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DIRETORIA EXECUTIVAPresidente:Waldemar Checchinato ....(l1)4591-1192Vice-Pres: João Cardoso ....................(l9)3441-6483Secretário:João Baptista Gomes ........(l1)4604-3787 Tesoureiro: Rubens Dias Maia .............(l6)3322-3l83

Dir. Espir: Pe. Benedito Ângelo Cortez ..(11)3228-9988

CONSELHO FISCAL Daniel R Billerbeck Nery ....(11)6976-5240Augusto Paese ...........................(19)3255-6622

REGIONAIS Ibicaré André Mardula ................(49)522-0840ItajubáJosé Luiz Augusto............(35)3622-1336São PauloMarcos de Souza.............(11)3228-5967CampinasJercy Maccari ................... (19)3871-4906Pirassununga Renato Pavão ................. (19)356l-605l

Bauru Gino Crês.........................(14)3203-3577Itapetininga Sílvio Munhoz Pires ........(15)3272-2145S. José dos CamposNatanael Ribeiro de Campos(l2)3931-4589

COORDENADORIASBol.Inf. Inter ExJoão Baptista Gomes..........(11)4604-3787 (Cel)9976-1145

CARAVANAMoacyr Peinado Martin....(11)6421-4460João Cardoso...................(19)3441-6483

ATOS RELIGIOSOS Daniel R Billerbeck Nery...(11)6976-5240Edgard Parada....................(16)3242-2406Lásaro A P dos Santos.......(11)3228-9988

REDATORES DESTA EDIÇÃOWalter Figueiredo, Luiz Vitor Martinello, Vilmar Daleffe, Carlindo Maziviero, Sérgio Luiz Dall’Acqua,

Alberto José Antonelli, O Sombra, Gino Crês, Raimundo José Santana, João Costa Pinto, Walter Figueiredo, Benedito Bebiano Ribeiro

EXPEDIENTEASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSC

Av. Emílio Checchinato, 3699CEP: 13.295-000 – Itupeva-SP

Tel: 0xx11-4591-1192Diretoria: E-mail: [email protected]: E-mail: [email protected]

Editorial

Inter-Ex de nº. 114, nosso invejável bo-

letim informativo, mais uma vez, chega

às suas mãos, lustrado com boas notícias e

comunicações de acontecimentos importantes

no semestre que se aproxima.

Decorridos dois anos e meio, reta fi nal de

nosso transitório mandato, as eleições ampla-

mente divulgadas são o principal assunto em

pauta, e de acordo com as disposições vigentes

de nosso Estatuto. Chega o momento em que a

assembléia composta pelos ex-alunos presen-

tes tem o direito de escolher o presidente, vo-

tando livremente. Muito embora tenhamos feito

movimentos à procura dos ex-alunos mais jo-

vens, com espírito de liderança e entusiasmo,

para talvez motivar e arrebanhar outros da

mesma faixa etária, não obtivemos sucesso.

Apurados os sufrágios contidos nos envelo-

pes secretos, distribuídos e retornados com

votos prévios, a maioria absoluta não relutou

em indicar cinco da velha guarda, todos sep-

tuagenários, o que não lhes tira nenhum mé-

rito. Contudo, durante a assembléia, ainda

uma vez mais, faremos a consulta em busca

de alguém mais jovem que queira assumir a

presidência. O presidente é o patriarca da fa-

mília ou da associação e poderá indicar gente

mais nova para completar sua diretoria.

Cumpre-nos destacar o trabalho do Renato

Pavão e da equipe de sua coordenação. Estão

preparando tudo de maneira abnegada e com-

petente para o sucesso da recepção no Semi-

nário, Colégio e no Sitio Barrocão.

O ano 2010 é o ano da Graça da Congrega-

ção dos MSC. Duas datas importantes estarão

sendo comemoradas: o Ano Jubilar dos 100

anos da presença dos MSC no Brasil, cuja aber-

tura ocorreu no dia 21 de maio último na Basí-

lica de N Sra do Sagrado Coração na Vila For-

mosa e o Ano Jubilar dos 70 anos da chegada

dos MSC na Ponte Pequena. em São Paulo. No

local da Ponte Pequena, cedido pela Cúria Me-

tropolitana – cardeal Dom Carlos Carmelo de

Vasconcelos Mota – ergueu-se imponente tem-

plo popularmente conhecido como “Igreja das

Almas” e hoje “Santuário do Sagrado Coração

de Jesus em Sufrágio das Almas.

Nossa Associação foi convidada a participar

das festividades do encerramento deste Ano Ju-

bilar, na Ponte Pequena, o que acontecerá no

dia 5 de dezembro. De bom grado aceitamos o

convite eacatamos a idéia que nos proporciona-

rá melhor interação com a Congregação e uma

grande oportunidade para renovarmos nossa

consagração ao Coração de Jesus, juntamente

com milhares de romeiros que ali acorrem dia-

riamente para rezar e pedir orações por seus

entes queridos falecidos. Quem não os tem?

Abraços e até Pirassununga.

Waldemar ChechinatoPresidente

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icam convocados todos os Asso-ciados Efetivos desta Associação,

nos termos do Item III do artigo 11 do Estatuto Social vigente, a se reu-nirem em ASSEMBLEIA GERAL EX-TRAORDINÁRIA a ser realizada no dia 28 de agosto de 2010, às 19h, no Salão Nobre do Colégio Kennedy, antigo seminário, em Pirassununga -SP, a fi m de elegerem a Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal para o triênio de 2011 a 2013.

Itupeva, 28 de julho de 2010. Waldemar Chechinato

Presidente

F

Edital de ConvocaçãoEdital de Convocação

Associação dos Ex-Alunos da Congregação dos MSC

num raio de + ou – 100 Kms não é obstáculo para uma composição administrativa. É bom lembrar que os Veteranos estão sempre dispostos a colaborar, não permitindo que a peteca caia. Basta que alguns peguem a batuta e façam a equipe funcionar.

ESCLARECIMENTOS

1 Constitui direito do Associado efetivo: Votar e ser votado para qualquer cargo eletivo ( Art. 7°, item VI do Estatuto).

2 A Assembléia Geral tem por fi nalidade reunir-se extraordinariamente, a cada triênio, especial-mente convocada em agosto, e mediante aclamação ou voto secreto da maioria absoluta dos membros naturais da ASEAMSC, em 1ª Convocação, e nas Convocações seguintes por mais de 1/3 (um terço) destes membros, para eleger a Diretoria Executiva e os titulares do Conselho Fiscal, assim como os seus respectivos suplentes, que terão direito a uma reeleição( Art. 11, item III do Estatuto).

3 A posse dos eleitos dar-se-á no dia 1º de ja-neiro de 2011, em local a ser escolhido.

4 A consulta realizada em maio indicou 5 candi-datos à presidência da diretoria Executiva, sendo os seguintes: Waldemar Chechinato, Renato Pavão, João Cardoso, Daniel Ricardo Billerbek Nery e João Baptista Gomes, não fi cando impedido que outros independentes se candidatem por ocasião das elei-ções. O eleito, até o encerramento da Assembléia, deverá compor a sua Diretoria e o Conselho Fiscal para constar da Ata.

5 Aconselhamos o empenho de todos para que haja uma renovação da Diretoria com novos colegas de regiões diferentes como: Bauru, Pirassununga, Campinas, Itajubá, São Paulo e outras, que possam assumir as funções e dar mais vida aos nossos des-tinos. Ficou plenamente comprovado que a distância

Eleições

O tempo passa.... 1981

1a. fi la: Pe José Maria Beer, Ricardo Rosim, Gino Crês e José Machado

2a. fi la: Wiliam Marinho, Pe. Luiz Figueiredo, ? , Edgard Parada e Lazinho”

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02- Pe José Roberto Bertasi (19) 3272-4502 02- Mário Walter Decarli (11) 4654-1351 02- Hernani Oscar de F. Rodrigues (11) 6192-676903- José Pontim (66) 3522-122103- Jair Ribeiro (35) 3622-459607- Aderson Bini (14) 3227-331607- José Benedito Ribeiro II (12) 3912-262908- Joaquim Vieira Cortez (35) 3622-199108- Ângelo Osmar Giombelli (49) 3452-125611- Gino Crês (14) 2230-357715- Pe João José de Almeida (35) 3622-049416- Pe Geraldo Alves Cassiano (35) 3622-074917- Bonifácio Eufrausino Barbosa (11) 6910-935918- João Paulino Seabra (15) 9730-0650 20- Adeval Romano (17) 3463-442522- Gerard G. J. Bannwart (15) 3646-949926- Alberto Maria da Silva (13) 3227-509627- Pe Carlos Buzanelli (88) 3675-2231 27- Leonel José Gomes de Souza (15) 3152-689028- Marcos Lelis Pinto (35) 3622-580929- William Marinho de Faria (11) 5594-454930- Paulo Figueiredo (31) 3577-0225

03- Benedito Coldibelli (19) 3223-0908 05- José Luiz Augusto (35) 3622-133607- Afonso Peres da S. Nogueira (12) 3552-584807- José Maria de Paiva (19) 3434-647609- Antônio Henriques (11) 5184-016010- José Carlos Barbosa (35) 3645-115112- Alberto José Antonelli (13) 3227-859712- Luciano Doljak (11) 6524-7262 14- Pe João Helder (85) 5247-2231 14- Nicodemos Moreira Filho (27) 3362-529315- Benedito Ângelo Ribeiro (11) 3266-962015- José Raimundo Soares (12) 3281-180318- Vanderlei de Marque (11) 4127-422019- Luiz Gonzaga de Almeida (31) 3571-164324- Pe Milton Tassoni (11) 6211-0448 26- Walter Figueiredo de Souza (31) 3641-117226- Pe Ludovico Laader (85) 3377-123426- Pe Tarcísio Pereira Machado (11) 6211-0448 01- Afonso Celso S Meireles (11) 6653-758203- Marcos Mendes Ribeiro (12) 3281-332104- Douglas Dias Ferreira (19) 3571-111804- Pe Mauro Sérgio de Souza (19) 3561-177506- Mário Alcindo Rosin (19) 3561-3443 09- Vitor Fernandes Lima (21) 9693-594313- Geraldo Augusto Alkmin (35) 3622-327415- Carlos Magno Antunes Pereira (15) 3232-158517- André Mardula Filho (49) 3522-084018- José Manoel Lopes Filho (14) 3223-339918- José Fábio Correa (35) 3623-481919- José Maria Martarelli (11) 6726-775820- Rosalimbo Augusto Paese (19) 3255-662220- José Joaquim Barnabé de Mello (35) 3622-0744 23- Pe Victorio de Almeida (14) 3222-3316

23- Márcio Antônio Nunes (35) 3281-147723- José Camilo da Silva (19) 3828-122128- Pe Carlos Roberto Rodrigues (97) 3471-106328- Marcos de Souza (11) 3313-455129- Rubens de Souza (19) 3561-446230- Geraldo José de Paiva (11) 3735-3014

01- Afonso Celso S Meireles (11) 6653-758203- Marcos Mendes Ribeiro (12) 3281-332104- Douglas Dias Ferreira (19) 3571-111804- Pe Mauro Sérgio de Souza (19) 3561-177506- Mário Alcindo Rosin (19) 3561-3443 09- Vitor Fernandes Lima (21) 9693-594313- Geraldo Augusto Alkmin (35) 3622-327415- Carlos Magno Antunes Pereira (15) 3232-158517- André Mardula Filho (49) 3522-084018- José Manoel Lopes Filho (14) 3223-339918- José Fábio Correa (35) 3623-481919- José Maria Martarelli (11) 6726-775820- Rosalimbo Augusto Paese (19) 3255-662220- José Joaquim Barnabé de Mello (35) 3622-0744 23- Pe Victorio de Almeida (14) 3222-3316 23- Márcio Antônio Nunes (35) 3281-147723- José Camilo da Silva (19) 3828-122128- Pe Carlos Roberto Rodrigues (97) 3471-106328- Marcos de Souza (11) 3313-455129- Rubens de Souza (19) 3561-446230- Geraldo José de Paiva (11) 3735-3014

02- Licínio Poersch (45) 3226-646204- Luiz Carneloz (11) 6940-375805- Benedito Antunes Pereira (11) 4655-421506- Ernesto Schaffrath (46) 3523-773806- José Benedito Ribeiro (14) 3218-857306- Sérgio Geraldo P de Godoy (11) 3453-785409- Côn. Carlos Menegazzi (19) 3278-141409- Edson Marques de Oliveira (15) 3271-102209- Pe Gilberto Gonçalves Pinto (35) 3643-1327 12- Pedro Tramontina (11) 4232-596212- João Baptista M. Cirineu (15) 3271-234713- Afonso Bertazi (19) 3524-049414- Alderico Miguel Rosin (19) 3582-102115- Pe João Schmid (89) 3522-459916- Sérgio Luiz Dall”Acqua (47) 3435-570817- Pedro Lourenço da Silva (35) 9922-5793 17- Geraldo Luiz Sigrist (19) 3255-173219- Pe Tomasz Kundzicz (85) 3377-123419- Pe Júlio César Machado (35) 3625-120520- Benedito Ignácio (11) 5531-003120- Nilo Jorge F. da Silva (21) 2701-724221- Lázaro Penteado Fagundes (14) 3572-387422- Pe Arlindo Giacomelli ???? (35) 3624-110424- Daniel Canale (41) 3256-0157 28- Waldemar Chechinato (11) 4591-119229- Agostinho Rafael Rodrigues (21) 3468-556730- José Tadeu Correa (35) 3623-4767

ANIVERSARIANTES

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

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Palavra do LeitorPalavra do Leitor

Todo mundo que me conhece sabe que sou um inveterado e assumido “misógeno”. Como tal quero fazer uma fofoca, tirando assim um dos grandes privilégios femini-nos.

Em visita à mansão do Paese, descobri em sua pre-ciosa e respeitável biblioteca a mais que conhecida coleção Migne, com os seus 221 volumes. Só mesmo o Rosalimbo para se dar ao luxo de tanta leitura.

Mas, fi quei sabendo pelo mesmo Paese, que o SOMBRA possui em sua não menos conhecida biblio-teca a mesma coleção. Agora editada em um só vo-lume. O específi co, porém, é que tal coleção é com-posta apenas de capa e contra capa, sem o miolo de páginas. Tudo isto porque “o dito SOMBRA é da opi-nião de que ler dá azia”.

(a) Sombra do Sombra.

Ao Carlindo Maziviero o meu especial abraço. Cumprimentos efusivos pelo seu artigo “O Irmão Xinja”. Fiquei maravilhado, muito emocionado até. Primeiro pela ma-neira singela e cativante como o texto é

costurado e montado. Estilo simples, e por isso mes-mo cativante. Depois pelo conteúdo denso e rico de considerações profundas. Em poucas palavras o amigo soube dizer tudo a respeito daquele persona-gem todo especial.

Eu que com ele (o Xinja) convivi por vários anos, sei de coisas e fatos verdadeiramente edifi cantes, passados despercebidos aos olhos humanos, mas

O tempo passa.... 1932

(primeira turma)

1a fi la: José Afonso Leme, Plínio Pereira Negrão (Pe), Ari de Souza, Antonio Bruno e Alcides Ferreira Leite (Pe).

2a fi la: Padre Alberto Brandis, Vitor Ro-drigues de Souza, Carlos Menegazzi (cônego) e Durval de Andrade

Atrás: Padres José e Graciano

registrados eternamente no Grande Livro da Vida. E agora, lá de cima, sabemos que esse humilde servo de Deus continua nos “patrulhando” amorosamente, burilando ainda mais as nossas personalidades que com tanto carinho ele ajudou a moldar.

(a) Ézio Américo Munnari

E você, meu caro Raimundo José Santana. Por sua causa quase tive uma apoplexia. Aquela tirada do padre Van de Made a respei-to da “aza de frango entalada” me deixou sem fôlego. Coisa típica dele. Um sarcasmo

fi no, uma mordacidade aguda e ao mesmo tempo cô-mica. Quem o conheceu mais de perto, sabe de sua grandeza de alma. Além de exemplar religioso e sacer-dote modelo, foi um Superior Provincial da mais fi na qualidade. Por baixo daquela aparência truculenta, meio militar em sua postura, uma sensibilidade única denunciava a candura e doçura de sua personalidade. Foi um exímio violinista – segundo seus colegas – mas que abandonou o instrumento para não descurar em nada de seu ministério. Seguiu à risca o lema deixado pelo Mestre: Servus inutilis sum.

