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COMUNICADO,TECNICO

N° 79, nov.l98, p. 1- 5

INFLUENCIA DO ESPA<;AMENTO E DA ADUBA<;AO NITROGENADASOBRE A PRODUTIVIDADE DA MELANCIA NO BAIXO

PARNAiBA PIAUIENSE

° espayamento e a adubayao nitrogenada podem influenciar na produtividade de variasculturas, determinando, muitas vezes, asustentabilidadede empreendimentos agricolas easobrevivenciado produtor.

Na melancieira (Citrullus lanatus Thumb. Matsum. & Nakai), 0 espayamento e a adubayaonitrogenada sao importantes fatores que podem afetar 0 desenvolvimento, a produtividade e a qualidadedos frutos. Nessa cultura, normalmente, ao se aumentar 0 espayamento entre plantas, ocorre diminuiyaona produtividade comercial, mas, por outro lado, ha urn aumento no peso medio dos frutos.

Quanto ao fator adubayao, as melhores produtividades comerciais de melancia tern sido obtidascom doses que variam desde 9 g de N/cova ate 27 g de N/cova, conforme trabalhos de pesquisaconduzidos em diferentes condiyoes edafoclimaticas (Bhosale et aI., 1978; Brinen & Locascio, 1979;Hedge, 1988; Singh & Naik, 1989 e Yadav et aI., 1989).°objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de tres espayamentos e quatro niveis de nitrogeniona cultura da melancia cv. Crimson Sweet. Alem disso, testar 0 nitrato de calcio como fonte nitrogenadapara a melancia nas condiyoes locais.° trabalho foi instal ado no campo experimental da Embrapa Meio-Norte (CPAMNIUEP-Parnaiba), em 1994 e repetido em 1995 e 1996. Os solos do campo experimental pertencem a unidadede mapeamento areias quartzosas alicas e distr6ficas. Na Tabela 1, pode-se observar as caracteristicasquimicas e fisicas do solo na epoca de instalayao do experimento.° preparo da area foi realizado atraves de duas gradagens pesadas e uma gradagem levepara nivelamento. Em seguida, 0 terreno foi sulcado de 2,00 em 2,00 m e coveado manualmente. Noplantio, foram aplicados, em cada cova: 170 g de calcario dolomitico (P.R.N.T. 45%), 170 g desuperfosfato simples, 30 g de sulfato de magnesio, 20 g de F.T.E. BR-12 e 4 kg de esterco decurral curtido. As adubayoes nitrogenadas e potassicas foram praticadas em cobertura, em duasaplicayoes, aos 17 e 30 dias ap6s 0 plantio, cerca de 20 cm das plantas. Utilizou-se 0 nitrato de calcio nasquantidades de 14,28,42 e 56 g de N/cova e 0 cloreto de potassio na base de 50 g de K

20/cova. Ap6s

o desbaste, foram cultivadas duas plantas em cada cova.As medidas das parcelas experimentais foram 6,00 x 6,00 m, num total de 36 m2

, contendoquatro fileiras de plantas espayadas de 2,00 x 2,00 m entre si, porem variando os espayamentos entreplantas. Os espayamentos testados foram de 2,00 x 1,50 m; 2,00 x 2,00 m e 2,00 x 3,00 m. Para avaliayaoexperimental, somente as covas centrais foram utilizadas. As laterais, em ambos os sentidos, formaramas bordaduras. Utilizou-se 0 delineamento experimental de blocos ao acaso, em arranjo fatorial3 x 4, comtres repetiyoes.

Empregou-se urn sistema de irrigayao por aspersao convencional, com tumo de rega de dois dias.A lamina de agua aplicada foi estimada com base na evaporayao do tanque Classe A. as seguintescoeficientes de cultura (Kc) foram utilizados: 0,5 (ate dez dias ap6s 0 plantio); 0,80 (de 11 ate 30 diasap6s 0 plantio); 1,00 (de 31 ate 56 dias ap6s 0 plantio) e 0,65 (de 57 dias ap6s 0 plantio ate a colheita).

Para 0 controle de pulgoes, utilizou-se 0 inseticida Mevinf6s 24 CE (250 mLIl 00 L de agua). Acolheita dos frutos foi realizada em tome de 63 dias ap6s 0 plantio. Considerou-se como produyaocomercial a totalizayao dos frutos maiores que 5 kg.

