicamente Sub,elsi,as dojovem E in stein e. sen tra ba Ih o c ien tifieam en te .rev o Ju cio nU io , vaJe, decerta maneira, a fortiori para u denal. como a biologia au a lOdo-logi. que estio longe de tcrem aJcan~do 0 grau de autonomia da 8mcadot tempos de Einstein. A oposj~lo que' esse lu to r e sta be lec e entre IS.. VerelllOl, .cliute, I forma orilinal que _ traalmialo replada do capitale i e D t r f i c : o reveste, DOl caDlpuI ondc, C OInO .. fbiea de hole. C OftIerv a;lo IUbvenio do quue iDdiacemrvei..

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    140disposi~ revolucion,"u de Einstein, membra, em lUa juventude, deurn g rupo de estudantes judeus revoJtadoa eontrae ordem cientfficaestabeJeclda e c:ontra ordem estabeJecida, e 81 disposi~ reform istasque demonstra om Poincar6, perfeito representante da "repU blica dosprof-essorea", bomem e t a ordem e pel. reforma ordenada, tanto na ordempolftica quanto na cientmca, nlo pode deiur de evocar oposi~aohom61op entre Marx e Durkheim.

    "Bm leu e.fo~ d. reflexio ori,mal", dJz LewiI Feuer, "Einsteinfoi .pol.do por am eatranho pequeno drcuIo de jovena Intelectuals,c h eiO l d e a en timento s de revolta s oc ia l e c :ien tffic a propria de lUa lera~oe que formavam uma COIl t racomunidade cientifica fora da inltitui~ooficlal, um a rupo de bo&niOl cosmopolitu lev.doa, Dasel tempos revo-lucionUiOl, a coaliderar 0 M undo de uma maneira nova" ".S uperando a o~ iJlah u a entre /ulblt lU individual, e coodi~ lOCiaisde IUa reaUza~, Lewia Feuer lUaere a hip6teae, corroborada pelOi recentestrabalhOi sobre e. listem a de auiDo cientffieo JT, de que 0 f'eil e dpidoacelSO is responaabDidades admiDil trativu que Ie ofereciam ft. Fran~a aosaluDos du Grandes Escolu cientfficu tendia a desencorajar revolta contraa ordem (dendfica) estabelecidL' NOI aruPot de iDtelectuai. margiDail, 10contdrio, a revolta eacontr.va um terreno favorivel, posto que estes' seaehavam em .itu~ de precWlo equWbrio e n t r e 0 . lItem. de eDlino e a'~ja revolucionUia:

    ~"Podemos, Da ventade, aniacar a h ip6tese de que, precisamente porquea Fran~ era u . n a 'rep6bJica de profeaores' e pol'qUe os maia brilhan-tea alUDOl da aoola poli*Dica eram rapidamente ablorvidOl para aalta ~ militar e a ea.-haria civil, Dio leria veroillfmil que umaruptun radical com 01 pr iDdpiOl recebidOi pud_ tel lu,er. Um . revo-I~ cieDtffica enCODtra" leueDo maia Hrtil Duma coDtracomUDidade Quando 0 jovem deatlata .. contra muito rapldameate reapoDlabilidadesadminiatr.tivII, lua e D e r s f a ett6 menOi diaponfveJpara a lubUma910 noradicaJiamo de' luna pelquiaa pun. TrataDdo-se da criatividade revolu-ciOtl~ a'pr6ptfa abertura da admlnlatra~ francesa aO i taleotOi cien-t(ficoa CODItitui. talwt, om fator aplicativo do CODIervado~mo dentf.fico, maia imponlDte que tociOi 01 outrol fatoree babita,lm ente &dian-tldOl,"

    ItPIUD, L S . TIl, lOCIa.rootI of ~ .. .., of n la tiv l ty . A ." oIlcllllC',v, 21, D . " lit. 1'71, p. 271.'. D . 4, del. 1971, p. :n,--".IT Ver S A n r r - M A a T D f , M. de. Lt, IO"Cl lo" , I OC I I I I " tI, " " " 1 , , . , , , , , , , , I,,,tlllqu,.Pari..La H a", M ouC oa, col. C iblen du C eatre de S ocfololle Europeeaae, D.8, .'71 e BouIDmu. P S A D r r . M a T D f . M. de. LI ",tl"" tI" f'tIIIIIu leolu" Itl ",rIlICtitM tI, I I I ct., t lombuut". DO preIo.

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    Da revol~o Inaugural 8 revolo~o peiJll8nenfeQuais sao 8S condi~ SOC l 8 1S que devem set preenchidas para

    que se instaure um jogo social .onde prevalece a id~ia verdadeira, porqueos qu e dele particlpam tS m inleresse n a verdade, em v ez de ter, comoem outros jogos, a verdade d~ seus Interesses? J! evidente que nlo setrata de fazer desse univ eno .social de ex~ io um . ex~o

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    IJIii,~)4. !l~t

    simplesmente 0 mode lo positiv is ta in v ertido It. N a v erdade, 0 campoda astronomia onde se d' 8 rev oJu ~o copernicana se opee 80 campo daffsica do mesmo modo que 0 M ercado "submeno nas rela~s socials"(~mbftidftl in so cia l M o tIo n.r hip ~) das 80Ciedades arcaicas se opOe, se-g undo PoJan yi, 80 "mercado au to -regu lado" (1~lf-reguIQlln,market) dassoeiedades capitalistss. N lo 6 pa r aC8SO que a rev oJu~o eopem icanaim pJica a reiv indica~ lo ex pressa de 8utonomia po r um cam po eientlficoainda "imerso" no campo reUgioso e no campo da faJOIOfiae, por seuintermedio, no campo da poUdca. Eata teivindica~o huplica a afir-ma~Aodo direito dOl cientistas a decidir 81 quest6es cientfficas ('ta mate-mAf ia aos matem'tieos~) em nom e da Jegitim idade especffica que lhesconfere su a competbcla.