(a) Ézio Américo Munnari

É bom que os amigos saibam já de pri-meira mão: nosso respeitado e distinto co-lega, o SOMBRA, é um arquiinimigo de Mú-sica Clássica. Sobretudo de Óperas. E a razão é muito especial: unicamente pelo

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simples fato de o grande compositor alemão Richard Strauss ter escrito a ópera “A Mulher sem Sombra” (Die Frau ohne Shatten).

(a) Monello Biondo

Meu caro Gomes. Já antecipando ao seu pedido, envio-lhe alguma coisa que me bro-tou da mente. Cumprimento-o pelo zelo sempre contínuo em favor da Associação e em especial do Inter-Ex. Gostei muito deste

último número. Os colegas foram maravilhosos em seus escritos. Tudo bem equilibrado e harmonioso.

De minha parte um grande abraço. Se algo não for de seu agrado, delete-o por favor.

(a) Lupo da Gubbio

Cada vez que recebo o Boletim Informa-tivo da Associação dos ex-alunos MSC fi co muito contente e até vaidoso por ter feito parte dessa grande família missionária. Que bom que existe o Inter-Ex que nos

mantém unidos, trazendo informações e relatos dos ex-seminaristas. Parabéns a vocês que viabilizam esse prestigioso informativo. É graças a ele que ain-da nos reunimos periodicamente.

(a) Ângelo Garbossa Neto

A cada edição que chega, parece que o Inter-Ex fi ca mais gostoso de ler. Todos os artigos são interessantes, bem escritos e inteligentes. Posso dizer que até hoje, quando me lembro, rio das tiradas do pa-

dre Van De Made, narradas pelo Raimundo Santana (a chupação de dentes e a asa de frango entalada). Imperdível!

Esse tal de SOMBRA que não sei quem seja, tem alguns lances curiosos, mas me parece muito pobre de espírito. Apenas textos curtos ou resumidos fazem seu gênero Com certeza, não aprendeu isso no semi-nário. Ao dizer que não gostou de “A crise” ou do “Caminho do claustro” denota uma mentalidade cata-nha e medíocre. Deveria voltar para os bancos esco-lares, porque passou por lá e não aprendeu nada.

(a) José Roberto Silva

Gostaria que publicassem o seguinte: fui padre professor no seminário de Ibicaré. Gostei muito do último Encontro lá realiza-do. Fiquei sabendo que o povo sentiu mui-to a mudança do horário da missa. Para o povo de lá essa missa é signifi cativa. É bom

que, no futuro, não se altere esse horário na última hora. A missa foi ótima, principalmente a surpresa para os dois casais que comemoravam bodas. Todo o Encontro foi ótimo.

Para o próximo Encontro em Pirassununga (Agos-to/2010), eu me proponho a levar o nosso compa-nheiro, ex-aluno Dr. Pedro Antonio Grisa, hoje total-mente cego. É ele um dos cinco mais importantes e renomados parapsicólogos do Brasil. Ele quer parti-cipar e pediu-me para lembrá-lo da data. Ele é autor de dez livros publicados sobre sua especialidade em parapsicologia.. Há uma porção de colegas que eu gostaria de encontrar lá, como, Alberto Antonelli, João Costa Pinto, Ézio Américo Monari, José Bertuol, Paulo de Castro, padre Benedito T de Lima, Joaquim Cortez e Edmundo Cortez, além de outros.

(a) Arlindo Giacomelli

O tempo passa.... 1937(retórica)

Antonio Bruno, Carlos Menegazzi (cônego), Ari Sales de Souza e Alcides Ferreira Leite (Pe)

Padre Donato, Ézio Monari, Albino Diniz (Pe), Sérgio Cabral, Alfredo Máximo, Francisco Honório, Gino Crês, Celso Pedro da Silva (cô-nego), Nelson Altran, Hugo Nunes, Benjamim Brito, Antonio Beekman, José Buzzanello, Afonso Peres da Silva Nogueira, Cesar Au-gusto Machado (Pe)

O tempo passa.... 1951

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8º ENCONTRO REGIONAL EM ITAJUBÁO Encontro regional em Itajubá foi um sucesso graças a presença dos

colegas e o empenho da Diretoria Regional.Mais uma vez estivemos reunidos em Itajubá. O número de colegas presentes superou as expectativas. É um fato que nos anima cada vez mais.

A Diretoria Regional fez tudo o que estava ao seu alcance para acolher, da melhor maneira, os Ex-Alunos. A recepção, como de costume, foi feita na entrada do Instituto Padre Nicolau - IPN. Os colegas foram

chegando, fazendo seu registro de entrada e, aí mesmo,

alguns já começavam um bate papo descontraído.

Seguiram-se bons momentos para matar a saudade e relem-brar estórias de nosso passado.

Durante a manhã, mais e mais ex-seminaristas não paravam de chegar.

Quando quase todos estavam presentes, já era hora do almoço. Dirigimo-nos ao Recanto Arco Iris. A cozinha mineira marcou presença. Estava deliciosa!!! Muitos de nós permaneceram o resto da tarde no restaurante e ao seu redor, desfrutando da beleza do lugar, da pesca esportiva e alimentando uma boa conversa, ouvindo música ao som do violão e da viola. E lá estavam novamente os fi lhos do Isaias José de Carvalho, com suas belas canções sertanejas.

À tardinha, voltamos ao seminário para a nossa reunião, que transcorreu muito alegre, descontraída e proveitosa. Em cada encontro novos colegas aparecem e nos brindam com seus admiráveis testemunhos de vida.

Devido a um pedido do José Luiz um novo Diretor Regional foi eleito: José Benedito Filho, que assume a preparação do encontro de 2012. Apresentamos nossos agradecimentos ao José Luiz Augusto por sua dedicação e todo o seu trabalho nestes últimos anos a frente da Regional Itajubá.

Vários depoimentos feitos pelos colegas ressal-taram, mais uma vez, a importância da educação recebida nos seminários MSC para as suas vidas e para a sua realização profi ssional. Comentamos também a necessidade de participar mais na Con-gregação através de atitudes concretas. Pode ser assinando a Revista de Nossa Senhora (Anais),

que foi totalmente repagi-nada e está muito mais bo-nita e agradável ou colabo-rando com a Pequena Obra que ajuda na formação de novos religiosos MSC. Ou, ainda, sendo membro de alguma missão em conjunto com os padres...

O Presidente da Associação, Waldemar Chec-chinato, antes do encerramento, convidou a todos para a celebração dos 70 anos de presença MSC no Santuário das Almas, no bairro da Ponte Pequena, na cidade de São Paulo, que acontecerá no dia 05 de dezem-bro, domingo, deste ano de 2010. Em breve colocaremos aqui a programação completa.

Logo após a reunião partimos para o lanche, servido num belo salão. O lanche, bem típico da região do Sul de Minas, era canjiquinha com carne de porco e imperdíveis pastéis de milho. Tudo mui-to bem preparado, com o peculiar capricho sulmi-neiro. E para completar a noite ainda tivemos um bingo bem animado e com bons prêmios.

Lázaro A. P. dos Santos (Lazinho)

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O dia seguinte era domingo e nós levantamos bem cedo para a missa das 8 horas. Os Ex-Alunos atende-ram ao toque de alvorada e lá estavam todos presentes. A cerimônia da celebração eucarística foi muito bem preparada pelo Fábio Correia e abrilhantada pelo Gabriel, fi lho do José Luis Augusto, que se encarregou de boa música e belos hinos ao som de seu violão. O Pe. Antonio Carlos Cruz Santos, chamado de Maristelo, Mestre de Noviços, foi o celebrante. Ele discorreu sobre o Noviciado, atualmente cursado no próprio IPN, que conta também com noviços das outras Pró-Províncias-MSC do Brasil e das Províncias das Américas.

O Pe. Maristelo ressaltou também a Aber-tura do Ano Jubilar (100 anos de Presen-ça MSC no Brasil) que deverá acontecer no próximo dia 21 de maio, às 19:30 horas, no Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração, na Vila Formosa, em São Paulo. Ao fi nal entoamos os hinos tradicionais: “Ave Admirabile”, animado pelo Mauro Fernan-

do Ferreira, o Lembrai-vos e o Hino dos Ex-Alunos, tendo como organista o

Alberto Antonelli.

A casa do Noviciado foi liberada pelo Pe. Maristelo para a visita. Pudemos andar pela casa toda e re-cordar momentos importantes de nossa vida, vividos nos recintos dessa casa. Lá estava o religioso Mauro Fernando Ferreira acompanhando a todos... Aproveitamos o momento para a nossa costumeira foto do Encontro, na entrada do seminário.

Seguiu-se um longo intervalo, antes do almoço, para visita à cidade de Itajubá e outras localidades próximas, como Piranguçu ou Piranguinho. Todos re-tornaram em tempo para o almoço, que foi prepara-do com muito carinho e bom tempero. No churrasco lá estava de novo o Raulino Betoni fazendo tudo o que era possível para todos serem bem servidos.

Muitos colaboraram para o sucesso do encontro mas não poderíamos deixar de citar o nosso colega Jair Ribeiro que também já foi diretor da Regional. Ele foi o braço direito nos preparativos e presença marcante na organização, na recepção e cadastro,

no bar e no caixa, onde simpaticamente atendeu a todos os Ex-Alunos e familiares. Obrigado, Jair! Con-tinue sempre assim.

Expressamos nesta oportunidade nossa gratidão a Diretoria Regional de Itajubá, ao Pe. Maristelo, aos noviços e a todos, Ex-Alunos, familiares e amigos que dedicaram seu precioso tempo para que tivéssemos mais um Encontro muito agradável e inesquecível, marcado por uma grande participação do Ex-Alunos.

E, se Deus quiser, lá estaremos novamente em 2012. “Ametur ubique terrarum Cor

Jesu Sacratissimum.”

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Estiveram emITAJUBÁ

Jair Ribeiro, Antonio Pádua Siqueira, Aparecido da Silva, Marlinaldo de Andrade Freire, Waldemar Chechinato, José Tadeu Corra, Mário Walter de Carli, Rubens Dias Maia, José Benedito Filho, Luiz Car-lindo Maziviero, Osvaldo Renó Campos, José Luiz Augusto, Alberto José Antonelli, Willian Marinho de Faria, Gilberto Faria de Azevedo, José Raimundo Soares, Benedito Ângelo Ribeiro, Benedito Antunes Pereira, Benedito Ignácio, Renato Pavão, José Genésio Fernandes, Luiz Carlos Cachoeira, José Manoel Filho, Dimas dos Reis Ribeiro, Agostinho Rafael Rodrigues, José Carlos Barbosa, Afonso Peres da Silva Nogueira, Paulo Barbosa Mendonça, Benedito Bebiano Ribei-ro, João Baptista Gomes, José Barbosa Ribeiro, Laert Costa de Toledo, Marcos de Souza, Mário Ferrarezi, Isaías José de Carva-lho, Edgard Parada, Lásaro A P dos Santos, Renato Pereira Lei-te, Marcos Mendes Ribeiro, Adailton José Chiaradia, Edmundo Vieira Cortez, José Carlos Ferreira, Sebastião Mariano Franco de Carvalho, Natanael Ribeiro Campos, Mauro Pavão, Moacyr Peinado Martin, Natalino J Carvalho, Antonio Henriques, Emí-lio Luiz de Sousa, Antonio Raymundo Vieira, Célio Renato dos Santos, Manoel Evaristo da Costa, Leonel José Gomes da Costa e Saturninio P Santos Neto.

á muito tempo eu planejava voltar a Itajubá, no sul de Minas Gerais, onde passei três anos, no

seminário menor. A oportunidade, no entanto, não surgia e se surgiu, não percebi. Porém, desta vez me preparei com tanta antecedência, que outras “opor-tunidades” apareceram. Uma confusão de oportuni-dades. Optei então, por Itajubá. Fui três dias antes da data marcada para o encontro dos ex-alunos MSC, com a intenção de visitar os lugares onde passáva-mos férias ou que visitávamos enquanto lá estive-mos, como Delfi m Moreira, Maria da Fé e Piranguçu.Visitei-as todas, pois, a paisagem montanhosa do sul de Minas sempre me deixou deslumbrado. Bateu-me a nostalgia dos tempos em que lá vivi. Nostalgia é aquele sentimento que só aumenta em contato com a causa e dela se alimenta. Esse sentimento trouxe-me recordações e lembranças dos bons tempos.

Quando me deparei com o Instituto Padre Nico-lau, a memória estremeceu e o passado veio à tona. Era exatamente assim, pensei. Atravessei a porta de entrada e fui reconhecendo cada espaço em que eu já havia pisado. Visitei minha sala, o pátio, banhei-ros, a capela, os dormitórios. Pequenas reformas se fi zeram, mas revivi minha adolescência.

Conversei com colegas que partilharam da mes-ma situação. Cada um reelaborando suas historias,

Voltando a ItajubáCarlindo Maziviero (1960-1971)

a partir dos dados passados confrontando com suas vivencias atuais.

Relembrar não é estar preso a um passado que não volta mais, mas é falar do passado, com as re-ferencias atuais, recriando-o.

O que seria da nossa vida se olhássemos para trás e não víssemos as pegadas dos nossos amigos que marcaram o chão da nossa história. Vivi em Ita-jubá os melhores anos de minha adolescência, onde compartilhávamos os espaços, as atividades escola-res e convivíamos com as diferenças, aprimorando as noções de direito e de deveres. Era um ambiente extremamente sadio que favorecia ao desenvolvi-mento pessoal tanto físico, social quanto moral e in-telectual. O convívio em grupo estimulava o respeito aos valores éticos e de cidadania.

As atividades diárias eram distribuídas de forma adequada à nossa faixa etária, contemplando mo-mentos de recolhimento e orações, de estudo e re-creação. Havia diariamente, após as aulas e os de-veres, praticas esportivas privilegiando obviamente o futebol. Todavia, independente das habilidades e aptidões físicas individuais, as atividades realizadas entre equipes não objetivam especifi camente a vitó-ria, e sim a cooperação, união e o estimulo do tra-balho em equipe.

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O aproveitamento escolar era excelente, porém o esforço exigido, nem tanto. Era compensado em parte, graças aos padres professores que possuíam boa bagagem cultural e estavam o dia todo à nossa disposição. Considerando-me privilegiado pelo Cria-dor, nunca tive grandes difi culdades em acompanhar minha turma, de sorte que vivíamos em um cons-tante espírito de alegria juvenil.

Percebemos a excelência do conhecimento que nos passaram quando fomos para a Universidade e entramos em contato com outros estudantes. Hoje tenho orgulho de contar entre meus colegas de maior capacidade intelectual mestres e doutores, professores universitários e jornalistas. É nesses encontros que avalio a qualidade dos colegas que fi zeram parte da construção de minha personalida-de e me orgulho de ter contribuído para a formação desses cidadãos que constituem a elite intelectual da nossa sociedade.

À medida que os colegas chegavam para o en-contro no Padre Nicolau, vinham-me à memória as cenas de retorno das férias, quando voltávamos an-siosos para mostrar as novidades e relatar os fa-tos ocorridos durante a permanência com a família.

Alguns, cujos nomes fugiam-me da memória, logo eram lembrados através dos apelidos, que sempre determinavam as aparências ou o comportamen-to, como foi ocaso do Globi, do Bolinha, etc.. Bons tempos aqueles em que chegávamos abastecidos de geléias de mocotó, adquiridas nas paradas das esta-ções e de farofas, que faziam parte do farnel prepa-rado pela mãe.

No dia da chegada, os dormitórios assemelhavam-se a um mercado persa, tamanho era o burburinho e a alegria pelo retorno.

Vínhamos de Pirassununga, um grupo de alunos, cuja idade entre doze e quatorze anos, acompanha-dos por um padre ou um irmão, viajávamos o dia todo de trem, fazendo três baldeações, em companhias diferentes, da Companhia Paulista, para a Mogiana e fi nalmente para a Rede Mineira Viação. Hoje, esse percurso é feito em aproximadamente três horas, de carro, mas certamente nos cansávamos menos da-quela viagem. Pudemos reviver um pouco daquela alegria própria de adolescentes.

