2009 Livro O Pólen no Mel Brasileiro reduzido

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ORTRUD MONIKA BARTH

O PÓLEN NO MEL BRASILEIRO

Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz

Rio de Janeiro

1989

(Edição Online – 2009)

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Sobre a autora

Ortrud Monika Barth Doutora em História Natural pela Universidade do Brasil (1964). Pós-Doutorado em Ultra-estrutura Celular nas Universidades de Heidelberg e Freiburg da Alemanha (1966). Pesquisadora Titular e Chefe de Laboratório do Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz (desde 1959). Ex-Professora Adjunta e atualmente Professora Colaboradora dos Departamentos de Botânica e Geologia e Respondável pelo Laboratório de Palinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (desde 1974). Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (desde 1962). Atua em pesquisa e ensino nas áreas de Palonologia Geral, Virologia e Citologia Estruturais. E-mail: [email protected]

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Capa: Grão de pólen de Citrus sinensis, laranjeira.

FICHA CATALOGRÁFICA

Barth, Ortrud Monika, 1939- B284 O pólen no mel brasileiro/Ortrud Monika Barth.

- Rio de Janeiro: Gráfica Luxor, 1989. 150 p.: il. Bibliografia.

1. Mel – Composição e propriedades – Brasil. 2. Mel – Variedades – Brasil. 3. Pólen – Grãos de. I. Título.

CDU - 581.33 - 638.162 (81) - 638.165 (81)

Índice para catálogo sistemático:

1. Mel: Composição: Propriedades: Brasil 638.162 (81)

2. Mel: Variedades: Brasil 638.165 (81)

3. Pólen: Grãos de 581.33

Registrado na Fundação Biblioteca Nacional no 477.565, Livro 900, Folha 400

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Ao meu marido e incentivador Hermann G. Schatzmayr

Aos Mestres Gunnar Erdtman Anna Maurizio

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Conteúdo

PARTE I - O Pólen

Capítulo 1 - a. Introdução, p. 6 b. Metodologias, p. 8 c. Considerações Gerais, p. 11

Capítulo 2 - a. Pólen Dominante, p. 13

b. Pólen Acessório, p. 14 c. Pólen Isolado, p. 14

Capítulo 3 – Tipos Polínicos, p. 15

PARTE II - O Mel

Capítulo 4.- Análise Polínica Quantitativa e Qualitativa de Amostras de Mel. Exemplos e Comentários, p. 39

Capítulo 5 - Análise Polínica Regional do Mel, p. 43

a. Considerações Gerais b. Mel do Estado do Rio de Janeiro c. Mel dos Estados do Ceará, Bahia. São Paulo e Região

Sul

Capítulo 6 – Melato, p. 52 a. Significado e Terminologia b. Indicadores Figurados do Mel de Melato c. Ocorrência de Melato em Amostras de Mel

PARTE III - Complementos

a. Análise Química do Mel, p. 58 b. Glossário, p. 61 c. Bibliografia, p. 65 d. Tabelas, p. 69 e. Figuras, p. 74

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PARTE I - O PÓLEN

Capítulo 1 a. Introdução O Pólen tem sido sempre um assunto de grande interesse para os apicultores. As abelhas coletam o pólen em bolotas, levando-o às colméias, armazenando-o em alvéolos separadamente do mel, servindo para a sua alimentação e a da cria. De outro lado, coletando o néctar das flores, involuntariamente coletam também o pólen, sendo este regurgitado com o néctar nos alvéolos melíferos. Desta maneira o pólen aparecerá no mel, constituindo importante indicador para s sua origem botânica e geográfica. Durante vários anos analisamos o pólen de amostras de mel obtidas de diversos Estados do Brasil (Barth, 1970 e 1971), sendo grande o interesse despertado pelos resultados obtidos. Apicultores e botânicos, a procura de dados sobre o pólen que ocorre no mel brasileiro, necessitam, porém recorrer a uma série de trabalhos pequenos, espalhados por várias revistas, em geral científicas e de acesso muitas vezes difícil ao interessado. Pretende-se nesta obra fornecer uma reunião e atualização de conhecimentos sobre o assunto como um instrumento de uso mais acessível a um maior número de pessoas. Pela subdivisão do conteúdo deste trabalho em duas partes principais, deseja-se fornecer primeiramente o conhecimento, para um futuro reconhecimento, do aspecto dos grãos de pólen das principais plantas apícolas brasileiras no mel; para poder dar uma certa ordem ao grande número destas espécies, tratar-se-á daquelas, cujos grãos de pólen predominam quantitativamente em amostras de mel, para finalmente abranger aquelas cujos grãos ocorrem só esporadicamente. A segunda parte versa sobre a análise polínica e floradas das quais procedem. A produção e a ocorrência de melato serão consideradas à parte. Espera-se poder fornecer aos apicultores e estudiosos da apicultura elementos que facilitem e comprovem a identificação e especificação dos méis colhidos em nossas terras. Quanto à nossa flora apícola, temos conhecimentos escassos, em geral empíricos, sem que tenha sido feita uma contraprova do que se afirma. As listas existentes de plantas consideradas melíferas são incompletas, pois sendo elas as primeiras tentativas neste sentido, tiveram como base os dados de trabalhos realizados neste setor na Europa, América Central e do Norte. Desta maneira, figuram muitas espécies aqui pouco freqüentes e pouco cultivadas, que somente em casos excepcionais contribuirão para a elaboração do nosso mel.

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A falta de um maior número de dados comprovados da nossa natureza quanto à coleta de pólen e néctar pelas abelhas, dificulta muito a avaliação dos resultados obtidos pela análise polínica das amostras. Serviram de base as listas de plantas apícolas apresentadas por Barros (1962), Braga (1961), Camargo (1972), Kerr e Amaral (1957), Nogueira-Neto (1961), Santos (1961a), Schenk (1946) e Wiese (1984), que incluem algumas observações pessoais. Um dos objetivos dos nossos estudos é analisar diferentes amostras de mel a fim de poder estabelecer seus espectros polínicos, levando-se em conta as propriedades de dispersão, frequência e quantidade de pólen das espécies vegetais melíferas. Ficará assim conhecida a real composição nectarífera da amostra, servindo os grãos de pólen de guia aos apicultores, técnicos e pesquisadores, levando-os às plantas melíferas visitadas pelas abelhas. A análise polínica dos méis, isto é, a Melissopalinologia, pode ser realizada sob duas formas: uma vez através da análise qualitativa e outra vez pela análise quantitativa, abrangendo o teor total em grãos de pólen, bem como as relações quantitativas entre o pólen de diferentes espécies ou grupos componentes do espectro polínico da amostra. Além de grãos de pólen, encontra-se no mel durante a análise microscópica ainda vários outros elementos figurados, tais como esporos e hifas de fungos, células de algas, pêlos vegetais e de insetos, grãos de amido, diatomáceas, bactérias, células de leveduras, drusas e ráfides de oxalato de cálcio, massa granulosa compacta ou dispersa, partículas de fuligem, poeira e cera de abelhas. Alguns destes elementos são de grande importância para a determinação da presença de melato, o qual não é proveniente de néctar floral, mas sim de exsudações açucaradas não nectaríferas dos vegetais e de excreções de insetos, principalmente afídeos, sugadores do floema de numerosas espécies vegetais. Este assunto será posteriormente tratado com mais detalhes (Capítulo 6). As primeiras análises polínicas feitas de méis brasileiros constam de uma relação de espécies cujos grãos de pólen foram encontrados em uma série de amostras tiradas durante alguns meses consecutivos de colméias do Município de Piracicaba (SP) por Santos (1961b) e cinco amostras de mel de meliponídeos examinadas brevemente por Maurizio (1964), além dos trabalhos de Absy, Carreira e colaboradores na Região Norte do País (Absy e col., 1984; Carreira e col., 1986). Geralmente a determinação das famílias vegetais a partir do pólen no mel não constitui grande obstáculo; já quanto aos gêneros, às vezes não são distinguíveis pela morfologia polínica; na maioria dos casos não se pode determinar a espécie, de modo que é preciso limitar-se ao tipo polínico (tipo morfológico do pólen) a fim de não introduzir erros na análise. Chama-se ainda a atenção sobre os grãos estéreis de espécies apícolas, que às vezes, como é o caso em Citrus, podem à primeira vista mascarar uma

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outra espécie; mas a falta de citoplasma esclarece logo o caso. Outro fator de “erro” pode ser uma contaminação secundária do néctar ou do mel através de grãos de pólen aderentes ao corpo da abelha, não provenientes de plantas nectaríferas e que se fixaram durante a coleta de pólen ou mesmo durante a visita esporádica de flores não apícolas; outra possibilidade é a contaminação na própria flor da espécie nectarífera, podendo-se fixar, por exemplo, o pólen de plantas anemófilas sobre os óleos que envolvem o pólen e sobre os nectários e o néctar. Estes aspectos serão discutidos em mais detalhes no Capítulo 4. São apresentados na Parte III-e-Figuras (página 115 da primeira edição) esquemas apresentando as principais características morfológicas de um grão de pólen, as quais são usadas em sua descrição (ver também o Glossário da Parte III – Complementos e Barth e Melhem, 1988). b. Metodologias Os resultados apresentados estão baseados na avaliação de mais de 500 amostras de mel e abrangem os Estados do Rio Grande do Sul, do Brasil Leste e Nordeste até o Ceará e amostras isoladas da Amazônia. De um modo geral, são méis de Apis mellifera L., havendo uma pequena quantidade de amostras de mel de meliponídeos, especialmente dos Estados de Pernambuco e Paraíba. A maior quantidade de amostras é do Estado do Rio de Janeiro, servindo elas de principal material de estudo. As amostras de mel obtidas encontravam-se geralmente em estado viscoso, raramente estavam cristalizadas. Poucas tinham gosto e odor característicos de méis superaquecidos. Quanto a este aspecto, somente a análise química leva a resultados exatos (ver Parte III - Complemento), pois além do aquecimento ao qual às vezes é submetido o mel, deve ser levado em conta a velocidade de resfriamento posterior e as temperaturas durante o transporte e o armazenamento do produto, que em nosso meio muitas vezes são superiores ao ponto ótimo de cristalização (20 - 25°C). As cores das amostras variavam de acordo com a sua origem, desde o branco até o vermelho e o âmbar escuro quase preto. A preparação de lâminas das amostras de mel foi feita de maneira semelhante ao método padronizado de Maurizio e Louveaux (1965), dissolvendo-se 10g de mel em 20ml de água destilada. Após a centrifugação o sedimento foi incluído em gelatina glicerinada não corada e as lâminas foram vedadas com parafina. Para o preparo desta gelatina glicerinada, segundo Kisser, dissolve-se 7g de gelatina branca em pó em 24,5ml de água destilada, deixando-se inicialmente 1 hora em repouso, visando o entumescimento da gelatina; aquecer em seguida em banho-maria, cuja temperatura não deve ultrapassar 50°C, até a dissolução completa da gelatina. Adiciona-se 21ml de glicerina a 82% e 1g de cristais de fenol

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para evitar mofo. Guarda-se a gelatina glicerinada em recipientes bem fechados na geladeira. Não foi calculada a percentagem total absoluta dos grãos de pólen de cada tipo polínico para as amostras de mel, sendo mais importantes, no caso, as relações entre as quantidades de pólen das diversas espécies em cada amostra. Assim, os presentes resultados são interpretados pela dominância ou não dos tipos polínicos, levando-se em consideração a super ou sub-representação das espécies. Ainda algumas palavras sobre as técnicas de preparo de lâminas de pólen. Quanto a este assunto, muitos melissopalinólogos discordam dos demais palinólogos, pois não aplicam a acetólise aos grãos de pólen (tratamento químico que por eliminação da intina, do citoplasma e de substâncias aderentes aos grãos fossiliza-os artificialmente, ficando a exina mais transparente e mais própria para o estudo de seus detalhes). Os grãos no mel e na gelatina glicerinada (material fresco) estão inteiramente hidratados e distendidos. A estrutura das exinas muitas vezes não é nítida, mas para o uso na Melissopalinologia há outros fatores importantes que auxiliam na determinação de espécies e tipos, tais como a intina, o citoplasma, óleos aderentes ao pólen, etc. Material polínico de herbário é por estas razões, geralmente pouco adequado para a preparação de lâminas padrões, pois os grãos, uma vez ressecados, não atingem jamais seu grau máximo de hidratação, além da mudança de cor (para mais escuro) que este material sofre. Tratando-se nos laboratórios, em geral, de um elevado número de amostras a ser examinado palinologicamente em rotina, será desnecessário fazer a acetólise tanto destas quanto dos padrões, havendo métodos mais simples que levam aos mesmos resultados e conclusões. Paralelamente, deve-se preparar uma coleção de lâminas de pólen, servindo de referência, abrangendo as plantas apícolas brasileiras e além destas, espécies supostas nectaríferas ou poliníferas, devido à grande ocorrência de formas polínicas não identificáveis nas amostras de mel. Sempre que possível, foram utilizadas plantas recentemente coletadas. A preparação dos grãos de pólen foi feita de maneira semelhante às amostras de mel, isto é, foram incluídos também em gelatina-glicerinada, após lavagem em álcool absoluto, acetona ou éter, a fim de eliminar as substâncias oleaginosas que às vezes envolvem em excesso os grãos de pólen. A descrição e a caracterização dos grãos de pólen baseiam-se na terminologia do Glossário Palinológico de Barth (1965). Além da estratificação e da configuração das exinas dos grãos de pólen, leva-se em consideração na Melissopalinologia, também a espessura da intina, o grau de granulação do citoplasma e a cor deste e das exinas. O tamanho dos grãos de pólen serve como ponto de referência; entretanto nunca chega a ser um dado exato, uma vez que pode variar bastante o grau de entumescimento dos grãos. As avaliações das lâminas das amostras foram feitas somente após 24 horas, considerando-se as

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mudanças, principalmente de volume, que os grãos sofrem após a sua inclusão. Nas descrições da morfologia polínica, as mensurações quanto às dimensões dos grãos inteiros, referem-se à média estatística de 25 a 30 medidas efetuadas em grãos diferentes. Em primeiro lugar é dado o diâmetro polar (P), em segundo o equatorial (E); tratando-se de grãos com simetria bilateral é dado após o diâmetro polar, o eixo equatorial maior e sem seguida o eixo equatorial menor. Durante a análise polínica de uma amostra, os grãos das diferentes espécies são agrupados de acordo com suas freqüências relativas, segundo Zander (em Maurizio e Louveaux, 1965) em:

• Pólen dominante (PD), quando determinada espécie representa mais de 45% do total de grãos de pólen;

• Pólen acessório (PA), d e 15 a 45%, e • Pólen isolado (PI), menos de 15%.

Este último grupo é subdividido em: • Pólen isolado importante (PIi), de 3 a 15%, e • Pólen isolado ocasional (PIo), até 3%.

Entretanto, a análise numérica das amostras de mel fornece dados irreais quanto à percentagem fornecida de néctar das espécies vegetais que contribuíram para a fabricação do mel. Os fatores de sub e superrepresentação de espécies polínicas nas amostras não devem ser ignoradas. Não existe uma relação geral e constante entre a quantidade de néctar e a de grãos de pólen produzidos pelas plantas, de modo que cada espécie deve ser considerada por si. Segundo Zander e Maurizio (1975), são considerados méis puros subrepresentados em pólen os de Robinia, Tília, Salvia e Medicago (20-30% do total de pólen), Citrus e Lavandula (10-20% do total de pólen) e ainda Rosmarinus, Epilobium e Cucumis. Ainda segundo os mesmos autores, são considerados méis puros superrepresentados em pólen os de Castanea, Myosotis, Cynoglossum e Mimosa pudica (contendo mais de 90% do total de pólen). A quantidade absoluta em grãos de pólen nas amostras de mel varia muito segundo as espécies vegetais e o método de obtenção do mel. Em méis centrifugados normalmente fica entre 20.000 e 100.000 grãos por 10g de mel (Zander e Maurizio, 1975). Segundo sua procedência botânica e idade, o mel apresenta cores variadas, desde o transparente como água até quase preto. A fim de padronizar uma nomenclatura da cor do mel, foi estabelecido uma relação de cores, determináveis com um colorímetro e tendo correspondência com a escala clássica estabelecida por Pfund no “Pfund-Color-Grader” (em Zander e Maurizio, 1975).

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As cores são: • branco d’agua • extra-branco • branco • extra-âmbar-claro • âmbar-claro • âmbar • escuro

Quanto ao aroma e perfume, a caracterização dos méis é inteiramente subjetiva, não havendo uma padronização da terminologia empregada. A morfologia dos grãos de pólen encontrados com certa freqüência durante as análises de mel será descrita no Capítulo 3 sob a forma de tipos polínicos (veja definição a seguir em “Considerações Gerais”), obedecendo a seqüência à ordem alfabética das respectivas famílias botânicas. c. Considerações Gerais Tendo examinado amostras de méis brasileiros das mais diversas procedências, chegou-se logo ao maior obstáculo, que é a identificação das espécies de plantas melíferas a partir da morfologia de seus grãos de pólen. A coleção padrão de lâminas de grãos de pólen de plantas melíferas torna-se aqui indispensável. Mesmo assim, nem todos os grãos de pólen dos méis podem ser determinados, pois além da provável existência de plantas melíferas ainda não suficientemente conhecidas, ocorrem no mel também grãos de plantas não produtoras de néctar e grãos de pólen por contaminação. Em virtude do grande número de espécies vegetais, especialmente de plantas melíferas que ocorrem em nosso meio, tornou-se frequentemente impossível à determinação exata das espécies polínicas dos méis. A fim de poder dar uma ordem às de diferentes formas polínicas de uma amostra, foram estabelecidos tipos polínicos, às vezes referindo-se ao gênero, às vezes à espécie vegetal. Por exemplo, na família das compostas é muitas vezes impossível, segundo a morfologia polínica, separar espécies ou até gêneros. Somente conhecendo-se detalhadamente a região onde foi colhido o mel, quanto às plantas melíferas que nela ocorrem e a época da coleta, será possível uma determinação exata das espécies vegetais que contribuíram para o produto final. O levantamento palinológico quantitativo e qualitativo de uma amostra de mel constitui o seu espectro polínico (obtido pela análise polínica da amostra). Este espectro diz respeito às plantas produtoras de néctar, às não produtoras, a contaminações, falsificações e misturas.

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Quanto à avaliação nectarífera das amostras, isto é, às espécies de plantas nectaríferas que realmente contribuíram para elaboração do mel, há vários fatores a serem considerados: a. Plantas subrepresentadas nos espectros polínicos, isto é, plantas fornecedoras de muito néctar mas pouco pólen. Assim, em mel puro destas espécies vegetais teremos pouquíssimo pólen e sedimento; poucos grãos já indicam uma grande quantidade de néctar. Como exemplo podemos citar entre as subrepresentadas, espécies das labiadas (por exemplo Hyptis sp., a erva-canudo), laranjeiras e frutas cítricas (Citrus sp.), algumas mimosáceas (Acacia sp., as acácias), etc. b. Plantas superrepresentadas nos espectros polínicos, isto é, plantas fornecedoras de pouco néctar mas muito pólen. Na análise destes méis a ocorrência do pólen em grande quantidade indica quantidade bem menor de néctar; em sua avaliação devem-se considerar as outras espécies nectaríferas presentes na amostra. Considera-se mel puro de plantas poliníferas, quando nos espectros polínicos seu pólen representa mais de 98% do total de pólen da amostra. Como exemplo de espécies e gêneros superrepresentados podemos citar várias espécies de eucalipto (Eucalyptus sp.), espécies do gênero Mimosa (espinheiros, sensitiva, bracatinga, etc.), vassourinha (Borreria verticillata). c. Plantas com pólen anemófilo, isto é, cujo pólen é seco e leve, sendo dispersado pelo vento e, ocasionalmente procurado pelas abelhas para a coleta em bolotas, jamais indicador da presença de néctar. Seu pólen ocorre no mel, às vezes em quantidade considerável ou por contaminação, em geral durante os processos de extração do mel, ou mesmo por falsificações. Entretanto, estes grãos de pólen podem ter alguma importância nos espectros polínicos quando, por seu intermédio, podemos identificar a região geográfica onde foi coletado o mel. Quanto ao espectro polínico, os nossos méis são em geral muito heterogêneos; trata-se de méis de produção corrente ou heteroflorais denominados de “mel silvestre” ou “mil flores”. Méis monoflorais, isto é, cujo néctar é proveniente de uma só espécie botânica, são limitados no Brasil a poucas espécies como os eucaliptos, a laranjeira, etc., e são pouco frequentes. Resta considerar a existência de méis não proveniente das exsudações açucaradas (nectários florais e extraflorais) das plantas, mas das excreções açucaradas de um grupo de homópteros (pulgões), sugadores da seiva elaborada dos vegetais; este produto recolhido pelas abelhas é tratado por elas igualmente como o mel de flores, mas recebe o nome de melato. Podemos ter, portanto, o mel floral, o melato, ou um produto que é a mistura dos dois em percentagens variáveis. Finalmente, temos em alguns Estados um produto semelhante a mel, chamado mel-de-cana; trata-se da colheita de líquidos açucarados dos canaviais

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pelas abelhas, depositando-os nas colméias de maneira semelhante ao néctar floral. A análise microscópica de amostras de mel à venda no comércio, infelizmente resulta frequentemente na determinação de falsificações do produto. O caso extremo foi encontrado na análise de méis registrados, totalmente desprovidos de grãos de pólen, contendo grãos de amido de milho, sem que a etiqueta trouxesse qualquer indicação de que se tratasse de um produto substituidor de mel, de um mel artificial. Estas falsificações geralmente apresentam um elevado grau de viscosidade, falta de odor perfumado característico de um mel verdadeiro, muitas vezes uma elevada acidez, mas não são de uma cor sempre atraente, limpos e transparentes. Quando velhos, entretanto, cristalizam irregularmente em forma de grandes coágulos, tomando um aspecto cinzento repugnante.

Capítulo 2 a. Pólen Dominante (PD) Várias são as espécies de vegetais cujo pólen participa do espectro polínico sob a forma dominante (PD). A quantidade de néctar que ele representa é variável, principalmente quando existe ainda outra espécie sob a forma de pólen acessório, de modo que nem sempre se trata de um mel “puro”, isto é, cujo néctar é proveniente de uma só espécie vegetal. Na avaliação dos dados para alcançar a diagnose final da amostra é de grande importância conhecer a relação pólen-néctar das plantas apícolas encontradas no mel, considerando-se os dois grupos extremos de plantas apícolas, ou seja, as super-representadas e as sub-representadas no mel, como descritas no Capítulo anterior. Os tipos polínicos mais frequentes encontrados na quantidade de pólen dominante no mel foram os seguintes:

• Borreria verticillata (Rubiaceae Bv) – “vassourinha” • Citrus (Rutaceae C) – “laranjeira” • Eucalyptus (Myrtaceae E) – “eucalipto” • Gochnatia velutina (Compositae G) – “cambará” • Hyptis (Labitae H) – “erva-canudo” • Julocroton (Euphorbiaceae C) – “morrão-de-candeia” • Mimosa scabrella (Leg. Mim. Ms) – “bracatinga”, “sensitiva” • Mimosa caesalpiniaefolia (Leg. Mim. Mc) – “marica” • Piptadenia moniliformis (Leg. Mim. Pm) – “angico”, “marmeleiro” • Vernonia (Compositae V) – “assa peixe”,

cujas descrições polínicas e observações sobre as características dos respectivos méis serão apresentados no Capítulo seguinte.

