14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

15
“Ecoficções” A Literatura como aliada da consciência ambiental Universidade Lusófona. Semana da Engenharia. Lisboa. 17 Maio 2016 Ana Cristina Carvalho

Transcript of 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Page 1: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

“Ecoficções”

A Literatura como aliada da consciência ambiental

Universidade Lusófona. Semana da Engenharia. Lisboa. 17 Maio 2016

Ana Cristina Carvalho

Page 2: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

2 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Ecocrítica Ecocriticism (W. Rueckert, 1978)

Ecologia Ambiente Literatura

EUA,1962

Page 3: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

3 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Ecocrítica

Ecologia Ambiente Literatura

Área simbiótica:

• História ambiental do território • Divulgação dos valores ecológicos • Escrutínio de temas ambientais • Colaboração na preservação

ambiental e sustentabilidade

Page 4: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

4 Escritores do Século XX

4 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Geograficamente enraizada Cenografia rural Cultura camponesa Temática de ligação à terra

Ferreira de Castro (1898 - 1974)

Raúl Brandão (1867 - 1930)

Manuel da Fonseca (1911 - 1993)

Carlos de Oliveira (1921 - 1981)

Page 5: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

4 Escritores do Século XX

5 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

1

2

1 Terra Fria (1934)

2 A Lã e a Neve (1947)

As Ilhas Desconhecidas (1926)

Cerromaior (1943)

Casa na Duna (1944) Açores

NUT II e III, 2013

Page 6: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Ferreira de Castro

6 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Terra Fria (1934), romance

Alto Barroso - Serra do Larouco Sistema agropastoril

“[N]a janela do seu quarto, ele poria lá um sinal — um lenço branco, para ela aparecer no dia seguinte, às cinco horas da tarde. Ela fingiria que ia ao lameiro e ele sairia depois do almoço, como

quem vai à caça”. p.89

“Encontrara-o perto das carvalheiras, quando ia para o lameiro. Ele (…) fizera-lhe muitas promessas. Mas ela não estava resolvida (…). Santiago não se importara e atirara-se a ela, querendo, pela força, o que não podia ser por bem. Que ia ela fazer? Perdera a cabeça,

agarrara no sacho e...” p.108 Habitat seminatural protegido: PNPG e Diretiva Habitats

Page 7: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Ferreira de Castro

7 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

A Lã e a Neve (1947), romance

Serra da Estrela - Sistema agrossilvopastoril

“O meu avô ainda se lembra de os pastores estarem mesmo ao pé

da porta. Tinham queimado as árvores dos tempos antigos e havia ovelhas por toda a parte. Agora, é o que se vê. (…) A princípio ainda algum pastor ia deitando fogo aonde podia… Mas depois, há a torre de S. Lourenço, com um homem a vigiar. Três ou quatro homens lançavam fogo, de ponta a ponta, a uma floresta, e, com vento de feição, aquilo ia no instante. (…). E no ano seguinte, já haveria pastos com fartura (…). Com duas ou três florestas queimadas, cada um podia criar mais ovelhas.

Tu, receberias cinco notas da primeira vez (…)” pp.78 e 79

Problema ambiental de origem sociopolítica

Page 8: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Ferreira de Castro

8 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Habitats naturais ou semi-naturais

Flora silvestre

Fauna selvagem

Relações eco-humanas em equilíbrio sustentável

Relações problemáticas (contemporâneas)

Conceitos da Ecologia …

5

12

21

4

4

7

12

11

4

6

Page 9: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Ilha do Faial:

“O Cabeço Gordo avista-se entre bosques de pinheiros, de

acácias negras e de incensos, subindo a novecentos e cinquenta metros de altura. Um tentilhão canta. (…) O mato é severo. Encostas revestidas de mofedos, de junco de vassoura, de rapa, que dá uma flor roxa, de trevo bravo, de rosmaninho cheio de bagas vermelhas. Tenho diante de mim, dum lado a cratera (…); ao outro, o amplo panorama – mar e terra, montes e vales – o mar e o Pico, um pico estranho,

suspenso no céu e pousado num oceano de nuvens brancas.” p.89

Raul Brandão

9 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

As Ilhas Desconhecidas (1926), viagem

Flora e Vegetação; avifauna; elementos orográficos

Page 10: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Raul Brandão

10 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

As Ilhas Desconhecidas (1926)

“O que vale é que a baleia é um bicho muito tímido. (…). mas há machos solitários que chegam a atrever-se com navios maiores que eles (…). As baleias velhas isolam-se pela dificuldade em encontrar pasto que lhes chegue: mastigam no mar incessantemente, como bois a pastar erva. As novas viajam em grupos de vinte e trinta. Um espectáculo do princípio do mundo.