Narcisistas, sim! Afi nal, narcisismo na velhice não é senão o valor que o sujeito pode dar ou não a si mesmo!

ANO JUBILAR DOS 70 ANOS DA PARÓQUIAE DA PRESENÇA DOS MSC NO SANTUÁRIO

a paróquia e Santuário do Sagrado Cora-ção de Jesus em Sufrágio das Almas do

Purgatório, popularmente conhecido como San-tuário das Almas, da Ponte Pequena, foi, no dia 6 de dezembro de 2009, aberto solenemente o Ano Jubilar, com os Festejos comemorativos dos 70 anos de presença dos MSC naquele santuário.

O Padre Provincial, Benedito Ângelo Cortez, pre-sidiu a santa missa de abertura do Ano Jubilar. Na homília relembrou a história desta igreja e enfati-zou os motivos pelos quais a antiga igreja da Pon-te Pequena, até então dedicada a São Sebastião, viera a se tornar “Paróquia e Santuário do Sagrado Coração de Jesus em sufrágio das Almas do Purga-tório”. A missa foi animada pela Banda da Polícia Militar e romeiros de várias cidades compareceram a essa solenidade.

Desde o começo, esta igreja foi sempre num lugar de constantes peregrinações. Pessoas de vários estados do Brasil visitam semanalmente esse Santuário, e outros milhares de pessoa man-têm contato por cartas ou por outros meios de comunicação, fazendo chegar até lá seus pedidos de orações pelos mortos.

A grande festa de encerramento do Ano Jubilar será no dia 5 de dezembro. A Associação dos ex-alunos MSC foi convidada a participar inclusive com cânticos da época de seminário e o “Ave Ad-mirabile”. Haverá recepção e café às 9 hs, missa às 10 hs, almoço às 13,30 hs e às 15 hs Adoração e Benção do Santíssimo. Já marcamos presença. Una-se a nós para que levemos um número bem signifi cativo de ex-alunos.

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• Em agosto, teremos os cinco mais indicados para a presidência. Acho que a melhor indicação se-ria o Pagnoncelli, de Dois Vizinhos, o Paese, de Vali-nhos e o Ferron, de Vinhedo. Colaborem.

• Como não participei do último Encontro, estou me espelhando no Inter-Ex n° 113.

• Muito boa a capa desse Boletim. Faltou colocar o ano da foto.

• Nunca fui a um Encontro em Itajubá. Espero que tenha sido bom.

• Paese e Ferron, guardem um pouco do “Sans-Souci” pra gente beber no próximo Encontro. Um dos melhores vinhos que já tomei. Em junho estarei aí em Valinhos.

• Garbossa (Curitiba), ainda não pude conhecer sua casa de praia. Deixe chegar o verão.

• Gostei muito o “Irmão Xinja” do Maziviero. Es-creva mais.

• Raimundo Santana tem um estilo gostoso. Não se pode deixar de rir das sacadas daqueles padres holandeses.

• A ferrovia do sítio do Antonelli foi muito bem ilustrada com todas aquelas fotos.

O SombraEx de Ibicaré

• Também os textos do Gino e do Bebiano passa-ram pela crítica. Curtos e bons.

• Parabéns a todos os cronistas e editores do In-ter-Ex. Está cada vez melhor.

• Fazia tempo que não ouvia falar do Carlos Niehues. E não é que ele me manda notícias? Que bom, quem é vivo sempre aparece.

• Quem está demonstrando que, apesar da idade (60) ainda coloca toda a sua energia em investimen-tos, é oValdir Pagnoncelli (Dois Vizinhos-Pr). Com-pete com o O Paese em construções.

• Outro “brother” que anda meio sumido, lá de Marmeleiros, é o Ernesto Shafrat. Talvez a lida no seu sítio não lhe deixa tempo para ir aos Encontros.

• E daí “Rasputim” (Junkes), já raspou o pelego ruivo?

• Pagnoncelli, se você olhar aquela foto (Recorda-ções) da última página do Boletim 113, vai perceber que tem um irmão que é a sua cara, de pé, do lado direito e você está do lado esquerdo.

• Até o próximo. Tchau.

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Fofocando

Macari-Não sou lá um Portinari,..quem sabe um Picasso,

Bethoven...

“os mafi osos”, do jogo (quatrilho), vinho e demais

diversões....Bedin, Ferron, Frigo e Paese-Valinhos?Vinhedos

Pagnoncelli- poxa, aqui em Ibicaré pra pegar ariticum tem

que abrir picada!!!!

Valdir Pagnoncelli (1960-1967), um de meus melhores ami-gos pós seminário, mora, atualmente, em Dois Vizinhos, cidade de uns quarenta mil habitantes, no sudoeste do Paraná, distante 600 kms de Curitiba. Veio do Rio Grande do Sul em 1957, ano da re-volta dos posseiros (briga sangrenta entre posseiros e jagunços). Aos três anos de idade sobreviveu ao ingerir soda cáustica e, ain-da menino, aos nove anos foi levado juntamente com mais ses-senta outros para o seminário de Ibicaré, na carroceria de um caminhão GMC. Lá, o padre Germano marcou a sua vida, bem como o rio do Peixe e o apito do trem.

Em Pirassununga, teve predileção pelas aulas de português mi-nistradas pelo padre Humberto e muito aprendeu com o técnico de vôlei, padre Gusmão, de saudosa memória. A cortada do Valdir fi cou conhecida como “a pata da mula”. Saiu do seminário em 1967, por desistência, juntamente com o Djalma Rosin. Foi morar em Curitiba, onde fez Letras, Economia e adaptação em jornalismo. Retornou à sua terra e lá, até hoje, administra como sócio, as rádios Educadora AM e Vizinhança FM. Católico fervoroso leva uma vida tranqüila e é muito amado e admirado pela população, dada a sua maneira des-contraída e sincera de transmitir a verdade dos fatos. Foi governador do Rotary e já viajou por quase todos os países dos cinco continen-tes. Está, novamente, com viagem marcada para a Europa.

EntrevistaVilmar Daleffe (1958-1966)

Vilmar Daleffe e Waldir Pagnoncelly

O tempo passa.... 1987

Lázaro Penteado Fagundes, João Cardoso

Gino CrêsEdgard Parada

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Concurso de glutoniceTodos devem se lembrar como era gostosa a mis-

tura feijão com arroz que comíamos à noite (sobras do meio-dia) encharcada com limão e acompanhada por fatias de pão geralmente fresquinho.

Fazíamos competição para ver quem comia mais fatias, além do feijão com arroz. Meu recor-de foi de oito fatias, mas lembro de alguns que comiam onze ou doze. Só pensar hoje, já me dá dor de barriga.

Meu pedaço de toucinhoUm pedaço de carne, qualquer que fosse encon-

trado no meio do feijão, era um prêmio, um achado esperado e disputado por todos. Lembro de um dia em que, no meio do meu feijão, veio um enorme pedaço de toucinho com uns três centímetros de ba-nha. Foi uma festa! Recusei todos os pedidos para dividi-lo. Comi-o inteirinho. Ficou só para mim uma baita diarréia que durou uns três dias. Acredito que isso desarranjou para sempre meus intestinos. Até hoje tenho problemas neles.

Os caquis do NelsonNão me lembro de seu sobrenome. Era o Nelson.

Aproveitando-se do nosso horário mais alongado para fi car estudando à noite (afi nal já estávamos na 3ª série), ele enfrentou o risco dos cães pasto-res alemães do Irmão Paulo e foi furtar caquis no escuro. Voltando, escondeu-os nas prateleiras onde guardávamos os sapatos. No outro dia foi procurar por eles e constatou que todos haviam sumido. O

CCCC dddd llll ttt iiiii

Reminiscências de Ibicaré Sérgio Luiz Dall’Acqua

Nelson teve que fi car bem quietinho já que não po-dia estrilar ou acusar alguém, porque denunciaria a si próprio do furto cometido.

O nervosismo do Dagmar SauthierO Dagmar é hoje um conhecido e renomado ci-

rurgião infantil em Maringá. Hoje deve ser bastante calmo, mas, na época do seminário, era um pavio cur-tíssimo. Qualquer provocação o irritava imediatamen-te. Bufando, ele perseguia o provocador, pronto para esganá-lo se o alcançasse. Quando queríamos brincar de pega-pega e não tínhamos quem corresse atrás da gente, bastava jogar um pedacinho de giz nele e... pronto! Podíamos correr porque, sem dúvida, ele vi-nha atrás bufando e chingando! Era uma festa!

Chico BóiaCreio que esta história já deve ter sido contada,

mas, se não foi, conto-a agora, pedindo mil desculpas ao Ângelo Giombelli, personagem da ocorrência.

Logo que chegamos ao seminário, o padre diretor nos explicou que, quando precisássemos de algum material de estudo, devíamos deixar um bilhete na sua mesa, pedindo o material, sem esquecer de as-siná-lo. Deu como exemplo de assinatura o nome de “Chico Bóia”. Alguns dias depois, apareceu o diretor com um bilhete na mão e perguntando quem havia solicitado um lápis. O Ângelo, ingênuo como todos nós fi lhos de colonos, levantou a mão dizendo ter sido ele. Ao que o diretor disse: Mas está assinado Chico Bóia! Após a gargalhada geral, ele justifi cou: Mas o senhor disse para assinar Chico Bóia! Dali por diante, esse foi o seu apelido.

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ostei da história contada pelo Rossoni, para chegar ao semi-

nário de Ibicaré , em 1963, quan-do perdeu o caminhão, aí me ani-mei para contar a minha. Primeiro quero dizer que nunca perdi o transporte para Ibicaré ou mesmo depois para Pirassununga.

Lá em casa, como em qualquer outra família de origem italiana, al-guém tinha que estudar para ser pa-dre ou freira. Em nossa família, quem estava defi nido para o seminário era meu irmão mais novo. Eu, o mais velho dos nove irmãos, precisava ajudar o pai nas lidas da roça e com os peões. Na hora “H” ele, meu ir-mão, desistiu. Como o seu enxoval estava pronto e servia para mim, aí, eu acabei indo para o seminário dio-cesano de Laranjeiras do Sul, em 1957. Esse seminário, em 1959, fe-chou por falta de seminaristas.

No segundo semestre de 59, o padre Martinho, MSC, angariador de seminaristas, apareceu lá em casa, na Barra do Santana, municí-pio do Verê, em seu calhambeque. Conversou com o pai e a mãe e acertaram minha ida para Ibicaré, para fevereiro de 1960. Após essa visita, o padre Martinho, nos visi-tou mais uma vez, verifi cando se eu ia mesmo, conferiu o enxoval e marcou a data para me apresentar em Francisco Beltrão, no colégio das Irmãs, no bairro da CANGO (Colônia Agrícola General Osório).

De casa até Francisco Beltrão, a distância era de 40 quilômetros, hoje, dá uns 30, pois as estradas es-tão mais retas. Na época, não havia linha de ônibus entre Verê e Francis-co Beltrão. A viagem era feita a ca-valo. Pedro Praxedis, um senhor que morava e trabalhava no sítio conos-co, me levaria até Beltrão.

No dia marcado, levantamos cedo, tomamos café, encilhamos os cavalos, despedimo-nos dos pais e irmãos, coloquei um boné e inicia-mos a viagem quando ainda estava escuro. As roupas do enxoval esta-vam colocadas em dois sacos bran-cos de algodão, amarrados um no outro e colocados sobre os arreios.

Após hora e meia de cavalgada, chegamos ao Rio Santana e o atra-vessamos numa pequena balsa. A estrada era um verdadeiro carrea-dor no meio da fl oresta, onde só passava carroça puxada por cavalos ou bois. Matas densas e a gente, de vez em quando, via macacos,

IBICARÉ - VIAGEM 1960Ângelo Garbossa Neto (1960)

G cotias e outros animais, além de passarinhos de todas as espécies. Vez por outra,passávamos por pro-priedades com casas de madeira, cobertas com tabuinhas de pinhei-ro, pequenas culturas de feijão, mi-lho, mandioca e batata doce.

De repente surgiu um pequeno povoado, era Barra Grande, municí-pio de Itapejara do Oeste. O Pedro Praxedis apeou em frente a uma bodega e comprou uma gasosa ver-melha e uma lata de sardinha para nosso almoço de logo mais e conti-nuamos nossa viagem. Lá pelas tantas com o sol a pino, paramos para almoçar à beira de um riacho e demos água e comida para os cava-los. Enquanto comíamos pão, quei-jo caseiro, sardinha e gasosa, os cavalos amarrados e sem os arreios, pastaram à beira da estrada.

Uma hora depois, encilhamos no-vamente os animais e prosseguimos

viagem. Passamos, ainda por várias casas isoladas, até chegarmos a Barra do Jacaré, comunidade do mu-nicípio de Francisco Beltrão. Lá pe-las quatro horas da tarde, começa-ram a aparecer as primeiras casas da cidade de Francisco Beltrão. Foi fácil localizar o Colégio das Irmãs, no Bairro da CANGO. Era grande, impo-nente, cravado na colina à beira da cidade.

Quando chegamos ao Colégio, al-guém nos recebeu e foi logo indican-do o local para acomodar os cavalos e guardar os arreios, pelegos e ou-tros apetrechos dos animais. Nós fo-mos levados para um salão grande onde havia muitos colchões espalha-dos, arrumamos nossas camas e descemos para o pátio do Colégio. Lá estavam o Levandowski, o Pag-noncelli, os Junkes, os Steinbachs, e vários outros. Após as apresenta-ções e alguma conversa, fomos até

a cidade conhecer a igreja matriz que era muito grande e bonita. Che-gou a hora da janta. Depois do jan-tar, brincamos um pouco no pátio do Colégio. Logo nos chamaram para dormir porque tínhamos que levan-tar cedo, tomar café, carregar o ca-minhão do pai do Dacorregio e ini-ciar a viagem para Ibicaré.

A viagem era sofrida, mas mui-to divertida, pois cantávamos, contava-se histórias e estórias e em Xanxerê, havia um almoço com sanduíche de mortadela e su-cos nos esperando na casa paro-quial. Após o lanche ou almoço, a viagem prosseguia aos solavancos do caminhão e as cidades iam se sucedendo, Seara, Joaçaba, Lu-zerna e fi nalmente, Ibicaré. Che-gávamos cansados, cabelos duros de poeira, lábios partidos pelo vento, mas felizes. Cada um pe-gava seus pertences e era aquela

correria para escolher as camas no dormitório. Após isso, banho, normalmente na barra do rio São Bento com o Rio do Peixe. Essa rotina se repetiu por quatro lon-gos anos e, naquela época, os anos eram mais compridos.

Quero dizer que o seminário, os padres professores e o convívio com os colegas alteraram minha vida para sempre e para melhor. Tenho muito a agradecer a todos com os quais tive a oportunidade de convi-ver. Que o Senhor os abençoe bem como às suas famílias. Para mim é muito gratifi cante participar dos Encontros, seja em Ibicaré ou em Pirassununga, pois assim posso re-ver meus inesquecíveis colegas.

Obs: O Pedro Praxedis, tam-bém pousou Colégio das Irmãs e no dia seguinte, bem cedo, pegou o caminho de volta puxando um cavalo arreiado.

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Três casosverdadeiros

José Genésio Fernandes (1961-1969)

I As uvas e as fotosVocê se lembra do pico da Taquara e dos Marins?

Você se lembra de quando era menino quase um po-tro? Certamente se lembra, porque a gente voava de tão forte, de tão leve e de tão iluminado, porque aqueles passeios eram uma experiência de liberda-de. E você se lembra, principalmente, porque tudo dessa idade o corpo guarda como matéria de sauda-de, essa “luz lembrante”, como dizia Rosa. Naqueles passeios, sempre em lugares altos, montanha acima e montanha abaixo, a gente vivia aquela leveza e aquela luz. O padre Leopoldo e o padre Cortez inves-tiam nessa pedagogia de nos impor as provas das subidas árduas, da contemplação das alturas e do sabor das descidas, quase uma precipitação de pás-saro. O suor era um sumo da nossa leveza e do nos-so brilho. Eles usavam o nosso desmedido vigor para nos dar o gosto da transcendência.

