2009 - Sobre a pesca de peixes ornamentais por comunidade do Rio xingu-Pará-Brasil - relato de caso

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    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(3): 521 - 530, 2009

    SOBRE A PESCA DE PEIXES ORNAMENTAIS POR COMUNIDADES DO RIO XINGU,PAR BRASIL: RELATO DE CASO

    Jaime Ribeiro CARVALHO JNIOR 1,2;Nigiacy Alcidia Seabra da Silva CARVALHO1; Jos

    Leocyvan Gomes NUNES 1,2; Andrew CAMES 3; Mrcia Francineli da Cunha BEZERRA 2;Andr Ribeiro de SANTANA 4; Luiza NAKAYAMA 2,5

    RESUMO

    A pesca ornamental em comunidades ribeirinhas do mdio rio Xingu PA uma das atividadesmais antigas e importantes na regio. Com o objetivo de caracteriz-la, foram realizadasobservaes diretas, aplicaes de questionrios e entrevistas semi-estruturadas. A maioria dosinformantes era paraense e adquiriu seus conhecimentos atravs da observao na natureza ouinformados por outras pessoas. O nmero de pescadores que comearam a trabalhar com idadeabaixo do permitido pelas leis brasileiras (16 anos) foi grande em relao amostragem,caracterizando trabalho infantil. Apesar dos riscos impostos aos pescadores serem muitos e no

    haver garantias trabalhistas, a maioria est na profisso h bastante tempo. Os volumes deexportao, mesmo sendo dependentes da sazonalidade, sofrem forte efeito das demandas domercado, e algumas espcies j apresentam sobre-explotao, como o acari zebra (Hypancistruszebra).Os resultados foram relevantes, pois apontam para uma realidade preocupante, tanto pelolado dos pescadores, como pelas espcies exploradas, por isso preciso desenvolver aes quepromovam a pesca ornamental sustentvel na regio.

    Palavras-chave: Ictiofauna; Peixes ornamentais; pescadores artesanais; Rio Xingu; Acari zebra;Amaznia

    ABOUT OF ORNAMENTAL FISH FOR COMMUNITIES OF THE MIDDLE XINGU RIVER PAR - BRAZIL: NARRATIVE CASE

    ABSTRACT

    Ornamental fishery in riparian communities of the middle Xingu River, Par State, is one of theoldest and most important activities in the region. In order to characterize it, we carried out directobservations, application of questionnaires and semi-structured interviews. Most of the informantswere from Par State, and developed their skills by watching nature or through knowledge taughtby other people. The number of fishermen who began working under the legal age according toBrazilian Law (16) is high, in relation to the total amount of interviewees, which characterizes theoccurrence of child labor. Despite the many risks and lack of observance of labor rights andguarantees, most of the fishermen have been in the profession for some time. Even though theexport amounts depend on seasonality, they suffer a strong influence from market demands, andsome species already suffer from overexploitation, such as the acari zebra(Hypancistrus zebra). The

    results were relevant because they point to a worrying reality regarding the fishermens interestsand the exploited species. Hence, it is necessary to develop actions that promote sustainableornamental fishery in the region.

    Key words: Ichthyofauna; ornamental fish; fishermen; Xingu River; Acari zebra; Amazon

    Relato de Caso: Recebido em: 08/01/2008 Aprovado em: 09/11/2009

    1 Laboratrio de Ecopedagogia - Centro Jovem de Aquarismo (CENJA). Belm PA - Brasil2 Laboratrio de Biologia de Organismos Aquticos/CCB-UFPA e GPEEA/Sala Verde Pororoca: espao socioambiental Paulo

    Freire/IEMCI-UFPA. R. Augusto Corra, 01 CEP: 66075-110 Par - Brasil3 AMAZONFISH ORG, USA

    4 SEDUC- GPEEA/Sala Verde Pororoca/IEMCI UFPA5 e-mail: [email protected]

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    INTRODUO

    A pesca na Amaznia reveste-se de grandeimportncia na vida da populao regional. De umlado, pela importncia alimentcia, para oabastecimento de pequenos, mdios e grandescentros urbanos, e de outro, por ser um dos vetoresque leva determinadas comunidades adependerem dessa atividade. Nas reas pesqueirasparaenses, o aprendizado ocorre pela prtica, pelacontinuidade da atividade, pela convivnciagrupal. O registro mental, transmitido pelatradio oral de pai para filho, de gerao agerao. Neste particular, as faixas etrias maisvelhas exercem papel relevante na transmissodesses conhecimentos (FURTADO, 1993).

