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CentraisCentraisCentraisCentraisCentrais16

Freguesia do Landal cria e vende codornizes para toSe pedir uma codorniz num restaurante ou a comprar numa loja desde

o Minho ao Algarve, o mais certo é que esta tenha origem no concelho das Caldas da Rainha. A freguesia do Landal tem um cluster

único no país, que dá de comer a várias famílias graças a um rendimentoque é complementar de outras actividades, mas que garante a produçãocontínua destas aves para os matadouros. São particulares, agricultores,pequenos empresários que possuem pavilhões nos quais criam aos milha-res estas simpáticas aves, sempre debaixo de um rigoroso controlo sanitá-

rio e com custos de produção mínimos porque são as empresas de abate ecomercialização que lhes pagam as rações, o gás e as visitas do veteriná-rio.O sector já viveu dias melhores, mas a Junta de Freguesia, os produtores eas associações locais já se deram conta que possuem um elemento dife-renciador que deve ser potenciado. A organização do Festival da Codornizdo Landal pode ser apenas o começo de um caminho que reverta a descidana procura de codornizes.

Rostos, restaurante Sama-gaio, 13h00. O estabelecimentoestá cheio de uma clientela rui-dosa que ocupa todas as mesase se debate com pratos de car-ne. Maioritariamente codorni-zes (uma especialidade dacasa), mas também frango, co-elho na brasa, febras e cozido àportuguesa. Nesta quinta-feirade Novembro só há uma mulherno restaurante. O resto são gru-pos de homens, pessoas da fre-guesia, mas também de A-dos-Francos, do Painho, das Caldas.

Não é só porque uma refei-ção neste restaurante custa cin-co euros (prato do dia, vinho,pão e café) que ele está cheio.Na freguesia do Landal, só hádois – o Samagaio (nos Rostos)e o Retiro dos Amigos (em San-ta Susana). São locais de encon-tro e de convívio, onde se falade caça, de futebol e de políti-ca, mas também de negócios.Vinhos, codornizes, madeiras,rações, produtos agrícolas sãoigualmente tema de conversa.

Júlio Silva, empresário, e An-tónio Almeida, presidente daJunta, estão diante de uma tra-

“A codorniz tem de estar para o Landalcomo a sopa da pedra está para Almeirim

e o leitão para a Bairrada”vessa de codornizes excelente-mente confeccionada. “Estão“Estão“Estão“Estão“Estãono ponto” no ponto” no ponto” no ponto” no ponto” diz Júlio Silva, queas fornece. “Estas têm exac-“Estas têm exac-“Estas têm exac-“Estas têm exac-“Estas têm exac-tamente quatro semanas.tamente quatro semanas.tamente quatro semanas.tamente quatro semanas.tamente quatro semanas.Mais do que isso começam aMais do que isso começam aMais do que isso começam aMais do que isso começam aMais do que isso começam aganhar gordura e ficam ri-ganhar gordura e ficam ri-ganhar gordura e ficam ri-ganhar gordura e ficam ri-ganhar gordura e ficam ri-jas. Eu prefiro que se quei-jas. Eu prefiro que se quei-jas. Eu prefiro que se quei-jas. Eu prefiro que se quei-jas. Eu prefiro que se quei-xem por elas serem peque-xem por elas serem peque-xem por elas serem peque-xem por elas serem peque-xem por elas serem peque-nas do que por serem rijasnas do que por serem rijasnas do que por serem rijasnas do que por serem rijasnas do que por serem rijasporque assim é que elas sãoporque assim é que elas sãoporque assim é que elas sãoporque assim é que elas sãoporque assim é que elas sãosaborosas”saborosas”saborosas”saborosas”saborosas”.

António Almeida refere a im-portância desta actividade nasua freguesia que tem poucomais de mil eleitores. Tendo emconta que há uma centena depessoas directa ou indirecta-mente relacionadas com a pro-dução de codornizes, isso repre-senta 10% do seu eleitorado. Oautarca, de 53 anos, eleito peloPSD, completa o seu primeiromandato e orgulha-se de terposto em prática uma ideia jáantiga na freguesia – um festi-val de codornizes, que associe oLandal a este produto.