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b. Pólen Acessório (PA) Sob a denominação de pólen acessório (PA) são compreendidas as espécies cujos grãos ocorrem na quantidade de 16% a 45% do total de grãos de uma amostra de mel. Deve-se considerar, no caso de pólen acessório, duas categorias de amostras de mel. Uma é aquela que, além de pólen acessório, apresenta também pólen dominante, sendo, portanto, constituída de só duas espécies em quantidades diferentes. O outro caso é o da amostra desprovida de pólen dominante, apresentando somente uma ou mais espécies de pólen acessório. Além das espécies cujos grãos de pólen se apresentam nas amostras em quantidade dominante (PD), já citados, foram encontrados com certa freqüência nas amostras, como pólen acessório, as seguintes espécies ou tipos polínicos:

• Acácia (Leg. Mim. A) – “acácia” • Antigonon leptopus (Polygonaceae A) – “amor-agarradinho” • Astronium (Anacardiaceae A) – “aroeira” • Baccharis (Compositae B) – “alecrim”, “carqueja” • Coffea (Rubiaceae C) – “cafeeiro” • Cordyline (Agavaceae C) – “dracena” • Crotalaria mucronata (Leg. Fab. Cm) – “gergelim bravo” • Cyperaceae – “ciperáceas” • Eupatorium (Compositae EU) – “erva-de-santa-cruz”, “mentastro” • Lithraea (Anacardiaceae L) – “aroeira” • Machaerium stipitatum (Leg. Fab. Ms) – “pau-de-malho” • Mimosa verrucosa (Leg. Mim. Mv) – “espinheiro” • Myrcia (Myrtaceae M) – “araçá”, “goiabeira” • Panicum (Gramineae P) – “capim” • Phaseolus (Leg. Fab. P) – “feijão” • Ricinus (Euphorbiaceae R) – “mamoeira”, “rícino” • Salvia (Labiatae S) – “salva” • Senecio (Compositae S) – “maria-mole”, “senécio”,

cujas descrições polínicas e observações sobre as características dos respectivos méis serão apresentadas no Capítulo seguinte. c. Pólen Isolado (PI) A grande maioria das espécies dadas como melíferas e poliníferas no Brasil ocorre nas amostras em quantidade reduzida como pólen isolado (PI), não ultrapassando 15% do total de grãos de pólen. Quando presentes na quantidade de 3 a 15% são chamados de pólen isolado importante (PIi) e até 3% de pólen isolado ocasional (PIo). Quanto à quantidade de néctar fornecido, estas espécies

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têm pouca importância; entretanto, quanto à origem e procedência geográfica da amostra, o pólen de algumas espécies desta categoria pode ser significativo. Há de se considerar ainda o caso das espécies ricas em néctar e pobres em pólen que, quando aparecem em percentagem próxima ao limite estabelecido, devem ser tomadas como pólen acessório, tendo alguma importância no fornecimento de néctar. É o caso já citado anteriormente das labiadas, laranjeiras e de um modo geral da maioria das espécies que apresentam grãos de pólen de tamanho grande. Estão incluídas neste grupo de pólen isolado ainda diversas espécies anemófilas. Praticamente, não há amostra de mel que não apresente grãos destas espécies, que às vezes nem como indicadores de origem são significativos; as mais comuns são as casuarinas, algumas ulmáceas, moráceas, gramíneas e ciperáceas. Outras espécies são principalmente poliníferas, de modo que após a coleta de pólen as abelhas também contaminam o mel com estas espécies, que podem ocorrer até como pólen acessório ou dominante no produto final, como é o caso de espécie de mirtáceas, palmeiras, gramíneas e do gênero Mimosa. No Capítulo seguinte serão descritos todos os tipos polínicos encontrados nas amostras de mel examinadas.

Capítulo 3 Tipos Polínicos A seguir, será descrita a morfologia do pólen representativo dos tipos polínicos encontrados nos méis brasileiros, podendo estar presentes em quantidades variáveis, segundo observações que acompanham as descrições. Não havendo anotações sobre as características dos méis nos quais foram encontrados, trata-se de pólen isolado. Os nomes vulgares dos tipos polínicos descritos são relacionados na Tabela I. Os termos técnicos que dizem respeito à morfologia polínica são apresentados no Glossário, na Parte III - Complementos, ao final do livro. Acanthaceae: tipo Thunbergia alata Bojer (Acanthacea T) (Fig. 1) Embora sendo uma espécie ruderal bastante comum e florescendo durante longo período, grãos isolados desta espécie (amarelinha ou jasmim sombra) foram encontrados acidentalmente em somente poucas amostras de mel e em quantidades mínimas. Os grãos são grandes, espirotremados, esferoidais com

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diâmetro médio de 56,5 µm, de superfície lisa ou finamente granulada pelos báculos salientes do teto. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor ou amarelado. Agavaceae: tipo Cordyline (Agavaceae C) (Fig. 2) Esta família é mais conhecida através da visita das abelhas ao sisal (Agave sisalana), que fornece mel pouco apreciado. O único tipo polínico desta família encontrado em amostras de mel é semelhante às dracenas ornamentais, servindo de exemplo a espécie Cordyline terminalis Kunth. (Dracaena brasiliensis Hort.) (dracena, varaneira, uvarana), com grãos de pólen de tamanho médio, heteropolares, 1-colpados, de simetria bilateral, medindo 28,5 x 36,5 x 28,5 µm, de colpo largo e longo, coberto por fragmentos de sexina, abrangendo mais da metade do perímetro do grão quando em vista equatorial. A sexina (0,8 µm) é finamente ornamentada, a nexina é delgada (0,5 µm) e a intina (0,5 µm) torna-se mais espessa (até 6 µm) em direção à região distal, isto é, ao colpo. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Amaranthaceae: tipo Alternanthera (Amaranthaceae A) (Fig. 3) Trata-se de várias espécies, todas com grãos de pólen muito semelhantes, servindo de exemplo a espécie Alternanthera polygonoides R. Br. (quebra-panela); seus grãos são pequenos, 12-porados, esferoidais, medindo 15 µm de diâmetro, sendo que cada poro está localizado no centro de um dos 12 lúmens do retículo. Os lúmens são pentagonais com cerca de 7 µm de diâmetro. A sexina (1 µm) é representada por muros simples-baculados (com 0,8 µm de largura média), providos externamente de diminutos espículos assentados em fileira única sobre o teto. Nexina e intina são muito delgadas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen amarelo. Anacardiaceae: tipo Anacardium (Anacardiaceae AN) (Fig. 4) Serve de exemplo a espécie Anacardium occidentale L, o cajueiro, com grãos de pólen de tamanho médio, 3-colpados, prolato esferoidais, medindo 38,5 x 36,0 µm. Caracterizam-se pela cor cinza e apresentam nos mesocolpos uma superfície reticulada-estriada mais pronunciada do que nos das mangueiras (tipo polínico Anacardiceae M). Ocorrem no mel na quantidade de pólen isolado. Anacardiaceae: tipo Astronium (Anacardiaceae AS) (Fig. 5) Serve de exemplo a espécie Astronium urundeuva Engl. (aroeira), com grãos de pólen pequenos, 3-colpados, oblato esferoidais, medindo 22,5 x 23 µm de colpos longos, endoaberturas alongadas (8,5 x 4,5 µm) e apocolpos pequenos

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(5 µm). A sexina (1 µm) é reticulada nos apocolpos, passando nitidamente a reticulada-estriada nos mesocolpos. Os lúmens (0,5 a 1 µm) são pequenos e profundos, os muros tão largos quanto eles. A nexina (0,5 µm) é mais espessa em volta das endoaberturas, a intina é delgada (0,5 µm). Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo. Floresce de setembro a outubro (Nogueira-Neto, 1953). Este tipo polínico foi encontrado como pólen acessório em amostras de mel de cor âmbar ou amarela, de agosto agradável e suave. Anacardiaceae: tipo Lithraea (Anacardiaceae L) (Fig. 6) Serve de exemplo a espécie Lithraea brasiliensis March. (aroeira), com grãos de pólen de tamanho médio, 3-colporados, prolato esferoidais e subprolatos, medindo 28 x 24,5 µm, de colpos longos, endoaberturas lalongadas e de apocolpos pequenos (5 µm). A sexina é finamente reticulada-estriada, a nexina (0,5 µm) ligeiramente espessada perto das endoaberturas, bem como a intina (1 µm). Os lúmens atingem ate 1 µm de diâmetro nos apocolpos. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo claro. Segundo Schenk (1946) esta espécie é ótima fornecedora de néctar, florescendo em setembro e outubro. Grãos semelhantes foram encontrados para as cajazeiras (Spondias sp.). Anacardiaceae: tipo Mangifera (Anacardiaceae M) (Fig. 7) O pólen da mangueira Mangifera indica L. é constituído de grãos de tamanho médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 25 x 26 µm, de colpos largos (9 µm) e endoaberturas grandes, salientes, lalongadas e pouco nítidas. A sexina (1 µm) é mais espessa que a nexina (0,5 µm) e a intina (0,5 µm); é tectada, sendo a superfície levemente reticulada-estriada. A nexina não se espessa em volta das endoaberturas. Citoplasma granulado, cor do pólen cinzento amarelado. Ocorre ocasionalmente em quantidades reduzidas nas amostras de mel. Anacardiaceae: tipo Schinus (Anacardiaceae S) (Fig 8) São grãos de pólen muito semelhantes aos do tipo polínico Anacardiaceae AS, anteriormente descrito, medindo 24,0 x 23,5 µm, de forma prolato esferoidal, diferindo apenas pela estriação mais delicada da exina. Serviu de exemplo a espécie Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira), incluindo ainda o gênero Tapirira. Cor do pólen amarelo. Podem ocorrer nas amostras de mel até como pólen dominante (Carreira e col., 1986). Aquifoliaceae: tipo Ilex (Arquifoliaceae I) (Fig. 9) Freqüentemente os grãos característicos deste gênero são encontrados nas amostras de mel, às vezes a mais de 10% do total de grãos de pólen. Serve de

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exemplo a espécie Ilex amara Loes. (mate, congonha), com grãos de pólen de tamanho pequeno a médio, 3-colporados, prolato esferoidais, medindo 24 x 24 µm, de colpos longos e largos (6 µm), endoaberturas circulares (3,5 µm de diâmetro médio) raramente lalongadas, de apocolpos pequenos (5,5 µm). As endoaberturas são sempre menores que a largura dos colpos. Os grãos variam muito de tamanho, de modo que as dimensões não são muito significativas para a sua identificação. A sexina (2,5 µm) é inteiramente pilada, diminuindo os pilos de tamanho em direção aos colpos. Os pilos (até 2,5 µm de altura) estão bem separados uns dos outros, assentados sobre a nexina 1, apresentam as cabeças largas (até 1,5 µm) e ligeiramente achatadas. Nexina (1 µm) e intina (0,8 µm) são delgadas. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo. Balsaminaceae: tipo Impatiens balsamina L. (Balsaminaceae I) (Fig. 10) Grãos deste gênero foram descritos por Braga (1961) e encontrados raríssimas vezes em amostras de mel. Bombacaceae Grãos de pólen dos gêneros Bombax/Pseudobombax (Fig. 11) foram encontrados ocasionalmente em algumas amostras de mel do Estado do Rio de Janeiro. Os grãos são de fácil reconhecimento (Tsukada, 1964). Boraginaceae: tipo Echium (Boraginaceae E) (Fig. 12) Trata-se de grãos de pólen de tamanho pequeno, subprolatos, 3-colporados, medindo cerca de 19 x 15 µm. Possuem forma característica ovóide, sendo um hemisfério mais largo do que o outro. As endoaberturas são circulares. Sexina e nexina são da mesma espessura (0,4 µm) e a intina é mais delgada. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. São encontrados às vezes na quantidade de pólen isolado importante em amostras de mel. Burseraceae: tipo Protium (Burseraceae P) (Fig. 13) Grãos deste tipo polínico podem ser encontrados em amostras de mel na quantidade de pólen isolado importante até pólen dominante. São de tamanho pequeno a médio, 3-colporados, prolatos, medindo 27 x 19,5 µm. As endoaberturas são alongadas no sentido equatorial e reforçadas por um espessamento característico da nexina. A exina (0,8 µm) é lisa e mais espessa do que a intina (0,5 µm). Citoplasma granulado, cor do pólen incolor.

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Casuarinaceae: tipo Casuarina (Casuarinaceae C) (Fig. 14) Grãos do tipo Casuarina, de dispersão anemófila, foram encontrados em diversas amostras. Trata-se de grãos de tamanho médio, oblatos e suboblatos, 3 (-4)-porados, medindo 35 µm de diâmetro equatorial médio, de poros proeminentes (3 µm de diâmetro médio). A sexina é formada por um teto espesso (1,1 µm) sustentado por báculos delgados (0,6 µm de altura) que, exceto na região equatorial, se apoiam sobre uma nexina delgada (0,3 µm). A intina é caracteristicamente espessada sob os poros. Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo claro. Combretaceae: tipo Combretum (Combretaceae C) (Fig. 15) Grãos desta família aparecem freqüentemente nas amostras de mel das mais diversas procedências, às vezes em quantidades próximas às de pólen acessório. Serve de exemplo a espécie Terminalia catappa L. (amendoeira, castanhola). Seus grãos de pólen são pequenos, 3-colporados, 3-pseudocolpados, prolato esferoidais, medindo 19,5 x 19,5 µm, de colpos longos e estreitos e apocolpos (6 µm) pouco nítidos; as endoaberturas (5,5 µm) são circulares. A superfície é lisa, a sexina (0,8 µm) é finamente estruturada, diminuindo de espessura ao formar os pseudocolpos. Nexina (0,3 µm) e intina (0,5 µm) são de espessuras constantes. Citoplasma granulado, às vezes quase homogêneo, cor do pólen incolor. É elevado o número de grãos estéreis nesta espécie, menores que os férteis e desprovidos de protoplasma. Esta espécie não é muito atrativa para as abelhas; é visitada ocasionalmente. Commelinaceae: tipo Commelina (Commelinaceae C) (Fig. 16) É uma família cujos grãos são freqüentemente encontrados em amostras de mel do Estado do Rio de Janeiro especialmente quanto ao gênero Commelina, servindo de exemplo a espécie Commelina virginica L. (trapoeraba azul) com grãos de pólen pequenos, 1-colpados, de simetria bilateral, medindo 20 x 29,5 x 19 µm, de colpo longo (com 11 µm de largura), coberto por granulação de sexina. A exina (até 1 µm) é delgada, lisa ou levemente ondulada, coberta por pequenas verrugas, bem separada umas das outras, dispostas em fileira paralelas ao comprimento do colpo, dando uma aparência pilada-estriada aos grãos; a intina (0,5 a 0,8 µm) é ligeiramente mais espessa sob o colpo. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. Compositae Ao mesmo tempo em que serão descritos diversos tipos polínicos das compostas em mel brasileiro, será feita uma comparação com os tipos polínicos

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estabelecidos por Zander (1935). Em vários casos houve uma boa correspondência, em outros, para efeito de análises mais detalhadas, as formas polínicas de Zander foram desdobradas em um número maior de tipos polínicos (Tabela II). Estes não satisfazem as variadas formas morfológicas encontradas nas espécies melíferas das compostas no Brasil. Para delimitar estas variações, foram estabelecidos nove tipos polínicos. Certamente, com o aumento dos conhecimentos polínicos de nossas floras apícolas, ao menos alguns dos tipos serão subdivididos, definindo-se melhor ainda as formas morfológicas afins; é o caso do tipo polínico Compositae V, onde as configurações de cristas parciais podem variar; entretanto, ainda não foi estudada a morfologia polínica de um número representativo de espécies para as variações encontradas dentro deste tipo polínico. Compositae: tipo Baccharis (Compositae B) (Fig. 17) Trata-se aqui de certo número de gêneros, incluindo, por exemplo, Baccharidastrum, servindo de exemplo Baccharis calvescens D.C. (alecrim-do-campo), com grãos de pólen pequenos, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 14,5 x 15,5 µm, de colpos longos, endoaberturas circulares (3 µm) e apocolpos pequenos (4 µm), densamente cobertos por espículos de ápices agudos. A sexina (1,5 µm com espículos) não se desprende de nexina nos mesocolpos. Nexina e intina têm a mesma espessura (0,3 µm). Citoplasma homogêneo, cor do pólen amarelo claro. Grãos deste tipo estão incluídos na forma Compositae A (Achillea) de Zander. São freqüentemente encontrados nas amostras de mel em quantidades de pólen dominante, acessório ou isolado. Compositae: tipo Cirsium (Compositae C) (Fig. 18) Grãos deste tipo polínico são semelhantes aos do tipo Compositae S (Senecio), entretanto são maiores e possuem menor número de espinhos por grãos. Estes são largos e curtos, pontiagudos. Correspondem à forma Compositae S (Serratula) de Zander. Compositae: tipo Elephantopus (Compositae EL) (Fig. 19) Assemelha-se à forma Compositae-T (Taraxacum, dente-de-leão) de Zander, caracterizado pela distribuição regular, mas não uniforme dos espinhos sobre as cristas. Serve de exemplo a espécie Elephantopus mollis H.B.K. (erva-de-colégio), com grãos de pólen de tamanho médio, 3-porados, esferoidais, medindo (sem espículos) 35,5 x 35,5 µm, de poros aproximadamente circulares (com 8,5 µm de diâmetro), lúmens grandes e regulares (com 7,5 µm de diâmetro) e cristas estreitas (até 3 µm de largura). A sexina (até 4 mu de espessura) forma um retículo de lumens grandes, muros simples-baculados, sobre os quais se

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encontra grande número de espículos (até 1 µm de altura). A nexina (0,5 µm) e a intina (0,3 µm) são delgadas. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. Fica incluído ainda neste tipo o gênero Hypochoeris, cujas cristas são mais largas do que as de Elephantopus e os lúmens bem menores do que a largura das cristas. Quanto à procedência das amostras que continham grãos deste tipo, ela era bastante variada, desde o Ceará até o Rio de Janeiro. Compositae: tipo Eupatorium (Compositaer EU) (Fig. 20) Um grande número de gêneros apresenta grãos deste tipo polínico, por exemplo Conyza, Erigeron, Gnaphalium, Mikania, sem haver referências na literatura especializada. Serve de exemplo a espécie Eupatorium inulaefolium H.B.K. (erva-de-santa-cruz), com grãos de pólen pequenos, 3-colporados, prolato esferoidais, medindo 18,5 x 18 µm, de colpos longos e largos, endoaberturas circulares (0,4 µm) ou ligeiramente lalongadas e apocolpos pequenos (4,5 µm). Os espinhos agudos (até 2 µm de altura) são distribuídos esparsa e uniformemente sobre a superfície. A sexina, além dos espinhos, compreende teto e báculos (1 µm), a nexina (menos de 0,3 µm) é mais espessa em volta das endoaberturas, a intina é delgada (0,5 µm). Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Espécies deste tipo polínico estão referidas quanto ao seu interesse apícola nas listas de Schenk (1946), Barros (1960) e Santos (1091). Foram encontrados em amostras das mais diversas procedências, da Bahia até Santa Catarina. A cor do mel varia de âmbar-escuro até extra-âmbar-claro, conforme a composição das espécies mais freqüentes. Segundo Zander, grãos deste tipo polínico estão incluídos na forma Compositae-H (Helianthus). Compositae: tipo Gochnatia (Compositae G) (Fig. 21) Lembra mais a forma Compositae-J (de Centaurea jacea) de Zander. Serve de exemplo a espécie Gochnatia velutina (Bong.) Cabrera (cambará), com grãos de póplen de tamanho médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo (sem espinhos) 28,5 x 29 µm, de colpos longos, endoaberturas (5 a 8 µm de altura) muito lalongadas e apocolpos (7 µm) pequenos. A superfície está coberta por espinhos curtos e pouco numerosos. Os colpos podem apresentar granulações de sexina. A sexina é espessa (até 2 µm, sem espinhos), seu teto ainda está coberto por espinhos esparsos de 1,5 µm de altura. A nexina (0,5 µm) é delgada, a intina (1 µm) é mais espessa. Citoplasma homogêneo ou granulado, cor do pólen amarelo. Fica incluído neste tipo a espécie G. polymorpha. Compositae: tipo Montanoa (Compositae M) (Fig. 22) Vários gêneros estão reunidos neste tipo, inclusive o cultivado girassol, Helianthus annuus, que deu o nome à forma Compositae-H de Zander, incluindo,

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entretanto ainda outros gêneros aqui tratados separadamente. Serve de exemplo a espécie Montanoa bipinnatifida Koch. (margarida-de-árvore, margaridão), com grãos de pólen pequenos e médios, 3 (-4)-colporados, oblato esferoidais, medindo (sem espinhos) 24,5 x 25,5 µm, de colpos e apocolpos pouco destacados, endoaberturas bastante lalongadas (4,5 x 11µm), estando nítida somente a porção central da abertura onde fica exposta a intina, de modo que à primeira vista, os grãos têm a aparência de 3-porados. A superfície está coberta por espinhos longos, isolados, sem haver formação de cristas. O teto (1 µm) da sexina está coberto por espinhos agudos e longos (com 5,5 µm de altura total), a nexina (0,5 µm) e a intina (0,5 µm) são delgadas. Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo. Fazem parte ainda deste tipo polínico representantes dos gêneros Cosmos (cosmos), Bidens (carrapicho-de-agulha) e Acanthospermum (carrapicho), em geral citados como sendo espécies de interesse apícola. Este tipo polínico ocorre em amostras de mel de todo o Brasil. Compositae: tipo Senecio (Compositae S) (Fig. 23) Lembra os grãos de pólen do gênero Aster, incluído por Zander na forma Compositae-H (Helianthus). Serve de exemplo a espécie Senecio brasiliensis Less. (maria-mole), com grãos de pólen de tamanho pequeno e médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo (sem espinhos) 24 x 24,5 µm, de colpos e endoaberturas pouco distintos, estando nítidos somente os centros das aberturas pela refringência da intina. A superfície é coberta por espinhos grossos e curtos, não há formação de cristas. A sexina é formada por um teto (0,8 a 1 µm de espessura) sobre o qual estão distribuídos os espinhos (3 µm de altura por 2,5 µm até 3 µm de largura na base); nexina e intina têm respectivamente 0,5 e 0,8 µm e espessura. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo. Compositae: tipo Trixis (Compositae TR) (Fig. 24) Além dos tipos já descritos como pólen dominante ou acessório, é este um tipo muito freqüente das Compositae, ocorrendo em amostras dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, entretanto, sempre em quantidades reduzidas. Os grãos lembram os do grupo Centaurea-C (de Centaurea cyanus) de Zander, principalmente pela ausência de espinhos ou espículos. Serve de exemplo a espécie Trixis molissima D. Don., com grãos de pólen de tamanho médio, subprolatos, 3-colporados, medindo 36 x 30 µm, de colpos longos (6 µm de largura máxima) de extremidades arredondadas, endoaberturas (5 x 10 µm) lalongadas e apocolpos (5 µm) pequenos e proeminentes. A superfície é finalmente reticulada nos mesocolpos e lisa nos apocolpos. Colpos e endoaberturas são sempre bem nítidos e cobertos por granulações de sexina. A sexina (1,5 µm) é bi-tectada, isto é, sobre o teto assenta nova fileira de báculos menores, também unidos por um teto; nexina (0,5 µm) e intina (0,5 µm) são delgadas. Citoplasma granulado cor do pólen amarelo.