Um dia, estávamos de férias em Delfi m Moreira e subimos um morro. Não sei dizer mais onde. Na vol-ta, ao cair da tarde, descemos às carreiras, voamos, o bando de meninos aos saltos e cambalhotas, mo-endo em nós os ramos, a terra e a luz do sol poente – de tão imensos, de tão contentes. Então, nos vi-mos no meio de um parreiral.

Uva! Uva! Os cachos abarrotaram meus olhos e a boca encheu-se de água. Nunca tinha visto aquilo. Toquei de leve apenas aqueles cachos pendentes. Minha boca suplicava, mas, entre a mão e aboca ha-via um ensinamento de meu pai: “nunca bote a mão no que é dos outros sem pedir”. Mesmo assim, des-prendi duas uvas, uma e depois a outra, como se o comedido procedimento enfraquecesse a reincidên-cia em pecado... venial... Na estrada, depois do sa-bor divino, senti uma coisa incômoda arranhando minha consciência. Olhei pelos arredores e vi uma casa. Deveria ser do dono. Voltei, fui até lá, disse ao dono o que tinha feito e pedi mais “umas três”. Ele, com jeito de quem não se importa com nada, man-dou que a gente comesse à vontade.

É verdade que a congregação nos ensinou muita coisa boa, mas quando ela nos achou na lavoura, nos cafundós mais distantes da cidade, já éramos assim, por ensino de palavra e de cabresto de pais como Júlia e Joaquim.

E as fotos? Ah! As fotos! Dizem que fotografi as antigas têm mais valor para os ex-msc do que as uvas tinham para mim naquele tempo – bem mais. Mas eu, mesmo, assim, emprestei as minhas para um deles, para o sabor de uma cópia ou de uma xe-rox. Só não sabia que esse alguém iria tomar posse de todas e para sempre, como um menino guloso que comesse o parreiral inteiro daquele bom homem de Delfi m Moreira... Eu quero as minhas fotos, principalmente uma, a única com minha família no meu tempo de criança na roça. Lembrar que, hoje, com a modernização tecnológica das profunde-zas de enxofre, esse fogo não é daquele de tostar

Genesio, Rui, Módena

lentamente o pecador, mas daquele de fritar e esca-feder o dito cujo num segundo...

II. A peça íntimaÉ verdade. A congregação recrutava os futuros

missionários mais na roça do que nas cidades. Hou-ve um tempo em que o exército fazia o mesmo, por motivos um pouco diferentes. No imaginário da con-gregação, a roça era o lugar de uma certa pureza de alma e de corpo. A alma era aquela da fé inabalável de base familiar. E o corpo? Era aquele contido e si-lenciado pelos princípios morais conservadores e pelo trabalho duro, estafante e mesmo brutal, de cedo à tarde no sol, na chuva e no frio, sem agasa-lhos, sem sapatos. Acho que ninguém mais sabe o que é isso. Basta dizer que, aos sete anos, passei um ano sem andar, por causa de sair cedinho no or-valho das manhãs de geada... As histórias de morti-fi cações de religiosos e santos eram, para nós, café pequeno, como se diz.

Então, disso decorria a pedagogia da formação dos seminaristas. Bastava desenvolver a fé dos meninos que chegavam, com atividades de vida espiritual, elevando-a sempre mais para as alturas do céu. Quanto ao corpo, bastava mantê-lo sobre controle, silenciando o rumor da carne. Para isso propunham os esportes, as competições, as artes do canto, do teatro, da música, da pintura – desde que algumas delas não desregrassem os sentidos. Mas isso não era sufi ciente para prostrar um pouco do vigor daqueles corpos jovens e acostumados ao trabalho estafante dos campos. Assim, a carne trêmula conspirava contra a fé, dizendo quase sempre que ela não era bastante forte para vencer os apelos da carne viva adolescente. Era sempre a mesma coisa no confessionário: Pequei, padre! De novo, meu fi lho!? Huhum! Precisa se controlar, meu fi lho! Reze como penitência seis padre-nossos

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e seis ave-marias. O conforto da limpeza, no en-tanto, não durava muito.

Ninguém falava de sexo. Nem baixinho. Mas o sexo falava alto. No silêncio e na ignorância, surgiam as crendices agoniantes. Uma delas era causa de grande e sofrida vergonha: a gente achava que masturbação fazia crescer as mamicas, como a gente chamava os mamilos. Um dos nossos colegas tinha os mamilos crescidos e crescentes. Para nós, ele não era músico de um só instrumento. Para ter tamanha mamica, certamente tocava todos os instrumentos da banda, cedo, à tarde e à noite. A gente tinha vergonha de fi car sem camisa e não a tirava nem para nadar. Ele, não. E disso deduzimos que ele já estava inchando e se desintegrando de boa vontade na semvergonhice musical.

Não bastassem nossas agonias e as nossas lutas renhidas e inglórias contra o pecado da carne, um dia ELA apareceu. Veio com as roupas da lavanderia, notória, rendada, irresistível tentação. Uma calci-nha!!! Não daquelas da roça, feitas de saco de açú-car União alvejado na bica. Aquelas, para nos lem-brar uma mulher, era preciso primeiro ver a mulher. Mas essa era mais do que uma mulher – e foi parar nos banheiro do fundo do dormitório do IPN. Houve protesto sem nenhuma resposta.

III. O salame no sapatoDurante as férias no Sítio São José do Barrocão, o

mundo inteiro se apagava para nós. Eram dias imen-samente felizes enredados na vasta luz dos campos. Muitas vezes, saíamos pela manhã e só voltávamos à boca da noite, varados de fome. O lanche nunca era o sufi ciente para quem crescia. Um dia, fomos à cachoeira lá perto do sítio. O Módena estava no ban-do. Ele gostava de aprontar com os outros, só para poder rir às gargalhadas. E como ria! Talvez por isso a gente suportasse de bom humor as sacanagens

dele. E, como todos acabavam por achar graça e rir do que ele aprontava, o caso durava semanas ou mais de narrativa. Ele fazia acontecer quando a vida diária perdia a novidade. E, como narrar é viver, vi-víamos várias vezes, e com bom humor, os feitos e malfeitos dele.

Naquele dia, fi quei mais tempo lá em baixo na cachoeira. Ele e os outros subiram na frente, para-ram no pequeno acampamento, fi zeram fogo e lan-charam. Mas, sempre que ele estava no bando, tinha mais coisas. Ah! Isso, com toda certeza.

Quando cheguei, a fome impediu desconfi ança. Disseram que meu lanche estava pronto. E estava: salame assado e pão. Admirei que fosse mais farto do que de costume. Comi aproveitando até os ba-gaços, enquanto perguntavam-me se estava bom, se estava bem assado – e riam. Quando fui pegar os meus sapatos, vi que estavam bem tostados, a sola queimada, o couro enrugado como sapo seco. Protestei sem resposta, pois gargalhavam de rolar no capim. Depois soube: ele tinha assado o salame no meu sapato... A história se arrastou pelo tem-po. Até hoje ainda é recontada e provoca espanto e riso em quem vivia naquele tempo e, até, em quem nem existia então e que agora ouve nossas saudosas lembranças. E o José Valentim Módena continua um daqueles amigos raros. Meu amigo Módena, certamente, vai contar para a neta que acaba de encher-lhe os olhos de alegria... vai au-mentar o caso, exagerar – que assim se dilata a vida também.

Quem sabe não foi por isso mesmo que, quando soldado no batalhão, não me importei que os cole-gas do restaurante dos sargentos, ajeitassem um bife com pão dentro do meu coturno, para eu sair mais cedo e ir estudar. Quem sabe! Verdade que era bem melhor e mais bem embrulhado. Nunca tinha ligado os dois fatos. Só agora quando relembro o caso do salame no sapato.

O tempo passa.... 1984

De pé: Parada, Lazinho, Nelson Altran, Luciano Dol-jak, Fausto Diniz e Clodo-aldo MeneguelloAgachados: ?, ? Gino Crês, Douglas, Silvio Munhoz e fi lhos de ex-alunos

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á exatos 102 anos, fa-lecia em odor de san-

tidade – como se dizia an-tigamente – o Padre Jean Jules Chevalier, fundador da Congregação dos Mis-sionários do Sagrado Cora-ção e das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Co-ração, após viver piedosa-mente por longos 83 anos (1824 – 1907).

Foi no noviciado, em 1955, que aprendi a admi-rar o Padre Chevalier, gra-

ças ao empenho e à dedicação do Padre Cornélio Van Amerongen, (+1972), que nos falava dele com orgulho e entusiasmo. Entusiasmo, no entanto, que não era su-fi ciente para nos deixar totalmente acordados nas aulas da tarde, com aquele calor forte de Itapetininga, o suor escorrendo pelo rosto, a batina apertada no peito e o colarinho apertado no pescoço.

Mesmo assim, me vêm à mente algumas passa-gens da vida de nosso fundador. Todas elas, como dizia o Padre Sócio, refl etiam a ânsia e o ardor do Padre Júlio em “fazer amado por toda parte o Sagra-do Coração de Jesus.” Esse ardoroso empenho rece-beu grandes frutos, graças aos Missionários e Irmãs religiosas que estão em todo o mundo transmitindo a mensagem do Coração de Jesus.

E agora vem a pergunta que não quer calar e que só pode ser feita ao colega João Costa Pinto, digno assessor de assuntos da Congregação: já existe em andamento algum processo de beatifi cação do Padre Jules Chevalier? Sabemos que, para isso, há muitos entraves burocráticos a serem vencidos, mas aqui estamos nós, de pé, ex-alunos MSC, no aguardo de que isso venha a acontecer e, para tanto, vamos nos unir a outros milhares, pelo mundo todo que, com fervor, vêm recitando esta bela oração:

Non Omnis MoriarAlberto Maria (1949-1955)

H“Deus, nosso Pai, Vós que nos amastes

até entregar o vosso fi lho pela salvação do mundo, nós vos agradecemos por terdes dado à vossa Igreja o padre Júlio Cheva-lier para levar remédio aos males do seu tempo.

Contemplando com Nossa Senhora “Aque-le que foi trespassado”, ele foi o apóstolo apaixonado do Sagrado Coração e do seu amor misericordioso que ele queria que fos-se espalhado por toda parte!

Para levar remédio aos males de nosso tempo, às nossas violências, injustiças e re-jeições, permiti, Senhor, que seja proposto à Igreja de hoje tal exemplo de amor para com o Cristo e de paixão pela salvação de todos.

Daí-nos, Senhor, o Padre Chevalier por in-tercessor junto de Vós, e companheiro pelos caminhos do mundo, a fi m de que chegue em toda parte o Reino de vossa justiça, de vosso amor, de vossa paz e que o Coração de vosso Filho seja o coração de um mundo novo. Amém”

O título que encabeça este artigo é bem apropria-do ao Padre Julio Chevalier. Ele nunca morrerá, pois o seu ideal, as suas obras estão aí para imortalizá-lo, na certeza de que o Coração de Jesus será amado para sempre e em todo mundo!

Oração para obter a beatifi cação do Padre Julio Chevalier

O tempo passa.... 1995

Encontro inédito de 7 ex-alunos da mesma turma (1944)

Sentados: Eugênio Augusto Sar-mento, Armindo Baldin, Alberto An-tonelli e Afonso BertazziEm pé: João Banwart, Amaro de Jesus Gomes e Moacyr Peinado Martin

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JÚLIO CHEVALIER

Nasce em Richelieu, em 15 de Março de 1824;

Ordenado Sacerdote em 14 de junho de 1851,

Funda a Congregação dos MSC em 1854;

Envia os primeiros missionários em 1881;

Chevalier cumpre a promessa de honrar Maria com um novo

título:

Nossa Senhora do Sagrado

Coração.

Representações dem di

Seu lema: Amado seja por toda a parte o Sagrado Coração de Jesus!

Seu grande presente:Nossa Senhora

do Sagrado Coração

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e Nossa Senhora do Sagrado Coraçãoversas partes do mundo

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omo já foi dito em vários textos meus nesta re-vista mais de uma vez, era comum na década

de 1950 sairmos acompanhados pelo Irmão Francis-co Stracks para algum passeio semanal, ou a pé ou em algum caminhãozinho velho, desses “cata-jecas” que andam por aí. Deixávamos o IPN (Instituto Pa-dre Nicolau) cedinho e voltávamos à tarde. O Irmão Chico (como o tratávamos na intimidade) nos avisa-va de véspera e, no dia seguinte, era uma festa só, como se soltassem os passarinhos da gaiola. Todos gostavam desses passeios.

Certa noite, o Irmão nos avisou que, no dia se-guinte, iríamos conhecer o Bairro da “Rosetinha”, terra dos meninos Zé Raimundo Soares, Hamilton Soares, Gaspar e Sebastião Amaral. Esse bairro, já nas fraldas da Serra da Mantiqueira, está a mais ou menos uns vinte e cinco quilômetros de Itajubá: uns quinze quilômetros de asfalto (pela estrada velha Itajubá/Lorena) e uns dez quilômetros de estradinha de terra, com muita poeira no tempo da seca e mui-to barro no tempo das águas. Seria um passeio es-pecial nesse dia, pois contaríamos com a presença do Bispo de Pouso Alegre, D. Oscar de Oliveira, e muitas outras autoridades da redondeza. Haveria missa solene e crisma, evidentemente.

E “Rosetinha” se preparara muito bem para tão festivo evento. Os organizadores enfeitaram o bairro com aquelas tradicionais bandeirolas de festa junina, como aquelas do pintor Volpi, e colocaram em nichos estratégicos, a cada duzentos metros antes da che-gada, uma bateria de fogos para que o bispo tivesse uma recepção triunfal. Sua Excelência, ao passar, além dos muitos “Viva o Sr. Bispo!” e muitas palmas, seria acolhido com um espocar de fogos ensurdece-dor a cada duzentos metros. Na época, era muito comum o emprego daqueles foguetões de cauda que rasgavam o céu meio sem direção e que, por isso mesmo, causavam um frenesi aloucado na multidão, sobretudo na criançada.

Nós, do IPN, havíamos preparado um solene “Te-

O dia em que o Padre Zé doPito virou bispo por uns instantes

Raimundo José Santana (1954-1961)

Deum” e um “Magnifi cat” para abrilhantar ainda mais as solenidades. Tudo preparadinho nos mínimos de-talhes. Parecia a NASA em Cabo Canaveral em dia de contagem regressiva para o lançamento de naves espaciais. Os organizadores estavam orgulhosos pelo trabalho realizado: recepção solene do bispo, missa, crisma, leilão de prendas, assados (o tradicional fran-guinho e a leitoinha) e, para encerrar, o leilão de gado. Era a primeira vez que o bairro estaria recebendo uma autoridade da alta hierarquia da Igreja. A festa tinha que ser inesquecível, impecável, modelo para as futuras gerações de “Rosetinha”.

Quem traria o bispo seria o Padre Zé do Pito, o vigário de Piranguçu, em seu velho jipinho do pós-guerra. Nós assim o apelidáramos porque niguém sabia direito o seu nome em holandês e, como a maioria dos padres holandeses, nunca tirava o ca-chimbo da boca. Ele e o Irmão Chico eram um páreo duro no uso do cachimbo: daria empate no “foto-chart”, na certa. Mas o que mais chamava atenção nele era a pressa, o jeitão estabanado. O homem era um azougue. Não parava quieto. E no jipe então, nem era bom pensar, era um verdadeiro “pé-de-chumbo” Nas águas, triscava pelas péssimas estra-dinhas lamacentas como um corisco. Quando descia do carro, não era um padre, era um espantalho de barro. E na seca, um espantalho de poeira verme-lha. Aquele seu sempre fumegante cachimbo era um misto de fumo e poeira, mais poeira do que fumo, desconfi o eu. Não seria, pois, agora, a companhia de um bispo que iria mudar seu jeito de ser.

E “Rosetinha” estava pronta para a entrada triunfal do bispo.

Finalmente, um olheiro adre-de preparado, num talude, no alto de um morro, vi-giando a estradinha lá de cima, assinalou com uma bandei-

C

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rinha branca que já despontara, ao longe, o jipinho do Padre Zé do Pito. Todos correram a seus postos para a entrada triunfal do bispo. Se a Filarmônica de Berlim estivesse presente, certamente tocaria, nesse instan-te, a Grande Marcha da “Tannhäuser” de Wagner. Que festa! Que foguetório! Como o do Corinthians quando o time entra em campo numa fi nal de campeonato!