“Tal como a Sopa da Pe-“Tal como a Sopa da Pe-“Tal como a Sopa da Pe-“Tal como a Sopa da Pe-“Tal como a Sopa da Pe-dra está relacionada com Al-dra está relacionada com Al-dra está relacionada com Al-dra está relacionada com Al-dra está relacionada com Al-meirim, e o leitão à Bairrada,meirim, e o leitão à Bairrada,meirim, e o leitão à Bairrada,meirim, e o leitão à Bairrada,meirim, e o leitão à Bairrada,queremos que as codornizesqueremos que as codornizesqueremos que as codornizesqueremos que as codornizesqueremos que as codornizes

sejam associadas ao Lan-sejam associadas ao Lan-sejam associadas ao Lan-sejam associadas ao Lan-sejam associadas ao Lan-dal”dal”dal”dal”dal”, explica António José Almei-da.

Cerca de 3000 pessoas passa-ram por este evento, que tevelugar em Outubro e se realizoupelo segundo ano consecutivo.Este ano até teve direito a re-portagem da RTP, o que ajudoua divulgar o nome da terra e ocluster das codornizes.

Nas próximas edições do fes-tival, se a afluência de públicocontinuar a aumentar, o autarcagostaria de usar as casas anti-gas do centro do Landal para alirealizar o evento, tornando-omais pitoresco e dando uso a umpatrimónio discreto em que pou-cos reparam.

“Organizar o festival serve“Organizar o festival serve“Organizar o festival serve“Organizar o festival serve“Organizar o festival servepara divulgar o produto, maspara divulgar o produto, maspara divulgar o produto, maspara divulgar o produto, maspara divulgar o produto, mastambém para ajudar as qua-também para ajudar as qua-também para ajudar as qua-também para ajudar as qua-também para ajudar as qua-tro associações da fregue-tro associações da fregue-tro associações da fregue-tro associações da fregue-tro associações da fregue-sia”sia”sia”sia”sia”, diz o presidente. A Juntapaga o evento, os produtoresoferecem uma parte das codor-nizes e as associações cozinhame vendem as refeições e obtêmassim receitas para as suas ac-tividades.

Curiosamente, o Landal é uma

das terras mais pequenas dafreguesia. Um local onde nãoacontece nada, parado no tem-po, que não tem sequer umcafé. A Junta de Freguesia temuma funcionária, que faz tam-bém o transporte das criançasdas escolas. E mais nada, comoa Gazeta das CaldasGazeta das CaldasGazeta das CaldasGazeta das CaldasGazeta das Caldas teveoportunidade de confirmar nes-ta tarde soalheira.

António Almeida conta que,historicamente, a terra era do-minada por três famílias ricas,a que correspondiam três res-pectivas quintas. Daí ser o Lan-dal a sede administrativa deuma freguesia que tem prati-camente a sua população e ac-tividade económica concentra-das nos Casais da Serra, Rostose Santa Susana.

Além das codornizes, o pre-sidente da Junta releva tambéma produção de pêra Rocha (queeste ano ultrapassou as 3000 to-neladas) e o Pão de Ló do Lan-dal na economia da freguesia.

C.C.C.C.C.C.C.C.C.C.

O Festival da Codorniz, que este ano se realizou pela segunda vez, é uma forma de promover o consumo desta ave, cuja criação é tão importante para a Freguesia do LandalO Festival da Codorniz, que este ano se realizou pela segunda vez, é uma forma de promover o consumo desta ave, cuja criação é tão importante para a Freguesia do LandalO Festival da Codorniz, que este ano se realizou pela segunda vez, é uma forma de promover o consumo desta ave, cuja criação é tão importante para a Freguesia do LandalO Festival da Codorniz, que este ano se realizou pela segunda vez, é uma forma de promover o consumo desta ave, cuja criação é tão importante para a Freguesia do LandalO Festival da Codorniz, que este ano se realizou pela segunda vez, é uma forma de promover o consumo desta ave, cuja criação é tão importante para a Freguesia do Landal

António José Almeida reconhece que 10% do seuAntónio José Almeida reconhece que 10% do seuAntónio José Almeida reconhece que 10% do seuAntónio José Almeida reconhece que 10% do seuAntónio José Almeida reconhece que 10% do seueleitorado está ligado à produção de aveseleitorado está ligado à produção de aveseleitorado está ligado à produção de aveseleitorado está ligado à produção de aveseleitorado está ligado à produção de aves

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Manuel Louro Miguel morreunovo, com 43 anos. Em 1985 foivítima de um cancro e deixavauma empresa pioneira de cria-ção e abate de codornizes emSanta Susana (Landal), que vi-ria a ser gerida por um dosseus empregados, António VitoSousa Rosa.