    Como pesca artesanal entende-se aquelarealizada nos moldes da pequena produomercantil, que comporta, ainda, a produo depescadores, segundo o conceito de DIEGUES(1988). Entretanto, trata-se de uma pesca muitoespecfica, seletiva e realizada com tcnicas depredao pouco conhecidas cientificamente, masexistentes em algumas localidades, levada a cabopor produtores autnomos, empregando fora detrabalho familiar ou do grupo de vizinhana e cujaproduo destina-se, principalmente, ao mercado

    internacional.

    Peixes ornamentais da Amaznia despertamgrande interesse em aquaristas de todo o mundo. Soimportantes na gerao de divisas, visto que a maiorparte da produo destina-se ao mercadointernacional (FALABELA, 1985, RIBEIRO et al., 2008).

    CHAO et al. (2001) estimaram valores, para aindstria como um todo, contabilizando US$ 15bilhes movimentados anualmente, incluindoitens como: acessrios, equipamentos,

    alimentao, plantas ornamentais e publicaes.FUJIYOSHI (2002) declarou que a

    concorrncia com outros pases amaznicos, taiscomo Colmbia e Peru, constitui um problema,pois nestes, o frete areo mais barato,diminuindo, consequentemente, o preo dospeixes. O autor constatou que os estoques depeixes ornamentais no exportados seguemdiretamente para distribuidores nacionais,principalmente do Rio de Janeiro e de So Paulo.

    BATISTA et al. (2004) comentaram que a

    captura de peixes ornamentais pode ser

    considerada atividade potencialmente prejudicial preservao da biodiversidade amaznica, poisa grande riqueza de espcies explorada eexportada , na maior parte das vezes,

    desconhecida do ponto de vista taxonmico eecolgico.

    OLIVIER (2001), analisando o estado atual domercado mundial de peixes ornamentais,encontrou situaes alarmantes devido explorao desordenada. O pesquisador concluique a reduo drstica dos estoques genticos acompanhada do perigo iminente da perda dessaindstria extrativista, bem como de prejuzos naestrutura socioeconmica da regio.

    Enquanto a regio amaznica vive custa dapesca extrativista, CHAPMAN et al. (1997, 1998),OLIVIER (2001) e RIBEIRO et al. (2009) alertarampara o avano tecnolgico da piscicultura demuitas espcies de peixes ornamentaisamaznicos em vrios pases. Os pesquisadoresrelataram que, nas ltimas dcadas, os pasesimportadores, principalmente asiticos,reproduziram vrias espcies: acar-disco e acar-bandeira (Cichlidae), non-tetra (Characidae),arraia (Potamotrigonidae), corredora(Callichytidae), alm de vrios tipos de acaris

    (Loricariidae) dentre eles, o ameaado acari zebra,endmico do mdio rio Xingu.

    No entanto, poucos so os trabalhos queabordam a problemtica social dos atoresenvolvidos na captura dos peixes ornamentais.Nesse contexto, PRADA-PEDREROS (1992)descreveu que, s na regio do mdio e alto rioNegro, existem cerca de 6 a 8 mil pessoasenvolvidas na pesca de peixes ornamentais,muitas das quais se dedicando em tempo integral.

    Em vista das informaes sobre os atoresenvolvidos na pesca ornamental serem essenciaispara o entendimento do cotidiano dessa atividade,o objetivo do presente trabalho foi verificar opadro socioeconmico dos pescadores no mdiorio Xingu e seu conhecimento tradicional sobre oprocesso de captura de peixes ornamentais.