- Viva o Sr. Bispo! Viva Dom Oscar de Oliveira! Gritava a multidão correndo atrás do jipe empoeira-do, que só veio a parar bem defronte da igrejinha, cantando pneus numa freada brusca. Bem ao estilo Zé do Pito.

Assentado o pó, desceu do jipe uma fi gura irreco-nhecível, de batina preta molhada de suor e suja de barro vermelho (o calor já era escaldante naquele horário), de cabelos lisos, eriçados como se alguém houvesse passado ali um “gumex” de barro. Um ver-dadeiro espantalho! O povo aplaudia e gritava a ple-nos pulmões:

- Viva Sua Excelência D. Oscar de Oliveira! Viva a Rosetinha! Viva o Sr. Bispo!Como ninguém mais descesse, houve alguns se-

gundos de constrangimento geral. Não havia nin-guém mais naquele jipe? Pasmo total na multidão.

Desenxabido diante de tanta ovação e ainda ator-doado pelo fato de ter sido confundido com o bispo, o “espantalho” Padre Zé chacoalha freneticamente a cabeça, tira o cachimbo da boca e, escarrando e tos-sindo por causa da poeira, grita ao povo, engasgan-do um pouco nas palavras:

- O Sr.Bispo, Dom Oscar de Oliveira, por motivo de força maior, não pôde comparecer. Creio que hou-ve algum acontecimento inadiável lá em Pouso Ale-gre. Protelou “sine dia” sua visita a este generoso Bairro de Rosetinha“

Foi um balde de água fria jogada naquela gente. Cabisbaixos, sem tugir nem mugir, caminhamos to-dos para a igrejinha. O povo emudeceu. Nem cantou mais o “A treze de maio na cova da Iria” nem nós, do IPN, o “Te Deum” e o “Magnifi cat”. Fogos, bandeiro-las, discursos preparados há meses, tudo em vão!

Aquele terceiro gol do Paolo Rossi em Sarriá foi menos pungente para a multidão do que essa au-sência de D. Oscar de Oliveira em “Rosetinha”.

1a fi la: Hercílio Bertolini (Pe), Eurico Padula Cotrim, João Fordiani, Tomás Marques Freitas (Pe), Durval de Paula

e Heide Adani

2a fi la: Arlindo Giavomelli (Pe), ?, Manoel Guerra (Pe), Luiz Rabelo e ?

O tempo passa.... 1935

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empos modernos que já vão em 47 anos, quan-do entrei para o seminário em Itajubá, mas já

bem diferente de 20 anos antes, quando os semi-naristas fi cavam praticamente entocados, com seis ou mais anos sem ir para casa ver seus familiares. Também fi cavam “preservados” da presença femini-na em várias situações, como quando eram feitas as compras para eles, ou quando fi cavam recuados no alto do coro da capela durante as missas de domin-go, para não verem as mulheres que estavam lá em-baixo. Quem viveu este tempo sabe melhor que eu e pode contar como eram as coisas, com casos típicos e mais detalhes. Estas coisas quem me contou foi o padre Umberto Sesso, primo de minha mãe e que conheci quando me mudei aqui para Casa Branca-SP. Ele foi ordenado pela ordem dos Estigmatinos, no fi nal da década de 1940. Foi padre nesta cidade por 20 anos, depois pediu licença para se casar, con-tinuou morando aqui e aqui faleceu em 1999.

Quando comecei o seminário, as férias já eram de um mês em julho e dois meses no fi nal do ano. Podíamos ir fazer compras na cidade, íamos ao ci-nema quase todos os domingos à tarde, e, no se-gundo ano, começamos a ver televisão nos fi ns de semana. Quando havia festas com teatro, tínhamos convidados e convidadas cuja maioria era de nossos benfeitores e/ou amigos dos padres. Para tornar mais venturosa nossa estada, tínhamos como diretor (dito padre superior) o padre Antonio Ferreira Cortez, que era um pai e uma mãe para todos os alunos. Foi por ele que conheci o mar aos 11 anos de idade, quando estivemos em Paraty, em 1963, para onde viajamos em caminhão pau-de-arara e, nessa ocasião, para-mos em Aparecida para conhecer a Basílica que já estava em construção adiantada. Impossível de ima-ginar nos dias de hoje tamanha coragem e bravura do padre Antonio Cortez, que fazia esse tipo de passeios com cerca de 100 alunos e, pelo que sei, nada de grave chegou a acontecer.

No ano seguinte padre Antonio Cortez nos levou ao Parque Nacional de Itatiaia e, nessa ocasião, subimos todos (ou quase todos os alunos) até o topo do pico das Agulhas Negras.

Certa vez, ele estava conosco na curva do rio Sa-pucaí, onde tinha uma praia natural e aonde íamos várias vezes durante o ano, distante 10 km do Ins-tituto Padre Nicolau. Aconteceu que um desavisado paulistano que não sabia nadar (o Isildo), foi sendo

Tempos antigosTempos Modernos

Carlos Savietto (1964-1968)

arrastado vagarosamente pela correnteza. Alguém gritou e, rapidamente, ele atirou-se ao rio, com rou-pas, sapato, meias, batina preta com cíngulo, re-lógio, documento e carteira (os padres ainda não saiam pelas ruas sem batina nessa época) e estican-do o braço pegou a mão do menino, evitando, com certeza, uma possível tragédia.

Em 1967, nossa turma foi para Piraçununga, pelo menos parte dela, e lá nos juntamos com os alunos de Ibicaré e dois alunos de Juiz de Fora. Qual não foi nossa surpresa, logo fi camos sabendo que seríamos a turma pioneira a estudar no Instituto de Educa-ção Estadual de Piraçununga-IEEP, idéia implantada, com certeza, para não se precisar reter tantos pa-dres professores no seminário. Teríamos as matérias complementares (latim, história sagrada, religião, francês) no seminário, na parte da tarde. Como não havia o curso Clássico e como também os padres esqueceram-se de reservar as 18 vagas de que pre-cisávamos no Cientifi co, 8 de nós, escolhidos pelo gosto em matemática, fomos matriculados no cur-so Normal. No curso Cientifi co fi caram (lembro-me de 8): Alair de Almeida, Avelino Barsanella, Getulio Porto, Jerci Maccari, Paulo Cesar Rennó, Jerônimo Alvim Rocha, Mario Valter Decarli e Sebastião Cor-nélio Roque.

No curso Normal (lembro-me de 6): José Roberto Marchi, Fernando Magalhães, Lino ..., Pedro Balsa-

nello, Luiz Zagonel, Carlos Savietto. Havia muitas me-ninas-moças e professoras, principalmente no curso Normal, onde a maioria era do sexo feminino, e, lá no meio, nós, pobres mortais adolescentes e, ainda, com a agravante de ser 1967, o ano em que começou a mi-

nissaia no Brasil. Naquela época, poucas mulheres usavam calças compridas. De minha parte, posso di-zer, era eu ainda um pivete mudando de voz e não atraia o olhar das meninas, mas, já o inverso... O Fernando, único dessa turma que se ordenou MSC, era meu companheirão. Estávamos na mesma sala de aula e, quase todos os dias, íamos e voltávamos juntos do IEEP. Ele gostava de música e já era de-senvolto no piano e no harmônio. Com 16 anos, já tinha a barba cerrada e estava muito à minha frente quando se tratava de argumentação critica, conhecimentos da vida em geral (se bem que mais na teoria). Eu o invejava, pois perto dele me sentia como um nanico, inexperiente, mas que sabia arra-nhar um pouco de violão. O Jerci e eu formávamos uma dupla, ele rabiscando o violino e eu arranhan-do o violão no acompanhamento; chegamos a fazer algumas apresentações em festas. Por idéia do pa-dre Humberto, formamos um conjunto vocal, com padre Humberto, Erci Frigo, José Fábio Correa, Jóse Roberto Bertasi, José Roberto Marchi, Antonio Sér-gio Marchi e eu: “Os Anjos da Garoa”. Chegamos a gravar um disco LP na Rádio de Leme, com predo-minância de músicas românticas do Roberto Carlos. Bons tempos aqueles! É sempre bom recordar, mas vou parando por aqui.

Depois desses dois anos, no fi nal de 1968, saí do seminário, tomado por um impulso, talvez da mes-ma maneira como havia entrado em Itajubá.

(Trecho de uma carta do saudoso Berge, datada de 27.01.2005)(...seu material é muito importante pois traz o período de mudança de que poucos

conhecem (os mais velhos). Seria interessante se você fi zesse um relato desse tempo

pois as coisas mudaram tanto que parece que houve uma tempestade que não

podemos calcular como foi. Parece ser um Tsunami pirassununguense (ou com

ç como você escreve). ...como escrevi no e-mail, não sairá CD-ROM este ano;

T

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DivagandoGino Crês (1948 - 1953)

uma publicação do “Divagando” de 2007, co-mentamos ter recebido do Berje, alguns meses

antes do seu falecimento, um farto material onde resgatava a história de nossa Associação. Há várias cartas redigidas por ele, dentre as quais selecionei uma que afi nada com o propósito deste nosso “Diva-gando” que é o de apelar para o comparecimento ao próximo encontro de agosto em Pira, senão de to-dos, pelo menos da maioria dos ex-alunos citados nesta saudosa carta. Que bom seria reencontrarmo-nos! Rever esses e outros amigos das fotos será uma alegria que não fi nda.

Cotia, 22/06/92“Tenho a todos não só em mente, mas dentro do

coração como se fi zessem de mim parte integrante e sigilosamente tivéssemos os nossos segredos e vi-vências conjuntas. Desapareci, não porque tinha que desaparecer, ou pó preguiça, ou por outra desculpa qualquer. Achei bom assim. Não abandonei, prefe-rindo viver eu mesmo, em mim sem conotações com o passado. Tenho alegrias mil quando minhas fi lhas perguntam como era em Pirassununga, em Itapeti-ninga e em Vila Formosa.

Conto-lhes das aventuras do Parada (que golei-ro...) do violino do Brunetta e do João José, das ir-reverências do Quirino, das aulas do Almir, da santi-dade do Tomás e do Abade Cisterciense (como tinha difi culdade para dizer como colocar o supositório...) do Irmão Francisco e do Adriano (santos em todos os sentidos) do rigor do Donato e do Seelen (Deus já lhes perdoou) e de muito mais.

Ainda me lembro do Ferracini, do Gusmão (os dois, do Amerogen, do Schuur, do Francisco da Vila... O “Inter-Ex” é um modo de ver a perambula-ção dos “meus” parentes e fi co muito triste quando vejo que alguns estão do outro lado. E o Gardinal foi um desses doloridos. O “Guarná” como era co-nhecido e chamado pelos contemporâneos, com sua valentia leonina(escudada pelo poderoso rabecão” me deixou sair da toca e falar um pouco com vocês. É que as coisas estão acontecendo muito perto e

isso faz com que a res-ponsabilidade por tudo que nos rodeia seja co-locada a nu. E isso inclui os MSC, os EX-MSC, os futuros e aqueles que lutam para manter o ideal. Depois que mudei de status (desbatinei) muito tive de contato com o Seelen, com o Capobianco, com o Pe-res (o Provincial), com

N

o Chechinato (desbatinado), com o Sérgio (des-batinado) e com o Monari (desbatinado)... Muito admiro aqueles que lutam e sentem a luta como parte de sua própria carne e sangue. Admiro um Olézio, um Bannwart, um Paese (saudade de nos-sos tempos no Real...) um Cardoso, todos os Nery (e como são tantos) e tantos outros... Tenho mui-to a lembrar de minha classe: o Elias, o Gilberto (foi vereador em Itajubá) o Ivo, o Gabriel (dono de pássaros no tempo de seminário), o Genésio, o Joaquim e o Raimundo Cortez, o Afonso Celso, o Paulo Mendes, o William Bardi, o João Batista Marcondes Cyrineu (fazendeiro de Itapetininga), o Edgard Parada, o Zé Maria, o Lázaro (lembra-se da surda?) o Gildo Tevisol o Sebastião Peres, o Cardillo (de saudosa memória) e outros que infe-lizmente me escapam... De outras classes muito me lembro do Tarcísio, do Quirino, do Brunetta ( e seu violino mágico) do Chico Honório (seus cães amestrados), do Alfredo (com suas belíssimas es-culturas), do Nelson Altran (único escritor consa-grado entre nós) do Durval, do César (que ator!) do Albino, do Antonelli, do..., do... (tantos que dá para encher muitas páginas). Desejo ao Pe. Hélio que não conheço, um restabelecimento completo, e um governo cristão em todos os sentidos. Es-crevo para não dizer que inexisto ou que sou frio aos MSC. Ao contrário estou com vocês e sempre estive. Um abraço e peço aos meus colegas mais chegados (Parada, Lázaro e outros da classe) que, se tiverem coragem, escrevam. Responderei...”

1948 – Padre Seelen, Gino Crês, Irmão gêmeo e o pai.

O corpo da nossa Associação são os ex-alunos, e a alma é a

sua história.Esta, se não for pre-servada respeitada,

divulgada e resgatada pelos artigos, cartas e fotos do Inter-ex, os ex-alunos e a As-sociação perdem sua

identidade.

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Missionários Brasileirosrumo à Indonésia

Claudio Carlos de Oliveira (1959 - 1965)-

o início dos anos Sessenta, segundo nos di-ziam, os MSCs holandeses que trabalhavam na

Indonésia foram expulsos daquele país por questões políticas. Coube, então, à Província Brasileira da Congregação dar continuidade àquelas Missões. Os primeiros brasileiros escolhidos para o inédito tra-balho foram os padres João Crisóstomo Neto e Luís Bertazzi.

Para nós que, à época, ainda éramos adolescentes, a partida dos dois missionários nos fez sentir espec-tadores de um momento histórico da Congregação, além de enxergar nos referidos padres, exemplos de coragem, abnegação e idealismo.

O acontecimento serviu até de motivação pedagó-gica, pois os professores solicitavam que fi zéssemos pesquisa e exposição sobre aquele país constituído de ilhas tão distantes e desconhecidas de todos nós. Pudemos saber qual língua falavam seus habitantes, quais eram as as principais cidades e que religiões professavam.

Tínhamos maior convivência com o padre João Crisóstomo que sempre nos acompanhava nos pas-seios e não dispensava sua participação no futebol, ás quartas-feiras e sábados à tarde. Sua partida, por-tanto, signifi cava para nós a perda de um bom com-panheiro, principalmente para o autor desta crônica que, nos recreios da noite, era seu engraxate ofi cial.

Soube por meio de algumas cartas que me enviou, que ele foi trabalhar na ilha de Java em colégios nas

cidades de Purwokerto e Purvorejo. Certamente, dei-xou lá a marca de sua seriedade e compreensão. De volta ao Brasil, com grande satisfação, pude reen-contrá-lo com muito ânimo e saúde num dos nossos encontros em Itajubá.

Nos anos seguintes, outros missionários brasi-leiros foram enviados à Indonésia: padres Lauriano Marques, Tomás M. Freitas e Mauro Pasquarelli, que lá descobriu sua vocação para Monge Trapista e hoje vive num mosteiro na Holanda.

Atualmente, segundo informações veiculadas por este nosso Boletim Informativo, os MSCs. brasileiros estão atuando em outras messes: Norte do Brasil, São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), e Equador.

As messes são muitas e, com certeza, os valores e os ideais que souberam cultivar em nós, quando fomos seus alunos,9 continuam os mesmos.

N

Orquestra da Escola Apostólica

1a fi la: ? Eurico Padula CotrinLuiz Silvestrini, Heide Adani, João Fordinari, Pe Graciano

2a fi la: Pe Alberto Brandts, Ari de Souza, Alcides Ferreira Leite (Pe), Pe Bernardo Dit-ters, Pe Henrique Allofs

3a fi la: Caruso e ?