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Coniferae: tipo Pinus (Coniferae P) (Fig. 26) Acidentalmente foram encontrados alguns grãos deste tipo polínico (para a sua morfologia veja Barth, 1962, quanto às espécies Podocarpus lamberti e P. sellowii) em poucas amostras de mel. Todas as espécies pertencentes a este tipo são de dispersão anemófila, sendo o pólen carregado a longas distâncias pelo vento; indicam que as amostras são procedentes do Sul do País. Convolvulaceae: tipo Ipomoea (Convolvulaceae I) (Fig. 27) Além do tipo Ipomoea de grãos grandes, pantoporados, cobertos por longos espinhos, que facilmente se confundem com grãos de Malvaceae, encontra-se ocasionalmente nas amostras grãos de pólen de espécies dos gêneros Merremia e Jacquemontia, caracterizados pela sexina densamente pilada, variando entretanto pelas aberturas. Nenhuma destas espécies está citada nas listas apícolas examinadas. Mais freqüentes nas amostras são os grãos dos seguintes tipos: Convolvulaceae: tipo Jacquemontia (Convolvulaceae J) (Fig. 28) Os grãos são semelhantes aos do gênero Merremia quanto à estrutura da sexina, medem em média 61 µm de diâmetro e são pantocolpados, com numerosos colpos curtos, às vezes semelhantes a grandes poros. Foram encontrados em certa quantidade numa amostra de mel de assa-peixe do Ceará, juntamente com Merremia dissecta. Convolvulaceae: tipo Merremia cissoides (Lam.) Hallier (Convolvulaceae Mc) (Fig. 29) São grãos semelhantes aos da espécie seguinte, diferindo pelo número e tamanho de aberturas, constituídas de numerosos colpos distribuídos regularmente sobre toda a superfície dos grãos. Convolvulaceae: tipo Merremia dissecta (Jacq.) Hallier (Convolvulaceae Md) (batatão-branco) (Fig. 30) Seus grãos de pólen são grandes, 3-colporados, suboblastos, medindo 70 x 80 µm, de colpos longos cobertos por granulações de sexina, de apocolpos pequenos (16,5 µm). A superfície é densamente coberta por longos pilos, em média com 2,5 µm de altura por 1 µm de largura. A nexina (1,2 µm) é constituída de duas camadas, a intina (0,5 µm) é delgada, ficando mais espessa ao longo dos

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colpos. Os grãos variam muito de tamanho, havendo muitos estéreis (menores e mais alongados), 2-colpados ou atremados. Citoplasma granulado, cor do pólen acinzentado. Cucurbitaceae Grãos de Curcubita pepo L. (abóbora, jerimum) raramente foram encontrados nas amostras de mel. Mais freqüentes são os de Luffa cylindrica L., buxa, tipo polínico Cucurbitaceae L., mas também ocorrendo sempre na quantidade de pólen isolado. Ambas as espécies tiveram a morfologia de seus grãos de pólen descrita por Saad (1964). Os de Luffa cylindrica são de tamanho grande, prolatos, medindo 110 x 77 µm quando acetolisados, 3-colporados, de superfície finamente reticulada; lúmens do retículo com cerca de 3 µm de diâmetro (Fig. 31). Cunoníaceae: tipo Weinmannia (Cunoniaceae W) (Fig. 32) Trata-se de grãos de pólen de tamanho pequeno, subprolatos a prolatos, 3-colporados, medindo cerca de 14,5 x 13,5 µm, de colpos estreitos e endoaberturas circulares. A sexina é microrreticulada a lisa e a nexina é da mesma espessura; a intina é delgada. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. São encontrados ocasionalmente nas amostras de mel. Cyperaceae (Fig. 33) Os grãos das ciperáceas ocorrem acidentalmente nas amostras de mel, menos freqüentes do que os das gramíneas, e em quantidades reduzidas. Numa amostra da Bahia foram encontrados como pólen acessório. Os grãos são de tamanho médio, medindo 30 x 31 µm de diâmetro maior e menor respectivamente. A altura dos pilos da sexina é de 1,5 µm, a intina tem cerca de 1 µm de espessura. As suas aberturas são dificilmente visíveis, toda a superfície é pilada. Citoplasma bastante granulado, cor do pólen incolor ou amarelo esverdeado. Os grãos desta família são anemófilos, de modo que no estudo do mel é citada apenas a família botânica. Têm importância somente como fornecedores de pólen às abelhas. Euphorbiaceae: tipo Croton (Euphorbiaceae C) (Fig. 34) Ocorre sempre em quantidades moderadas nas amostras de mel; fazem deste tipo polínico numerosas espécies deste e de outros gêneros por exemplo, Croton floribundus Spreng. (capixingui) e Julocroton triqueter Muell. Arg. (morrão-de-candeia). Serve de exemplo a espécie Croton urucurana Bail. (sangue-de-drago), com grãos de pólen de tamanho grande, atremados, esferoidais, medindo

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57,5 µm de diâmetro médio. A sexina, responsável pela configuração do tipo “Croton” (Erdtman, 1952) da superfície, é constituída por báculos, reunidos pelo teto em pequenos grupos de aspecto triangular visto de cima, dispostos em anéis concêntricos, assentados sobre a nexina; estas formações medem 2,5 µm de altura por 2 µm de largura média nos tetos. Nexina (0,5 µm) e intina (menos de 0,3 µm de espessura) são delgadas. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo acinzentado. Nas amostras examinadas, este tipo polínico está representado por grãos cujos diâmetros variam de 50 a 120 µm, encontrando-se geralmente arrebentados ou até totalmente destituídos de exina em virtude de seu forte intumescimento, atingindo dimensões bem maiores do que a média. Euphorbiaceae: tipo Ricinus (Euphorbiaceae R) (Fig. 35) Como representante único, Ricinus communis L., o mamoneiro (fornece a mamona) é caracterizado por grãos de pólen de tamanho médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 26,5 x 27,5 µm, de colpos estreitos e endoaberturas grandes e lalongadas (17 x 13 µm). A superfície é quase lisa, os apocolpos são pequenos (4,5 µm). A exina (0,8 µm) é um pouco mais espessa do que a intina (0,5 µm). A ornamentação da sexina é dada pelos báculos do teto, ligeiramente salientes. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Esta espécie é pouco procurada pelas abelhas, indicando a sua presença no mel, em quantidades de pólen acessório, uma situação de carência de néctar para as abelhas. O mel de Ricinus é de cor âmbar-escuro e de sabor pouco agradável. Uma amostra de mel monofloral de Ricinus foi obtida na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Gramineae: tipo Panicum (Gramineae P) (Fig. 36) Trata-se de numerosos gêneros e espécies de gramíneas ruderais, anemófilas, servindo de exemplo a espécie Panicum maximum Jacq. (capim colonião, capim guiné), com grãos de pólen de tamanho médio, heteropolares, 1-porados, esferoidais, medindo 31,5 µm. O poro (4 µm) é proeminente. A exina (0,5 µm) é tão espessa quanto a intina, de superfície lisa. Citoplasma bastante granulado, cor do pólen incolor ou amarelado. Os grãos de pólen desta família representam nenhuma presença de néctar no mel (as espécies são poliníferas) e, devido à sua larga distribuição geográfica, também não são boas indicadoras da procedência do mel. Ocorre ocasionalmente nas amostras de mel também o pólen do milho: Zea mays L., semelhante ao do tipo anterior com grãos de tamanho muito grande (tipo Gramineae Z) (Fig. 37). Labiatae: tipo Hyptis (Labiatae H) (Fig. 38)

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Trata-se de diversas espécies distribuídas pelo Brasil inteiro, estando assinaladas como boas fornecedoras de néctar as espécies H. pectinata, H. spicata, H. suaveolens e H. umbrosa. Serve de exemplo a espécie Hytis umbrosa Salzm. (água-de-colônia, bamburral), com grãos de pólen de tamanho médio, 6-colpados, de simetria bilateral, medindo 35 x 36 x 32 µm. Os colpos são nítidos, os mesocolpos todos da mesma largura; os apocolpos têm cerca de 10 µm de diâmetro. A sexina (1 µm) é mais espessa que a intina, a nexina (0,3 µm) é delgada. Na parte central dos mesocolpos a sexina alcança a sua maior espessura; ela é reticulada, contendo cada lúmen (até 3 µm de diâmetro) vários báculos livres. Os muros são simples baculados. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo ou marrom claro. A principal época de floração é de março a abril. O mel é de cor extra-âmbar-claro, sabor agradável, um pouco forte. Geralmente espécies deste gênero são encontradas no mel sob a forma de pólen acessório, estando sub-representadas em relação à quantidade de néctar fornecido. Labiatae: tipo Salvia (Labiatae S) (Fig. 39) Serve de exemplo a espécie Salvia oligantha Dusén (salva), com grãos de pólen de tamanho médio, 6-colpados, achatados, de simetria bilateral, medindo 28,5 x 33 x 28 µm, de colpos largos e apocolpos pequenos (8 µm). Os grãos são caracterizados por apresentarem dois mesocolpos opostos mais largos do que os quatro demais, desta maneira diferenciando-se do tipo Hyptis, onde os seis mesocolpos são aproximadamente iguais. A superfície é reticulada, sem apresentar báculos livres nos lúmens. Sexina 0,5 a 0,8 µm de espessura, nexina 0,1 µm. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo. Dentro deste tipo polínico enquadram-se outras espécies examinadas, tais como S.rufa e S. sellowiana, entretanto, cada uma apresenta seus caracteres específicos. Sem que seja alterada a forma típica dos grãos; ainda salienta-se a espécie S. splendens (cardeal) pelo tamanho bem maior de seus grãos, contudo, conservando a mesma forma; esta é encontrada também no gênero Ocimum (manjericão, alfavaca), mas suas espécies destacam-se facilmente das do outro gênero pelos lúmens grandes e muros estreitos nos retículos da superfície. O tipo Salvia, representado por S. oligantha, foi encontrado em duas amostras de mel do Ceará e uma de Santa Catarina; elas eram de cor âmbar, tendo odor e sabor agradáveis e suaves. Lauraceae: tipo Persea (Lauraceae P) (Fig. 40) Esta família apresenta uma morfologia polínica bastante particular, sendo que a maioria dos gêneros é inseparável pela morfologia polínica (Veloso e Barth, 1962). Serve de exemplo a espécie Persea americana Mill. (abacateiro), com grãos de pólen de tamanho médio e grande, atremados, esferoidais, medindo 47,5 µm de diâmetro médio. A superfície é densamente coberta por numerosos espículos que representam a sexina, com 1 µm de altura e de largura na base. A

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espessura da intina (1,2 µm) é muito variável (de grão para grão), a nexina (com menos de 0,3 µm de espessura) é muito delgada. Havendo um demasiado intumescimento da intina, a mesma fragmenta a exina totalmente, restando o protoplasto isolado nas preparações do mel. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. Este tipo polínico foi encontrado em quantidades reduzidas em diversas amostras do Sul do País. Leguminosae-Caesalpinioideae: tipo Caesalpiniae (Leg. Cães. C) (Fig. 42) Grãos de pólen do tipo Caesalpiniae foram encontrados esporadicamente em algumas amostras, bem como os do tipo Bauhinia forficata (unha-de-vaca) (Leg. Caes. Bf) (Fig. 41) (material acetolisado, veja Barth e Bouzada, 1974) e Delonix regia (flamboyant) (Leg. Caes. D) (Fig. 43) (material acetolisado, veja Tsukada, 1964). Leguminosae-Caesalpinioideae: tipo Schizolobium parahybum Blake (Leg. Caes. Sp) (Fig. 44). Com relativa frequência, encontrou-se em amostras de mel o pólen do guarapuvu, com grãos de pólen de tamanho médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 23 x 24 µm, de colpos longos e apocolpos (4 u) pequenos. A superfície é reticulada nos mesocolpos, diminuindo os lúmens de tamanho em direção aos colpos, cujas margens são lisas. As endoaberturas são circulares (6 µm de diâmetro). A sexina é tectada, sendo os báculos salientes nos muros; os lúmens (1 µm) são nítidos. A exina (1,5 µm) é mais espessa que a intina (0,5 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Leguminosae-Faboidae: tipo Crotalaria mucronata (Leg. Fab. Cm) (Fig. 45) É um tipo pouco estudado e pouco frequente, caracterizado por Crotalaria mucronata Desv., denominado de gergelim bravo, guizo de cascavel ou chocalho, tendo grãos de pólen pequenos, 3-colporados, prolato esferoidais, medindo 20,5 x 19 µm, de colpos longos e endoaberturas circulares (5,5 µm de diâmetro) e apocolpos pequenos (8 µm). A exina (0,3 µm) é lisa, mais delgada que a intina (0,5 µm), sem haver espessamentos de exina em volta das aberturas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Este tipo polínico foi encontrado em uma amostra de mel quase incolor de Castro Alves, Bahia. Grãos de pólen semelhantes são os do feijão soja (Glycine soja (L.) Sieb & Zucc.) encontrados num mel do Paraná. Leguminosae-Faboidae: tipo Machaerium stipitatum (Leg. Fab. Ms) (Fig. 46)

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Como única representante deste tipo polínico, a espécie Machaerium stipitatum Vog. (pau-de-malho, jacarandá-roxo) é caracterizada por grãos de pólen pequenos, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 16 x 16,5 µm, de colpos longos, endoaberturas circulares (5,5 µm de diâmetro) e apocolpos pequenos (3 µm). A exina (0,5 µm) é muito delgada, lisa, a intina (0,8 µm) é mais espessa. A nexina é ligeiramente mais espessa em volta das endoaberturas. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Este tipo polínico foi encontrado como pólen acessório numa amostra de mel de cor âmbar-claro, da Bahia. A espécie acima descrita é referida por Schenk (1946) como sendo muito melífera, florescendo de janeiro a março. Grãos muito semelhantes, diferindo apenas pelo citoplasma homogêneo, são os de Holocalyx glaziovii (Leguminosae-Caesalpinioideae), o alecrim-das-matas, dada também como espécie melífera. Leguminosae-Faboidae: tipo Phaseolus (Leg. Fab. Ph) (Fig. 47) Entre várias espécies deste gênero serviu de exemplo a espécie Phaseolus firmulus Mart. (feijão-do-mato), com grãos de tamanho médio, 3-porados, suboblato a oblato esferoidais, medindo 38 x 43 µm, de poros circulares (11 µm de diâmetro), circundados por uma zona quase lisa da exina. A sexina (1,5 µm) é reticulada, de muros (1 µm) estreitos, baixos, simples-baculados e de lúmens largos (até 10 µm de diâmetro), diminuindo de tamanho em direção aos poros. A nexina (0,5 µm) é delgada, igualmente a intina (0,1 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo claro. O interesse das espécies deste gênero para a apicultura não está bem definido. Schenk (1946) cita P. vulgaris (P. nanus) florescendo em outubro, como melífera. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Acacia (Leg. Mim. A) (Fig. 48) Diversos gêneros e várias espécies possuem grãos deste tipo, sendo que a determinação da espécie em geral não é possível. Dentro do conhecido até hoje, encontram-se aqui espécies dos gêneros Acacia, Piptadenia, Pityrocarpa e Newtonia. Serve de exemplo a espécie Acacia paniculata Willd. (cipó-unha-de-gato), com grãos de pólen reunidos em políades regulares de 16 grãos, sendo 8 centrais, dispostos em dois planos de 4 a 4 e os demais 8 são periféricos. Em vista lateral as políades medem respectivamente 27 x 18,5 µm de diâmetro maior e menor. Os poros são indistintos. Exina e intina, cada uma com menos de 0,3 µm de espessura, são muito delgadas. A superfície dos grãos é lisa. Citoplasma homogêneo, cor do pólen amarelo claro. Encontrando-se políades deste tipo com a superfície bastante ondulada, trata-se geralmente de espécies dos gêneros Piptadenia e Anadenanthera, os angicos. Amostras de mel do Estado da Bahia apresentavam grãos de Acacia bahiensis em quantidade de pólen acessório. Pela provável subrepresentação no

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mel, pode-se falar em mel desta espécie, caracterizado por uma cor extra-âmbar-claro, transparente e de um aroma suave. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Anadenanthera colubrina (Piptadenia colubrina) (Leg. Mim. Ac) (Fig. 49) Esta espécie (angico) é caracterizada por grãos de pólen reunidos em políades de formas irregulares com 16 grãos (raramente com 12 grãos); as políades medem cerca de 35 µm de eixo maior por 24,5 µm de eixo menor. Os poros são pouco nítidos. A exina (0,8 µm) apresenta uma sexina ondulada, responsável pelo aspecto granulado da superfície. A nexina não é distinta. A intina tem 0,8 µm de espessura. Citoplasma homogêneo, cor do pólen amarelo claro. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Mimosa caesalpiniaefolia (Leg. Mim. Mc) (Fig. 50) Várias espécies do gênero possuem grãos de pólen deste tipo polínico. Serve de exemplo Mimosa caesalpiniaefolia Benth. (sabiá) com grãos de pólen pequenos, sempre reunidos em ditétrades (8 grãos), acalimadas, medindo 12,5 x 10 µm. Os poros nos grãos são individuais; cada tétrade contém dois grãos com 3 poros e dois grãos com 4 poros. Exina e intina são muito delgadas (menos de 0,2 µm de cada), as superfícies lisas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Esta espécie floresce de março a maio (Barros, 1962) e também de setembro a outubro (informação recebida da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Neste tipo polínico, entre outras espécies inseparáveis pelos grãos de pólen, são dadas como melíferas ainda M. bimucronata e M. sepiaria (maricas); M. acutistipula (jurema preta), não está referida quanto ao seu interesse para as abelhas. Mel quase puro deste tipo polínico é de cor extra-âmbar-claro, de gosto suave e agradável. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Mimosa scabrella (Leg. Mim. Ms) (Fig. 51) Várias espécies do gênero possuem grãos deste tipo polínico, tornando-se impossível a separação por espécies. Serve de exemplo Mimosa scabrella Benth. (bracatinga) com grãos de pólen pequenos, reunidos em pequenas tétrades tetraédricas, raramente tetragonais, acalimadas, medindo 10,5 x 8,5 µm. Cada grão possue 3 aberturas individuais. Exina e intina são muito delgadas (menos de 0,2 µm), as superfícies lisas. Citoplasma homogêneo, contendo poucas granulações pequenas, pólen incolor. Segundo Barros (1962), trata-se de uma importante planta apícola do sul do País, florescendo de julho a setembro, dando melato (“honeydew”) por ele chamado de “falso néctar”, em março e abril.

