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EDGAR PÊRA UMA RETROSPETIVA PROGRAMA DE CINEMA 19 — 23 JAN 2017 Cinemas NOS — Arena Shopping / Teatro—Cine Torres Vedras SERRALVES EM TORRES VEDRAS Curadoria: António Preto

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EDGAR PÊRAUMA RETROSPETIVAPROGRAMA DE CINEMA19 — 23 JAN 2017Cinemas NOS — Arena Shopping / Teatro—Cine Torres Vedras

SERRALVES EM TORRES VEDRAS

Curadoria: António Preto

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EDGAR PÊRAUMA RETROSPETIVAA extensão da Retrospetiva de Edgar Pêra, apresentada por Serralves em Torres Vedras, fruto de colaboração estabelecida com este Município, propõe um percurso através das di-ferentes facetas da produção cinematográfica do autor – particularmente prolixa, instável, caótica e difícil de abarcar na sua globalidade – que é, também, peça fundamental para perspe-tivar a invenção da modernidade em Portugal.Edgar Pêra (1960, Lisboa) tem construído, des-de meados da década de oitenta, uma obra sem paralelo no panorama do cinema portu-guês. Concluída a formação na Escola Superior de Teatro e Cinema, em 1984, o realizador de-senvolve, muitas vezes em parceria com outros artistas, um trabalho multifacetado onde a ex-perimentação de diferentes meios, linguagens e suportes fílmicos, da película ao vídeo, pas-sando mais recentemente pela internet e pelo formato 3D, se cruza com o videoclipe, a banda desenhada, as atuações ao vivo, a televisão, o teatro e a instalação. Reclamando a herança das primeiras van-guardas, Edgar Pêra é um dos protagonistas da geração que, nos anos 90, procura sinais de uma nova vivência urbana sobre as ruínas do incêndio do Chiado. Ao mesmo tempo que acompanha de perto a emergência do rock português ou as primeiras edições da Moda Lisboa, documentando o quotidiano com uma obsessão de arquivista, Edgar Pêra – homem--câmara à Dziga Vertov para quem a máquina de filmar é um prolongamento do corpo – usa os seus cine-diários como matéria visual e fic-cional para os comics, crónicas e recensões crí-ticas que publica nas páginas do semanário O Independente e da revista K. Esta colaboração regular com a imprensa – que, conjuntamente com cadernos de esboços e outros trabalhos gráficos, será apresentada numa exposição documental patente na Galeria Municipal – é indissociável da sua produção como cineasta e ajuda a enquadrar o universo de mutantes que povoa os seus filmes.

Trata-se, de facto, de uma obra que conjuga uma apropriação irónica do imaginário fan-tástico com estratégias do cinema de ani-mação e efeitos especiais dos primórdios do cinematógrafo, num ritmo de montagem soviético, quase sempre embrulhado numa estética de série b. Subvertendo códigos da narrativa clássica e va-lores plásticos consensuais, mostrando-se mais interessado num cinema de sensações do que de emoções, desmontando estereótipos para pôr em causa noções como a realidade e o rea-lismo, o seu trabalho nunca deixou, porém, de se centrar nos dilemas da atualidade.

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PROGRAMA DE CINEMA

CINEMAS NOS — ARENA SHOPPING 18 JAN (Qua), 21h30 Ante-estreia do filme Delírio em Las Vedras, 2016, 80 min.20 JAN (Sex), 18h0021, 22 JAN (Sáb, Dom), 15h00 Delírio em Las Vedras, 2016, 80 min. DELÍRIO EM LAS VEDRAS, 2016Num registo delirante e excêntrico do carna-val de Torres Vedras, Delírio em Las Vedras apresenta uma série de aventuras e desven-turas em cadeia, parodiando o tom de repor-tagens televisivas e radiofónicas, naquele que se reclama como “o carnaval mais por-tuguês de Portugal”. Concorrência à parte, muitas são as situações e personagens da atualidade política do país que servem de inspiração aos foliões. Entre matrafonas, reis e rainhas de faz-de-conta, alguns dos repórteres improvisados da trupe de Edgar Pêra teimam em confundir os papéis e, pelo meio da festa, vão perguntando aos pânde-gos mascarados se não será aquilo um movi-mento de insurreição, uma viragem para um regime anárquico. A provocação nem sempre é bem entendida por todos aqueles que, de manhã, regressam a casa, ressacados. Mas, o ambiente nostálgico de fim de festa não des-mente as saudades da revolução.