O processo não foi imedia-to. O negócio deste empresá-rio esteve dois anos nas mãosda família, que constituiu a so-ciedade por quotas ManuelLouro Miguel, Herdeiros, Lda.Em 1987 a firma é compradapor cinco sócios, todos da fre-guesia do Landal, que por elapagaram cerca de 30 mil con-tos (150 mil euros), mas no anoseguinte António Vito SousaRosa e José Edmundo Henri-ques Bento compram as quo-tas dos restantes sócios e fi-cam a presidir ao destino daempresa.

António Vito está naAntónio Vito está naAntónio Vito está naAntónio Vito está naAntónio Vito está naempresa desde 1987empresa desde 1987empresa desde 1987empresa desde 1987empresa desde 1987

Desde então são estes doishomens que comandam os des-tinos da maior empresa portu-guesa de criação e abate decodornizes. Matam-se na fábri-ca de Santa Susana - na muitojustamente chamada Rua doMatadouro – 50 a 60 mil avespor semana.

Antigamente matavam-semais. Nos anos 90 produziam-se aqui 120 mil codornizes porsemana, mas o mercado pare-ce que encolheu. António Vitoexplica porquê: “por um lado é“por um lado é“por um lado é“por um lado é“por um lado éa crise, há menos dinheiro, ea crise, há menos dinheiro, ea crise, há menos dinheiro, ea crise, há menos dinheiro, ea crise, há menos dinheiro, epor outro, houve uma altera-por outro, houve uma altera-por outro, houve uma altera-por outro, houve uma altera-por outro, houve uma altera-ção dos hábitos alimentares -ção dos hábitos alimentares -ção dos hábitos alimentares -ção dos hábitos alimentares -ção dos hábitos alimentares -a malta nova não gosta muitoa malta nova não gosta muitoa malta nova não gosta muitoa malta nova não gosta muitoa malta nova não gosta muitode codornizes... gosta é dede codornizes... gosta é dede codornizes... gosta é dede codornizes... gosta é dede codornizes... gosta é deprodutos fáceis de mastigar,produtos fáceis de mastigar,produtos fáceis de mastigar,produtos fáceis de mastigar,produtos fáceis de mastigar,hambúrgueres, bifinhos, salsi-hambúrgueres, bifinhos, salsi-hambúrgueres, bifinhos, salsi-hambúrgueres, bifinhos, salsi-hambúrgueres, bifinhos, salsi-chas. A codorniz é uma carnechas. A codorniz é uma carnechas. A codorniz é uma carnechas. A codorniz é uma carnechas. A codorniz é uma carnemuito rica em termos de co-muito rica em termos de co-muito rica em termos de co-muito rica em termos de co-muito rica em termos de co-lesterol, é magra, tem proteí-lesterol, é magra, tem proteí-lesterol, é magra, tem proteí-lesterol, é magra, tem proteí-lesterol, é magra, tem proteí-nas, mas tem alguma mão denas, mas tem alguma mão denas, mas tem alguma mão denas, mas tem alguma mão denas, mas tem alguma mão deobra para se comer, tem unsobra para se comer, tem unsobra para se comer, tem unsobra para se comer, tem unsobra para se comer, tem unsossitos, não é um bifinho ma-ossitos, não é um bifinho ma-ossitos, não é um bifinho ma-ossitos, não é um bifinho ma-ossitos, não é um bifinho ma-cio...”cio...”cio...”cio...”cio...”.

