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    Sociedade das Cincias Antigas

    OS DOZE TRABALHOS DE HRCULES

    Existem diversas verses sobre os Doze Trabalhos e Hrcules, assim como tambm a ordem emque foram executados varia de autor para autor. O mais importante estudar o significado dos DozeTrabalhos sob o ponto de vista Inicitico e Espiritual (da Alma).

    Conta a lenda que Hrcules assombrava a todos: comia e bebia por vinte homens, arrancava rvoressomente para brincar, lutava vitoriosamente com touros e lees. O sbio centauro Quiron ensinou-lhe a arte da caa e a manejar a lana e o arco; Lino, um velho filsofo, tornava-o ao mesmo tempohbil na retrica, na poesia e na msica. Todavia, quanto mais Quiron se orgulhava de seu aluno,tanto mais Lino o considerava fraco e aptico, de maneira que censuras e punies choviam sobre o

    discpulo. O rapaz, j dera mostras bem cedo, era de temperamento impulsivo. Aconteceu, ento,que, um dia, aps a milsima repreenso do mestre, ele sentiu o sangue ferver-lhe nas veias,apanhou a ctara e deu com ela na cabea do desventurado filsofo. Sob o tremendo golpe, Linotombou ao cho, sem um gemido, morto. A mgoa de Hrcules foi imensa. No sabendo comoexpiar seu crime involuntrio, foi a Delfos, consultar o orculo de Apolo, porque de modo obscuroHrcules compreendia que estava vivendo uma crise que conduziria a uma mudana de atitude e de

    plano. Foi assim que ele apresentou-se diante do Mestre.

    Hrcules era, inicialmente, Alkeides e seu nome foi mudado depois de uma estranha experincia eantes de iniciar os trabalhos. Hrcules ou Herakles significa a glria de Hera que por sua vezrepresenta a Psique, ou a alma. Assim, seu nome personificava a sua misso que era manifestar, em

    trabalho ativo no plano fsico, a glria e o poder de sua divindade inata.

    1 Trabalho

    A Captura das guas Antropfagassignificando o aprendizado sobre o controle da mente.

    Diomedes, filho de Marte, governava uma terra de pntanos onde criava os cavalos e guas para aguerra. Os cavalos eram selvagens e as guas eram ferozes, diante dos quais os homens tremiam,

    pois elas matavam todos os que cruzassem seu caminho e procriavam sem cessar cavalosextremamente selvagens e perversos. Hrcules recebeu a tarefa de capturar as malignas guas e dar

    um fim s suas atrocidades. Para isso, Hrcules chamou seu inseparvel amigo, Abderis. Apsplanejar seus atos cuidadosamente, os dois seguiram os cavalos soltos pelos pntanos da regio e,finalmente, encurralaram as guas bravias num campo onde no havia espao para que semovessem. L ele agarrou-as e acorrentou-as e deu gritos de alegria pelo sucesso alcanado. Tofeliz se sentia que julgou indigno de si conduzir as guas at Diodemes e para isso chamou Abderis,lhe deu a tarefa e seguiu adiante. Mas Abderis era fraco e teve medo. No conseguiu conter asguas que se voltaram contra ele e mataram-no, fugindo em seguida. Hrcules retornou sua tarefa,mais sbio, presa da dor, humilde e abatido. Procurou os cavalos por toda a parte, deixando o amigomorto no cho. Prendeu novamente os cavalos e conduziu-os ele mesmo. Mas Abderis estavamorto. Os cavalos foram conduzidos para um lugar de paz para serem domesticados e adestrados e

    o povo aclamava Hrcules como seu libertador e salvador de sua terra. Mas seu amigo estava

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    morto, e Hrcules sabia que o Primeiro Trabalho estava feito, mas mal feito. Que havia umaimportante lio a aprender dessa tarefa antes de prosseguir.

    Este Primeiro Trabalho est associado ao signo de ries. ries governa a cabea, portanto umsigno mental. Todos os comeos se originam no plano mental e na mente do criador.Consequentemente, est claro que em ries comeam a correta direo e a correta orientao deHrcules. O cavalo simboliza a atividade intelectual: o cavalo branco representa a mente iluminada

    do homem espiritual e cavalos negros representam a mente inferior, com suas idias falsas eerrneos conceitos humanos. O significado dessa prova agora est mais evidente. Hrcules tinhaque comear no mundo do pensamento para obter o controle mental. As guas do pensamentovinham produzindo cavalos guerreiros e, atravs do pensamento errado, da palavra errada e deidias errneas, devastavam os campos. Uma das primeiras lies que todo o principiante tem queaprender o tremendo poder que ele exerce mentalmente, e a extenso do mal que ele pode causarno meio que o circunda, atravs das guas reprodutoras da mente. Por isso ele tem que aprender ocorreto uso de sua mente e a primeira coisa a fazer capturar as guas e providenciar para que nogerem mais cavalos guerreiros. Para aquele que pretende seguir o Caminho, basta que dedique umnico dia a observar o pensamento e perceber que quase todo o tempo, a maldade, o amor fofoca

    e crtica esto sendo fertilizadas pelo egosmo e a iluso. Hrcules compreendeu o mal que asguas estavam causando e correu em socorro das pessoas, determinado a captur-las; porm elesuperestimou-se quando no percebeu a potncia e a fora que elas possuam, tanto que as entregoua Abderis, o smbolo do eu inferior pessoal. Hrcules, a alma, e Abderis, a personalidade, juntoseram necessrios para guardar as guas. Sozinho, Abderis no tinha fora suficiente e por isso foimorto. Assim funciona a grande lei: pagamos em nossas prprias naturezas o preo pelas palavrasincorretamente proferidas e pelas aes mal-julgadas. Assim, uma vez mais, a alma na pessoa deHrcules teve que lidar com o problema do pensamento errneo, e somente mais tarde ele conseguerealmente atingir o controle total dos processos de pensamento e de sua natureza.

    2 Trabalho

    "A Captura do Touro de Creta"significando o aprendizado sobre a natureza dos desejos.

    Triste e s Hrcules segue seu Caminho para realizar o Segundo Trabalho. No horizonte erguia-se ailha onde vivia o touro que ele deveria capturar. O touro era guardado por um labirinto quedesnorteava os homens mais audazes: o labirinto de Minos, Rei de Creta, guardio do touro.Cruzando o oceano at a ilha ensolarada, Hrcules iniciou sua tarefa de procurar o touro e conduzi-lo ao Lugar Sagrado onde habitam os homens de um s olho, os Ciclopes. De um lugar para o outroele caava o touro, seguindo a luz que brilhava na testa do animal. Sozinho ele o perseguiu,encurralou, capturou e o montou e assim, guiado pela luz, atravessou o oceano rumo terra dos

    Ciclopes que eram trs e chamavam-se Brontes, Esterope e Arges. importante observar queMinos, Rei de Creta, o dono do touro sagrado, possua tambm o labirinto no qual o Minotaurovivia, e o labirinto tem sido sempre smbolo da grande iluso. A palavra labirinto significa algoconfuso, que desnorteia, desorienta, embaraa. A ilha de Creta com seu labirinto e o touro umdestacado smbolo da grande iluso. Estava separada do continente, e iluso e confuso socaractersticas do eu-separado, mas no da alma em seu prprio plano, onde as realidades grupais eas verdades universais constituem o seu reino. Para Hrcules, o touro representava o desejo animal,e os muitos aspectos do desejo no mundo da forma, a totalidade dos quais constitui a grande iluso.O discpulo, tal como Hrcules, uma unidade separada; separada do continente, smbolo do grupo,

    pelo mundo da iluso e pelo labirinto em que vive. O touro do desejo tem que ser capturado,

    domado e perseguido de um ponto a outro da vida do eu-separado, at o momento em que o

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    aspirante possa fazer o que Hrcules conseguiu: montar o touro. Montar um animal significacontrolar. O touro no sacrificado, ele montado e dirigido, sob o domnio do homem.

    Este Trabalho est associado ao signo de Touro. A consumao do trabalho realizada em Touro, eo resultado da influncia desse signo, a glorificao da matria e a subsequente iluminao porseu intermdio. Tudo que atualmente impede a glria, que a alma, e o esplendor que emana deDeus dentro da forma, de brilhar em sua plenitude, a matria ou aspecto-forma. Quando esta

    houver sido consagrada, purificada e espiritualizada, ento a glria e a luz podero realmentebrilhar atravs dela.