    MATERIAL E MTODOS

    Foram realizadas excurses em cincomunicpios ao longo do mdio Xingu, (Figura 1),

    desde as proximidades da cidade de Senador Jos

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    Porfrio (jusante de Altamira), at a confluncia dorio Xingu com o rio Iriri (montante de Altamira),

    sendo que dez comunidades foram visitadas egeorreferenciadas (Tabela 1).

    Figura 1. Localidade dos municpios pertencente ao mdio rio Xingu (adaptado de ZUANON, 1999)

    O municpio de Altamira foi escolhido, paraum estudo mais sistemtico a respeito daformao do pescador ornamental e sua relaocom os elementos naturais, por ser o portoseguro dos pescadores - o centro formadorinformal de trabalhadores em pesca ornamental,alm de comportar, em sua histria, momentos

    importantes do processo pesqueiro da regio,sendo ainda, responsvel pelo escoamento daproduo, graas ao seu aeroporto. Alm disso, aregio caracterizada pela presena de ilhasfluviais na calha do rio e uma grande quantidadede pedrais, onde ocorrem os peixes que so alvosdas pescarias ornamentais.

    Tabela 1. Denominao e coordenadas geogrficas dos locais de coleta de informaes

    N Municpio Nome do Local Coordenadas Geogrficas Ambientes rea

    01 Altamira Arroz Cru 0322.19S e 5157.25W Corredeira JusantePalhal de Cima 0320.40S e 5201.55W Corredeira JusanteDistrito de Ressaca 0331.12S e 5133.12W Corredeira Jusante

    02SenadorJos Porfrio

    Croata0237.44S e 5157.06W Vrzea Jusante

    Ilha da Fazenda 0333.59S e 5155.33W Corredeira JusanteJericu 0323.01S e 5144.57W Corredeira Jusante

    03 Vitria do Xingu Belo Monte 0308.19S e 5140.14W Corredeira JusanteKaituk 0333.02S e 5150.53W Corredeira Jusante

    04 Brasil Novo Boa Esperana 0332.58S e 5221.19W Corredeira Montante05 Anapu Belo Montede Pontal 0312.22S e 5146.21W Canal do rio Jusante

    Altamira Belo Monte

    Rodovia

    Transamaznica

    Sen. Jos Porfrio

    Vitria do Xingu

    10 Km

    520015

    - 300

    45

    30

    15

    Brasil

    Novo

    Anapu

    Altamira Belo Monte

    Rodovia

    Transamaznica

    Sen. Jos Porfrio

    Vitria do Xingu

    10 Km

    520015

    - 300

    45

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    15

    Brasil

    Novo

    Anapu

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    Foram realizadas trs jornadas de campo,entre 2002 e 2003, com durao de 30 dias paracada campanha. Em 2007 e 2008, as mesmaslocalidades foram visitadas.

    O pblico-alvo das entrevistas e questionriosfoi os pescadores artesanais de peixes ornamentais,residentes, h muitos anos, nas comunidadesestudadas, detentores de conhecimentostradicionais acerca da pesca e dos peixesornamentais da regio. Paralelamente, foi feitocontato com a famlia, a comunidade e os rgosresponsveis (secretarias estaduais e municipais deeducao, sindicatos, associaes, cooperativas,colnia, igrejas e outros) das reas estudadas.

    As entrevistas foram feitas nos pontos dedesembarque, ou em outras situaes, onde os

    pescadores se encontravam em seus pesqueirosdesenvolvendo atividades, relacionadas aocotidiano da pesca ornamental, como porexemplo, limpeza dos viveiros, conserto de redes,seleo e manuteno de peixes para enviar aoscompradores ou patres.