Conceção, realização e montagem: Edgar Pêra

Fotografia: Edgar Pêra, Luís Branquinho

Assistente de realização: Diogo Ferreira

Música: Jorge Prendas

Banda sonora: Artur Cyanetto

Interpretação: Nuno Melo, Marina Albuquerque, José

Raposo, Sofia Ribeiro, Albano Jerónimo, José de Pina, Rui

Melo, Miguel Borges, Marco Paiva, Jorge Prendas, Miguel

Pereira, Miguel Partidário, João Sodré, Marlise Gaspar,

entre outros e a população do carnaval de Torres Vedras

Direção de produção: Mário Gomes

Estereografia e pós-produção 3D: Cláudio Vasques

Produção: Bando à Parte / Rodrigo Areias

Apoio: Câmara Municipal de Torres Vedras

Formato: DCP 3D, preto e branco/cor, 80 min.

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TEATRO-CINE TORRES VEDRAS

19 JAN (Qui), 21h30As desventuras du homem-kâmara – Epizohdyus 111, 113 & 115, 1998 / 2 min. Reproduta Interdita, 1990 / 8 min. A Cidade de Cassiano, 1991 / 23 min.Lisboa-Boa 345 D.T, 2000 / 15 min.Manual de Evasão LX94, 1994 / 57 min. Duração total: 105 min. 20 JAN (Sex), 21h30Who is the master who makes the grass green?, 1996 / 7 min. O Trabalho Liberta?, 1993 / 23 min. O Dia do Músiko, 1996 / 5 min.Zombietown 23, 1998 / 29 min. A Konspyração dos 1000 Tympanus, 1997 / 13 min. Duração total: 77 min.

21 JAN (Sáb), 21h30SWK4, 1993 / 33 min.Crime Azul, 2009 / 15 min.Avant la corrida, 2009 / 10 min.Jardins Subterrâneos, 1998 / 20 min.Komédia Off, 2000 / 13 min.Duração total: 91 min.

22 JAN (Dom), 21h30Punk Is Not Daddy, 2010 / 70 min.

23 JAN (Seg), 21h30Guerra ou Paz?, 1992 / 17 min.S/Título (TRAÇA), 2015 / 11 min.25 de Abril uma Aventura para a Democracya, 2000 / 16 min.Impending Doom, 2006 / 8 min.U K Faz Falta, 1995 / 10 min.Duração total: 62 min.

Cinemas NOS – Arena ShoppingMorada: Rua António Alves Ferreira, n.º 2Tlf.: 261 325 363Entrada: 4,70€ Teatro-Cine Torres VedrasMorada: Avenida Tenente Valadim, n.º 19Tlf.: 261 338 131E-mail: [email protected]: gratuita

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19 JAN_ AS DESVENTURAS DU HOMEM-KÂMARA - EPIZOHDYUS 111, 113 & 115, 1998Partindo do peculiar olhar cinematográfico que rege toda a sua obra, no manifesto As Desventuras du Homem-Kâmara – Epizohdyus 111, 113 & 115 Edgar Pêra reivindica para si o fa-moso filme de Dziga Vertov, cruzando-o com as influências de Aurélio Paz dos Reis, do ci-nema de animação polaco e da obra de Terry Gilliam, para pôr em prática uma antropomor-fização da câmara de filmar, convertida em máquina devoradora-regurgitadora. Assim se traça o singular universo visual em que o ho-mem-câmara se move, espaço onde o cinema é compreendido e potencializado enquanto dispositivo de experimentação múltipla, aluci-natória, instável e cambiante.