    3 Trabalho

    "Os Pomos de Ouro de Esprides"significando o conhecimento de si prprio.

    Num longnquo pas crescia a rvore sagrada, a rvore da sabedoria, que produzia as mas de ourode Hesprides. Esses frutos eram desejados por todos os filhos dos homens que se reconheciam

    igualmente como filhos de Deus. Havia duas coisas que Hrcules sabia sobre a rvore sagrada: queela era carinhosamente cuidada por trs belas donzelas e que um drago de cem cabeas protegia asdonzelas e a rvore.

    Hrcules ps-se a caminho, cheio de confiana, seguro de si, de sua sabedoria e de sua fora.Seguiu em direo ao norte e percorreu a terra procura da rvore sagrada, mas no a encontrou.Perguntava a todos os homens que encontrava, mas nenhum pode gui-lo no caminho; nenhumconhecia o lugar. O tempo passava e ele ainda procurava, vagando de um lado para o outro,freqentemente retornando sobre os prprios passos. Triste e desencorajado, ainda assim procurava

    por toda a parte. No encontrando a rvore sagrada no caminho do norte, Hrcules partiu para o sule, no lugar da escurido, continuou sua busca. Sonhou com um rpido sucesso, mas Anteu, a

    serpente, atravessou-lhe o caminho e lutou com ele, vencendo-o a cada investida. Ela guarda arvore, disse Hrcules, isto me disseram, portanto a rvore deve estar por perto. Preciso derrubarsua guarda e assim, destruindo-a, venc-la e arrancar os frutos. Contudo, lutando com todas asforas, ele no a vencia. Onde est o meu erro? dizia Hrcules. Por que Anteu pode vencer-me?Mesmo quando criana destrui uma serpente em meu bero. Com minhas prprias mos aestrangulei. Por que fracasso agora? Lutando novamente com todo o seu poder, ele agarrou aserpente em suas mos e levantou-a no ar, longe do cho. E conseguiu realizar seu intento. Feliz,confiante, seguro de si e com nova coragem, Hrcules continuou em sua busca. Agora se voltou

    para o ocidente, e tomando essa direo, encontrou o fracasso. Atirou-se ao terceiro grande testesem pensar e por muito tempo o fracasso atrasou seus passos. L ele encontrou Busiris, o grandearqui-enganador, filho das guas e parente de Poseidon. Seu trabalho trazer a iluso aos filhos dos

    homens atravs de palavras de aparente sabedoria. Ele afirma conhecer a verdade e rapidamenteeles acreditam. Ele diz belas palavras: Eu sou o mestre. A mim dado o conhecimento da verdade,aceita o meu modo de vida. S eu sei, ningum mais. Minha verdade correta. Qualquer outraverdade errnea e falsa. Fica comigo e salva-te. E Hrcules obedeceu; e a cada dia enfraqueciaem seu anterior caminho, sua fora estava minada. Ele amava Busiris e aceitava tudo o que eledizia, tornando-se cada vez mais fraco, at que chegou o dia que o seu amado mestre o amarrou aum altar e l o manteve um ano inteiro. Repentinamente, um dia, quando lutava por se libertar, elentamente comeava a perceber quem Busiris realmente era, palavras que ouvira h muito tempovieram-lhe mente: A verdade est dentro de ti mesmo. No teu interior h um poder mais elevado,fora e sabedoria. Volta-te para o teu interior e evoca a fora que existe, o poder que a herana de

    todos os homens que so filhos de Deus. Com a fora que a fora de todos os filhos de Deus, elerompeu as amarras, agarrou o falso mestre e prendeu-o no altar em seu lugar. No disse uma

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    palavra, apenas deixou-o l para que aprendesse. Mais contido, embora cheio de indagaes,Hrcules percorreu longas distncias sem rumo certo, prosseguindo em sua busca. Aprendera muitodurante o ano que passara preso ao altar e agora percorria o Caminho com maior sabedoria. Portodos os caminhos a busca prosseguiu; de norte a sul e de leste a oeste foi procurada a rvore, masno encontrada. At que um dia, esgotado pelo medo e pela longa viagem, ele ouviu, de um

    peregrino que passava no caminho, rumores de que, perto de uma montanha distante a rvore seriaencontrada, a primeira afirmao verdadeira que lhe fora feita at ento. Assim, ele retrocedeu

    sobre seus passos em direo s altas montanhas do leste, e num certo dia, brilhante e ensolarado,ele viu o objeto de sua busca e ento apressou o passo. Agora tocarei a rvore sagrada, gritou emmeio sua alegra, montarei o drago que a guarda; e verei as belas renomadas virgens; e colhereias mas. Mas novamente foi detido por um sentimento de profunda tristeza. sua frente estavaAtlas, cambaleante sob o peso dos mundos s suas costas. Sua face estava vincada pelo sofrimento;seus membros vergados pela dor; seus olhos cerrados em, agonia; ele no pedia auxlio; ele no viuHrcules; apenas l estava, curvado pela dor, pelo peso dos mundos. Trmulo, Hrcules observava eavaliava o quanto havia de peso e de dor. E esqueceu sua busca. A rvore sagrada e as masdesapareceram de sua mente; ele s pensava em como ajudar o gigante e isso sem demora; correu

    para ele e animadamente retirou a carga dos ombros de seu irmo, passou-a para suas prprias

    costas, agentando ele mesmo a carga dos mundos. Cerrou os olhos, enrijecendo os msculos sob oesforo, e ento eis que a carga se desprendeu e l estava ele livre, como Atlas. Diante dele, asmos estendidas num gesto de amor, o gigante ofereceu a Hrcules as mas de ouro. Era o fim da

    busca. As virgens trouxeram mais mas de ouro e tambm as depositaram em suas mos e Aegle, abela virgem que a glria do sol poente, disse-lhe: O Caminho que traz a ns sempre marcadopelo servio. Atos de amor so sinalizaes no Caminho. Ento, Eritia, a guardi do porto quetodos devem atravessar antes de se apresentarem diante do Criador, deu-lhe uma ma na qualestava inscrita em luz a palavra de ouro SERVIO. Lembra-te disto disse ela jamais teesqueas. Por ltimo veio Hspero, a maravilha da estrela vespertina, que com clareza e amordisse: Vai e serve, e a partir de hoje e para sempre, palmilha o caminho de todos os servidores domundo. Ento eu devolvo estas mas para aqueles que viro, disse Hrcules, e retornou ao

    lugar de onde viera. Ento ele ouviu a voz de seu Mestre, que lhe falava pela primeira vez desdeque iniciara o Caminho: No houve retardamento. A regra que acelera todo o sucesso na sendaescolhida Aprende a servir.

    Este Trabalho, no signo de Gmeos, relacionado com o trabalho ativo do aspirante no plano fsico proporo que ele chega a uma compreenso de si mesmo. Antes que este trabalho ativo se torne

    possvel, deve haver um ciclo de pensamento interior e anseio mstico; a aspirao viso e umprocesso subjetivo desenvolvido, talvez por longo tempo, antes que o homem, no plano fsico,comece o trabalho de unificao de alma e corpo. Este o tema deste trabalho. neste plano fsicode realizao, e no trabalho de obter as mas de ouro da sabedoria, que a prova real da sinceridadedo aspirante tem lugar. Um anseio de ser bom, um profundo desejo de averiguar os fatos da vidaespiritual, esforos para auto-disciplina, orao e meditao, precedem quase que inevitavelmente,este real e tenaz esforo. O visionrio precisa tornar-se um homem de ao; o desejo tem que sertrazido para o mundo da concretizao, e nisto que consiste a prova de Gmeos. O plano fsico olugar onde se obtm a experincia e onde as causas, que foram iniciadas no mundo do esforomental, tm que se manifestar e alcanar objetividade. tambm o lugar onde o mecanismo decontato se desenvolve, onde, pouco a pouco, os cinco sentidos abrem ao ser humano, novos camposde percepo e lhe oferecem novas esferas de conquistas e realizao. o lugar, portanto, onde oconhecimento obtido, e onde esse conhecimento tem que ser transmutado em sabedoria.Conhecimento a busca do sentido, enquanto que sabedoria o onisciente e sinttico conhecimentoda alma. Contudo, sem compreenso na aplicao do conhecimento, ns perecemos; pois

    compreenso a aplicao do conhecimento sob a luz da sabedoria aos problemas da vida e

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    conquista da meta. Neste trabalho, Hrcules defronta-se com a tremenda tarefa de aproximar os doisplos de seu ser e de coordenar, ou unificar, alma e corpo, de modo que a dualidade d lugar unidade e os pares de opostos se mesclem.

