150 ANOS DE MOVIMENTO ESPÍRITA - Os bastidores … · espiritual, conquistado nos milhões de anos...

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1 Mai/ago - 2008 Editorial Em 1858, começava a organização doutrinária do Espiritismo. Após o extraordinário sucesso do lançamento de “O Livro dos Espíritos”, em 18 de abril de 1857, Allan Kardec viu-se assoberbado por indagações e questionamentos vindos de toda a Europa, em particular da França. Uma excitação espiritualizada, permeada de anseios místicos, tomava conta de milhares de interessados pela nova e confortadora mensagem. O Codificador temeu pela sorte do Espiritismo. Manifestou sua preocupação aos benfeitores, por meio de Ermance Dufaux. Era 15 de novembro de 1857. Desejou renunciar aos dois empregos que tinha, para dedicar-se integralmente ao movimento inicial. Receava a ação de aventureiros: “Temo que outros me tomem a dianteira”. À angústia manifestada, os espíritos superiores responderam: “Por enquanto, não deves abandonar coisa alguma; há sempre tempo para tudo; mova-te e conseguirás”. Ele desejava editar um jornal espírita. Moveu-se e conseguiu. Em 1.º de janeiro do ano de 1858, circulava o primeiro número da “Revista Espírita”. Ardoroso na fé, ambicionava mais. As reuniões espíritas eram feitas precariamente em sua casa, na Rua dos Mártires, em Paris. Ermance Dufaux tornara- se a principal médium. Mensagens grandiosas eram recebidas. A sala não comportava mais de 15 ou 20 pessoas, mas, quase sempre, tinha 30 ou mais. Príncipes e operários ali se acotovelavam. Foi feita coleta de recursos para alugar um espaço e formar uma instituição que congregasse legalmente todos os interessados. Um general influente do exército francês, denominado “X”, simpatizante da nova Doutrina, obteve a autorização necessária. Era 1.º de abril de 1858. Surgia a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, no Palais Royal, Galeria de Valois, onde permaneceria por 1 ano. Transferiu-se, posteriormente, para um salão do Restaurante Donix e, finalmente, se fixou na Rua Passagem Sant’Ana, 59. Na “Revista Espírita” do mês de maio de 1858, editou modesta nota dando publicidade à fundação da Sociedade que teve permissão do prefeito de polícia e do Ministro do Interior e da Segurança Geral, com a finalidade de receber em Paris “os estranhos que se interessavam pela Doutrina Espírita”, além dos associados. Era como ele chamava “um centro regular de observações”. Kardec mais tarde confidenciaria que enfrentou muitas lutas provocadas por freqüentadores animosos e pouco homogêneos. O Espiritismo ficava assim fortemente vinculado a esse ano da graça de 1858. Surgiam o primeiro veículo de divulgação dos princípios espíritas e o primeiro centro espírita na história da humanidade. 150 ANOS DE MOVIMENTO ESPÍRITA - Os bastidores desconhecidos -

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1Mai/ago - 2008

Editorial

Em 1858, começava a organização doutrinária do Espiritismo. Após oextraordinário sucesso do lançamento de “O Livro dos Espíritos”, em 18 de abril de1857, Allan Kardec viu-se assoberbado por indagações e questionamentos vindosde toda a Europa, em particular da França. Uma excitação espiritualizada, permeadade anseios místicos, tomava conta de milhares de interessados pela nova econfortadora mensagem.

O Codificador temeu pela sorte do Espiritismo. Manifestou sua preocupaçãoaos benfeitores, por meio de Ermance Dufaux. Era 15 de novembro de 1857.

Desejou renunciar aos dois empregos que tinha, para dedicar-seintegralmente ao movimento inicial. Receava a ação de aventureiros: “Temo queoutros me tomem a dianteira”. À angústia manifestada, osespíritos superiores responderam: “Por enquanto, não devesabandonar coisa alguma; há sempre tempo para tudo; mova-tee conseguirás”.

Ele desejava editar um jornal espírita.Moveu-se e conseguiu. Em 1.º de janeiro do ano de 1858,

circulava o primeiro número da “Revista Espírita”.Ardoroso na fé, ambicionava mais.As reuniões espíritas eram feitas precariamente em sua

casa, na Rua dos Mártires, em Paris. Ermance Dufaux tornara-se a principal médium. Mensagens grandiosas eram recebidas. A sala não comportavamais de 15 ou 20 pessoas, mas, quase sempre, tinha 30 ou mais. Príncipes e operáriosali se acotovelavam. Foi feita coleta de recursos para alugar um espaço e formaruma instituição que congregasse legalmente todos os interessados.

Um general influente do exército francês, denominado “X”, simpatizante danova Doutrina, obteve a autorização necessária. Era 1.º de abril de 1858. Surgia aSociedade Parisiense de Estudos Espíritas, no Palais Royal, Galeria de Valois,onde permaneceria por 1 ano. Transferiu-se, posteriormente, para um salão doRestaurante Donix e, finalmente, se fixou na Rua Passagem Sant’Ana, 59.

Na “Revista Espírita” do mês de maio de 1858, editou modesta nota dandopublicidade à fundação da Sociedade que teve permissão do prefeito de polícia edo Ministro do Interior e da Segurança Geral, com a finalidade de receber em Paris“os estranhos que se interessavam pela Doutrina Espírita”, além dos associados.Era como ele chamava “um centro regular de observações”.

Kardec mais tarde confidenciaria que enfrentou muitas lutas provocadas porfreqüentadores animosos e pouco homogêneos.

O Espiritismo ficava assim fortemente vinculado a esse ano da graça de1858. Surgiam o primeiro veículo de divulgação dos princípios espíritas e o primeirocentro espírita na história da humanidade.

150 ANOS DE MOVIMENTO ESPÍRITA- Os bastidores desconhecidos -

2 Mai/ago - 2008

Ovoidização - grave patologia do perispíritoO corpo mental (espírito) modela o corpo espiritual (perispírito) que, por

conseguinte, define o corpo físico, assim, o perispírito ou psicossoma, formado de matériasutil e plástica, é diretamente influenciado pelas ações mentais do espírito. Na falta deestímulo mental os órgãos que compõem o perispírito se atrofiam e se retraem dandoinício à ovoidização. Essa regressão biológica e da morfologia do corpo espiritual, quedefine o surgimento do ovóide, caracteriza-se pela contração paulatina da forma humanana perda dos membros, na grande redução do tronco levando, ao final, a uma massacompacta que pode variar em tamanho e coloração. Então, podemos afirmar que o ovóideconfigura-se pela ausência da forma e pela falência do processo consciente. Essas esferasvivas ou corpos ovóides, como nosensinam os espíritos, possuem tamanhosentre uma laranja e um crânio humano,aproximadamente. Essa falta de estímulomental é comumente motivada pelomonoideísmo, que se define na fixação dopensamente em uma única idéia, ondetudo o mais se mostra desinteressante,levando o pensamento a permanente ciclo vicioso. Na obra “Evolução em dois Mundos”,André Luiz explica que as imagens mentais no monoideísmo são repetidas indefinidamentee que o espírito acaba perdendo a noção de espaço e de tempo. Nestas circunstânciassó a reencarnação possibilita a reversão do processo promovendo o despertamento daalma.