Realização: Edgar Pêra

Montagem: Tiago Pereira

Imagem: Daniel Neves

Som: Inês Henriques

Interpretação: Tiago Pereira, Daniel Neves

Coordenação: João Milagre

Animação: João Dias, Catarina Ramalho, Eva Mota,

João Gomes

Secretariado: Paula Figueirinha

Estagiários: Nuno Barradas, Hugo Freitas, Rita Frazão

Produção: Akademya Lusoh-Galaktika

Formato: vídeo dv digital preto e branco, 2 min.

REPRODUTA INTERDITA, 1990O espaço aluído e apocalíptico das simbó-licas ruínas do Chiado é, numa temporali-dade ambígua, o lugar que em Reproduta Interdita ocasiona o encontro entre duas personagens muito particulares: uma es-tranha mutante com capacidade de tele-portação e Penélope Kruxis, enfermeira que enfrenta aqui um caso raro de mutação contagiosa, resultante da invasão de um ele-mento estranho neste meio catastrófico. O resto é história, antecipação e significativas mudanças de rumo.

Realização, argumento e produção: Edgar Pêra

Som: Pedro Bidarra

Produção visual: Rosário Lopes

Montagem: José Nascimento

Fotografia: Rui Henriques

Genérico: João Pinto

Música: Pedro Bidarra, Pedro Ayres Magalhães

Interpretação: Margarida Matos (Penelope Cruxis), Lígia

Pereira (Mutex Teleportis), António Gama (Kontaminohvsk)

Formato: 35mm, cor, 8 min.

A CIDADE DE CASSIANO, 1991Aliando registo documental e recriação ficcional, A Cidade de Cassiano é uma in-terpretação cinética da obra do arquiteto português Cassiano Branco. O filme inter-roga o modo como Cassiano traduz o mo-dernismo arquitetónico para os termos de um estilo nacional, onde não faltam alusões iconográficas às grandes narrativas da his-tória pátria, ao mesmo tempo que humaniza e reconfigura essas referências pela via de uma estética próxima do film noir. Lisboa – cidade de Cassiano – podia, de facto, ter sido (ou ser) outra cidade. Da arquitetura ao romance policial desenha-se, assim, um confronto entre uma primeira modernidade, comprometida, e uma modernidade con-temporânea que assume o compromisso de se inventar.

Realização, câmara e montagem: Edgar Pêra

Conceção: Edgar Pêra, Henrique Cayatte

Imagem: Álvaro Rosendo, Laurent Simões

Música: Tiago Lopes

Participações especiais: Adriana Freire e Laurent

Simões, António José Branco Pires, Miguel Lajes, Jorge

Silva, Carlos Pinheiro, Rui Santos, Margarida Matos, Nuno

Guimarães, Paula Varanda, João Pinto, Lígia Pereira,

Jorge Bruto, Maria Ribeiro da Silva, Artur Martins Almeida,

Carlos Alberto, Paulo Guilherme

Produção: Catarina Santos para Pelouro da Cultura da

Câmara Municipal de Lisboa [para a exposição Cassiano

Branco e o Éden-Lisboa 91, Lisboa 1991]

Formato: vídeo, preto e branco, 23 min.

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LISBOA-BOA 345 D.T, 2000A curta-metragem Lisboa-Boa 345 D.T pode ser vista como uma subversiva antecipação fu-turista: Lisboa, 345 anos Depois do Terramoto, aparece aqui como uma cidade muito diferen-te daquela que conhecemos. Recorrendo a técnicas elementares do cinema de animação, Edgar Pêra aproveita o estado de ruína – o ca-taclismo de 1755 é, embora noutra escala, um protótipo do que seria, em 1988, o incêndio do Chiado – para idealizar uma cidade utópi-ca, absurda, entre o edénico e o insuportável, reconstruída sobre os escombros.

Realização: Edgar Pêra

Textos: Manuel Rodrigues, Tony Gazunza

Fotografia: André Szankowski

Montagem: Jacub Hruska

Banda sonora: Gué, TerraKota

Som: João Costa

Interpretação: Inês Marreiros, Jéssica Raquel, Luiza

Gabriel, Madga Bull, Maria Teresa Mealha, Romi Anauel,

Sheila B., Alexandre Louza, André Pacheco, Humberto

Tomás, Ali Ahmad, Ebenezer Mensah, Eduardo Magalhães,

João Magalhães

Produtor: O Circo a Vapor, Patrícia Delgado

Produção: Ofícios Necessários

Formato: vídeo, cor, 15 min.