E eis como se tem vindo areduzir o consumo de um pro-duto que até é consideradogourmet por algumas grandessuperfícies (apesar de na Alen-quer, uma empresa de aves játer criado um segmento de co-dornizes-gourmet). De tal for-ma que este empresário sequeixa que lhe esmagam asmargens de lucro para podervender aos distribuidores e de-pois vai ao supermercado e vêque as suas aves estão à ven-da com um preço muito razoá-

A imagem de marca do fundador mantém-se e éA imagem de marca do fundador mantém-se e éA imagem de marca do fundador mantém-se e éA imagem de marca do fundador mantém-se e éA imagem de marca do fundador mantém-se e éconhecida em todo o paísconhecida em todo o paísconhecida em todo o paísconhecida em todo o paísconhecida em todo o país

Manuel Louro Miguel Herdeiros, Lda tem uma históriade sucesso e enfrenta agora os desafios da crise

vel porque são consideradasprodutos para um segmento demercado médio alto.

António Vito decidiu mantero nome da empresa e da mar-ca Manuel Louro Miguel comoforma de homenagear o seuantigo patrão e porque a mes-ma é garantia de qualidade nomercado.

Mas desde 1988 até hoje afábrica já não é o que era.“Ampliamos as instalações”“Ampliamos as instalações”“Ampliamos as instalações”“Ampliamos as instalações”“Ampliamos as instalações”,conta António Vito. “Tivemos“Tivemos“Tivemos“Tivemos“Tivemosque nos aperfeiçoar e expan-que nos aperfeiçoar e expan-que nos aperfeiçoar e expan-que nos aperfeiçoar e expan-que nos aperfeiçoar e expan-dir e tivemos que nos adaptardir e tivemos que nos adaptardir e tivemos que nos adaptardir e tivemos que nos adaptardir e tivemos que nos adaptaràs novas legislações. Fizemosàs novas legislações. Fizemosàs novas legislações. Fizemosàs novas legislações. Fizemosàs novas legislações. Fizemosadaptações e olhe tudo o queadaptações e olhe tudo o queadaptações e olhe tudo o queadaptações e olhe tudo o queadaptações e olhe tudo o queaqui está, estes equipamentos,aqui está, estes equipamentos,aqui está, estes equipamentos,aqui está, estes equipamentos,aqui está, estes equipamentos,a linha de fabrico, é tudo dea linha de fabrico, é tudo dea linha de fabrico, é tudo dea linha de fabrico, é tudo dea linha de fabrico, é tudo detopo”topo”topo”topo”topo”.

A rigorosa legislação obrigaa cuidados extremos na higie-ne do processo produtivo e háinspecções constantes queobrigam a manter os parâme-tros de qualidade.

AS VANTAGENS DAAS VANTAGENS DAAS VANTAGENS DAAS VANTAGENS DAAS VANTAGENS DASUBCONTRATAÇÃOSUBCONTRATAÇÃOSUBCONTRATAÇÃOSUBCONTRATAÇÃOSUBCONTRATAÇÃO

A Manuel Louro Miguel, Her-deiros, Lda. abarca todo o pro-cesso de produção das codor-nizes. Tem a reprodução, a in-cubação, a criação, o abate ea comercialização, actividadesque dão trabalho a cerca de 70pessoas, ainda que em moldesdiferentes.

Empregados fixos, a empre-sa tem 13, mas recorre ao tra-balho de mais 17 em algunsdias da semana quando se pro-

cede ao abate de aves. E de-pois há ainda cerca de 40 cola-boradores espalhados pelafreguesia a quem a AntónioVito subcontrata a criação dascodornizes nas suas própriascasas.

A empresa fornece-lhes asaves do dia e assegura-lhesainda as rações, as vitaminas,o gás para o aquecimento e aassistência veterinária. Emcontrapartida, estes “empre-gados” dão as instalações e amão-de-obra para tratar dascodornizes até elas estaremprontas para o abate.

As vantagens deste proce-dimento são decisivas para onegócio porque a empresa nãosuporta tantos encargos como pessoal e, em caso de even-tual foco de doença, é maisfácil debelá-la por não estar acriação toda junta.

É claro que para estes cola-boradores esta actividade é umcomplemento ao seu rendi-mento, mas António Vito dizque há quem receba 4.000 a5.000 euros por ano com estepart-time.

Apesar da importância des-te sector na economia da fre-guesia, as codornizes já nãosão o que eram. Não os ani-mais, claro, que continuam sa-borosos no prato e se degus-tam de várias maneiras e comvários condimentos, acompa-nhadas, normalmente, de umtinto, mas sim o negócio e osrendimentos auferidos.