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Foi tentada a sua introdução no Ceará (Braga, 1960), sem resultado. Este tipo de pólen foi encontrado como pólen dominante em amostras de mel dos Estados do Rio de Janeiro e da Bahia. Por este motivo, examinando outras espécies do mesmo gênero, foram encontradas as mesmas características morfológicas destas tétrades. Entretanto, quanto à visita destas espécies pelas abelhas, nada se conseguiu saber. Muitas delas são conhecidas vulgarmente por malícia e sensitiva. Além de M. scabrela, a relação pode ser ampliada: M. adenocarpa, M. calycine, M. eriocaulis, M. hypoglauca, M. lanata, M. meticulosa, M. monticola, M. pudica, M. regnelli, M. sensitiva, M. somnians e M. veloziella. O mel é normalmente de cor clara e de gosto suave e agradável, sendo o de bracating porém, extremamente amargo. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Mimosa verrucosa (Leg. Mim. MV. (Fig. 52) Numerosas espécies deste gênero possuem grãos de pólen deste tipo, de modo que uma separação é impossível. Somente a espécie que serve de exemplo do grupo acha-se referida como sendo de interesse apícola: Mimosa verrucosa Benth. (jurema), com grãos de pólen reunidos em tétrades tetragonais, raras vezes tetraédricas, medindo 23 x 14,5 µm respectivamente de diâmetros maior e menor. Os poros são distintos, a superfície é lisa. A exina (com menos de 0,3 µm) é mais delgada que a intina (0,8 µm). Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Grãos de pólen deste tipo foram encontrados em numerosas amostras, quase sempre em quantidades de pólen isolado. Nada se sabe sobre a quantidade de néctar e pólen fornecidos por estas espécies, sendo elas aparentemente mais poliníferas do que nectaríferas. Segundo Nogueira-Neto (1953) a espécie exemplo floresce de novembro a dezembro na região Nordeste. O mel é de cor extra-âmbar-claro ou âmbar-claro, transparente, de gosto suave e agradável. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Piptadenia biuncifera (Leg. Mim. Pb) (Fig. 53) As políades de Piptadenia biuncifera (surucucu), encontradas numa amostra da Bahia, são diferentes dos tipos descritos, constituídas de 8 grãos, formando ditétrades de forma constante, medindo 26 x 18,5 µm; a sexina é ondulada, a nexina e intina são delgadas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Piptadenia communis (Leg. Mim. Pc) (Fig. 54) Várias espécies deste gênero pertencem a este tipo polínico, servindo de exemplo a espécie Piptadenia communis Benth (jacaré) com grãos de pólen reunidos em políades de formas irregulares com 16 grãos; as políades medem cerca de 23 µm de diâmetro maior. Cada grão possui na sua parte distal 4 poros

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nítidos com cerca de 2 µm de diâmetro. A exina é lisa e mede 0,8 µm na parte distal (= externa) dos grãos, diminuindo de espessura para as faces laterais dos mesmos. A intina (0,5 µm) é bem mais espessa sob os poros. Citoplasma homogêneo, pólen incolor. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Piptadenia moniliformis (Leg. Mim. Pm) (Fig. 55) Como representante único deste tipo polínico, Piptadenia moniliformis Benth, vulgarmente chamada de catanduba, carrasco, quipembé, apresenta grãos de pólen pequenos, sempre reunidos em ditétrades (8 grãos), compreendendo tétrades tetraédricas e tetragonais, medindo as ditétrades 18 x 13 µm. A disposição dos grãos em cada unidade toma um aspecto irregular (ao contrário dos dois tipos anteriores). As 3 ou 4 aberturas em cada grão são distintas. Exina (menos de 0,3 µm) e intina (0,5 µm) são delgadas, as superfícies lisas. Citoplasma homogêno, cor do pólen incolor. Segundo Braga (1960) esta espécie ocorre do Maranhão à Bahia. Obteve-se amostras de mel puro desta espécie do Ceará, Maranhão e Piauí, de cor âmbar-claro e gosto suave, notando-se a quantidade reduzida de pólen em geral. Leguminosae-Mimosoideae: tipo Schrankia leptocarpa D.C. (Leg. Mim. Sl) (Fig. 56) Os grãos da malícia roxa são reunidos em tétrades tetragonais, medindo 31 x 18,5 µm em vista lateral, isto é, com dois grãos voltados exatamente para cima, ou 31,5 µm de diâmetro quando quatro grãos estão voltados para o observador. O eixo polar de um grão mede cerca de 15,5 µm e seus poros não são destacados. A exina (0,8 µm) é delgada, a sexina é ondulada, de aspecto granulado na superfície. A intina (0,5 µm) é mais espessa somente sob os poros (até 2,5 µm). Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo claro. Tétrades deste mesmo tipo polínico, porém menores (26 x 16,5 x 24,5 µm), foram encontrados em Mimosa invisa. Os grãos de Schrankia brachycarpa são diferentes, reunidos em díades, nunca em tétrades. Liliaceae: tipo Allium (Liliaceae L) (Fig. 57) São encontrados às vezes no mel, em maior ou menor quantidade, grãos de tamanho médio, com um colpo distal, de superfície mais ou menos lisa. Todos se enquadram num mesmo tipo polínico, servindo de exemplo a conhecida espécie, só encontrada em hortas e não espontaneamente, Allium cepa L. (cebola), com grãos de pólen de tamanho médio, providos de uma abertura em forma de colpo situada na parte distal dos grãos, de simetria bilateral, medindo 24 x 39,5 x 26 µm. A abertura tem contornos regulares. A superfície é granulada. A sexina proximal, isto é, oposta à abertura, é espessa (1,5 µm), tornando-se mais delgada na região equatorial, faltando na distal que é ocupada pela abertura, a

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qual apresenta somente nexina (0,5 µm) e intina (0,8 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Loranthaceae: tipo Struthanthus (Loranthaceae S) (fig. 58) O pólen das ervas-de-passarinho é encontrado em amostras de mel com certa frequência, quase sempre na quantidade de pólen isolado ocasional. Seus grãos característicos são de tamanho médio, 3-colporados, sincolpados ou parassincolpados, oblatos, medindo 27 µm ou mais de diâmetro equatorial em vista polar; o amb é aproximadamente triangular com os lados ligeiramente côncavos e os vértices achatados. A exina é de espessura bastante variável, os báculos são indistintos, o teto apresenta pequenas perfurações que, unindo-se, podem formar canaletas curtas; a sexina, nos mesocolpos, é mais espessa (até 1,4 µm) do que a nexina (0,9 µm) e a intina (0,6 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Lythraceae: tipo Cuphea (Lythraceae C) (Fig. 59) Frequentemente encontra-se os grãos de Cuphea (descritos detalhadamente em Barth, 1971b) em amostras das mais diversas procedências, mas sempre em quantidades bem reduzida. São grãos de tamanho pequeno, oblatos e oblato esferoidais, 3-colporados. O amb é triangular, com os lados às vezes um pouco convexos, e em algumas espécies a sexina apresenta-se caracteristicamente elevada sobre as endoaberturas em geral circulares. A superfície é finamente estriada. Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Espécie distinta deste gênero é Cuphea thymoides Cham. Et Schlecht. (Lythraceae Ct) (Fig. 60), cujos grãos têm uma morfologia particular por serem 2-porados, de tamanho médio, subprolatos, 3-pseudocolpados, medindo 23 x 17,5 µm. Os poros estão localizados um em cada apocolpo. A sexina é estriada, as estrias estão dispostas paralelamente ao equador. A nexina (0,4 µm) é mais delgada do que a sexina (0,6 µm) e a intina (0,5 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Às vezes são encontrados na quantidade de pólen isolado importante nas amostras de mel. Malpighiaceae: tipo Tetrapteris (Malpighiaceae T) (Fig. 61) Trata-se de grãos de pólen de tamanho médio, 6-pantoporados, medindo 36 µm de diâmetro médio. A sexina é delgada, finamente reticulada; a nexina é muito espessa. São encontrados ocasionalmente nas amostras. Malvaceae

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Diversos gêneros tiveram sua morfologia polínica descrita previamente por Barth (1975b). As características dos grãos de pólen de Malvaceae encontrados nas amostras podem ser resumidas numa fórmula geral: grãos pantoporados de 60 a 90 µm de diâmetro, de exina espessa coberta de espinhos bem desenvolvidos, assentados sobre báculos nítidos, tomando a superfície entre os espinhos um aspecto liso de transparência reduzida; são geralmente de citoplasma finamente granulado, de cor amarela até marrom escuro. Como apícolas são dados os gêneros Bastardiopsis, Gossypium (algodão), Hibiscus (papoula), Malvastrum, Sida (relógio, malva branca) e Urena (guaxima), dos quais Hibiscus é caracterizado por grãos muito grandes (até 200 µm), Urena pelos espinhos de ápice bem arredondado e Bastardiopsis por ser triporado. Nas amostras ocorreram com maior freqüência grãos do gênero Sida (Malvaceae S) (Fig. 62); o gênero Hibiscus não foi encontrado no mel. Moraceae: tipo Cecropia (Moraceae) (Fig. 63) Trata-se dos grãos de várias espécies deste gênero (imbaúbas), de dispersão anemófila, que frequentemente são encontrados em pequenas quantidades nas amostras. Serve de exemplo a espécie Cecropia glazioui Snethlage, com grãos de pólen muito pequenos, medindo 12,5 x 8 µm, 2-porados. Os poros são circulares (1 µm de diâmetro), providos de ânulo (1,7 µm de diâmetro), em virtude de um espessamento da nexina 2. A sexina (0,2 µm) é bem mais delgada que a nexina (0,7 µm); ela é lisa, mas com grandes aumentos (acima de 1000 x) observa-se pequenos grânulos na região equatorial dos grãos. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Myrtaceae: tipo Eucalyptus (Myrtaceae E) (Fig. 64) Trata-se de várias espécies que dificilmente são diferenciadas pela sua morfologia polínica. Como boas produtoras de néctar e pólen estão citadas: E. alba, E. botryoides, E. citriodora, E. eugenioides, E. globulus, E. gummifera, E. longifolia, E. resinifera, E. robusta, E. rostrata, E. saligna e E. tereticornis. Serve de exemplo a espécie Eucalyptus robusta Sm. (eucalipto), com grãos de pólen pequenos, 3-colporados, suboblatos, parassincolpados, medindo 16 x 21 µm, de colpos estreitos e endoaberturas circulares (3 µm de diâmetro). Exina (0,3 µm) e intina são muito delgadas, nexina e intina mais espessas em volta e sob as endoaberturas. A superfície é lisa. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. Florescendo em diversas épocas do ano, estas espécies cobrem praticamente o ano inteiro com seu florescimento, fornecendo néctar e pólen para as abelhas. O seu pólen é característico nos méis do Brasil meridional. Nos méis praticamente puros de eucalipto, as espécies são muitas vezes representadas por uma quantidade excessiva de grãos de pólen. Quanto à cor, estes méis variam de âmbar-claro ao escuro, avermelhado e podem cristalizar; o sabor é agradável, um pouco forte.

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Myrtaceae: tipo Myrcia (Myrtaceae M) (Fig. 65)

Grãos de pólen de espécies de outros gêneros (por exemplo Myrciaria, Psidium, Eugenia) também se enquadram neste tipo polínico, entretanto, sua real importância melífera é ainda duvidosa. Serve de exemplo a espécie Myrcia rostrata D.C., com grãos de pólen pequenos, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 13,5 x 17,5 µm, de colpos longos e estreitos, raramente sincolpados, de endoaberturas circulares (4,5 µm), maiores do que a largura dos colpos. Em vista polar o contorno dos grãos (= amb) é triangular. A superfície é lisa. A exina (0,5 µm) e a intina (0,5 µm) são muito delgadas, a nexina é ligeiramente mais espessa em volta das endoaberturas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Grãos do tipo Myrcia foram encontrados como pólen acessório em duas amostras de mel da Bahia, de cor extra-âmbar-claro e gosto agradável, em outras de Santa Catarina, do Crato (Ceará) e de Poços de Caldas (Minas Gerais). Onograceae (Oenontheraceae) (Fig. 66) Grãos reunidos em tétrades grandes com mais de 100 µm de diâmetro são encontrados ocasionalmente nas amostras, podendo pertencer aos gêneros Jussieae e Oenonthera. Palmae: tipo Cocos (Pamae C) (Fig. 67) As palmeiras são visitadas pelas abelhas principalmente à procura de pólen, que é encontrado ocasionalmente no mel. Diversas amostras do Estado do Rio de Janeiro continham pólen de Cocos nucifera L. (coqueiro anão), com grãos de pólen de tamanho médio a grande, com uma abertura distal, medindo 46,5 x 48,5 x 41,5 µm. A abertura é grande, alongada ou quase circular, de contornos irregulares. A superfície é lisa, entretanto, todo o esporoderma encontra-se frequentemente ondulado na região proximal. A sexina (0,8 µm) e a intina (0,8 µm) são mais espessas do que a nexina (0,5 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen incolor. Polygonaceae: tipo Antigonon leptopus (Polygonaceae A) (Fig. 68) Trata-se somente desta espécie, Antigonon leptopus Hook & Arn. (amor-agarradinho), caracterizada por grãos de tamanho grande, 3-colporados, prolato esferoidais, medindo 53 x 52 µm, de colpos estreitos, apocolpos pequenos (11 µm) e endoaberturas (8,5 µm) ligeiramente lalongadas. Ocorrem sempre muitos grãos estéreis. A sexina (2 µm) é nitidamente reticulada, diminuindo os lúmens de diâmetro quanto mais próximos estiverem dos colpos; os muros são baixos, largos

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e simples-baculados; nexina (0,5 µm) e intina (0,8 µm) são relativamente delgadas. Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo. Floresce quase o ano todo, com maior ou menor intensidade. É cultivada em jardins, com efeitos ornamentais. Pelo que tudo indica, ela polinicamente está subrepresentada, de modo que, ocorrendo em certa quantidade, pode ser considerada como acessória. Portulacaceae: tipo Portulaca (Portulacaceae P) (Fig. 69) Não raramente são encontrados grãos de pólen deste tipo (beldroega, onze-horas) nas amostras; eles são grandes, com 58 µm de diâmetro em média, pantocolpados, de sexina tectada, coberta de espículos; nexina e intina delgadas. Os grãos, em si incolores, são envolvidos por um óleo amarelo brilhante. Citoplasma granulado. Proteaceae: tipo Euplassa (Proteaceae E) (Fig. 70) Serve de exemplo a espécie Euplassa cantareirae Sleumer, com grãos de pólen de tamanho médio, 3-porados, oblatos, medindo 21 x 31,5 µm, de poros circulares (5,5 µm de diâmetro), proeminentes; em vista polar os grãos são triangulares com os lados retos ou côncavos. A sexina (0,8 µm) é reticulada, atingindo os lumens até 1,5 µm de diâmetro, enquanto os muros simples-baculados têm em média 0,5 µm de largura. A nexina (0,8 µm) é um pouco mais espessa em volta dos poros; a intina (0,5 µm) é mais delgada. Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo claro. Proteaceae: tipo Roupala (Proteaceae R) (Fig. 71) Serve de exemplo a espécie Roupala montana Aubl., com grãos de pólen de tamanho pequeno a médio, 3-porados, oblatos, medindo 19 x 26 µm, de poros circulares (5 µm de diâmetro) e proeminentes; em vista polar os grãos são acentuadamente triangulares, de lados retilíneos. O teto da sexina é ondulado, responsável pelo aspecto granulado da superfície; ela, bem como a nexina e a intina, tem aproximadamente a mesma espessura nos mesocolpos (0,8 µm); a nexina é mais espessa em volta dos poros. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. Grãos deste tipo são frequentes nas amostras de mel como pólen isolado. Rubiaceae: tipo Borreria verticillata (Rubiaceae Bv) (Fig. 73) Trata-se também de várias espécies, servindo de exemplo Borreria verticillata G.F. Mey (vassourinha, vassourinha branca, vassourinha de botão, perpétua do mato), com grãos de pólen pequenos, de tamanho variável, (6-)7(-8)-

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colporados, bervicolpados, oblato esferoidais, medindo 21 x 23 µm. As endoaberturas são visíveis somente com grandes aumentos. Os apocolpos são grandes, os colpos medem cerca de 4,5 x 1,5 µm. A sexina (0,8 µm) é mais espessa do que a nexina (0,5 µm) e a intina (0,5 µm); ela é tectada, de superfície finamente granulada, igualmente o citoplasma. Cor do pólen incolor ou amarelado. Segundo Barros (1962), esta espécie floresce de janeiro a março dando algum néctar. Foi observada em terrenos bastante áridos, nos campos frequentemente queimados, espontaneamente nos gramados, beiras de estradas, etc., florescendo durante o ano inteiro. Grãos idênticos foram encontrados em B. densiflora. B. latifolia possui grãos maiores (tipo Rubiaceae Bl) (Fig. 72). O tipo polínico Rubiaceae Bv foi encontrado em amostras de mel da região do Crato, de Ubajara e da Serra do Baturité (CE) e de Boa Vista (RJ) na quantidade de pólen dominante. A cor do mel varia de âmbar até âmbar-escuro e o sabor foi pouco agradável. Rubiaceae: tipo Coffea (Rubiaceae C) (Fig. 74). Os grãos de pólen do café variam bastante na sua morfologia polínica, de modo que o seu reconhecimento nas amostras de mel é relativamente fácil. Serve de exemplo a espécie Coffea arabica L. (cafeeiro), com grãos de pólen de tamanho médio, 3-(4)-colporados, prolato esferoidais, medindo 33 x 30,5 µm, de colpos longos, nítidos, ligeiramente invaginados e endoaberturas circulares (4 µm). A sexina (0,5 µm) é finamente reticulada, os lúmens são pouco profundos e pequenos; os muros podem variar bastante de largura. A nexina tem a mesma espessura da sexina, mas característica é a intina muito espessada sob as endoaberturas (de 0,5 até 5,5 µm). Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo acinzentado. Rubiaceae: tipo Richardia (Rubiaceae R) (Fig. 75) Outro tipo polínico de Rubiáceas ocasionalmente encontrado em algumas amostras é o de Richardia (Richardsonia), ipepacuanha do campo, poaia do campo ou falsa ipepacuanha, incluindo várias espécies, caracterizadas por grãos grandes, oblatos, zonocolporados, com 7 a 18 colpos curtos, endoaberturas pouco nítidas e de superfície pilada a espiculada, estando os pilos distribuídos mais ou menos regularmente segundo a espécie. Rutaceae: tipo Citrus (Rutaceae C) (Fig. 76) São várias espécies, tais como C. aurantium, C. limonum, C. vulgaris, que apresentam os mesmos caracteres morfológicos de seus grãos de pólen. A época de floração é variável. Serve de exemplo Citrus sinensis Osbeck (laranjeira doce), com grãos de pólen de tamanho médio, mas bastante variável, 4(-5)-colporados, oblato esferoidais, medindo 28 x 30 µm, com endoaberturas lalongadas e colpos

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mal delimitados. Apocolpos: cerca de 20 µm de diâmetro. É frequente a ocorrência de grãos estéreis, bem menores que os demais. A sexina (1 µm) é mais espessa que a nexina (0,5 µm) e a intina é bastante espessada sob as endoaberturas. A superfície é reticulada, os muros são largos, simples ou em geral, pluribaculados (principalmente nos apocolpos os lúmens são pequenos, só até 1 µm de diâmetro). Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo. Rutaceae: tipo Zanthoxylum (Rutaceae Z) (Fig. 77) Além do gênero Citrus, aparecem frequentemente em amostras de diferentes procedências grãos de pólen do tipo Zanthoxylum, servindo de exemplo a espécie Zanthoxylum rhoifolium Lam. (laranjinha-do-mato, maminha-de-porca). Os grãos de pólen são pequenos, 3-colporados, prolato esferoidais, medindo 15 x 13,4 µm, de colpos longos e estreitos, endoaberturas lalongadas (1 x 4 µm) e apocolpos (2,5 µm) pequenos. A sexina (0,8 µm) é reticulada com muros simples-baculados e lúmens com 0,5 µm de diâmetro médio. Ao longo dos colpos a nexina diminui de espessura e a superfície torna-se lisa. A nexina (0,5 µm) aumenta de espessura ao longo dos colpos (até 1 µm). A intina (0,8 µm) é mais espessa em volta das endoaberturas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Sapindaceae Compreende espécies de Paulliniae (Serjania, Paullinia e Cardiospermum) e de Cupanieae, cujos grãos mais se assemelham às mirtáceas. Aqui estão incluídas as espécies apícolas dos gêneros Cupania e Matahyba (Fig. 78), sendo que os grãos deste último foram encontrados numa amostra. São grãos de pólen pequenos, 3-colporados, parassincolpados, suboblatos, medindo 19 x 25 µm, triangulares em vista polar, com endoaberturas circulares e exina delgada; são incolores. Os grãos de Cupania são sincolpados; os de C.vernalis, camboatá, foram encontrados como pólen dominante numa só amostra. Solanaceae: tipo Acnistus cauliflorus Schott. (Solanaceae Ac) (Fig. 79) Esta espécie (marianeira) possui grãos de tamanho médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 20 x 21 µm. Os apocolpos (5 µm) são pequenos, os colpos estreitos, as endoaberturas lalongadas com 6 µm de altura e proeminentes. A superfície é lisa. A exina (0,5 µm) é mais delgada do que a intina (1 µm). Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Solanaceae: tipo Datura (Solanaceae D) (Fig. 80) Os grãos de Datura sp. (trombeteira) em média são grandes, 3-colporados, esferoidais, de diâmetros muito variáveis. Os colpos são curtos e estreitos, as

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endoaberturas lalongadas e não nítidas; a superfície é caracteristicamente estriada. A sexina é tectada nas arestas, faltando nas estrias. Nexina e intina são delgadas. Citoplasma homogêneo, cor do pólen incolor. Solanaceae: tipo Solanum (Solanaceae S) (fig. 81) Serve de exemplo a espécie Solanum paniculatum L. (jurubeba) com grãos de pólen de tamanho médio, 3-colporados, prolato esferoidais, medindo 26,5 x 25 µm. Colpos e apocolpos não são nítidos, ao contrário das endoaberturas lalongadas, com 5,5 µm de altura. A superfície é lisa. Tanto a exina, quanto a intina medem 0,5 µm de espessura; a nexina é espessada em volta das endoaberturas. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. De todas as espécies examinadas ainda são semelhantes a este tipo polínico os grãos de S. melongena L. (beringela) e os gêneros Lycopersicum (tomateiros) e Capsicum (pimenta, pimentão), cultivados. Sterculiaceae: tipo Dombeya (Sterculiaceae D) (Fig. 82) Pertencem a este tipo polínico importantes espécies nectaríferas, cujos grãos de pólen grandes foram encontrados somente na quantidade de pólen isolado ocasional em diversas amostras. Serve de exemplo a espécie Dombeya wallichi Benth. & Hook. (astrapeia-rosa). Seus grãos de pólen são grandes, 3(-4)-porados, suboblatos, medindo 55 x 61 µm. Os poros são ligeiramente salientes e apresentam um ânulo de 17,5 µm de diâmetro total. A superfície dos grãos é coberta por grandes espinhos, não muito numerosos, distribuídos regularmente; entre os espinhos (com 7 µm de altura por 7,5 µm de largura na base) a sexina (0,5 µm) é tectada-baculada. A nexina (0,5 µm) é delgada, atingindo 5 µm de espessura ao formar os ânulos. A intina (1 µm) é muito espessa sob os poros (até 8 µm). Citoplasma granulado, cor do pólen amarelo claro. Tiliaceae: tipo Triumfetta (Tiliaceae T) (Fig. 83) A família é amplamente visitada pelas abelhas; foi encontrado com grande freqüência e em quantidades próximas à de pólen acessório, o tipo acima, servindo de exemplo a espécie Triumfetta semitriloba L. (carrapicho-de-calçada), com grãos de pólen de tamanho médio, 3-colporados, prolatos, medindo 38,5 x 28,5 µm, de colpos longos, apocolpos pequenos e endoaberturas lalongadas. A superfície é finamente reticulada, os lúmens são ordenados em fileiras ao longo dos mesocolpos, formando uma superfície estriada-reticulada. A nexina é muito delgada. A exina (1 µm) é mais espessa que a intina (0,5 µm). Citoplasma finamente granulado, cor do pólen amarelo (coberto de óleo amarelo brilhante). Verbenaceae: tipo Lippia (Verbenaceae L) (Fig. 84)

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Frequentemente foram encontrados nas amostras grãos do tipo Lippia, às vezes em quantidades próximas às de pólen acessório. Serve de exemplo a espécie Lippia alba N.E. Brown (erva-cidreira), com grãos de tamanho médio, 3-colporados, oblato esferoidais, medindo 28 x 29 µm. Os apocolpos (7,5 µm) são pequenos. As endoaberturas são lalongadas com 6 µm de altura. A superfície é lisa. A exina (0,5 µm) é mais delgada do que a intina (0,8 µm); a nexina é ligeiramente espessada em volta das endoaberturas. Citoplasma granulado, cor do pólen incolor. Entre as espécies examinadas, enquadram-se também neste tipo polínico as espécies Lippia urticoides e L. hirta. Ulmaceae: tipo Celtis (Ulmaceae C) (Fig. 85) Encontra-se nas amostras de mel em quantidades de pólen isolado. Serve de exemplo a espécie Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. (grapiá), caracterizada por grãos de tamanho médio, esferoidais, 3-porados, de superfície lisa, medindo cerca de 30 µm como eixo equatorial. Os poros com cerca de 3 µm de diâmetro apresentam um pequeno ânulo, isto é, um espessamento periférico da exina. Ulmaceae: tipo Trema (Ulmaceae T) (Fig. 86) Não raramente encontra-se em pequenas quantidades nas amostras de mel o pólen de Trema micrantha Blume (grandiuva), caracterizado por grãos de pólen pequenos, 2-porados, medindo 15,5 x 16,5 µm, de poros pequenos (2 µm de diâmetro). A superfície é finamente granulada. A exina é muito delgada (0,3 µm), a intina (0,5 µm) aumenta de espessura em direção aos poros onde forma um espesso disco (até 5,5 µm de espessura). Citoplasma granulado, cor do pólen incolor.

