19 01 2020 1a DINHEI Dinhei 003 - FVA

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a crítica MANAUS, DOMINGO, 19 DE JANEIRO DE 2020 D3 Junio Matos/Freelancer A fábrica beneficiamento de castanhas em uma comunidade rural, no Rio Uarini, beneficia 92 cooperados via FVA REBECA BEATRIZ [email protected] Produzir, desenvolver e pre- servar. Nos últimos anos, es- ses termos vêm sendo pensa- dos em conjunto, dando ori- gem à bioeconomia. O desen- volvimento sustentável entra em jogo e leva as organizações a buscarem meios de concreti- zar isso, à medida que crescem também economicamente. Um exemplo é o Instituto Escolhas, fundado em 2015. O local desenvolve pesquisas re- lacionadas ao meio ambiente e à economia. Um estudo divul- gado pelo Instituto mostrou que é possível ampliar o de- senvolvimento da região por meio da diversidade da econo- mia, em quatro eixos, confor- me mostrou o diretor do Esco- lhas, Sérgio Leitão. “Piscicultura, plano de eco- nomia da transformação digi- tal, bioeconomia e ecoturismo: é possível gerar 212 mil em- pregos diretos nos próximos dez anos e 12 mil empregos in- diretos com relação com as obras de infraestrutura”, cita. economia verde OPORTUNIDADE Bioeconomiadafloresta Segmentos como bioeconomia e ecoturismo da Amazônia podem gerar na região 212 mil empregos diretos e 12 mil indiretos em dez anos, segundo estudo desenvolvido pelo Instituto Escolhas Existem ainda outras inicia- tivas mostrando como é possí- vel desenvolver a economia do País de forma sustentável. Há dez meses em atividade, o Pro- grama Prioritário de Bioecono- mia do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) também tem incentivado negócios de im- pacto social e ambiental. O projeto piloto criou um produto cosmético a partir de açaí e óleo de copaíba, gerou cinco empregos diretos na capi- tal amazonense e 20 no interior. Segundo o coordenador do Programa, Carlos Koury, desde o início do programa, quatro empresas fizeram aporte para apoiar sete projetos. “É enorme o potencial de in- clusão social e interiorização da economia, assim como geração de emprego e receita a partir da inovação. Trata-se não somente de quem trabalha na cadeia pro- dutiva, mas da consolidação de novos processos, equipamentos e softwares”, menciona. Outro exemplo produzindo frutos econômicos e sustentá- veis é a Fundação Vitória Ama- zônica (FVA), com uma fábrica de beneficiamento de castanhas em uma comunidade rural, no Rio Uarini, com 92 cooperados. Podem ser produzidas até 60 to- neladas em um ano, e a fábrica tem capacidade de produção de cerca de 20 a 25 toneladas de castanhas em amêndoas. O economista Osiris Silva analisa que é fundamental di- versificar a matriz econômica. “O complexo Zona Franca, para ajustar-se aos padrões tecnoló- gicos internacionais, particular- mente à Indústria 4.0, deverá sofrer transformações: implan- tação de Plataforma de Exporta- ções e Desenvolver a Bioecono- mia via incorporação de recur- sos da biodiversidade”, conclui. personagem FABIANO SILVA Coordenador executivo da F VA “É viável produzir” “A fundação desenvolve desde os anos 90 atividades com foco na valorização de produtos da biodiversidade, conhecimentos tradicionais das comunidades do interior para o desenvolvimento de economias regionais baseadas na sociobiodiversidade amazônica.É viável desenvolver cadeias econômicas e envolver economias locais atendendo a legislação, incluindo a das áreas protegidas, tradicionalmente criticadas e consideradas um empecilho para o desenvolvimento econômico.

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a críticaMANAUS, DOMINGO,

19 DE JANEIRODE 2020

D3

JunioMatos/Freelancer

A fábrica beneficiamento de castanhas em uma comunidade rural, no Rio Uarini, beneficia 92 cooperados via FVA

[email protected]

Produzir, desenvolver e pre-servar. Nos últimos anos, es-ses termos vêm sendo pensa-dos em conjunto, dando ori-gem à bioeconomia. O desen-volvimento sustentável entraem jogo e leva as organizaçõesa buscaremmeios de concreti-zar isso, àmedidaquecrescemtambémeconomicamente.Um exemplo é o Instituto

Escolhas, fundado em 2015. Olocal desenvolve pesquisas re-lacionadas aomeio ambiente eà economia. Um estudo divul-gado pelo Instituto mostrouque é possível ampliar o de-senvolvimento da região pormeio da diversidade da econo-mia, em quatro eixos, confor-me mostrou o diretor do Esco-lhas, Sérgio Leitão.“Piscicultura, plano de eco-

nomia da transformação digi-tal, bioeconomia e ecoturismo:é possível gerar 212 mil em-pregos diretos nos próximosdez anos e 12mil empregos in-diretos com relação com asobras de infraestrutura”, cita.

economiaverdeOPORTUNIDADE

BioeconomiadaflorestaSegmentoscomobioeconomiaeecoturismodaAmazôniapodemgerarnaregião212milempregosdiretose12milindiretosemdezanos,segundoestudodesenvolvidopeloInstitutoEscolhas

Existem ainda outras inicia-tivas mostrando como é possí-vel desenvolver a economia doPaís de forma sustentável. Hádez meses em atividade, o Pro-grama Prioritário de Bioecono-mia do Instituto deConservação

e Desenvolvimento Sustentávelda Amazônia (Idesam) tambémtem incentivado negócios de im-pacto social e ambiental.O projeto piloto criou um

produto cosmético a partir deaçaí e óleo de copaíba, gerou

cinco empregos diretos na capi-tal amazonense e 20 no interior.Segundo o coordenador do

Programa, Carlos Koury, desdeo início do programa, quatroempresas fizeram aporte paraapoiar sete projetos.

“É enorme o potencial de in-clusão social e interiorização daeconomia, assim como geraçãode emprego e receita a partir dainovação. Trata-se não somentede quem trabalha na cadeia pro-dutiva, mas da consolidação denovos processos, equipamentose softwares”, menciona.Outro exemplo produzindo

frutos econômicos e sustentá-veis é a Fundação Vitória Ama-zônica (FVA), com uma fábricade beneficiamento de castanhasem uma comunidade rural, noRio Uarini, com 92 cooperados.Podem ser produzidas até 60 to-neladas em um ano, e a fábricatem capacidade de produção decerca de 20 a 25 toneladas decastanhas em amêndoas.O economista Osiris Silva

analisa que é fundamental di-versificar a matriz econômica.“O complexo Zona Franca, paraajustar-se aos padrões tecnoló-gicos internacionais, particular-mente à Indústria 4.0, deverásofrer transformações: implan-tação de Plataforma de Exporta-ções e Desenvolver a Bioecono-mia via incorporação de recur-sos da biodiversidade”, conclui.

personagem

FABIANOSILVACoordenadorexecutivodaFVA

“Éviávelproduzir”“Afundaçãodesenvolvedesdeosanos90atividadescomfoconavalorizaçãodeprodutosdabiodiversidade,conhecimentostradicionaisdascomunidadesdointeriorparaodesenvolvimentodeeconomiasregionaisbaseadasnasociobiodiversidadeamazônica.Éviáveldesenvolvercadeiaseconômicaseenvolvereconomias locaisatendendoa legislação, incluindoadasáreasprotegidas, tradicionalmentecriticadaseconsideradasumempecilhoparaodesenvolvimentoeconômico.