    4 Trabalho

    "A Captura da Corsa"

    significando o desenvolvimento da intuio.

    Hrcules foi incumbido de capturar a corsa com galhada de ouro. Olhando ao redor de si, viu que,ao longe, erguia-se o Templo do Deus-Sol. No alto de uma colina prxima viu o esguio cervo,objeto de seu quarto trabalho. Foi ento que rtemis, que tem sua morada na lua, disse a Hrcules,em tom de advertncia: A cora minha, portanto no toque nela. Por longos anos eu a alimentei ecuidei dela. O cervo meu e meu deve permanecer. Ento, de um salto surgiu Diana, a caadorados cus, a filha do sol. Ps calados de sandlias, em passos largos movendo-se em direo aocervo, tambm ela reclamou a sua posse. No, rtemis, belssima donzela, no; o cervo meu emeu deve permanecer, disse ela. At hoje ele era jovem demais, mas agora ele pode ser til. A

    cora de galhada de ouro minha, e minha permanecer. Hrcules observava e ouvia a disputa e seperguntava porque as donzelas lutavam pela posse da cora. Uma outra voz atingiu-lhe os ouvidos,uma voz de comando que dizia: A cora no pertence a nenhuma das duas donzelas, oh Hrcules,mas sim ao Deus cujo santurio podes ver sobre aquele monte distante. Salva-a, e leva-a para asegurana do santurio, e deixa-a l. Coisa simples de se fazer, oh filho do homem, contudo, ereflete bem sobre minhas palavras; sendo tu um filho de Deus, deves ir sua procura e agarrar acora. Vai. De um salto Hrcules lanou-se caada que o esperava. distncia, as donzelas emdisputa tudo observavam. rtemis, a bela, apoiada na lua e Diana, a bela caadora dos bosques deDeus, seguiam os movimentos da cora e, quando surgia uma oportunidade, ambas iludiamHrcules, procurando anular seus esforos. Ele perseguiu a cora de um ponto a outro e cada umadelas sutilmente o enganava. E assim o fizeram muitas e muitas vezes. Durante um ano inteiro, o

    filho do homem que um filho de Deus, seguiu a cora por toda a parte, captando rpidosvislumbres de sua forma, apenas para descobrir que ela desaparecera na segurana dos densosbosques. Correndo de uma colina para outra, de bosque em bosque, Hrcules a perseguiu at que margem de uma tranqila lagoa, estendida sobre a relva ainda no pisada, ele viu-a a dormir,exausta pela fuga. Com passos silenciosos, mo estendida e olhar firme, ele lanou uma flecha,ferindo-a no p. Reunindo toda a vontade de que estava possudo, aproximou-se da cora, e aindaassim, ela no se moveu. Assim, ele foi at ela, tomou-a nos braos, e enlaou-a junto ao seucorao, enquanto rtemis e a bela Diana o observavam. Terminou a busca, bradou ele. Para aescurido do norte fui levado e no encontrei a cora. Lutei para abrir meu caminho atravs decerradas, profundas matas, mas no encontrei a cora; e por lgubres plancies e ridas regies eselvagens desertos eu persegui a cora, e ainda assim no a encontrei. A cada ponto alcanado, as

    donzelas desviavam meus passos, porm eu persisti, e agora a cora minha! A cora minha!No, no , oh Hrcules, disse a voz do Senhor. A cora no pertence a um filho do homem,mesmo embora sendo um filho de Deus. Carrega a cora para aquele distante santurio ondehabitam os filhos de Deus e deixa-a l com eles. Por que tem que ser assim, oh Senhor? A cora minha; minha, porque muito peregrinei sua procura, e mais uma vez minha, porque a carrego

    junto ao corao. E no s tu um filho de Deus, embora um filho do homem? E no o santuriotambm a tua morada? E no compartilhas tu da vida de todos aqueles que l habitam? Leva para osanturio de Deus a cora sagrada, e deixa-a l, oh filho de Deus. Ento, para o santurio sagradode Micenas, levou Hrcules a cora; carregou-a para o centro do lugar santo e l a depositou. E aodeit-la l diante do Senhor, notou o ferimento em seu p, a ferida causada pela flecha do arco que

    ele possura e usara. A cora era sua por direito de caa. A cora era sua por direito de habilidade edestreza de seu brao. Portanto a cora duplamente minha, disse ele. Porm, rtemis, que se

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    achava no ptio externo do sacratssimo lugar ouviu seu brado de vitria e disse: No, no . Acora minha, e sempre foi minha. Eu vi sua forma, refletida na gua; eu ouvi seus passos peloscaminhos da terra; eu sei que a cora minha, pois todas as formas so minhas. Do lugar sagrado,falou o Deus-Sol. A cora minha, no tua, oh rtemis! Seu esprito est comigo por toda aeternidade, aqui no centro deste santurio sagrado. Tu, rtemis, no podes entrar aqui, mas sabesque eu digo a verdade. Diana, a bela caadora do Senhor, pode entrar por um momento e contar-te oque v. A caadora do Senhor entrou por um momento no santurio e viu a forma daquilo que fora

    a cora, jazendo diante do altar, parecendo morta. E com tristeza ela disse: Mas se seu espritopermanece contigo, oh grande Apolo, nobre filho de Deus, ento sabes que a cora est morta. Acora est morta pelo homem que um filho do homem, embora seja um filho de Deus. Por que

    pode ele passar para dentro do santurio enquanto ns esperamos pela cora l fora? Porque elecarregou a cora em seus braos, junto ao corao, e a cora encontra repouso no lugar sagrado, etambm o homem. Todos os homens so meus. A cora igualmente minha; no vossa, nem dohomem, mas minha. Hrcules ento diz ao Mestre: Cumpri a tarefa indicada. Foi simples, a noser pelo longo tempo gasto e o cansao da busca. No dei ouvidos queles que faziam exigncias,nem vacilei no Caminho. A cora est no lugar sagrado, junto ao corao de Deus, da mesma formaque, na hora da necessidade, est tambm junto ao meu corao. Vai olhar de novo, oh Hrcules,

    meu filho. E Hrcules obedeceu. Ao longe se descortinavam os belos contornos da regio e nohorizonte distante erguia-se o templo do Senhor, o santurio do Deus-Sol. E numa colina prximavia-se uma esguia cora. Realizei a prova, oh Mestre? A cora est de volta sobre a colina, onde eua vi anteriormente. E, o Mestre respondeu: Muitas e muitas vezes precisam todos os filhos doshomens, que so os filhos de Deus, sair em busca da cora de cornos de ouro e carreg-la para olugar sagrado; muitas e muitas vezes. O quarto trabalho est terminado, e devido natureza da

    prova e devido natureza da cora, a busca tem que ser freqente e no te esqueas disto: meditasobre a lio aprendida.