A desvitalização do perispírito, fruto de um metabolismo vital extremamentereduzido e de pouquíssima atividade consciencial, causada pela ovoidização, significasempre muita perda de tempo no processo evolutivo. Cabe lembrar, que o patrimônioespiritual, conquistado nos milhões de anos que marcam o surgimento do princípiointeligente até o ser pensante, bem como nas inúmeras experiências reencarnatóriasvividas pelo espírito, continua retido e não se perde. No entanto, grande esforço serádemandado pela espiritualidade amiga e muitas reencarnações serão imprescindíveispara a devida reconstituição perispiritual.

Mas quais são as causas do monoideísmo? O Espiritismo nos mostra que asenergias do pessimismo, da autodestruição, da angústia, a focalização do ódio, a revolta,a vingança, o orgulho, nos levam a um processo depressivo de longa duração que podese transformar em uma idéia fixa. Nos dias atuais, em que a sociedade humana seencontra envolta no materialismo e distante do pensamento religioso, fica a certeza queo número de ovóides está aumentando.

No livro “Ícaro Redimido”, prefaciado pelo amoroso Bezerra de Menezes, os autoresnos falam sobre os ovóides. A obra citada, que analisa a vida de Santos Dumont no planoespiritual, descreve a possibilidade de ovoidização inerente ao suicida que permaneceem sono reparador, pois quando desperta e entra em contato com sua realidadedesesperadora e na ausência de recursos íntimos, num instinto de auto defesa, mergulhanas zonas inferiores do inconsciente. Neste caso, o despertar é automaticamente inibidoe passa a provocar a retração do metabolismo mental.

A ovoidização não pode ser admitida como fantástica ou absurda, pois estásubmetida às leis divinas e aos mesmos princípios da miniaturização ou restringimento,inerentes ao processo reencarnatório, como nos ensina a literatura espírita, mormente a

“...o perispírito se dilata oucontrai, se transforma: presta-se,numa palavra, a todas asmetamorfoses, de acordo com avontade que sobre ele atua.”O Livro dos Médiuns, Allan kardec,item 56, FEB.

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referenciada por André Luiz, onde, na oportunidade, o perispírito sofreuma contração. No caso dos ovóides, a miniaturização, ou seja, acontração, ocorre fora do momento de nascer para a vida física, sendo,portanto, uma ocorrência patológica. Lembramos que o perispírito no seucaminhar evolutivo é um organismo energético, impulsionado por duasforças básicas: uma de expansão (caracterizada pelo aumento dometabolismo) e outra de contração (caracterizada pela diminuição dometabolismo). Os momentos do nascimento e da desencarnação são osideais para a verificação destas forças. Na reencarnação temos o impulsocontrativo do corpo espiritual e quando o espírito, por meio do perispírito,entra em contato com o corpo material dispara um impulso expansionista.

Os ovóides se alimentam, preferencialmente, das emanaçõespsíquicas de suas vítimas, encarnadas ou não, e comumente se fixampróximos ao centro cerebral, levando o hospedeiro ao esgotamento dasenergias mentais, causando graves transtornos. As vítimas dos ovóides,pela Lei de Ação e Reação, são as que possuem fatores predisponentescomo a culpa, o remorso, o ódio, o egoísmo, onde as suas energias mentaispermitem vínculos menos nobres.

André Luiz, em “Libertação”, conta o caso de Margarida, queencarnada, sofria um intenso processo obsessivo, sendo vampirizada pordezenas de corpos ovóides atados ao seu cérebro perispiritual por meiode fios sutis. Seus cruéis obsessores utilizavam os ovóides como parasitasespirituais, joguetes de subjugação e tortura. Na espiritualidade inferioros ovóides são usados como armas de perseguição e por isso são temidos,pois levam à depressão, à demência, à loucura etc.

A cura do ovóide é demorada e se dá por meio de inúmerasreencarnações. Os autores do livro “Ícaro Redimido” chamam essas reencarnações“frustradas”, de ensaios biológicos de desovoidização, pois produzem verdadeirasaberrações, mas de grande valor terapêutico para o refazimento do molde espiritual.Tais ensaios resultam nas patologias da gravidez, nas deformações embrionárias entreoutras. Mesmo assim, ainda nascerão como doentes mentais ou portadores demalformações genéticas. Mas, tristemente, apontam os espíritos, a maioria das vítimasda ovoidização não se restabelecerá completamente e será enviada para humanidadesprimitivas a fim de seguirem no processo evolutivo.

Uma prova física da existência dos ovóides são alguns casos de cisto dermoíde,que é uma malformação embrionária rara e não explicada completamente pela medicina.Consiste em um tumor que surge na região frontal do encarnado apresentando pêlos,glândulas sebáceas e sudoríparas, cartilagens, ossos e dentes. Tais ocorrênciasdemonstram, racionalmente, que junto com a vítima, o ovóide participou de um ensaio

reencarnatório, onde intensamente vinculadoao seu hospedeiro no mundo espiritual, e naoportunidade da reencarnação, renasceujungido a ele.

Que a dádiva do conhecimento espíritaseja o fanal luminoso na condução dosnossos pensamentos, mantendo-nosvigilantes e cada vez mais imunizados contraas patologias da alma.

3Mai/ago - 2008

Bibliografia pesquisada:-Evolução em dois Mundos, André Luiz, psicog.Chico Xavier e Waldo Vieira, cap. XII e XV, FEB.-Libertação, André Luiz, psicografia ChicoXavier, cap. VI, VII e IX, FEB.-Obsessão / Desobsessão, Suely CaldasSchubert, cap. 16, FEB.-Ícaro Redimido, Gilson Teixeira Freire eAdamastor (espírito), cap. II, VI a VIII, Inede.

4 Mai/ago - 2008

Pensamentos doutrinários IX

Bezerra de Menezes

Da série publicada no jornal O PAIZ,no Rio de Janeiro, a partir de 1886.

O FIM DO MUNDO SEGUNDO A REVELAÇÃO ESPÍRITA

Retrato pintado de Bezerra de Menezes

Cada planeta, que não écriado sem um fim - e que hojesabe-se ter altíssimo fim, qual éservir, como a Terra, de habitaçãoà espécie humana, tem suaevolução, em obediência à lei geralda criação.