MANUAL DE EVASÃO LX94, 1994

Explorando a tensão fílmica entre o expres-sionismo e o cómico, Manual de Evasão LX94 alia uma estética excêntrica, herdada do cine-ma de atrações e do mudo, aos atributos das personagens-tipo da “comédia à portuguesa”. As intervenções burlescas de vários atores são, neste filme, catalisadas por discursos filosó-ficos sobre a trans-temporalidade, a cargo de três escritores da contra-cultura norte-ameri-

cana (Terence McKenna, Robert Anton Wilson e Rudy Rucker) que apresentam uma reflexão acerca da natureza do tempo a partir de uma perspetiva sobre a cidade de Lisboa, entendida aqui não apenas como espaço concreto, mas, sobretudo, enquanto matéria temporal.

Realização: Edgar Pêra

Fotografia: Michael Mandero

Banda sonora: Tiago Lopes, Paulo Abelho

Montagem: Pedro Ribeiro

Som: Francisco Veloso, Paulo Abelho

Interpretação: Ana Bustorff, Anabela Teixeira, Duarte

Barrilaro Ruas, Fernando Candeias, João Reis, José

Wallenstein, Manuel João Vieira, Margarida Marinho,

Margarida Miranda, Suzie Peterson

Intervenção: Terence McKenna, Robert Anton Wilson,

Rudy Rucker

Produtora executiva: Catarina Santos

Produção: Maria João Mayer, Companhia de Filmes do

Príncipe Real para a Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura

Formato: 35mm, preto e branco/cor, 57 min.

20 JAN_WHO IS THE MASTER WHO MAKES THE GRASS GREEN?, 1996O filme cruza a perspetiva do neuro-filósofo e investigador Robert Anton Wilson com o tra-balho do artista João Queiroz desenvolvendo uma meditação em torno das condições da perceção humana e dos conceitos de realida-de, normalidade e consenso social. Partindo da noção de “túnel de realidade” – ou seja, a forma como cada indivíduo retém apenas fragmentos da parafernália de informação presente no caos do mundo, perspetivando-a de forma diferente –, Who is the master who makes the grass green? alarga estes pressu-postos a uma reflexão sobre as possibilidades de dissonância no cinema e à sua particular capacidade de criação de real.

Conceção, realização, montagem e produção: Edgar Pêra

Participação: Robert Anton Wilson

Desenho: João Queiroz

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Fotografia: Laurent Simões

Colaboração: Catarina Campino

Banda sonora: Luís Saraiva

Formato: 35mm, preto e branco/cor, 7 min.

O TRABALHO LIBERTA?, 1993

Abordando temáticas como o trabalho, a li-berdade ou a alienação, O Trabalho Liberta? é um “documentário-ensaio-inquérito” que in-terroga diferentes formas de entender a pro-vocante questão que dá título ao filme. Aqui se exploram ecos e antagonismos entre vários pontos de vista sobre o problema, contando com os contributos de Paulo Varela Gomes, António Vaz Pinto, Paulo Borges, Agostinho da Silva, António Bracinha Vieira, Herman José, José Luís Judas, Ruben de Carvalho, dos Irmãos Catita, dos mineiros Neves Corvo, dos demolidores do Chiado e de um grupo de trabalhadores alentejanos.

Argumento, realização e montagem: Edgar Pêra

Música: Tiago Lopes, “Fado dos Preguiçosos”

(Irmãos Catita)

Fotografia: Laurent Simões

Interpretação: João Sodré, Lígia Pereira

Produtores: Catarina Santos, José Cruz

Produção: Núcleo de Cineastas Independentes,

Valentim de Carvalho

Formato: vídeo, preto e branco/cor, 23 min.

O DIA DO MÚSIKO, 1996 Concebido em workshop com alunos da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa para um espetáculo teatral, a curta-metragem O Dia do Músiko parte de um texto mordaz de Erik Satie sobre a burocratização e o funcionalismo do mundo dos artistas, para apresentar um retra-

to hiperbólico do quotidiano rigorosamente re-grado do músico. Um dia-a-dia cuidadosamen-te ordenado que tende para o absurdo.

