18o Domingo Do Tempo Comum

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18 O DOMINGO DO TEMPO COMUM (Ex 16,2-4.12-15; Sl 77; Ef 4,17.20-24; Jo 6,24-35) O capítulo 6 do Evangelho segundo João é o discurso sobre o “Pão da vida”. Jesus é o verdadeiro “Pão do céu”, porque alimenta não somente o corpo, mas também o espírito. Ou seja, não apenas supre uma necessidade básica de sobrevivência que logo voltará, mas seu alimento tem valor eterno pois quem “come deste pão nunca mais terá fome”. O diálogo travado entre Jesus e a “multidão” que o segue tem um método catequético, de perguntas e respostas, de exemplos e definições e que chega a conclusão de que somente Deus é o verdadeiro alimento. Não que o pão material não seja importante, afinal sem comida não se tem forças para lutar. Jesus mesmo se preocupou muitas vezes com o pão material para os pobres. O fato é que Jesus suspeita que eles estão atrás dele não porque perceberam o “sinal”, mas porque ficaram saciados. Ou seja, pararam no sinal, esquecerem que ele apenas sinaliza, mas não é o principal. Quando Jesus faz o “milagre do Pão”, quer anunciar algo muito maior que matar momentaneamente a fome do povo. Por isso ele começa com o pão material, dando o exemplo ao povo que quando há caridade, quando as pessoas sabem repartir, ninguém mais passa fome. O sinal era este, para além do “milagre”. Jesus utiliza do exemplo do pão por razões culturais. Se ele fosse brasileiro, utilizaria o arroz com feijão. Mas na cultura do oriente médio naquela época, presente em alguns povos beduínos, o pão é o alimento por excelência. É fácil de fazer (pão de farinha de cevada porque o de trigo era um pão de luxo); fácil de carregar, não precisa de outros objetos para guardar (um saco serve); era cortado com as mãos sem uso de faca, e outra coisa não menos importante: não se passa nada no pão (doce, margarina, etc). Comer o pão junto, naquela cultura, era um sinal de extrema intimidade, prática relegada, por vezes, somente no grupo familiar. Dai o termo em português: “companheiro”, que significa o que come o pão junto (cum e panis). Jesus os convida a olhar além do milagre. Não se pode buscá-lo a troco de migalhas, de milagres. Eles

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homilia do 18 domingo do tempo comum

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18O DOMINGO DO TEMPO COMUM(Ex 16,2-4.12-15; Sl 77; Ef 4,17.20-24; Jo 6,24-35)

O captulo 6 do Evangelho segundo Joo o discurso sobre o Po da vida. Jesus o verdadeiro Po do cu, porque alimenta no somente o corpo, mas tambm o esprito. Ou seja, no apenas supre uma necessidade bsica de sobrevivncia que logo voltar, mas seu alimento tem valor eterno pois quem come deste po nunca mais ter fome. O dilogo travado entre Jesus e a multido que o segue tem um mtodo catequtico, de perguntas e respostas, de exemplos e definies e que chega a concluso de que somente Deus o verdadeiro alimento. No que o po material no seja importante, afinal sem comida no se tem foras para lutar. Jesus mesmo se preocupou muitas vezes com o po material para os pobres. O fato que Jesus suspeita que eles esto atrs dele no porque perceberam o sinal, mas porque ficaram saciados. Ou seja, pararam no sinal, esquecerem que ele apenas sinaliza, mas no o principal. Quando Jesus faz o milagre do Po, quer anunciar algo muito maior que matar momentaneamente a fome do povo. Por isso ele comea com o po material, dando o exemplo ao povo que quando h caridade, quando as pessoas sabem repartir, ningum mais passa fome. O sinal era este, para alm do milagre. Jesus utiliza do exemplo do po por razes culturais. Se ele fosse brasileiro, utilizaria o arroz com feijo. Mas na cultura do oriente mdio naquela poca, presente em alguns povos bedunos, o po o alimento por excelncia. fcil de fazer (po de farinha de cevada porque o de trigo era um po de luxo); fcil de carregar, no precisa de outros objetos para guardar (um saco serve); era cortado com as mos sem uso de faca, e outra coisa no menos importante: no se passa nada no po (doce, margarina, etc). Comer o po junto, naquela cultura, era um sinal de extrema intimidade, prtica relegada, por vezes, somente no grupo familiar. Dai o termo em portugus: companheiro, que significa o que come o po junto (cum e panis).Jesus os convida a olhar alm do milagre. No se pode busc-lo a troco de migalhas, de milagres. Eles queriam manipula-lo e por isso Jesus logo diz que no vieram porque viram sinais mas porque comeram o po e ficaram saciados. Por vezes a pessoas buscam a Deus apenas quando tem alguma necessidade, quando precisam resolver alguma questo. No esto preocupados em ir alm, em compromisso. Querem uma soluo mgica, exigem algo mas no esto disposto a trabalhar por isso. O mercado religioso atual est cheio de pessoas que buscam a Deus, de interesses pessoais, e encontram nos espertalhes de planto um Deus conforme seu gosto, um Deus em quem eles podem manipular. Doce iluso. Obviamente no Deus de Jesus.Ns cristos somos chamados a ir alm do que vemos, ir mais a fundo. Acolher o convite de Jesus que nos sacia verdadeiramente. Ele pode nos direcionar a termos uma vida repleta de objetividade, de sentido. Trabalhar pelo reino de Deus, j aqui, atravs de nossa prtica crist, conscientizando que a caridade e no o dinheiro podem sim matar a fome do mundo; que o consumismo no nos dar a felicidade porque nunca seremos completos respondendo apenas os nossos desejos egocntricos e que a vida um presente de Deus quando sabemos conduzi-la ouvindo a Jesus. Ele o po neste sentido, porque sacia nossa fome de sentido de vida. Ele oferece a quem se aproxima uma existncia marcante, porque vivida na caridade e na comunidade fraterna. A fome que Cristo mata a fome de justia, de paz, de verdade. Quem tem fome disso, ento se aproxime de Cristo porque ele o po que alimenta esta fome. A Eucaristia que celebramos a resposta nossa de cristos ao mundo de que Jesus o caminho, a verdade e a vida. que Ele torna nossa existncia interessante e faz com que cada ato, cada palavra, cada gesto de carinho, de partilha, de solidariedade, de espiritualidade tenha sentido. Ele po que sacia nossa fome.