Como indivíduo do mundomaterial faz o progresso material,que a ciência determinaperfeitamente, marcando-lhe asfases, desde a nebulosa até seucompleto desenvolvimento.

Como centro de habitaçãodo ser racional, faz o progressomoral, isto é, diz-se mundo maisou menos adiantado, conforme oé a humanidade que o habita.

E ensinam os espíritos quetudo está regulado de modo queocupem os mundos maisatrasados fisicamente, as geraçõeshumanas também mais atrasadas,e nas mesmas relações, até os maisadiantados.

Quando um mundo (umplaneta) tem, por sua evolução

material, subido a um grausuperior, na escala do progressomaterial dos mundos, ficandoassim em desequilíbrio com ascondições de seus habitantes, quenão tenham feito igual progressomoral, alguma coisa é preciso, embem de se cumprir a lei daindispensável correspondênciaentre a material e moral de cadamundo.

5Mai/ago - 2008

Livro: “Jesus Perante a Cristandade” - 5.ª ed., FEB, cap. V, pág. 89.Autor: Francisco Leite de Bittencourt SampaioMédium: Frederico Pereira da Silva Júnior

Se assim não fora, teríamosmundos adiantados comhabitantes atrasados, e mundosatrasados com habitantesadiantados, o que é contra asublime ordem posta por Deus.

Em tais casos dá-se o que asescrituras denominaram – fim domundo, do mundo moral, que nãodo material.

O planeta continua,mudando apenas de condição,

subindo de ordem, passando, porexemplo, de mundo de expiação,como é a Terra e muitos outros, amundo de regeneração, como sãoos que lhe estão acima, e a quedeve ser nossa aspiraçãosubirmos, porque neste faz-se oprogresso humano por entre risose flores, que não mais a custo dedores e torturas como nestepurgatório.

“...Percorrendo a História Sacra, encontramosJesus realizando curas pela ação da lei dos fluidos, enunca obrando milagres pela derrogação das leisestabelecidas pelo Criador; é assim que não o vemosdando membros ao corpo que os tivesse perdido.

O que ele fazia era do domínio da lei dos fluidos,que, por ser desconhecida dos homens, era por elesconsiderada sobrenatural, e o será até que chegue o momento de lhes seremdesvendados os mistérios que o acanhamento da sua inteligência lhes nãopermite ainda compreender, e aos quais só poderão atingir quando, livres dalepra do pecado, pela prática constante dos ensinamentos do Divino Modelo,puderem receber a luz que se transfunde das páginas do seu Evangelho!

Jesus dava vista aos cegos por atrofiamento da íris; restituía a palavraaos mudos por atrofiamento das cordas vocais, enfim, curava os enfermos, masde enfermidades curáveis, pela simples imposição dos fluidos, que ele conheciacomo governador deste planeta, e dos quais dispunha, pelo seu poder absolutosobre toda a Natureza...”

6 Mai/ago - 2008

Se me amais,Guardai os meus mandamentos.E eu rogarei ao Pai de amor,E Ele vos dará outro Consolador

Para que fique convosco eternamente.O Espírito de Verdade,A quem o mundo não pode receber,Porque não o vê,

Nem, tampouco, o conhece.Mas vós o conhecereis,Porque Ele convosco ficaráE em vós permanecerá.

Mas o Consolador,Que é o Espírito Santo,A quem em meu nome o Pai enviará,Todas as coisas vos ensinará,

E vos fará lembrarDe tudo o que vos tenho dito.Esta passagem apresentadaFoi da forma a seguir interpretada

No Evangelho segundo o Espiritismo:Jesus promete outro Consolador:É o Espírito de Verdade,Que o mundo, na realidade,

Ainda não o conhece,Pois que ainda não estáSuficiente maduro para compreendê-lo,E que o Pai enviará

Para ensinar todas as coisasE para fazer lembrarO que o Cristo disse na oportunidade.Se, pois, o Espírito de Verdade

Deve vir mais tarde,E ensinar todas as coisas, contudo,É que o Cristo não pôde, então,Na época dizer tudo.

O Espiritismo vem,No tempo assinalado,Cumprir a promessa de Jesus,O nosso Cristo amado.

O Espírito de VerdadePreside ao seu estabelecimento.Ele chama os homens,A todo o momento,

À observância da lei,Ensina todas as coisas,Fazendo compreender o que o Cristo, então,Somente disse por parábolas na ocasião.

Assim, realiza o EspiritismoO que o Mestre Jesus amadoDisse do Consolador prometido:O conhecimento mais apurado

Das coisas que faz o homem saberDe onde vem, para onde vaiE porque está na Terra,A lembrança que encerra

Os verdadeiros princípios da Lei.Do bom Deus que a todos alcança,Dando a consolação pela fé,E, também, pela esperança.

O Consoladorprometido

Texto baseado nocap.VI, O CristoConsolador, OEvangelho segundoo Espiritismo / João(14:15-17 e 26)

7Mai/ago - 2008

“A muitos desenganos se poupa nesta vida aquele que saberestringir seus desejos...” - O Livro dos Espíritos, questão 926.

NECESSIDADES FACTÍCIASRogério Coelho - MG

Afirma o caroável Mestre Lionês1: “...O homem moral, que se colocou acimadas necessidades factícias criadas pelas paixões, já neste mundo experimentagozos que o homem material desconhece. A moderação de seus desejos lhe dáao Espírito calma e serenidade. Ditoso pelo bem que faz, não há para eledecepções e as contrariedades lhe deslizam por sobre a alma, sem nenhumaimpressão dolorosa deixarem”.

Segundo Pascal2, “O homem só possui em plena propriedade aquilo quelhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir gozaele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, nãotem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é entãoo que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: ainteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e levaconsigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidadeno outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que aochegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura.Quando alguém vai a um país distante, constitui a sua bagagem de objetosutilizáveis nesse país; não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Procedeido mesmo modo com relação à vida futura; aprovisionai-vos de tudo o de que lávos possais servir...”.

No mundo maior, ninguém te perguntará: Quanto tinhas na Terra? Queposição ocupavas? Eras príncipe ou operário? Perguntar-te-ão: Que trazescontigo? Não te avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes quepossuas. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe.Em vão, alegarás que antes de partir da Terra pagou a peso de ouro a sua entradano outro mundo. Responder-te-ão: Os lugares aqui não se compram; conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprarcampos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades da alma. És ricodessas qualidades? Sê bem-vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria,onde te esperam todas as venturas. És pobre delas? Vai para um dos da última,onde serás tratado de acordo com os teus haveres.”.