Conceção: Edgar Pêra, José Wallenstein

Realização: Joana Amorim, Nuno Barradas, Pedro Blanco,

Cláudia Bravo, Sara Caixinhas, Maria João Cruz, Sílvia Diogo,

Rossana Geada, António Ferreira, David Fonseca, Humberto

Fonseca, João Levezinho, António Lopes, J. Lopes, Pedro

Moreira, José Neves, Fernando Ramires, Paulo Rebelo,

Tanja Wessels (Escola Superior de Teatro e Cinema)

Texto: Erik Satie

Supervisão, montagem: Edgar Pêra

Interpretação: Paulo João, Ivo Canelas, Ana Pereira,

Andreia Bento, Miguel Mendes, Alexandra Reis, Flávia

Sardinha, Ana Borges, Ana Castro, António Fernandes,

Filomena Oliveira, Teresa Santos, Melany, Paulo Neto, Peter

Michael, Raquel Dias

Produção: ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema

Formato: Beta SP, preto e branco/cor, 5 min.

ZOMBIETOWN 23, 1998Conjugando um discurso sobre mortos-vivos do Xamã do underground Terence McKenna, frases retiradas do Livro do Desassossego de Fernando Pessoa e poemas do seu ocasional cúmplice, o mago Aleister Crowley (A Besta 666), Zombietown 23 pretende refletir acer-ca da vivência do homem contemporâneo. Sem se furtar a contradições, o filme convo-ca referências a mecanismos de dominação e controlo, entrecruzadas com noções como a hipnose e o inconsciente, umas e outras sugestivamente subordinadas, pelo ritmo, ao transe maquínico do filme.

Realização: Edgar Pêra

Textos: Terence McKenna, Fernando Pessoa, Aleister

Crowley, Frederic Nietzsche, anónimos

Imagem, som: Daniel Neves

Supervisão de som: Tiago Lopes

Colaboração: Catarina Ramalho, Eva Mota, Hugo Freitas,

Rita Frazão

Edição de imagem: João Dias

Montagem: João Gomes

Interpretação: Rita Stormhead, Miguel Borges, Marina

Albuquerque, João Sodré, André Campino, Dora Naked

Mind, Aldara Bizarro, Sofia Bizarro, Sofia Gonçalves,

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Maria José Pêra, Henrique Pêra

Apoio direção de atores: Carla Bolito

Música: Orkestra Lusoh-Galaktika

Produtor: Miguel Gomes da Costa

Produção: Akademya Lusoh-Galaktika

Coordenação: João Milagre

Formato: vídeo preto e branco/cor, 29 min.

A KONSPYRAÇÃO DOS 1000 TYMPANUS, 1997O filme A Konspyração dos 1000 Tympanus sonda as possibilidades de manipulação do campo sensorial e da competência percetiva do espetador, através da alteração da velo-cidade e subversão temporal das imagens. O ritmo visual não é, assim, menos arrebatado do que a banda-sonora, elemento reconhe-cível do universo das raves, festas, clubs e tekno-cenários de toda a espécie.

Intervenientes: Alexandra Afonso, Catarina Ramalho,

Cécile Heushling, Daniel Neves, Gonçalo Luz, Hugo Freitas,

Inês Henriques, João Caldeira, João Gomes, João Milagre,

José Fontainhas, Mafalda Barreto, Manuel Rodrigues, Pedro

Adolfo, Susana Pascoal, Tiago Pereira, Aldara Bizarro, André

Campino, Carla Bolito, Dora Ferreira, J.P. Simões, Marina

Albuquerque, mc2ice, Miguel Borges, Mónica Samões, Rita

Só, Rui Martiniano, Sofia Aparício, Sofia Gonçalves, Jeremy,

J.J., Nexo, New Skill’z, 187 Squad, Tania, Yen Sung.

Convidado: Terence McKenna

Formato: vídeo, cor, 13 min.