    Enquanto 0 m6todo eiennflco e a censure e/ou a assistencia que.ele impOe ou prop& nlo estejam objetivados em mecanismos e emdjsposj~Oes, as ru ptu ras cieptfficas tomam necessariamente a forma derevo)u~ contra 'a inltitui~o, e al revolu~ contra a ordem cientfficaestabelecida penDanec:em insepamveis d8ll'm;)lu~ contra _ ordem eats-belecida, Ouando, ao c:ontrUio, ara~1 elsu revolu~ origin4ri~s,se encontra exclufdo qualquer recurso _ arm.. ou poderes, Binda quepuramente limb6Ucos, diferentes dOl que slo comUns ao. cam po, 0 pr0-prio funcionamento deste passa a definir cada vez mais completamentenso apenas a ord~ ordinUia da "cianci. norm.I", mas tamb6m asrupturas extraordift4ri_s. ~ "revolu~ ordenadal", como diz Ba-chelard, que estlo inscritas na l6gica da hist6rla d. denaa, isto " dapolemica cientffica '0 . QUando 0 m~odo est6 inlcrito nOI mecanismo!do campo, a revolu~o C Ontra _ dead_ institufda se opera com a alsis-tentia de um_ institui~o que fomece u C OIIdi~ inS tituciODaiS da

    .'J!

    "Nlo hi d4vfda.c o m efeito, q u e a t1 lo eo f1 a da hlet6rla d. ellDei. proposta porKubn, com alternlDcJa d. coftCelltra9io moaopolfltica (paradlpna) de rev a-I~. deft mu ito ao CIllO particular c ia fftO l~ coperaic:arla" tal q ual ele ,a"'U . e que C O D I i d e r a "Upica de qulqaer nYOlu t;Io ma lo r cia dead." (KUIIM.T. S. LII rholll~11HI fo,_,,,k'-IIIN. P&IiI, Fayard, 1973. p. I" 162): IeDdolinda mu fto fnea. a aatonomJ, relatlv a da dlDcla em rela~o ao pocIer " emparticu la r, e rn rela J I N J a . a rev o~ clntffJca (aa u troD Om ia .. atem 't1ca).,... pel. moIa;Io poUdca p a e 1l1li. m'01u;Io d. todu u dllclpU au cietltffieu que pode fer efeftOl poUtfCOL10A l= de Bacbela n1 e Re if, D. Bloor percebeu que u trIIIIforma~ Da or .. -niza~o lOCia i da d.... detenniD aram uma traIIfonnacio ... natu rez a e t a s revo-lu. cieaUficu (_ B I . O O I , D. Eaay Review: tw o paradipnl for lCieatifickn,owledp? SdtlftlSI."', I, 1971, p. 101-15).

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    ruptura; 0 campo torna-se 0 Ingar de uma revoJu~ao pelmanesre, mucada vez mais desprovida de efeitos polIticos. e por isto que esse nni-verso da rev oIu~io permanente pode ser tam b6m , sem COD1radi~o, 0do "dogma tismo legt'timo" 11:0 equipamento cieutifico necesdrio A revo-lu~o ciendficft s6 pode ser adquirido D8 e pela cldadela cientffica. Namedida em que aumentam os reeursos cientificos acumulados, toma-secada vez mais importante 0 capita) cientffico incorporado necesdrio paraapropria-loa e ter, alsim, aeesso 80s problemas e instrumentos c ientf fic os ,isto ~, i Juta cientffica (direito de entrada) II. Segue-se daf que IrevoIu~lo cienti'fica Dio interessa 80s mais desPiOvidos, mas 80s que.slo, 80 con~riot entre os novatos, os mais r i C O ! cientificamente n. Aantinomia entre ruptura e continuidade se enfraquece DlDD campo que,ignorando a distiD~io entre as fases revoluclon'rias e 8 "denci. normal",encontra D8 nap tu r a con tfnua 0 venJade iro p rindpio de sua CODtinuidade;correIativamente, 8 oposi~o entre 85 estrat~gias de sucesslo e as estra-t6gias de subversio tendem cad. vez mais a perder leU sentido postoque a 8cumula~o do capital necess6rio l realiza~io das revolu~edo capital que 8S revolu~ pennitem obter tende semple, cad. ftZmail, a se rea1izar segundo os padri5es repJameatados de am. carreira ....

    A tr8Dsmuta~o do antagonismo an4rquico dO l interases particuJlresem dial~ica cientlfica toma-se cad. vez mais total imedida que 0inte-'1 BACIII!l4D, O. uIftdllrItJllsrft trltlonMl. Paris, P. U. p.. 1"3. p. "1.litA principal ceuu ra , COGItitufda por .., diteito de entrada. iIIo f. p c ' " 000-di~ de acaeo ao campo cieatffico .01isIem. cI. eDlino que eJ e c IA 8C us Dl.S 0 ClIO de Ie iDtcrropr .obre .. propr iedade l que cifDdu da _lUI eza (_. falar du cieadu do homem. 0Dde, pel. frapliclade dol ...... _lor t iber-dade , deixada .01 1u161'1II) devem ICU rec:rutaJDeDto .,oal '..., l IfDfIo. IIcondi~ de .c:eao eo eDliao auperior (vcr S&nrr..MAanH , M. de. Op. dt.).Uabe-Ie que .. pr6priu revolu,1Ju 1M"",,. que clio allldmeato a am .".,campo. constituinclo, pel. ruptura. am novo domfnlo de objetl.tdade, clew.qoue lempre aG i detentorea de um .... od. capital ciealffieo ... em * ,a d e '"vari'vei. I O C U D C I V i u (taia como 0 fato de pateDCa' a ama cl_ IOciaI oa auma etnia im prov 6v el neu e uaiv C l'lO ) Ie eDCODtram Dum a ~ de dellq1lilbriopr6pria a fawrecer uma iDCU~O ftyoJuciodria: ~ 0 ClIO, pol' aempIo, dolDOYaIOi que imporeaai ..... am campo 0 capital acamulado IRIIII campo 1 O C I a I -meDte auperior (YeI' BI!N-DAVID. J. Roles a D d i n D O Y l t i o n ia medidDe. AIfIIr lcwII/OI I rM1 0/ S o cIo lD l7. ", 196 0, ,. 557-68 e IIff-DAVID, J. e 0Ju.JrfI, L Socialfacton in oriailll of new lCieace: d ie a. of pIJdIoIoty. Am"'" SodtII.,aIRnltw, 31, 1966. p. 451-65).h VilDOl, aeim a. d~o que R eif ftOI c U IObre lonna mill fr..........a acumu la~o de capital tom. em tal ntado do campo.