    Este trabalho est associado ao signo de Cncer. Nos quatro primeiros signos o aspirante preparaseu equipamento e aprende a utiliz-lo. Em ries ele se apossa de sua mente e procura submet-la,

    aprendendo o controle mental. Em Touro, a me da iluminao, ele recebe o primeiro lampejodaquela luz espiritual cujo brilho aumentar progressivamente medida que ele se aproxima de suameta. Em Gmeos, ele no s se apercebe dos dois aspectos de sua natureza, como o aspectoimortal comea a crescer s custas do mortal. Agora, em Cncer, ele tem seu primeiro contato comaquele sentido mais universal que o aspecto superior da conscincia da massa. Equipado com umamente controlada, com uma capacidade para registrar a iluminao, habilidade para estabelecercontato com seu aspecto imortal e reconhecer intuitivamente o reino do esprito, ele est pronto parao trabalho maior. Vimos que a cora era sagrada para rtemis, como o instinto animal; para Diana,como o intelecto e para Apolo, como a intuio. Cada um deles via nela um aspecto, pormHrcules, o caador, viu nela algo mais: a intuio espiritual, essa extenso da conscincia, essealtamente desenvolvido sentido de viva percepo que d aos discpulos a viso de novos camposde contato e lhe revela um novo mundo. Ele tem que aprender a usar o intelecto sob a influncia deDiana, e por meio dele entrar em sintonia com o mundo das idias e da pesquisa humanas. Tem queaprender a levar essa capacidade que possui para o templo do Senhor e l, v-la transmutada emintuio, e por meio da intuio tomar conscincia das coisas do esprito e daquelas realidadesespirituais que nem o instinto, nem o intelecto lhe podem revelar. O que freqentemente nosesquecemos que, na verdade, no existem distines ntidas entre os vrios aspectos da naturezado homem, mas que todas so fases de uma mesma realidade. As palavras instinto, intelecto eintuio so apenas aspectos variados da conscincia e da resposta ao meio e ao mundo no qual ohomem se encontra.

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    suas mos, mantinha-o preso. Os rugidos tornaram-se cada vez mais dbeis; seu corpo amolecia eescorregava. E, assim, sem armas, com suas prprias mos e sua prpria fora, ele matou o leo,tirou-lhe a pele e mostrou-a ao povo do lado de fora da caverna. Em triunfo, Hrcules retornou aoseu Mestre, depositou a pele do leo aos seus ps e teve permisso para us-la em substituio velha e gasta pele que usava.

    Este Trabalho associa-se ao signo de Leo. O Quinto Trabalho, o quinto signo. Este o trabalho

    mais conhecido de Hrcules e se distingue por ser o de nmero cinco que contm sem si mesmo umprofundo significado. Do ponto de vista do ocultismo, o nmero cinco representa o homem, porqueo homem um divino filho de Deus, mais o quaternrio que consiste na sua natureza qudruplainferior: o corpo mental, o corpo emocional, o corpo vital e o corpo fsico. Em ries, a alma tomou

    para si o tipo de matria que lhe permitiria entrar em relao com o mundo das idias. Revestiu-sede um envlucro mental. O homem tornou-se uma alma pensante. Em Touro, fez o contato com omundo do desejo e seguiu-se um processo idntico. Fez contato com o mundo do sentimento e daemoo e o homem tornou-se uma alma que sente. Em Gmeos, foi construdo um novo corpo deenergia vital atravs da reunio das energias da alma e da matria e o homem tornou-se uma almavivente. Em Cncer, que o signo do nascimento fsico e da identificao da unidade com a massa,

    o trabalho da encarnao foi completado e a natureza qudrupla manifestada. Mas em Leo que ohomem se torna a estrela de cinco pontas, pois essa estrela o smbolo da individualizao, dasua humanidade, do ser humano que sabe que um indivduo e toma conscincia de si mesmo comoEU. Aqui a relao entre o Quinto Mandamento com o Quinto Trabalho e o quinto signo torna-seclara: Honra teu pai e tua me para que teus dias se tornem longos na terra que o Senhor, teu Deus,te deu, pois em Leo, Pai-Esprito e a Me-Matria se unem no indivduo e dessa unio resultaaquela entidade consciente que a alma. Leo tambm o signo no qual o homem auto-conscientecomea seu treinamento para a iniciao. Quando o trabalho deste signo termina, comea otreinamento especfico da iniciao, em Capricrnio. Dois pensamentos bblicos resumem a liodeste Trabalho: Seu adversrio, o diabo, como um leo rugindo, se movimenta, procurando a quem

    possa devorar. (Epstola de So Pedro). Eis que o Leo da tribo de Judah, a Raiz de Davi, venceu

    para abrir o livro e os seus sete selos. (Revelaes 5:5). O Leo de Nemia representaessencialmente a personalidade coordenada, dominante. Aqui, o aspirante, o leo de Judah, tem quematar o leo de sua personalidade. Tendo emergido da massa, e desenvolvido a individualidade, eletem ento de matar aquilo que ele criou; ele tem que tornar intil aquilo que fora o grande agente

    protetor at o tempo atual. O egosmo, o instinto de auto-proteo, tem que dar lugar ao altrusmo,que literalmente a subordinao do ego ao todo.

    6 Trabalho

    "A Tomada do Cinturo de Hiplita"significando a preparao do discpulo, a primeira iniciao

    Este Trabalho leva Hrcules at as praias onde vivia a grande rainha, que reinava sobre todas asmulheres do mundo ento conhecido. Elas eram suas vassalas e guerreiras ousadas. Nesse reino nohavia homens, s as mulheres reunidas em torno da sua rainha, Hiplita. A ela pertencia o cinturoque lhe fora dado por Vnus, a rainha do amor. Aquele cinturo era um smbolo da unidadeconquistada atravs da luta, do conflito, da aspirao, da maternidade e da sagrada Criana paraquem toda a vida humana est verdadeiramente voltada. Ouvi dizer, disse Hiplita s guerreiras,que est a caminho um guerreiro cujo nome Hrcules, um filho do homem e no entanto um filhode Deus; a ele eu devo entregar este cinturo que eu uso. Deverei obedecer a ordem, oh Amazonas,ou deveremos combater a palavra de Deus? Enquanto as Amazonas refletiam sobre o problema, foi

    passada uma informao, dizendo que ele se havia adiantado e estava l, esperando para tomar osagrado cinturo da rainha guerreira. Hiplita dirigiu-se ao encontro de Hrcules. Ele lutou com ela,

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    combateu-a, e no ouviu as palavras sensatas que ela procurava dizer. Arrancou-lhe o cinturo,somente para deparar-se com as mos dela estendidas e lhe oferecendo a ddiva, oferecendo osmbolo da unidade e amor, de sacrifcio e f. Entretanto, tomando-o, ele, matou quem lhe dera oque ele exigira. E enquanto estava ao lado da rainha agonizante, consternado pelo que fizera, eleouviu a voz do Mestre que dizia: Meu filho, por que matar aquilo que necessrio, prximo ecaro? Por que matar a quem voc ama, a doadora das boas ddivas, guardi do que possvel? Porque matar a me da Criana sagrada? Novamente registramos um fracasso (recorde-se na morte de

    Abderis no Primeiro Trabalho). Novamente voc no compreendeu. Ou redimir este momento, ouno ver mais a minha face. Hrcules partiu em silncio deixando as mulheres lamentando a perdada liderana e do amor. Quando ele chegou s costas do grande mar, perto da praia rochosa ele viuum monstro das profundezas trazendo presa em suas mandbulas a pobre Hesione. Seus gritos esuspiros elevavam-se aos cus e feriram os ouvidos de Hrcules, perdido em remorsos e sem saberque caminho seguir. Dirigiu-se prontamente em sua ajuda quando ela desapareceu nas cavernosasentranhas da serpente marinho, mas esquecendo-se de si mesmo, Hrcules nadou at o monstro edesceu at o fundo de seu estmago onde encontrou Hesione. Com sua mo esquerda ela a agarroue a sustentou junto a si, enquanto com sua espada ele esforou-se para abrir caminho para fora doventre da serpente at a luz do dia. E assim ele a salvou, equilibrando seu feito anterior de morte.

    Pois assim a vida: um ato de morte, um ato de vida, e assim os filhos dos homens, que so filhosde Deus, aprendem a sabedoria, o equilbrio e o caminho para andar com Deus.

    Este trabalho esta associado Virgem, signo onde a conscincia de Cristo concebida e nutridaatravs do perodo de gestao at que por fim em Peixes, o signo oposto, o salvador mundialnasce. Note-se que nos dois Trabalhos onde Hrcules vence, na verdade so os dois onde ele se saiumal justamente com seus opostos, femininos (as guas bravias e a rainha das Amazonas). Assim aguerra entre os sexos de origem antiga, na verdade, est inerente na dualidade da humanidade. OLeo o rei dos animais. Nele, alcanamos a personalidade integrada; mas em Virgem dado o

    primeiro passo para a espiritualidade, a alma chamada de filho da mente, e Virgem regida porMercrio, que leva a energia da mente. O mau uso da matria um pecado contra o Esprito Santo.