21 JAN_ SWK4, 1993SWK4 aborda o universo futurista, surrealista e modernista de Almada Negreiros, partindo de uma revisitação de diferentes textos escritos pelo autor entre 1915 e 1917: Mima Fataxa, Cena do Ódio, Manifesto Anti-Dantas, A Engomadeira, K4, O Quadrado Azul, Saltimbancos e Ultimatum Futurista. O filme, dividido em seis partes, tantas quantas os textos em que se apoia, presentifica um Almada Negreiros “sem caução cultural, pro-vocatório, a fazer a apologia da luxúria, do de-

boche, da atuação frenética sobre o quotidiano, das maneiras de viver muito intensas”, funcio-nando, assim, como um estímulo à possibilidade de aplicação do impulso provocador e excêntri-co do futurismo a uma contemporaneidade der-rotista e nostálgica.

Argumento e realização: Edgar Pêra

Poemas e manifestos: José de Almada Negreiros

Montagem: Pedro Ribeiro

Fotografia: Laurent Simões

Música: Paulo Abelho, Tiago Lopes

Interpretação: José Wallenstein, Carlota Lagido, Duarte

Barrilaro Ruas, Fernando Candeias, Suzie Peterson,

Manuel João Vieira

Intervenções especiais: Rui Reininho, Rui Fernandes

Produção: Catarina Santos e Maria João Mayer [para

a exposição Centenário de Almada Negreiros no CCB –

Centro Cultural de Belém, 1993].

Formato: 35mm preto e branco/cor, 33 min.

CRIME AZUL, 2009

Tendo como inspiração a vida e obra de Amadeo de Souza-Cardoso, Crime Azul parte de uma ideia de continuidade anacrónica para cruzar particularidades etnográficas da realidade con-temporânea portuguesa com a ficção pictórica, sugerida aqui sobretudo pelo emblemático qua-dro do pintor, A Procissão (1913). Entre múltiplas coordenadas espácio-temporais, o filme interpela o real através da dinâmica dos quadros de Souza-Cardoso, desenvolvendo-se num movimento de cumplicidade entre a realidade e a ficção.

Argumento, realização, som e montagem: Edgar Pêra

Fotografia: Jorge Quintela, Paulo Abreu

Assistente de realização: Ricardo Freitas

Produção visual: Ricardo Preto

Guarda-roupa: Susana Abreu

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Interpretação: Miguel Borges (investigador), Valdemar

Santos (Amadeo desportista), Sue/Ziggy (Mulher grávida)

Voz de Amadeo: Nuno Melo

Produtores: Rodrigo Areias, João Trabulo, Ana Costa

Produção: Bando à Parte

Co-Produção: Cinemate

Formato: vídeo, cor, 15 min.

AVANT LA CORRIDA, 2009Documentário que retrata a realização de um outro filme, Avant la Corrida pode ser visto como um making of, um registo irónico do processo de criação de Crime Azul (2009) a partir das suas variantes de encenação e intervalos de rodagem. Neste sentido, são as ocorrências ocultas por de-trás da câmara – o fora de campo e o fora de cena do primeiro filme – que adquirem o estatuto de narrativa iconoclasta, num braço de ferro entre a inversão da ficção e a realidade simulada.

Argumento e realização: Edgar Pêra

Fotografia: Edgar Pêra, Jorge Quintela e Paulo Abreu

Montagem: Edgar Pêra

Som: Vasco Carvalho e Edgar Pêra

Cenografia: Ricardo Preto

Guarda-roupa: Susana Abreu

Assistente de realização: Ricardo Freitas

Produtor: Rodrigo Areias

Produção: Bando à Parte

Formato: vídeo, cor, 10 min.

JARDINS SUBTERRÂNEOS, 1998Filme de animação concebido para acompa-nhar um espetáculo musical de homenagem a Al Berto, Jardins Subterrâneos dialoga com as experiências letristas do início do século XX. As palavras do poeta são decompostas, espacial-mente dinamizadas e submetidas a um movi-mento que, permanentemente, as reorganiza e reconfigura, sondando-lhes sentidos ocultos e multiplicando as possíveis interpretações do texto, ao som da música e da voz de Pacman, da banda portuguesa Da Weasel.