A analise da dose mais econ6mica da adubayao foi realizada com base na metodologia constanteno Manual de fertilidade do solo (Lopes, 1989).

Pela analise conjunta dos dados, constatou-se que nao houve interayao entre adubayaox espayamento para as variaveis analisadas.

A analise estatistica conjunta das medias referentes aos anos de 1994, 1995 e 1996 indicou queos maiores valores de produtividade e numero de frutos ocorreram quando as plantas foram cultivadasno espayamento 2,00 x 1,50 m. Por outro lado, os maiores valores de peso medio de frutos foram obtidosno espayamento 2,00 x 3,00 m (Tabela2). Houve diferenya significativa (P<0,05) entre os espayamentospara as variaveis testadas.

Esses resultados sobre espayamento na cultura da melancia vem confirmar os obtidos por Halsey(1959), Patil & Bhosale (1976), Brinen et al. (1979), Brinen & Locascio (1979), Srinivas et al. (1991)e Nesmith (1993), os quais mencionam que, quando se aumenta 0 espayamento, ha urn aumento naprodutividade, mas, por outro lado, ocorre diminuiyao no tamanho dos frutos.

Quanto ao fatar adubayao, a analise estatistica conjunta dos dados revelou que os valares deprodutividade e respectivos pesos medios de frutos aumentaram ate a aplicayao de 42 g de N/cova. Noentanto, pode-se observar, na Tabela 2, que nao houve diferenya estatistica (P>0,05) entre os niveis de14,28 e 42 g de N/cova, para as variaveis acima citadas. Todavia, ao agricultor interessa adubar ate 0ponto em que 0 incremento de produyao cubra as despesas referentes ao acrescimo na adubayao. Aquantidade de fertilizante correspondente a esse ponto equivale a chamada dose mais econ6mica (Lopes,1989).

Na Tabela 3, pode-se observar que a dose mais econ6mica e de 450 kg de nitrato de ca1cio/ha (28g de N/cova) ou 70 kg de N/ha. Esta dose custara 1.170 kg de melancia/ha, proporcionando urn aumentode produyao de 3.426 kg/ha(40.004 kg menos 43.430 kg) e, assim, 0 lucro sera de 3.426 kg menos 1.170kg, ou seja 2.256 kg de melancia/ha, 0 que corresponderia a R$ 564,00. No rodape da Tabela 3,apresentam-se os valares, na epoca de comercializayao, do nitrato de calcio e da melancia.

Com relayao a qualidade dos frutos (Tabela 4), a variavel s6lidos soluveis totais (SST) apresentoudiferenyasignificativa (P<0,05) entre os niveis de 14 e 28 g de N/cova. as maiores valores de SST e SSTIATT foram atingidos na dose de 14 g de N/cova. No fator espayamento, foi observada diferenyasignificativa (P<0,05) nas variaveis ATT e SST/ATT, cujo maior valor foi a1canyado no espayamento2,00x 1,50 m e 2,00x 3,00 m, respectivamente. Trabalhos realizados porDeswal & Patil (1984), Yadavet al. (1989) e El-Beheidi et al. (1990) mostraram que aplicayoes de diferentes niveis de fertilizantesnitrogenados sinteticos nao apresentaram apreciavel efeito sobre 0 conteudo de ayucar nos frutos damelancia. Na cultura do me1ao, Singh et al. (1982) concluiram que 0 espayamento e os fertilizantes (NP)nao apresentaram efeito sobre a qualidade dos frutos.

as estercos sao considerados, em geral, como fontes de nitrogenio, seu constituinte maisimportante. a esterco bovino, por exemplo, possui 15 g de N/kg. Segundo Kelly (1990) e Simpson(1991), a aplicayao de uma tonelada de esterco bovino coloca disponivel, no primeiro cultivo, cerca de2,5 kg deN/ha. Em solos bem drenados, aoxidayao damateriaorganicaede 1a3% ao ana (Barber, 1984;Foth, 1990; Plaster, 1992). Considerando uma mineralizayao media de 2% ao ano, em geral, cerca de 20a 30 kg/ha sac liberados anualmente para cad a 1% de materiaorganica contida no solo (Raij, 1987). Essesdados talvez indiquem que a adubayao quimica de 14 g de N/cova, somada aos teares de nitrogeniofomecidos pe1a materia organica do solo e pelo esterco de bovino curti do aplicado nas covas, tenhagarantido boa disponibilidade deste nutriente para 0 desenvolvimento e produtividade da melancia.