    Foi este pecado, o maior de toda sua peregrinao, que Hrcules cometeu em Virgem, quando eleno compreendeu que a rainha das Amazonas devia ser redimida pela unidade, no morta. Aindacometemos o erro de Hrcules, quando esquecemos que o tringulo da Trindade um tringuloequiltero com todos os ngulos sendo de igual importncia para a consumao do Plano Divino. em Virgem, aps a completa individualizao em Leo, que o primeiro passo para a misso doesprito e a matria dado, a subordinao da vida da forma vontade do Cristo que nela habita.

    7 Trabalho

    "A Captura do Javali de Erimanto"significando a aquisio e integrao do equilbrio

    dos opostos. A segunda iniciao

    Neste Stimo Trabalho, Hrcules incumbido de capturar o Javali de Erimanto, sem contudo saberque este trabalho era na verdade uma dupla prova: a prova da amizade rara e da coragem destemida.Foi-lhe recomendado que procurasse pelo javali e Apolo lhe deu um arco novo para usar, pormHrcules disse que no o levaria consigo, porque temia matar. Ele disse: Eu no o levarei comigoneste trabalho, pois temo matar. Em meu ltimo trabalho nas praias do grande mar, eu matei. Destavez no farei isso. Deixo aqui o arco. E assim desarmado, a no ser por sua clava, ele escalou amontanha, procurando pelo javali e encontrando um espetculo de medo e terror por toda parte.Mais e mais ele subia e ento encontrou um amigo, Pholos, que fazia parte de um grupo de

    centauros, conhecidos dos deuses. Eles pararam e conversaram e por algum tempo Hrculesesqueceu-se do objetivo de sua busca. E Pholos convidou Hrcules para furar um barril de vinho,

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    Conta a lenda que na antiga terra de Argos ocorreu uma seca. Ammona que reinava nessas terras,procurou a ajuda de Netuno. Este recomendou que se batesse numa rocha, e quando isto foi feito,comearam a correr trs correntes cristalinas; mas logo uma hidra fez ali sua morada. O Mestredisse a Hrcules: Para alm do Rio Ammona, fica o ftido pntano de Lerna, onde est a hidra,uma praga para as redondezas. Nove cabeas tm esta criatura, e uma delas imortal. Prepara-te

    para lutar com essa asquerosa fera e no penses que os meios comuns sero de valia; se uma cabeafor destruda, duas aparecero em seu lugar. Hrcules estava ansioso e antes de partir, seu Mestre

    ainda lhe disse: Uma palavra de aconselhamento s, posso dar. Ns nos elevamos, nos ajoelhando;conquistamos, nos rendendo; ganhamos, dando. Vai, oh filho de Deus e filho do homem, econquista. Chegando ao estagnado pntano de Lerna, que era um charco que desanimava quemdele se aproximasse e cujo mau cheiro polua toda a atmosfera em um raio de sete milhas; Hrculesteve que fazer uma pausa pois o simples odor por pouco o derrotava. As areias movedias eramuma ameaa e mais uma vez Hrcules rapidamente retirou seu p para no ser sugado para dentroda terra que cedia. Finalmente ele descobriu onde se ocultava a hidra. Numa caverna de noite

    perptua vivia a fera, porm no se mostrava e Hrcules inutilmente vigiava. Recorrendo a umestratagema, ele embebeu suas setas em piche ardente e as despejou diretamente para o interior dacaverna onde habitava a horrenda fera. Uma enorme agitao se seguiu e a hidra com suas nove

    zangadas cabeas emergiu, chicoteando a gua e a lama furiosamente. Com trs braas de altura,algo to feio como se tivesse sido feito de todos os piores pensamentos concebidos desde o comeodos tempos. A hidra atacou, procurando envolver os ps de Hrcules que saltou e deu-lhe um golpeto severo que logo decepou uma das cabeas, mas mal a horrorosa cabea tocou o solo, duascresceram em seu lugar. Repetidamente Hrcules atacou o monstro, mas ele ficava cada vez maisforte. Ento Hrcules lembrou do que lhe dissera o Mestre: ns nos levantamos, ajoelhando.Pondo de lado sua clava, Hrcules se ajoelhou, agarrou a hidra com suas mos nuas e a ergueu.Suspensa no ar, sua fora diminuiu. De joelhos, ento, ela sustentou a hidra no alto, acima dele,

    para que o ar purificado e a luz pudessem fazer seu efeito. O monstro, forte na escurido e no lodo,logo perdeu sua fora quando os raios do sol e o toque no vento o atingiram. As nove cabeascaram, mas somente quando elas jaziam sem vida Hrcules percebeu a cabea mstica que era

    imortal. Ele decepou essa cabea e a enterrou, ainda sibilante, sob uma rocha.

    Este Trabalho est associado ao signo de Escorpio. O verdadeiro teste de Escorpio nunca temlugar antes que o estudante fique coordenado, antes que a mente, a natureza emocional e a naturezafsica estejam funcionando como uma unidade. Ento o homem entra em Escorpio onde seuequilbrio subvertido e o desejo parece exagerado, quando ele pensava que se havia livrado dele.Aqui ele descobre que a personalidade no deve ser morta, nem pisoteada; ela deve ser reconhecidacomo um triplo canal de expresso para trs aspectos divinos. Tudo depende de se ns usamos atrplice personalidade para fins egostas. Resumindo: em Escorpio o Ego est determinado a mataro pequenino ego para ensinar-lhe o significado da ressurreio. Em Escorpio tambm, o homem testado para ver quem vai triunfar, a forma ou o Cristo, o Eu Superior ou o eu inferior, o real ou oirreal, a verdade ou a iluso. Foi dito a Hrcules que encontrasse a hidra de nove cabeas que vivianum ftido e mido pntano. Este monstro tem seu contra parte que habita mas cavernas da mente,na escurido e lama dos recessos obscuros da mente, ele floresce. Profundamente alojada nasregies subterrneas do subconsciente, ora calma, ora explodindo em tumultuado frenesi, a feraestabelece morada permanente. No fcil descobrir sua existncia e lutar contra um inimigo toformidvel de fato uma tarefa herica para o homem. Uma cabea decepada, e eis que outracresce em seu lugar. Toda vez que um desejo ou pensamento baixo eliminado, outro toma o seulugar. Hrcules fez trs coisas: ele reconhece a existncia da hidra, procura pacientemente por ela, efinalmente a destri. necessrio ter discriminao para reconhecer sua existncia; pacincia paradescobrir sua toca; humildade para trazer lodosos fragmentos do subconsciente superfcie, e exp-

    los luz da sabedoria. Enquanto ele lutou no pntano, em meio lama e s areias movedias, ele foi

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    incapaz de dominar a hidra. Ele teve de erguer o monstro no ar; isto , deslocar seu problema paraoutra dimenso, para poder resolv-lo. Com toda a humildade, ajoelhando-se na lama, ele teve deexaminar seu dilema luz da sabedoria e na elevada atmosfera do pensamento que buscava. ditoque uma das cabeas imortal o que implica que toda dificuldade, por mais terrvel que possa

    parecer, contm uma jia de grande valor. Nenhuma tentativa para dominar a natureza inferior edescobrir aquela jia, jamais ser ftil. A cabea imortal, separada do corpo da hidra, sepultadasob uma rocha, isto implica que a energia concentrada que cria um problema ainda permanece,

    purificada, redirecionada e aumentada aps a vitria ter sido conquistada. Tal poder deve sercorretamente canalizado e controlado. Sob a rocha da vontade persistente, a cabea imortal se tornauma fonte de poder. A tarefa tinha nove facetas e cada cabea da hidra representa um dos

    problemas que assaltam a pessoa corajosa que busca conquistar o domnio de si mesmo. Trs dessascabeas simbolizam os apetites associados com o sexo, o conforto e o dinheiro. Os prximos trsdizem respeito s paixes do medo, do dio e do desejo de poder. As ltimas trs cabeasrepresentam os vcios da mente no iluminada: orgulho, separabilidade e crueldade. As dimensesda tarefa que Hrcules empreendeu so assim claramente aparentes. Ele teve de aprender a arte detransmutar as energias que to freqentemente precipitam os seres humanos em tragdias. As noveforas que desde o princpio dos tempos trouxeram destruio entre os homens, tiveram de ser

    redirecionadas e transmutadas. Ainda aspiramos conquista espiritual que Hrcules alcanou Osproblemas que surgem do mau uso da energia conhecida como sexual ocupam nossa ateno a cadainstante. O amor ao conforto, luxria e s posses externas ainda cresce. A luta pelo dinheiro comoum fim em vez de um meio, reduz as vidas de incontveis homens e mulheres. Assim a tarefa dedestruir as primeiras trs cabeas continua a desafiar as foras da humanidade, milhares de anosdepois de Hrcules haver realizado seu extraordinrio feito. As trs qualidades do carter queHrcules tinha de expressar eram a humildade, a coragem e a discriminao. Humildade para verseu compromisso objetivamente e reconhecer suas falhas; coragem para atacar o monstro que jaziaenroscado nas razes de sua natureza; discriminao para descobrir uma tcnica para enfrentar seuinimigo mortal.