Parte II – O Mel

Capítulo 4 Análise Polínica Quantitativa e Qualitativa de Amostras de Mel. Exemplos e Comentários. A análise polínica quantitativa das amostras de mel está relacionada com a questão da contribuição nectarífera percentual das espécies apícolas na formação do mel, a qual fica também na dependência da constituição da flor (maior ou menor afastamento entre anteras e nectários, anteras estéreis, etc.) bem como do grau de maturação da amostra, pois o mel ainda verde conterá um número menor

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de grãos de pólen do que o maduro. Conhecendo-se as percentagens reais de grãos de pólen em méis monoflorais, isto é, provenientes de uma única espécie botânica, ter-se-á valiosos dados para a elucidação deste problema quantitativo na composição de méis não monoflorais. O ideal seria a elaboração de constantes relacionando o número de grãos de pólen com a quantidade de néctar fornecido para cada espécie vegetal melífera. Considerando-se méis de diferentes regiões geográficas e florísticas do Brasil, a análise polínica qualitativa pode fornecer importantes dados, primeiramente para a caracterização dos méis quanto à sua origem botânica e regional e de sua época de coleta e posteriormente quanto à determinação do mel de origem desconhecida ou duvidosa. Seguem-se dois exemplos de análises microscópicas de amostras de mel e a interpretação dos resultados segundo as propriedades das espécies melíferas que nelas ocorrem. Amostra 1 (Fig. 87) – Mel procedente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, de cor âmbar-claro, transparente, de gosto e odor agradáveis, consistência, sedimento e limpeza normais. Nele foram encontrados: pólen dominante: Myrtaceae E; pólen acessório: ausente; pólen isolado: Tiliaceae T (Triumfetta sp., carrapicho). Commelinaceae C (Commelina sp., trapoeraba azul), Labiatae S (Salvia sp.), Compositae; elementos figurados: ausente; excesso de pólen, pois o mel foi espremido à mão. Conclusões: mel de eucalipto. Quanto à quantidade de néctar fornecida pelas espécies de pólen isolado, não são significativas. Sua importância é reservada à questão da procedência regional da amostra de mel. Amostra 2 (Fig. 88) – Mel procedente do Apiário Marajoara (Rio de Janeiro), de cor âmbar, odor e gosto ligeiramente perfumados, viscoso, com pequena porção cristalizada no fundo do recipiente e de limpeza normal. Nele foram encontrados: pólen dominante: ausente; pólen acessório: Compositae V, Rutaceae C; pólen isolado: Compositae, Myrtaceae, Leguminosae-Mimosoidae Sl, Graminae P, Moraceae C, etc.; elementos figurados: alguns esporos de fungos; quantidade reduzida de pólen. Conclusões: mel de laranjeiras. É acompanhado de néctar de assa-peixe: Vernonia sp.. Ocasionalmente, mas sem influência sobre a quantidade de néctar, ocorrem grãos de pólen de várias outras espécies de compostas, de goiabeira, de eucalipto, de mimosáceas do tipo Schrankia leptocarpa (malícia roxa). O pólen das plantas anemófilas do tipo Panicum e os de Cecropia sp. poderiam ter alguma importância somente quanto à procedência geográfica da amostra. Na avaliação dos resultados das análises microscópicas, principalmente polínicas das amostras, é de grande importância a relação pólen/néctar fornecido por cada espécie melífera. Assim, no exemplo 2, a laranjeira, cujo pólen aparece sob a quantidade de pólen acessório, deve ser considerada como dominante em relação à quantidade de néctar fornecido. O eucalipto da segunda amostra,

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frequentemente superrepresentado quanto ao número de grãos de pólen, ocorrendo na primeira amostra como pólen isolado, pode ser praticamente desprezado nesta última como fornecedor de néctar e tem importância somente quanto à determinação da origem geográfica deste mel. Em méis que apresentam pólen acessório, muitas vezes não é possível realizar uma determinação exata da espécie sem o melhor conhecimento botânico da região de coleta do mel. Por isto recorre-se ao “tipo polínico” que engloba todas as espécies que possuem grãos de pólen iguais ou muito semelhantes, pertencendo ou não a espécies do mesmo gênero. Geralmente a separação de famílias através seus grãos de pólen não constitui maior obstáculo. Seguem-se três exemplos da análise microscópica de amostras de mel com pólen acessório. Amostra 3 (Fig. 89) – Mel procedente de Porciúncula (Estado do Rio de Janeiro) de cor âmbar-avermelhado, transparente, de gosto e odor perfumado, pouco viscoso, limpo. Após dois anos e meio ainda não havia cristalizado. Nele foram encontrados: pólen dominante: ausente; pólen acessório: Leguminosae-Mimosoideae Ms (33%), Labiatae H (20%); pólen isolado: Rutaceae C (11%), Compositae, Gramineae Z, Moraceae C, Commelinaceae C, Euphorbiaceae C; elementos figurados: alguns esporos de fungos, pêlos vegetais e bactérias, pouca massa granulosa, muita cera; quantidade normal de pólen. Conclusões: mel de erva canudo e de uma mimosácea do tipo Mimosa scabrella. A maior quantidade de néctar é fornecida pela erva canudo (Hyptis sp.) da qual o mel recebe a sua cor avermelhada. Em segundo contribui a mimosácea, cujos méis são de cor clara; não é possível determinar a espécie pelo pólen que é do tipo Mimosa scabrella (veja Barth, 1969a), o qual engloba numerosas espécies. Cor e sabor da amostra são inteiramente dados pela primeira espécie. Ainda aparece como espécie fornecedora de néctar e laranjeira (Citrus sp.), cujos 11% em pólen representam quantidade maior ainda de néctar. As demais espécies, várias compostas, milho (Zea mays), imbaúba (Cecropia sp.), trapoeraba azul (Commelina sp.) e uma euforbiácea do tipo Croton, têm importância somente quanto ao problema da procedência regional da amostra. Amostra 4 (Fig. 90) – Mel procedente de Vitória da Conquista (Bahia), de cor extra-âmbar-claro, viscoso, muito doce, com pouco perfume, sedimento e limpeza normais. Nele foram encontrados: pólen dominante: ausente; pólen acessório: Leguminosae-Mimosoideae A; pólen isolado: Myrtaceae, Compositae S, Malvaceae A, Labiatae S, Euphorbiaceae C, Leguminosae-Mimosoideae Ac; elementos figurados: um pouco de cera, um ou outro grão de amido, quantidade reduzida de pólen. Conclusões: mel de acácia (Acacia bahiensis Benth). Fazem parte ainda deste mel, entretanto sem significação nectarífera, os pólens de mirtáceas dos tipos Phyllocalyx e Eucalyptus, de uma composta do tipo Senecio, de uma malva, provavelmente a malva branca Sida cordifolia, uma salva e uma euforbiácea do tipo Croton, e as políades de mimosáceas do tipo Anadenanthera colubrina, angico.

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Amostra 5 (Fig. 91) – Mel procedente de Vitória da Conquista (Bahia), de cor âmbar-claro, transparente, viscoso, de gosto agradável, sedimento e limpeza normais. Nele foram encontrados: pólen dominante, ausente; pólen acessório: Compositae V, Compositae EU; pólen isolado: Combretaceae C, Cyperaceae, Labiatae H; elementos figurados: alguns esporos de fungos, bastante cera, quantidade normal de pólen. Conclusões: mel de assa-peixe e outra composta do tipo Eupatorium. De alguma importância, somente quanto ao problema da procedência geográfica, aparecem ainda grãos de amendoeira (Terminalia catappa), de uma ciperácea e de erva canudo. Frequentemente encontra-se como pólen acessório grãos de compostas de três tipos descritos ou seja: tipo Vernonia (Compositae V), tipo Eupatorium (Compositae EU) e tipo Baccharis (Compositae B) (Fig. 104), ocorrendo nas amostras dos Estados de Bahia até Santa Catarina. Unicamente as Compositae V foram encontradas duas vezes em amostras do Ceará. O tipo Eucalyptus (Myrtacea E) está limitado nas amostras examinadas aos Estados do Rio de Janeiro e do Sul, enquanto que o tipo Myrcia (Myrtaceae M) apresenta uma distribuição geral. Característicos do Estado da Bahia são os méis contendo como pólen dominante ou acessório grãos das mimosáceas dos quatro tipos: Mimosa scabrella (Leg. Mim. Ms), M. caesalpiniaefolia (Leg. Mim. Mc), M. verrucosa (Leg. Mim. Mv) e Acacia (Leg. Mim. A). Exceto os de eucalipto, os méis de todas as espécies citadas são de cor clara, amarelo quase branco até marron-claro-amarelado, de gosto suave, ligeiramente perfumado. Raras são as amostras que apresentam nem pólen dominante, nem pólen acessório: são méis que devem ser considerados com bastante precaução. Pode-se tratar de méis extremamente heteroflorais, apresentando pólen de várias espécies próximo à percentagem de pólen acessório, isto é, perto de 15%. De outro lado pode-se tratar de mel de espécies extremamente nectaríferas (por exemplo a Dombeya), cujo pólen quantitativamente é mascarado por uma espécie anemófila ou polinífera (por exemplo uma ciperácea). Pode ser também um mel filtrado, onde o pólen é escasso e ficou retido no filtro, ou então um mel de melato (veja Capítulo 7). Também pode a falta de pólen dominante e acessório ter sua origem na alimentação artificial das abelhas ou em falsificação do mel, onde a parte “artificial” ou todo o mel não contém pólen e portanto não permite a realização de uma análise polínica: recorre-se nestes casos à análise química (veja Capítulo 8), a fim de determinar a ocorrência mais ou menos elevada de glicose comercial no mel. Seguem-se dois exemplos para ilustrar a ocorrência de pólen isolado importante com significância apícola: Amostra 6 (Fig. 92) – Mel procedente do Crato, Ceará, de cor âmbar-claro, turvo, de gosto aromático e consistência pastosa, cristalizado em grãos finos

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uniformemente. Pólen dominante ausente. Na quantidade de pólen acessório a pólen isolado importante, ocorriam os tipos polínicos Rubiaceae Bv (15%), Compositae V (15%) e Labiatae S (14.5%); ainda ocorriam os tipos polínicos Leg. Mim. Mc (12%), Leg. Mim. Mv (12%), Leg. Mim. Ms (6%), Leg. Caes. C (3%), Amaranthaceae e Anacardiaceae. Ocorriam ainda 18 tipos polínicos em proporções de pólen isolado ocasional, além de poucos grãos desconhecidos. Conclusão: mel bastante heterofloral de vassourinha branca, assa-peixa e salva. A cristalização do mel é devida à presença do néctar de assa-peixa. Amostra 7 (Fig. 93) – Mel procedente de Minas Gerais (localidade desconhecida), de cor âmbar, transparente, viscoso, sedimento e limpeza normais. Nele foi encontrado: pólen dominante: Cyperaceae (60%); pólen acessório: ausente; pólen isolado importante: tipos polínicos Leg. Mim. Mc (7%) e Leg. Mim. Ms (6%); ocorriam ainda grãos de 11 tipos polínicos identificados na quantidade de pólen isolado ocasional, além de alguns desconhecidos. Não havia elementos indicadores de melato, o sedimento era reduzido. Conclusões: havia muito pólen anemófilo e pouco entomófilo (23%) pertencentes a mais de 13 espécies. Desta maneira a origem do mel fica duvidosa. A análise química acusou ligeira elevação de glicose. Próximo às cidades temos a influência de fábrica de doces e padarias na produção do mel, pois as abelhas, na falta de um pasto natural, vão em procura de substâncias açucaradas, semelhantes a uma alimentação artificial, para satisfazer as exigências da colméia. A seguir um exemplo de um mel deste tipo. Amostra 8 - Mel procedente da Escola de Horticultura Wenceslau Belo, Rio de Janeiro, centrifugado, quase desprovido de pólen, só com poucos grãos de Eucalyptus, Ricinus communis e dos tipos polínicos Leg. Mim. Mc e Leg. Mim. Ms, com uma massa granulosa fina, algumas bactérias, células de leveduras e um ou outro grão de amido, sem esporos de fungos. Segundo as propriedades físico-químicas da amostra: cor vermelha, transparente, odor a groselha, gosto a groselha, doce e suave, bem viscoso e limpo, contendo bastante glicose comercial, pode-se concluir que as abelhas visitaram uma fábrica de doces localizada dentro do raio de ação das abelhas e que o mel não é proveniente de néctar floral nem de melato natural.

CAPITULO 5

Análise Polínica Regional do Mel a. Considerações Gerais Já Griebel (1930) e Zander (1935) examinaram méis provenientes da América do Sul, Zander inclusive do Brasil. Entretanto, uma identificação relativamente completa dos tipos polínicos, exceto umas poucas espécies mais

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conhecidas, tornou-se impossível pela falta de conhecimentos polínicos da vegetação melífera das regiões fornecedoras de mel. Posteriormente, Maurizio (1964) examinou méis de meliponídeos brasileiros, encontrando grandes semelhanças quanto ao espectro polínico com o mel de abelhas. Entretanto, a realização de uma identificação exata das espécies também aqui ainda não foi possível. A primeira tentativa de uma análise polínica de mel de abelhas brasileiro foi realizada por Santos (1961b) na região de Piracicaba (SP) nos meses de junho a outubro; encontrou como elemento dominante em todas as suas amostras o pólen de eucalipto. Recentemente Carreira e col. (1989) analisaram quatro amostras de mel de abelhas do Estado do Pará; como pólen dominante encontraram uma leguminosa-caesalpiníoidea, Tapirira guianensis (anacardiácea) e Mimosa pudica (leguminosa-mimosoidea) O grande número de tipos polínicos em nosso mel dificulta extremamente a determinação exata das espécies nectaríferas, bem como a generalização dos resultados. Desta maneira, o número de amostras até hoje examinadas constitui somente uma fração pequena, considerando-se a grande extensão e diversidade florística do Brasil. Especialmente quanto aos Estados do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo), os maiores produtores de mel, foram examinadas relativamente poucas amostras, sendo maior o número de amostras provenientes dos Estados da Bahia, Ceará e principalmente do Rio de Janeiro. Raramente o mel examinado era obtido de culturas, geralmente de plantas selvagens, componentes de capoeiras ou capoeirões, que contem ótimas espécies fornecedoras de néctar. Apesar do número relativamente reduzido de amostras, foi possível estabelecer em linhas gerais diferenças quanto ao espectro polínico entre as diferenças regiões fornecedoras. Assim, o mel contendo elevada percentagem de pólen de eucalipto é provavelmente procedente dos Estados de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Quando domina o pólen de mimosáceas dos tipos Mimosa scabrella (Fig. 94) e M. verrucosa (Fig. 95), pode-se pensar no norte do Estado do Rio de Janeiro e na Bahia. O pólen do tipo Borreria verticillata (Fig. 96) indica em primeiro lugar a região do Ceará (Crato, Cariri), bem como o de Piptadenia moniliformis (Fig. 97) do Piauí. O mel com pólen do tipo Citrus (Fig. 98) depende da localização das plantações de laranjeiras e indica em primeiro lugar o Estado do Rio de Janeiro (nota da revisão: atualmente indica o Estado de São Paulo). O pólen das compostas, de um modo geral, bem como os grãos de anacardiáceas, mirtáceas, labiadas, etc., foram encontrados em grande parte das amostras examinadas. Além das espécies cujos grãos de pólen aparecem frequentemente sob forma dominante, temos outras menos frequentes, mas boas indicadoras quanto à procedência do mel. Destaca-se, por exemplo, o pólen de lauráceas do tipo Persea (Figs. 99 e 104), característico da região Sul, Paraná e Santa Catarina. Os

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pólens do tipo Triumfetta (Tiliaceae) (Fig. 87) e do tipo Ilex (Aquifoliaceae) (Fig. 100) indicam também a região Sul (veja Barth, 1970a, 1970b). Quanto aos pólens dominantes que ocorreram nas amostras examinadas é de considerar que os de Eucalyptus sp. (Fig. 101), os dos tipos Borreria verticillata (Fig. 96), Mimosa scabrella (Figs. 87 e 94) e Mimosa caesalpiniaefolia (Fig. 102) muitas vezes estão superrepresentados em relação ao néctar fornecido, pois são todas ótimas espécies produtoras de pólen. De outro lado, os de Hyptis sp. e Citrus sp. estão subrepresentados, sendo más produtoras de pólen e boas fornecedoras de néctar. Vernonia sp., Piptadenia communis (Fig. 103) e P. moniliformis (Fig. 97) ocorrem geralmente em proporção equilibrada quanto à relação pólen e néctar. Falando-se, portanto, durante a diagnose final da análise microscópica de uma amostra de mel, em espécie dominante, subentende-se que as características destas, conforme acima exemplificado, já foram consideradas. Tratando-se, por exemplo, de uma amostra onde grãos de pólen de eucalipto e laranjeira ocorrem em quantidades mais ou menos iguais, classificaremos o mel como sendo principalmente de laranjeiras, pois a quantidade de néctar fornecido pela laranjeira (passando a dominante) será maior do que a do eucalipto (passando a acessório). Muito mais numerosos que os méis com pólen dominante são os contendo pólen acessório de uma ou mais espécies vegetais (Fig. 104). Isto é explicado simplesmente pelo fato de que a nossa apicultura é realizada de maneira rudimentar quanto ao pasto das abelhas. Raras são as grandes plantações contínuas, como são encontradas na Europa e América do Norte que, para um bom rendimento, necessitam da presença de insetos, no caso as abelhas, para a polinização; daí surgiu a apicultura migratória com bons resultados e que se está iniciando agora no nosso País. A base da nossa apicultura ainda é a capoeira, que floresce o ano inteiro, enquanto que as espécies de cultivo em áreas extensas (cafeeiro, laranjeiras, etc.), exceto o eucalipto, têm a floração muito rápida, não chegando a cobrir senão poucas semanas dentro de um ano. Torna-se assim necessária a alimentação artificial para as colméias durante longo tempo, o que para o nosso clima e a nossa vegetação é certamente irracional. Quanto às anacardiáceas, amostras contendo os tipos polínicos Astronium (Anacardiaceae AS) e Lithraea (Anacardiaceae L) eram de cor marron-avermelhado, e continham ainda pólen de mimosáceas quando do Estado da Bahia e de Compositae EU e Myrtaceae M do mel de Santa Catarina. Grãos do gênero Spondias (S. lutea e S. tuberosa, cajazeiras), citado por Nogueira Neto (1953) como sendo gênero viitado por meliponídeos na região Nordeste, foram encontrados em poucas amostras, em quantidades mínimas, especialmente em uma do Ceará; assemelham-se mais com o tipo Lithraea, sendo maiores, mais prolatos, também reticulado-estriados, de citoplasma bastante granulado e de cor amarela.

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Revendo os gêneros desta família, cujas espécies pelos seus grãos de pólen estavam representadas nas amostras de mel examinadas, foi constatado que: Astronium sp. foi encontrado em amostras da Bahia (Castro Alves); Schinus sp., provavelmente a conhecida espécie S. terebinthifolius, estava representado em amostras do Estado do Rio de Janeiro; Lithraea sp. é da região Sul e constava de amostras de São Paulo e Santa Catarina e também de algumas do Estado do Rio de Janeiro; as poucas amostras contendo grãos de mangueiras (Mangifera indica) eram do Estado do Rio de Janeiro e os com pólen de cajueiros (Anacardium sp.) eram dos Estados do Mato Grosso do Sul e do Nordeste. A época de floração em geral vai de agosto/setembro (mangueiras e cajueiros) a setembro/outubro (aroeiras). Entretanto, a caracterização da região fornecedora da amostra de mel é completada somente após o exame total do espectro polínico. É o conjunto de tipos polínicos presentes que fundamenta a conclusão tirada. No Brasil a transição entre as diferentes regiões florísticas é realizada de uma maneira lenta e extensa e muitas, se não a maioria das famílias de plantas melíferas (exceto as cultivadas) são distribuídas por quase todo o País, de modo que isto dificulta ainda mais o nosso problema. Será preciso examinar não dezenas, mas centenas de amostras para poder traçar o nosso mapa melífero futuramente. A determinação da procedência geográfica das amostras de mel, por meio do pólen isolado, está em função também das plantas anemófilas da região de origem. Deparamos neste ponto, mais uma vez, com o principal problema da Melissopalinologia no nosso País: a falta de estudos completos quanto ao conhecimento da morfologia polínica de nossa flora. Quando no presente trabalho foram descritos os pólens isolados mais frequentes nas amostras, indubitavelmente foram então tratadas as espécies (sobretudo ruderais) mais conhecidas e de maior área de distribuição, às vezes até cosmopolitas, de maneira que uma determinação precisa do lugar de coleta do mel ainda não é possível ser realizada. Uma primeira divisão geográfica pode ser feita quanto às grandes regiões florísticas do País. O conhecimento fitogeográfico destas regiões permitirá no futuro, após estudo dos grãos de pólen das espécies apícolas características que nelas ocorrem, uma subdivisão daquelas, devendo ser levado em conta as áreas agrícolas e as espécies espontâneas, naturais, ruderais e autóctonas, além de espécies ornamentais de jardins e parques, que muitas vezes são estranhas à nossa flora nativa. Como tipos polínicos característicos da região Sul-Leste, segundo a procedência das amostras estudadas (excluindo o Estado do Rio Grande do Sul), foram encontrados como pólens isolados: Ilex, Anadenanthera colubrina, Piptadenia communis, Schizolobium parahyba, Drimys e Persea. Característico do Nordeste é Piptadenia biuncifera, facilmente reconhecida nas amostras. O tipo Alternanthera apresenta-se de preferência em amostras do Ceará, o tipo Trixis em amostras de São Paulo e Rio de Janeiro, e os tipos Triumfetta e Zanthoxylum em amostras da região Sul-Leste. Mas todos estes tipos não devem ser considerados

