Microrganismos patogênicos emergentes em alimentos André Fioravante Guerra.
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2. Transmissão e manutenção de agentes
patogênicos
CURSO DE EPIDEMIOLOGIA VETERINÁRIA, ACT
Prof. Luís Gustavo Corbellini
EPILAB /FAVET - UFRGS
23/09/2014 1
Ao final desta aula o aluno deverá
compreender
◦ Questões essenciais de como uma doença é
transmitida numa população;
◦ Impacto das diversas formas de transmissão
na dinâmica de espalhamento de uma doença;
◦ Entender o como a doença se mantém na
população.
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Epidemiologia Qualitativa
Trata de aspectos básicos fundamentais
para o entendimento de como uma
doença se comporta numa população.
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Para discussão 2 (5 minutos)
O que é necessário conhecer para controlar uma
doença infecciosa numa população animal de uma
região?
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Esquema construído para entender as
relações dos diferentes elementos que
levam ao aparecimento de uma doença
transmissível.
Cadeia Epidemiológica
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http://new.paho.org/bra/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=950&Itemid=423
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Animal ou artrópode que é capaz de ser infectado, abrigar,
e dar sustento a um agente infeccioso.
H. definitivo
H. intermediário
H. primário (ou natural)
H. reservatório (ou reservatório)
Hospedeiro incidental (final ou acidental)
Hospedeiros
Termos utilizados na protozoologia
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Protozoologia
H. definitivo
◦ Toxoplasma : gatos
◦ Plasmodium (malária): mosquitos
H. intermediário
◦ Toxoplasma: mamíferos
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Epidemiologia
Hospedeiro primário (natural)
◦ Cinomose em cães, Aujeszky em suínos.
Reservatório (Hospedeiro reservatório):
◦ O hospedeiro no qual o agente sobrevive normalmente e se
multiplica (fonte de infecção para os outros animais).
Ratos reservatórios de Leptospira icterohemorrhagiae
Hospedeiro final (incidental)
◦ Não transmite o agente
Homem e eqüinos - Vírus da Febre do Nilo
AC em 05 equinos na Região do Pantanal em 2011
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Vetores
Vetores
Veículo de transmissão indireta vivo.
Geralmente artrópodes:
◦ Carrapato, insetos (mosquitos, flebotomíneos).
Tipos de vetores
Mecânico: carreia fisicamente, não se multiplica.
Biológico: parte do ciclo de vida, se multiplica.
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Transmissão e manutenção de agentes patogênicos
“A continuidade da sobrevivência de um
agente infeccioso depende da sua transmissão
bem sucedida e multiplicação do agente para
manutenção do ciclo de vida na
população.”
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A agente infeccioso passa de um indivíduo
para outro indivíduo (mesma espécie ou
não).
1. Vias de infecção;
2. Aspectos relacionados a transmissão de um
agente.
Transmissão
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Locais por onde o agente penetra no hospedeiro e pode ser
eliminado.
Via oral;
Via respiratória;
Membrana mucosa, pele;
1. Vias de infecção
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Muito comum um indivíduo adquirir a infecção pela
inalação de uma partícula contento um agente.
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Trato respiratório
◦ Aerossóis
Trato digestório
◦ Secreções orais (saliva)
◦ Fezes contaminadas:
Vírus ou bactérias que se replicam/multiplicam no epitélio
intestinal
Trato urogenital
◦ Urina
◦ Sêmen
◦ Secreções uterinas, líquidos placentários
Secreções oculares
Patógenos podem ser eliminados de muitas formas dos indivíduos
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Tipos de transmissão
1.Horizontal
• São aquelas transmitidas de qualquer
segmento da população para o outro.
2.Vertical
• Transmitidas de uma geração para outra por
ocasião da infecção in utero ou in ovo.
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1. Transmissão Horizontal
Transmissão direta
◦ Contato infectado (I) – suscetível (S)
Transmissão indireta
◦ Fômites
◦ Ar (aerossol)
◦ Vetores (carreador mecânico)
I S
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Qual dos seguintes agentes é suspeito de ter sido introduzido na
América do Norte através de um ingrediente da ração animal
constituindo-se numa importante doença infectocontagiosa?
0%0%0%0%0%
1. 2. 3. 4. 5.