    9 Trabalho

    "A Morte dos Pssaros de Estnfalo"significando que o homem acaba com as tendncias

    do uso do pensamento destrutivo

    Foi dito a Hrcules que era chegado o tempo de trilhar um outro caminho. Deveria buscar nopntano de Estnfalo onde habitavam os pssaros destruidores e descobrir, ento, o caminho paraespant-los de sua morada to segura. O Mestre disse-lhe que A chama que brilha alm da menterevela a direo certa. Hrcules seguiu o Caminho e procurou longamente, at chegar a Estnfalo.Diante dele estendia-se o ftido pantanal onde uma multido de pssaros gralhavam roucamente,

    num coro ameaador e dissonante, quando ele se aproximou. Cada pssaro tinha um bico de ferro,afiado como uma espada. As penas se assemelhavam a dardos de ao e, caindo, podiam cortar emdois as cabeas dos viajantes. Suas garras competiam com seus bicos em capacidade de corte efora. Trs pssaros, percebendo Hrcules, arremeteram sobre ele que permaneceu onde estava erevidou aos ataques com a pesada clava que portava. Um dos pssaros foi atingido no dorso e duas

    penas foram arrojadas ao cho. Por fim, os pssaros se retiraram. Parado beira do pntano,Hrcules pensava em como poderia livrar-se dos terrveis pssaros. Primeiro tentou mat-los comuma chuva de setas. Os poucos que ele matou eram apenas uma frao dos muitos que

    permaneciam. Eles levantavam vo em nuvens to espessas que ocultavam o sol. Ele pensou em porarmadilhas no pntano, porm lembrou-se do conselho que recebera: a chama que brilha alm da

    mente revela a direo. Refletindo longamente, um mtodo lhe veio mente. Ele possua doispratos de bronze que emitiam um som estridente, no terreno; um som to spero e to penetrante

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    que seria capaz de amedrontar os mortos. Para o prprio Hrcules o som era to intolervel que elecobria ambos os seus ouvidos para proteg-los. Ao anoitecer, quando o pantanal estava recobertocom incontveis pssaros, Hrcules voltou. Ele ento tocou os pratos aguda e repetidamente. Umtinido to estridente ento soou, que ele mal pode suportar o som. Tal dissonncia, to agressiva,

    jamais fora ouvida naquelas paragens. Assustados e perturbados por um rudo to monstruoso, ospssaros levantaram vo guinchando em louco espanto, fugindo para nunca mais voltar. Seguiu-seum grande silencio em todo o pntano e os suaves raios do sol poente embelezavam o lugar.

    Este Nono Trabalho est associado ao signo de Sagitrio, o arqueiro montado num cavalo branco,algumas vezes representado como o centauro com arco e flechas. Nesses dois modos derepresentao o centauro, metade humano e metade animal, o arqueiro no cavalo branco, metadehumano e metade divino temos a histria inteira. Um cavalo branco sempre o smbolo dadivindade. Em Sagitrio, como em Escorpio, Hrcules assumiu e completou o trabalho iniciado emries. Em ries ele lidava com o pensamento em sua fonte, neste signo ele demonstra completocontrole do pensamento e da palavra. No momento em que nos libertamos da iluso, entramos emSagitrio e vemos o objetivo. Ns nunca o vramos antes, porque entre ns e o objetivo sempre seencontra aquela nuvem de pensamentos-forma que nos impede de v-la. Falamos sobre amor

    espiritual, devoo ao Cristo, devoo aos irmos mais velhos da raa, alma; e como estamosocupados com trs pensamentos, ns construmos nuvens de pensamentos-forma porque estamospensando, e ao pensarmos, construmos. Portanto, construmos nossa volta uma tal nuvem depensamentos-forma sobre nossas aspiraes que no vemos nossas metas. Sagitrio o signopreparatrio para Capricrnio e em alguns livros chamado o signo do silncio, porque esta alio de Sagitrio: restrio da fala atravs do controle do pensamento porque depois de abandonaro uso das formas comuns da fala, tais como falar da vida alheia, ento ser preciso aprender asilenciar sobre a vida da alma, muita conversa sobre coisas para as quais as pessoas podem noestar preparadas. O reto uso do pensamento, o calar-se, e a conseqente inofensividade no planofsico, resultam na libertao; pois ns somos conservados na unidade humana no por algumafora externa que nos mantenha ali, mas pelo que ns mesmos temos dito e feito. No momento em

    que no mantivermos mais relaes erradas com as pessoas pelas coisas que dissermos quandodeveramos ter ficado calados, no momento em que paramos de pensar sobre as pessoas, coisas queno deveramos pensar, pouco a pouco aqueles laos que nos prendem existncia planetria sorompidos, ficamos livres e escalamos a montanha como o bode em Capricrnio. Em Sagitrio, o

    primeiro dos grandes signos universais, vemos a verdade como o todo quando usamos as flechas dopensamento correto. Todas as vrias verdades formam uma Verdade; disso que nos damos contaem Sagitrio.

    10 Trabalho

    "A Morte de Crbero"significando a elevao da personalidade

    A terceira iniciao

    O Mestre disse a Hrcules: Enfrentaste com xito mil perigos, Hrcules, e muitas conquistas foramfeitas. A sabedoria e a fora te pertencem. Fars uso delas para salvar algum em angstia, uma

    presa de imenso e infindvel sofrimento? e tocando gentilmente a fronte de Hrcules, diante de seuolho interno, surgiu uma viso. Um homem jazia sobre uma rocha e gemia como se seu coraofosse partir-se. Suas mos e ps estavam acorrentados; as fortes correntes que o prendiam estavamligadas a anis de ferro. Um abutre, feroz e audacioso, mantinha-se bicando o fgado da vtima; emconseqncia, uma corrente de sangue jorrava do seu flanco. O homem elevava suas mos

    acorrentadas e clamava por socorro; mas suas palavras ecoavam em vo na desolao e eramengolidas pelo vento. A viso desapareceu e o Mestre falou: Aquele que viste acorrentado se

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    chama Prometeu. Ele sofre assim h muito tempo, e contudo, sendo imortal, no pode morrer. Docu ele roubou o fogo; por isso foi punido. O lugar de sua morada conhecido como Inferno, oreino de Hades. Pede-se que sejas o salvador de Prometeu, Hrcules. Desde at as profundezas, e del liberta-o do sofrimento. Hrcules iniciou sua viagem descendo sempre atravs das ligaes dosmundos da forma. A atmosfera se tornava cada vez mais pesada, a escurido crescia sempre. Econtudo sua vontade estava firme. Essa ngreme descida continuou por longo tempo. Sozinho, econtudo no absolutamente s, ele vagueava, e quando ele procurou em seu ntimo ele ouviu a voz

    prateada da deusa da Sabedoria, Athena, e as palavras encorajadoras de Hermes. Por fim ele chegoua um rio escuro e envenenado que as almas dos mortos tinham que cruzar. Uma moeda tinha de serdada a Caronte, o barqueiro, para que ele as levasse para o outro lado. O visitante da terra assustouCaronte que levou Hrcules ao outro lado, sem lembrar-se de cobrar-lhe. Hrcules penetrou oHades, uma nevoenta e escura regio onde as sombras, ou melhor, as conchas dos que haviam

    partido, esvoaavam. Quando Hrcules percebeu a Medusa, com seu cabelo encaracolado comserpentes sibilantes, ele tomou a espada e tentou atingi-la, mas no bateu seno no ar vazio. Eleseguiu pelos caminhos labirnticos at chegar corte do rei que governava o mundo subterrneo,Hades. Este, inflexvel, severo e com semblante ameaador, sentava-se em seu negro trono quandoHrcules de aproximou. Que procuras, um mortal vivo, em meus reinos? Hades o interpelou.