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isoladamente como já assinalado, mas em relação ao espectro polínico completo da amostra de mel. Outro problema na determinação quantitativa de espécies de pólen isolado é a falta de constantes específicas para a correlação das prováveis percentagens de néctar, como também o é para os pólens dominantes e acessórios. Assim, o agrupamento de espécies feito nos três trabalhos (o presente, Barth 1970a, 1970b) é artificial, feito só numericamente por falta de conhecimentos mais detalhados, especialmente da prática apícola. Sobressai claramente a importância que determinadas espécies vegetais possuem quanto ao fornecimento de néctar. Desta maneira, imensas listas apícolas podem ser reduzidas, tendo-se em vista as mais importantes fontes de néctar, falando-se de um modo geral. Considerando-se também as espécies apícolas e ornamentais, havendo possibilidade de torná-las acessíveis às abelhas sem que elas tomem rumo do campo, aumenta-se o número de espécies ótimas produtoras de néctar. Entretanto, examinando-se as amostras analisadas, recebidas ao acaso, salienta-se atualmente a importância das espécies selvagens e espontâneas no pasto das abelhas. Exemplo interessante a respeito desta afirmativa constituiu-se numa amostra de mel, colhida na região das hortas da Universidade Federal Rural do Estado do Rio de Janeiro onde, ao lado de uma dracena ornamental, predominavam assa-peixe (Vernonia sp.) e eucalipto; de plantas hortícolas aparecia só ocasionalmente um ou outro grão isolado, enquanto que os de espécies não hortícolas eram mais frequentes. Assim é aconselhável praticar uma apicultura migratória segundo o desenvolvimento das plantações que tenham importância apícola e que estejam dentro de um raio acessível às possibilidades do agricultor. De outro lado, será adequada a utilização de terrenos não cultivados, beira de cursos d’água, etc., para a plantação alternada de diferentes espécies apícolas, tendo em vista principalmente a época da floração para poder cobrir o ano inteiro com o fornecimento básico de néctar e pólen. Destacam-se em primeiro lugar os eucaliptos para os Estados onde eles apresentam bom desenvolvimento, desde que não plantados em formações fechadas, pois sua floração realiza-se somente na periferia, ficando os pés centrais sem função apícola. Diferentes espécies deste gênero cobrem com sua floração praticamente o ano inteiro. Seguem-se as espécies de assa-peixe, de floração menos prolongada, mas com intensa produção nectarífera, de poucas exigências quanto ao solo e ao clima. Depois se salientam as numerosas espécies de mimosáceas, tais como a bracatinga, o sabiá, o maricá, a catanduba, as acácias, os angicos, o jacaré, etc., mais ou menos ricas em pólen ou néctar segundo a espécie. Temos ainda as labiadas do gênero Hyptis: erva canudo, água-de-colônia, bamburral, etc., e Salvia: as salvas, cardeal, etc. Quanto à vassourinha branca: Borreria verticillata, pouco se sabe, mas segundo a análise das amostras de mel, sua importância não deve ser

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ignorada, já que ocorre até nos terrenos mais secos e áridos, florescendo o ano inteiro; seu mel, entretanto, não é de tão boa qualidade quanto o das demais espécies aqui assinaladas. O primeiro grande inimigo destas plantas selvagens é o fogo descontrolado que, anualmente, em todo País vai dizimando os campos, as capoeiras e orlas das matas, isto é, o pasto de nossas abelhas. Especialmente castigados são os meses de inverno e seca, quando temos a principal época de floração nas capoeiras e a principal época de produção de mel, de modo que toneladas de néctar e mel são queimadas, as quais poderiam ser carreadas para o mercado interno e para exportação. Mais uma vez deve ser salientada a luta contra as falsificações de mel, especialmente pelo comércio revendedor. Das amostras compradas nos mercados, lojas e feiras livres, dois terços ou até mais eram falsificadas, isto é, a uma quantidade maior ou menor de mel era adicionada uma mistura açucarada de péssima qualidade; as impurezas aumentavam com o grau de falsificação, tornando-se o valor nutritivo específico do mel praticamente nulo. Em algumas amostras não se encontraram vestígios de néctar, sendo vendidas como “puríssimo mel de abelhas”, estando registradas por órgãos oficiais. Prejudicados são o apicultor e o consumidor e o mel que se poderia tornar uma boa fonte de renda inclusive coma exportação, torna-se um produto quase imprestável. Outro problema a solucionar é o esclarecimento do consumidor, uma vez que os méis claros, cristalizados e viscosos são tão bons, senão melhores do que os atualmente mais procurados, que são escuros e fluidos. Eles muitas vezes sofrem maior aquecimento a fim de satisfazer as exigências do consumidor, anulando-se o valor enzimático característico dos méis de boa qualidade. Deve se proporcionar um bom produto de qualidades constantes para o consumidor interno, como também satisfazer as condições de exportação de mel e pólen. No primeiro caso, além de controle rigoroso dos revendedores (misturas inadequadas, falsificação) é necessário realizar um esclarecimento da população através de propagandas contínuas. No segundo caso, mais fácil de ser resolvido, além de conhecer as exigências feitas pelos países importadores, é preciso conhecer o nosso produto tanto quanto a sua origem floral, a fim de proporcionar misturas de propriedades constantes, bem como de suas condições químicas referentes ao teor de água, grau de cristalização, quantidade de açúcar e enzimas. Assim, uma procura precisa e organizada implicará imediatamente num maior esclarecimento dos apicultores que, com ofertas de boa qualidade, receberão uma maior recompensa e uma melhor assistência técnica. b. Mel do Estado do Rio de Janeiro Considerando-se as amostras de mel examinadas do Estado do Rio de Janeiro, salientam-se pela análise polínica grupos de espécies que, não só neste Estado, mas também em outros (Barth, 1970a-c), são frequentes nas amostras de

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mel brasileiro. São, portanto as espécies de pólen isolado que caracterizam uma determinada procedência da amostra em estudo (veja Tabela III). Em praticamente todas as amostras do Estado do Rio de Janeiro encontra-se o pólen de diversas espécies de eucalipto, na maioria como pólen dominante, ou então somo pólen acessório. Pertencendo ainda à mesma família, grãos do tipo Myrcia (Eugenia sp., Myrcia rostrata, goiabeira, araçazeiro, jabuticabeira) só raramente ocorrem em quantidades de pólen isolado, nada indicando quanto à procedência do mel, pois este tipo polínico, até como pólen acessório, foi encontrado também para outros Estados. Salientam-se dois outros grupos de espécies apícolas frequentes em quase todas as amostras, tanto do Estado do Rio de Janeiro quanto de outros Estados. Por um estudo mais detalhado de suas diversas espécies, consideradas em relação ao espectro polínico completo da amostra, é possível realizar às vezes uma determinação geográfica. Em primeiro lugar trata-se de várias espécies de mimosáceas, principalmente dos tipos polínicos Mimosa scabrella e Mimosa caesalpiniaefolia, tipos estes conhecidos vulgarmente melhor pela bracatinga e pelo maricá e sabiá. Duvidosa continua sendo a relação de sua contribuição em néctar e pólen, sendo as espécies poliníferas e superrepresentadas nos espectros polínicos. O segundo grupo é representado pelas compostas principalmente pelos tipos polínicos: Baccharis, Eupatorium e Vernonia, incluindo numerosas espécies (Barth, 19070a-c) conhecidas vulgarmente como carrapicho de agulha, santa cruz e assa-peixe, entre outros. Todos eles ocorrem frequentemente como pólen acessório, espécies do tipo Vernonia também como pólen dominante. O primeiro tipo citado é característico para amostras da região Sul, o segundo ocorre principalmente da Bahia até o Sul e o terceiro em todo o Brasil. Ainda ocorrendo em amostras de mel do Estado do Rio de Janeiro e tendo uma distribuição global no País, temos os seguintes gêneros, espécies e tipos polínicos: Alteranthera (amarantácea), Chenopodium (quenopodiácea), Mimosa verrucosa, Anadenanthera colubrina e Schrankia leptocarpa (mimosáceas), Croton (euforbiácea), malváceas, Cuphea (litrácea), Borreria verticillata (rubiácea), Elephantopus e Montanoa (compostas). Caracterizando a procedência meridional de amostras de mel, foram encontrados, somente na quantidade de pólen isolado os grãos de protáceas do tipo Roupala, de Piptadenia communis (jacaré), Schizolobium parahybum (guarapuvu) Zanthoxylum rhoifolium (laranjinha do mato, maminha de porco), de anacardiáceas do tipo Lithraea, de Ilex, Hyptis, Trixis e Commelina. Posição à parte tomam as espécies cultivadas e ornamentais (excluindo o eucalipto), grande número delas frequentes em amostras do Estado do Rio de Janeiro. As mais importantes são as espécies do tipo Citrus (laranjeiras, limoeiros), subrepresentadas pelo número de grãos de pólen nas amostras em

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relação à quantidade de néctar fornecida, mas mesmo assim ocorrendo como pólen acessório. Os grãos de mangueiras (Mangifera indica) raramente são encontrados nas amostras, apesar de relativamente longa e boa floração daquelas no Estado do Rio. Isoladamente encontram-se grãos de astrapéia (Dombeya sp.) nas amostras, bem como os de Terminalia catappa (amendoeira), Cordyline terminalis (dracena), Cocos nucifera (coqueiro) e Eleaeis guineensis (dendê). Ainda como pólen isolado, foi encontrado o de cafeeiro, talvez devido à curta floração da espécie. Grãos do mamoneiro (Ricinus communis) foram encontrados em cerca da metade das amostras examinadas, até como pólen acessório; entretanto, o néctar desta espécie não é apreciado pelos apicultores. Lugar de destaque toma o gênero Triumfetta (Tillaceae), cujos grãos de fácil reconhecimento aparecem em cerca da metade das amostras examinadas em quantidades às vezes bem próximas às de pólen acessório. Em analogia com outras espécies apícolas desta família, a importância apícola do citado gênero não deve ser pouca. Em praticamente todas as amostras examinadas do Estado do Rio de Janeiro ocorria pólen de espécies anemófilas, visitadas pelas abelhas para coleta de pólen. Pode, também, o pólen de espécies anemófilas no mel representar uma contaminação secundária, ou indicar a presença de melato (veja Capítulo 6) no mel. Em primeiro lugar deve ser mencionado o milho, cujos grãos grandes são de fácil reconhecimento. Paralelamente, encontram-se grãos do tipo Panicum, incluindo um número grande de espécies deste e de outros gêneros de gramíneas. Pólen de ciperáceas não raras vezes é encontrado no mel, porém todos estes tipos nada indicam sobre a procedência da amostra. Aqui também podem ser citados os grãos das casuarinas e da imbaúba (Cecropia sp.) ambos, especialmente os do primeiro tipo, mais frequentes em amostras da região Sul, geralmente não ultrapassando a quantidade de pólen isolado. Considerando-se os resultados obtidos durante a análise polínica de diversas amostras de mel do Estado do Rio de Janeiro, obtem-se um espectro polínico característico desta região, representado pela associação dos tipos polínicos: Eucalyptus, Triumfetta, Ricinus, Citrus, Hyptis e Baccharis. c. Mel dos Estados do Ceará, Bahia, São Paulo e Região Sul Durante as análises quantitativas das amostras de mel dos Estados do Ceará e da Bahia foi encontrado frequentemente o pólen de mimosáceas dos tipos Mimosa caesalpiniaefolia, M. scabrella e M. verrucosa, de modo que estes não caracterizam nem uma nem outra região. Entretanto, grãos do tipo Acacia, quando ocorrem na quantidade de pólen dominante ou acessório, indicam o Estado da Bahia, pois no Ceará são encontrados só ocasionalmente. Grãos do tipo Piptadenia moniliformis apareceram em amostras de mel deste último Estado, bem como do Piauí.

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O pólen de mirtáceas dos tipos Myrcia e Eucalyptus foi encontrado na quantidade de pólen acessório para as amostras do Estado da Bahia, enquanto que no Ceará só são encontrados ocasionalmente. O mesmo acontece com o pólen das compostas dos tipos Eupatorium, Gochnatia, Montanoa, Senecio, enquanto que o tipo Vernonia é frequente em todas as regiões até então estudadas. trãos de rubiáceas dos tipos Borreria verticillata e B. latifolia, ocorrendo em percentagens elevadas nas amostras, indicam o Estado do Ceará, pois na Bahia, só se apresentam acidentalmente. O primeiro tipo aparece numericamente sempre em quanridades mais elevadas. Examinando os diversos tipos polínicos na análise qualitativa, encontram-se espécies características, geralmente em quantidades de pólen isolado, com menos de 3% de freqüência, para as duas regiões estudadas. Assim para a Bahia sobressaem grãos de sapindáceas, outros dos tipos Lithraea das anacardiáceas, Anadenanthera colubrina das mimosáceas e Baccharis das compostas, de ciperáceas, além dos grãos de plantas cultivadas ou então, de espécies ainda não identificadas. Para o Estado do Ceará, entre outros, são característicos grãos dos tipos Alternanthera das amarantáceas, Astronium das anacardiáceas, Roupala das proteáceas, Copaifera das caesalpiniáceas, de Piptadenia moniliformis e Schrankia leptocarpa das mimosáceas, Borreria latifolia das rubiáceas. A frequência de amostra de méis monoflorais, isto é, que contêm na maior parte néctar de uma só espécie nectarífera, são reduzidas para ambos os Estados em estudo. Na Bahia tratava-se de uma amostra de Acacia bahiensis (unha-de-gato) de Vitória da Conquista e outro tipo Mimosa scabrella (malícia) de Baixa da Palmeira. No Ceará duas eram de Borreria verticillata (vassourinha branca), uma do Crato e outra de Ubajara; a outra amostra era de mel monofloral de Piptadenia moniliformis (catanduba, marmeleiro) de Fortaleza. A grande maioria das amostras de mel era de méis heteroflorais, isto é, nos quais mais de uma espécie nectarífera contribuiu em quantidade considerável para a produção do mel. Entre estes sobressaem os méis heteroflorais de mimosáceas e de compostas para ambos os Estados, havendo ainda ocorrência de néctar de mirtáceas e de erva canudo (Hyptis sp.) para a Bahia e de néctar de Borreria verticillata (vassourinha branca), Alternanthera sp. (quebra-panela) e salva (do tipo Salvia) para o Ceará. A ocorrência de elementos figurados indicadores da presença de melato no mel de abelhas é maior nas amostras do Estado da Bahia, entre as quais uma era de melato quase puro, contendo grande número de esporos de fumaginas, algas verdes, pólen anemófilo e impurezas. A maioria das outras amostras mistas de mel com melato era de mel de mimosáceas (grãos de pólen dos tipos Mimosa caesalpiniaefolia, M. scabrella e M. verrucosa). No Estado do Ceará, os méis mistos eram de mimosáceas ou Borreria verticillata com melato.

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Após as análises quantitativas e qualitativas das amostras de mel em estudo, é possível resumir os resultados num espectro polínico, embora provisório, característico para as diferentes regiões de procedência do mel. O mel obtido do Estado da Bahia é caracterizado por associação dos tipos polínicos de Mimosa, Acacia, Myrcia, Eupatorium, Montanoa e Hyptis, enquanto que o do Ceará apresenta o seguinte espectro característico: Mimosa, Borreria latifolia e B. verticillata, Alternanthera, Piptadenia moniliformis, Copaifera e Salvia. Comparando-se estes dois espectros polínicos com os obtidos anteriormente para o Estado do Rio de Janeiro (Barth, 1970d), cuja associação característica é Eucalyptus, Triumfetta, Ricinus, Citrus, Hyptis e Baccharis, e para Piracicaba, Estado de São Paulo (Santos, 1964), cuja associação característica é Eucalyptus, Dombeya, Agave sisalana, Persea americana e Baccharis, observa-se que o espectro polínico característico do Estado da Bahia possui tipos polínicos que ocorrem uma vez no Estado do Rio de Janeiro quanto às mirtáceas, labiadas e compostas, e outras vezes no Estado do Ceará, quanto às mimosáceas dos tipos Mimosa. Este fato está em plena correspondência com a localização fitogeográfica do Estado da Bahia. Quanto aos Estados do Sul, as amostras de mel provenientes do Paraná e de Santa Catarina sempre eram ricas em pólen de compostas dos tipos polínicos Compositae S, Compositae EU, Compositae M e Compositae V, bem como em pólen do tipo Myrtaceae M.

CAPITULO 6 Melato a. Significado e Terminologia O que significa meato? É o vocábulo em biologia que se refere às excreções em forma de líquidos açucarados de um grande número de espécies de homópteros (pulgões), que vivem como parasitas sugadores da seiva elaborada do floema sobre as plantas. Estes líquidos açucarados são procurados e colhidos pelas abelhas como se fosse néctar, sofrem os mesmos processos enzimáticos e são tratados igualmente a aquele. O produto final, entretanto, é diferente nas suas propriedades físico-químicas e vem a constituir o mel de melato. Este em geral não ocorre de forma pura, estando acompanhado por percentagens variáveis de mel de néctar floral, pois ao mesmo tempo em que as abelhas coletam melato, não deixam de visitar as flores em secreção nectarífera, cujo pólen servirá de indicador de origem geográfica da amostra. Entre estes homópteros sugadores do floema destacam-se principalmente espécies das seguintes superfamílias: Cicadoides (cigarras), Psyllodea (psilídeos),

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Aphidoidea (pulgões), Aleurodoidea (piolhos farinhentos) e Coccoidea (cochonilhas ou coccídeos). Sugadores de outras partes aéreas dos vegetais: xilema, parênquima ou outros grupos celulares, não são produtores de melato, pois o teor de açúcares em suas excreções é quase nulo e, portanto não procurado pelas abelhas. É de importância o fenômero da trofobiose entre os afídeos produtores de melato e as formigas. Estas utilizam as excreções dos pulgões como fonte de alimento, colhendo-as, ao contrário das abelhas, em geral diretamente do animal, excitando-o e estimulando-o para liberar as gotículas açucaradas. Ao mesmo tempo, as formigas mantêm as colônias de afídeos limpas de suas exsudações e possibilitam um desenvolvimento mais rápido daquelas nas proximidades dos formigueiros, aumentando a produção de melato. Danos causados pelos homópteros sugadores de floema, dizem respeito em primeiro lugar às culturas florestais e lavouras; exceto estas últimas, o rendimento obtido pelo melato é superior a ocasionais diminuições no crescimento das plantas, especialmente em florestas. O mel de melato é uma fonte de renda, e por outro lado o melato serve de alimento a numerosos outros insetos úteis, como parasitas e apreensores de insetos nocivos e também para as formigas úteis (principalmente espécies de Formica). Segundo Kloft e col. (1965), as alterações que a seiva elaborada sofre durante a passagem pelo trato digestivo dos afídeos abrangem principalmente a mudança do espectro dos hidratos de carbono, pois sob a ação de enzimas eles são hidrolisadas e novos açúcares de maior peso molecular (oligossacarídeos) são sintetizados. Enquanto que na seiva elaborada predominam sacaroses, glucose e fructose, no melato temos, além de proporções diferentes destes, principalmente fructomaltose e melezitose. O espectro dos açúcares no melato não depende da planta hospedeira, mas varia com a espécie animal sugadora da seiva elaborada. As abelhas dão preferência a determinados açúcares; assim o conhecimento da composição dos hidratos de carbono no melato fornece simultaneamente dados sobre uma maior ou menor atração por ele exercida sobre as abelhas. Ainda pode conter açúcares prejudiciais às abelhas, tais como rafinose, melibiose, galactose, manose e ramnose, além de substâncias da planta hospedeira prejudiciais às abelhas e ao homem. Obras básicas e outros trabalhos sobre estudos e pesquisas feitas a respeito de melato de abelhas estão citados em Kloft e col. (1965). Grupos de trabalho discutem o problema, tornando-se uma questão de interesse internacional. Há um ou outro mel de melato de qualidade inferior, igualmente como pode ocorrer para o mel floral, mas isto não é motivo para condenar o produto. No Sul da Alemanha, na Suíça e Áustria, os preços máximos de mel são atingidos justamente pelo mel de melato de coníferas em não pelo mel floral. Para as excreções dos homópteros sugadores do floema vegetal, não há uma denominação específica em português. Em inglês, diz-se “honeydew”, em

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alemão “Honigtau”, em francês “miellat”, em espanhol “mielato” e em italino “melata”. As traduções, uma vez das línguas anglo-germânicas: “mel-de-orvalho”, outra vez das línguas latinas: “melaço, melado”, não corresponde em seu significado ao verdadeiro sentido do que se deseja expressar. Na bibliografia disponível em português foram encontrados diversos termos, todos insuficientes para serem aplicados. Emelen (1934) usa as palavras “pseudo-néctar” e “néctar-falso” e quanto ao produto final, correspondente ao mel, fala em “melaços”, enquanto que Barros (1962) se refere a “falso mel”. Gonçalves (1940) fala em “melado”, “fezes líquidas açucaradas”, Lima (1942) refere-se somente à “substância açucarada”. Segundo informação da “Bee Research Association”, não existe palavra equivalente a “honeydew” em português. Quanto a esta questão, informou o Sr. E.S. Gomes, filiado à “Bee Research Association”, que em Portugal encontra-se em uso o vocábulo melato, em correspondência a “honeydew”, termo que em seguida será aqui usado, além do outro significado químico do termo. Resumindo o que acima foi dito, ter-se-á: mel nectarífero (ou simplesmente mel) que é oriundo de nectários florais e extra-florais e mel de melato, oriundo de excreções de certos homópteros (pulgões). b. Indicadores Figurados de Mel de Melato Entre os elementos figurados que ocorrem no mel, alguns são característicos do mel de melato (Kloft e col. 1965, Maurizio, 1959), permitindo assim uma determinação mais exata do que a cromatografia em papel dos açúcares. São indicadores:

Células de algas (Fig. 105) Pertencem na maioria a clorofíceas da ordem das Protococcales, ocorrendo raras vezes isoladas, frequentemente em grupos celulares. Parece que seu aparecimento no mel depende das condições climáticas do lugar de origem do mel, de modo que em mel de melato colhido em regiões secas, praticamente não se encontra estas algas. Segundo Maurízio (1959) também ocorrem fragmentos de líquens da casca das árvores como indicadores no mel de melato; outras algas como diatomáceas, cianofíceas, outras clorofíceas, são provenientes dos bebedouros das abelhas e não servem de indicadores.

Esporos de fungos (Figs. 106-108) Entre estes é preciso distinguir entre os esporos de fungos indiferentes, provenientes na maioria do sedimento atmosférico (espécies de Penicillium, Aspergillus, Alternaria, Dematium pullulans, Cladosporium herbarum, Botrytis cinerea, etc.), os de fungos parasitas de pólen (Pericystis alvei Betts), os de

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fungos patogênicos das plantas (Uredinales, Ustilaginales, etc.) e os de fungos indicadores de melato que são as fumaginas. Estes são os únicos e verdadeiros fungos característicos do mel de melato, a maioria pertencendo aos Fungi imperfecti. As fumaginas são fungos de micélios escuros (Fig. 106), que levam uma vida epifítica sobre folhas e galhos de plantas vivas e que nunca emitem haustórios ou micélios para dentro dos tecidos dos vegetais. As fumaginas somente se podem desenvolver na presença de suficiente quantidade de melato, que lhes serve de meio de cultura. Não é possível determinar as espécies de fumaginas ocorrendo no mel, tendo sido apenas (segundo Zander, 1949, em Kloft et al., 1965) identificadas diferentes formas, segundo a morfologia e ocorrência isolada ou em conídios de seus esporos. Segundo Kloft e col. (1965) o tipo Coniothecium (grupos de esporos aglomerados (Figs. 107 e 108) ocorrem no melato de árvores de folhagem, os tipos Atichia, Hormiscium e Trichosporium de preferência no melato de coníferas. Entretanto, uma classificação completa destes fungos ainda não foi feita, por ser muito difícil, devendo basear-se em dados resultantes da cultura dos fungos em meios artificiais. Em cultura a cobertura de fumaginas, aparentemente uniforme, desdobra-se em uma associação de várias espécies diferentes. Calcula-se a quantidade de esporos de fungos em relação à soma das células de algas mais os grãos de pólen. Em mel de melato quase puro a quantidade de esporos de fungos pode ser muito superior, por exemplo até 1000 esporos de fungos para 100 grãos de pólen e células de algas.