1. Príon BSE
2. Vírus da Diarreia Viral Bovina
3. Neospora caninum
4. Diarreia Epidêmica suína
5. Peste Suína Africana
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Fábrica de ração – controle de processos
Recepção
Dosagem
Balança
Moagem
Misturador
Expedidos
Peletização Resfriado Expedidos
OD
OC
PCC 1
PCC 2 PCC 3
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Métodos de transmissão horizontal
1. Ingestão • Água, ração contaminada com secreções-excreções, carcaças,
hospedeiros intermediários;
• Geralmente são excretados nas fezes;
2. Transmissão aérea • Meio usual de transmissão de esporos de fungos, vírus e bactérias
do trato respiratório (alguns não associadas ao trato respiratório);
• Ocorrem mais em alta densidade e ventilação deficiente;
• Aerossol: soluções na forma de aspersão fina (spray) formando
gotículas (1 -100nm) e partículas virais finas suspensas no ar.
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Métodos de transmissão horizontal
3. Contato
Doenças infectocontagiosas
Febre aftosa, PSC;
4. Inoculação
Carrapato, mosca, seringas contaminadas;
5. Transmissão venérea (doenças venéreas);
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Transmissão Influenza A (H5N1)
Observou-se, no início da pandemia, que a transmissão de influenza aviária (altamente patogênica H5N1) intra-granja foi maior em aves criadas em pisos do que em gaiolas. Porquê?
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Disseminação de uma doença
O modo de transmissão dos agentes
infecciosos têm muita influência na velocidade
disseminação.
◦ Agentes transmitidos pela rota fecal-oral e aérea
freqüentemente produzem epidemias súbitas
explosivas;
◦ Transmissão venérea se disseminam mais
lentamente.
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Transmissão a longa distância
Resultado do trânsito de:
◦ Animais;
◦ Vetores;
◦ Movimento de pessoas (regional, aviões, navios);
◦ Fômites (veículos, equipamentos);
◦ Vento: Gotículas núcleo – evaporação água do aerossol;
Vetores (moscas);
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Modelos de difusão aftosa
Importante:
◦ Suínos eliminam o vírus por aerossol 3.000 vezes mais do que bovinos e ovinos;
São menos suscetíveis a infecção por via aérea do que bovinos;
◦ 7 sorotipos (A, O, C, SAT 1, SAT 2, SAT 3 e ASIA 1) e inúmeros subtipos (RNA, fita simples).
Variam em virulência, capacidade de infectar hospedeiro específico e habilidade de espalhar por aerossol;
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Estima a dose acumulada de vírus inalada
por um bovino a uma determinada
distância (0,1, 1 ou 10km) do foco
primário utilizando como medida de
concentração TCID50/m3
Modelo da Pluma Gaussiana (Gloster, 1981)
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Parâmetros para o cálculo de transmissão pelo vento:
Eliminação de 102,9 TCID50 por suíno/hora;
100 metros foi estimado 5 TCID50 de vírus para cada 103 litros de ar;
100 km foi estimados 5 TCID50 de vírus dispersos em cada 107 litros de ar;
0,06 – 0,07 TCID50 por m3 de ar causa infecção em bovinos;
Parâmetros de infecção nos bovinos:
Bovino processa 2,5 x 107 litros (50hs);
Dispersão do vírus: umidade, mudanças de vento
Foi concluído que em 100km do foco primário tinha uma
quantidade suficiente para infectar um bovino;
Epidemia Aftosa, Inglaterra 1967 (Tipo C)
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Cenários de transmissão •Eliminam grandes quantidades por aerossol; •Menos suscetíveis a infecção aérea;
•Eliminam poucas quantidades por aerossol; •Mais suscetíveis a infecção aérea (capacidade respiratória);
•Comportamento similar ao bovino; •Lesões muito brandas e podem ser transportados infectados;
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Métodos de transmissão confirmados de FA
Saudável Doente Saudável
Contágio direto Contágio indireto
Doenças Contagiosas
Fômites Ar
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Epidemia Aftosa, Europa 2001
Suspeita de suíno infectado abatedouro
em 19 fevereiro 2001;
57 focos confirmados quando a doença
foi confirmada em 20 de fevereiro de
2001;
Setembro de 2001 ~6 milhões de animais
abatidos;
8 bilhões de libras de custo;
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As transmissões a longas distâncias da epidemia de
2001 foi decorrente principalmente de:
1. 2. 3. 4.
0% 0%0%0%
1. Difusão do agente em gotículas
núcleo pelo ar;
2. Trânsito de bovinos;
3. Difusão local pelo ar de suínos
para ovinos e trânsito de ovinos;
4. Difusão local pelo ar de suínos
para ovinos, trânsito de ovinos e
difusão local por fômites e
pessoas próximos a frigoríficos.