TABELA 1. Caracteristicas quimicas e fisicas do solo na epoca de instala~ao dosensaios. Mediasde tres areas. Parnaiba, 1997.1

Profundidadetextural M.D. pH P K Ca Mg Na Al H+AI(em) (g/dm3) (H2O) (mg/dm3) mmol/dm3

c

0-20 16,0 6,00 13,50 2,45 3,00 6,00 0,0 0,8 12,9

20 - 40 10,0 5,50 5,45 1,57 1,20 4,00 0,0 1,4 5,7IAnaIisesrealizadasna EmbrapaMeio-Norte.

TABELA 2. Produtividade total, produtividade comercial, peso medio de fruto, peso medio de frutocomercial e niimero de frutos de melancia nos tabuleiros costeiros do Piaui, em fun~aoda aduba~ao nitrogenada (g/cova) e do espa~amento (m). Media de tres anos.Parnaiba, 1997.1

Produtividade Peso medio Nfunero Produtividade Peso medio de Numero de frutosTratamento total de fruto de frutos comercial fruto comercial COmerClaIS

(tJha) (kg) (frutoslha) (tIha) (kg) (frutoslha)

Niveis de N14 47,46 bc 6,75 6.875 40,04 ab 8,08 b 4.92328 51,51 ab 6,89 7.405 43,43 ab 8,26 ab 5.27542 52,72 a 7,21 7.361 43,75 a 8,65 a 5.19056 44,88 c 6,87 6.705 39,03 b 8,12 ab 4.843

D.M.S. 4,50 us us 4,47 0,55 us

Esp~amento

2,00 X 1,50 54,57 a 6,42 b 8.482 a 45,60 a 7,56 c 5.972 a2,00 X 2,00 49,99 b 6,73 b 7.153 b 41,41 b 8,16 b 5.104 b2,00 X 3,00 42,86 c 7,64 a 5.625 c 37,67 c 9,11 a 4.097 c

D.M.S. 3,54 0,37 708,52 3,53 0,44 407,32C.V. (%) 12,82 9,43 17,77 15,08 9,40 14,31

IMedias seguidas da mesma letra na coluna nlio diferem entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.ns = nlio significativo a 5% de probabilidade.

TABELA 3. Produ~ao comercial de melancia em fun~ao de doses crescentes de fertilizantenitrogenado. Parnaiba, 1997.

Nitrato Produyiio Produyiiode calcio comercial comercial(kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)

225 40.004450 43.430 3.426675 43.750 320900 39.030 4.720

Incremento Custo dode adubo incremento(kg/ha) (R$)

225 146,25225 146,25225 146,25

TABELA 4 - Dados de pH, solidos sohlveis totais (SST), acidez tituhlvel (ATT) e rela~ao solidossoluveis totais com acidez titulavel (SST/ATT) dos frutos de melancia cultivadanos tabuleiros costeiros do Piaui, em fun~ao da aduba~ao nitrogenada (g/cova) e doespa~amento (m). Media de tres anos. Parnaiba, 1997,1

Tratamento pH SST ATT SST/ATTNiveis de N COBrix) (meqIlOOg) (meqIlOOg)

14 5,08 9,95 a 3,84 3,0028 5,03 9,16 b 3,81 2,8242 5,04 9,53 ab 4,02 2,7056 5,04 9,31 ab 3,97 2,85

D.M.S. ns 0,70 ns ns

Espa9amento2,00 X 1,50 5,06 9,61 4,13 a 2,67 b2,00 X 2,00 5,07 9,26 3,76 b 2,83 ab2,00 X 3,00 5,02 9,59 3,84 b 3,02 aD.M.S. ns ns 0,26 0,27c.v. (%) 2,62 10,31 12,04 17,09

'Medias seguidas da mesma letra na coluna nao diferem entre si (p>O,05)pelo teste de Tukey.ns= nao significativo a 5% de probabilidade.

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