Partículas de fuligem (Fig. 109) São provenientes do ar, aderindo ao substrato líquido e, portanto, coletadas pelas abelhas. As dimensões das partículas podem variar desde pequenos grânulos até placas de fuligem em zonas industriais. Também as frequentes queimadas de capim e cana em nosso meio são assim detectáveis, bem como material vegetal empregado nos borrifadores apícolas. Massa granulosa (Fig. 109) No mel de melato ocorre não raras vezes uma massa granulosa mais ou menos compacta ou dispersa, atribuída à superfície das folhas onde foi colhido o melato, servindo também de indicador da presença deste no mel. Aparentemente esta massa não ocorre sobre coníferas.

Grãos de pólen de plantas anemófilas (Fig. 93) São característicos de mel de melato quando ocorrem com bastante frequência, pois, trazidos pelos ventos, também aderem ao substrato líquido açucarado. Entre eles destaca-se o pólen de gramíneas, ciperáceas, Ambrosia, Cecropia e Chenopodium.

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c. Ocorrência de Melato em Amostras de Mel A mais completa relação de insetos sugadores em plantas do Brasil está incluída na obra de Ângelo da Costa Lima “Insetos do Brasil”, cujo trabalho sobre Homoptera (Lima, 1942) possibilita identificar os sugadores do floema vegetal, tanto os produtores de melato, como também as espécies vegetais sobre as quais vivem e se desenvolvem. Tratando dos coccídeos, Costa Lima (1942) diz que “especialmente na família Coccidae. as fêmeas excretam abundante substância açucarada, que se espalha sobre as folhas e serve de meio de cultura a um fungo do gênero Capnodium, vulgarmente conhecido pelo nome fumagina”. Entretanto, o que falta a esses dados é a época do ano na qual as colônias de sugadores de floema atingem o seu maior desenvolvimento, de modo que ocorra melato em quantidades excessivas e aproveitáveis pelas abelhas. Gonçalves (1940) estudou colônias do coccídeo Pseudococcus comstocki atacando Citrus, as quais “segregam tal quantidade de melado” (que nada mais é do que fezes líquidas açucaradas), em geral expulso por violência e depositado nas folhas e frutos, que a seu ataque logo segue o da fumagina, fungo preto do gênero “Capnodium”. A máxima de exsudação dá-se de setembro a outubro e a mínima de janeiro a abril, estando as colônias de Pseudococcus protegidas pela formiga ruiva. Outro lado fornece Schenk (1946) quando se refere à produção de um líquido açucarado pelo “piolho do ingá” Crytokermes ingae, nos meses de março a maio. Este piolho vive sobre o ingá, cujo néctar floral (floração em novembro) devido ao exagerado comprimento do tubo da corola, não pode ser aproveitado pelas abelhas; os nectários extra-florais dos pecíolos das folhas, são entretanto, produtores de néctar possível de ser colhido. As chamadas “folhas melíferas de Eucalyptus polyanthemos” (Braga, 1960), não se tratando de “flores melíferas”, nada mais devem ser do que folhas cobertas de melato (Fig. 110). A indicação de Barros (1962), quanto a um “falso néctar” proveniente de “fungos de casca do tronco” em Mimosa bracaatinga, aproveitado pelas abelhas nos meses de março e abril (a bracatinga floresce de julho a setembro), nada mais deve ser do que melato coberto de fumagina. Durante a análise microscópica do sedimento de 90 amostras de mel de diversas regiões, do nordeste ao sul do Brasil (Barth, 1969; 1970a-c), foram encontradas 24 amostras que continham suficiente quantidade de elementos figurados característicos da presença de melato, 15 ficaram duvidosas quanto à origem do mel e as restantes não continham líquidos açucarados diferentes de néctar floral.

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Entre as amostras de mel contendo melato, poucas podiam ser consideradas exclusivas do mesmo. As mais características, contendo quantidade muito reduzida do pólen de plantas nectaríferas, eram de melato de eucalipto, produto bom e aromático. Nem sempre, porém, a origem botânica do melato é determinável. A seguir, um exemplo de mel de compostas com melato: Amostra 8 – Mel procedente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, de cor âmbar, transparente, gosto muito perfumado, normalmente viscoso e limpo, sem pólen dominante; pólen acessório; Casuarina, tipos polínicos Compositae EU e Compositae V; pólen isolado: Cyperaceae, Gramineae, Cecropia e tipo polínico Chenopodium (anemófilos) e Eucalyptus, Hyptis, Palmae, Compositae TR, Leguminosae-Faboideae, Alternanthera e outros entomófilos. Além de pólen encontrou-se esporos de fungos, células de levedo, fuligem e massa granulosa. Todos estes elementos, mais a pouca quantidade de pólen em geral e a alta incidência de pólen anemófilo, determinam a presença de melato. Conclusão: Mel de compostas (assa-peixe e mentastro) contendo melato. Quanto ao grupo de amostras com reduzido número de grãos de pólen e sem indicadores da presença de mel de melato, somente pode-se supor da contribuição de espécies apícolas altamente produtivas em néctar floral (por exemplo: caliandras, asclepiadáceas); de outro lado há as espécies vegetais com nectários extra-florais sobre folhas ou pecíolos, de modo que em certas épocas do ano são procurados pelas abelhas e outros insetos. O líquido açucarado colhido também pode ser originado de lesões causadas por abelhas selvagens nas bases florais, pecíolos e galhos novos das plantas. Em todos estes casos é praticamente impossível determinar a origem do mel, por falta de elementos figurados característicos. Assim, numa série de amostras de mel da Bahia, foram encontrados além de reduzido número do pólen de plantas poliníferas dos tipos Mimosa scabrella e M. caesalpiniaefolia, poucos grãos isolados de espécies nectaríferas; as amostras eram limpas, de cor amarela, odor e gosto muito suaves e agradáveis, não apresentando elementos indicadores da presença de melato. Condensando os dados obtidos no estudo microscópico dos sedimentos de mel contendo melato, pode-se afirmar quanto aos elementos característicos da presença deste que: a. os esporos de fumaginas ocorrem em quantidade reduzida, menor do que se esperava, geralmente isolados ou em aglomerados dos tipos Coniothecium e Atichia; outros tipos de fumaginas: Hormiscium, Triposporium, característicos do melato de coníferas, não foram encontrados; b. raras são as células de algas no mel de melato; c. frequentemente encontra-se fragmentos de vegetais, partes de paredes celulares e células esclarenquimáticas;

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d. a massa granulosa proveniente das superfícies foliares é encontrada nestas amostras sob forma dispersa ou em aglomerados compactos, encerrando os esporos das fumaginas e os demais elementos figurados; e. partículas de fuligem são frequentes nestas amostras, em pequenas escamas e grânulos, ou em forma de agulhas, estas provavelmente oriundas da queima dos pastos (gramíneas); f. quanto a outros elementos figurados presentes neste grupo de amostras, encontra-se não raramente, esporos e hifas de fungos em suspensão na atmosfera (dos tipos Cladosporium, Helminthosporium e Alternaria). O pólen anemófilo encontrado em todas estas amostras pode ser de gramíneas, ciperáceas, casuarinas, moráceas, piperáceas e compostas. Grãos de amido, geralmente tratando-se de amido de milho, são frequentes e infelizmente, devido aos processos de extração do mel, também fragmentos de larvas da cria nas colméias. O chamado “mel de cana”, oriundo de secreção da seiva dos colmos após seu corte, colhida pelas abelhas como se fosse néctar, nada tem em comum com o mel de melato, produto superior, contendo menos água e sacarose e maior quantidade de açúcares já reduzidos, além de ser rico em melezitose.

PARTE III – COMPLEMENTOS a. Análise Química do Mel A análise química do mel é realizada para determinar se o produto é puro ou não. A adulteração mais comum é realizada a partir do próprio mel de abelhas, ao qual é adicionado um xarope feito de água, açúcar, ácido cítrico e corante, aumentando o volume do produto inicial. Em amostras falsificadas podem ocorrer reduzidas quantidades de pólen, estando mesmo às vezes ausentes. Há inúmeras reações químicas que fornecem resultados sobre a qualidade do mel. Estas podem ser subdivididas em duas categorias: - Reações químicas simples, não dispendiosas e que não necessitam de conhecimentos profundos de química; a seguir estas reações serão descritas detalhadamente (veja também Bianchi, 1986); - Reações químicas que necessitam de aparelhagem de laboratório específica, de reagentes químicos puros e cuja execução é feita em laboratórios especializados; estas reações serão apresentadas sumariamente.

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Reações de Simples Execução Reação do lugol Para a detecção da presença de amido ou dextrinas ou açúcares comerciais no mel. Preparo da solução de lugol: 1g de iodo metálico e 3g de iodeto de potássio são dissolvidos em 30ml de água destilada. Execução do método: Dissolver 10ml de mel em 10ml de água destilada, misturando bem durante 15 minutos. Em caso de mel cristalizado grosseiramente, às vezes há necessidade de aquecê-lo levemente em banho-maria até a dissolução total dos cristais, não deixando passar a temperatura de 50ºC. Adicionar 5ml da solução de lugol previamente preparada. Em caso de mel puro, a cor final é próxima à do mel original; em caso de presença de amido ou dextrinas no mel, a cor final é negra ou de um preto-esverdeado. Reação de Lund Para a determinação da presença de albuminas e proteínas em suspensão no mel. Preparo da solução de ácido tânico: Preparar uma solução de ácido tânico a 0,5% dissolvendo 1g de ácido tânico em pó em 200ml de água destilada. Esta solução após um ou mais dias, forma um precipitado, de modo que, logo antes de usá-la, deve ser filtrada ou preparada na hora do uso. Execução do método: Dissolver 2g de mel em aproximadamente 10ml de água destilada, misturando bem durante 15 minutos. Em caso de mel cristalizado grosseiramente, às vezes há necessidade de aquecê-lo levemente em banho-maria, até a dissolução total dos cristais, não deixando passar a temperatura de 50ºC. Adicionar 5ml de solução de ácido tânico a 0,5% e misturar. Adicionar mais água destilada até atingir o volume total (= mel + água + solução de ácido tânico) de 40ml, misturar bem. Deixar em repouso até 24 horas. Neste tempo deve-se formar um precipitado ou depósito floculoso no fundo do recipiente (às vezes após 30 a 60 minutos), indicando presença de mel puro pela precipitação de suas proteínas e albuminas.

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Em caso de mel parcialmente falsificado, o precipitado é praticamente invisível e em mel falso é ausente e a solução permanece translúcida. A reação original de Lund (1909 em Zander e Maurizio, 1975) para precipitação de albumina, utiliza o ácido fosfo-túngstico em lugar do ácido tânico. Reação de Fiehe Para a detecção de superaquecimento do mel por calor direto (armazenamento) ou por superaquecimento do mel extraído. Preparo da solução de resorcina: Preparar uma solução clorídrica de resorcina logo antes de iniciar o teste, dissolvendo 1g de resorcina em 100ml de ácido clorídrico concentrado de densidade 1,19. Esta solução pode ser conservada por várias semanas em congelador a -20ºC. Execução do método: Colocar 2g de mel num recipiente ou tigela de porcelana, adicionar e misturar com 7ml de éter etílico e recolher 5ml de extrato após 10 minutos em um tubo de ensaio. Adicionar 2ml da solução clorídrica de resorcina. Caso o mel contenha muito hidroxi-metil-furfural (HMF), isto é, for superaquecido ou armazenado sob calor excessivo, o extrato tomará uma coloração avermelhada viva ou roxa dentre de 5 minutos. Em caso contrário a coloração é amarelada ou nula. Outras Reações Determinação da quantidade de HMF pelo método colorimétrico segundo Winkler (1955, em Zander e Maurício, 1975). Resumidamente: ao mel dissolvido em água é adicionada uma solução de paratoluidina em isopropanol e outra de ácido barbitúrico em água destilada. Se não houver alteração de cor, o mel não sofreu alterações por influência de calor e o valor de HMF está abaixo de 15ppm. Caso a cor fique vermelha ou avermelhada, o valor do HMF estará acima de 15ppm e o mel sofreu alterações pelo calor. Determinações exatas são feitas num colorímetro num comprimento de onda de 550nm. Determinação do valor da diastase. Resumidamente: o mel é dissolvido em água e permanece em banho-maria a 45ºC. É adicionada uma solução de amido preparada recentemente e mantem-se na mesma temperatura. Parte desta solução de amido é adicionada ao mel e após certo tempo tira-se uma amostragem, a qual é misturada com uma solução de lugol fraco; lê-se a cor resultante num colorímetro num comprimento de onda de 660nm. Repete-se esta operação de 2 em 2 minutos. Quando o mel for de boa qualidade, as amostras sucessivas retiradas apresentarão um decréscimo de cor

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do azul ao violeta, marrom ao amarelo, dentro de 10 minutos, isto é, o amido está sendo digerido pela diastase contida no mel. Determinação de invertase no mel. É feita com auxílio de uma solução de sacarose num polarímetro (segundo Hadorn e Zuercher, 1961, 1966; em Zander e Maurízio, 1975) ou por um método químico redutor segundo Gontarski (1957, em Zander e Maurizio, 1975). Determinação do teor de água contida no mel. É feita com o auxílio de um refratômetro a partir do índice de refração do mel, que corresponde à determinada percentagem de açúcares na escala de sacarose. Para o cálculo final subtraí-se a constante de Chataway no valor de 1,5%; a quantidade de água no mel é lida em tabela aferida. Segundo as legislações em vigor nos diversos países, o valor máximo permitido de água no mel varia de 20 a 22%; no Brasil é de 21% (nota da revisão: atualmente no Brasil é de 20%). Descrições detalhadas deste método encontram-se no livro “Do Mel” de Zander et al. (1975). Nesta obra encontram-se extensas indicações bibliográficas sobre o assunto. Outros métodos de análise do mel, que especificamente não dizem respeito a adulterações, mas determinam as propriedades físico-químicas da amostra de mel, tais como a acidez, resíduo mineral fixo, substâncias voláteis, corantes, desvio polarimétrico, condutividade elétrica, etc., são executados por laboratórios especializados, havendo para isto normas legais definidas (análises bromatológicas). b. Glossário Pequeno glossário ilustrado para a Melissopalinologia, baseado nos glossários em Erdtmann (1952), Barth (1965 e 1975) e Barth e Melhem (1988). ACALIMADO – Diz-se de políades onde cada grão se apresenta envolvido, além da nexina, também pela sexina (Fig. 111). ANEMÓFILO – Que é polinizado pelo vento. APOCOLPO – Área polar limitada pelos limites polares dos mesocolpos (Fig. 112). ARESTAS – Porções alongadas, mais ou menos paralelas de sexina, separadas pelas estrias (Fig. 113). ATREMADO – Sem tremas ou aberturas (Fig. 114). BACULADO – Provido de báculos (Figs. 115 e 116).

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BÁCULO – São pequenos bastonetes, dispostos radialmente na sexina, que suportam o teto e os elementos supratectais. Podem estar também isolados, como bastonetes da sexina. O diâmetro transversal é aproximadamente o mesmo em todo seu comprimento. O mesmo que columela (Figs. 115 e 116). (nota da revisão: atribui-se atualmente o termo columela aos elementos de sustentação de teto e espinhos, enquanto que o termo báculo designa elementos livres da sexina.) BREVICOLPADO – Com colpos curtos (Fig. 117). CALIMADO – Diz-se de políades envolvidas pela sexina como um todo, entre os grãos só resta a nexina (Fig. 118). CITOPLASMA – Porção da célula compreendida entre a membrana celular e o núcleo. COLPADO – Provido de colpo ou colpos (Fig. 112). COLPO – Colpos é aberturas geralmente longitudinal (razão comprimento/largura maior do que 2) atingindo a sexina e a nexina 1, ou seja, a ectexina (Fig. 112). COLPORADO – Com colpos providos de endoaberturas (Fig. 119). CRISTA – Aresta, mais ou menos complexa, formada por diversos elementos esculturais que se unem lateralmente (Fig. 120). DITÉTRADE – Duas tétrades concrescidas. É formada de oito grãos (Fig. 121). ENDOABERTURA – (o mesmo que os, plural: ora, oses) – a parte interna de uma abertura composta, formada pela falta de nexina (Fig. 119). ENDOABERTURA LALONGADA – Aquela que é alongada transversalmente à abertura externa ou ectoabertura (Fig. 122). ENTOMÓFILO – Que é polinizado por insetos. ESPIROTREMADO – Com uma ou às vezes várias aberturas espiraladas (Fig. 123). ESTENOPALÍNICO – Grupo de plantas com um tipo mais ou menos uniforme de polens. ESTRIAS – Depressões estreitas, mais ou menos paralelas (comprimento ao menos igual ou duas vezes a largura), separadas por arestas (Fig. 113). EXINA – É a camada externa, a mais resistente dos envoltórios dos grãos de pólen, que suporta a fossilização (Fig. 116).

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HETEROPOLAR – com as faces proximal e distal mais ou menos distintamente diferentes quanto à forma, às aberturas ou à ornamentação (Fig. 124). INTINA – A camada interna, não muito resistente dos envoltórios dos grãos de pólen e que não fossiliza (Fig. 116). LÚMEN – Espaço entre os muros de um retículo (Fig. 125). MEL – Produto elaborado pelas abelhas a partir das exsudações açucaradas das plantas (de nectários florais e extraflorais). MELATO – Produto elaborado pelas abelhas a partir das excreções açucaradas dos sugadores da seiva elaborada dos vegetais (Homópteros, pulgões). MESOCOLPO – Área delimitada por dois colpos adjacentes e pelas linhas transversais traçadas pelos ápices dos colpos (Fig. 112). MICRON (um) – Medida métrica onde um micron equivale à milésima parte do milímetro; plural = micra (1 um = 0,001mm). MURO – Aresta que separa os lúmens de um retículo (Fig. 125). NEXINA – A parte interna, geralmente não esculturada da exina (Figs. 116 e 126). OBLATO – Forma distintamente achatada: Este termo refere-se exclusivamente à forma de grãos com simetria radial, isopolares, quando a razão eixo polar/diâmetro equatorial (P/E) é 0,75 – 0,50 (Fig. 126). OBLATO ESFEROIDAL – Este termo refere-se exclusivamente à forma de grãos com simetria radial, isopolares, quando a razão eixo polar/diâmetro equatorial (P/E) é 1,00 – 0,88. PANTOCOLPADO – Diz-se de grãos apresentando colpos distribuídos mais ou menos uniformemente por toda a sua superfície (Fig. 127). PARASSINCOLPADO – Quando as extremidades dos colpos são bifurcadas, anastomosando-se, mas deixando intactos os apocolpos (Fig. 124 e 128). PILADO – Diz-se de grãos de pólen que apresentam proeminências em forma de pilos na sexina (Fig. 129). PILO – Pequenas configurações da sexina constituídos de uma cabeça mais ou menos espessada e de um colo semelhante a um bastão (Fig. 129). PLURIBACUADO – Que apresenta numerosos báculos (Fig. 130).

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PORO – Abertura com os diâmetros mais ou menos iguais (Fig. 131). PROLATO – Forma distintamente alongada. Este termo refere-se exclusivamente à forma de grãos com simetria radial, isopolares, quando a razão eixo/diâmetro equatorial (P/E) é 1,33 – 2,00 (Fig. 112). PROLATO ESFEROIRAL – Este termo refere-se exclusivamente à forma de grãos com simetria radial, isopolares, quando a razão eixo/diâmetro equatorial (P/E) é 1,00 – 1,14. PSEUDOCOLPADO – Com faixas na sexina semelhantes a colpos, mas que não têm função de aberturas (Fig. 132). RETICULADO – Provido de um retículo (Figs. 125 e 133). RETICULADO-ESTRIADO – Quando os lúmens do retículo estão dispostos em fileiras paralelas (Fig. 113). RETÍCULO – Ornamentação que consiste de muros que circundam lúmens mais largos que um mícron. A largura dos muros é igual ou mais estreita do que a largura dos lúmens (Figs. 125 e 133). SEXINA – A parte externa, geralmente esculturada da exina (Fig. 116). SIMPLES-BACULADO – Diz-se de muros com uma só fileira de báculos (nota da revisão: = columelas) sustentando o teto (Fig. 134). SINCOLPADO – Com colpos anastomosdos nos pólos (Fig. 132). SUBOBLATO – Este termo refere-se exclusivamente à forma de grãos com simetria radial, isopolares, quando a razão eixo/diâmetro equatorial (P/E) é 0,75 – 0,80. SUBPROLATO – Este termo refere-se exclusivamente à forma de grãos com simetria radial, isopolares, quando a razão eixo/diâmetro equatorial (P/E) é 1,14 – 1,33. TAMANHO DOS GRÃOS DE PÓLEN – Classes referentes à maior dimensão:

grãos muito pequenos – menos de 10µm grãos pequenos – de 10 a 25µm grãos médios – de 25 a 50µm grãos grandes – de 50 a 100µm grãos muito grandes – de 100 a 200µm grãos gigantes – mais de 200µm

TECTADO – Diz-se de um grão que apresenta teto (Figs. 116 e 125).