O tempo passa.... 1937

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ra o dia 2 de fevereiro de 1959. Chegaria de Itapetininga a nova turma: Rosário, Sírio Moter,

Geraldo Antonelli, João Costa Pinto e outros que não me lembro. Detalhe: o superior também era novo, o padre Cornélio van Gils, vulgo Cornelinho. Logo de manhã, durante o café, o Irineu me perguntou: “Dessa turma de novatos que chega à noite, qual é o mais ingênuo?” Pensei um pouco e respondi: “Em minha opinião, é o Geraldo Antonelli. Por quê?” Ele, esboçando um sorriso maroto, respondeu: “Não se preocupe, você vai ver... não precisa fazer nada, ali-ás, a sua parte você já fez. Obrigado, vai ser o To-nelinho”

O Ézio Monari, antevendo a brincadeira, dava pu-los de alegria. Esse também adorava divertir-se com um bom trote. Os dois planejaram tudo: “quando eles chegarem e descerem da kombi, você e mais dois procurem distrair o Tonelinho. Enquanto isso, eu (Irineu) pego a mala dele e vou esconder.” O plano era colocá-lo para dormir no quarto do padre Salvador Andreeta que estava fora e só chegaria tar-de da noite. O problema era conseguir a chave, mas conseguiram uma reserva com o padre Luiz Xavier. Tudo correu tranquilamente, tudo certo. Envolvido pela receptividade dos colegas, o Tonelinho nem se lembrou da mala. Terminada a festa e a oração da noite, quando ele saiu da capela, lá estava o cole-ga para aliviar sua angústia pela mala. “Eu sei onde está, vem comigo” E lá foram os dois para o quarto do padre Salvador. “Você, provisoriamente, vai fi car neste quarto por alguns dias. É o depósito do Ecô-nomo. Procure deitar logo. Está na hora de apagar as luzes. Os pa-

O NovatoArlindo Giacomelli

dres também já vão dormir.” E deixou o Tonelinho lá dentro.

O padre Xavier, curioso para ver o desfecho, como quem não quer nada, fi cou caminhando de cá pra lá no corredor, fi ngindo que rezava o terço. O resto da turma espreitava pela escada que subia para o 3° andar. Luzes apagadas. O padre Salvador com aque-la sua proverbial tranqüilidade chega, sorri para o padre Xavier, faz-lhe um aceno de boa-noite, abre a porta do quarto, acende a luz e recua assustado. Um homem em sua cama? Na escada a gargalhada foi geral. Padre Salvador, recuperado do susto, vira-se para a escada; “Eh ....muito sem graça!” Imediata-mente alguém correu a tirar o rapaz da cama e disse no dia seguinte que o Tonelinho não queria sair não, com medo de um novo trote. Irineu, Ézio e Cia se divertiram pra valer.

E

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o princípio de outubro de l998 recebi a primeira carta do Olézio dos Santos na qual me expunha

seus graves problemas de saúde. A seguir, partia para falar sobre a sua enorme família e suas longas viagens com a sua inseparável Zuza. No fi nal, ele perguntava sobre mim. Conhecia-me pouco, só dos encontros dos ex-alunos em Pirassununga. A genti-leza do Olézio foi tamanha que me fez voltar no tem-po e recordar outro acontecimento ocorrido no semi-nário em que também fui alvo de uma gentileza tão grande como a do meu amigo da cidade de Salto de Pirapora.

Associando um fato ao outro, distantes no tempo e no espaço, relatei ao meu amigo um pouco da mi-nha vida no seminário. Nada de tão importante, ape-nas alguns fatos que me marcaram de alguma ma-neira. Entre outras coisas tentei mostrar a minha difi culdade em me relacionar com os colegas e com os religiosos. Deixei claro que a culpa era só minha. E eu assumia.

Cheguei a pensar que tivesse o dom da invisibili-dade, pois as pessoas, inclusive os religiosos, passa-vam por mim e não me viam. Embora vocês não acreditem (o Olézio também não deve ter acredita-do), às vezes, principalmente nos recreios noturnos, não tendo com quem brincar ou conversar, eu corria em grandes círculos pelo pátio dos menores para que os colegas pensassem que eu estava correndo atrás de alguém ou que alguém estivesse correndo atrás de mim. Aquela regra áurea “nunquam duo” não me servia, pois eu nunca achava o outro para formarmos a dupla. Na única vez em que consegui um amigo de verdade, passaram a achar que tínha-mos uma “amizade particular” e, apertados por to-dos os lados, tacitamente acabamos nos afastando para o bem da moral e da ética.

Para provar ao Olézio e a vocês que me lêem que passei invisível pelo seminário, na primeira vez que participei de uma reunião de ex-alunos na década de 80, constatei que ninguém, mas ninguém mesmo, se lembrava de mim. Meus contemporâneos me olha-vam com cara de espanto, balançando a cabeça, “não, não me lembro de você”. A exceção honrosa, para confi rmar a regra, foi o padre Humberto que se recordou de mim.

Pois bem, foi nesse clima de invisibilidade total que estranhei quando o Padre Leo, meu professor de in-glês e latim, chamou-me para me dar um barbeador novinho em folha, lindo no seu estojo de couro. Era um sofi sticado estojo contendo pincel com cerdas macias, o aparelho de barbear com cabo de osso tra-balhado, um vidro sextavado para se colocar água velva (é assim que se dizia?) e uma saboneteira de metal branco...

Talvez tivesse sido eu a terceira pessoa a manuse-

Alberto Maria (1949-1955)

O invisível

ar aquele estojo: a primeira , o (a) doador (a); a segunda, o presenteado e a terceira, o mais humilde dos alunos, o invisível...

Na carta ao Olézio, recordei a Santa Terezinha de Lisieux que fazia questão de tratar com o maior ca-rinho e afeto as freiras que lhe eram as menos sim-páticas, ou, em outras palavras, as mais chatas... Quando Terezinha morreu, aos 24 anos, as tais ir-mãs antipáticas comentavam, orgulhosas, que eram as mais queridas da Santa...O confessor dela ria no seu íntimo, pois sabia como as irmãs eram peço-nhentas, mas Terezinha as transformara em colori-das e perfumadas fl ores ...

E para encerrar a minha missiva, eu comparava o Olézio ao Padre Leo; ambos, sem que eu merecesse, encheram-me de cordialidade e gentileza: um, com o estojo e o outro com uma carta maravilhosa.

E por fi m, num rasgo de generosidade, muito pró-pria dele, ele me escreve: “você ganhou um presen-tão do Padre Leo; porquê você imagina sempre o pior? Pobre do Padre Leo, como ele devia gostar de você! E quando demonstra a estima que ele lhe ti-nha, você não acredita nele! Não se dispa tanto dos seus dons e predicados!” (sic):“

Esse era o Olézio que todos conhecemos, sempre preocupado com o próximo. Mesmo assim me faço duas perguntas, apenas duas:- 1) o que levou o Olézio a me escrever pela primeira vez em 1998 e continu-ar escrevendo até quase quando a morte o levou? 2) O que motivou o Padre Leo a dar um presente, na década de 50, ao mais invisível dos seus alunos?

São os mistérios da vida.

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RogationesNota bene

Seguindo o mais de perto possível as sábias e oportu-nas diretrizes de nosso mui amado guru, o Sombra, tentarei ser rápido no gati-lho dando o tiro logo, sem dormir muito na mira.

Como “sombra” de J. César procurarei ser curto, grosso, direto e reto, lembrando aos meus pacienciosos lei-tores aquilo que alguém já disse: “Ler dá azia”, frase esta que se tornou modelo para as futuras gerações que investem o seu tem-

po no culto ao Computador, este “deus” da sobriedade de linguagem e de idéias.

Por isso, meu querido e saudoso ex-aluno R. Paese, me perdoe agora. Você foi um aluno exemplar pois em minhas aulas nunca abria a boca para nada. Taciturno, sisudo, grande por fora e maior por dentro, como o futuro o demonstrou cabalmente. De quando em vez um disfarçado bocejo dando-me a entender que eu estava sendo chato e maçante como professor e como pessoa. Tentei mudar-me, meu querido, mas não sei se o consegui real-mente. Daí a minha linguagem ser hodierna: sincopada, sintética, monossilábica e psico-délica, tal qual a Santa Informática instituiu.

m uma outra crônica alguém falou q a nss vida escolar d seminário era dividida em dois

grandes períodos q compunham o ano letivo: pri-meiro e seg. semestre, cada qual com suas pecu-liaridades. como na Sinfonia Inacabada: dois movi-mentos cada qual com seu tema e suas variações. Assim cada semestre era diferente do outro, cada qual com suas variações e peculiaridades. as roga-ções (rogationes) eram uma dessas características próprias somente do primeiro semestre, fazendo parte do “primeiro movimento” d sinfonia escolar. Eram os três dias q precediam a festa da ascen-são. seg. uma tradição medieval, organizavam-se procissões com cantos de conteúdos impetratórios através dos campos, com o trigo em fase d ama-durecimento, pedindo a proteção de Deus p/ uma colheita abundante. o mesmo se dava no dia 25 de abril, festa de s. marcos evangelista. isto pq s. marcos evangelista sendo patrono de Veneza, a sereníssima, q p. sua vez era o gd entreposto comercial ligando o oriente c/o ocidente, exigia p causa d sua importância.

Saíamos logo do seminário bem cedo, e em fi la dupla íamos pelas alamedas da chácara cantan-do a ladainha d todos os santos. três dos nos-sos melhores solistas eram selecionados p/ juntos invocar os nomes dos santos mais conhecidos e venerados da cristandade. depois de uma solene e belíssima saudação às três pessoas divinas da santíssima trindade. em seg/ uma tocante sauda-ção à santíssima mãe de jesus, a raínha d todos os santos, e de todos nós pecadores tb. invocavam-se em seguida os santos confessores (aqueles q se santifi caram não pelo martírio, e sim por uma vida quotidiana de humildade e disponibilidade no serviço de deus através da igreja). em seguida as santas virgens (nossas padroeiras prediletas) eram lembradas por suas vidas dedicadas a deus através d votos religiosos públicos ou particulares. (as viúvas, como sempre, caíam no commune mar-tyrum, isto é, no comum dos anônimos, os “márti-res do quotidiano”) fi nalmente, eram invocados os verdadeiros mártires, aqueles q testemunharam a

E sua fé c/ o sacrifício cruento de suas próprias vi-das. nós, especialmente, estudantes.

Na minha época de pirassununga os mais fa-mosos “puxadores” de ladainhas, foram por um bom tempo os três tenores do momento: edgar parada (vulgo paradão), ´licínio poersch (vulgo lico) e o sérgio cabral (vulgo bochecha). qd já meio cansadas e sacolejadas d sono as respos-tas latinas te rogamus audi nos, por nós emi-tidas, começavam a cair musicalmente, os três tenores suspendiam o tom auxiliados pelo lá de um minúsculo diapasão. nessa hora a turma dos bovinos levantava as orelhas murchas e as res-postas vinham límpidas, sonoras e admiráveis.feita a primeira caminhada do grande retângulo que demarcava o terreno da chácara, começáva-mos o quadrilátero que encerrava o bosque de eucalyptus gigantes. era o começo do retorno ao seminário. nessa altura da ladainha - a mais bela musicalmente falando – começavam as reais in-vocações, as rogações propriamente ditas. frases latinas lembrando o apostrofar dos profetas do a. testamento irrompiam nos ares como os apelos de savonarolla diante do povo fl orentino, pedin-do a misericórdia de deus. e nós, cabisbaixos e compungidos respondíamos te rogamos audi nos, arrependidos e contritos.

Quando dobrávamos o canto do campo de fu-tebol, aquele mais concorrido, ao lado do qual hoje se localiza o cemitério dos padres msc, pe-gávamos a reta fi nal de volta p/ o seminário, p/ em seguida assistirmos à missa diária. passá-vamos por debaixo daquele grande pé de jaca cujas “frutinhas” grudadas ao tronco balançavam preguiçosamente como as tetas das vacas leitei-ras holandesas. eqto a dupla fi la de seminaristas adentrava pelo portão dos fundos do seminário, duas imensas faixas pretas como asfalto se alon-gavam no chão de terra batida “sombra” do sol que despontava baixo por sobre o horizonte de |pirassununga. termino p.aqui pq o dedo negro do sombra, em riste, já aponta pra mim seca-mente.hora de parar. stop!

Lupo da Gubio

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Porque gosto tanto de história?Cronologicamente, voltemos à minha infância, na

década de cinquenta do século passado. Foi então que começou o meu gosto pela história. Foi lá, numa casa de madeira, coberta com tabuinhas, numa chá-cara de Vargem Bonita (hoje Renascença, não muito maior do que a vila de então), no sudoeste do Para-ná. A título de explicação: Naquele tempo e naquela região, a quase totalidade das casas era construída com tábuas serradas de pinheiro (a Araucária ou Pi-nheiro do Paraná) e coberta com tabuinhas lascadas de pinheiro. Não havia olarias, e os rios e riachos da região não eram arenosos. A fonte mais próxima de areia fi cava em União da Vitória, a trezentos quilô-metros de estradas, esburacadas e poeirentas com tempo seco, e intransitáveis em tempo de chuva. Por isso, mesmo os porões das casas ricas eram escava-dos no barranco e fechados com madeira de pinhei-ro. As matajuntas, (ripas longas de cerca de seis centímetros de largura por um de grossura), eram pregadas nas juntas das tábuas para esconder as frestas e evitar que o vento e a chuva entrassem, assim como os olhares indiscretos.

Não havia televisão. O rádio, tocado com bateria igual à de caminhão, era só estática, ruídos, estali-dos, roncos, com raros momentos de música e noti-ciário. De pouco servia aquela enorme e altíssima antena, colocada a uns trinta metros da casa, sus-pensa entre dois paus de uns dez metros. (Será que era tudo isso? Para quem tinha seis a oito anos, ou nove, era altíssima!)

À noite, uma lamparina de querosene sobre a mesa da cozinha. Ao redor, cinco pares de olhos brilhantes e atentos, cinco ouvintes extasiados, e a narradora, Dona Izabel de Agostinho, nossa mãe. Nas paredes projetavam-se e movimentavam-se as seis sombras, fornecendo ao ambiente a penumbra necessária ao suspense narrativo. Os ruídos noturnos também fa-ziam fundo para as novelas, dramas, romances, atos heróicos e nobres. Eram histórias de fadas e feiticei-ras, príncipes e princesas, Deus e o diabo. Histórias de gente simples do povo, de gente esperta como Pedro Malasartes. Histórias de folclore, de animais. Todas com algum ensinamento moral ou religioso. E nós ouvíamos extasiados, suspensos de sua boca, de sua expressão facial e de seus gestos.

Histórias e

leiturasMarcos Rossoni Fo (1961-1967)

Primeira Parte

Ela nos mantinha assim até que o sono começava a derrubar os ouvintes, cansados das lidas diárias, que começavam a dormir debruçados sobre a mesa, deitados no banco, ou embaixo da mesa. Arremata-da a narração com um fi nal feliz e uma lição moral, os acordados recolhiam os “dormintes” e todos iam descansar, pois os trabalhos normais de sítio os aguardava no dia seguinte.

Algumas noitadas de história contavam com ou-tros narradores, amigos, vizinhos. Nessas ocasiões, predominavam os “causos”, afi ançados como verda-deiros, de assombração, fantasmas, almas do outro mundo, defuntos. Eram noites assustadoras para nós. Nem por isso deixávamos de ouvir. E quando as noitadas eram nos vizinhos, havia ainda o suspense do retorno para casa. O vizinho mais próximo fi cava a não menos de trezentos metros. Sem luz, sem lan-terna, sem estradas, apenas por picadas, passando por matos ou potreiros, atravessando riachos a vau ou por pinguelas, feitas com troncos derrubados. Neste caso, preparava-se de antemão um “faxo”. Este era um feixe de varetas de madeira de pinheiro lascada, amarrado com um barbante. Nas despedi-das, o “faxo” era aceso, e o mano Ernesto, o mais velho e, por isso mesmo, com a obrigação de ser o mais corajoso, ia na frente, abrindo o caminho, se-gurando a tocha acesa acima da cabeça, para ilumi-nar os que vinham atrás.

O retorno para casa era terrível. A distância pare-cia aumentada muitas vezes. E todas as assombra-ções e monstros citados nas histórias assustadoras, apareciam ao longo do caminho, nas sombras fan-tasmagóricas. O cri-cri dos grilos, os ruídos de ani-mais na mata, os pios e vôos das corujas faziam nossos corações acelerarem. Parecia que a gente andava no ar, levitando. Como era maravilhoso che-gar a casa e trancar a porta, deixando todos os me-dos e monstros do lado de fora.