António Vito queixa-se dos

custos de produção. Uma co-dorniz devidamente embaladae apresentada fresca no super-mercado tem uma estrutura decustos cuja maior parcela é aalimentação. E as rações, quei-xa-se, este empresário estãopela hora de morte. “Aumen- “Aumen- “Aumen- “Aumen- “Aumen-taram 25% nos últimos doistaram 25% nos últimos doistaram 25% nos últimos doistaram 25% nos últimos doistaram 25% nos últimos doisanosanosanosanosanos”, diz.

Depois vem o custo da mão-de-obra. Neste particular os úl-timos governos têm-se encar-regado de a manter em níveisbaixos. Mas há outra parcelado custo que é significativa: oescoamento e posterior incine-ração das vísceras e penas dasaves, que tem de ser feito porempresas especializadas. An-

tigamente António Vito vendiaeste sub-produto para fazer ra-ções e obtinha daqui uma re-ceita, mas agora, em vez deum proveito tem um custo por-que a legislação obriga a queestas resíduos sejam devida-mente transportados e incine-rados.

Por fim, vem os custos daenergia, sobretudo do gás, uti-lizado para o aquecimento dospavilhões durante a criaçãodas codornizes, que devem es-tar sempre mantidas a umatemperatura inferior a quatrograus.

Carlos CiprianoCarlos CiprianoCarlos CiprianoCarlos CiprianoCarlos [email protected]

Coitadinhas....! Para ali es-tão aos milhares, encaixota-das em grades de plástico, ospescocitos de fora, a piar, apiar, a piar. A linha de produ-ção começa ali, no momentoem que os caixotes são des-carregados do camião. Fôlegoque isto, afinal, é uma fábricacomo outra qualquer por ondeentra matéria-prima e sai pro-duto acabado.

Vamos, pois, assistir a todoo processo. As codornizes são

Uma linha de fabrico industrialretiradas dos caixotes e pen-duradas pelas patas numas ca-lhas que circulam por toda afábrica. O abate é feito ao pas-sarem por uma câmara comágua na qual sofrem uma elec-trocussão de 52 volts, que asdeixa atordoadas, ao qual sesegue a máquina “corta pesco-ços” a máquina depenadora.Esta é composta por dois rolosrevestidos com “dedos de bor-racha” que ao passar pelas aveslhes arranca as penas.

Nesta Nesta Nesta Nesta Nesta linha de fabrico linha de fabrico linha de fabrico linha de fabrico linha de fabrico uma dezena de operárias uma dezena de operárias uma dezena de operárias uma dezena de operárias uma dezena de operárias processa, isto é, abate, depena, prepara e embala, entre 3.500 a 4.000processa, isto é, abate, depena, prepara e embala, entre 3.500 a 4.000processa, isto é, abate, depena, prepara e embala, entre 3.500 a 4.000processa, isto é, abate, depena, prepara e embala, entre 3.500 a 4.000processa, isto é, abate, depena, prepara e embala, entre 3.500 a 4.000 avesavesavesavesaves por hora por hora por hora por hora por hora

O passo seguinte - e sempreem movimento – é o corte daspontas das asas e depois a pas-sagem por uma máquina de vá-cuo que aspira as vísceras dasaves. Segue-se o corte das pa-tas e o embalamento em cai-xas de esferovite, passando,nesta fase, por um túnel de re-frigeração com uma tempera-tura de um grau negativo.

A partir de agora este pro-duto fica embalado a uma tem-peratura que oscila entre o zero

e os quatro graus. As embala-gens são imediatas postas emcâmaras de frigoríficas ou en-tão embarcadas em carrinhascom sistemas de frio que astransportam para os distribui-dores. Chegarão assim, fres-quinhas, às prateleiras dos su-permercados, onde terão umaprazo de validade de dez dias.

Entre o momento em que acodorniz é retirada viva dos cai-xotes e sai embalada prontapara ser consumida medeiam

60 a 75 minutos. Numa hora alinha de fabrico processa, istoé, abate, depena, prepara eembala, entre 3.500 a 4.000 aves.