    Foram entrevistados cerca de 10% dospescadores de aproximadamente 600 pescadoresexistentes em toda a regio, conforme observaesin loco, relatos de fiscais do IBAMA, pescadores ecolnia de pesca. O questionrio continhaperguntas estruturadas, as quais visavam caracterizao pessoal e profissional dosparticipantes do estudo.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    No incio, foram obtidos os dados culturais,tais como hbitos alimentares, construo de suasmoradias e de objetos de uso cotidiano, atravs deentrevistas livres aleatrias. Concluiu-se que essacultura predominantemente indgena.

    Em alguns momentos da coleta de dados osprocedimentos metodolgicos foram revistos, poisos moradores nos confundiram com agentes defiscalizao e no quiseram colaborar.

    Padro socioeconmico das comunidades do mdio rioXingu

    Foram entrevistados 60 pescadoresornamentais, com idade variando de 10 a 72 anos,dos cinco municpios: Altamira contribuiu com53% e Senador Jos Porfrio, com 22%.

    A maioria dos entrevistados (61%) nasceu noestado do Par (sendo 73% de Altamira e 27% de

    Senador Jos Porfrio), seguido dos estados do

    Maranho, com 22%; Tocantins e Cear, com 5%;Gois com 3%; Piau e Mato Grosso, com 2%.

    Concluiu-se que a diversidade de origensdestes pescadores proveniente de imigrao de

    outras regies do pas, sendo que grande parte remanescente do ciclo da borracha. De acordocom LOUREIRO (2002), essa mo-de-obraimigrante, caracterizada pelo baixo nvel deescolaridade e capitalizao, no possua a pescacomo cultura tradicional, sendo atrada pelosonho de melhoria de qualidade de vida,inicialmente pela extrao da borracha, seguidapela reas de garimpo e, posteriormente, pelaextrao de madeira e pela obteno de terra paracultivo e criao.

    A presena dos poderes pblicos, em

    aspectos essenciais qualidade de vida -Educao, Sade, Habitao, Saneamento,Transporte e Segurana precria.

    Constatou-se que as famlias desejamvinculao poltica e administrativa com omunicpio de Altamira, ao qual recorrem,buscando atendimento mdico, escoamento daproduo, aes em rgos pblicos, entre outrasnecessidades. Justificam ainda, que viajar de barcopara o municpio de Senador Jos Porfrio, ao qualesto vinculados, muito perigoso, devido s

    cachoeiras e corredeiras. Assim, os moradoresidentificam suas comunidades como locaisisolados, conforme atesta este depoimento de umpescador de Kaituk:

    Ainda no tenho como sair daqui, a no serpelo rio, se tivesse uma estrada at ramal, seriabeleza, porque rapidinho estava em Altamira. Obarco de linha demora muito, sai daqui dez, onzehoras da manh e chega l pela seis da tarde, opessoal tem muita dificuldade de carregar as coisaspra dentro (do barco) tambm.

    Na poca menos chuvosa (meses de julho anovembro), os ribeirinhos podem tirar proveitodas vrzeas, cultivando principalmente amandioca e ervas medicinais e coletando frutos.A prtica do roado (agricultura de subsistncia) realizada em regime familiar, mas em perodosde maior demanda de fora de trabalho, ocorrerevezamento de mo de obra entre vizinhos: noperodo de dois a trs dias, a comunidade cuidada plantao de um morador, o qual ficaresponsvel pela alimentao. Ao trmino desseroado, todos se dirigem para atender o prximo

    morador, e assim sucessivamente.

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    No perodo mais chuvoso (meses dedezembro a junho), o solo torna-se alagado,inviabilizando a prtica do roado. Assim essescaboclos/pescadores se voltam para o

    extrativismo de ltex e de castanha do Par,garantindo, assim, o seu sustento.

    Portanto, a partilha de alimento, de transportee de outros bem, mesmo entre indivduos noaparentados, muito comum, assim como asatividades de pesca.

    Atividade Pesqueira

    A maioria dos pescadores entrevistados(88,5%) utiliza barcos arrendados, os quais servempara deslocamento, pesca e transporte de produtosa serem comercializados. O restante (11,5%) usa

    canoa e remo como meio de pesca e deslocamento,principalmente na parte baixa do rio Xingu.