    Hrcules disse, Procuro libertar Prometeu. O caminho est guardado pelo co Crbero, um cocom trs grandes cabeas, cada uma com serpentes enroladas em torno, replicou Hades. Sepuderes derrot-lo com tuas mos vazias, um feito que ningum jamais realizou, poder libertar osofredor Prometeu. Satisfeito com a resposta, Hrcules prosseguiu at deparar-se com o co de trscabeas e ouviu seu feroz latido. Ameaador, avanou para Hrcules que agarrou a primeira cabeae a manteve presa em seus braos enquanto o monstro debatia-se. Finalmente sua fora cedeu eHrcules seguiu at encontrar Prometeu em uma laje de pedra, em dores atrozes. Hrcules partiu ascorrentes e libertou o sofredor.

    Este Trabalho est associado ao signo de Capricrnio que um dos mais difceis para se escrever e o mais misterioso de todos os doze. H dois portes de importncia dominante: Cncer, no que

    erroneamente chamamos vida, e Capricrnio, o porto para o reino espiritual. Capricrnio, o portoatravs do qual ns finalmente passamos quando no mais nos identificamos com o lado forma daexistncia, mas nos tornamos identificados com o esprito. isto que significa ser iniciado. Uminiciado uma pessoa que no pe mais sua conscincia em sua mente, ou desejos, ou corpo fsico.Ele pode us-los, se quiser; e o faz para ajudar toda a humanidade, mas no neles que focaliza suaconscincia. Ele est focalizado no que chamamos a alma, que aquele aspecto de ns mesmos queest livre da forma. na conscincia da alma que finalmente funcionamos em Capricrnio,conhecendo-nos como iniciados e entramos nos dois grandes signos universais de servio humanidade. Pois interessante que, em Aqurio, estamos lidando simbolicamente com animais emmassa, pois naquele signo Hrcules teve a tarefa de limpar as estrebarias de Augias, seu primeirotrabalho como um discpulo mundial. Mas em Peixes ele captura, no o touro, mas todos dos bois,introduzindo em nossa conscincia a idia da universalidade do trabalho mundial, da conscinciagrupal, da conscincia universal e do servio universal. Este signo simboliza a terceira iniciao, a

    primeira das iniciaes principais. Em Mateus 17 ns lemos que o Cristo levou trs discpulos,Pedro, Jaime e Joo, at o alto da montanha e se transfigurou diante deles. Eles caram com as facesno cho e Pedro disse, vamos construir trs cabanas. Pedro, uma rocha ou fundao, o smbolodo corpo fsico. Jaime, o enganador, simboliza a natureza emocional, a fonte de toda miragem. Joosimboliza a mente, o nome significando O Senhor falou. A esto o simbolismo dos trs aspectosda personalidade, em suas faces diante do Cristo glorificado, em Capricrnio durante suatransfigurao. Que todo o homem se lembre de que o destino da humanidade incomparvel e queele depende grandemente de sua vontade de colaborar na tarefa transcendental. Que ele se lembre

    de que a lei , e sempre foi, lutar; e que a luta no perdeu nada de sua violncia por ser transportada

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    do plano material para o espiritual. Que ele se lembre de que sua prpria dignidade, sua nobrezacomo um ser humano, deve emergir de seus esforos para se libertar de sua servido e paraobedecer a suas aspiraes mais profundas. E que ele, acima de tudo, jamais de esquea de que acentelha divina est nele, s nele, e que est livre para desconsider-la, mat-la, ou se aproximar deDeus mostrando seu entusiasmo para trabalhar com Ele, e para Ele.

    11 Trabalho

    "A Limpeza dos Estbulos de Augias"significando o servio de limpeza e purificao, com uso da gua,

    preparando o encerramento do ciclo

    O Mestre chamou Hrcules e disse: Onze vezes a roda girou e agora ests diante de outroTrabalho. Por muito tempo perseguiste a luz que tremeluzia, primeiro de maneira incerta, depoisaumentando at tornar-se um firme farol, e agora brilha para ti como um sol brilhante. Agora voltatuas costas para o brilho; inverte teus passos; volta para aqueles para quem a luz apenas um pontode transio e ajuda-os a faz-la crescer. Dirige teus passos para Augias, cujo reino deve ser limpo

    do antigo mal. E Hrcules saiu procura de Augias, o rei. Quando ele se aproximou do reino ondeAugias governava, um terrvel mau cheiro que o fez quase desmaiar, feriu suas narinas. Duranteanos, ele ficou sabendo, o Rei Augias jamais fizera limpar o excremento que seu gado deixava nosestbulos reais. Ento, os pastos tambm estavam to adubados que nenhuma colheita crescia. Emconseqncia, a pestilncia varria o pas, devastando vidas humanas. Hrcules dirigiu-se para o

    palcio e procurou pelo prprio Augias. Informado de que Hrcules vinha limpar os ftidosestbulos, Augias confessou sua dvida e descrena, dizendo: Dizeis que fars esta imensa tarefasem recompensa? No confio naqueles que anunciam tais bazfias. Hs de ter algum planoastucioso que arquitetaste, oh Hrcules, para me roubar o trono. Jamais ouvi de homens que

    procuram servir ao mundo sem recompensa. Nunca ouvi. A esta altura, contudo, eu de bom gradoacolheria qualquer tolo que procurasse ajudar. Mas deve ser feito um trato, para que no zombem

    de mim como sendo um rei bobo. Se tu, em um nico dia, fizeres o que prometeste, um dcimo detodo o meu rebanho ser teu; mas se fracassares, tua vida e teus bens estaro em minhas mos. Nopenso que possas cumprir tuas bazfias, mas podes tentar.

    Hrcules esto deixou o rei. Ele vagou pela pestilenta rea, e viu uma carroa passar empilhada comcadveres, as vtimas da pestilncia. Dois rios, ele observou, o Alfeu e o Peneu, fluam mansamente

    pela vizinhana. Sentado beira de um deles, a resposta a este problema lhe veio mente como umrelmpago. Com determinao e fora ele trabalhou. Com enorme esforo ele conseguiu desviarambas as correntes dos cursos seguidos por sculos. Ele fez com que o Alfeu e o Peneu derivassemsuas guas atravs dos estbulos e aceleradas limparam a imundcie por tanto tempo acumulada. Oreino foi limpo de toda a sua ftida treva. Em um nico dia foi cumprida a tarefa impossvel.

    Quando Hrcules, bastante satisfeito com o resultado, voltou a Augias, este ltimo franziu a testa edisse: Conseguiste xito com um truque, berrou de raiva o Rei Augias. Os rios fizeram otrabalho, no tu. Foi uma manobra para me tirar meu gado, uma conspirao contra meu trono. Noters uma recompensa. Vai, sai daqui ou mandarei decapitar tua cabea! O enraivecido rei assim

    baniu Hrcules e o proibiu de voltar ao seu reino, sob pena de morte imediata. Hrcules cumpriu atarefa que lhe fora dada e voltou ao Mestre, que disse: Tu te tornaste um servidor mundial.Avanaste ao recuares; vieste Casa da Luz por um outro caminho; gastaste a tua luz para que a luzdos outros pudesse brilhar. A jia que o dcimo primeiro Trabalho d tua para sempre. Hrculessendo o iniciado, deveria fazer trs coisas, que podem ser resumidas como as caractersticas

    principais de todos os verdadeiros iniciados. Se no estiverem presentes em alguma medida, o

    homem no um iniciado. A primeira o servio impessoal, que no o servio que prestamosporque nos dizem que o servio um caminho de libertao, mas o servio prestado porque nossa

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    conscincia no mais centrada em ns mesmos. No estamos mais interessados em ns mesmos esim, nossa conscincia sendo universal, nada h a fazer, seno assimilar os problemas de nossossemelhantes e ajud-los. Para o verdadeiro iniciado isso no representa esforo. A segunda otrabalho grupal que permanecer sozinho espiritualmente na manipulao dos assuntos pessoais,esquecendo completamente de si mesmo no bem-estar do particular segmento da humanidade aoqual est associado. A terceira o auto-sacrifcio que significa tornar o ego sagrado. Isto lida com oego do grupo e o ego do indivduo; esse o trabalho do iniciado.