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    144resse que todo prodotor de bens limb6licos tem em produz ir produ tos"que nio sejam somente interessantes para ele mesmo," como afirm aFred Reif: 'mal tamb6m importlDtes para 01 ou troe" (produ tos propriosa obter dO l ouiros que reconh~m a SUI importAncia e I de seu au tor)se choca com coneorrentee mail C 1plZeI de colocar 01 mesmos meiola servi~ daa mesm81 inten~ ~ 0 q ue lev a, cada v ez m ais freqUente-mente, com as descobertu simuItA neu , 80 ucriffcio dOl interes~1 deum dos produ tores ou dO l doill; OU, dito .d e outro modo, DB medidaem que 0 intereao priv ado que c:ada ageD te sinau lar tem em combatere dom inar aeu s concorrentes para obter dela 0 reconhecimento est'munida de todo am conjunto de inatiumentOl qu e conferem plena eli-ada l sua inten~o polemica d.udo-lbe todo 0 alcance universal deuma censura met6dica. E, de flto, 1 meclid a qu e lumentam 01 reeuraosacumuladOI e 0 capital neoea4rlo 1 SUI .proprl.~lo,0 men:ado onde

    \ 0 produto cientftico pode set colocado Ie reatrinp, &em cesser, con-corrente. cada vez mail fortemente armadas de inltnunentos para eri-tic4-lo racionalmente e desaaeditar leU autor: 0 antagonismo, que 6o prindpio da estrutura e da t raDsforma~o de todo campo social, tendea tomar-se cad. vez mail radical e fecundo porque 0 acordo fo~adoonde se engendra a razlo deixa Cada vez menOi lugar a o impenla do e adoxa. A ordem coJetiv a da ciancia se elabora D a e pela anarqu ia COD-eorreneial das .~s interebadas, cada agente encontraodo-se dom inado- e, com ele, todoo grupo - pelo entrecru zamento aparentem enteIncoerente d.1 estrat6gias ibdividuail. Auim, a opoli~lo entre os as-pectos "funcionais" e "disfuncionail" do funcionam ento de uin campocientffico dotado de uma grande au tonom ia nio tem sentido: al ten-Mod .. mail "disfundonais" (par exemplo, a propenslo 10 segredo e rectlSa de coopera~o) estlo inlC ritu DOl pr6prios mecanisMO' que en-gendram as disposi95es mail ~CiODail". N a m edida em que 0 m6todo,cientffico Ie insc:reve DOl meanilmos sociaia que regulam 0 funciona-mento do campti e que Ie eacontra, .. im , dotado da ob je tiv ldade supe-rior de om. lei soda! JmlDeDte. poderealmente objetivar-se em mstru-.1 Elilte um COI I IeI I IO, CO l l I "elto, de que a lata clatffica Ie tonIa cad. va mal.IateD a (.'_ ' eta c..qUaci. da eepeci.J~ que teDcle I reduzir . eemceaar, 0 U1dWtlO dol coacorreaCII pel. dlYido em ,tubcampol ada vez malte.treltamente~) .1 edfda l1li qu e a dADcla naa;a au, mall precisa.bleDte, na media em que 01. J " e C U I ' I O I c fentfficO l ICUD lu iadoa IUDleDtam e queo cap ita l necell6r io pan ""D r a ID tea;Io torDa mall Iarp ualformementedilt ribuldo entre 01 CODCGrI 'NC. peta a m p U a c l o do 4 1 , I I t o 4, ,ltIrtJltl DO campo

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    .m entos capazes. de controJar e algumas v ezes dom ioar aqueler que 0u ti1iz&m e DIS disposi~ du rav elmente constitu fdasqu e a insti~oescolar produz . E ssas disposi~ eneontrsm um reforco contfnuo DOSmecanism os soeiaie q ue, ach ando su porte DO materia Jismo ra cio aa J. d ad e n a a objetivada e incorporads, produt.em eontrole e censura, mastamb&! inven~io e nlptura.Adfada e 01 dox6sofos

    A ...ciencia jamais teve outro fund~ento senao 0 da cren~ cole-tiva em seus fundamentos, que 0 proprio funcionamento do campo den-tffico produz e sup&. A propria OniUestr8~O objetiva dos aquemlSp~ticos inculcados pelo ensinamento explfcito e pela familiariza~o -fundamento do consenso do que est6'em jogo no ampo, isto ~ doi.problemas, dos m6todos e dIS solu95es imediatamente percebidos como. cientfficos - encontra sen fundamento DO conjunto dOl mecaDismosinstitucioDais que asseguram a sel~o social e escolar dos pesqu isadcmes(em fUD~lo, por exemplo, da hierarquia estabelecida diS discipliDu) ,a forma~o dos agentes seleclonadOl, 0 controle do acesso .os iDstru-mentes de pesqu isa e de publiC8~o etc. IT. 0 campo de disc:ussio quea ortodoxia e a heterodoxia desenham, atrav& de suas lutas, se recortasobre 0 fundo do campo da doxa, conjunto de pressupostos que os uta-ganistas adm item como sendo evidentes, aqu6m de qualquer discuslio,p orq ue co nstitu em 8 condi~lo t'dta da discussio: a censan que I'0 conjunto dOl Plocenoe que acom.. Dh.... a .ut~ do campo ..Ufieamut'm reI.. dlaNtic:u:UIim, a ampli~ contfmaado cIinfto d.entrada que a acumu l~o de ncu l'lO l eepedlicGI implic:a cootn'1Jaf em fnJC a ,...a .u toaom~ do campo c iea tf fico inlCauraDC lo,iad in tamcate, 1l1li COI1e IOdaIcomo 0 muado profaao dol Jefp.IT 0 ublt," primeiroproduzldo pela educa~ de cl_ eo"''''. _ ..... riofn c:u lc :a do p ela edu ca ~ CICOIar contribuem. com peIOI cliferates DO ClIO ..clhciu lOCi . i , e du dhdu d. natureza, pII1I determinar ama ...., pr6.- relieD . . 101 preaupoefOl dci_ do campo (lOIn 0 papel da "'Ci"i,e;:Io, "'IIA om loM . W . D . S poaiored aad coafelt m o b a 1 i t J , cit., p. , XVII If , T . S -T 1 I e fuactiOD of dopaa i D lC leadf ic neeardL fa: CIloIDII, A. c . . . . . IdaIIIkcluJ, . . LoacIreI, H,fnemaD. 1963. p. '47-69). .. , V e D IO I 0 que poderia tOl'lllr" e IDOmeto do lo ai. (m il Ie ria ............etaometoclo101ia1) Ie ela IOU'- que aquilo que ela fOI I Ia CGIIIOobjeto, 0 ...1 0 ' " G l l t . de S chu tz , , adedo lri-reflaift I ,onl_ .. ~Ieckfa.