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Epidemia Aftosa, Europa 2001
Fonte:
◦ Granja de suínos na Inglaterra alimentados com restos de comida de restaurantes;
Tipo de vírus:
◦ Tipo O, sub-tipo Pan-Asia;
◦ Similar ao encontrado na Irlanda, Holanda e França (epidemiologia molecular);
Origem do vírus – investigação epidemiológica:
◦ Provavelmente carne, ou produto de origem animal contaminado usado na alimentação dos suínos
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Hipóteses para o espalhamento 1:
Movimento de suínos infectados, já recuperados
da infecção
Abatedouro (difícil identificar a lesão)
Difusão indireta, através de pessoas, fômites
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Hipóteses para o espalhamento II:
Transmissão aérea de suínos para ovinos
Época favorável sobrevivência do vírus ambiente
Período de intenso movimento de ovinos (mercado)
Ovinos naturalmente mais resistentes
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Métodos de transmissão – doenças transmissíveis
Saudável Doente Saudável Saudável
Contágio direto Contágio indireto
Doenças Contagiosas
veículo
Doenças não contagiosas
vetor
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2. Transmissão Vertical
Transmissão que ocorrem da mãe para o filho:
Hereditária;
Congênita (adquiridas in utero):
◦ Influência do período de gestação;
◦ Imunidade materna durante a gestação;
◦ Imunidade fetal.
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Agentes infecciosos são introduzidos nas
propriedades/região por muitos caminhos
Transmissão direta: Contato, quando um animal contaminado é introduzido
Indireta: Fômites, vetores, água,
ração
Prevenção: BIOSSEGURIDADE
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Biosseguridade Programas de controle de doenças usado para:
Reduzir/prevenir a introdução de patógenos no rebanho.
Reduzir/prevenir a difusão de patógenos no rebanho.
Práticas de manejo que reduzem as chances de uma doença infecciosa entrar no rebanho através de animais e/ou pessoas/veículos.
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Manutenção de patógenos
PARA ONDE O PATÓGENO SE DESLOCA
QUANDO NÃO ESTÁ NO HOSPEDEIRO?
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Manutenção de patógenos
Dois tipos de patógenos:
Os que precisam de um organismo para
permanecer vivos (maioria dos vírus, algumas
bactérias e protozoários);
Patógenos que contém estágios resistentes,
conseguem sobreviver no ambiente;
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Manutenção da doença
1. Doenças de ciclo curto;
2. Doenças de ciclo longo;
3. Formas resistentes;
4. Persistência em reservatório;
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Manutenção da doença
1. Doenças de ciclo curto:
Vírus da Cinomose
Replicação
Morre Imune
Eliminação via respiratória,
fezes, urina
Manutenção da Infecção?
Infectar outro cão rapidamente
• Paramyxoviridae; • DNA, Envelope; • Período incubação (dias): 3-15
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Manutenção da doença
Cidades ≥ 250.000 habitantes, cinomose endêmica por 3 anos de estudo;
Quando populações suscetíveis (cães jovens) se tornar grande suficiente, epidemia cinomose ocorre;
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Manutenção da doença
2. Doenças de ciclo longo:
Persistência de patógenos em infecções crônicas ◦ Tuberculose: curso clínico longo, muito tempo eliminando
o agente.
◦ Brucelose bovina: fêmea, após aborto, com infecção subclínica, cronicamente infectada.
Persistência de patógenos em vírus de infecções lentas: ◦ Período de Incubação longo
Maedi-Visna (pequenos ruminantes): 2-3 anos
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Manutenção da doença
3. Formas resistentes ◦ Bactérias formadoras de esporos;
◦ Oocistos de protozoários, ovos de helmintos.
4. Perpetuação em reservatórios ◦ Leptospira spp.: espécie – específica
L. icterohaemorrhagiae: adaptada ao rato (reservatório), causando doença em seres humanos.
◦ Muitos vírus possuem uma série de hospedeiros, sem causar a doença em muitos deles (reservatórios).
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Fatores para manutenção da infecção
1. Evitar um estágio no meio ambiente (externo); ◦ Transmissão vertical, venérea, vetor.
2. Formas de resistência; ◦ Clostridium spp., Bacillus spp. (endosporo)
◦ Cistos de protozoários, ovos de helmintos;
3. Persistência dentro do hospedeiro; ◦ Imunodepressão;
◦ Latência;
◦ Infecção in utero antes da formação da imunidade fetal: imunotolerância (Vírus BVDV);
◦ Resistência intracelular (Mycobacterium tuberculosis);
4. Aumento do numero de hospedeiros suscetíveis;
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