Restringir os desejos!... Tal a medida exata para se evitar os tormentosvoluntários e conquistar a paz no coração, que segundo Fénelon3 “é a únicafelicidade real que podemos ter neste mundo” de provas e expiações em queainda vivemos. Portanto, devemos entender que a paz do coração só pode serconquistada por aquele que já não se deixa escravizar pelas necessidade factícias,uma vez que, tal como competente ourives, sabe reconhecer a jóia verdadeira, nocaso, os imarcescíveis tesouros do céu, joeirando-os da ganga dos ouropéis existenciais.

1Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos - Questão 941 (explicação).2Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo - Cap. XVI, item 9.

3Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo - Cap V, item 23.

8 Mai/ago - 2008

Vianna de CarvalhorespondeATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITAMédium: Divaldo Pereira Franco

Do ponto de vista ético-religioso, também da modernidadedos tempos atuais, como será o comportamento da imprensaespírita?

É-nos pouco recomendável prever condutas futuras. Todavia,a imprensa espírita, inspirada no exemplo de Allan Kardec, que foio primeiro jornalista do gênero, deverá ser responsável, honrada,verdadeira, divulgando o bem e ensinando como superar o mal,inscrevendo nas suas páginas variadas as lições de sabedoria e amorque edifiquem a criatura para tornar-se sempre melhor, antes quelhe criar conflitos e situações embaraçadoras, prejudiciais, quesomente exaltam o ego e exibem o personalismo doentio noscombates inglórios das acusações sem justificativa.

A função da imprensa é dignificar a criatura e orientá-la, instruí-la e informá-la, combatendo a ignorância e o mal, porém, ajudandoos ignorantes e os maus, a fim de que se reajustem e reconsideremsuas posições, tornado-se úteis à sociedade.

Pergunta 1:

Divulgação espíritaTema:

9Mai/ago - 2008

Observamos o crescimento vertiginoso nos meios decomunicação, notadamente televisivo, da presença das religiões,com o intuito de influenciar na formação religiosa, cultural,política e social da população; dentro deste contexto, qual deveráser o papel da mídia espírita?

Todo ensinamento bom encontra guarida nas criaturas e asedifica. Embora não nos pareçam corretas determinadas condutasna mídia religiosa, de certa forma preenchem os espaços queestavam sendo utilizados para o sexo alucinado, para as paixõessubalternas, para os comportamentos asselvajados, para oexibicionismo vulgar, e para os estímulos perturbadores... Pelomenos são ensinadas lições de dignificação, condutas não viciosas,apresentadas renovações morais à luz do Evangelho, respeito aosbons costumes e convites à reflexão. Os danos, que possamapresentar, parecem-nos menores do que os prejuízos anteriores,infelizmente, ainda prosseguindo em outros horários e em diferentescanais, inclusive naqueles que são de orientação religiosa.

O Espiritismo não deve competir, nem se propõe acampeonatos de glorificações terrenas, mas tem uma mensagemnobre a oferecer, e cumpre aos espíritas o dever de propô-la,convidando a pessoa lúcida ou sofrida, culta ou limitada emconhecimentos a ter opção para discernir e examinar.

Sem a preocupação, nem a presunção de salvar o mundo ouas pessoas, cabe aos espíritas a atitude de contribuir para que ahumanidade seja melhor e mais justa, e a divulgação da Doutrina,bem como a sua conduta moral nela baseada, são os meios hábeise sábios para tal cometimento.

Portanto, todo o esforço que vise à edificação do ser humanodever ser envidado, particularmente, mediante a iluminação dasconsciências através do Espiritismo.

Pergunta 2:

10 Mai/ago - 2008

Adriano Henrique - PESede da inteligência

Desde a data de 18 de abril de 1857, quando a Doutrina Espíritachegou à Terra (em razão da publicação de “O Livro dos Espíritos”),que os seres do Além nos mostram e ensinam novos conceitos. Elestrazem-nos soluções para os problemas cotidianos, preparando-nospara a verdadeira vida: a espiritual. Na citação acima, os instrutoresdo mundo maior afirmam, peremptórios, que a inteligência provémdo espírito, e não do cérebro material. Esta idéia foi bastante combatidano passado, como ainda o é hoje. Autoridades científicas eparapsicólogos materialistas tentaram provar o oposto. Todavia, seusresultados foram infrutíferos. Na obra “O Cérebro de Lênin”, ojornalista alemão Tilmar Spengler mostra a acanhada tentativa doneurologista e psicólogo Oskar Vogt em buscar o elemento dagenialidade nos complexos neuroniais do líder bolchevique russo. Aspesquisas sobre o cérebro de Lênin foram encerradas em 1994, ocasiãoem que o cientista Oleg Andrianov afirmou: “Na estrutura anatômicado cérebro de Lênin não há nada de sensacional”.

Testificamos assim, que a mensagem espírita não estádesatualizada nem é “alienante”, como pregam alguns. Pelo contrário,a cada dia, vem recebendo confirmação nos laboratórios científicosmais respeitados do mundo. Lembremo-nos da inesquecível frase domestre lionês Allan Kardec: “Se algum dia a Ciência provar que nós,espíritas, estamos errados em um único ponto, cabe-nos abandonareste ponto e seguir a Ciência”.

Questão 24. Espírito é sinônimo de inteligência?A inteligência é um atributo essencial do Espírito.

Questão 71. A inteligência é atributo do princípio vital?Não (...) A inteligência e a matéria são independentes,

porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, ainteligência só por meios dos órgãos materiais pode manifestar-se.

Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, FEB.

11Mai/ago - 2008

Presença de Emmanuel / Chico XavierQuando Jesus nos convocou à perfeição, conhecia claramente a carga

de falhas e deficiências de que estamos ainda debitados perante aContabilidade da Vida.

O Mestre, porém, chamava-nos ao preciso burilamento.Urge, assim, penetrar o sentido de semelhante convite, aceitando, de

nossa parte, a sublime iniciação.Nas subidas ásperas em demanda aos valores eternos, as Leis do

Universo não nos reclamam qualquer ostentação de grandeza espiritual.Criaturas em laboriosa marcha na senda evolutiva, atendamos, desse modo,aos alicerces do aprendizado.

Nas horas de crise, os Estatutos Divinos não nos rogam certidões desuperioridade a raiarem pela indiferença, e sim que saibamos sofrê-las comreflexão e dignidade, assimilando os avisos daexperiência.

Renteando com injúrias e zombarias, asinstruções do Senhor não exigem de nós a máscarada impassibilidade, e sim que as vençamos deânimo firme, assinalando-lhes a passagem com abenção da compreensão fraternal.

Defrontados por tentações, a vida não esperaque estejamos diante delas, em regime deanestesia, e sim que busquemos neutralizá-las compaciência e coragem, entesourando os ensinos deque se façam mensageiras, em nosso próprio favor.

