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FICHA DE ESTUDO ANTONIO CARLOS DOS SANTOS CIÊNCIA POLÍTICA Conhecer e identificar conceitos, entender a aplicação da matéria, adquirir noções de poder e entender os campos de atuação da Ciência Política. REFERÊNCIA SARTORI, Giovanni. A Política: lógica e método nas ciências sociais. Brasília: UNB, 1981. p.157-174 A POLÍTICA Quando nos referimos à Ciência Política temos que considerar algumas particularidades. Uma delas é separar a ciência da filosofia. Não há que se falar em política separando-a das entidades econômicas, religiosas e sociais porque política qualifica tudo. A separação mais difícil de fazer é aquela entre o político e o social, isso por que nas diferentes culturas, a exemplo da grega e latina, há confusão sobre a nomenclatura desses termos. (SARTORI, 1981, p.157) O conceito de ciência e política também varia por vezes em ritmo diferente dependendo do que se entende por ciência, e o que se entende por política. No entanto em algum momento essas ideias tendem a se encontrar, e quanto

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FICHA DE ESTUDO

ANTONIO CARLOS DOS SANTOS

CIÊNCIA POLÍTICA

Conhecer e identificar conceitos, entender a aplicação da matéria, adquirir noções de

poder e entender os campos de atuação da Ciência Política.

REFERÊNCIA

SARTORI, Giovanni. A Política: lógica e método nas ciências sociais. Brasília: UNB, 1981. p.157-174

A POLÍTICA

Quando nos referimos à Ciência Política temos que considerar algumas

particularidades. Uma delas é separar a ciência da filosofia. Não há que se falar em

política separando-a das entidades econômicas, religiosas e sociais porque política

qualifica tudo. A separação mais difícil de fazer é aquela entre o político e o social, isso

por que nas diferentes culturas, a exemplo da grega e latina, há confusão sobre a

nomenclatura desses termos. (SARTORI, 1981, p.157)

O conceito de ciência e política também varia por vezes em ritmo diferente

dependendo do que se entende por ciência, e o que se entende por política. No entanto

em algum momento essas ideias tendem a se encontrar, e quanto mais antiga for a

política mais numerosos serão os ternos a considerar a respeito.

Como já mencionado acima, o que na língua latina conhecemos por política,

não tem o mesmo significado para os gregos assim como os demais termos que

utilizaremos adiante. Aristóteles considerava o homem como animal político definindo

assim o homem, dependente da polis para sobreviver, pois os gregos acreditavam que,

um homem não político era deficiente e menos que homem. Falar homem político para

nós difere em muito do pensamento aristotélico de animal político. São Tomás de

Aquino traduziu o texto aristotélico como "animal politico e social", o que nos remete a

algumas reflexões, pois o que os gregos chamavam polítes, os romanos chamavam

civis. Já o que os gregos chamavam polis, os romanos conheciam por civitas. Houve

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claramente uma inversão no significado desses elementos, o que possibilitou a absorção

da cultura grega pelos romanos permitindo a relação da civitas com a polis que em sua

forma diluída cria a civilis societa. Ao organizar-se juridicamente, esta passa a ser uma

iuris societa substituindo a politicidade pela juridicidade. (SARTORI, 1981, p.159)

Sêneca, com uma visão estóica do mundo afirma que o homem não é mais um animal

político, porém, ao contrário, um animal social. Uma visão contrária da de Aristóteles, o

que nos permite afirmar que esta duas representações não prefiguram de forma alguma

o desdobramento havido na esfera do político-social que caracteriza o debate

contemporâneo. A percepção da verticalidade incorporada atualmente à noção de

política, remonta à tradição romana onde até o séc. XVII era expressa por termos em

latim, e não pela palavra grega política e seus derivados.

Baseado nisso podemos concluir que a definição da ideia de política varia

dependendo da palavra utilizada para compará-la no espaço-tempo. Influenciada pelo

direito de um lado e pela teologia de outro, a política se apresenta como um discurso

ético-político, iniciando com Platão e Aristóteles, até Maquiavel a política não aparece

como autônoma e específica. (SARTORI, 1981, p.162)

Se entendermos o conceito de autonomia da política em sentido absoluto,

não poderemos discorrer sobre as quatro teses distintas existentes sobre o tema, sejam

elas por ordem: a política é diferente, independente, autossuficiente e causa primeira.

Essa última atribui supremacia à política o que exorbita a autonomia. A segunda e a

terceira às vezes aparecem juntas de modo que para nosso estudo a principal é a

primeira. Aqui, a política aparece diferente da religião, e moralidade embora esses

elementos sejam essenciais à política.

Na visão de Maquiavel o político deve executar com liberdade as leis

provenientes da autonomia política, ou seja, a política possui leis próprias. Nesse

contexto podemos atribuir a ele a descoberta da política ainda que não tenha sido

filósofo nem cientista. A propósito se o compararmos a Hobbes [o criador do Leviatã],

constatamos um fato interessante, levando em consideração que o Príncipe governava

de acordo com as leis da política e o Leviatã criava as leis da política sendo possível

assim a atividade política. (SARTORI, 1981, p.163) Contudo conclui-se que apesar da

cientificidade de Hobbes, sua descoberta e definição de autonomia política não possuem

fundamento em um método científico e sim avaliativo e não há como negar a Maquiavel

a paternidade da Ciência Política, apesar de não encontrarmos nele ciência.

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Até hoje existe uma grande dificuldade para afirmar a diferença entre

Estado e sociedade. Ao adquirir autonomia a sociedade em relação ao Estado, há que se

observar também a esfera econômica, separando também economia da política. Os

economistas mostraram que a vida comum prospera mais quando o Estado não interfere.

Essa era, portanto a visão dos economistas. A sociedade era representada como

realidade a tal ponto autônoma que se torna objeto de uma ciência independente, que

não é mais a economia e sim sociologia. A sociedade não é apenas um sistema social

independente e autossuficiente com relação ao sistema político e sim o fato gerador do

sistema político.

Por já a política diferir da moral e da economia, por último convém separá-

la do direito, de modo que um sistema político não seja visto como jurídico. Logo temos

aqui uma crise de identidade que reforça a crítica que afirma “[...] um sistema político

que não consegue mais determinar seus próprios limites termina por não ser um sistema,

dilui a idéia [sic] de ‘político’ ao ponto de fazê-la desaparecer”. (SARTORI, 1981,

p.171)

Portanto conclui-se que o problema da identidade da política parece

interminável e é um problema de localização, problema este que é causado em grande

parte pelo objeto da política, ou seja, a própria atividade política.

PALAVRAS-CHAVES

1-Sistema Social2-Sistema Político

3-Atividade Política

COMENTÁRIOS PESSOAIS

Após a leitura desse texto, percebe-se logo a importância do estudo da

CIÊNCIA POLÍTICA. O termo política,quando abordado na sociedade, faz com que

alguém torça o nariz dizendo que tem raiva de política, não discute política etc. Não

sabe esse ser que a política está entranhada em nossas vidas.

O aumento dos preços no mercado, aumento salarial e o próprio pai que

nega ao filho a ida ao cinema, nada mais está fazendo a não ser exercendo sua

autonomia política. O que falta é o amor à política que tinham os gregos a ponto de

dedicarem à polis sua vida.

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