14º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Janeiro 2013
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POR OUTRAS PALAVRAS
Boletim Informativo Temático
DEFICIÊNCIA
Boletim Informativo
Selecção de Notícias publicadas entre Janeiro de 2012 e
Dezembro de 2012.
Foram monitorizados 10 jornais de referência: 3 de
âmbito regional (Campeão das Províncias, Diário As
Beiras e Diário de Coimbra) e 7 de âmbito nacional
(Diário de Notícias, Jornal I, Jornal de Notícias, O
Expresso, O Público, Primeiro de Janeiro e Sol).
Nesta edição:
1. Editorial
2. Definição de Deficiência
3 – 6. Notícias e Análise
7. Pela Positiva
8. Entrevista APPACDM Coimbra
9. APPACDM, Sugestões de Leitura, Na Internet,
Créditos
IN OTHER WORDS é um projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação)
vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
N.º 14, Janeiro 2013
POR OUTRAS PALAVRAS? No decorrer de um ano de monitorização e de análise de notícias na
imprensa escrita foram analisadas 10 notícias sobre questões relacionadas
com a deficiência. Este boletim informativo recorda essas notícias e marca os seus
pontos essenciais. Começamos por apresentar a definição de "Deficiência" tal
como ela é apresentada no Dicionário da Crise e das Alternativas (Almedina-CES,
2012). No que respeita às linhas de análise desenvolvidas elas são 3: a (re)
produção da invisibilidade e silenciamento social da temática; a reificação da ideia
de uma sociedade meritocrática que responsabiliza os sujeitos, não evidencia os
contextos, não cria acessos ou oportunidades e onde a vontade política e mediática
não coloca em debate as discriminações a que as pessoas com deficiência estão
sujeitas e a perpetuação da confusão entre os conceitos de "deficiência mental" e
"doença mental". Por último e apesar do silêncio dos media, esporadicamente, é
dada visibilidade a notícias que reportam situações onde as pessoas com deficiên-
cia são algo de constrangimentos e discriminações ou que mostram iniciativas por
parte de associações que trabalham com a questão da deficiência. No geral, consi-
deramos que não existe um debate público (mediático) sobre esta temática.
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definição de deficiência ´Nos Estudos da Deficiência existem diversas definições
e modelos, com potenciais de emancipação distintos para
as pessoas com deficiência.
No caso do modelo médico ou individual de deficiência,
esta é entendida como uma consequência direta da inca-
pacidade. A única “esperança” para um corpo “diferente”
reside no tratamento médico e nos serviços de reabilita-
ção geridos por profissionais. A deficiência é, assim, o
resultado de um corpo “imperfeito” e as pessoas com
deficiência apresentam-se como dependentes e passivas
face às suas biografias.
A crescente politização das pessoas com deficiência no
Reino Unido e nos EUA e a formação de organizações de
pessoas com deficiência politicamente comprometidas
permitiram a emergência de uma visão alternativa da deficiência – o modelo social. De
acordo com esta nova perspetiva, a deficiência não é criada pela incapacidade, mas pela
sociedade através das barreiras sociais, culturais e físicas que ergue. Este entendimento
da deficiência representa uma viragem, ao recentrar a intervenção na sociedade e não no
indivíduo.
A necessidade de conciliar estes dois modelos deu origem ao que se designa por modelo
biopsicossocial, mediante o qual a deficiência resulta das condições de saúde e do contexto
de vida de cada indivíduo. Esta perspetiva tem servido de alicerce a muitas das políticas
sociais mais recentes, sem todavia se traduzir num impacto real na vida das pessoas com
deficiência. A influência do modelo médico e a ênfase em fatores médicos e individuais,
dominante nas políticas sociais na área da deficiência, têm constituído entraves à emanci-
pação das pessoas com deficiência. Num contexto de crise económica, tal ênfase torna-se
ainda mais problemática. A ausência de políticas de cariz estrutural capazes de eliminar
as barreiras físicas e culturais à cidadania das pessoas com deficiência, bem como a redu-
ção dos direitos sociais utilizados como forma de assegurar uma igualdade de oportunida-
des, relegam as pessoas com deficiência para situações de extrema pobreza e exclusão
social´.