    Constatou-se que a idade dos filhosdependentes economicamente dos pescadoresdistribuiu-se da seguinte forma: 44% na faixaetria de 0a 2; 38%, na de 3 a 5 e 18%, na de 6 a

    9. Devido dificuldade na escolarizao eproblemas econmicos, a partir dos 10 anos, acriana do sexo masculino acabaacompanhando seus responsveis na pescaria(Figura 2). Assim, dentre os motivos alegadospara o incio precoce na atividade de captura depeixes ornamentais, na maioria dos casos, anica opo, principalmente no perodo maischuvoso, esto: influncia de familiares,facilidade de lucro e falta de outras fontes derenda.

    Por falta de opo, consideramos que os

    pescadores ornamentais permanecem na profissopor toda sua vida til (Figura 3).

    Figura 2. Idade dos pescadores de peixes ornamentais do mdio rio Xingu, PA.N= nmero de indivduos;FE= Faixa etria

    Figura 3. Tempo de exerccio da profisso entre os pescadores da pesca ornamental, no mdio rio Xingu.

    N= nmero de indivduos; FE= Faixa etria

    8

    22

    12

    8

    46

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    0-9 10-19 20-29 30-39 40-49 50-59 acima de

    60

    N

    FE

    8

    25

    1712

    6

    0

    5

    10

    1520

    25

    30

    0-3 4-6 7-9 10-12 acima de 13

    N

    FE

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    Apesar de mais de duzentas espcies depeixes ornamentais ocorrerem no rio Xingu, apesca concentra-se em dez delas (acari zebra,arraia, marrom, picota-ouro, boi-de-bota, ona,

    assacu-pirarara, amarelinho, cutia e jacund),distribudas em oito famlias (Figura 4),

    metade das quais frequentemente citada pelovalor comercial. Cabe ressaltar que outrasespcies, tais como: aba laranja, preto velho,cabea chata e bola branca, podem ser

    capturadas, para complementar os pedidos doscompradores.

    Figura 4. Modalidades de pesca para coleta das oito etnofamlias e habitats, citados pelos pescadoresornamentais do mdio rio Xingu

    Em visitas nos anos de 2007 e 2008, algunsentrevistados comentaram que a pesca ainda seconcentra nessas dez espcies, embora a partir de2005, o IBAMA tenha proibido a pesca de acari

    zebra e de arraias, que constituam o carro chefedos pedidos internacionais.

    A explorao dos peixes ornamentais realizada em diversos tipos de ambientes aquticos,no rio Xingu e seus afluentes. As espciesgeralmente so capturadas em corredeiras eremansos. Alguns pescadores tm o hbito depreparar armadilhas, em determinados pontos dorio, frequentemente colocando pedras e troncos nagua para atrair os peixes, facilitando a captura.

    Todos os pescadores praticam o mergulho(livre ou autnomo) como arte principal de

    captura. Os apetrechos de pesca utilizados so:mascareta (mscara de mergulho), vaqueta (varetafina de madeira utilizada para retirar e prender ospeixes nas fendas das pedras), tarrafinha (rede

    pequena para emalhar os peixes) e vridro1

    .A tarrafa e a malhadeira so pouco utilizados

    para coleta de peixes ornamentais, pois essesapetrechos, por terem a malhagem de 8 cm oumais, permitem a captura de exemplares adultos,

    1 Recipiente plstico com tampa rosqueada e pequenos furos,utilizado para armazenar em torno de vinte peixes, sendo amarradona cintura do pescador, enquanto ele mergulha. Os peixescapturados so introduzidos no frasco pelos furos, evitando que opescador tenha que abri-lo. Algumas vezes, acidentalmente, orecipiente se desprende do cinturo, assim, o pescador perde ospeixes apreendidos e as espcies selecionadas de valor comercial, por

    sua vez, sem ter como escapar acabam morrendo. Cada pescadorcarrega em torno de 2 a 3 vridros, por jornada de trabalho.