Uma pequena parte da pro-dução é congelada, o que exigetemperaturas muito mais bai-xas e um maior consumo deenergia. Serão vendidas a umpreço mais baixo, o que nãodeixa de ser um contradiçãocuriosa pois neste caso a ummaior custo de produção equi-vale um preço de venda mais

barato do produto.Uma dezena de operárias as-

segura o funcionamento destapequena unidade industrial trêsdias por semana (não há aba-tes todos os dias), devidamen-te equipadas com batas, tou-cas, luvas e calçado adequado.As condições de higiene são es-crutinadas periodicamente pe-las autoridades.

C.C.C.C.C.C.C.C.C.C.

odo o país, Suíça e Angola

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Júlio Filipe Lopes Silva, 53 anos,começou no negócio das codor-nizes há 30 anos. Na altura nãomudou de ramo (criação de ani-mais), mas mudou de produto.Criava coelhos, mas passou adedicar-se a estas pequenas efrágeis aves, numa altura em queeste mercado estava em ascen-são.

“Foi um risco, mas resultou”“Foi um risco, mas resultou”“Foi um risco, mas resultou”“Foi um risco, mas resultou”“Foi um risco, mas resultou”,diz Júlio Silva, que para o efeitocriou a empresa Aviário Cortiça-das, Lda., que já chegou a daremprego a 26 pessoas quandodominava toda a fileira de pro-dução – criação, abate e comer-cialização. Hoje a ênfase é colo-cada na criação e comércio des-tas aves a uma média de 25 milcodornizes por semana, ou seja,mais de um milhão por ano.

O empresário não nega que já

Júlio Silva comercializa mais de um milhão decodornizes por ano

se viveram dias melhores nestaactividade. Ele próprio já chegoua vender mais de 2 milhões decodornizes por ano, mas depoisdo problema dos nitrofuranos osector não se recompôs. E hátambém uma mudança de hábi-tos de consumo: “as pessoas não“as pessoas não“as pessoas não“as pessoas não“as pessoas nãotêm paciência para chegar atêm paciência para chegar atêm paciência para chegar atêm paciência para chegar atêm paciência para chegar acasa e cozinhar codorniz, pro-casa e cozinhar codorniz, pro-casa e cozinhar codorniz, pro-casa e cozinhar codorniz, pro-casa e cozinhar codorniz, pro-curam comida pré-preparada oucuram comida pré-preparada oucuram comida pré-preparada oucuram comida pré-preparada oucuram comida pré-preparada oucongelada”congelada”congelada”congelada”congelada”, conta.

Ainda assim, a Aviário Corti-çadas, Lda vai mantendo uma fielcarteira de clientes, todos arma-zenistas, que depois se encarre-gam de escoar as aves – man-tendo-as sempre numa tempe-ratura entre os zero e os quatrograus – para os supermercados,grandes superfícies e até lojasdo comércio tradicional.

Júlio Silva não quer referir

números sobre a facturação, masconta que um quinto da produ-ção é escoada congelada. Não éneste segmento que se ganhadinheiro, num negócio onde asmargens são de cêntimos e quesó é rentável em grandes quan-tidades (basta dizer que cadacodorniz é vendida pelo produ-tor a um preço que oscila entreos 0,60 e os 0,68 cêntimos). Con-gelar significa aumentar os cus-tos de produção devido ao con-sumo de energia eléctrica e di-minuir o valor do produto final(uma codorniz congelada valemenos do que apresentada emfrio com um prazo de validadede dez dias), mas antes isso doque deixar as aves passarem dascinco semanas, tempo a partirdo qual deixa de ser rentávelsustentá-las pois comem mais

ração do que aquilo que elas va-lem.

Uma pequena parte da produ-ção - cerca de 4000 codornizespor semana - é também expor-tada para Angola, mas no mer-cado europeu, os portuguesesnão conseguem penetrar porquedeparam-se com a forte concor-rência dos espanhóis e dos fran-ceses.