(Fontes, F. , 2012: Dicionário das Crises e das Alternativas, Coimbra, Almedina-CES, 71)
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No decorrer da monitorização e análise de imprensa, percebeu-se que, especifi-
camente no que respeita questões relacionadas com a deficiência, os media:
a) (re)produzem a invisibilidade e silenciamento sociais, exceptuando pontuais denúncias
de maus tratos ou anúncios relativos à promoção de iniciativas por parte de associações
que trabalham com a questão da deficiência, não existe um debate público (mediático)
sobre esta temática;
notícias e análise
in Diário das Beiras, 04/05/2012 in Diário de Notícias, 12/05/2012
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notícias e análise
in Diário de Coimbra, 01/06/2012 in Diário de Coimbra, 13/07/2012
in Jornal de Notícias, 22/05/2012 in Jornal de Notícias, 30/05/2012
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notícias e análise
b) reifica, por um lado, a ideia de uma sociedade meritocrática, que deposita toda a res-
ponsabilidade no sujeito, sem nunca atentar realmente aos contextos; e, por outro a falta
de acesso a um conjunto de oportunidades, o que deixa por entender a inexistência de
vontade mediática e politica para trazer para o debate as discriminações a que muitas
pessoas se encontram sujeitas;
in Diário de Coimbra, 12/07/2012
in Público, 14/07/2012
in Diário das Beiras, 30/10/2012
in Diário de Coimbra, 02/03/2012
in Diário das Beiras, 27/02/2012
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c) perpetuam a confusão entre deficiência mental e doença mental.
notícias e análise
in Diário de Coimbra, 17/11/2012
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Embora o discurso mediático seja marcado por um silêncio prolongado em relação às ques-
tões da deficiência, denota-se que, esporadicamente, visibilizam algumas notícias que
reportam situações quotidianas nas quais as pessoas com deficiência são alvo de um con-
junto de constrangimentos e discriminações.
pela positiva
in Jornal i, 20/09/2012 in Público, 14/07/2012
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1) A ULAI completa um ano de existência. Que balanço faria do projecto, designadamente,
da metodologia aplicada e do tipo de análise que tem sido elaborada?
Em primeiro lugar achamos que o projeto em si é muito inovador e que deverá ter uma continuidade
quer em Coimbra como deveria ser disseminado por outras cidades do país. No que diz respeito á
metodologia utilizada pareceu-nos muito interessante e produtiva, uma vez que atempadamente todos
os parceiros tinham acesso ás noticias selecionadas e as reuniões bastante participadas por todos.
2) Em que medida considera que o projecto tenha contribuído para ampliar o campo de
discussão no espaço público, no geral, e da entidade que representa, em particular?
Da experiencia deste ano a noção com que fiquei é que se deveria tentar alargar mais a discussão a todo o publico. No que
diz respeito à APPACDM de Coimbra todos os valores de inclusão, de não descriminação estão incluídos e disseminados
na pratica diária da instituição.
3) De que forma considera que a monitorização e o estudo da discriminação nos media (designadamente, na
imprensa escrita) se revela importante para debater discursos e práticas políticas?
Acho que todos os estudos e monitorização dos media em geral deveriam ser efetuados uma vez que infelizmente ainda se
cometem demasiados atropelos ao garante dos direitos das populações que se encontram nas franjas da sociedade e seria
muito pertinente fundamentar o debate politico sobre estas questões.
4) Qual lhe parece ser o discurso dominante nos media sobre as questões da deficiência?
No que diz respeito à deficiência, os media, duma maneira geral, apenas noticiam eventos que as instituições vão levando
a cabo, nunca se debruçando pela clarificação de situações de injustiça, descriminação ou abuso. As pessoas com deficiên-
cia continuam a ser vetadas ao silencio por parte dos media.
5) No geral, o que lhe parece mais problemático no discurso da imprensa escrita analisada em Portugal?
Fundamentalmente as situações de descriminação de raças, a xenofobia e ciganofobia são talvez o que mais transparece
negativamente tratado nos media, as questões das pessoas com deficiência pela sua invisibilidade.