Desafiados pelas piores desilusões, não nos pedem os Regulamentosda Eternidade qualquer testemunho de aridez moral, e sim que diligenciemosesquecê-las sem a menor manifestação de desânimo, abraçando mais amplasdemonstrações de serviço.

Abstenhamo-nos de adornar a existência com expectações ilusórias.Somos criaturas humanas, a caminho da sublimação necessária, e, nessacondição, errar e corrigir-nos, para acertar sempre mais, são impositivos denosso roteiro. Conquanto isso, porém, permaneçamos convencidos, desdehoje, de que, se por agora, não nos é possível envergar a túnica dos anjos,podemos e devemos matricular-nos na escola dos espíritos bons.

Na sublime iniciação

Emmanuel

12 Mai/ago - 2008

Verificação deconhecimentos doutrináriosBaseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra de

Menezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joannade Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.

Assinale a opção correta econfira o resultado na página 19:

1. Quais são os livros que constituem o pentateuco de Moisés?

Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Salmos e NúmerosÊxodo, Levítico, Salmos, Gênesis e NúmerosGênesis, Êxodo, Levítico, Números e DeuteronômioGênesis, Êxodo, Números, Deuteronômio e Salmos

2. O famoso professor de Allan Kardec, em Yverdum, na Suiça, foi

Jean Jacques Rousseau.Voltaire.Augusto Comte.Jean Henri Pestalozzi.

3. Antes da vinda de Jesus, todos os povos eram idólatras epoliteístas, exceto o

Romano. Grego. Hebreu. Egípcio.

4. A médium de 15 anos que se submeteu às pesquisas do sábio inglês WilliamCrookes, para comprovação da imortalidade da alma, por meio do fenômeno dematerialização, chamava-se

Katie King.Florence Cook.Catarina Fox.Helen Smith.

13Mai/ago - 2008

5. A reencarnação fazia parte da crença judaíca sob o nome de

palingenesia.zootropia.avatar.ressureição.

6. A Bíblia Sagrada é composta pelo

Antigo Testamento, Novo Testamento, Atos e Epístolas.Antigo Testamento, Novo Testamento, Apocalipse, Atos e Evangelhos.Antigo Testamento, Novo Testamento e Evangelhos.Antigo Testamento e Novo Testamento.

7. Dos quatro evangelistas, dois não conheceram pessoalmente Jesus. Quais?

Marcos e MateusMateus e JoãoLucas e MarcosLucas e Mateus

8. Foram precursores da idéia cristã, 400 anos antes deJesus Cristo:

João Batista e SócratesElias e João BatistaSócrates e PlatãoMoisés e Sócrates

9. O imperador romano que mandou incendiar Roma, no ano 64, e depoisacusou os cristãos foi

Tibério.Nero.Calígula.Júlio César.

10. O livro “Cartas e Crônicas” psicografado por Chico Xavier é de autoria do espírito

Hilário Silva. André Luiz. Emmanuel. Irmão X.

Batismo de Jesus

14 Mai/ago - 2008

A revista Seleções Reader’s Digest, de maio de2008, publica reportagem de Robert Kiener com o título“Uma pode fazer a diferença”, sobre Mukhtar Mai (foto),da pequena aldeia rural de Meerwala, ao sul daprovíncia paquistanesa de Punjab.

Depois de ter sido estuprada, o caminho que elateria de seguir, segundo os costumes locais, seriacometer o suicídio. Mas ela decidiu viver, para lutar porjustiça e ajudar outras mulheres a terem uma vida mais

digna. Apoiada pelos pais e fortalecida espiritualmente pelas lições do Alcorão,dizia: “Sou só a primeira gota d’água, mas a chuva virá. E muitas gotas de chuvaacabam formando um grande rio”.

Seu pai, ela, a mãe e quatro irmãos não sabiam ler, nem freqüentaram aescola. Porém, eram muçulmanos devotos, que rezavam cinco vezes ao dia.Mukhtar tinha uma mente privilegiada e conseguia memorizar trechos do Alcorão.Tranqüila, mansa no falar, essa mulher altiva de 1,70 metros de altura pensava,mantendo os profundos olhos negros voltados para baixo: “O Alcorão meprotegerá”.

A família de Mukhtar Mai é da casta mais baixa dos Gujjar e vivia deescassos recursos dos campos de cana-de-açúcar e trigo. A casa era de barro etinham somente poucas cabras e bois, uma vaca e um pedaço de terra. Nãodispunham de luz elétrica, telefone, nem água corrente. Mukhtar casou-se aos18 anos e não teve filhos. Um casamento arranjado. Ela não foi feliz. O divórcioera raro no Paquistão rural – a mulher era malvista, mas os pais a apoiaram eem menos de um ano Mukhtar recebeu do marido o talaq (na lei islâmica, orepúdio do homem à mulher), que a libertou oficialmente do casamento e apermitiu voltar para a casa da família em Meerwala.

A agressão ocorreu na noite de 22 de junho de 2002, quando Mukhtar Maitinha 28 anos. Em 5 de março de 2003, cinco dos seis Mastoi (casta superior)condenados – (quatro por estupro), foram absolvidos e libertados. O sexto tevea pena de morte comutada para prisão perpétua. Os ativistas dos direitoshumanos protestaram contra o veredicto. Houve também um protestointernacional e o governo paquistanês ordenou que os Mastoi voltassem à prisãoe continuassem presos, à espera de novo julgamento.

“O que realmente preciso é de uma escola” – Ghulam, pai de MukhtarMai, lhe ensinou a respeitar os mais velhos e a proibia de mentir. “Temos muitopouco, mas possuímos nossa honestidade”, dizia à filha, o que fez com que ela

A luta de uma paquistanesapela dignidade humana

Humilhada, superou atudo e a todos e deu a

volta por cima.

15Mai/ago - 2008

desenvolvesse um forte senso de certo e errado. Por ordem do governo, a ministrafederal para as mulheres, Attiva Inayatullah, deu-lhe um cheque de meio milhãode rúpias, cerca de US$ 8.200, (mais do que seu pai ganharia em décadas).Segundo a ministra, não era uma compensação, mas um pequeno símbolo de“nossa identificação” pelo sofrimento pelo qual Mukhtar passou. Mukhtar, quejamais havia visto um cheque, disse: “Não preciso de dinheiro. O que realmentepreciso é de uma escola”. Ela teve essa idéia ao perceber que a maioria daspessoas que com ela se solidarizavam eram educadas.