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    .ii,!

    ortodox ia exerce - e qu e a heterodox ia denuneia - esconde u rnscensura 80 mesmo tempo mais radical e inv isfw l porque constitutiva doproprio funci9llllM,Dto do campo, que Ie m e r e 80 conjunto do que6 admitido pelo simples fato de pertencer 80 campo, 0 CODjunto do que ~coJocado fora da dilC U ldo peJo flto de lceitar 0 que est' em jogo nadiscusslo, ilto 6, 0 con leDlIO IObre os objetos da diuenllo,'os interessescomuns que estlo n8 base dO l conflitOl de' interesse, todo 0 nlo-discutido,, a nlo-pensado, ta citamen te mantidOi fo ra dOl llmilD da luta at.

    D ependeu do do JI'I1l de lutonomil do campo com rela~o ls de-termina~ extema, 6 maior I parte dearbitltrio social englob8da 80s is tema de p re ssupo ltO i CODstitutiW. do c ampo C OIIIid erado . Isto signifie8que, no espa~ abstrato da teoril, qualquer c a m p o cientffico - 0 dasci!ncias sociais ou d. mltem'tica. hoje, ou 0 dl alquimia ou da astra-nom ia matem 'tica do tempo de C op6m ico - pode estar. situado em~ algum ponto en tre 01dois limites representadOl, de am lado, pelo camporelig io so (o u 0 campo d. produ~ Iiterma), no qua l a v erda de o licialnada mais 6 do que a imposi~o leaftima (isto 6, arbitrUia, e nlo reconhe-ada enquanto tal) de um arbitdrio cultuJal exprlmindo 0 interesse es-pedfico dos dominantel ._ dentro do campo e fora dele - e, de entre1ado, por um campo cientffico que baniria qualquer elemento de ubi-tdrio .(ou~e nlo-penudo) social e onde 01 meeani_OI aociais rea1i-zariam a imposi~o necea4r ia duDorma. univenais da razio.A queatlo que auim Ie coloca , a do pau de arbitrUio social daCMIfd que ' func ionamento do campo proda e que 6 condi~o desen funcionamento oa, 0 que c I 4 DOme1liiO, questlo do grau de auto-~oinia do campo (em rel~o, primeiro, ' 1 demand. social d. clane do-minante) e du C O D d I 9 D e a lOcIa i I , interna e e x t e m a . . d e a a Butonomia.o princlpio de tadu .. ctifereD C U entre t:tIIIqIO.f d . -tIIlco , - capazesde produzir e de Atfsfazer um mtereue propriam ente clentffico e demanter, Baiar, am ptOeeIlO dia1~co iDtermid~1 - e CtIItIPDI de pro-duo d J s c u r I o MIIlII08 ~ oade 0 trabalh o eoletiv o 16 teD! par efeftoe fun~o perpetuar 0 campo idantico ele memo, pro du z iDdo , ta ntod en tro qu an to fora, CIIDp DO YI Io r au t& lomo dol objet ivOl e do .

    i"

    ~J.I41~'I,Ij,

    1j~I

    .. N o cuipo e t a fnducIo 1 d e o 1 6 a l c a (do 4 U a I pII1idpuD a I a d a 01 dlfereetelcampoe c i a proda;lo de diIca&_ deatftlCOl oa lelrldol), 0 f u D c l a m e D t o do COD-IeDIO - ...... que 4 e t i a t dom reikle, com o ",nm oe, aa reIa"o ceDlUn.dado campo d. prodagIo do pocter (lito .. DI fwl;Io oculta do campo c i a luta doe.... ).

    ,j1

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    objetos q u e ele produ z - reside na relacao de dependsnc i a pe lq apa -.rlnda de independencia em re)a~ ao b dem andas ex ternas: os dox 6!ofos,eientistas aparentes e cientistas da aparencia, s6 p od em Jeg itim a r 0 des-pojam ento qu e eles operam pela constitu icao arbitraria de um saberesote rico in aces sf vel 80 profano e 8 deJeg a~ao q ue eles exigem ao searrogarem 0 monop6lio d e eerta s pr'ticas au a reflex ao sabre elas, coma condi~o de im porem a erenca de que su a falsa denaa , perfeitamenteindependente das dem andas sociais e qu e ela 56 satisfaz ta o bern por-que afirm a su a grande recusa de ser v i- la s.

    De H eidegger falando das m assas" e das "elites" oa linguagem alta-mente eu femfstica do Uau t!ntico" e do "in au ten tieo " a os p olitic 61 0g0sam ericanos, reprodu ziodo a vislo oficial do mundo social DII semi-abs-tra~ de um diseurso d escritiv o -n ormativ o , ~ sempre a mesma estra-t~gia da laua ruptura que define 0 jargdo erudito par oposi~o I lin-guagem cientffica. Onde a lingoagem cientffica coloca aspas. comoobserv a Bach elard, para assinalat q ue as palav ras da lingoagem ordin'riaou da lingu agem cientffica anterior que ela conserv a estIo c:ompJeta-men te red efin id as e retiram sea sentido do nov o sistema te6rioo c . . lingu agem erudita u sa aspas ou neologismos som ente para manitestarsimbolicam ente uma distlncla e um a rnptu ra fictraas em rela~o 80sensa comum: nio disP ondo de nenhum. autonomia real, ela s6 pode,com efeito , produ zir com plet8m e~e seu efeito ideoJ6gico conserv aodo-sesuficientemente transparente para continu ar ev ocando a experiencia ea ex pressio o rd in 4ria qu e ela d erip e e dmega.

    As estrat~gias da falsa IUptora exprimem a v erdade objetiv a decampos. qu e s6 disp(iem de um a falsa autonomio: com efato . enqu antoa c la IS e d om ina nte concede is cicndas da natu reza um a au tonom ia q uese m ede pelo seu grau de in teresse n as apJic :a~ das t6coicas cientff ieasDB economiS t ela nada tem &-esperar das denaas sociais, a D io ser, DOm elbor dO l CIIOS, ~a coDtnbui~o partic:u lannente predosa para a Ie,;.t ima~o da ordem estabelecida e um ref~ do arsenal dO l iastnrmaJtDssimb6licos de domina~o. 0 desenvolvimento tardio e sem pre am ~odas denaas sociais If est4 para testem unh ar que 0 prollesso em dire;iollutonomia real -. que c:ondicloDI e su~ ao mesmo tempo , iDI taa-ra~o de mecaDismosC O D S t i t u t i v o s de am campo cieatlfic:oauto-...,e au tUquico - se cboca, necessa riamente, com obs~cuJos dC lSCOllhec idos0 BAOIBLUD, O. Op. aL , p. 216-17.