Minha mãe era descendente de bugres (Carijós? Kaingangues? Xokleng? Não sei) e, naturalmente, analfabeta, como seus irmãos e pais. Entretanto, anos mais tarde, reencontrei muitas de suas narrati-vas como sendo de Esopo, La Fontaine, Charles Per-rault, Hans C. Andersen, Ludwig Bechstein, De Beau-mont, Irmãos Grimm, Madame Ségur, As Mil e Uma Noites, folclore oriental (chinês e hindu). Ou então,

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histórias da própria história e, pasmem, da mitologia grega. Entre outras, ela nos contara a história de Édi-po, com Laio, Jocasta, Ismênia, a esfi nge. Todos os personagens. Os nomes eram outros, mas a história era a de Édipo. A Guerra de Tróia. Os Argonautas. Hércules, sua pele de leão e sua clava. Teseu e o Mi-notauro. Perseu, a Medusa e o Pégaso. Os Centauros. As Amazonas. De onde ela tirou tudo isso? Não sei. E não tive tempo de conversar com ela a respeito. Quando descobri tudo isso, ela já tinha partido para outras plagas e não pode contar aos meus fi lhos aque-las histórias maravilhosas e cheias de encanto.

Em 1961, entrei para o seminário para estudar para ser padre. Ainda era o tempo pré-conciliar, com as missas em latim, severidade e disciplina, isola-mento da sociedade. Os professores eram apenas padres e irmãos da congregação. Nenhum leigo. Mu-lheres? Apenas as cozinheiras, vistas fugazmente por uma fresta do refeitório. O povo era visto nas raras vezes em que íamos à Igreja Matriz, na missa de domingo, nas grandes festas religiosas.

Os horários eram rígidos, desde o despertar às 06:00, com a primeira oração de joelhos ao pé da cama, até o deitar-se às 22:00hs, com a última ora-ção, também de joelhos, ao pé da cama. Havia horas para rezar, estudar, brincar, praticar esportes, comer, trabalhar, nadar no rio, cantar, ler. As horas de estu-do eram divididas entre as salas de aulas e um gran-de salão de estudos, onde todos se reuniam.

Esse salão era o verdadeiro centro nervoso do se-minário, pois nele, a gente estudava, fazia tarefas, ouvia palestras, fazia meditação, recebia o terrível boletim, recepcionava os raros visitantes ilustres. Cada um tinha sua carteira, onde guardava o mate-rial de estudos. Tudo em silêncio. Ouvia-se uma tos-se, um espirro, folhas sendo viradas, um lápis cair no chão. Acompanhava-se os passos macios do padre que percorria silenciosamente os corredores entre as carteiras, rezando o breviário. Quando cessavam os

passos, todos olhavam, para ver o que tinha aconte-cido. Geralmente, ele estava inclinado ao lado de al-gum menino que, minutos antes, em silêncio, erguera o braço e esperara ser atendido. Conversavam em voz baixa, para não perturbar os estudos dos outros.

Esta era a rotina do salão. Ela mudava nas noites de quarta-feira e de sábado e durante o domingo. Era quando a gente deixava de lado os livros e ca-dernos de estudo e podia ler romances de aventu-ras. Cada série tinha seu bibliotecário, que trazia das estantes o livro que cada um estava lendo e que fora recolhido ao fi nal do último período de leitura. Era então que tínhamos contato com os romances pró-prios de nossa idade, separados cuidadosamente pelos padres. Ninguém podia ler livros de séries su-periores às suas. E ninguém tentava.

Nessas noites e nos domingos, padres menos se-veros nos acompanhavam. O silêncio era quase o mesmo, mas eles colocavam músicas orquestradas para fazer fundo às leituras. Foi quando tive os pri-meiros contatos com os compositores eruditos. Bach, Mozart, Beethoven, a trindade sagrada da música, Verdi, Bizet, Rossini e tantos outros. Quando estava conosco o padre Afonso Bertazzi, escrevia o nome das músicas e dos compositores na grande lousa ne-gra que fi cava na frente do salão. O padre José Maria de Beer às vezes nos explicava o que queriam dizer os diversos trechos das músicas. Lembro-me ainda de quando explicou/traduziu a abertura da ópera Guilherme Tell, de Rossini. E as biografi as romance-adas dos compositores, das Edições Melhoramentos, eram disputadas para a leitura.

(Leitores, que tiveram a paciência de me acompanhar até aqui, desculpem-me. Precisa-mos interromper. Alertaram-me de que o texto está fi cando muito extenso, e irá ocupar muito espaço na revista. Precisamos deixar espaço para os outros memorialistas. Prometo continu-ar na próxima edição, se for de seu agrado.)

O tempo passa.... 1957Padres Luiz Figueiredo, Chico Paiva, Alberto Antonelli e Afonso Bertazzi

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m nosso sítio do Barrocão, havia tanto café planta-do, que os antigos proprietários acharam útil cons-

truir uma pequena ferrovia. Seus vagões traziam, do alto do morro, o café colhido até a sede da fazenda. Aí ele era benefi ciado, devidamente ensacado, e então começava a última etapa: enviar aos compradores es-palhados por todo o mundo. Mas... de tudo isto, pouca coisa restou. Passaram-se algumas décadas.

Numa manhã de sexta-feira, 29 de dezembro de 1933, dezessete alunos do seminário partiram para sua primeira visita ao sítio. Ainda jovens, média treze anos, não tinham idéia de como seria difícil a longa caminhada. Haviam terminado as classes chamadas de Quinta e Sexta. Guiados por um padre ordenado três anos atrás, Alberto Brandts, 27 anos, também sem experiência do caminho, demoraram três horas subindo e descendo estradas, seguindo trilhas de gado no meio dos pastos. Para animá-los, o sacerdote soprava a sua gaita trazida da Holanda. Às vezes, cantavam. O percurso foi de uns treze quilômetros.

Aos poucos, no decorrer dos setenta e sete anos seguintes, a prefeitura de Pirassununga endireitou, aplainou esta estrada, alargou, encascalhou, asfal-tou. Percorri andando muitas vezes com meus cole-gas a descida longa que começa no bairro Mamonal e chega à ponte do Rio Descaroçador. A estrada ain-da cheia de curvas que usávamos nos anos quaren-ta, localizava-se uns setenta metros à direita da atu-al. Por causa da terra argilosa, fi cava lisa após as chuvas. O caminhão dos padres (um “fordeco”) não conseguiria subi-lo. Devia esperar horas até o tempo secar, ou então deixar para o dia seguinte.

Primeira visita ao sítioAlberto José Antonelli (1945-1949)

E

O primeiro Superior da casa, Pe. José Wijnands, e alguns outros padres já haviam visitado o sítio, com-prado quatro meses antes. Com empregados pagos, limparam a casa e a senzala, roçaram o mato ao re-dor, prepararam o essencial para a estadia dos me-ninos. A aparência, porem, continuava desoladora: paredes corroídas, telhado podre vazando chuva, água para beber abundante mas sem tratamento. No páteo em frente ao refeitório, construíram quatro latrinas. Latinistas, lembrem-se: “latrina, ae – subs-tantivo feminino”. É a mesma palavra usada pelos

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soldados romanos em seus acampamentos, com idêntica fi nalidade e aparência. Eu que o diga: quan-tas vezes fui nomeado para limpá-las...

Na primeira noite em que os alunos chegaram, à luz de velas e lampiões de querosene, foi inaugurada uma capela, naquela sala que para nós servia de En-fermaria. Demorou anos para chegar o pequeno mo-tor e gerador elétrico que nós mesmos conhecemos. Com o aumento do número de alunos, foi preciso mudar o lugar da capela: passou para o fundo do dormitório, na senzala. Quando eu cursava a Sexta, principiaram a construção da igreja atual. No ano seguinte, com voz fi ninha (que ódio!), tinha doze anos, ajudei a cantar a missa durante a bênção inau-gural. Foi às nove horas, 19 de março de 1945, ter-ça-feira, dia de São José, feriado “ad hoc’. Na sala então usada para a capela, hoje localiza-se um, di-gamos: “Restroon for Ladies and Gentlemen”.

Na cozinha, num fogão a lenha menor que o atual, Irmão Angelo Hoefguest preparava cinco refeições diárias. Desde esta época, a limpeza e lavagem dos pratos e travessas fi caram por conta dos alunos, di-vididos em turnos. Após minha ordenação, conversei diversas vezes com este religioso na casa paroquial de Campinas, onde ele estava para tratamento. En-quanto trabalhava, caira da escada, batendo a cabe-ça num móvel. Fez-se um coágulo no cérebro, e por muito pouco se encerrava o histórico do Irmão. De-morou meses o restabelecimento. Modesto, sensível, com prazer falava dos primeiros dias em Pirassunun-ga. Adorava o sítio. Não gostava de morar em paró-quias, em geral muito agitadas. Por quase toda sua longa vida (84 anos), serviu nas casas de formação, no Brasil ou na Holanda.

Logo nos primeiros dias de férias no sítio, chega-ram algumas vacas de leite e um cavalo para a car-roça. Ah, sim, como não mencionar: foram compra-das muitas enxadas e pás para os meninos não fi carem atoa. “Trabalho de criança é pouco, mas quem despreza é louco”, ainda mais que lá estava o

Pe. Antonio van Es, homem de ação, mas por força professor (improvisado) de geografi a, história bíbli-ca, religião, e (imaginem!), história do Brasil. Era a tradição em todos os seminários: qualquer padre, quando necessário, seria nomeado para qualquer matéria. “Não sabe nada? Procure livros, estude!”E os padres estudavam, e no segundo ou terceiro ano, já seriam bons professores daquela matéria, apren-dida enquanto ensinavam.

Caso emblemático é o daquele padre que levou os alunos ao sítio. Entre outras habilidades, tocava gai-ta, mas também uma excelente clarineta de ébano: o Pe Alberto Brandts. Sem nunca ter lecionado, rece-beu do Superior a incumbência de dar seis matérias. Transcrevo na linguagem da época: Francez, Calli-graphia, Arithmetica, História Natural, Canto e Gym-nastica. Lamentável docente, infelizes discentes (Carlos Menegazzi, Plínio Negrão, José Lemes, Ary de Souza...) Doze anos mais tarde, em 1944, a mi-nha classe (Benedito Inácio, Eugênio Sarmento, Afonso Bertazzi, Luiz Figueiredo, Francisco Paiva e mais dezesseis alunos) o teve como professor: ado-ramos! Tornara-se “doutor” nas suas matérias, e quanta pedagogia adquirira para ensinar!.

Esta primeira turma permaneceu no sítio por treze

dias, voltando ao colégio na quinta-feira, onze de ja-neiro. Caminhada menos difícil que na ida: tinham se exercitado, e já conheciam o caminho. As férias agradaram os meninos: divertiram-se, limparam o mato ao redor do rio e aí nadaram na água raza. É um modo simplifi cado de dizer. Meus companheiros que lá desciam todas as tardes para o banho, sabem que aquela água amarelada, em nosso tempo bas-tante limpa, correndo em solo arenoso, realmente é calma e rasa nas margens. Onde porém passa a cor-renteza, ela tem no mínimo um metro de fundo e pode ser bastante violenta. As primeiras represas só seriam construídas pelas turmas seguintes, quando a mão de obra fi cou bem maior. Vae mihi! Mal come-cei, e já devo parar. Fiat. Valete, sodales!

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Notícias da Província de São PauloJoão Costa Pinto (1953-1966)

I N T R O D U Ç Ã O

as Comunicações de janeiro-fevereiro, o Pe. Provincial aborda o refl exo das nomeações e transferências dos

confrades. Não é fácil mudar, deixar amigos, estruturas e trabalhos com os quais se estava acostumado e partir para novo desafi o e nova missão. Lembra que os religiosos e os missionários são itinerantes do Reino, ciganos do Amor. De tenda em tenda se chega à tenda defi nitiva. Nas Comunica-ções de março-abril, ele lembra a Festa de N. Sra. do Sagrado Coração, cujo título o Pe. Chevalier construiu inspirando-se nos mistérios da Anunciação, da Visitação a Sta. Isabel, da Encarnação e do Coração ferido na cruz.

N

Assembléia Provincial

Nessa Assembléia, mais que a sobrevivência da vida reli-giosa, foi considerada a importância de sua revitalização, cujo caminho é a volta às origens em busca do pensamento e da ação do Fundador e a refl exão sobre o futuro. Convida-do pelo Provincial, o Pe. Joaquim Herrera, com seu vasto conhecimento da vida congregacional e sua rica experiência missionária, contribuiu decisivamente para a bem sucedida Assembléia Provincial.

Abertura do Pré-Noviciado

Na festa da Apresentação do Senhor e no dia da Vida Religiosa, 2 de fevereiro, foi celebrada no Instituto Padre Nicolau a solene liturgia que deu o início ao Pré-Noviciado 2010, com cinco jovens buscando o conhecimento da von-

tade de Deus para suas vidas: Adeílson Silva, (Guiricema-MG e Luiz Deyvis Silva (Joaílma-MG), da Pró-Província do Rio de Janeiro. Marcelo Grohs (Passos Maia-SC), Marcelo Patrício, do Equador, e Tomaz Martins (Benedito Leite MA), da Província de São Paulo.

Propedêutico

E agora vamos falar do Propedêutico, que é cursado em Pirassununga. São sete seminaristas. Destes três fa-zem cursinho no Colégio John Kennedy: Anderson Alves Ribeiro, 30 anos, de Delfi m Moreira-MG; André Felipe Pereira Martins, 21 anos, de Carmo do Rio Claro-MG; Maycon Willian dos Passos, 19 anos, de Itajubá-MG. Je-verson Marcelo da Silva, 17 anos e Alexandre Maneo da Silva, 17 anos, são de Pirassununga, e Paulo Henrique, 16 anos, é de Itapetininga-SP. Estão no terceiro colegial do mesmo Colégio John Kennedy. Por último, temos o Ro-dolfo Felipe Tirelli, 21 anos, de Pouso Alegre-MG, que está fazendo o curso supletivo no Colégio Henrique Reis. O Pe. Geraldo Alves Cassiano é o Diretor do Propedêu-tico e conta com a colaboração do Pe. Humberto Capo-bianco, como co-formador.

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Novas áreas pastorais: Santa Helena e Pedra

Os Pes. Domingos Higino Cruz e Mauro Sérgio de Souza seguiram para a cidade de Santa Helena, norte do Maranhão, pouco mais de 30.000 habitantes, da qual serão respectiva-mente pároco e vigário paroquial. Essa área abraçada pelos MSC vai cuidar de nada menos que 55 comunidades, das quais apenas 3 na cidade. Fácil imaginar quanto trabalho e assistência irá demandar, levando-se em conta as grandes distâncias a percorrer, sendo 18 comunidades ribeirinhas, acessíveis só por via fl uvial. Na Comunidade de Itaitinga-CE foi implantada a Área pastoral de Pedra, belo trabalho reali-zado pelo Pe. Alfredo Niedermaier. Será feita nessa nova área a sagração da igreja do Sagrado Coração, com tríduo preparatório terminando no dia 11 de junho próximo, Festa do Sagrado Coração.

Ordenação sacerdotal Lucemir Alves Ribeiro

Auspicioso acontecimento na Província de São Paulo e na Igreja foi a ordenação sacerdotal, dia 20.02.10, do diácono Lucemir, de Marmelópolis-MG. Pela imposição de suas mãos, nosso querido Dom Ricardo Pedro Paglia, outorgou ao Luce-mir o Sacramento da Ordem, fazendo-o sacerdote, um novo sacerdote para o mundo, para a Igreja, para a Província de São Paulo e para a messe do Senhor, sob o lema: Revesti-vos da caridade. Mais de setenta missionários estavam presentes, além de representantes de várias comunidades religiosas, di-versas congregações (Canossianos, Filhas de N.S.S.Coração, Toca de Assis), além dos Missionários do Sagrado Coração. Os fi éis, não é preciso dizer, compareceram maciçamente, vindos das 38 comunidades da paróquia, sem contar as cara-vanas de Itajubá, São Paulo, Pirassununga, Campinas e S. J. dos Campos. Até a chuva forte da véspera se acalmou nesse dia especial e o povo chegava feliz e animado para a belíssima celebração. O bispo Dom Ricardo presidiu a celebração e os fi éis fi caram encantados com sua simplicidade e cativante atenção para com todos. Igreja lotada e telão no salão ao lado para os que não conseguiram entrar. A primeira missa foi ce-lebrada na manhã do dia seguinte, domingo, com homilia do Provincial, Pe. Cortez, e a segunda, à noite, em Delfi m, com pregação do Pe. Arlindo. No início do domingo, o Pe. Luce-mir foi surpreendido com uma banda musical, de Virgínia-MG, que veio animar a cidade e homenagear o novo padre.