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TETO – Parte mais ou menos horizontal de exina formada pela união lateral dos processos radiais da sexina; geralmente é uma camada externa mais ou menos homogênea, separada distintamente da nexina, mais interna, por uma zona baculada )columelada) (Figs. 116 e 125). TÉTRADES TETRAÉDRICAS – Diz-se das tétrades onde três grãos estão situados num mesmo plano e o quarto grão em plano diferente (Fig. 118). TÉTRADES TETRAGONAIS – Diz-se das tétrades onde os quatros grãos estão situados num mesmo plano (Fig. 135). TIPO POLÍNICO – Abrange um determinado grupo morfológico de grãos de pólen pertencentes ou a uma só espécie ou é comum a várias espécies de um mesmo gênero ou ainda a gêneros ou famílias distintos, em geral indistinguíveis entre si. VISTA EQUATORIAL – Posição de observação de um grão quando a metade da linha equatorial está voltada para o observador e o eixo polar está visível em toda sua dimensão (Fig. 112). VISTA POLAR – Posição de observação de um grão quando a linha equatorial representa o perímetro do grão e os pólos estão situados no centro (Fig. 124). c. Bibliografia Absy M.L., Camargo, J.M.F., Kerr, W.E. e Miranda, I.P. de A., 1984. Espécies de plantas visitadas por Meliponinae (Hymenoptera; Apoidea), para coleta de pólen na região do Médio Amazonas. Rev. Brasil. Biol. 44 (2): 227-237. Barros, M.B. de, 1962. Apicultura. 257pp. Inst. Zootecnia, Projeto ETA no 27, Série Monografias no 3. Barth, O.M., 1962. Catálogo Sistemático dos Pólens das Plantas Arbóreas do Brasil Meridional. Parte Complementar: Coniferales. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 60 (2): 199-213. Barth, O.M. e Bouzada, C.P., 1964. Catálogo Sistemático dos Pólens das Plantas Arbóreas do Brasil Meridional. VI. Leguminosae: Caesalpinioideae. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 62: 169-201. Barth, O.M., 1965. Glossário palinológico. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 63: 133-161. Barth, O.M., 1969. Pollenspektrum einiger brasilianischer Bienenhonige. Z. F. Bienenf. 9 (9): 410-419. Barth, O.M., 1970a. Análise microscópica de algumas amostras de mel. 1. Pólen Dominante. An. Acad. Brasil. Ciênc. 42 (2): 351-366.

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TABELA I. Relação dos Tipos Polínicos Descritos. Figuras Tipos Polínicos Espécie de

Referência Nome Vulgar

1 Acanthaceae T Thunbergia alata Bojer amarelinha 2 Agavaceae C Cordyline terminalis

Kunth dracena

3 Amaranthaceae A Alternanthera polygonoides R.

quebra-panela

4 Anacardiaceae AN Anacardium occidentale L.

cajueiro

5 Anacardiaceae AS Astronium urundeuva Engl.

aroeira

6 Anacardiaceae L Lithraea brasiliensis March

aroeira

7 Anacardiaceae M Mangifera indica L. mangueira 8 Anacardiaceae S Schinus terebinthifolius

Raddi aroeira

9 Aquifoliaceae I Ilex amara Loes. mate 10 Balsaminaceae I Impatiens balsamina L beijo 11 Bombacaceae Bombax sp. - 12 Boraginaceae E Echium sp. - 13 Burseraceae Protium sp. - 14 Casuarinaceae C Casuarina sp. casuarina 15 Combretaceae C Terminalia catappa L. amendoeira, castanhola 16 Commelinacea C Commelina virginica L. Trapoeraba-azul 17 Compositae B Baccharis calvescens

D.C. alecrim-do-campo

18 Compositae C Cirsium sp. - 19 Compositae EL Elephantopus mollis

H.B.K. erva-de-colégio

20 Compositae EU Eupatorium inulaefolium H.B.K.

erva-de-santa cruz

21 Compositae G Gochnatia velutina (Bong.) Cabrera

cambará

22 Compositae M Montanoa bipinnatifida Koch

margarida-de-árvore

23 Compositae S Senecio brasiliensis Less.

maria-mole

24 Compositae TR Trixis mollissima D. Don - 25 Compositae V Vernonia scorpioides

Pers. assa-peixe

26 Coniferae P Pinus sp. pinus 27 Convolvulaceae I Ipomoea sp. - 28 Convolvulaceae J Jacquemontia sp. jitirana-miúda 29 Convolvulaceae Mc Merremia cissoides

(Lam.) Hallier -

30 Convolvulaceae Md Merremia dissecta (Jacq.)

batatão-branco

Page 71: 2009 Livro O Pólen no Mel Brasileiro reduzido

71

31 Cucurbitaceae L Luffa cylindrica L buxa 32 Cunoninaceae W Weinmannia sp. - 33 Cyperaceae - - 34 Euphorbiaceae C Croton urucurana Bail. sangue-de-drago 35 Euphorbiaceae R Ricinus communis L. mamoeiro 36 Gramineae P Panicum maximum

Jacp. capim colonião

37 Gramineae Z Zea mays L. milho 38 Labiatae H Hyptis umbrosa Salzm. água-de-colônia 39 Labiatae S Salvia oligantha Dusén salva, sálvia 40 Lauraceae P Persea americana Mill abacateiro 41 Leg. Cães. Bf Bauhinia forficata Link unha-de-vaca 42 Leg. Cães. C Caesalpinieae sp. - 43 Leg. Cães. D Delonix regia Ref. flamboyant 44 Leg. Cães. Sp Schizolobium parahyba

Blake guarapuvu

45 Leg. Fab. Cm Crotalaria mucronata Desv.

gergelim bravo

46 Leg. Fab. Ms Machaerium stipitatum Vog.

pau-de-malho

47 Leg. Fab. Ph Phaseolus firmulus Mart.

feijão-do-mato

48 Leg. Mim. A Acacia paniculata Willd. cipó-unha-de-gato 49 Leg. Mim. Ac Anadenanthera

colubrina (Vell.)Brenan angico

50 Leg. Mim. Mc Mimosa caesalpiniaefolia Benth.

sabiá

51 Leg. Mim. Ms Mimosa scabrella Benth.

bracatinga

52 Leg. Mim. Mv Mimosa verrucosa Benth.

jurema

53 Leg. Mim. Pb Piptadenia biuncifera Benth.

surucucu

54 Leg. Mim. Pc Piptadenia communis Benth.

jacaré

55 Leg. Mim. Pm Piptadenia moniliformis Benth.

catanduba/angico/marmeleiro

56 Leg. Mim. Sl Schrankia leptocarpa D.C.

malícia-roxa

57 Liliaceae A Allium cepa L. cebola 58 Loranthaceae S Struthanthus sp. erva-de-passarinho 59 Lythraceae C Cuphea sp. - 60 Lythraceae Ct Cuphea thymoides

Cham. & Schlecht -

61 Malpighuaceae T Tetrapteris sp. - 62 Malvaceae S Sida sp. relógio 63 Moraceae C Cecropia glazioui

Snethlage imbaúba

64 Myrtaceae E Eucalyptus robusta Sm. encalipto

Page 72: 2009 Livro O Pólen no Mel Brasileiro reduzido

72

65 Myrtaceae M Myrcia rostrata D.C. - 66 Onagraceae - cruz-de-malta 67 Palmae C Cocos nucifera L. coqueiro-anão 68 Polygonaceae A Antigonon leptopus

Hook. E Arn. amor-agarradinho

69 Portulaceceae P Portulaca sp. beldroega, onze-horas 70 Proteaceae E Euplassa cantareira

Sleumer -

71 Proteaceae R Roupala montana Aubl. - 72 Rubiaceae Bl Borreria latifolia Schum. perpétua-do-mato/poaia

rasteira ... 73 Rubiaceae BV Borreria verticillata G.F.

Mey. vassourinha

74 Rubiaceae C Coffea arabica L. cafeeiro 75 Rubiaceae R Richardia sp. ipecacuanha-do-campo 76 Rutaceae C Citrus sinensis Osbeck laranjeira doce 77 Rutaceae Z Zanthoxylum rhoifolium

Lam. laranjinha-do-mato

78 Sapindaceae Matahyba guaianensis Aubl.

-

79 Solanaceae A Acnistus cauliflorus Schott.

marianeira

80 Solanaceae D Datura sp. trombeteira 81 Solanaceae S Solanum paniculatum

L. jurubeba

82 Sterculiaceae D Dombeya wallichii Benth. E Hoch

astrapeia-rosa

83 Tiliaceae T Triumfetta semitriloba L. carrapicho-de-calçada 84 Verbenaceae L Lippia alba N.E. Brown erva-cidreira 85 Ulmaceae C Celtis iguanea (Jacp.)

Sarg. grapiá

86 Ulmaceae T Trema micrantha Blume grandiuva

Page 73: 2009 Livro O Pólen no Mel Brasileiro reduzido

73

TABELA II. Tipos Polínicos de Compositae de Interesse Apícola

Segundo Barth

Segundo Zander

Tipos Polínicos

Gêneros

Características

Polínicas

Formas

Polínicas

Gêneros e/ou Espécies de Referência

Compositae B Baccharis

Baccharidastrum grãos pequenos, espículos, curtos, agudos e numerosos

Compositae-A Achilea

Compositae C Cirsium grãos grandes e médios, espículos curtos, grossos e numerosos

Compositae-S Serratula

Compositae EL

Elephantopus Hypochoeris Taraxacum

cristas contínuas com espinhos

Compositae-T Taraxacum

Compositae EU

Conyza Erigeron Eupatorium Gnaphalium Mikania

grãos pequenos, espinhos curtos, agudos e pouco numerosos

Compositae-H Helianthus

Compositae G

Gochnatia grãos médios, espinhos muito curtos e esparsos

Compositae-J Centaurea jacea

Compositae M

Acanthospermum Bidens Cosmos Helianthus Montanoa

grãos médios, espinhos longos e numerosos

Compositae-H Helianthus

Compositae S Senecio

Aster grãos médios, espinhos largos e numerosos

Compositae-H Helianthus

Compositae TR

Trixis sem espinho Compositae-C Centaurea cyanus

Compositae V Piptocarpha Vernonia

cristas descontínuas com espinhos

Compositae-T Taraxacum

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TABELA 3. Tipos Polínicos, Análises Qualitativa e Quantitativa de Amostras de Mel do Estado do Rio de Janeiro.

Procedência

Número da Amostra

Ca

su

ari

na

Tre

ma

Ce

cro

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Alte

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ca

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Co

mb

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m

Além Paraíba (MG) 4 I I I I I I I Vassouras 7 I D Araruama 9 I I I I I I I I A I Campo Grande 12 I I I D Boa Vista 15 I I I I I I I Carmo 17 I I A I Avelar 20 I I A I I I D Miguel Pereira 21 I I I I D I Viúva Graça 22 I I I I A I I Pinheiral 23 I D I I I Univ. Rural 24 I I I D Univ. Rural 25 I I I I D Univ. Rural 26 I I I I D Itacurussá 27 I I I I I D I Univ. Rural 28 I A I I I I D Araruama 31 I I I I I D Ponta Negra 34 I I I I I I I I D Porciúncula 36 I I D I I I I I Penha 37 A I I I A Univ. Rural 38 I I I I I D Porciúncula 44 I I A I I I Itaipava 45 I I I I A Itaboraí 66 I A I I I I I I I Itaboraí 70 I I I I I I I I I I Univ. Rural 72 I I I I I I Univ. Rural 73 I I I I I I I I I I Univ. Rural 78 I I I I I I I D Nova Iguaçú 79 I I I I Univ. Rural 80 I I A I I I Univ. Rural 81 A I I I I

Procedência

Número da Amostra

Eu

ca

lyp

tus

Myrc

ia

Co

mb

retu

m

Co

ffe

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ucif.

Ela

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in.

Além Paraíba (MG) 4 I I I A A I I I I Vassouras 7 D I Araruama 9 A I I I I A I I I I I Campo Grande 12 D I I I I I I Boa Vista 15 I D I I I I I Carmo 17 A I I I A Avelar 20 D I I I I I Miguel Pereira 21 D I I I I I Viúva Graça 22 I I I I A I I Pinheiral 23 I I I I Univ. Rural 24 D I I I I I Univ. Rural 25 D I I I I Univ. Rural 26 D I I I Itacurussá 27 D I I I I Univ. Rural 28 D I I I I Araruama 31 D I A I Ponta Negra 34 D I I I I I I I I Porciúncula 36 I I I I I I I Penha 37 A Univ. Rural 38 D I I I Porciúncula 44 I I A I I I I I I I I Itaipava 45 A I I I I I I Itaboraí 66 I I I A I I I Itaboraí 70 I I I I A I I I I I Univ. Rural 72 I I D I I Univ. Rural 73 I I I I A I I I I I I Univ. Rural 78 D I I I Nova Iguaçú 79 I I Univ. Rural 80 I I A I I I Univ. Rural 81 I I A I A I I I

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Esquemas detalhando a morfologia polínica de um grão de pólen provido de três aberturas alongadas (colpos), cada uma com uma endoabertura circular. A – vista polar; B – vista equatorial; C – corte detalhado pela exina; D – análise da superfície em níveis sucessivos de focalização ao microscópio.

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Estampa 1 (salvo outra indicação, o aumento das figuras é de 1000x). Fig. 1 – Acanthaceae T: Thunbergia alata. Fig. 2 – Agavaceae C: Cordyline terminalis (400 a 1000x). Fig. 3 – Amaranthaceae A: Alternanthera polygonoides. Fig. 4 – Anacardiaceae AN: Anacardium occidentale. Fig. 5 – Anacardiaceae AS: Astronium urundeuva. Fig. 6 – Anacardiaceae L: Lithraea brasiliensis.

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Estampa 2 Fig. 7 – Anacardiaceae M: Mangifera indica (400 a 1000x). Fig. 8 – Anacardiaceae S: Schinus terebinthifolius. Fig. 9 – Aquifoliaceae I: Ilex amara. Fig. 10 – Balsaminaceae I: Impatiens balsamina (400 a 1000x). Fig. 11 – Bombacadeae: Bombax. Fig. 12 – Boraginaceae E: Echium sp.. Fig. 13 – Burseraceae P: Protium heptaphyllum. Fig. 14 – Casuarinaceae C: Casuarina sp.. Fig. 15 – Combretaceae T: Terminalia catappa.

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Estampa 3 Fig. 16 – Commelinaceae C: Commelina virginica Fig. 17 – Compositae B: Baccharis calvescens Fig. 18 – Compositae C: Cirsium sp. Fig. 19 – Compositae EL: Elephantopus mollis Fig. 20 – Compositae EU: Eupatorium inulaefolium Fig. 21 – Compositae G: Gochnatia velutina

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Estampa 4 Fig. 22 – Compositae M: Montanoa bipinnatifida Fig. 23 – Compositae S: Senecio brasiliensis Fig. 24 – Compositae TR: Trixis mollissima

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Estampa 5 Fig. 25 – Compositae V: Vernonia scorpioides (400 e 1000x) Fig. 26 – Coniferae P: Pinus sp. (400x) Fig. 27 – Convolvulaceae I: Ipomoea sp. (400x) Fig. 28 – Convolvulaceae J: Jacquemontia sp. (400x) Fig. 29 – Convolvulaceae Mc: Merremia cissoides (400x) Fig. 30 – Convolvulaceae Md: Merremia dissecta (400x)

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Estampa 6 Fig. 31 – Cucurbitaceae L: Luffa cylindrica (400x). Fig. 32 – Cunoniaceae W: Weinmannia sp.. Fig. 33 – Cyperaceae. Fig. 34 – Euphorbiaceae C: Croton urucurana (400 e 1000x). Fig. 34A – Grão expandido de Julocroton (400x). Fig. 35 – Euphorbiaceae R: Ricinus communis (400 e 1000x). Fig. 36 – Gramineae P: Panicum maximum.

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Estampa 7 Fig. 37 – Gramineae Z: Zea mays (400x) Fig. 38 – Labiatae H: Hyptis umbrosa (400 e 1000x) Fig. 39 – Labiatae S: Salvia oligantha Fig. 40 – Lauraceae P: Persea americana Fig. 41 – Leg. Caes. Bf: Bauhinia forficata (1000x)

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Estampa 8 Fig. 42 – Leg. Caes. C: Caesalpinia sp. (400x). Fig. 43 – Leg. Caes. D: Delonix regia (400x). Fig. 44 – Leg. Caes. Sp: Schizolobium parahyba. Fig. 45 – Leg. Fab. Cm: Crotalaria mucronata. Fig. 46 – Leg. Fab. Ms: Machaerium stipitatum. Fig. 47 – Leg. Fab. Oh: Phaseolus firmulus (400 e 1000x). Fig. 48 – Leg. Mim. A: Acacia paniculata. Fig. 49 – Leg. Mim. Ac: Anadenanthera colubrina. Fig. 50 – Leg. Mim. Mc: Mimosa caesalpiniaefolia . Fig. 51 – Leg. Mim. Ms: Mimosa scabrella

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84

Estampa 9 Fig. 52 – Leg. Mim. Mv: Mimosa verrucosa. Fig. 53 – Leg. Mim. Pb: Piptadenia biuncifera. Fig. 54 – Leg. Mim. Pc: Piptadenia communis. Fig. 55 – Leg. Mim. Pm: Piptadenia moniliformis. Fig. 56 – Leg. Mim. Sl: Schrankia leptocarpa. Fig. 57 – Liliaceae A: Allium cepa. Fig. 58 – Loranthaceae S: Struthanthus sp.. Fig. 59 – Lythraceae C: Cuphea cartagenensis. Fig. 60 – Lythraceae Ct: Cuphea thymoides.

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Estampa 10 Fig. 61 – Malpighiaceae T: Tetrapteris crebifolia (400 e 1000x). Fig. 62 – Malvaceae S: Sida rhombifolia (400x). Fig. 63 – Moraceae C: Cecropia glazioui Fig. 64 – Myrtaceae E: Eucalyptus robusta (400 e 1000x). Fig. 64A – Eucalyptus sp. (1000x). Fig. 65 – Myrtaceae M: Myrcia rostrata. Fig. 66 – Onagraceae (100x) Fig. 67 – Palmae C: Cocos nucifera (400 e 1000x). Fig. 68 – Polygonaceae A: Antigonon leptous (400 e 1000x).

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86

Estampa 11 Fig. 69 – Portulacaceae P: Portulaca oleracea (400 e 1000x) Fig. 70 – Proteaceae E: Euplassa cantareirae Fig. 71 – Proteaceae R: Roupala montana Fig. 72 – Rubiaceae Bl: Borreria latifolia

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Estampa 12 Fig. 73 – Rubiaceae Bv: Borreria verticillata. Fig. 74 – Rubiaceae C: Coffea arábica. Fig. 75 – Rubiaceae R: Richardia sp. (400x). Fig. 76 – Rutaceae C: Citrus sinensis (400 e 1000x). Fig. 77 – Rutaceae Z: Zanthoxylum rhoifolium. Fig. 78 – Sapindaceae: Mathahyba guaianensis. Fig. 79 – Solanaceae A: Acnistus cauliflorus. Fig. 80 – Solanaceae D: Datura arborea (400x)

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Estampa 13 Fig. 81 – Solanaceae S: Solanum paniculatum (400 e 1000x) Fig. 82 – Sterculiaceae D: Dombeya wallichii (400x) Fig. 83 – Tiliaceae T: Triumfetta semitriloba Fig. 84 – Verbenaceae: Lippia alba Fig. 85 – Ulmaceae C: Celtis iguanea Fig. 86 – Ulmaceae T: Trema micrantha

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Estampa 14 (Aumento das figuras é de 400x) Fig. 87 – Mel monofloral de eucalipto. Pólen dominante: Mytaceae E (Eucalyptus sp.). Pólen isolado: Tiliaceae T e Labiatae H. Fig. 88 – Mel de laranjeiras e assa-peixe. Pólen acessório: Rutaceae C (Citrus sp.) e Compositae V (Vernonia sp.). Fig. 89 – Mel com erva-canudo como pólen acessório (Labiatae H) e laranjeiras entre os isolados importantes (Rutaceae C). Fig. 90 – Mel de acácias (Leg. Mim. A). Fig. 91 – Mel de assa-peixe (Compositae V) e compostas (Compositae EU). Como pólen isolado, entre outros, apresenta eucalipto (Myrtaceae E) e Leg. Mim. Mc. Fig. 92 – Mel heterofloral de vassourinha (Rubiaceae Bv), assa-peixe (Compositae V) e salva (Labiatae S). Como pólen isolado ainda ocorrem Amaranthaceae A, Leg. Mim. Mc. e Leg. Mim. Ms. Fig. 93 – Mel com pólen anemófilo de Cyperaceae (Cy) e cambará (Compositae G); contém muita massa granulosa.

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90

Estampa 15 Fig. 94 – Mel monofloral com pólen dominante de Leg. Mim. Ms., provavelmente maricá (1000x). Fig 95 – Mel monofloral com pólen dominante de Leg. Mim. Mv., espinheiro. Como pólen isolado contém o de erva-de-passarinho (Loranthaceae S) (400x). Fig. 96 – Mel monofloral de vassourinha (Rubiaceae Bv) (400x). Fig. 97 – Mel monofloral de angico ou marmeleiro (Leg. Mim. Pm.) (400x). Fig. 98 – Mel monofloral de laranjeiras (Rutaceae C) (400x). Fig. 99 – Mel com pólen isolado de abacateiro (Lauraceae P). Contém ainda Myrtaceae E, Compositae EU, Rubiaceae Bv, Commelinaceae (COM) entre outros (400). Fig. 100 – Mel com pólen de Ilex sp. (Aquifoliaceae I) e compostas (400x). Fig. 101 – Mel monofloral de eucalipto (Myrtaceae E) (400x)

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Estampa 16 Fig. 102 – Mel monofloral de Leg. Mim. Mc. (400x) Fig. 103 – Mel monofloral de Leg. Mim. Pc. (jacaré) (400x) Fig. 104 – Mel heterofloral de Myrtaceae E, Rutaceae C, Leg. Mim. Sl e Lauraceae P (400x) Fig. 105 – Mel de melato com células de algas (1000x) Fig. 106 – Mel de melato com hifas e esporos escuros de fumaginas (400x) Fig. 107 e Fig. 108 – Mel de melato com esporos de fungos do tipo Coniothecium; V = pólen de assa-peixe (Compositae V) (400x) Fig. 109 – Mel de melato com fuligem (agulhas e pequenas placas negras) (100x) Fig. 110 – Mel de melato de eucalipto (Myrtaceae E). Contém pólen isolado de guarapuvu (Leg. Caes. sp) (400x)

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Estampa 17 Fig. 111 – acalimado. Fig. 112 – apocolpo (A), colpo (C) e mesocolpo (M). Fig. 113 – arestas (L) e estrias (E). Fig. 114 – atremado. Fig. 115 – báculos. Fig. 116 – camadas e elementos componentes da exina: G = grânulos. V = verruga. P = perfuração do teto. B = báculo. N = nexina, I = intina. Fig. 117 – brevicolpado. Fig. 118 – calimado. Fig. 119 – colporado, Fig. 120 – cristas (CR) e lúmens (L). Fig. 121 – ditétrade.

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93

Estampa 18 Fig. 122 – lalongado. Fig. 123 – espirotremado. Fig. 124 – heteropolar. Fig. 125 – lúmens. Fig. 126 – oblato. Fig. 127 – pantocolpado. Fig. 128 – parassincolpado. Fig. 129 – pilo. Fig. 130 – pluribaculado. Fig. 131 – poro. Fig. 132 – pseudocolpado, sincolpado. Fig. 133 – reticulado, Fig. 134 – simples-baculado. Fig. 135 – tétrade tetragonal