UMA CARNE SAUDÁVELUMA CARNE SAUDÁVELUMA CARNE SAUDÁVELUMA CARNE SAUDÁVELUMA CARNE SAUDÁVEL

Sem ser dramática, a situaçãodo sector exige algumas medi-das, uma das quais é uma forteaposta no marketing. O Festivaldo Landal é um bom exemplo dedivulgação, mas é preciso fazerpassar a mensagem daquilo quea codorniz tem de bom, para alémdo sabor – uma carne saudável,

O dono do Aviário Cortiçadas, Lda, O dono do Aviário Cortiçadas, Lda, O dono do Aviário Cortiçadas, Lda, O dono do Aviário Cortiçadas, Lda, O dono do Aviário Cortiçadas, Lda, envia por semana 4000 codornizes congeladas envia por semana 4000 codornizes congeladas envia por semana 4000 codornizes congeladas envia por semana 4000 codornizes congeladas envia por semana 4000 codornizes congeladaspara Angolapara Angolapara Angolapara Angolapara Angola

com elevado teor de proteínas eum volume de colestorel baixís-simo (apenas 60 mg). Numa al-tura em que as preocupaçõescom hábitos alimentares estãotão na moda, esta poderá ser asaída para habituar os consumi-dores a optar por estas aves.

Outras soluções estão a serdesenvolvidas pela Interaves(Alenquer), que abate entre 120a 150 mil codornizes por semana(numa facturação anual que Ga-Ga-Ga-Ga-Ga-zeta das Caldaszeta das Caldaszeta das Caldaszeta das Caldaszeta das Caldas estima ser de3,2 milhões de euros), são os pro-dutos gourmet. A empresa criouum segmento de mercado commaior valor acrescentado que sãoas codornizes gourmet, geneti-camente diferentes das outras,com uma alimentação diferentee um manejo diferente durantea fase da criação e no abate. Em

vez de as venderem em torno dos60 a 65 cêntimos, estas codorni-zes já se aproximam dos 90 cên-timos a um euro e têm procuranos restaurantes de categoriasuperior e nas lojas gourmet.

Fernando Correia, da Intera-ves, conta que no Vila Jóia, noAlgarve, considerado um dos 50melhores restaurantes do mun-do (possuidor de duas estrelasMichelin), faz parte da lista umprato de codorniz. Que segura-mente terá sido criada no Oeste.

Esta empresa (que tambémcomercializa frangos e perus)possui uma fileira de produçãode ovos de codorniz, que é outromercado que está em crescimen-to.

Carlos CiprianoCarlos CiprianoCarlos CiprianoCarlos CiprianoCarlos [email protected]

A codorniz tanto pode ser um petisco popular como um produto gourmet A codorniz tanto pode ser um petisco popular como um produto gourmet A codorniz tanto pode ser um petisco popular como um produto gourmet A codorniz tanto pode ser um petisco popular como um produto gourmet A codorniz tanto pode ser um petisco popular como um produto gourmet

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DIVISÃO DE PROJECTOS E URBANISMODIVISÃO DE PROJECTOS E URBANISMODIVISÃO DE PROJECTOS E URBANISMODIVISÃO DE PROJECTOS E URBANISMODIVISÃO DE PROJECTOS E URBANISMO

AVISOAVISOAVISOAVISOAVISONº 53/2012Nº 53/2012Nº 53/2012Nº 53/2012Nº 53/2012

Nos termos do Decreto-Lei nº 555/99 de 16 deDezembro com alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 177/2011 de 4 de Junho e Lei nº 60/2007 de 4 deSetembro, torna-se público que a Câmara Municipaldas Caldas da Rainha, emitiu em 04 de Outubro de2012, o alvará de loteamento nº 02/2012, nº 02/2012, nº 02/2012, nº 02/2012, nº 02/2012, em nomede Sandra CORREIA DA COSTA SANTOS, através doqual é licenciado o loteamento, que incide sobre oprédio sito em Quinta da Lage, freguesia do Coto,descrito na Conservatória do Registo Predial dasCaldas da Rainha sob o nº 32 e inscrito na matrizrústica, sob o artº 813 da respectiva freguesia.

OPERAÇÃO DE LOTEAMENTO COM AS SEGUINTESCARACTERÍSTICAS:

Área do prédio a lotear 4.071,70; Número de lotes03, com a área de 780,00 m2 a 955,00 m2.

Número de pisos máximo VC+2; número de fogostotal 03 ; número de lotes para habitação 03.

São integrados no domínio provado do Município1.549,70 m2.1.549,70 m2.1.549,70 m2.1.549,70 m2.1.549,70 m2.

Paços do Município , 09 de Outubro de 2012.

O Presidente da Câmara Municipal(Dr. Fernando José da Costa) (2910)

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