    Potamotrygonidae

    Loricariidae Cichlidae

    Callichthyidae

    Characidae Auchenipteridae

    Doradidae Rivulidae

    Etnofamlias-alvo

    Armadilhas

    Tarrafa

    Pu

    Tarrafinha

    Modalidades de pesca

    Redinha

    Instrumentos

    Espada/Vaquetas

    Redes

    Pedras nas lajes

    Troncos

    Mergulho

    Livre e com

    compressor de ar

    Pano

    Mascareta

    LanternaPedrais Lagos

    Rios

    Corredeiras

    RemansosIgaraps

    Lajeiro

    Sequeiro

    Ambientes

    TroncosSarobais

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    muitas vezes ovados, destitudos de valorornamental.

    Na pesca de mergulho livre utilizado

    compressor de ar e tambm outros apetrechos. AFigura 4 refere-se a algumas modalidades deutenslios empregados para a captura de peixesornamentais no mdio rio Xingu.

    Os peixes ornamentais capturados,geralmente so comercializados vivos, sendoarmazenados em viveiros feitos de madeirarevestidos com telas (de plstico, de arame ou decip) ou em vasilhas plsticas reutilizadas, osquais so mergulhados na beira do rio.

    A maioria dos pescadores investe quatro acinco dias semanais nas pescarias (63,60%) e33,30%, de seis a sete dias.

    A carga horria diria de trabalho elevada: 67,20% dos pescadores trabalhammais de doze horas por dia; 24,30%, entre oitoe doze horas; 5,80%, entre quatro e oito horas,e apenas 2,70%, menos de quatro horas pordia. Se fosse assumida uma carga horriadiria mdia de 11 horas dia-1 e 5,5 diassemana-1 de trabalho, obter-se-ia uma carga

    semanal de 60,5 horas, muito acima da de umtrabalhador urbano. Essa carga horria dividida entre: manuteno dos viveiros e dosapetrechos, deslocamento de um pesqueiro aoutro e, no perodo deste estudo, pescarianoturnas de arraias e outras espcies.

    Dependendo das espcies de peixesornamentais solicitadas, membros de vriasfamlias se deslocam para os pesqueirosespecficos, na maioria das vezes, localizadosdistante de suas comunidades. Essas pescarias

    implicam em expedies longas (deaproximadamente uma ou duas semanas), para aqual se carrega uma srie de materiaisnecessrios sobrevivncia em campo e a umaboa pescaria.

    A prpria coleta no de fcil execuo, umavez que o conhecimento tradicional acerca daarte de mergulho precrio, pois em coletasdiurnas, os pescadores permanecem por horastentando localizar os peixes nas pedras. Em reascom profundidade, nos perodos noturnos e/oude cheia na regio, utilizam compressor de ar

    improvisado 1 para o mergulho autnomo, e umalanterna 2.

    Os entrevistados reconheceram que a grandevariao na profundidade do rio Xingu decorrente do perodo das cheias (chuvas),determinando a disponibilidade oferta ouescassez da pesca ornamental, na regio domdio rio Xingu.

    No perodo mais chuvoso, os pescadoresrelataram sentirem dores corporais, aps muitashoras de submerso e, tambm, reclamaram daexposio a baixas temperaturas, presso e maiorturbidez da gua, forte correnteza e condiesprecrias na coleta. J no perodo menos chuvoso,salientaram que precisam despender mais tempopara os deslocamentos.

    H relatos de vrios casos de pescadores queapresentam deficincia auditiva, pois norealizam a descompresso adequada apsmergulho em grandes profundidades,provocando a ruptura dos tmpanos, alm deacidentes fatais por problemas no compressor enas mangueiras. Os pescadores contaram o casode um profissional que ficou paraplgico.