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    148alhures: e nlo pode set de outre modo, porque 0 que est' em j,ogo nalu ta in tern a pela IUfondade cientffica no cam po das ci~ncias socials, isto~, 0 poder de produ z ir, impor e m cu lcar a representa~ io legitima domundo social, , 0 q ue est' em jogo entre 81 classes no campo da polf-tica 4J. S egue-Ie daf qu e u posi~ Da Iu ta interna nio podem jamaisatingir 0 graa de independencia com re18~0 is posi~ nas Iutas ex -ternas qu e se observ a no campo das ci~ncias da natureza. A id6ia deuma ciBncia neu tra 6 uma fj~o, e umafi~o interessada, que permitefazer p8ssar por cientffieo u ma forma neu tra liz ad a e e ufBm ic a, p artic u la r-mente. efic az limb olic amen te porque particularmente l"econhectv~l, darepresenta~o dominante do M undo soda14t. Desvend8ndo os meca-nismos lOCi,i . 4Ue usegui'am a MaD uten~lo da ordem estabeleclda, cu jae fic4cla p ropr iameftte slmb6liea repousa no desconhedmento de sua 16-gica e de seul efeitos, fu ndam ento de u m reconhecim ento IU tilm enteextorquido, a aeneia social toma necessariamente partido na Iuta polf-tica, Portanto, quando ela consegue iDstaurar-se (0 que sup&s certascondi~ pi eenchidas, correlativas a um estado determinado da rela~iode fo~s entre as classe), a luta entre a ciencia e a falaa ciancia dos. dox6s0fOl (que podem reclamar para Ii as mais revolucion4rias tradi~ste6ricas) tru, necessariamente, uma cOntn"ui~o para a luta entre asclasses, que, pel0 menos neste caso, Dio tem ip almente 0 m esm o Inte ..resse em rela~o lve rd ade c ienUf ic a.

    A questio fund8lpental da sociologia.da cianci. toma, DO caso dasciencial lOC i ais, uma fo rma particu1armente p arado xal: Q u ais slo as con-di~8 sociail de possibilidade do desenvolvimento de uma ciencia tibertadas press6es e das demand as lOCiais,sabendo que, oeste caso, os pro-gressos no .sentido da racionaHdadc cientrfica Dio slo progressos no sen-tido da neutralidade polltica? Nlo se pode negar a qu estlo . : e 0 q ueflA~ 01 liltemu de cl.. lfI~o (taDODOIDiu), que do uma d.. quest6eaellelldail d. Juta icIeoJ6afcaalre u cl.... (ver Bouanmu, P. e BoLTAlfSIJ, LlA titre et Ie poIte: rapportl entre Ie, .,.elm. de producdoa et Ie lYIta.e de. . reprodUCt ion. Jfctu d. I. R~h,relr. '" lelmal Sod."I. 2, 197$, p. 9$-107),coaatiru., atnw. cia COmid.. de " " " 0 telpeito da e:dItIoda ou cia do--Gi1t8Dci. du c.._ lO C Ia i. - am dOl araadea priDdpi.. de divido do campolOCiol6JIco (ver Bouaomu, P. a.... et cJauemeat. MUlldt, '. 1973. p. 22-4 e('.(JXOH, A., P.A. JOND, C. L Occ l lpG l loMl """",",/011 1 1M Im llf" " ' , o c i , , , .Wortiai Paper, a. 4, PJUject OD Ocupatlollal CopItJon, Sdlaburab, BdiaburabU....... ty ".., 1174). .a SeIUHI daI que a lOCIololi . cia cihci. (e, em particu la r, da rel.~o que aci6lcia I O C i a I lIIID ~m com cl... dominante) Dlo 6 uma apeciaUdade entreoutru. DIU lIZ parte da c : o a d l . de uma I O C l o I 0 0 0 a cieDtffica.

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    149fazem, por exem plo, aq ueles que impu tam a s p artic uJa rid ad es da ciEn-cias soclels ao fato de sua recentidade, 'em nome de uma filosofia Inge-nuamente evolucionista que coloca a ciencia oficial no termo da evo-Ju~o. Na verdade, a teoria do atraso s6 ~ verdadeira, paradoxaImente,no easo da sociologia oficial e, mais preeisamente, da sociologia oficiaJda sociologia. Basta, com efeito, ter em mente IS c6lebres In4l_ deAlexander Gerschenkron sobre 0 "atrasc econem ieo", para com pteen-der os tra~ mail caracterfsticoS dessas form as particulares de diJcunoerudito que slo 8. faUtU dlnciD.r. Gencbenkron nota, com elmo, que,quando 0 processo de jndustri8liza~0 com~ com tII1ruo, ele apro-senta diferen~u siltem'ticas em reh~~9 lqueJes que se deram em parsesmais deienvolvidOl, nAo somente no que eoneeme a s est.rutural pro-dutivas e organizadonais", isto porque ele coloca em a~o instromentos. instituicionais" originais e porque se desenvolve num clima ideol6gicodifererite 4 ' . ~ a existencia de dencias mais aV8n~ ad as ~ grandes for-necedoras nio somente de metodos e de tknicas geralmeate emprep-das fora das condi~ t6:nicas e socials de validade, mas tambml deexemplos - que permite l sociologia oliciaJ atnDuir-se IparEdciu declentificidade: a ostenta~o de autonomia pode tomar, lqui, uma formasem preeedentes, de que 0 esoterismo, sabiamente fomentado dis ~lhastradi~ lettadas, representl uma pobre Intecipa~o. A sodologiaoficial visa DSO a se realizar enquanto denda, mas a reaJizar aim_gemoficial da denda que I sociologia oficial da dencia, espkie de ins-tAncla jurldica que a comunidade (a palaW8 se aplica perfeitamenteoeste caso) dOl soci6Jogos ofidais -se atn'bui, tem por fun~io fomeeer--lhe, 80 preeo de um. reinterpreta~io positivista da Jritic:a dentfficadas d e n a IS da aatureZi.

