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  • 7/24/2019 1funes Da Linguagem

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    FUNES DA LINGUAGEM

    Tornou-se hoje habitual referir a distino das diferentes funes da linguagem propostpor Roman Jakobson, num texto que tem como ttulo Lingustica e Potica. Trata-se deuma conferncia, proferida em 1956, na qual o autor esboava a comparao entre a lingugem quotidiana e a poesia. O texto desta conferncia viria a ser publicado, pela primeira vez, com o ttulo Closing Statements: Linguistics and Poetics, in T. A. Sebeok, ed., Style in Language, New York, 1960, e posteriormente inserido no volume1 dos Essais de Linguistique Gnrale.

    No referido texto, Jakobson considerava um conjunto de seis factores constitutivos de qualquer processo de comunicao lingustica e fazia corresponder a cada um desses factores uma funo distinta da linguagem:

    A linguagem deve ser estudada em toda a variedade das suas funes. Antes de abordara funo potica, devemos determinar qual o seu lugar entre as outras funes da ling. Para dar uma ideia destas funes, necessrio apresentar um apanhado sumrio dos fares constitutivos de qualquer processo lingustico, de qualquer acto de comunicao verbal. O destinador enderea uma mensagem ao destinatrio. Para ser operante, a mensagem requer em primeiro lugar um contexto para o qual remete ( o que tambm se chama, numa terminologia um pouco ambgua, o referente), contexto apreensvel pelo destinatrio, e que ora verbal ora susceptivel de ser verbalizado, depois, a mensagem requer um cdigo, comum, no todo ou pelo menos em parte, ao destinador e ao destinatri

    o (ou, por outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem); enfim, a mensagem requer um contacto, um canal fsico e uma conexo psicolgica entre o destinador e o destinatrio, contacto que lhe permete estabelecer e manter a comunicao. Estes diferentes factores inalienveis da comunicao verbal podem ser esquematicnte representados do seguinte modo:

    CONTEXTO

    DESTINATRIO

    MENSAGEM

    DESTINADOR

    CONTACTO

    CDIGO

    Cada um destes seis factores d origem a uma funo lingustica diferente. () Podemos pletar o esquema dos seis factores fundamentais por um esquema correspondente das funes:

    REFERENCIAL

    EMOTIVA

    POTICA

    CONATIVA

    FTICA

    METALINGUSTICA

    Este esquema tem sido objecto de inmeros comentrios e tambm de algumas crticas. Algns autores sublinham o facto de este esquema fazer uma assimilao extremamente simp

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    lificadora dos elementos que intervm no processo de enunciao, ao reduzi-los s categrias do destinador e do destinatrio. No processo enunciativo, o destinador nem sempre uma instncia nica, mas desdobra-se numa diversidade de entidades. Um dos casos mais evidentes de desdobramento da instncia enunciadora o do discurso relatado,no qual um locutor assume, directa ou indirectamente, um enunciado produzido nodecurso de um ou mais processos de enunciao diferentes. O destinatrio tambm nem sepre uma instncia homognea. Assim, por exemplo, um discurso parlamentar pode ter efectivamente como destinatrio o pblico dos cidados eleitores ausentes, alm dos parlaentares que se encontram presentes no hemiciclo.

    Mas a crtica que os autores actualmente fazem com mais insistncia ao esquema de Jakobson a que tem a noo de cdigo como objecto. Ao postular a existncia de um cdigum ao destinador e ao destinatrio, Jakobson formulou uma concepo utpica de cdigo, to escamotear a existncia de casos, mais frequentes do que muitas vezes se pensa,em que cada um dos protagonistas do processo comunicacional no domina completamente o cdigo do outro ou utiliza um cdigo, pelo menos, parcialmente diferente daquele que o destinatrio utiliza para decifrar a sua mensagem. Jakobson parece assimesquecer ou, pelos menos, secundarizar os fenmenos muito importantes das variaes lingusticas e da heterogeneidade dialectal.

    Os crticos do esquema de Jakobson costumam ainda denunciar a assimilao algo simplificadora dos processos de comunicao humana com o esquema ciberntico da teoria da informao que, como se sabe, no foi concebida para dar conta do sentido, mas formuladapelos engenheiros das tecnologias da informao para medir a quantidade de sinais qu

    e podem passar em simultneo pelas redes da informao, tais como telgrafos e telefone.

    A concepo mais completa da diversidade das funes da linguagem ainda continua a ser que os Esticos propuseram, ao distinguirem as funes significantes das funes desigora ou referencial, expressiva ou manifestadora e de elaborao do sentido.

    Bibliografia

    E. Brhier, La Thorie des Incorporels dans lAncien Stocisme, Paris, Lib. Vrin, 1928;Gilles Deleuze, Logique du Sens, Paris, ed. de Minuit, 1966; Victor Godschmit, L

    e Systme du Temps et lIde de Temps, Paris, Lib. Vrin, 1985; Roman Jakobson, ClosingStatements: Linguistics and Poetics, in T. A. Sebeok, ed., Style in Language, NewYork, 1960 (texto inserido em Roman Jakobson, Essais de Linguistique Gnrale, vol.1, Paris, ed. de Minuit, 1963, reimpresso em 1986, pginas 209-248).