2. Mise-en-scène

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2. Mise-en- scène DFCH454: Linguagem do Cinema e do Audiovisual Prof. Cristiano Canguçu

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Encenação

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Introdução

No cinema também tendemos a não prestar atenção nas técnicas cenográficas (a não ser quando são feitas para chamar atenção) e na marcação dos atores.Mas essas técnicas se fazem presentes e podem ser consideradas ferramentas importantes para diversos fins: • contar uma história;• provocar suspense;• esconder e revelar informações;• criar uma tonalidade emocional;• ou conferir uma assinatura pessoal ao filme.

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Encenação no teatro e no cinemaRejeição retórica ao teatro, em termos como “diálogos teatrais” e “teatro filmado”. Mas o cinema deve tanto ao teatro quando à pintura, à literatura e à música.É difícil comparar “o cinema” com “o teatro” no singular, pois há muitas formas cênicas diferentes: palco italiano, teatro de arena, teatro de rua...No entanto, há basicamente duas diferenças realmente fundamentais entre as duas artes:• No cinema há somente um ponto de vista simultâneo (a câmera,

com um ângulo específico de percepção), em vez de uma pluralidade;

• Esse ponto de vista pode se deslocar (através da montagem ou de movimentos de câmera) nos eixos x, y e z.

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Convenções de encenação de cenas de diálogosA maior parte das cenas nos filmes de ficção consistem em cenas de diálogos entre personagens, dominadas por duas técnicas convencionais de encenação:• O esquema stand-and-deliver (“levanta-e-fala”), o mais comum

ainda hoje: pôr duas pessoas frente-a-frente, ou em pequena angulação diagonal, para compôr a montagem plano-contraplano;

• O esquema walk-and-talk (“anda-e-fala”), com uso de planos em travelling, em que a câmera acompanha pessoas que andam lado-a-lado.

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Levanta-e-fala (stand and deliver)• Plano de exposição em que os personagens tomam suas

posições frente-a-frente;• Respeito ao eixo da ação e à regra dos 180°;• Ligação entre os planos por raccords de olhar e de gesto;• Aproximação gradual da câmera, em planos-próximos,

primeiros-planos e planos-detalhes;• Novos planos de exposição quando houver deslocamentos.• Exemplos: Matrix

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Anda-e-fala(walk-and-talk)• Em vez de deslocar as figuras humanas, a própria câmera se

desloca -- contornando, seguindo, se aproximando e se afastando delas;

• O esquema walk-and-talk é empregado desde o tempo dos carrinhos de trilhos (tracking shots), mas se populariza imensamente com as gruas e a steadicam.

• Planos-seqüências demorados, normalmente em direção à própria câmera (que se afasta na mesma velocidade)

• Exemplos: • Soberba (Orson Welles, 1942) • The West Wing (série de tv, 1999).

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Limites dos esquemas convencionais

Problema da superutilização desses esquemas: pouco se explora a opção estilística da câmera fixa e deslocamento dos próprios atores.

Pode-se substituir técnicas de montagem por técnicas de encenação, normalmente enfatizando um dos seguintes parâmetros:

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Encenação no eixo Z (profundidade de campo)

Um dos modos dominantes de encenação entre os anos 1920 e 1950.Orson Welles é conhecido como um mestre da profundidade de campo. Ex: Cidadão Kane (1941).Outro exemplo importante dessa técnica é o cineasta japonês Kenji Mizoguchi.

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Encenação planimétrica (eixo X);Muito comum no início do cinema: Le Trust (Louis Feuillade, 1911)

Festim diabólico (Hitchcock, 1948), sistematicamente usou a encenação e o travelling lateral.

Em Sangue Negro (Paul Thomas Anderson, 2007), esta técnica é usada para direcionar a atenção do apreciador.

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Encenação paralela (câmera aérea);

Um caso gradual: Vale dos Lamentos (Théo Angelopoulos, 1998)

Um caso radical: A Conversação (Francis Ford Coppola)

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Iluminação

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Sombras e pontos de luz• Pontos de luz (highlights): onde a luz bate diretamente• As sombras podem ser incorporadas (a luz não ilumina o

objeto inteiro) ou projetadas (a luz é bloqueada por um outro objeto).

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Qualidade da luz: dura• A luz dura realça texturas e contrastes e projeta sombras

escuras, com contornos nítidos.

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Qualidade da luz: difusa• A luz difusa (esbatida) suaviza texturas e contrastes,

projetando sombras semitransparentes.

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Qualidade da luz: dura vs. difusa

• Exemplo prático da diferença entre luz dura e luz difusa (suave).

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Direção da luz: frontal• Elimina a maior parte das sombras• Achata a imagem

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Direção da luz: descendente• Ressalta detalhes das feições humanas• Em geral emagrece os rostos

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Direção da luz: lateral• Cria muitas sombras incorporadas e projetadas• Aumenta a sensação de profundidade dos rostos

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Direção da luz: ascendente• Distorce as feições humanas• Em geral empregada para efeitos de horror e suspense

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Direção da luz: contraluz• Isoladamente : transforma figuras em silhuetas• Complementando outras fontes: contorno luminoso que

separa figura de fundo e confere um “ar angelical”

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Sistema de três pontos• Luz-guia , ou luz de

ataque (key light): dura, direcional, mais forte que as outras

• Luz-complemento ou de preenchimento (fill light): esbatida, suaviza sombras, contrastes e texturas

• Contraluz (backlight): separa figura de fundo, impressão de profundidade

• Como fazer

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Iluminação “high-key” (alto ataque)• Muita luz difusa, sombras suaves, muitos elementos bem-

iluminados, baixo contraste.

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Iluminação “high-key”• Luz “high-key” não é sinônimo de iluminação diurna. Em

filmes mais leves, mesmo cenas à noite são high-key.

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Iluminação “low-key” (baixo ataque)• Fontes de luz mais duras, pouca ou nenhuma luz-

complemento. Projeção de sombras definidas e opacas. Uso de contraluz para criar silhuetas misteriosas.