    Portanto, ressaltamos que. na busca por

    espcies de maior valor comercial, algunspescadores chegam a mergulhar em grandesprofundidades (at 5 m). As consequnciasdanosas sade dessa prtica vai desde alteraesvisuais, perda auditiva, nusea, vertigem, tontura,chegando at mesmo a morte. Estes achadosprovavelmente so correlacionados ocorrnciade doena descompressiva e a hipxia.

    Embora existam associaes e sindicatos emalgumas localidades, 63% dos pescadoresentrevistados declararam no participar das

    mesmas. No entanto, consideram fundamental afiliao em colnias de pescadores, uma vez que,atravs dela, pode conseguir mais segurana noexerccio profissional, incluindo o recebimento deseguro-desemprego, na poca da piracema.

    1 Composto por um compressor de encher pneu, adaptado a ummotor de gasolina de 3,5 HP, no qual acoplado um fio eltricoentrelaado a uma mangueira cristal de 25mm de dimetro, com 30a 50m de comprimento e, em sua extremidade, a chupeta (o bocalpara suco) e a lanterna. Consideramos esse arranjo emcondies imprprias para a sade, uma vez que no existe nenhumtipo de filtro; os pescadores acabam respirando ar de motor.

    2 Comum, mas a lmpada de motocicleta.

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    A maioria dos pescadores entrevistados (73%)depende exclusivamente da pesca ornamentalpara seu sustento. Os entrevistados relataram quepassaram a se dedicar pesca ornamental por

    motivos variados: tradio familiar (em suamaioria), desemprego, abandono de outrasatividades - prticas agrcolas, artes em cermica,garimpo, construo civil, entre outras.

    Um pescador ornamental, que trabalha no rioXingu h quinze anos, e mora h trinta no local,citou que a melhor poca para pescar durante operodo menos chuvoso, pois nele d mais oscascudinhos, como o acari zebra (Hypancistrus zebra- famlia Loricariidae), fato j confirmado porCARVALHO JR. et al. (2002); arraia-de-fogo preta

    (Potamotrygon leolpoldi famlia Potamotrygonidae)e acarazinho pintado (Retroculus xinguense, famliaCichlidae), espcies de peixes ornamentais cujasexportaes envolvem uma significativa redecomercial. Os valores de venda variam de trintacentavos at trinta reais.

    Devido ao alto valor individual de espciescomo, o acari zebra, estimou-se que essa pescaseletiva poder levar sobrepesca.Compartilhando desta preocupao, a SECTAM(2007) apresentou a lista vermelha da biota

    aqutica do Par, havendo 13 espcies de peixesameaadas de extino, sendo seis sseos (com

    destaque para o Hypancistrus zebra), e setecartilaginosos.

    Outro problema detectado pelos pescadores,

    que pode afetar e interferir nas condies detrabalho, o possvel represamento do rio Xingucom a construo do Complexo Hidreltrico deBelo Monte, projeto do Governo Federal, o qualprev a construo de barragens ao longo dessaBacia Hidrogrfica.

    O acari zebra, endmico da regio do rioXingu, juntamente com as arraias (FamliaPotamotrygonidae), so muito valorizadas nomercado internacional. Assim, os efeitos daconstruo da barragem da UHE de Belo Monte

    sobre o ecossistema aqutico pode comprometer ofuturo dessas espcies.

    A partir das entrevistas, constatou-se quatroatores envolvidos na pesca ornamental (Figura 5):o pescador, o atravessador, o distribuidor(classificador das qualidades morfolgicas esanidade dos peixes) e o exportador, sendo queuns dependem dos outros nessa atividade.Normalmente, o patro (exportador) ou oatravessador compra as provises ou deixa odinheiro para as despesas familiares. Esses dados

    sobre o ciclo produtivo de peixes ornamentaisesto de acordo com RIBEIRO et al. (2009).