Conceção, realização e montagem: Edgar Pêra

Assistentes de montagem: Inês Henriques, Tiago Pereira,

João Gomes

Animação: Catarina Ramalho, Eva Mota, Daniel Neves,

João Dias, Rita Frazão

Coordenação: João Milagre

Secretariado: Paula Figueirinha

Produção: Akademya Lusoh-Galaktika

Formato: vídeo cor, 20 min.

KOMÉDIA OFF, 2000Komédia Off é constituído por um conjunto de fragmentos do filme que corria em simul-tâneo com a coreografia concebida por Paulo Ribeiro para o espetáculo Comédia Off, peça lúdica que reflete acerca dos limites da dança e da comédia musical. Conivente com a sua carga irónica, o filme intensifica a linguagem elementar e física do espetáculo, onde a ver-satilidade da representação e do movimento dos seus oito intérpretes é potenciada por mecanismos de repetição e retardamento próprios à imagem cinematográfica.

Conceção, montagem e realização: Edgar Pêra

Música: Nuno Rebelo

Coreografia: Paulo Ribeiro

Interpretação: Barbara Fuchs, Leonor Keil, Susana

Queiroz, Boris Nahalka, Romulus Neagu, Wolfgang Maas,

Christine Chu Schinae

Produção executiva: AVANTI.PT Laurent Simões

Formato: vídeo, cor, 13 min.

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22 JAN_ PUNK IS NOT DADDY, 2010

Retrato da primeira década que se seguiu à revolução, Punk Is Not Daddy é uma viagem pelos anos oitenta através da perspetiva testemunhal e interveniente dos diários fil-mados do então neófito cineasta-arquivista Edgar Pêra. O fio condutor do filme são imagens (raras) que documentam o desen-volvimento da música moderna portugue-sa: o último ensaio dos Heróis do Mar, os bastidores dos GNR, a rodagem de video-clipes dos Rádio Macau ou a polémica Final do Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous com o derradeiro (anti)concer-to dos Zao Ten de Farinha Master. Esta etno-grafia da modernidade em Portugal é rela-cionada com imagens íntimas do realizador e com factos históricos que contextualizam a época. Paradoxalmente, filme de juventu-de e filme de memórias – o hiato temporal entre as filmagens e a montagem final re-força o carácter documental das imagens – Punk Is Not Daddy subverte o célebre título do álbum de estreia dos The Exploited para questionar, a partir do presente, antecedên-cias e consequências (sobrevivências) anár-quicas, face a um conformismo pós-punk.

Câmara, realização e montagem: Edgar Pêra

Arquivista: João Gomes

Co-produção: Bando À Parte

Formato: vídeo preto e branco/cor, 70 min.

23 JAN_ GUERRA OU PAZ?, 1992Intercalando arquivos e entrevistas inéditas a ex-combatentes mutilados da Guerra Colonial Portuguesa com um exercício de correspondên-cia sarcástica entre figuras ditatoriais do século XX e super-heróis dos comics da Marvel, Guerra ou Paz? é um filme-instalação que traça uma bissetriz irónica entre ficção e realidade. Este tema transversal, tão caro a Edgar Pêra, serve para aproximar diferentes espaços e tempos a partir do ponto de vista de um observador aliení-gena, cuja missão consiste em decidir (em distin-guir...) entre guerra e paz no planeta terra.

Conceção, realização e montagem: Edgar Pêra

Fotografia: João Pinto

Música: Pedro Bidarra

Produção: Catarina Santos, Edgar Pêra

Produção: Núcleo de Cineastas Independentes

Formato: 35mm, cor, 17 min.

S/TÍTULO (TRAÇA), 2015Partindo de um cruzamento sonoro e imagético entre o passado e o presente, S/Título (Traça) re-sulta da montagem de imagens de arquivo, tão anónimas quanto representativas dos ócios e inquietações da classe média de finais do Estado Novo. O filme estabelece com 25 de Abril Uma Aventura para a Democracya (2000), um diálogo paradoxal, funcionando ao mesmo tempo como síntese e esboço dessa obra, cronologicamente anterior. Recorrendo a material recolhido em fil-mes amadores e na comunicação social, o filme sonda as contradições da Revolução dos Cravos como uma sintomatologia das imagens ingénuas.