Então, ela concordou em receber o cheque, desde que pudesse usar odinheiro para a construção de uma escola para meninas. Determinada, comprouum terreno perto de casa e contratou trabalhadores para a construção de umaescola primária. Ela também ajudou, fazendo tijolos de barro e transportando

para o local da obra. A Escola Modelo para MeninasMukhtar Mai tomou forma e abriu as portas em 2004. Ogoverno pavimentou a estrada e trouxe luz e telefonepara Meerwala. Acompanhada de guarda-costas dapolícia, foi de casa em casa pedir aos pais que enviassemas filhas para a nova escola. A tarefa não foi fácil, poisouvia sempre a alegação: “Meninas não precisamaprender a ler”; ou: “Só os meninos precisam sereducados”. Mukhtar se comprometeu, então, a mandaruma van para buscar cada menina.

A escola não tinha luxo. Em vez de cadeiras, asmeninas se sentavam sobre sacos de aniagem.Mukhtar se sentava ao lado de algumas alunas, paratambém aprender a ler e escrever. Buscou maisrecursos, vendeu seus brincos e uma vaca e quando

a imprensa divulgou a história, chegaram muitas doações. Ela então contratoucarpinteiros para fazer assentos e carteiras de madeira para as alunas. Foraminstalados ventiladores no teto, tornando, assim, agradável o ambiente sufocantedas aulas. Com saldo suficiente, abriu uma escola para meninos em Meerwalae outra para meninas numa aldeia próxima. E mais de 700 crianças de todas ascastas (inclusive da casta Mastoi) se misturavam livremente nas escolas.

A ação benemérita desta notável paquistanesa não parou por aí. Mulheres,algumas estupradas, outras mutiladas, outras espancadas, outras com cicatrizeshorríveis no rosto – vítimas de ataques de ácido, ou sem nariz ou orelhas, puniçãopara supostas adúlteras, procuravam Mukhtar. Foi então criada, ao lado daprimeira escola, o Centro Mukhtar Mai deAssistência de Crise da Mulher, para o qualchegavam diariamente, em média, cincovítimas em busca de auxílio. Ninguémdeixava de ser atendida.

Publicado no “Jornal Espírita”,n.º 393 de julho de 2008 - Federação

Espírita do Estado de São PauloAutor: Altamirando Carneiro

Mukhtar Mai e algumas alunas

16 Mai/ago - 2008

Frases que merecemExtraídas da obra “Ação e Reação”, de autoria de

André Luiz e psicografia de Chico Xavier.

MEDITAÇÃO

“Aqueles que amam realmente,governam a vida.”

“Quando a nossa dor não gera maisdores e nossa aflição não cria afliçõesnaqueles que nos rodeiam , nossadívida está em processo deencerramento.”

“Quando o enfermo sabe acatar oscelestes desígnios, entre aconformação e a humildade, trazconsigo o sinal da dívida expirante.”

“A ninguém devemos o destino senãoa nós próprios.”

“O pretérito fala em nós com gritos decredor exigente, amontoando sobre asnossas cabeças os frutos amargos daplantação que fizemos.”

“A palavra fácil e bem posta é, muitavez, dever espinhoso em nossa boca,constrangendo-nos à reflexão e àdisciplina.”

“Qualquer sombra de nossaconsciência jaz impressa em nossavida até que a mácula seja lavada pornós mesmos, com o suor do trabalhoou com o pranto da expiação.”

“Quanto mais amplitude em nossosconhecimentos, mais responsabilidadeem nossas ações.”

“Busquemos, antes de tudo,simplificar.”

“Cada um é tentado exteriormente pelatentação que alimenta em si próprio.”

“O imenso amor feminino é uma dasforças mais respeitáveis na Criaçãodivina.”

“Em todos os planos do Universo,somos espírito e manifestação,pensamento e forma.”

“A dor é ingrediente dos maisimportantes na economia da vida emexpansão.”

17Mai/ago - 2008

Pergunta:

O ESPÍRITA respondeTribuna LIVRE

Resposta:Tudo começou em 1807,

com as ameaças de NapoleãoBonaparte, imperador francês,feitas a Portugal, aliado daInglaterra. A Inglaterra estava emguerra com a França.

Temendo a invasão dePortugal pelo exército francês, oque ocorreria em 17 de novembrode 1807, a família real embarca em56 navios, com bagagens eauxiliares. Em março de 1808, todaa corte portuguesa chega ao Riode Janeiro.

A presença de nossoscolonizadores imprimiria um novoimpulso à administração da colôniae os benefícios logo se fariam sentir.

Humberto de Campos, em“Brasil, Coração do Mundo, Pátriado Evangelho”, cap. XVI, nosinforma que “O Rio de Janeiro, soba direção do bondoso príncipe que,debaixo da influência poderosa doAlto, adotara um regime muitomais liberal do que as formas degoverno existentes em Lisboa,enche-se de obras notáveis.

Que benefícios materiais eespirituais a vinda de D. João VItrouxe verdadeiramente para oBrasil, agora que se comemora os200 anos de sua chegada a nossaPátria?

Grandes instituições se fundam nacidade da mais maravilhosa baía domundo. Surgem a Escola deMedicina, o Real Teatro São João,o Banco do Brasil, organizam-seos primórdios da Escola de Belas-Artes, cria-se a Academia daMarinha, o Conselho Militar, aBiblioteca Real, desenha-se oJardim Botânico, como novoencanto da cidade, e, sobretudo,inicia-se, com a Imprensa Régia, avida do jornalismo na Terra deSanta Cruz”.

“Entidades benevolentes esábias, sob a direção de Ismael,espalham claridades novas emtodos os Espíritos e, sob os seusgenerosos e imponderáveisimpulsos, as grandes realizações doprogresso brasileiro se avolumampor toda a parte, nas mais elevadasdemonstrações evolutivas.”

A abertura dos portos àsnações amigas, decretada por D.João VI, em 28 de janeiro de 1808,foi um ato de política internacional,que propiciaria os primeiros passospara a Independência do Brasil,que se daria a 7 de setembro de1822, passados apenas 14 anos. DaIndependência à Proclamação daRepública, ocorrida em 15 denovembro de 1889, correram céleres67 anos. Nesse ínterim, tivemos alibertação dos escravos em 13 demaio de 1888, considerado um dosmaiores feitos da história nacional.

18 Mai/ago - 2008

Um mal, uma ofensa ou umadeslealdade marcam muito fundo anossa alma. O mal-estar que nosconsome quando alguma menção ousimples lembrança do ocorrido vemà tona, só tem a intensidadeindesejada porque fere o nossoorgulho.

Admitir o perdão comomelhor opção, compreendê-lo eaplicá-lo é tarefa árdua, obstáculopraticamente intransponível. Comoaceitar a humilhação, relevar suasconseqüências e na maioria dasvezes conviver com o ofensor,trabalhando essa mágoa até que elanão faça mais diferença? Comoassimilar no âmago da alma o legado,o exemplo do Mestre Jesus,perdoando na cruz infame os seusagressores? Sabemos que énecessário, é fundamental para nossaevolução, mas por onde começar?