“(…) Seguem a sua rota até África, regressando pelo mesmo caminho. Esperam-nas os baleeiros e perseguem-nas, chegando a ponto de serem escassas no arquipélago e só reaparecendo depois que os americanos abandonaram a pesca e os óleos minerais substituíram o óleo animal, empregado hoje nos instrumentos de

precisão.” pp. 113-115

Ecologia e hábitos da baleia; Ameaça de extinção

Page 11: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Manuel da Fonseca

11 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Cerromaior (1943), romance

“Caminho velho fora, galopando o Malhado, já dentro da

Casa Vã, os olhos de Adriano ora corriam pelos plainos ora penetravam pelo fundo do sobreiral. (…). Sentia-se outro! Até tivera ânimo de pedir aos primos o cavalo. (…). O odor pesado das estevas e dos restolhais dilatava-lhe as narinas. Toda aquela terra, larga e sem fim, o repassava de uma ternura a um tempo doce e selvagem. (…) e o plaino abria-se mais, ondulado e bravio, com aquela cor amarelada das searas quase completamente ceifadas.

Perto, à esquerda, alvejava a cal do monte.” pp. 165-166

Paisagem de planície; montado de sobro; povoamento isolado

Page 12: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Carlos de Oliveira

12 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

“ (…) Um golpe firme, de alto a baixo. A charrete guinou,

embatendo num socalco mais duro. Hilário, ao saltar no assento, enfureceu-se. E a partir daí o dorso da égua, cor de mel, foi-se enchendo de vergões, enquanto as patas lhe escorregavam no piso enlameado pelas últimas chuvas. (…). Largara as rédeas e segurava o cabo do chicote com tanta força que sentia as unhas entrarem na palma da mão. A cada golpe, a égua estremecia, tinha um arranco ágil, a espuma caía-lhe da boca (…). O sol, coado pela rama densa dos pinheiros, mal se entrevia agora.

p.63

Casa na Duna (1944), romance

Dimensão ética do animal

Page 13: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Interdisciplinaridade: “Efeito de orla”

13 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Entre dois ecossistemas adjacentes - uma floresta e uma

pastagem ou na afluência de um rio ao oceano - existem

áreas de transição ‒ uma orla de campo, um estuário ‒

com características de cada ecossistema isolado mas

também espécies próprias. São meios híbridos de superior

riqueza biológica e valor ecológico. L. Buell, 2005

Page 14: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

E na prática ?...

14 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

Educação ambiental

Nova leitura Intelectual / Cultural

Educação e Cidadania

Desenvolvimento regional e local

Planos da Sociedade

Turismo ecoliterário

Page 15: 14. UnLusófona 17Maio2016 ECOFICÇÕES

Alguma Bibliografia

15 Universidade Lusófona. Lisboa. 17 Maio 2016. AnaCristinaCarvalho

ALVES, Isabel. 2013. Vozes transmontanas na Paisagem. Paisagens de pedra e água na poesia de A. M. Pires Cabral. Lisboa, FCSH, on line em http://paisagensliterarias.ielt.org/config/paisagensliterarias/conteudo/ebooks/isabelalves_2013_final.pdf

CARVALHO, A. Cristina. 2015. Terra Nativa – A relação eco-humana na vida e na obra de Ferreira de Castro. Lisboa, FCSH, Tese de Doutoramento

GARRARD, Greg. 2006. Ecocrítica. Brasília, Fundação Universidade de Brasília

GLOTFELTY, Cheryll e FROMM, Harold (edts.). 1996. The Ecocriticism Reader - Landmarks’ in Literary Ecology, Athns, Georgia, The University of Georgia Press

HARDYMENT, Christina. 2000. Literary trails. British Writers in their Landscapes. The National Trust, Harry N. Abrams, Inc. publishers, London

QUEIRÓS, António. 2000. A Contribuição dos Poetas e Prosadores Portugueses para a Génese da Moderna Consciência Ambientalista, Tese de Mestrado em Filosofia da Natureza e do Ambiente, Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

MORAN, Emilio. 2009 (2006). People and Nature. An Introduction to Human Ecological Relations. USA, Oxford, Vitoria, Blackwell Publishing

Obrigada [email protected]