    Figura 5. Fluxograma da comercializao na atividade da pesca ornamental, observada no mdio rio Xingu, PA

    Peixe Distribuidor Exportador

    PescadorAutnomo

    Atravessador

    Lojas

    Nacionais

    AtacadistasInternacionais

    LojasInternacionais

    Feira livre

    AquaristasNacionais

    Aquaristas

    Internacionais

    PescadorParceria

    Universidades,Aqurios e Exposies

    Internacionais

    Universidades,Aqurios e Exposies

    Nacionais

    Mercado Regional

    Mercado Nacional

    Mercado Internacional

    US$

    R$

    R$

    Aviamento

    Peixe Distribuidor Exportador

    PescadorAutnomo

    Atravessador

    Lojas

    Nacionais

    AtacadistasInternacionais

    LojasInternacionais

    Feira livre

    AquaristasNacionais

    Aquaristas

    Internacionais

    PescadorParceria

    Universidades,Aqurios e Exposies

    Internacionais

    Universidades,Aqurios e Exposies

    Nacionais

    Mercado Regional

    Mercado Nacional

    Mercado Internacional

    Mercado Regional

    Mercado Nacional

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    Sobre a pesca de peixes ornamentais...

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(3): 521 - 530, 2009

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    Considerou-se como principais entraves naatividade de pesca ornamental: 1) a dependnciados pescadores para com os atravessadores epatres; 2) a falta de apetrechos de pesca,

    principalmente os mais onerosos comocompressor de ar, para coleta em guas maisprofundas e 3) a falta de meios de transportesprprios, como rabeta3 e casco4, paracomercializarem diretamente os produtos dapesca. Dentre os anseios dos pescadores visandomelhores condies de trabalho esto: 1) registroem carteira de trabalho; 2) criao de associaesde classe e 3) liberao da captura de acari zebraede arraias, devido ao alto valor comercial.Entende-se, portanto, que essas populaes

    ribeirinhas se encontram em estado devulnerabilidade socioambiental, como definiramLOUREIRO et al. (2005).

    Na realidade, os elementos que garantem avida dessas famlias so a terra e a gua; emoutras palavras, as condies relacionadas aoacesso e infra-estrutura, necessrios manuteno da prpria sobrevivncia, ou seja,no somos miserveis porque temos recursos da

    natureza e a unio da famlia, como afirmou umpescador de Arroz Cru.

    Acredita-se que, uma das sadas maisurgentes, para minimizar a atual situao depobreza dos pescadores ornamentais e evitar oxodo para outras localidades, intensificar aeducao (formal e no formal) destes pescadores.Sugere-se ainda: 1) oferecer aos pescadores e seusdependentes, qualificao na atividade pesqueira;2) incentivar o cooperativismo e 3) favorecer aparticipao de alunos e comunidades em projetosque gerem fontes alternativas de renda, em umaperspectiva de justia ambiental5.

    CONCLUSO

    A pesca ornamental a atividade maisimportante para a economia das comunidades do

    3 Lancha de pequeno porte.4 Barco a remo, de pequeno porte.5 De acordo com LOUREIRO et al. (2005), como conceito emovimento, justia ambiental constitui-se em vetor importante decontestao ao modelo de desenvolvimento vigente, de explicitaoda vinculao entre justia social e ambiental e de luta pelaorganizao popular para exigir polticas pblicas inclusivas edemocrticas.

    mdio rio Xingu, sendo de carter artesanal edesenvolvida a partir de conhecimentostradicionais.

    Essa atividade pesqueira muito especfica eseletiva, sendo realizada por ribeirinhos,empregando fora de trabalho familiar ou dogrupo de vizinhana, cuja produo destina-seprincipalmente ao mercado internacional. Noentanto, por questes socioculturais e pelocontexto de trabalho, grande parte dos pescadoresde peixes ornamentais fica merc dosatravessadores ou patres.

    Assim, fundamental que os pescadoresornamentais tenham acesso educao formal eprofissional, a fim de conhecer regras bsicas degerenciamento de negcios e de conservaoambiental, melhorando a sua condio de vida,evitando, assim, o xodo para outras regies.

    REFERNCIAS

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