    Para fiearmas eompletamente convencidos da tua~o ideol6Jicajustificadora que a hist6ria social dis denals sociais preenche, talcomo , pnticada no e.rtabluhmnrt americano 44, bastari. rec :eDsea r 0

    4'OEUCllEHDON. A. EctHlOfll/c bkwllrdn~SJ III hbtorlt:rll """,.c".". CaI I Ibf idte,Harvard University Preu, 1962. p. 7... A f ilO lO fia e t a llis t6 ria q u e penepe a hist6ria I O C i a I d. ciaacia IO d aI .... r r ama ex prado paradipn'tica Da obra de Terry C art q ue Paul VOICCIU1IdIi izaDuma r...... com doil ecl jeCiVOl: 'Terry N . Clark.. .. ..much circulated Ia maDUlC l ipC 1'rtJ"'~16MIl PtIIrod'. (Ver 0Aa.. N. Pr()plr~tlGNl pdtrou, 'h~ Ir~nc" IInlv~li" Gild Ih~ ~1fI6Idq of "., ItItWC ambridp, H arvard Univcnity Prca, 1,.,3 e CRAM IO IlIDON ,1. C . ~oaie de J. lO c lo lo aie e t iata.tJ lOC i au x d el lOC i o lope e. Acta I.,.Rtt"mlwScltnc~1SocitIItl, 2, 197', p. 217.)

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    l:lU

    conjunto dos trabalhos direta ou indiretamente consagrados a compe-tirdo. palavra-chave de toda sociologia da ciSncia americana. que, na. sua obscuridade de conceito native promovido a dignidade cientffica,condensa todo 0 nlo-pensado (a doX I J ) dessa sociologia. A tese se-gundo a qual produtividade e competi~o estio diretamente Iigadas 4 C Jinspira-se num a teorla fu ncionalista da competi~o, vari8Dte socio16gic8da creD~ DU ~es do "m ereado liv re". A palav ra inglesa compe-t i t ion desig n- tamWm 0 que cham am os de eoncorrencia: reduz indo todacompeti~o compttlrlo entre unlverlldadu ou famldo da eompe-ti~o entre univenidades Icondi~o da competi~lo entre peaquisadores,nunca nos questionamOl IObre 01 obs~culos 1 competlo dentffica,impu tA ve is 1 ~tIr'o ao mamo tempo ~miCtl e dentt/lca quetem 'luger no tICtldmrlc mmk" place.

    -- .A compmrao que essa denci. institu cional reconhece 6 a com -peti~io que se dA dentro dos limites da conveni&1cia social que faztanto mais fortemente obst4culo 1 verdadeira competi~o cientffica -capaz de colocar em questio ortodona - quanta mais carregado .dearbitr6rio social for 0 univeno em que e stiv e rmo s s itu ado s. Pode-secompreender. portaDto, que a exalta~o d. unanimidade do "para-digma" poll. eoincidir com ex.lta~o da competi~lo - OU, ainda,que se poaa, leJUDdo o s _ atores, censurar a sodologia europ6ia porpecar pelo exceuo ou pela lalta de competi~o. .""

    AI6m das felTamentas e das tknicas - c:omputadores e progra-masde reprocessamento t lU tom41 i co dOl dados, por exem plo - a socio-logia oficial toma emprestado de imasin.~lo positivist. um modelode pn1tica cientffica Jepresentadi com todol 01 atributOl a imb6Uc:o s darespeitabilidade cieoU fica: m 4lcara1 e artificiO i tail C O II\O01 gad,~tstecnol6gicos e 0 i d tsh ret6rico. e am modelo da orpniza~o do que elachama de "comunid ade cientf lica" , concebido pel. sua pobre cianci. dasorpniza~. -Mal a sociolop_ oficia! nlo tem 0 mODop6lio du lei-tura intereaadu da iU lt6ria da ci&lcia: a dific:u ldade particu lar q ue.. Joeeph JleD.DaYhl tem 0 IIl6ito de dar I .. tell .. forma 'mal, cIireta: 0alto ..... 0 d. CGlllpe~o qUe c arac te riz a UDlvenlct.d. americana apUca IU&maior pnJdudvk lade deadfica lU I maJor f1aibiUdad. (BIN-DAVID, J. ScieDtifjcproducdYity IDd 1CI8d", orpaIr,adoa ill lllaeeeatb ceaturJ mdefae. AmniCG"StlClolOlbIR,.,.". 2 5 , 1 ' ' ' . p. 121-43); 1'" ,.,'" , , 1 I G 1 C " GIIIltl.. II";.""lItlu. ParfI , O~ C . D . E., 1 ' 6 ' . B I N - D A V I D , J ZUaJowa, Avrabam, Uni.wnltlea aDd IC I dIm I c .,... In m O d e l ' 1 l mid. "1'0"'" IOIIr1ll l ' 0 1 $ 1 0 1 0 1 1 ,3, 1"2, p. " , - 8 4 ) .

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    .~8 socio logia tern em pensar cientiiicamente Q dlncia relaOOn~ COmo fato de que ela est' situada na parte mais baixa da hierarquia socialdas ciencias, S eja elev ando-se para pensar 85 aencias mais cientfficu,melhor do que eJas proprias 0 fazem, seja abaixando-se para registrara im agem triunfante que a hagiografia cientffica produz e prOP-gil, socio]ogia tern sempre a m esm a difjcu ldade de se pensar enquatoc i a n c ia, isto e , pensar sua posi~o na hierarquia social dis aeneiu.