6) De que forma gostaria que os media trabalhassem as temáticas e as iniciativas ligadas à causa que a sua
entidade defende?
Em meu entender deveriam dar realce, tal como já hoje é feito aos eventos e atividades inclusivas organizadas pelas insti-
tuições, mas deveriam alargar a sua intervenção ou seja há situações escandalosas que se verificam neste país e que não
são abordadas em nenhum meio de comunicação social e que deveriam ser analisadas, noticiadas e esclarecidas para que
a opinião publica esteja igualmente esclarecida e informada e assim se promova o respeito pela pessoa diferente e se aca-
be definitivamente com qualquer tipo de descriminação.
entrevista APPACDM Coimbra
Gabriela Carneiro
Representante da
APPACDM Coimbra
na ULAI
APPACDM
sugestões de leitura
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- MARK HADDON, O estranho caso do cão morto , Editorial Presença, 2003
- ANTÓNIO MARTÍNEZ, Sou a Júlia, Temas e Debates, 2004
- 100 livros fundamentais sobre a deficiência—www.bengalalegal.com/100livros
na internet
Visite o website do projecto IN OTHER WORDS em: http://www.inotherwords-project.eu/
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Conheça a política e actividades da Comissão Europeia na área da Justiça em: http://ec.europa.eu/justice/index_en.htm
créditos Edição: IEBA Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais, Janeiro 2013
Revisão: ULAI Unidade Local de Análise de Imprensa - APPACDM Coimbra, APAV, GRAAL, NÂO TE PRIVES, SOS RACISMO
Contactos: IEBA Parque Industrial Manuel Lourenço Ferreira, Lote 12 - Apartado 38, 3450-232 Mortágua, [email protected]
sociais o Colégio de Santa Maria, o
Centro de Recursos para a Inclu-
são, o Centro de Atividades Ocupa-
cionais, a Formação Profissional,
os Lares Residenciais, o Apoio
Domiciliário e um Centro de Medi-
cina Física e de Reabilitação. Para
além disto, possui ainda empresas
de economia social nas áreas de
Jardinagem, Lavagem-auto, Reco-
lha de óleos usados, Lavandaria,
Hotel Quinta da Fonte Quente,
Jardinagem, Produtos de Artesa-
nato e/ou culinária e uma Casa de
Chá situada no Jardim da Sereia,
em Coimbra. Tendo como mote a
missão: criar condições para que
cada pessoa com deficiência men-
tal (ou em situação de exclusão),
possa atingir a sua plenitude como
ser humano e social, potenciando a
sua individualidade e consolidando
a sua participação efetiva na socie-
dade, a APPACDM de Coimbra
orgulha-se também de ter obtido a
21 de Dezembro de 2010 a certifi-
cação EQUASS Assurance, para
todas as suas respostas sociais.
Sendo, desta forma, a primeira
instituição do distrito de Coimbra
a obter uma Certificação de Quali-
dade, fundamentada nos Princí-
pios EQUASS e a primeira
APPACDM do País.
APPACDM de Coimbra
Saiba mais em:
www.appacdmcoimbra.pt
Remoto o seu início ao ano de
1969, mas apenas constituída em
2000 como Instituição autónoma, a
APPACDM de Coimbra é uma das
mais importantes e reconhecidas
Instituições de apoio ao cidadão
com deficiência mental, quer na
sua envolvente, quer a nível nacio-
nal. Atualmente, a APPACDM de
Coimbra cobre os concelhos de
Coimbra, Arganil, Montemor-o-
Velho e Cantanhede, podendo ain-
da prestar apoio a indivíduos ou
famílias de outros concelhos.
Ao longo dos anos a Associação foi-
se desenvolvendo, procurando
criar respostas adaptadas às dife-
rentes necessidades, que ao longo
do ciclo de vida as pessoas porta-
doras de deficiência mental e suas
famílias vão sentindo em sintonia
com a própria evolução de concei-
tos e modelos de intervenção nesta
área. Neste sentido, a APPACDM
de Coimbra tem como repostas