O primeiro passo é a oração.Começar orando, pedindo roteiroseguro, força e clareza no raciocínioobnublado, colocando-nos nacondição de subserviência a Deus.Implorar para que os sentimentosdestrutivos que latejam em nossaalma sejam diminuídos, abrandadosaté o sufocamento total.

Depois é necessário tempo,evitando remoer em nossas palavrasou em nossa memória o que tantonos feriu.

Dentre tantos fatores que vãointerferir nesse processo o mais

importante é afé, responsável pela certeza de queos causadores de nossas dores sãoinfelizes por si mesmos, e sofrerãoas conseqüências de suas atitudessem o gravame de nossainterferência. É desnecessária anossa torcida para que colham osfrutos amargos da semeadurairrefletida. Só a fé embasada podenos levar a isso.

Os momentos de felicidadevão chegando aos poucos, vindo deoutras fontes, cobrindo de orvalhoo terreno árido que o rancorconstruiu em nosso coração, até quesurjam as primeiras sementes doperdão verdadeiro, que brotarão ese tornarão árvores frondosas,trazendo a sombra acolhedora e oalento tão almejado. Como um frutoabençoado, brota de forma naturala necessidade de socorrermosaquele agressor do passado porreconhecermos com mais clareza anossa cota de responsabilidadeperante o fato que nos incomodou.Trazê-lo para o remanso de seuaconchego para que ele tambémperceba o quanto de paz e harmoniatraz o dever comprido no caminhocorreto, onde os primeiros passosforam tão difíceis. Amá-loincondicionalmente nos parecerámais fácil. Mesmo que este reincidano erro ferindo-nos novamente,agora não será tão profundamente.Teremos então perdoado.

Perdoar é difícil!...mas vale a pena

19Mai/ago - 2008

RespostasVerificação de conhecimentos doutrinários - Páginas 12 e 13

Q.1 - Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.Q.2 - Jean Henri Pestalozzi.

Q.3 - Hebreu.Q.4 - Florence Cook.

Q.5 - ressureição.Q.6 -Antigo Testamento e Novo Testamento.

Q.7 - Lucas e MarcosQ.8 - Sócrates e Platão

Q.9 - Nero.Q.10 - Irmão X.

Albert Schweitzer – Síntese biográfica

Doutor em filosofia e teologia, médico e músicoorganista intérprete de Bach. É considerado um dosprecursores da bioética. Em 1913, Schweitzer, tornou-sedoutor em medicina e com sua esposa e enfermeira,Hélène Bresslau, foi para Lambaréné, onde às margensdo rio Ogooué, com a ajuda dos nativos, construiu seuhospital, e o equipou e manteve com recursos próprios,mais tarde suplementados por doações. Atendeu seus doentes enfrentandodificuldades como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma incomprensível, afalta de remédios e instrumental precário. Tratava diariamente dezenas depacientes e em paralelo ao serviço médico, ensinava o Evangelho com umalinguagem peculiar, utilizando-se de exemplos tirados da natureza sobre anecessidade da ação no bem em benefício do próximo.

Com o início da Primeira Grande Guerra, Schweitzer foi levado para aFrança, como prisioneiro em um campo de concentração.

Em 1924, acompanhado de médicos e enfermeiras para dar continuidadeao trabalho missionário, Schweitzer voltou à África Equatorial para reconstruir ohospital. Posteriormente inaugura uma colônia de leprosos. No início da décadade 60 havia, em números aproximados, 350 pacientes e seus familiares nohospital e 150 pacientes na colônia de leprosos. Albert Schweitzer jamaisabandonou o estudo e a música. Escreveu livros, deu aulas, realizou recitais efez gravações. Toda a renda auferida por meio do seu talento e empenho pessoalfoi direcionada para a manutenção do hospital e da colônia. Impressionou omundo com sua vida e obra, e em 1952, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

Seu exemplo de caridade e desprendimento material emociona oscorações sensíveis e encoraja, ainda hoje, missionários em todo o mundo.

Nasceu em 14/1/1875, em Kaysersberg, Alsácia, Alemanha (hojeFrança) e faleceu em 4/9/1965, em Lambaréné, Gabão, África.

20 Mai/ago - 2008

Curiosidades doutrináriasA reencarnação, nos textos do

profeta Jeremias, está patenteada. Éinquestionável, como consta na Bíbliatraduzida pelo pastor protestanteJoão Ferreira de Almeida. No capítulo1, versículos 4 e 5: “A mim veio apalavra do Senhor, dizendo: Antesque eu te formasse no ventre maternoeu te conheci, e antes que saísse detua mãe, te consagrei e te constituíprofeta às nações”. No versículo 6,Jeremias enriquece mais ainda aidéia de pré-existência, ou da memóriaanterior, quando acrescenta: “Nãopasso de uma criança”.

Em 16 de agosto de 1886, noauditório da Guarda Velha, na entãocapital do País, o Rio de Janeiro,diante de centenas de pessoas,humildemente, Bezerra de Menezesdeclara sua adesão ao Espiritismo.

Por que humildemente?Porque na Sessão Ordinária daCâmara dos Deputados,em 1.º de outubro de1879, na capital doImpério, 7 anos antes,ele respondia a umaprovocação do tambémdeputado Rui Barbosa,declarando: “Sou cató-lico porque nasci, criei-me e peço a Deus agraça de morrer no seioda Igreja Católica”. Jesustinha outros planos para o bondoso“Médico dos Pobres”.

O conhecidíssimo e consa-grado escritor, fundador e membro daAcademia Brasileira de Letras,Coelho Neto, em sua entrevistaintitulada “Conversão” disse:

“Combati com todas as minhasforças, o que sempre considerei amais ridícula das superstições. EssaDoutrina, hoje triunfante em todo omundo, não teve, entre nós,adversário mais intransigente, maiscruel do que eu”. Na noite de 14 desetembro de 1924, em palestra nainstituição espírita Abrigo Thereza deJesus, ao declarar sua adesão aoEspiritismo, disse: “A Doutrina dareencarnação a que me vou referir,não é de invenção nossa, senão dolivro sagrado, o livro dos livros, pedrafundamental da Igreja: a Bíblia”. Aconferência inteira pode serencontrada na obra “EscritoresFantasmas”, de Jorge Rizzini.

Manuel da Nóbrega, o jesuítaque chegou ao Brasil em 1549, seriamais tarde o nosso Emmanuel, osábio condutor dos passosmediúnicos de Chico Xavier. José de

Anchieta, que chegariadepois, em 1553, revela-nos Humberto deCampos em “Brasil,Coração do Mundo,Pátria do Evangelho”,capítulo IV, voltaria nacondição de Fabiano deCristo, o modesto fradedo Convento SantoAntônio, ainda hoje tãoamado pelos espíritas.