    1110 pode "S er v isto, com toda cllreza, Oil ~ qUe 0 lino de TIIomaIKuhn suacitou e que dariam um material experimental de araeJe qoalid8depara u ma an4lise em pfrica du ideologies cia ci~ci. e de tuaI rel~ com poe~ de IeUI aurora DO campo cientffico. S ventade que eae linG, quenunc. se .abe Ie ad deacrev endo ou pracrev eodo a "l6gica da mucI~cientrfica fT, convida 01 Jeitores a oele p ro cd ra rem reIpQItU " queIdo d.boa" ou m' dena. .. .. POl parte daqueJe que linguagem Dativa cham. de" radic aia ", -le u -s e no liv r o de Thoma Kuhn um CODvi te l~" coab"1o "pandigma" .t, ou uma jUltifica~ do pluralismo UberaJ dIS world'riftn to;dUll tomad.. de posi~o correspondeodo, sent dUvida, difermtel J ' O I i 9 & sno campo. Por parte dOl mantenedores cia ordem cientffica estabelecid.. Deleleu-ee um convite para tirar sociol08i. de urne fue """"aradiam'tica"impondo-lhe lim. c:oustel~o uaifieada de cre~ de Ylion. e de tbicasque limboliza a trfade capitol in. de Panoas e de LazanfeJd reeoDCiliadGI comMerton. A exaJ~ d. qulDtifi~o, d. formaJiz~ e cia aeutnJid8de~tica, 0 d~m pela "filosofia" e rej~o da amb~ sisternitica em pro-veito d. mint1ci. da verifica~o empfric. e cia tfmida ~ dita., KVRN, T. S. Th~ "ruCI'If~01 M : Im I If Ie ,nollltltml, cit.41 ExempJode praori~o larvar: ailtenct. de um .. radi... f am I iDaJ dema~ cienUf ica. Mai. afad. do que Delle liwo - cajll tcIeI fuaclamentm do tim ... deradicaJmeDre novo, ao menOi para 01 Jcitonl de Badlelard, objefo, ele .. 6pdo,poaco mail OIl meIIOI no m am o IDOIIIeIItoe m ana oaCra tracI~, de 1II1IIC 1 I f f a c t oaemelhanre _ jntea~ o norm .tift pode .. aot8da em dois ar1ip ell T. &Kuho oode ere deecreve u fu~ poIitivu para 0d~l~ deDdficode u m penu mento M conv erpate" e lU ltenta que aded~ doam'tica I uma tndi~o , "flvodvel 1 peaquita (XVRff,T. S. 'lbe function of dopa Ja IdeatiflCreaean:h. cit., p. 3.,-'9 e The ... tial tension: tradition .... iaaoftdoa iascientific neearch. 10: HUD ION. L, oq. T I r ~tJitll1 0/ ".",.,. , , , , 1 , , . , . . I . .oednI.Pequin. 1970. p. 342.59).41,Vf1t, par exemplo. 00vtDND. A. W. r A , com ilfl e rb ll 0/ WIImt MId."".Nov a Yo r tLoad re t, 8uic Boob. 1910 e F'UIDIrCRI. R . W . A "'00 tI/ ..c l o l o r 1 . N ov a Y ork . F ree ...... 1"0.10GBI.UfBI, B. Myt h. id eo lo l1 l1 1d mo la tio a. 10 : CaD. B a o ON, W . A.0 . . . . . PrDlm ond d l lc tM t ,, ,t .: Loadra. Pea... 1970. p. 204-20.

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    I I , ' )

    operadoniu du ~eoriu de rnMio alcanee", 810 01 tra~os obtidos por urtranllD~ deeesperadamente traDlparente do ser em dever-ser, que encctram lUa justifi~o na neceuidade ~e contribuir para 0 reforco dos "valres comunithiOl" tidoe como CODdi~ de "ascensio".

    Palsa dena. destinada I produzir e a manter a falsa consci~ncia sociolagia oficial (d~ quem a poJiticologia " hoje, 0 mais belo ormmento) deve ostentar objetividade e MneUtralidade 6tica" (isto ~, nettralidade na. luta entre u classes cuja existencia, por outro lado, e)nega) manter as apar8nciu de uma ruptwa categ6rica eom a classdominante e suu demandas ideol6gicas, multipUcando os sinais exteriores de dentificidade: temos, assim, do Jado do empmco", 8 os tentOf iJo : t ecnol6glca e, do lado da "teoria", a rel6rica do "neo" (floreseente tamb6m no campo artfstico) que imita a acumula~io cientfficlaplicando a urns obra ou a um conjunto de obral do passado 810 procedimento tipicamente erudito da "releitu ra" - opera~.o paradigmaticamente escoJar de limples reprodu~ilo (ou de reprodu~o simples)feita para produzir, DOl. limitel do campo e de 1U81 cren~alt as apa-tfncial da "revoJu~o". a precilO analisar sistematieamente essa r~td-riCtl d~ clentlf lcIdtIIle atra. da qual a "comunidade" dominante pro-duz a cren~ ne v alor cientffico de IeUS produtos e na autoridadecienUfica de seu. membros: seja por exem plo, 0 conjuDto da! estra-~giasdestiD.du a dar IlIJ IlT ln cil.l d ~ t1CU 1 I'Iu 1 tlflJ o , tais c om o a refe-r!ncia ufootes can6nicas, geraImente reduzidas, como se diz, A "suamais simplei expmslo" (pensemos, por exemplo, DO destino p6stumodo .Sulcfdio), jato 6, protocoJes iDsfpidol imitando 0 frio rigor do dis-CUl'IO cien tfftco , e ' 0 1 artigos recentes, D a meclida do passiv e], sobre 0mesmo .ssanto (~ eonhecida a oposi~io entre .1 ciencias "duras" -hard - e as cj'ncis. "bJ'8D das" - soil); au aiDda al utratigias d~1lu:Imento , :que entendem marcar uma separ8~lo categ6rica entre aproblem4tica cie.btUica e 01 debates profanOl e mUDdanos (semprepresentes mu a tftulo de -rantaam.. na m4quina"), isto muitss vezespelo p~ de simples retradup. lingUtsticas; ou as t!stratl,los' ded~, que f lo re sc :em DOl politic6loJO l, h 4beis em realizar 0 idealdominante da "objetividade" Dum d iscu no ap oU dco sabre a paU tieaonde a politics recalcada s6 aparece sob apatencies irreconhedv eis e,portaDto. irrepreeul(veis, d a d eneg a~ lo politicol6pca II. Mas essas es-

    .11Ver PA UONI, T. T IN atrucl"r, o/,Iocltll tlellM. Nova Yo rk , F ree Prell, 1968.IIVer BoUIDIIU. P. I . . e a dOXOlOpha. MIII"'t, 1, 1973. p. 26-4' (em particular adlfle do efelto lJjJIet).

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    trat6gias preenchem, aJ~ disso, uma fun~o essenclal:- I circo].~ocircular dos objetos,. das idma!, dos m~todos e, sobretudo, do reeonhe-cimento no interior de uma comunidade produ z '., como todo drt:ul0de legitimidade, um univ erso de creneas q ue encontram sea equivalentetanto no campo religioso quanto no campo da literatu ra ou da alta eos-ra ...Mas 6 precise ainda evitar, aqui, dar lla/so dlndll ofkiaI a signi-iC 8~io q ue lhe confere a critica "radical". Apesar de su a discoAftad.