    Este Trabalho est associado ao signo de Aqurio. Cada um de ns um animal do rebanho deAugias, e os estbulos onde os animais viviam no foram limpos por trinta anos. Trinta o trsmultiplicado por dez, trs o nmero da personalidade e dez o nmero da completao. Hrculesrompeu todas as barreiras, que a primeira coisa que deve acontecer na era de Aqurio, quesignifica que devemos comear a pensar em termos amplos, e deixar de sermos exclusivos.Cultivemos o esprito de Aqurio de deixar as pessoas livres, cultivemos a capacidade da confiana,eliminemos a desconfiana de todos a quem nos ligarmos, creiamos neles e eles no nosdecepcionaro. Se imputarmos a eles motivos errados, eles nos trairo e essa falta ser nossa.Sejamos to leais quanto pudermos com a luz que temos. Cultivemos o espirito de Aqurio, da no-

    separatividade, do amor, da compreenso, da inteligncia, livres da autoridade, buscando tirar decada ser humano com quem nos deparamos, o melhor que nele existir. Aqurio j foi referido comoo signo de Joo Batista, em termos do iniciado. Se fizermos tudo o que pudermos neste tempo,estaremos cumprindo a funo de Joo Batista e preparando o caminho para aquele extraordinrioacontecimento que ter lugar individualmente quando o Salvador Mundial novamente emergir e ahumanidade aprender a prpria grande verdade e der um passo para frente e para o alto.

    12 Trabalho

    "A Captura do Gado Vermelho de Gerio"significando a transcendncia da animalidade, a salvao

    O Mestre chamou Hrcules e disse-lhe: Tu agora ests diante do ltimo Trabalho. o que faltapara que o ciclo seja completo, e a liberao conquistada. Vai at aquele lugar sombrio chamadoEritia onde a Grande Iluso est entronizada; onde Gerio, o monstro de trs cabeas, trs corpos eseis mos, rei e senhor. margem da lei ele mantm um rebanho de gado vermelho escuro. DeEritia deves trazer at nossa Sagrada Cidade, este rebanho. Cuidado com Euritio, o pastor, e seuco de duas cabeas, Ortus. E depois de uma pausa continuou: Mais um aviso posso dar. Invoca aajuda de Helio. Hrcules partiu e no templo, fez oferendas a Helio, o deus do fogo e do sol. Porsete dias Hrcules meditou, e depois mereceu dele um favor. Um clice dourado caiu no cho aosseus ps. Ele sentiu no seu ntimo que esse objeto brilhante o capacitaria a cruzar os mares paraalcanar o pas de Eritia. E assim foi. Sob a segura proteo do clice dourado, ele velejou pelos

    mares agitados at chegar a Eritia. Numa praia naquele pas distante, Hrcules desembarcou. Nomuito longe dali ele chegou a um pasto onde o gado vermelho escuro pastava. Era guardado pelo

    pastor Euritio e o co de duas cabeas, Ortus. Quando Hrcules se aproximou, o co lanou-secomo uma flecha para ele, rosnando ferozmente, tentando alcan-lo. Com um golpe decisivoHrcules derrubou o monstro. Ento, Euritio, amedrontado pelo bravo guerreiro que estava diantedele, suplicou que sua vida fosse poupada. Hrcules concedeu-lhe o pedido. Conduzindo o gadovermelho-sangue adiante dele, Hrcules voltou sua face para a Cidade Sagrada. Ainda no estavamuito longe daquelas pastagens quando percebeu que o monstro Gerio vinha em louca

    perseguio. Logo Gerio e Hrcules estavam face-a-face. Exalando fogo e chamas de todas as trscabeas simultaneamente, o monstro avanou sobre ele. Esticando bem o seu arco, Hrcules lanou

    uma flecha que parecia queimar o ar e que atingiu o monstro em seu flanco. Tamanho foi o mpetocom que fora lanada, que todos os trs corpos de Gerio foram perfurados. Com um guincho

  • 8/13/2019 18 Hercules

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    Artigos Os Doze Trabalhos de Hrcules Sociedade das Cincias Antigas 17

    desesperado, o monstro oscilou, depois caiu, para nunca mais se levantar. Hrcules conduziu, ento,o lustroso gado para a Cidade Sagrada. Difcil foi a tarefa. Volta e meia alguns bois dedesgarravam, e Hrcules deixava o rebanho para procurar aquelas cabeas que se perdiam. Atravsdos Alpes ele conduziu o seu rebanho, at a Halia. Onde quer que o mal houvesse triunfado, elegolpeava as foras do mal com golpes mortais, e corrigia a balana em favor da justia. QuandoEryx, o lutador, o desafiou, Hrcules o derrubou to vigorosamente que ele permaneceu cado.

    Novamente, quando o gigante Alcioneu lanou sobre Hrcules uma rocha que pesava uma tonelada,

    este ltimo a deteve com a sua clava e a mandou de volta, matando seu agressor. s vezes eleperdia o seu rumo, mas sempre se voltava, refazia seus passos, e prosseguia. Embora exausto poreste cansativo trabalho, Hrcules por fim voltou. Quando chegou, o Mestre que o esperava, disse-lhe: A jia da imortalidade te pertence. Por esses doze Trabalhos tu superaste o humano e terevestiste do divino. De volta ao lar viestes, para no mais partires. No firmamento estrelado o teunome ser inscrito, um smbolo para os batalhadores filhos dos homens, de seu imortal destino. Ostrabalhos humanos esto encerrados, tua tarefa Csmica comea.

    Este ltimo Trabalho est associado ao signo de Peixes. Hrcules viajou, velejando at a ilha numataa dourada e quando l chegou, ele subiu at o topo da montanha onde passou a noite em orao.

    Depois matou o co de duas cabeas mas no o pastor. Ele tambm matou o dono daquelasparagens. Aqui est a parte mais bela da histria: Hrcules colocou o rebanho inteiro na taadourada da qual se utilizara para a vinda, levou-o para a Cidade Sagrada e o ofereceu em sacrifcioa Athena, a Deusa da Sabedoria. Esta cidade sagrada consiste de duas cidades ligadas por um belomuro e um porto chamado o Porto do Leo. Depois que o gado foi entregue, acabou-se o trabalhode Hrcules. Vamos pensar em Hrcules como um salvador mundial. Ele v a humanidade possuda

    por um monstro, um homem de trs cabeas, o smbolo de um ser humano com os corpos fsico,emocional e mental unidos. O simbolismo do gado vermelho claramente o dos desejos inferiores,o desejo sendo sempre uma destacada caracterstica da humanidade. Eles so guardados por um

    pastor, que a mente, o co de duas cabeas, representando os aspectos matria e psiquismo. Estclaro porque Hrcules poupou o pastor: a mente ainda pode ser o pastor do gado, mas o co de duas

    cabeas, a natureza psquica-emocional e o aspecto matria, Hrcules matou, o que significa queforam privados de qualquer poder.

    Bibliografia

    1.- Os trabalhos de Hrcules de Alice A Bailey (trechos de palestras e de escritos avulsos,compilados e publicados)

    Sites sobre Mitologia:

    2.- Mythos (http://www.geocities.com/Athens/Petthenon/8445/index.htm)3.- Monte Olimpo (http://www.sites.uol.com.br/molimpo2/)4.- Mitologia On-Line (http://www.pedrocassel.hpg.ig.com.br/index.htm)5.- Filosofia Virtual (http://www.geocities.yahoo.com.br/kina1205.htm)6.- Mundo dos Filsofos (http://www.mundodosfilosofos.com.br)7.- Mitologia Grega (http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/Mitologia/MitoGrega.html)

    FIM