Mais tarde, pelas mesmas mãosabençoadas de Chico Xavier,Fabiano, em “Falando à Terra”, deu-nos uma mensagem, intitulada“Caridade”, declarando: “Sem acaridade tudo, na Terra quepovoamos, seria o caos do princípio”.

21Mai/ago - 2008

Notícias comentadas“O cérebro é o espírito”

Com o título chamativo, matéria da revista VEJA noticia trabalho depesquisa do cientista inglês Semir Zeki, uma das maiores autoridades naneurologia da visão, dando conta de que no cérebro reside, além da razão, acapacidade de produção e fruição das artes. Essa percepção somente foipossível em decorrência das leituras fornecidaspelas máquinas de neuroimagem que permitemavaliar estados subjetivos vivenciados pelocérebro. Acrescenta o cientista “Agora, asmáquinas de neuroimagem nos permitem avaliarestados subjetivos. Melhor, permitem quantificá-los,pois a atividade numa região do cérebro tende aser proporcional à intensidade declarada daexperiência. Filósofos especulam sobre a beleza.Eu diria que ela é um aumento de fluxo sanguíneona base do lobo frontal. (...) Estamos caminhandoceleremente para conhecermos melhor asfuncionalidades do cérebro com suas 100 bilhõesde células nervosas e as estimadas 500 trilhões de ligações potenciais entreos neurônios”. (VEJA - 26/9/2007, ed. 2.027)

Saudamos o trabalho digno e útil da pesquisa científica ofertandoinegáveis benefícios para o progresso das criaturas.

Em face da suposição da ciência de que o cérebro é a sede da inteligênciae dos sentimentos, não podemos deixar de consignar que o verdadeiro centronão reside no cérebro, ele não passa de um instrumento do espírito. Na questãon.º 24, de “O Livro dos Espíritos” é feita a indagação - “Espírito é sinônimo deinteligência?”, os Espíritos Superiores responderam: “A inteligência é um atributoessencial do Espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum,de sorte que, para vós, são a mesma coisa.” Mais à frente, na questão n.º 370,perguntou-se: “Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de umarelação entre o desenvolvimento do cérebro e o das faculdades morais eintelectuais?” A resposta foi incisiva: “Não confundais o efeito com a causa. OEspírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são osórgãos que dão as faculdades e sim estas que impulsionam o desenvolvimentodos órgãos.”. A inteligência é atributo do espírito e é ele quem dispõe do cérebro,não o contrário.

A ciência andará a passos mais largos quando considerar o espíritocomo fonte da inteligência que atua no cérebro e reconhecer que a criaturanecessita seguir os princípios gerais estabelecidos por Deus, bem referenciadosna Parte Terceira do mesmo livro – “Das Leis Morais” em seus doze capítulos.

22 Mai/ago - 2008

Notícias comentadas (continuação)

Estudo aponta possibilidade de “reprogramar” célulasCientistas das Universidades Harvard e Columbia, nos Estados Unidos,

conseguiram pela primeira vez transformar células da pele de pacientes comuma doença neurodegenerativa (esclerose lateral amiotrófica) em células dosistema nervoso, iguais às que são destruídas pela doença. O experimento,publicado na revista Science, é mais um avanço nas pesquisas com células-tronco de pluripotência induzida (iPS, em inglês), que há dois anos dividemespaço com as células-tronco embrionárias (CTEs) no palco de celebridadesda biomedicina. Ambas têm a capacidade de se transformar em qualquer tecidodo organismo, com a vantagem de que as induzidas não requerem o uso deembriões. A transformação, nesse caso, é mediada pela introdução de quatro

genes no DNA de uma célula adulta. Os genesfuncionam como um software que reformata acélula de volta ao seu estado original(pluripotente), equivalente ao das células-tronco embrionárias que precisam ser colhidasdiretamente de um embrião, o que causaobjeções éticas à pesquisa.

Outro aspecto relevante do método éque as células reprogramadas, por serem dopaciente, não apresentam risco de rejeição.

Existe ainda um longo caminho até que as células-tronco customizadas possamsubstituir as células lesionadas, restituindo o estado de saúde das pessoas.(O Estado de São Paulo – 31/7/2008)

É legítimo ao homem buscar, com os recursos da inteligência e pelotrabalho útil, meios de melhorar a vida material e espiritual. Deve, contudo,observar as advertências de Paulo de Tarso de que “tudo me é permitido masnem tudo me convém” (1 Coríntios – 6:12). Nas pesquisas com células-tronco,vemos de modo auspicioso a pesquisa com células adultas, afastando, deplano, as implicações advindas com a utilização das células-troncoembrionárias, especialmente em face das advertências contidas nas questões358 e 360, de “O Livro dos Espíritos - LE”, por não termos o conhecimentosuficiente para saber previamente se no embrião existe ou não um espíritoligado para o renascimento (ou naqueles congelados, como refúgio temporáriocontra inimigos, como lembrou Joanna de Ângelis – “Dias Gloriosos”).

Na resposta da questão 707 do “LE” temos um voto de louvor à ciência:“...Por toda parte a Ciência contribui para acrescer o bem-estar. Poder-se-ádizer que já se haja chegado à perfeição? Oh! Não, certamente; mas, o que jáse fez deixa prever o que, com perseverança, se logrará conseguir, se o homemse mostrar bastante avisado para procurar a sua felicidade nas coisas positivase sérias e não em utopias que o levam a recuar em vez de fazê-lo avançar.”.

Afinal, a ciência é um dos caminhos da lei do progresso!

Células-tronco embrionárias

23Mai/ago - 2008

Carta ao atual e futuroASSINANTE MANTENEDOR

Contribua com a divulgaçãoda Doutrina Espírita.

Preencha o formulário no verso.

A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978,jamais deixou de circular em seus 29 anos de existência.

Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil amensagem consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e abeleza propostas por nossos benfeitores sob a égide do Cristo.

Cabe colocar, que muitas casas espíritas carentes, mormenteno interior, onde há enorme falta de material de divulgação, estãorecebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamosà sua nobre consciência, que contribua anualmente com umvalor sugerido de R$ 15,00 (quinze reais), ou mediantecolaboração espontânea acima deste valor, para que possamoscustear as três edições da revista (abril/agosto/dezembro), aspostagens dos exemplares que serão remetidos em seu nome e adistribuição gratuita para centenas de instituições espíritas.

Ao enviar sua parcela de contribuição, você estaráviabilizando a continuação deste trabalho e apoiando os redatores,que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira daNova Fé, e que arcam com os custos desta produção, sem nadareceber pelos serviços prestados.

Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendoque a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos.

Querido(a) irmão(ã),

24 Mai/ago - 2008