Missão no Equador

Essa Missão vai progredindo. Houve um primeiro Encontro dos MSC, com avaliações, planejamento e perspectivas da Missão. O Pe. Tomasz Kundzicz já se sente mais adaptado ao novo campo de trabalho. Novas vocações vão surgindo. O dia-a-dia na área de missão na Paró-quia Santa Narcísia, em Porto Viejo, é bem difícil, mas a coragem e a dedicação do Pe. Antonio Carlos de Meira e do reli-gioso Gabriel Pena, primeiro professo MSC da missão equa-toriana, vão aos poucos ganhando o coração do povo sofrido da periferia da cidade.

Três congregações e uma só Família

Os representantes das três congrega-ções que compõem a Família Chevalier, presentes nas Américas e no Caribe, Mis-sionários do Sagrado Coração, Filhas de Nossa Sra. do Sagrado Coração e Missio-nárias do Sagrado Coração estiveram reu-nidos na cidade de Lima, de 12 a 16 de abril de 2010. Refl etiram sobre a propos-ta do tri-generalato de uma “visão co-

mum da formação na Família Chevalier”. A ênfase fi nal foi de as três congregações crescerem na unidade, como ramos de uma mesma videira que é a Família Chevalier.

Ordenação sacerdotal Diácono Reuberson

No dia da Abertura do Ano Jubilar da presença MSC no Brasil, 13 de março de 2010, o raiar da aurora trouxe a ale-gria e a graça de um novo sacerdote, Pe. Reuberson Ferreira Rodrigues, natural de Pinheiro-MA, cujo sacerdócio lhe foi conferido por Dom Ricardo Pedro Paglia. É o segundo presbítero que ele, ainda no começo de 2010, entrega à Con-gregação, na presença do Superior Provincial, Pe. Benedito Ângelo Cortez.

Dom Ricardo ressaltou a importância do Sacramento da Ordem, como ação de Deus na história da Congregação e da Igreja. A celebração eucarística na igreja Matriz de Santo

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Inácio de Loyola foi uma grande festa para a diocese e para Congregação, momento de unidade e comunhão pela pre-sença dos padres diocesanos, religiosos MSC, amigos e fa-miliares do novo sacerdote. Nas palavras do Papa Bento XVI, ’’De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar uni-do todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confi ou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar con-trastes e incompreensões, perdoar ofensas’’.

Ex-Alunos se encontram em Itajubá

O comparecimento de Ex-Alunos ao 8º. Encontro de Ita-jubá, dias 1 e 2 de maio, no Instituto Padre Nicolau-IPN, su-perou as expectativas. Na reunião do sábado à noite, a pedido do José Luiz Augusto, nestes últimos anos à frente da Regio-nal de Itajubá, um novo Diretor foi escolhido, o José Benedi-to Filho, que irá preparar o Encontro de 2012. Houve muitos testemunhos de ex-seminaristas ressaltando a importância do seminário em suas vidas. O Presidente Waldemar Checchina-to, ao fi nal, convidou a todos para a celebração dos 70 anos de presença MSC no Santuário das Almas, no bairro da Ponte Pequena, na cidade de São Paulo, que acontecerá no dia 5 de dezembro, domingo, deste ano de 2010.

O dia seguinte era domingo com missa às 8 horas. Os Ex-Alunos atenderam ao toque de alvorada e lá estavam to-dos presentes. Celebração eucarística preparada pelo Fábio Correia e abrilhantada pelo Gabriel, fi lho do José Luis Au-gusto, com boa música e belos hinos ao som do violão. O celebrante, Pe. Antonio Carlos Cruz Santos (Maristelo), Mestre de Noviços, discorreu sobre o Noviciado, atualmen-te cursado no próprio IPN, que conta com noviços também de outras Províncias, no Brasil, e da Província das Américas. Ao fi nal foram entoados os hinos tradicionais: “Ave Admi-rabile”, o Lembrai-vos e o Hino dos Ex-Alunos, atuando como organista o Alberto Antonelli.

O Mestre de Noviços liberou a casa do Noviciado (IPN) para visitas e os Ex-Alunos do IPN aproveitaram para matar saudades. No portal do seminário, a costumeira foto do En-contro. Seguiu-se longo intervalo para visita à cidade e loca-lidades próximas (Piranguçu e Piranguinho). Todos retorna-ram a tempo para o tradicional churrasco mineiro, após o qual foi encerrado o Encontro, com agradecimentos à Dire-toria Regional, ao Pe. Maristelo, aos Noviços e aos que se dedicaram à preparação do Encontro.

Rápidas

O Pe. Romeo Bortolotto continua sua recuperação e vai indo bem. 2. O Pe. José Maria Pinto vem enfrentando com coragem sua enfermidade. Fisicamente está bem, apesar de ma-gro. 3. Segue relativamente bem o Pe. Francisco Janssen, com seus 97 anos. 4. Passou por uma bela reforma a antiga Escola Apostólica, onde hoje está o Propedêutico. Essa Casa que tes-temunhou tantas e belas histórias, hoje está renovada, jovenzi-nha de novo.Vale a pena conferir no próximo Encontro em agosto, que já se aproxima. 5. Muitos Ex-Alunos da velha guar-da aprenderam português com o prof. Osvaldo Fonseca, nos remotos anos de 1930 a 1940. Homem de vasta cultura, católico fervoroso, foi sempre um bom amigos dos padres MSC, com os quais sempre manteve contato. Esse professor exemplar veio a falecer recentemente, no dia 12 de maio, com gloriosos 98 anos. 6. Em solidariedade ao Haiti, a Província de São Paulo incentivou os MSC e suas comunidades a enviarem ajuda ao povo daquele país, onde há uma Casa de Formação e uma pa-róquia (“Notre Dame du Sacré Coeur”), três sacerdotes haitia-nos e oito estudantes MSC na capital, cenário da tragédia. Foi remetida módica ajuda fi nanceira, via Holanda.

Celebração de Abertura do Ano Jubilar do Centenário de Presença MSC no Brasil

No dia 21 de maio de 2010, a Congregação celebrou no Santuário de N. Sra do Sagrado Coração, na Vila Formosa, em São Paulo, a Abertura do Centenário de Presença MSC no Brasil. Estiveram presentes os MSC da Província de São Pau-lo, das Pró-Províncias do Rio de Janeiro e de Curitiba, da Sec-ção Italiana de Pinheiro-MA, da Província Austríaca, as Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração, assim como represen-tantes das Fraternidades Leigas MSC. Romarias de várias co-munidades onde trabalham os MSC e o povo da Vila Formo-sa lotaram o Santuário. Logo de início dessa brilhante celebração foram lembrados os dois missionários, Pe. Adriano van Iersel e Pe. Ludovico Kauling, que vieram da Holanda e iniciaram a missão no Brasil, em 1911, na cidade de Pouso Alegre-MG. O Pe. Manoel Ferreira dos Santos Jr., Vice-Pro-vincial, leu uma carta especial enviada de Roma pelo Superior Geral, Pe. Mark McDonald, exortando os confrades a leva-rem a mensagem do Fundador a todos os lugares.

Na homília, o Superior Provincial, Pe. Benedito Ângelo Cortez, discorreu sobre os 99 anos de presença MSC, fazendo comparações com a celebração da Eucaristia. Relembrou que tudo isto só tem sentido pela presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo e que o Fundador, Pe. Chevalier, deixa claro em seus ensinamentos que o Sagrado Coração de Jesus é fonte de misericórdia e remédio para os males dos nossos tempos.

O Pe. Cortez lembrou que, ao chegarem a Vila Formosa, os missionários encontraram um lugar simples e pouco habitado. É essa a forma de atuar da Congregação, buscando os lugares hu-mildes e levando a mensagem do Sagrado Coração aos mais po-bres. Do Seu Lado transpassado na cruz jorra a fonte de vida para toda a humanidade. Salientou ainda a importância dos mestres e formadores na continuidade e no crescimento da Congregação no Brasil. Tudo deve acontecer por Cristo, com Cristo e em Cris-to, Caminho, Verdade e Vida. A vida religiosa só acontece na

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Comunhão e em comunhão. O Pe. Provincial concluiu sua homi-lia com o Envio de todos da Família Chevalier para a Missão de fazerem amado por toda parte o Sagrado Coração de Jesus. Em seguida, os Religiosos presentes renovaram seus Votos e entoa-ram o ”Ave Admirabile”. Foi feliz foi a escolha do local para a Abertura do Ano Jubilar, o Santuário da Mãe Nossa Senhora do Sagrado Coração. Ela, desde o início, esteve presente na vida da Congregação e sempre a precedeu na Missão. No fi nal, a imagem de Nossa Senhora foi levada até o presbitério pelas Irmãs e a coroação foi feita pelo missionário presente mais antigo, o Pe. Arlindo Giacomelli, 90 anos de idade.

Novo Diácono

O religioso Mauro Fernando Fer-reira, nascido em 1982, em Palmei-rândia-MA, ingressou no seminário em 2001, estudou Filosofi a em São Luís-MA, fez o Noviciado em Piras-sununga e cursou Teologia em São Paulo. Emitiu votos perpétuos em 28.11.09 e recebeu os ministérios de Leitor e Acólito em 14.12.09. Foi aprovado para a Ordem do Diaco-nato e sua ordenação ocorreu no dia 4 de junho na Matriz da Soledade, em Itajubá.

Falecimento

Em fevereiro último, faleceu Johannes Ludowicus Josephus Verdonschot, conhecido como Pe. Sjeng, com uma extensa fo-lha de serviços missionários prestados à Província de São Paulo. Ele se distinguia pelo espírito de juventude, alegria, zelo pasto-ral e senso de organização. Chegou ao Brasil em outubro de 1961 para ser professor no Instituto Padre Nicolau, Itajubá-MG, onde lecionou até 1963, ano em que foi transferido para o seminário menor de Ibicaré. Em 1964 assume como coadjutor em Xanxerê-SC. Em 1968 e 1969 atuou como vigário substitu-to em Ponde Serrada-SC. Em 1970 é nomeado Superior local da Região de Bauru,SP (reeleito em 1974) e simultaneamente membro do Conselho da Província de São Paulo.

Foi em 1979 para Pinheiro-MA trabalhar na catequese e com a juventude. Onze anos depois segue para Teresinha-PI, onde também se dedicou à juventude. Voltando a São Paulo em 1994 foi designado Administrador e Redator da Revista ANAIS, residindo na Vila Formosa. Em 1998, com 37 anos de Brasil, partiu de volta para a Holanda. A santa Missa de sétimo dia foi celebrada em Bauru, em 27 de feve-reiro, presentes, além dos confrades, muitos amigos.

Escravo Zacarias

Nota da redação: No Inter-Ex anterior inseri a NR 4 - pg.23 com a história de um escravo fugido do Paraná, de nome Zacarias, capturado em Bananal, Vale do Paraíba, per-sonagem de um milagre da Virgem Negra de Aparecida que o libertou desatando as correntes que o prendiam. Vejam em NR 3 foto das correntes que o prendiam tiradas no Museu do Santuário de Aparecida (não mais Sala dos Milagres).

Notas da Redação

NR 1 - A fonte principal desta coluna do Inter-Ex foram as Comunicações no. 606 e 607 (jan-fev e mar-abr) da Provín-cia de São Paulo, com relatos do Pe. Provincial e de outros religiosos. Ao transcrever matérias das Comunicações, meu objetivo é transmitir as principais notícias da Província. A re-produção parcial de algum texto às vezes torna-se inevitável. Recorri também à página da Província de São Paulo na inter-net (www.msc.com.br) e aos links do 8º. Encontro Ex-Alunos em Itajubá-MG e dos 100 anos de presença MSC no Brasil.

NR 2 - Ao poderoso Sombra agradeço as palavras sobre o redator (Inter-Ex 113, pg. 7).

NR 3 - Foto das correntes que prendiam o escravo Zaca-rias (Inter-Ex no.113, NR 04)

O tempo passa.... 1989

?, João Costa Pinto, Willian Marinho de Faria, Batistela, Eurico Padula Cotrin, Afonso Celso Mei-rellis, Eugênio Augusto Sarmento, Waldemar Chechinato, Daniel Bilerbeck, Ricardo Rosin, Isaac

Bradnão e Antonio Euvaldo do Ó

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Pirassununga – 28 e 29 de agosto de 2010.

• 09:00h - Recepção de Ex-Alunos e Familiares na entrada do colégio Kennedy.• 10:30h - Visita ao Cemitério dos Religiosos• 12:30h - Peixada na Cachoeira de Emas. Restaurante Beira-Rio. Desta vez conseguimos um bom desconto no preço do almoço.Tarde livre. Sugerimos visita ao museu distante poucos metros do restaurante, além de passeios para conhecer a cidade que é muito bonita.

• 18:00h - Reunião dos ex-alunos no salão nobre do Colégio Kennedy. Oração inicialApresentação dos novos ex-alunosAssuntos da DiretoriaBingo para os acompanhantes no pátio do colégio

• 19:00h - Assembléia Geral Extraordinária (AGE)Eleições para o triênio 2011 a 2013Hino da AssociaçãoOração fi nal

• 20:00h - Lanche patrocinado pela Associação. Pagamento só das bebidas.• 22:00h - Descanso

Sítio São José do Barrocão• 08:00h - Café tradicional• 09:30h - Missa na capela• 10:30h - Foto geral na escadaria do casarão• 12:00h - Churrasco com buffet e fundo musical.Oração inicialAperitivo com tira-gosto16:00h - Sorteio de brindes Despedida

- O sítio oferece condições excepcionais de pernoite para 59 pessoas com as seguintes acomodações:

No barracão: 1 quarto p/ 1 pessoa2 quartos p/ 4 pessoas cada13 quartos p/ 3 pessoas cadaObs: Sanitários externos No casarão: 2 quartos p/ 4 pessoas cada1 quarto p/ 3 pessoas (suíte)Para estadía excedente aos 2 dias do Encontro, acon-

selhamos os interessados que se comuniquem com o responsável pelo sítio, Pe Mauro, tel: (19) 3561-5733, para a devida permissão. Não se esqueçam de levar os apetrechos de cozinha, bem como roupa de cama e co-bertores, pois as madrugadas são frias.

A partir das 9h de domingo até o fi nal da festa, a cozinha do sítio será de uso exclusivo dos cozinheiros , não sen-do permitida a permanência de estranhos às atividades dos mesmos. As exceções serão resolvidas pelo Renato Pavão.

Os quartos deverão ser ocupados integralmente, não podendo ser exclusividade de alguns, para facilitar a pro-visão de material e evitar medidas futuras mais sérias.

Para hospedar em hotéis, damos aqui algumas op-ções de nossa escolha:

Habitat Hotel Tel. (19) 3565-9090 (Ótimo). Recém inau-gurado com 65 leitos. Próximo ao posto da polícia rodovi-ária. E.mail: [email protected] Rosim Tel: (19) 3561-3910 (Bom}Hotel Columbia Palace Tel: (19) 3561-3929 (Muito bom)Hotel Municipal Tel: (19) 3561-1786 (Regular)

Obs: Faça a sua reserva o quanto antes. Respeitados os horários do programa, todo tempo é

livre para você dispor dele como quiser.A recepção será feita pelos diretores com cafezinho

e bolachasSerá cobrada uma taxa única de participação de 10,00

por acompanhante com idade acima de 6 (seis)anos. Os ex-alunos não pagarão taxa de inscrição.

As bebidas serão por conta dos participantes, duran-te toda programação.

Cada um preencherá sua fi cha cadastral e assinará a lista de presença da Assembléia das eleições.

O sorteio de brindes será só para os presentes ca-dastrados na chegada

É muito importante que cada um leve alguma prenda ou brinde para rifa e sorteio de despedida.

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• 09:00h Recepção de Ex Alunos e Familiares na entrada do colégio Kennedy

28/08/10 - Sábado - Taxa de inscrição: R$10,00 somente para acompanhantes

com idade acima de 6 (seis) anos.