Conceção e montagem: Edgar Pêra

Imagem: a partir de filmes amadores e de família da cole-

ção do Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca

Som: filme 25 de Abril Uma Aventura para a Democracya

Pós-produção: Cláudio Vasques

Encomenda: TRAÇA – Mostra de Filmes de Arquivos

Familiares e Fitas na Rua

Produção: EGEAC e Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca

Formato: vídeo, cor, 11 min.

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25 DE ABRIL UMA AVENTURA PARA A DEMOCRACYA, 2000

A curta-metragem 25 de Abril Uma Aventura para a Democracya interroga a adesão popu-lar à Revolução, baseando-se num exercício de montagem que recusa a sequencialidade linear e conquista recuo crítico ao colocar em confronto imagens de arquivo representativas de alguns dos momentos mais relevantes da história do século XX português.

Conceção, montagem e realização: Edgar Pêra

Colaboração: Manuel Rodrigues

Banda sonora: Gué, Artur Cyanetto

Produção: Akademya Lusoh-Galaktika (edição para o

Centro de Documentação 25 de Abril)

Formato: vídeo, preto e branco/cor, 16 min.

IMPENDING DOOM, 2006Com acompanhamento musical dos Dead Combo e The Legendary Tigerman, Impending Doom é uma interpretação sonora e visual de duas cerimónias de comunhão coletiva que perfilham crenças, ideologias, temperamen-tos e localizações diferentes – senão antagó-nicas: o enterro do Papa versus o enterro de Álvaro Cunhal –, aproximadas pelas imagens que revelam afinidades e interrogam, politi-camente, os limites dos pretensos universais antropológicos.

Conceção, fotografia e realização: Edgar Pêra

Música: Legendary Tigerman com Dead Combo

Montagem: Nádia Henriques

Produtor executivo: João Pinto Sousa

Produção: Edgar Pêra (no contexto de uma residência

artística na ZDB, 2004-2007)

Formato: vídeo, cor, 8 min.

U K FAZ FALTA, 1995Tomando de empréstimo o sentido político da canção de Zeca Afonso que dá título ao fil-me, U K Faz Falta aproxima – pela afirmativa e pela interrogativa – celebrações populares muito distintas, sob o pano de fundo de uma seleção musical de Miguel Esteves Cardoso. Encomendado pela SIC para assinalar os vinte anos da revolução de 1974, o filme convoca o formato do videoclipe para, com base em diferentes imagens – sejam ima-gens de arquivos públicos, como uma carga policial sobre manifestantes na ponte 25 de Abril, sejam imagens de arquivos pessoais, que refletem o passado colonial português, cruzadas com desfiles de carnaval e aspetos do cosmopolitismo do Bairro Alto – pensar continuidades e choques entre a festa, a luta e a repressão. Edgar Pêra sempre gos-tou de filmar multidões. Aqui, o movimen-to coletivo dá corpo à ideia da democracia como confronto, recuperando o desígnio de viver a luta política como uma festa: a festa da democracia que, neste filme, se abre iro-nicamente com uma sugestiva alusão às co-res e elementos gráficos da bandeira sulista norte-americana.

Câmara, realização e montagem: Edgar Pêra

Seleção musical: Miguel Esteves Cardoso

Produção: SIC

Formato: vídeo, cor, 10 min.

Page 12: 19 — 23 JAN 2017 - serralves.pt · indissociável da sua produção como cineasta e ajuda a enquadrar o universo de mutantes que povoa os seus filmes. Trata-se, de facto, de uma

Curadoria António Preto

Organização Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto Coordenação e ProduçãoServiço de Artes Performativas

Agradecimentos Edgar Pêra, Cláudia Clemente, Diogo Ferreira, Cláudio Vasques, Ana Soares, Rodrigo Areias, Luísa Ramos, Luís Branco, José Soeiro, Leonor Sousa, Miguel Ramos, José Maia, Fernando Carvalho

Apoio institucional

EDGAR PÊRAUMA RETROSPETIVA

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