    0 valor qu e eles conferem ao "paradigm.", PI indpio de unifi- .necessario ao desenvolvimento de ci~nci. num caso, f~ de

    p re ss ao a rb itr nr ia no ou tro - ou aJtemadamente um e outro, para Kuhnconservadores e "radicais", advers4rios e c6mplic:es, c:oocordam de

    ato no esseneial: pelo ponte de vista necessariamente unilateral quet e r n do campo cientffico ao escolher, pelo menos itlconsciente-ente, um ou outro dos campos antagonist.s, eles nlo podem percebet'

    u e 0 controle ou censura nio sio exerddos par tal au tal instlnciaas pela rel~Qo ob/etiva entre odVet'S4riOI camplice, que , peto seua nta gonismo , d elim itam 0 cam po da discu sslo legitim&, ex cJu in.

    o como sendo absurda, ou simplesmente impens4ftl, qualquer tenta-iva de tom ada de posj~o nlo, prevista (oeste ClSO partic:uIar, de co-ocar, por exemplo, a servi~ de uma outra axiom'tica cientffica aserramentas elaboradas pel. clSnci~ oficial) III.

    Expressio Jevemente eufSmica dos interesses dos dominados docientffico, a ideologja "radical" tende a tratar tod. revol~loa ordem cieotffica estabeleclda como rev olu ~lo cientffica . AssimA lOcioJosiaofida' da ciancil oferece uml justifi~o ..... Qda am ca..~. A aim , por aemplo. 0 mtar problem.. te6ricoe f a a d a a n e e r a i I eDODDtlaa justifica~o n. f d " . de que, n.. eifnciu da natana, 01 paqm.doi. DIopreocupam com filoaofi. ci a c:i6lci. (ver 1IAGtrnloM. W. D. !pow ladntC it m obility_ , cit., p. 271-79). P ode "v er IeIII d i r lC U . . .. e 0 III ciacioJoaia d. dfnci. cleve i aecasidade de lqitimlr am estado ' a I D de

    01 limit que ad IUbmetida em Ge ...... eled. . .S obre piod~o cia cr~ e do feticbfl l1lO no campo da alta CO IIU ia , ""P. e DIUAVT, Y. I.e couturier II triffe. Coaln1Jatioa l_ Mriefa malie.Act.1 li~ ,. R"nch~~"tinetl Sodtll", 1 (I),.... 197', p. '.36.Tail ..... epfatemol6aicol. que .10 ao ....., tem po .... ~ faa.nam em qualq uer campo (Yer, par .aemplo, 0 P_'t~, que C I p 6 eberm a e Popper DO euo da A lemlaba - mecu ismo de ~ que. ...,teslldo na Europa , COID$ flZer ettralOl DOt EUA CD III Iaqu_"&col. de Fnnkfurt).

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    ela faz,como se baetasse que uma inOV8~lo" fosse exclufda da cienciaoficial para que ela pudesse ser considerada cientificamente revolucio-n m . . A ideologia "radical" se am ite, assim , de colocar a questao dasCXlDd i~ sociais atrav& das q uail uma revolu~io contra a ordem den"tllica estabeleclda 6 tamb6m um l rev olu ~o cientffica e nlo uma simplesh eresil q ue vila derru bar a com )a~o de for~al estabeJeclda no cam posem tra ns to rma r 0 1 p rincfpiO l sobre os q u ais repou sa seu funciona-mento '1 . Ouanto aos dominantel, inclinadO l a adm itir q u e 8 ordemc i e n t f f i c a DI qu al estio coloeados todos 01 seul inv estim entos (no sen-tide da econom ia e da psican4lise) e de cu jO i Iucros se apropriam ~o dev er-ser realiz ad o, sio Io gicamente lev ldo s 8 aderir 1 filosofia capon-tinea da dencia q ue se ex preasa na tradj~lo poaitivista, form a de o ti-mismo h"beral que deseja que a dencia progrida pela fo~ intrfnsecada jd~ia verdldeira e qu e 01mail "podel'OlOS" sejam tamb6m os mais"competentes", Buta pensar 001autigos estados do campo d as c ien cia sda natu rez a ou no estado atual das dena as soci8is para pereeber a fun~ioideol6gica de lOciodic6ia della Ctlosofi l da ciencia q ue, dando 0 idealpar reaJirado, exclui Iquestio diS condi~ sociais de rea1iz a~ io desseideal.

    A o se colocar que a pr6pria aociologia da ciencil funelona se-JU Ddo a. lei. de fu ncionam ento de todo cam po cientffico, 8 soclologiada denci. nlo se c,xmdena de modo alpm ao relativismo. Com efeito,uma so cIo lo aia eientffica dl clencia (e a sociologia clentffica que elacontribui para tomar poss{vel) s6 pode constitu ir-se com a condi~ iode perceber claram ente q ue A s diferentes posi~1 no cam po cientlficoaisoeiam-se representa~ da dencia, estrat6aias ideoldglcas disfar-~du em tomtzda.r de po8l,80 eplstemoldglctlS atravls dIS quais osOCUPlDtes de uma poai~o determinada v iaam ju stificar su a pr6priaposi~o e u estrat6giu que elea colocam em .~o para m ante-I. oum eIh cri-la e para desacreditar, ao mamo tempo, 01 detentores da po-si~o oposta e IUU estrat6aill. C a da 1OC i61ogo6 bam soci61ogo deIfa precI Io aaalllU t odO i 01 UIGI atrab 1a1ca q ue 01 dom laadol de um campopodem f.. da traDtfi~o ideol68iea d. lUI poIl~ objetiva: par exemplo, nlb~ zdlUi lD que pennite 101ac:lufcl. drar aiDd. putido cia iDstitul~o(que .. r e c o D h e c e m ~te ao crldd.l.por Illo nccmbec6aIOl). tueado d.noJulio u_ ..... U. d. oleedflcld I; oat "ad.. COfttetta9lo d. eGmpe-t IaeIa. . dOl dom_teI, q""DO ceIltro dl todo movimellto h,"tlco (ver COIIfeItI;Io do monop6Uod. ..~o) I qu . dM taIIto D leao a erm ar .. e d.arpm .toe deatfliCO lquuto mail fraco fo r 0 capita. cintffieo aeumulado etc.

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    seus concorrentes, 8 sociologia do conhecimento OIl da dhJcj. Dldamais sen do do q ue a forma mais ir repreens fve J du esba'~gjas de des-qualifiC8~io do adversario eoquaoto ela tomar par objeto es adve.driose suas estrategias e nio 0 sistema compldo d~mratlgim, i